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ARTE CRISTÃ PRIMITIVA
&
ARTE BIZANTINA
Professora: Cristiane Seibt
Por arte cristã primitiva ou arte paleocristã
devemos compreender muito mais que um
“estilo”, pois trataremos aqui de um período
histórico, que abrange os primeiros cinco séculos
do surgimento do cristianismo, em que
observamos todas as formas de arte nele
produzidas pelos primeiros cristãos para o seu
próprio povo.
• Enquanto os romanos criavam uma arte
colossal e disseminavam seu estilo por
toda a Europa e parte da Ásia, os cristãos
(aqueles que seguiam os ensinamentos
de Jesus Cristo) começavam a criar uma
arte singela e simbólica. Era o princípio da
arte cristã primitiva.
• Os romanos que testemunharam o
nascimento de Jesus Cristo presenciaram
o apontar de uma nova era e uma nova
filosofia. Com o aparecimento de um
“novo reino” espiritual, o poderio romano
viu-se excessivamente abalado e, desse
modo, teve início um período de
perseguição.
Fase da Arte das Catacumbas
ou Arte Catacumbária
• Denominamos arte cristã primitiva a arte
que surgiu a partir da morte de Jesus
Cristo, quando seus discípulos passaram
a propagar a palavra do Senhor, até então
limitada à área da Judeia, província
romana onde vivera e morrera o Salvador.
• Sem seu mentor, o povo decidiu continuar
disseminando a palavra do Mestre pelas
inúmeras regiões do Império Romano, por
longo e árduo período, sob duras e cruéis
perseguições, empreendidas pelos
imperadores romanos, as quais
perduraram por cerca de três séculos.
• Entretanto, pouquíssimas são as
referências nas quais podemos nos
basear quando buscamos conhecer qual
foi o auxílio da arte dentro do contexto em
que se desenvolveu o cristianismo,
durante esses três primeiros séculos. A
exceção se dá em razão das pinturas
encontradas no interior das catacumbas,
pintura simbólica, ornamental e figurativa
em afrescos. Essa arte foi chamada de
arte das catacumbas ou arte
catacumbária.
• Isso se deu em função da perseguição que
sofriam os cristãos, que buscavam refúgio
nas catacumbas, escavações subterrâneas
feitas a partir de túmulos e destinadas ao
sepultamento de mortos e mártires, também
usadas para a prática de cultos religiosos.
Encontramos em Roma, entre outras, as
catacumbas do Cemitério Maior de São
Calisto, e dos de São Sebastião, Santa Inês,
Priscila e Domitilla. Em Alexandria e
Nápoles, outras também são encontradas.
Uma das catacumbas mais visitadas em
todo o mundo é a de São Calisto, que se
localiza na região central de Roma,
• na Via Ápia, Itália. Acredita-se que um
número muito grande de cristãos,
contemporâneos de Jesus Cristo, esteja lá
enterrado nos mais de vinte quilômetros
dos corredores que fazem a ligação entre
os túmulos, às vezes superpostos por
quatro planos, pelas galerias.
Interior das
catacumbas
de São Calisto
Interior das
catacumbas de
São Sebastião
• Apesar de toda a carência de materiais que
possam nos trazer mais e melhores detalhes
sobre a arte desenvolvida nesse período,
encontramos, por meio de um conjunto de
circunstâncias das pinturas das catacumbas,
muito da alma dos primeiros cristãos que
buscaram, na construção das catacumbas, a
forma segura de preservar a esperança de
alcançar, no paraíso, a tão almejada vida
eterna. Assim encontramos as primeiras
manifestações da pintura cristã.
• Devemos considerar o fato de que a arte
cristã primitiva foi realizada por homens
comuns do povo, imersos na propagação da
nova religião, e não por um artista de erudita
mestria. Por essa razão, nos deparamos
com uma arte simples, por vezes tosca,
grosseira, que embora limitada pela
inabilidade de um pintor autodidata, através
do uso da técnica do afresco, revela a
influência da pintura mural romana. O pintor
das catacumbas cria seu vocabulário
simbólico e novo, capaz de expressar
representações como o Cristo, a Virgem ou
as cenas bíblicas em harmonia com
• as verdades e os dogmas da fé. Desse
modo, fica claro que seu interesse não era
pelo significado original das formas mas
pelo simbólico. Esse pintor criou uma rica
simbologia cristã, a qual poderemos
sintetizar dizendo que, paralelamente aos
abstratos, se reproduzem os símbolos
figurativos.
• Encontramos com maior frequência o peixe,
que simbolizava o Cristo, e cujas letras,
presentes na palavra em grego (ichtys),
coincidentemente correspondem às iniciais
das palavras que formam a expressão:
Iesous Christos, Theou Yios, Soter e que
tem por tradução: “Jesus Cristo, filho de
Deus, Salvador”; o pavão, simbolizando a
eternidade; o cacho de uva, representando
o sangue de Cristo; o lírio, a pureza; a haste
do trigo, a eucaristia; a imagem do bom
pastor, que surge na figura do Cristo com
seu rebanho de ovelhas; a fênix,
simbolizando a ressurreição.
Afresco das
catacumbas
de São
Calisto
bom pastor ,
catacumbas de
São Calisto, séc. III
d.C. A figura do
bom pastor e a do
peixe são os mais
antigos símbolos
eucarísticos
cristãos. O Cristo
imberbe é um
jovem romano,
novo cristão que
revoluciona a
estrutura arcaica
pagã.
• Passagens da Bíblia também eram ali
simbolizadas, por exemplo a Arca de Noé,
Jonas engolido pelo peixe e Daniel na
cova dos leões.
• A escultura, encontrada com menor
frequência do que a pintura, aparece nos
sarcófagos e nos túmulos, geralmente em
baixo relevo. Foi produzida a partir não só
de relatos da vida do morto, como
também de motivos bíblicos.
• Encontramos ainda alguns túmulos nos
quais, pela poesia, se celebra a saudade
do morto.
• A música foi produzida nesse período,
mas sem o uso de qualquer instrumento
musical, pois, para os antigos cristãos, o
uso de instrumentos musicais remetia-lhes
às lembranças das orgias romanas. Os
cantos que realizaram em seus cultos
eram provenientes dos primeiros cânticos
romanos, hebraicos e gregos.
• Com o decorrer do tempo, pouco a pouco
foram diminuindo as perseguições aos
cristãos, até que em 313 o imperador
Constantino, através do Édito de Milão,
permitiu que o cristianismo fosse professado
livremente. A partir de então, sem a limitação
do governo romano, a propagação do
cristianismo pelas cidades se dá livremente,
até que em 391 é oficializado como religião
oficial do império pelo imperador Teodósio.
• É necessário entender que o
reconhecimento do cristianismo como
religião oficial do Império Romano serviu
como marco divisor da produção da arte
cristã primitiva em antes e depois do seu
reconhecimento. Ou seja, a fase
catacumbária e a fase das basílicas.
Fase da Arte nas Basílicas
• Com o fim da perseguição aos cristãos,
começam a despontar os primeiros
templos cristãos, mantendo externamente
as características das construções, tanto
gregas quanto romanas, que serviram à
administração da justiça, conservando,
inclusive, até o nome: basílica (cuja
origem significa basileu = juiz).
Basílica de
São Pedro
em Roma,
Itália
• Entretanto, internamente, ela necessitava
acolher uma numerosa e ávida população
que estava em busca dos caminhos da
salvação, fato que levou seus construtores a
produzirem grandes espaços abertos cujas
paredes foram ornamentadas por mosaicos
e pinturas, com o propósito de ensinar aos
seus novos adeptos os mistérios da fé,
alcançando, assim, refinamento espiritual.
Interior da igreja de Santa
Sabina, em Roma
• O processo vivenciado pela arte primitiva
cristã, que de simples e grosseira nas
catacumbas passa a ser rica e apurada
nas basílicas, prediz mudanças que
determinaram uma nova época na história
da humanidade e indica o grau de
comprometimento entre arte e doutrina
cristã, que se tornará maior a cada dia e
se consolidará na Idade Média.
Arte Bizantina
• Constantino (313-337), por meio do Édito
de Milão, concedeu liberdade de culto aos
cristãos, pois já representavam uma
parcela numerosa e influente da
população imperial romana. Outra medida
administrativa importante foi a fundação
de Constantinopla, que, situada na parte
oriental do Império, seria com o tempo a
sua segunda capital.
• Teodósio (378-395) ficou conhecido na
história do império pela oficialização do
cristianismo (395) e pela divisão do Império
Romano em duas partes: o do Ocidente
(capital em Roma) e o do Oriente (capital em
Constantinopla). No final do seu governo, os
povos genericamente chamados de bárbaros
passaram a promover incursões pelos limites
do Império, as quais culminariam nas
invasões e na queda do Império Romano
ocidental (476), que coincide com o início da
Idade Média.
• No final da Idade Antiga, a cidade de
Constantinopla, atual Istambul (Turquia),
constituía-se no mais importante centro
econômico-comercial e político do
decadente Império Romano.
• Localizada na região da antiga colônia
grega denominada Bizâncio, a cidade foi
edificada a mando do imperador
Constantino, impulsionado por sua
posição estratégica e favorável e tendo
como objetivo maior transformá-la na nova
capital do Império Romano.
• Por estar localizada entre o Ocidente e o
Oriente, Constantinopla praticava um
intenso comércio com as regiões
próximas; em contraposição ao Império
Romano do Ocidente (Roma), estagnado
e decadente, torna-se um centro rico e a
mais importante cidade do Mediterrâneo
Oriental.
• Com a divisão do Império Romano por
Teodósio, em 395, Constantinopla passou
a ser a capital da porção oriental,
consolidando-se a plena autonomia e
soberania do que restara do grandioso
império em decadência.
• A arte bizantina recebe, assim, influência
de Roma, da Grécia e do Oriente. O
amálgama dos elementos dessas culturas
é refletido na grandiosidade do novo estilo
de sua arte, que a vincula muito mais
vigorosamente ao futuro do que à arte dos
séculos passados.
• A arte bizantina, que teve suas raízes na
arte primitiva cristã, permanece
profundamente ligada à religião,
apresentando-se contrária ao caráter
simples e popular expresso anteriormente.
• A arte bizantina passa a se apresentar
suntuosamente, exibindo uma natureza de
riqueza e poder. Isso ocorre em função da
necessidade de alcançar o objetivo de
exprimir a absoluta autoridade do imperador,
considerado representante de Deus na
Terra, senhor de poderes espirituais e
seculares, inclusive cabendo a ele próprio o
estabelecimento e a organização das artes,
colocando, dessa forma, o artista numa
relegada posição, meramente de executor
do fazer artístico.
Pintura
• Assim como na arte egípcia, a arte
bizantina estabeleceu um conjunto de
regras ordenadas, com o intuito de melhor
atingir seus objetivos.
• Na pintura, encontramos a técnica da
representação da figura através da frontalidade,
que, por sua aparência inflexível e rígida,
transmite ao observador a impressão de
reverência e acatamento à personalidade
retratada. Desse modo, ao apresentar
frontalmente a figura que está retratando, o
artista passa a sensação de respeito para
aqueles que observam a obra e creem ver, nas
figuras sagradas e em seus soberanos, seus
protetores e defensores. Foram formas
estudadas pelos sacerdotes com rigor prévio,
para que os artistas conseguissem, através de
seus pincéis, a intenção de comover e tocar os
fiéis da nova religião.
• Encontramos a determinação dos exatos
lugares onde cada personagem sagrada a
ser retratada deveria estar e qual seria a
postura de suas mãos, pés, gestos,
vestes, mantos e suas dobras e símbolos.
• Outro artifício preestabelecido com a mesma
finalidade foi o de retratar as personagens
soberanas e as personagens sagradas com
uma certa simbiose entre seus objetos
caracterizadores, pois, dessa forma, se
intensificaria o laço entre aquilo que é sagrado
e o que é soberano. Um claro exemplo disso
encontramos na igreja de São Vital, em que as
figuras do imperador Justiniano e de sua
esposa, a imperatriz Teodora, foram
representadas com suas cabeças “aureoladas”,
símbolo de uso peculiar a Cristo, aos santos e
apóstolos. Em contrapartida, Cristo foi retratado
como rei e Maria como rainha.
Cristo Pantocrátor, detalhe de .
um mosaico da igreja de Santa
Sofia (Hagia Sophia),
Constantinopla, século XIII
mais significativos são os das
igrejas de Ravena. Na igreja de
São Vital, estão representados
o imperador Justiniano e
Teodora, com seus séquitos.
• Por meio dessa simbiose entre
autoridades imperiais e espirituais
encontramos a exatidão com que os
imperadores bizantinos personificavam as
“divindades do poder real”.
Escultura
• Na escultura bizantina se fez presente o
modelo naturalista grego, em que, mesmo
sem o total amparo da Igreja, melhor se
apurou o culto à imagem do imperador.
• Contrariamente à tradição romana, dá
pouca atenção ao semblante e apresenta
essas figuras de frente, solenes e formais;
os olhos são grandes e olham para o alto,
pretendendo transmitir inquietudes
transcendentais.
• Encontraremos dois modelos: a muito
grande ou a pequena, ambas escassas.
As estátuas grandes são de pedra,
mármore geralmente; as pequenas são
relevos organizados em dípticos portáteis,
feitos em marfim.
• Também manifestaram grande valor os
relevos, nos quais os soberanos
perpetuaram histórias de suas vitórias. Do
pouco que foi preservado, conclui-se que,
apesar de sua aparência clássica, a
representação ideal superou a real,
priorizando a postura frontal, mais
austera.
• Não menos importante foi a escultura em
marfim. As peças de maior circulação eram
chamadas dípticos consulares (pintura ou
relevo executado sobre duas pranchas de
madeira ou outro material, unidas por
dobradiças), de virtude e mestria
incomparáveis. Serviam como emissários
enviados através de funcionários aos altos
designatários com a finalidade de informar-
lhes sua nomeação. Com o passar do
tempo, esse modelo ajusta-se ao culto
religioso no formato de pequeno altar
Catedral de San Salvador,
Astúrias, Oviedo. Câmara
Santa: díptico consular de
marfim bizantino.
• Entretanto, cabe lembrar que houve uma
ruptura no progresso da escultura, devido à
questão iconocrata, que, em 726, seguindo
um decreto imperial, proibiu, por mais de
cem anos, o uso das imagens religiosas,
além de destruir os ícones (imagens). A
decisão assentava-se em questões
profundamente conflituosas, que abrangiam
a relação do divino com o humano na figura
de Cristo, no tocante à condição teológica da
questão, enquanto o político e o social
revelavam a luta pelo poder entre a Igreja e
o Estado.
• Mesmo assim, não foi completa a
eliminação das imagens sagradas; no
entanto, suas produções sofreram uma
acentuada redução.
Mosaicos
• É com o mosaico que a arte bizantina atinge
sua mais alta expressão artística, não se
destinando somente ao ornamento das
paredes e abóbadas das igrejas. Seguindo a
concepção desenvolvida por seus
governantes, a arte bizantina tinha também
uma outra razão de ser, a de doutrinar os
cristãos, apresentando cenas da Sagrada
Escritura que traziam os ensinamentos de
Cristo, dos profetas e dos imperadores.
• Não foi a arte bizantina a única a lançar
mão do uso do mosaico, pois gregos e
romanos já o fizeram anteriormente.
• Os romanos o utilizaram na decoração e
demonstravam grande habilidade no
arranjo das figuras, para tratar temas
seculares, geralmente utilizando
paisagens ao fundo; no chão,
empregavam cores mais limitadas ao tom
das pedras, que eram de mármore, e, por
terem superfície lisa, lhe conferiam um
tom opaco.
• No mosaico bizantino, as peças eram feitas
de vidro brilhante, lançava-se mão de farta
matiz de cores que ajudava a realçar o brilho,
devido à irregularidade apresentada em sua
superfície. Era usado em paredes e tetos,
principalmente em domos e absides das
igrejas, sempre retratando temas espirituais,
tendo, num fundo abstrato, a cor ouro (usado
com exorbitância, pois julgava-se o ouro o
maior bem existente na Terra) sobre azul. São
chapadas as figuras humanas, colocadas
numa rígida simetria que dava aparência de
estarem penduradas, e não havia o menor
interesse em esboçar volume ou perspectiva.
• Sem apresentar o menor sinal de
movimento, figuras humanas altas e
esguias, com enormes olhos colocados
em amendoadas faces, olhavam com
solene expressão, diretamente para a
frente. Dessa forma, os bizantinos
imprimiram no interior de seus templos
extraordinário esplendor, jamais
conseguido em tempo algum.
Mosaico na
igreja de
Santo
Apolinário
Novo, em
Ravena, Itália,
representando
Santo
Apolinário.
Arquitetura
• A arquitetura também foi iluminada e
conduzida pela religião, atingindo sua
representação mais completa na
edificação de igrejas. É justamente nas
construções religiosas que se revelam as
distintas influências absorvidas pela arte
bizantina.
• confirmação do cristianismo acontece
paralelamente ao momento de esplendor da
capital do Império Bizantino. Constantino
inicia a renovação arquitetônica de
Constantinopla, construindo teatros, termas,
palácios e, sobretudo, igrejas; uma vez
oficializado o cristianismo, isso era
indispensável para tornar visível sua
natureza decisivamente pública em
edificações abertas ao culto religioso.
• As primeiras igrejas acompanharam o
modelo das salas da basílica grega: uma
galeria, às vezes ladeada por torres,
permitia a entrada à nave principal,
separada por fileiras de colunas de uma
ou duas naves laterais.
• Na parte oeste, a nave principal se
comunicava com a abside (terminação em
forma de abóbada semicircular de uma
construção arquitetônica, muito utilizada
em igrejas); o teto era feito de alvenaria e
madeira.
• A representação dessas igrejas era
bastante exata: o espaço central
alongado, simbolizando o caminho
percorrido pelo fiel rumo ao
consubstancial, expresso na abside.
• Posteriormente, esse padrão foi
substituído pelas plantas centralizadas
circulares, como a dos panteões, e as
plantas octogonais.
• Foi nesse momento que se iniciou a
construção das igrejas de planta de cruz
grega, coberta por cúpulas em forma de
pendentes, obtendo-se assim a possibilidade
de fechar espaços quadrados com teto de
base circular. As características
predominantes seriam a cúpula (parte
superior e côncava dos edifícios) e a planta
de eixo central, também chamada de planta
de cruz grega (quatro braços iguais)
• A cúpula buscava retratar a abóbada
celeste. Esse processo, que parece já ter
sido utilizado em séculos anteriores e
inclusive na Roma Antiga, se transformou
na representação do poderio bizantino.
• Os arquitetos bizantinos conservaram o feitio
arredondado das cúpulas, não empregando o
tambor (grande arco circular sobre o qual se
assenta a cúpula) diretamente sobre a base
quadrada: em cada um de seus lados ergueram
um arco, sobre os quatro arcos colocaram um
tambor e, por último, sobre este, com
simplicidade e segurança, aplicaram a cúpula.
Desse modo, os arquitetos bizantinos
conseguiram sobrepor a uma edificação
quadrada uma cúpula arredondada, utilizando o
sistema de pendentes, “triângulos” curvilíneos
configurados pelos intervalos entre os arcos,
que formavam a base sobre a qual era
colocado o tambor.
Igreja de
Santo
Apolinário
Novo, em
Ravena,
Itália
Igreja de Santa Sofia
• Ao resolver edificar uma nova igreja em
Constantinopla (atual Istambul), que por
quatrocentos anos fora a maior cidade do
mundo, o imperador Justiniano decidiu que
seria tão grandiosa quanto seu império. E
não economizou para isso. Justiniano
contratou dois matemáticos para
conceberem o magnífico projeto. Eram
eles: Ântemio de Tales e Isidoro de Mileto,
que venceram com arrojo todas as
possibilidades de apresentar uma obra
cujas configurações foram
• inteiramente inovadoras, conferindo a
esse projeto o reconhecimento por
traduzir o máximo do estilo arquitetônico
bizantino, que apresentou o equilíbrio de
uma grande cúpula sobre uma planta
quadrada.
Vista noturna da
igreja de Santa
Sofia, construída
em 532-37.
No alto, em direção
aos candelabros,
pode-se contemplar
o trabalho do
mármore e dos jogos
de sombra e luz.
• Sem dúvida alguma, a igreja de Santa Sofia
(a igreja da sabedoria sagrada) é a mais
grandiosa das edificações justinianas. Seu
projeto apresenta uma singular combinação
de elementos: tem o eixo longitudinal de
uma basílica primitiva cristã, porém
apresenta um compartimento central
quadrangular coroado por uma imensa
cúpula restrita por semicúpulas em cada
extremidade, produzindo assim o efeito de
uma imensa oval. O peso da cúpula é
seguro por quatro enormes arcos e as
paredes abaixo desses arcos não possuem
função alguma de sustentação
• A trajetória do quadrado formado pelos
quatro arcos até a borda circular da cúpula é
feita por meio de triângulos arredondados,
denominados pendentes. Através desse
artifício é possível a construção de cúpulas
mais altas, mais leves e também mais
econômicas, se comparadas com os
métodos anteriores. A partir de então, seria
essa a propriedade arquitetônica básica
bizantina, e mais tarde, também da
arquitetura ocidental.
• Quarenta janelas em forma de arco cobrindo
a base do domo originam a ilusão de que
descansa sobre uma auréola de luz. Essa
resplandecência vinda das alturas, assistida
pelo brilho dourado dos mosaicos, eleva a
imaginação humana à intangível dissolução
das paredes em luz celestial, transportando
os fiéis à “ilusão de irrealidade”.
• É admirável o primor encontrado no
interior da igreja nos trabalhos produzidos
pelos artífices bizantinos através do
reluzente brilho dos mosaicos; no entalhe
dos capitéis das colunas das naves
laterais, profundamente elaborados; na
perfeição vista nas folhas de acantos
envolvendo o monograma de Justiniano e
de Teodora, sua esposa.
• Ainda que a maior parte do ornamento
original em ouro e prata, dos mosaicos e
dos afrescos da igreja tenha se perdido ao
longo dos séculos, encontraremos uma
beleza autêntica em sua grandiosidade
espacial.
Arte Bizantina em Ravena
• Com o declínio do Império Romano do
ocidente e a consequente perda do poder de
Roma, tomada pelos bárbaros, Ravena,
cidade da região centro-sul da Itália, adquire
enorme importância política e militar,
tornando-se residência dos imperadores a
partir de 584.
• O surgimento de edificações religiosas em
Ravena corresponde ao domínio de
Justiniano, que vai de 527 a 565. É
inegável que este foi o período em que a
arte mais se aperfeiçoou. Tem como
principais edificações: a igreja de São
Vital, a igreja de Santo Apolinário in
Classe, a igreja de Santo Apolinário Novo
e o mausoléu de Gala Placídia.
• A igreja de São Vital, considerada a mais
importante construída em Ravena na
época de Justiniano, apresenta uma
planta octogonal, com um núcleo central
abobadado. Em virtude da planta
octogonal, o espaço interno exibe
perspectivas diferentes das outras igrejas.
A fusão esmerada de arcos, colunas e
capitéis proporciona os componentes
arquitetônicos apropriados para assentar-
se mármores e mosaicos que, com seu
rico colorido, sugerem a arte do Oriente.
• Nessa igreja de planta central quadrada,
não acharemos quase nada que faça
lembrar o eixo longitudinal da basílica
primitiva cristã. O intrincado do exterior
equipara-se à riqueza do espaço interior,
com sua magnânima decoração.
• Nos mosaicos de seu interior,
encontraremos nas figuras do imperador
Justiniano e de sua esposa, a imperatriz
Teodora, a exata simbologia do
compromisso da arte bizantina com o
Império e a religião.
Igreja de
São Vital
Justiniano e seu
séquito, 547,
mosaico em San
Vitale, Ravena
Igreja de Santo
Apolinário in Classe
Mausoléu de
Gala Placídia.
• Em 565, após a morte do imperador
Justiniano, as dificuldades políticas de
união entre o Ocidente e o Oriente se
agravam. O Império Bizantino, mesmo
tendo sofrido períodos de declínio político
e cultural, consegue sobreviver até o final
da Idade Média, momento em que
Constantinopla é invadida pelos turcos.

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Arte Cristã Primitiva e Bizantina

  • 1. ARTE CRISTÃ PRIMITIVA & ARTE BIZANTINA Professora: Cristiane Seibt
  • 2. Por arte cristã primitiva ou arte paleocristã devemos compreender muito mais que um “estilo”, pois trataremos aqui de um período histórico, que abrange os primeiros cinco séculos do surgimento do cristianismo, em que observamos todas as formas de arte nele produzidas pelos primeiros cristãos para o seu próprio povo.
  • 3. • Enquanto os romanos criavam uma arte colossal e disseminavam seu estilo por toda a Europa e parte da Ásia, os cristãos (aqueles que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo) começavam a criar uma arte singela e simbólica. Era o princípio da arte cristã primitiva.
  • 4. • Os romanos que testemunharam o nascimento de Jesus Cristo presenciaram o apontar de uma nova era e uma nova filosofia. Com o aparecimento de um “novo reino” espiritual, o poderio romano viu-se excessivamente abalado e, desse modo, teve início um período de perseguição.
  • 5. Fase da Arte das Catacumbas ou Arte Catacumbária • Denominamos arte cristã primitiva a arte que surgiu a partir da morte de Jesus Cristo, quando seus discípulos passaram a propagar a palavra do Senhor, até então limitada à área da Judeia, província romana onde vivera e morrera o Salvador.
  • 6. • Sem seu mentor, o povo decidiu continuar disseminando a palavra do Mestre pelas inúmeras regiões do Império Romano, por longo e árduo período, sob duras e cruéis perseguições, empreendidas pelos imperadores romanos, as quais perduraram por cerca de três séculos.
  • 7. • Entretanto, pouquíssimas são as referências nas quais podemos nos basear quando buscamos conhecer qual foi o auxílio da arte dentro do contexto em que se desenvolveu o cristianismo, durante esses três primeiros séculos. A exceção se dá em razão das pinturas encontradas no interior das catacumbas, pintura simbólica, ornamental e figurativa em afrescos. Essa arte foi chamada de arte das catacumbas ou arte catacumbária.
  • 8. • Isso se deu em função da perseguição que sofriam os cristãos, que buscavam refúgio nas catacumbas, escavações subterrâneas feitas a partir de túmulos e destinadas ao sepultamento de mortos e mártires, também usadas para a prática de cultos religiosos. Encontramos em Roma, entre outras, as catacumbas do Cemitério Maior de São Calisto, e dos de São Sebastião, Santa Inês, Priscila e Domitilla. Em Alexandria e Nápoles, outras também são encontradas. Uma das catacumbas mais visitadas em todo o mundo é a de São Calisto, que se localiza na região central de Roma,
  • 9. • na Via Ápia, Itália. Acredita-se que um número muito grande de cristãos, contemporâneos de Jesus Cristo, esteja lá enterrado nos mais de vinte quilômetros dos corredores que fazem a ligação entre os túmulos, às vezes superpostos por quatro planos, pelas galerias.
  • 12. • Apesar de toda a carência de materiais que possam nos trazer mais e melhores detalhes sobre a arte desenvolvida nesse período, encontramos, por meio de um conjunto de circunstâncias das pinturas das catacumbas, muito da alma dos primeiros cristãos que buscaram, na construção das catacumbas, a forma segura de preservar a esperança de alcançar, no paraíso, a tão almejada vida eterna. Assim encontramos as primeiras manifestações da pintura cristã.
  • 13. • Devemos considerar o fato de que a arte cristã primitiva foi realizada por homens comuns do povo, imersos na propagação da nova religião, e não por um artista de erudita mestria. Por essa razão, nos deparamos com uma arte simples, por vezes tosca, grosseira, que embora limitada pela inabilidade de um pintor autodidata, através do uso da técnica do afresco, revela a influência da pintura mural romana. O pintor das catacumbas cria seu vocabulário simbólico e novo, capaz de expressar representações como o Cristo, a Virgem ou as cenas bíblicas em harmonia com
  • 14. • as verdades e os dogmas da fé. Desse modo, fica claro que seu interesse não era pelo significado original das formas mas pelo simbólico. Esse pintor criou uma rica simbologia cristã, a qual poderemos sintetizar dizendo que, paralelamente aos abstratos, se reproduzem os símbolos figurativos.
  • 15.
  • 16. • Encontramos com maior frequência o peixe, que simbolizava o Cristo, e cujas letras, presentes na palavra em grego (ichtys), coincidentemente correspondem às iniciais das palavras que formam a expressão: Iesous Christos, Theou Yios, Soter e que tem por tradução: “Jesus Cristo, filho de Deus, Salvador”; o pavão, simbolizando a eternidade; o cacho de uva, representando o sangue de Cristo; o lírio, a pureza; a haste do trigo, a eucaristia; a imagem do bom pastor, que surge na figura do Cristo com seu rebanho de ovelhas; a fênix, simbolizando a ressurreição.
  • 18. bom pastor , catacumbas de São Calisto, séc. III d.C. A figura do bom pastor e a do peixe são os mais antigos símbolos eucarísticos cristãos. O Cristo imberbe é um jovem romano, novo cristão que revoluciona a estrutura arcaica pagã.
  • 19. • Passagens da Bíblia também eram ali simbolizadas, por exemplo a Arca de Noé, Jonas engolido pelo peixe e Daniel na cova dos leões.
  • 20. • A escultura, encontrada com menor frequência do que a pintura, aparece nos sarcófagos e nos túmulos, geralmente em baixo relevo. Foi produzida a partir não só de relatos da vida do morto, como também de motivos bíblicos.
  • 21. • Encontramos ainda alguns túmulos nos quais, pela poesia, se celebra a saudade do morto.
  • 22. • A música foi produzida nesse período, mas sem o uso de qualquer instrumento musical, pois, para os antigos cristãos, o uso de instrumentos musicais remetia-lhes às lembranças das orgias romanas. Os cantos que realizaram em seus cultos eram provenientes dos primeiros cânticos romanos, hebraicos e gregos.
  • 23. • Com o decorrer do tempo, pouco a pouco foram diminuindo as perseguições aos cristãos, até que em 313 o imperador Constantino, através do Édito de Milão, permitiu que o cristianismo fosse professado livremente. A partir de então, sem a limitação do governo romano, a propagação do cristianismo pelas cidades se dá livremente, até que em 391 é oficializado como religião oficial do império pelo imperador Teodósio.
  • 24. • É necessário entender que o reconhecimento do cristianismo como religião oficial do Império Romano serviu como marco divisor da produção da arte cristã primitiva em antes e depois do seu reconhecimento. Ou seja, a fase catacumbária e a fase das basílicas.
  • 25. Fase da Arte nas Basílicas • Com o fim da perseguição aos cristãos, começam a despontar os primeiros templos cristãos, mantendo externamente as características das construções, tanto gregas quanto romanas, que serviram à administração da justiça, conservando, inclusive, até o nome: basílica (cuja origem significa basileu = juiz).
  • 26. Basílica de São Pedro em Roma, Itália
  • 27. • Entretanto, internamente, ela necessitava acolher uma numerosa e ávida população que estava em busca dos caminhos da salvação, fato que levou seus construtores a produzirem grandes espaços abertos cujas paredes foram ornamentadas por mosaicos e pinturas, com o propósito de ensinar aos seus novos adeptos os mistérios da fé, alcançando, assim, refinamento espiritual.
  • 28. Interior da igreja de Santa Sabina, em Roma
  • 29. • O processo vivenciado pela arte primitiva cristã, que de simples e grosseira nas catacumbas passa a ser rica e apurada nas basílicas, prediz mudanças que determinaram uma nova época na história da humanidade e indica o grau de comprometimento entre arte e doutrina cristã, que se tornará maior a cada dia e se consolidará na Idade Média.
  • 30. Arte Bizantina • Constantino (313-337), por meio do Édito de Milão, concedeu liberdade de culto aos cristãos, pois já representavam uma parcela numerosa e influente da população imperial romana. Outra medida administrativa importante foi a fundação de Constantinopla, que, situada na parte oriental do Império, seria com o tempo a sua segunda capital.
  • 31.
  • 32. • Teodósio (378-395) ficou conhecido na história do império pela oficialização do cristianismo (395) e pela divisão do Império Romano em duas partes: o do Ocidente (capital em Roma) e o do Oriente (capital em Constantinopla). No final do seu governo, os povos genericamente chamados de bárbaros passaram a promover incursões pelos limites do Império, as quais culminariam nas invasões e na queda do Império Romano ocidental (476), que coincide com o início da Idade Média.
  • 33. • No final da Idade Antiga, a cidade de Constantinopla, atual Istambul (Turquia), constituía-se no mais importante centro econômico-comercial e político do decadente Império Romano.
  • 34. • Localizada na região da antiga colônia grega denominada Bizâncio, a cidade foi edificada a mando do imperador Constantino, impulsionado por sua posição estratégica e favorável e tendo como objetivo maior transformá-la na nova capital do Império Romano.
  • 35. • Por estar localizada entre o Ocidente e o Oriente, Constantinopla praticava um intenso comércio com as regiões próximas; em contraposição ao Império Romano do Ocidente (Roma), estagnado e decadente, torna-se um centro rico e a mais importante cidade do Mediterrâneo Oriental.
  • 36. • Com a divisão do Império Romano por Teodósio, em 395, Constantinopla passou a ser a capital da porção oriental, consolidando-se a plena autonomia e soberania do que restara do grandioso império em decadência.
  • 37. • A arte bizantina recebe, assim, influência de Roma, da Grécia e do Oriente. O amálgama dos elementos dessas culturas é refletido na grandiosidade do novo estilo de sua arte, que a vincula muito mais vigorosamente ao futuro do que à arte dos séculos passados.
  • 38.
  • 39. • A arte bizantina, que teve suas raízes na arte primitiva cristã, permanece profundamente ligada à religião, apresentando-se contrária ao caráter simples e popular expresso anteriormente.
  • 40. • A arte bizantina passa a se apresentar suntuosamente, exibindo uma natureza de riqueza e poder. Isso ocorre em função da necessidade de alcançar o objetivo de exprimir a absoluta autoridade do imperador, considerado representante de Deus na Terra, senhor de poderes espirituais e seculares, inclusive cabendo a ele próprio o estabelecimento e a organização das artes, colocando, dessa forma, o artista numa relegada posição, meramente de executor do fazer artístico.
  • 41. Pintura • Assim como na arte egípcia, a arte bizantina estabeleceu um conjunto de regras ordenadas, com o intuito de melhor atingir seus objetivos.
  • 42. • Na pintura, encontramos a técnica da representação da figura através da frontalidade, que, por sua aparência inflexível e rígida, transmite ao observador a impressão de reverência e acatamento à personalidade retratada. Desse modo, ao apresentar frontalmente a figura que está retratando, o artista passa a sensação de respeito para aqueles que observam a obra e creem ver, nas figuras sagradas e em seus soberanos, seus protetores e defensores. Foram formas estudadas pelos sacerdotes com rigor prévio, para que os artistas conseguissem, através de seus pincéis, a intenção de comover e tocar os fiéis da nova religião.
  • 43. • Encontramos a determinação dos exatos lugares onde cada personagem sagrada a ser retratada deveria estar e qual seria a postura de suas mãos, pés, gestos, vestes, mantos e suas dobras e símbolos.
  • 44. • Outro artifício preestabelecido com a mesma finalidade foi o de retratar as personagens soberanas e as personagens sagradas com uma certa simbiose entre seus objetos caracterizadores, pois, dessa forma, se intensificaria o laço entre aquilo que é sagrado e o que é soberano. Um claro exemplo disso encontramos na igreja de São Vital, em que as figuras do imperador Justiniano e de sua esposa, a imperatriz Teodora, foram representadas com suas cabeças “aureoladas”, símbolo de uso peculiar a Cristo, aos santos e apóstolos. Em contrapartida, Cristo foi retratado como rei e Maria como rainha.
  • 45. Cristo Pantocrátor, detalhe de . um mosaico da igreja de Santa Sofia (Hagia Sophia), Constantinopla, século XIII
  • 46. mais significativos são os das igrejas de Ravena. Na igreja de São Vital, estão representados o imperador Justiniano e Teodora, com seus séquitos.
  • 47. • Por meio dessa simbiose entre autoridades imperiais e espirituais encontramos a exatidão com que os imperadores bizantinos personificavam as “divindades do poder real”.
  • 48. Escultura • Na escultura bizantina se fez presente o modelo naturalista grego, em que, mesmo sem o total amparo da Igreja, melhor se apurou o culto à imagem do imperador.
  • 49. • Contrariamente à tradição romana, dá pouca atenção ao semblante e apresenta essas figuras de frente, solenes e formais; os olhos são grandes e olham para o alto, pretendendo transmitir inquietudes transcendentais.
  • 50.
  • 51. • Encontraremos dois modelos: a muito grande ou a pequena, ambas escassas. As estátuas grandes são de pedra, mármore geralmente; as pequenas são relevos organizados em dípticos portáteis, feitos em marfim.
  • 52. • Também manifestaram grande valor os relevos, nos quais os soberanos perpetuaram histórias de suas vitórias. Do pouco que foi preservado, conclui-se que, apesar de sua aparência clássica, a representação ideal superou a real, priorizando a postura frontal, mais austera.
  • 53. • Não menos importante foi a escultura em marfim. As peças de maior circulação eram chamadas dípticos consulares (pintura ou relevo executado sobre duas pranchas de madeira ou outro material, unidas por dobradiças), de virtude e mestria incomparáveis. Serviam como emissários enviados através de funcionários aos altos designatários com a finalidade de informar- lhes sua nomeação. Com o passar do tempo, esse modelo ajusta-se ao culto religioso no formato de pequeno altar
  • 54. Catedral de San Salvador, Astúrias, Oviedo. Câmara Santa: díptico consular de marfim bizantino.
  • 55.
  • 56. • Entretanto, cabe lembrar que houve uma ruptura no progresso da escultura, devido à questão iconocrata, que, em 726, seguindo um decreto imperial, proibiu, por mais de cem anos, o uso das imagens religiosas, além de destruir os ícones (imagens). A decisão assentava-se em questões profundamente conflituosas, que abrangiam a relação do divino com o humano na figura de Cristo, no tocante à condição teológica da questão, enquanto o político e o social revelavam a luta pelo poder entre a Igreja e o Estado.
  • 57. • Mesmo assim, não foi completa a eliminação das imagens sagradas; no entanto, suas produções sofreram uma acentuada redução.
  • 58. Mosaicos • É com o mosaico que a arte bizantina atinge sua mais alta expressão artística, não se destinando somente ao ornamento das paredes e abóbadas das igrejas. Seguindo a concepção desenvolvida por seus governantes, a arte bizantina tinha também uma outra razão de ser, a de doutrinar os cristãos, apresentando cenas da Sagrada Escritura que traziam os ensinamentos de Cristo, dos profetas e dos imperadores.
  • 59. • Não foi a arte bizantina a única a lançar mão do uso do mosaico, pois gregos e romanos já o fizeram anteriormente.
  • 60. • Os romanos o utilizaram na decoração e demonstravam grande habilidade no arranjo das figuras, para tratar temas seculares, geralmente utilizando paisagens ao fundo; no chão, empregavam cores mais limitadas ao tom das pedras, que eram de mármore, e, por terem superfície lisa, lhe conferiam um tom opaco.
  • 61. • No mosaico bizantino, as peças eram feitas de vidro brilhante, lançava-se mão de farta matiz de cores que ajudava a realçar o brilho, devido à irregularidade apresentada em sua superfície. Era usado em paredes e tetos, principalmente em domos e absides das igrejas, sempre retratando temas espirituais, tendo, num fundo abstrato, a cor ouro (usado com exorbitância, pois julgava-se o ouro o maior bem existente na Terra) sobre azul. São chapadas as figuras humanas, colocadas numa rígida simetria que dava aparência de estarem penduradas, e não havia o menor interesse em esboçar volume ou perspectiva.
  • 62. • Sem apresentar o menor sinal de movimento, figuras humanas altas e esguias, com enormes olhos colocados em amendoadas faces, olhavam com solene expressão, diretamente para a frente. Dessa forma, os bizantinos imprimiram no interior de seus templos extraordinário esplendor, jamais conseguido em tempo algum.
  • 63.
  • 64. Mosaico na igreja de Santo Apolinário Novo, em Ravena, Itália, representando Santo Apolinário.
  • 65. Arquitetura • A arquitetura também foi iluminada e conduzida pela religião, atingindo sua representação mais completa na edificação de igrejas. É justamente nas construções religiosas que se revelam as distintas influências absorvidas pela arte bizantina.
  • 66. • confirmação do cristianismo acontece paralelamente ao momento de esplendor da capital do Império Bizantino. Constantino inicia a renovação arquitetônica de Constantinopla, construindo teatros, termas, palácios e, sobretudo, igrejas; uma vez oficializado o cristianismo, isso era indispensável para tornar visível sua natureza decisivamente pública em edificações abertas ao culto religioso.
  • 67. • As primeiras igrejas acompanharam o modelo das salas da basílica grega: uma galeria, às vezes ladeada por torres, permitia a entrada à nave principal, separada por fileiras de colunas de uma ou duas naves laterais.
  • 68. • Na parte oeste, a nave principal se comunicava com a abside (terminação em forma de abóbada semicircular de uma construção arquitetônica, muito utilizada em igrejas); o teto era feito de alvenaria e madeira.
  • 69. • A representação dessas igrejas era bastante exata: o espaço central alongado, simbolizando o caminho percorrido pelo fiel rumo ao consubstancial, expresso na abside.
  • 70. • Posteriormente, esse padrão foi substituído pelas plantas centralizadas circulares, como a dos panteões, e as plantas octogonais.
  • 71. • Foi nesse momento que se iniciou a construção das igrejas de planta de cruz grega, coberta por cúpulas em forma de pendentes, obtendo-se assim a possibilidade de fechar espaços quadrados com teto de base circular. As características predominantes seriam a cúpula (parte superior e côncava dos edifícios) e a planta de eixo central, também chamada de planta de cruz grega (quatro braços iguais)
  • 72. • A cúpula buscava retratar a abóbada celeste. Esse processo, que parece já ter sido utilizado em séculos anteriores e inclusive na Roma Antiga, se transformou na representação do poderio bizantino.
  • 73.
  • 74.
  • 75. • Os arquitetos bizantinos conservaram o feitio arredondado das cúpulas, não empregando o tambor (grande arco circular sobre o qual se assenta a cúpula) diretamente sobre a base quadrada: em cada um de seus lados ergueram um arco, sobre os quatro arcos colocaram um tambor e, por último, sobre este, com simplicidade e segurança, aplicaram a cúpula. Desse modo, os arquitetos bizantinos conseguiram sobrepor a uma edificação quadrada uma cúpula arredondada, utilizando o sistema de pendentes, “triângulos” curvilíneos configurados pelos intervalos entre os arcos, que formavam a base sobre a qual era colocado o tambor.
  • 77. Igreja de Santa Sofia • Ao resolver edificar uma nova igreja em Constantinopla (atual Istambul), que por quatrocentos anos fora a maior cidade do mundo, o imperador Justiniano decidiu que seria tão grandiosa quanto seu império. E não economizou para isso. Justiniano contratou dois matemáticos para conceberem o magnífico projeto. Eram eles: Ântemio de Tales e Isidoro de Mileto, que venceram com arrojo todas as possibilidades de apresentar uma obra cujas configurações foram
  • 78. • inteiramente inovadoras, conferindo a esse projeto o reconhecimento por traduzir o máximo do estilo arquitetônico bizantino, que apresentou o equilíbrio de uma grande cúpula sobre uma planta quadrada.
  • 79. Vista noturna da igreja de Santa Sofia, construída em 532-37.
  • 80.
  • 81.
  • 82. No alto, em direção aos candelabros, pode-se contemplar o trabalho do mármore e dos jogos de sombra e luz.
  • 83.
  • 84.
  • 85.
  • 86. • Sem dúvida alguma, a igreja de Santa Sofia (a igreja da sabedoria sagrada) é a mais grandiosa das edificações justinianas. Seu projeto apresenta uma singular combinação de elementos: tem o eixo longitudinal de uma basílica primitiva cristã, porém apresenta um compartimento central quadrangular coroado por uma imensa cúpula restrita por semicúpulas em cada extremidade, produzindo assim o efeito de uma imensa oval. O peso da cúpula é seguro por quatro enormes arcos e as paredes abaixo desses arcos não possuem função alguma de sustentação
  • 87. • A trajetória do quadrado formado pelos quatro arcos até a borda circular da cúpula é feita por meio de triângulos arredondados, denominados pendentes. Através desse artifício é possível a construção de cúpulas mais altas, mais leves e também mais econômicas, se comparadas com os métodos anteriores. A partir de então, seria essa a propriedade arquitetônica básica bizantina, e mais tarde, também da arquitetura ocidental.
  • 88. • Quarenta janelas em forma de arco cobrindo a base do domo originam a ilusão de que descansa sobre uma auréola de luz. Essa resplandecência vinda das alturas, assistida pelo brilho dourado dos mosaicos, eleva a imaginação humana à intangível dissolução das paredes em luz celestial, transportando os fiéis à “ilusão de irrealidade”.
  • 89. • É admirável o primor encontrado no interior da igreja nos trabalhos produzidos pelos artífices bizantinos através do reluzente brilho dos mosaicos; no entalhe dos capitéis das colunas das naves laterais, profundamente elaborados; na perfeição vista nas folhas de acantos envolvendo o monograma de Justiniano e de Teodora, sua esposa.
  • 90. • Ainda que a maior parte do ornamento original em ouro e prata, dos mosaicos e dos afrescos da igreja tenha se perdido ao longo dos séculos, encontraremos uma beleza autêntica em sua grandiosidade espacial.
  • 91. Arte Bizantina em Ravena • Com o declínio do Império Romano do ocidente e a consequente perda do poder de Roma, tomada pelos bárbaros, Ravena, cidade da região centro-sul da Itália, adquire enorme importância política e militar, tornando-se residência dos imperadores a partir de 584.
  • 92. • O surgimento de edificações religiosas em Ravena corresponde ao domínio de Justiniano, que vai de 527 a 565. É inegável que este foi o período em que a arte mais se aperfeiçoou. Tem como principais edificações: a igreja de São Vital, a igreja de Santo Apolinário in Classe, a igreja de Santo Apolinário Novo e o mausoléu de Gala Placídia.
  • 93. • A igreja de São Vital, considerada a mais importante construída em Ravena na época de Justiniano, apresenta uma planta octogonal, com um núcleo central abobadado. Em virtude da planta octogonal, o espaço interno exibe perspectivas diferentes das outras igrejas. A fusão esmerada de arcos, colunas e capitéis proporciona os componentes arquitetônicos apropriados para assentar- se mármores e mosaicos que, com seu rico colorido, sugerem a arte do Oriente.
  • 94. • Nessa igreja de planta central quadrada, não acharemos quase nada que faça lembrar o eixo longitudinal da basílica primitiva cristã. O intrincado do exterior equipara-se à riqueza do espaço interior, com sua magnânima decoração.
  • 95. • Nos mosaicos de seu interior, encontraremos nas figuras do imperador Justiniano e de sua esposa, a imperatriz Teodora, a exata simbologia do compromisso da arte bizantina com o Império e a religião.
  • 97.
  • 98.
  • 99. Justiniano e seu séquito, 547, mosaico em San Vitale, Ravena
  • 101.
  • 103.
  • 104. • Em 565, após a morte do imperador Justiniano, as dificuldades políticas de união entre o Ocidente e o Oriente se agravam. O Império Bizantino, mesmo tendo sofrido períodos de declínio político e cultural, consegue sobreviver até o final da Idade Média, momento em que Constantinopla é invadida pelos turcos.