1. Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Frutas
O Centro de Fruticultura do IAC, situado no município de Jundiaí (SP), próximo à capital e
de grandes centros de consumo agrícola, ocupa área de 142,8 ha, onde se encontram os
bancos de germoplasma (coleções) e campos experimentais das principais frutíferas
Tratamento de Inverno
exploradas no Estado de São Paulo. A missão institucional tem como alvo a otimização dos José Luiz Hernandes
sistemas de produção, a obtenção de novas variedades e o desenvolvimento econômico e Ivan José Antunes Ribeiro
social da fruticultura, com vistas à segurança alimentar e à qualidade ambiental.
Endereço: Av. Luiz Pereira dos Santos, 1.500 – 13214-820 – Jundiaí (SP)
Fone/Fax: (11) 4582-7284 – E-mail: frutas@iac.sp.gov.br
Prática cultural essencial no programa de controle fitossanitário
INSTITUTO AGRONÔMICO
das pragas e doenças da videira e fruteiras de clima temperado.
Centro de Comunicação e Transferência do Conhecimento
Av. Barão de Itapura, 1.481 - Guanabara
13020-902 Campinas (SP) BRASIL
Fone: (19) 3231-5422 - Fax: (19) 3231-4943 O que é Tratamento de Inverno?
www.iac.sp.gov.br É uma prática cultural essencial no controle das pragas e doenças da videira e fruteiras
de clima temperado. O tratamento de inverno, pelos resultados vantajosos que proporciona, é
(julho de 2011)
prática que deve estar sempre incluída no programa de tratamento fitossanitário de um
vinhedo.
Consiste em pulverizar as videiras até o ponto de escorrimento, de modo a atingir todos
Realização: os troncos e ramos que permanecerão após a poda, com a finalidade de eliminar micélios e
esporos de fungos causadores de doenças, como a antracnose, o míldio, mancha das folhas,
ferrugem, etc., e também, cochonilhas e ovos de insetos, retardando o início do ataque destes
organismos durante o ciclo vegetativo das fruteiras.
Quando deve ser feito o Tratamento de Inverno?
Como o próprio nome diz, o tratamento de inverno deve ser realizado no início do
inverno, compreendendo o período de final de junho a início de julho, nas regiões produtoras
de Jundiaí, São Miguel Arcanjo, Indaiatuba e Porto Feliz. Este período coincide com o
estádio de completa dormência das videiras, fator fundamental para que o tratamento seja
eficiente sem prejudicar as plantas.
Como deve ser feito o Tratamento de Inverno?
Deve-se realizar o tratamento de inverno utilizando a tradicional calda sulfocálcica, que
pode ser preparada a baixo custo pelo próprio viticultor ou adquirida em lojas agropecuárias.
O que é calda sulfocálcica?
É uma solução preparada à base de enxofre e cal virgem, resultando em um polissulfeto
de cálcio (princípio ativo), substância cáustica de eficiente efeito fitossanitário, retardando e
diminuindo significativamente a incidência de pragas e doenças.
Por que usar a calda sulfocálcica?
Além da reconhecida eficiência no controle de pragas e doenças, quando comparada a
outros defensivos, a calda sulfocálcica é mais barata, menos tóxica ao homem e menos
poluente ao ambiente.

2. Como é preparada a calda sulfocálcica? • No caso do óleo mineral deve-se observar um intervalo de duas semanas, pelo menos.
Caso o agricultor não queira comprar a calda sulfocálcica pronta no mercado, poderá • A calda sulfocálcica não deve ser aplicada quando houver previsão de geada e quando a
prepará-la a baixo custo em sua propriedade. Para que a calda tenha entre 28 e 32° Bé temperatura for superior a 32° C.
deverá ser preparada da seguinte maneira. • Deve-se observar um intervalo de 15 dias entre a aplicação da calda e a aplicação de
Os ingredientes necessários são: Calciocianamida ou Cianamida Líquida (Dormex ®)
• 12,5 kg de cal virgem
Problemas com o uso da calda sulfocálcica:
• 25 kg de enxofre em pó
• 100 litros de água. • Problemas com a concentração da calda – pode acontecer que a calda comprada ou
• Em um tambor metálico de 200 L, dissolver o enxofre em água quente até formar uma fabricada pelo próprio agricultor não atinja a densidade ideal de 32° Bé, tornando seu uso
pasta. Para facilitar a dissolução, adicionar 20 mL de espalhante adesivo na solução. ineficiente. Neste caso deve-se variar a dissolução da calda de acordo com a tabela a seguir:
• Completar o volume a 100 litros e acender o fogo sob o tambor.
• Ao iniciar a fervura adicionar a cal virgem vagarosamente.
• Deixar ferver por cerca de 60 minutos, mexendo constantemente, com pá de madeira.
• Durante este período, ir adicionando água, já aquecida, de modo a manter o nível inicial
da solução, uma vez que há perda por evaporação.
• Quando a calda passar da cor vermelha, para pardo-avermelhada, estará pronta.
• Deixar esfriar e coar em pano ou peneira fina de 0,8 mm de malha, dobrada.
• Acondicionar em recipientes de plástico ou vidro vedados e armazenar em local escuro. • Corrosão dos arames – por ser um produto alcalino e cáustico, a calda sulfocálcica
poderá causar a corrosão dos arames do sistema de condução. Deve-se optar pelo uso de
• Ao final do processo de fabricação a calda fria deverá apresentar densidade de 28 a
arames com dupla galvanização ou protegidos por cobertura plástica.
32° Bé, para que seja eficiente.
• A densidade da calda pode ser determinada com o uso de densímetro ou aerômetro de • Corrosão dos equipamentos – pelos mesmos motivos citados anteriormente a calda
Beaumé. A densidade é dada diretamente pela escala do aparelho. sulfocálcica poderá causar a corrosão das partes metálicas dos equipamentos de
pulverização. Para evitar este problema, após a aplicação todo o equipamento utilizado deve
Como deve ser utilizada a calda sulfocálcica? ser bem lavado, usando-se uma solução que contenha uma parte de vinagre ou suco de limão
Para que seja eficiente a calda deve ser utilizada em concentração de 32° Bé a 10%, ou
e 10 partes de água. Estes produtos por serem ácidos neutralizam o efeito corrosivo da calda.
seja, para preparar 10 litros de solução deve-se adicionar 1 litro de calda em 9 litros de água
Tratores utilizados também devem ser lavados e lubrificados.
reduzindo a concentração da calda para 4° Bé.
É recomendável a adição de espalhante adesivo, na proporção de 20 mL para cada 100 Cuidados com o uso da calda sulfocálcica:
litros de solução já diluída. Apesar de ser menos tóxica que os demais defensivos químicos, a calda sulfocálcica é
A calda deve ser pulverizada sobre as plantas, até o ponto de escorrimento, de maneira alcalina e corrosiva podendo danificar as roupas e causar irritação na pele. Por isso, tanto
que todos os troncos e ramos que permanecerão após a poda recebam uma camada uniforme no preparo, como na aplicação da calda, devem-se seguir as normas recomendadas para
do produto. Dependendo do tamanho da propriedade a pulverização pode ser feita com manuseio de defensivos agrícolas em geral:
pulverizadores costais, manuais ou motorizados, tanques ou turbinas, utilizando-se bicos • Uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).
cônicos e aplicando-se a calda a um volume de 1.000 litros por hectare. • Cuidados com o ambiente – não lavar os equipamentos nem jogar restos de
caldas ou caldas velhas dentro ou próximo a cursos de água (rios, córregos, lagos, açudes).
Recomendações de uso da calda sulfocálcica:
• Uma vez preparada, a calda concentrada deve ser usada no prazo de um mês, pois perde a Outras técnicas que auxiliam no manejo fitossanitário dos pomares em geral:
eficiência com o tempo. • Após a poda, queimar todos os restos de cultura para eliminar fontes de inóculo e
• Considerando o cultivo da Niágara em espaldeira, 500 litros da calda diluída são dificultar o início das infecções;
suficientes para o tratamento de 2.500 plantas. A calda diluída deve ser totalmente • Realizar adubações equilibradas, fundamentadas em análises de solo e folha, evitando o
consumida no mesmo dia. excesso de nitrogênio e de vigor vegetativo que favorece o desenvolvimento dos parasitas;
• A calda sulfocálcica não deve ser misturada com óleo mineral (tipo Triona B), ou Folidol. • Usar quebra-ventos;
• Caso tenha sido utilizada a calda bordalesa, deve-se esperar 30 dias para aplicar a • Eliminar o excesso de folhas, melhorando o arejamento da copa das plantas e evitar a
sulfocálcica e depois da sulfocálcica deve-se esperar um intervalo de quinze dias para aplicar sobreposição de podas, uma vez que os fungos só sobrevivem em partes verdes da planta;
a bordalesa para evitar fitotoxicidade. • Escolher o local para instalação do pomar evitando baixadas, solos pesados e úmidos.