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SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho 1
A Segurança do trabalho solitário, uma realidade cada
vez mais atual
Numa altura em que cada vez mais os recursos económicos são considerados escassos na
maioria das organizações, somos na área da saúde e segurança no trabalho confrontados com
novas e diferentes realidades, como seja o caso do “trabalho isolado” ou, por vezes designado
como solitário.
Por “trabalho solitário” entende-se todas as atividades que são realizadas num local remoto
ou isolado da ajuda externa por causa da sua natureza, tempo ou características do local,
onde podem estar trabalhadores expostos a riscos derivados da manutenção de instalações ou
substâncias perigosas. Perante esta definição é possível enquadrar diversas situações de
“trabalho isolado” decorrentes de tarefas quotidianas como, trabalhos de limpezas em
grandes edifícios, trabalhos em armazéns, domicílios dos profissionais de saúde ou trabalho a
partir de casa. No entanto, a Health and Safety Executive (HSE) alerta que não sendo o
“trabalho solitário” contra a lei, este deve ser avaliado meticulosamente, dado que os
empregadores são responsáveis pela saúde, segurança e bem-estar no trabalho de todos os
seus trabalhadores, daí que os trabalhadores que realizam trabalho solitário não devem estar
expostos a riscos adicionais face aos outros trabalhadores.
É através da avaliação de riscos que a organização, em conjunto com os trabalhadores, define quais as
medidas a adotar para a concretização do trabalho de forma segura. A supervisão dos trabalhadores é
precisamente uma das ações fulcrais na garantia da saúde e segurança dos trabalhadores, sendo o seu
nível de implementação baseado (como referido anteriormente) na avaliação de risco realizada, isto é,
SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho
A Segurança do trabalho solitário, uma realidade cada
vez mais atual
quanto maior for o risco maior deverá ser a supervisão garantida pelo empregador, como forma de
salvaguardar a segurança de todos os seus trabalhadores. Atualmente, as novas tecnologias são cada
vez mais utilizadas como facilitadores de processos e otimização de recursos, donde surgem exemplos
como sistemas de comunicação via rádio ou telefone ou dispositivos de alarme em caso de
emergência, contudo a sua aplicabilidade está condicionada a cada situação em particular.
É nesse sentido que, os métodos e procedimentos definidos por cada organização têm de ser
necessariamente diferentes consoante os riscos a que se encontram expostos os trabalhadores, por
exemplo, se para um operador de limpeza numa instalação devidamente delimitada pode ser
admissível a utilização de um dispositivo eletrónico para utilização em caso de emergência, o mesmo
pode não ser aplicável a um operador que executa trabalhos em eletricidade num meio rural. Daí
que, a Health and Safety Executive (HSE) alerte que existem atividades que pelo seu alto risco carece
sempre de supervisão permanente no local, para efetuar o acompanhamento e resgaste em caso de
emergência, sendo exemplos os trabalhos em altura, espaços confinados ou na proximidade de eletricidade.
Em suma, pode-se afirmar que o “trabalho solitário ou isolado” tem por definição uma enorme
abrangência de aplicação, o que tem motivado um elevado debate nas mais diferentes organizações
internacionais. Sendo certo que é fundamental a definição de um equilíbrio entre o nível de
segurança desejado nas organizações e o seu investimento, é importante que tal como referi nos
artigos anteriores não seja “esquecido” o principal ativo das empresas – os seus trabalhadores. Como
tal, mais uma vez dou especial relevância à utilização da segurança no trabalho como um dos
propósitos das organizações para que deste modo, em função das principais ferramentas (a avaliação
de risco é fundamental), sejam identificadas e implementadas as medidas necessárias a promoção de
um local de trabalho seguro e saudável.
Tiago Dias
Tiago Dias, licenciado em Saúde Ambiental pela Escola Superior de Tecnologias de Saúde de
Lisboa e em Engenharia de Segurança no Trabalho pelo Instituto Superior de Educação e Ciências,
exerce desde 2007 funções na área da Segurança do Trabalho, com especial destaque para o
setor das telecomunicações, grande distribuição e logística. Autor de diversos artigos científicos,
tem particular interesse pela relação entre a Segurança no Trabalho e a Gestão Empresarial, onde
desenvolve investigação no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa
http://blog.safemed.pt/a-seguranca-do-trabalho-solitario-uma-realidade-cada-
vez-mais-atual/

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  • 2. SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho A Segurança do trabalho solitário, uma realidade cada vez mais atual quanto maior for o risco maior deverá ser a supervisão garantida pelo empregador, como forma de salvaguardar a segurança de todos os seus trabalhadores. Atualmente, as novas tecnologias são cada vez mais utilizadas como facilitadores de processos e otimização de recursos, donde surgem exemplos como sistemas de comunicação via rádio ou telefone ou dispositivos de alarme em caso de emergência, contudo a sua aplicabilidade está condicionada a cada situação em particular. É nesse sentido que, os métodos e procedimentos definidos por cada organização têm de ser necessariamente diferentes consoante os riscos a que se encontram expostos os trabalhadores, por exemplo, se para um operador de limpeza numa instalação devidamente delimitada pode ser admissível a utilização de um dispositivo eletrónico para utilização em caso de emergência, o mesmo pode não ser aplicável a um operador que executa trabalhos em eletricidade num meio rural. Daí que, a Health and Safety Executive (HSE) alerte que existem atividades que pelo seu alto risco carece sempre de supervisão permanente no local, para efetuar o acompanhamento e resgaste em caso de emergência, sendo exemplos os trabalhos em altura, espaços confinados ou na proximidade de eletricidade. Em suma, pode-se afirmar que o “trabalho solitário ou isolado” tem por definição uma enorme abrangência de aplicação, o que tem motivado um elevado debate nas mais diferentes organizações internacionais. Sendo certo que é fundamental a definição de um equilíbrio entre o nível de segurança desejado nas organizações e o seu investimento, é importante que tal como referi nos artigos anteriores não seja “esquecido” o principal ativo das empresas – os seus trabalhadores. Como tal, mais uma vez dou especial relevância à utilização da segurança no trabalho como um dos propósitos das organizações para que deste modo, em função das principais ferramentas (a avaliação de risco é fundamental), sejam identificadas e implementadas as medidas necessárias a promoção de um local de trabalho seguro e saudável. Tiago Dias Tiago Dias, licenciado em Saúde Ambiental pela Escola Superior de Tecnologias de Saúde de Lisboa e em Engenharia de Segurança no Trabalho pelo Instituto Superior de Educação e Ciências, exerce desde 2007 funções na área da Segurança do Trabalho, com especial destaque para o setor das telecomunicações, grande distribuição e logística. Autor de diversos artigos científicos, tem particular interesse pela relação entre a Segurança no Trabalho e a Gestão Empresarial, onde desenvolve investigação no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa http://blog.safemed.pt/a-seguranca-do-trabalho-solitario-uma-realidade-cada- vez-mais-atual/