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Metodologia e
Prática do Ensino da
Matemática
Maria da Graça Fernandes Branco
Adaptada por Ricardo de Souza
APRESENTAÇÃO
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Metodologia e Prática
do Ensino da Matemática, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao apren-
dizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é
propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso,
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 5
1 O ENSINO DA MATEMÁTICA........................................................................................................... 7
1.1 Resumo do Capítulo........................................................................................................................................................9
1.2 Atividades Propostas.......................................................................................................................................................9
2 O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS.......................................................11
2.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................12
2.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................12
3 PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS..................................................................................................13
3.1 O Aluno e a Matemática..............................................................................................................................................13
3.2 O Professor e o Saber Matemático..........................................................................................................................14
3.3 As Relações Professor-Aluno/Aluno-Aluno.........................................................................................................14
3.4 E na Sala de Aula?..........................................................................................................................................................15
3.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................18
3.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................18
4 OS CONTEÚDOS....................................................................................................................................19
4.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................20
4.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................20
5 OUTRAS QUESTÕES METODOLÓGICAS..............................................................................21
5.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................22
5.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................22
6 SONDAGEM MATEMÁTICA............................................................................................................23
6.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................24
6.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................24
7 O SISTEMA DE NUMERAÇÃO.......................................................................................................25
7.1 História dos Conhecimentos que as Crianças Elaboram a Respeito da Numeração Escrita.............26
7.2 Alguns Números Especiais: o Papel de“Nós”......................................................................................................27
7.3 O Papel da Numeração Falada..................................................................................................................................27
7.4 Do Conflito à Notação Convencional.....................................................................................................................28
7.5 Números Coringas.........................................................................................................................................................28
7.6 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................29
7.7 Atividades Propostas....................................................................................................................................................29
8 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS.................................................................................................31
8.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................33
8.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................33
9 OPERANDO: A TEORIA DO CAMPO CONCEITUAL........................................................35
9.1 Campo Aditivo................................................................................................................................................................35
9.2 Campo Multiplicativo...................................................................................................................................................36
9.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................36
9.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................36
10 ESTRATÉGIAS DE CÁLCULO.......................................................................................................37
10.1 Desenvolvendo o Cálculo Mental.........................................................................................................................39
10.2 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................40
10.3 Atividades Propostas.................................................................................................................................................40
11 A ROTINA.................................................................................................................................................41
11.1 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................42
11.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................43
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS......................................45
REFERÊNCIAS..............................................................................................................................................49
ANEXO..............................................................................................................................................................51
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5
INTRODUÇÃO
O professor realiza primeiro
o trabalho inverso ao do cientista,
uma recontextualização do saber:
procura situações que deem sentido
aos conhecimentos que devem ser ensinados.
Guy Brousseau
Caro(a) aluno(a), a Matemática faz parte da vida de todo ser humano, está em tudo o que fazemos e
desenvolvemos. Por isso, ela precisa ser trabalhada nas séries iniciais como instrumento de leitura, inter-
pretação e análise dos problemas que as crianças enfrentam no cotidiano. A busca de soluções faz revisar
concepções, modificar ideias velhas, inventar procedimentos e elaborar novos conhecimentos.
Nesse sentido, é preciso ajudar o aluno a aprender Matemática e a organizar situações didáticas e
situações adidáticas que contribuam efetivamente para que ele se envolva em atividades intelectuais.
Você já havia pensado nisso? Pois bem, para que isso ocorra, algumas situações devem fazer parte da sua
aula quando você se tornar um professor.
Preste atenção nos itens que não podem faltar em uma boa aula:
ƒƒ pôr em jogo todos os conhecimentos de que dispõe;
ƒƒ buscar caminhos sem medo de errar;
ƒƒ decidir sobre o que fazer, notando que o que sabe ainda não é suficiente;
ƒƒ modificar, enriquecer, flexibilizar o que sabe, permitindo-se mudar de opinião no confronto
com diferentes ideias;
ƒƒ escutar para entender e questionar as escolhas feitas;
ƒƒ considerar as respostas e os caminhos indicados pelos colegas e professores sem deixar de
confrontá-los com os seus;
ƒƒ formular argumentos que possam ser refutados ou validados;
ƒƒ comparar suas produções e procedimentos com os dos colegas;
ƒƒ comunicar suas conclusões de diferentes formas.
DicionárioDicionário
Situação didática: é uma situação construída com a intenção de levar os alunos a adquirirem um saber determinado
(intencionalidade do professor na aprendizagem).
Situação adidática: designa toda situação que, por um lado, não pode ser dominada convenientemente sem colocar
em prática os conhecimentos ou o saber que se pretende e que, por outro lado, sanciona as decisões que o aluno toma
(boas ou más) sem intervenção do professor no que concerne ao saber que se põe em prática (BERTHELOT; SALIN,
1992) (aprendizagem do aluno com os domínios que os alunos têm).
Maria da Graça Fernandes Branco
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6
Se você deseja aprender um pouco mais sobre cada um desses saberes, leia com a atenção os tó-
picos a seguir.
Saberes Relativos ao Conteúdo
ƒƒ Funções dos conteúdos, sejam eles do campo aritmético, geométrico, ou métrico;
ƒƒ A abrangência das propriedades e a relação com os diversos campos da matemática;
ƒƒ Funcionamento dos diferentes sistemas simbólicos e suas formas de representações.
Saberes Relativos à Aprendizagem
ƒƒ Interpretar os procedimentos e representações que os alunos põem em prática;
ƒƒ Distinguir, nos conhecimentos dos alunos, aqueles que comprometem as particularidades dos
sistemas simbólicos;
ƒƒ Considerar os saberes dos alunos como constitutivo.
Saberes Didáticos
ƒƒ Identificar diversas dimensões na construção do sentido da aprendizagem matemática;
ƒƒ Identificar relações entre as aulas e os saberes que os alunos constroem;
ƒƒ Reconhecer a importância das diferentes representações nos alunos.
ƒƒ Reconhecer a complexidade dos sistemas simbólicos;
ƒƒ Reconhecer, nas diferentes concepções de ensino, as concepções didáticas subjacentes.
Na disciplina Metodologia e Prática do Ensino da Matemática, você, aluno(a) da Unisa Digital, po-
derá entrar em contato com os mais atuais debates sobre essa área do conhecimento, entendendo que
a atividade de ensinar é poder interpretar, analisar, discutir e ajudar todos os seus futuros alunos a cons-
tituírem uma comunidade investigativa, na qual os problemas sejam resolvidos e as ideias discutidas.
Querido(a) aluno(a), desse modo, a sua futura atuação profissional deve prever como ponto de
partida aulas que favoreçam a produção de novos conhecimentos. Por isso, aproveite os conteúdos apre-
sentados nesta apostila, bem como os materiais complementares de nosso curso, para que você possa
desenvolver todas as suas potencialidades e um futuro profissional promissor.
Saiba maisSaiba mais
Existem saberes necessários para garantir a aquisição do sentido na matemática. São três tipos de saberes:
I. Saberes relativos ao conteúdo;
II. Saberes relativos à aprendizagem;
III. Saberes didáticos.
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7
O ENSINO DA MATEMÁTICA1
Querido(a) aluno(a), você sabia que as
orientações metodológicas e os objetivos do pro-
cesso de ensino e aprendizagem de Matemática
na Escola Básica vêm passando por profundas
mudanças?
Apesar da enorme diferença entre o que
se prescreve e o que de fato se realiza, existe um
razoável consenso entre os professores de que o
ensino de Matemática não pode se limitar a um
processo que tenha como finalidade a simples
memorização de regras e técnicas.
Pense nisso: “As mudanças propostas tra-
zem enormes desafios à prática dos professores,
que devem analisar e discutir o plano pedagógi-
co, buscando selecionar as habilidades e compe-
tências que os alunos devem desenvolver relacio-
nados aos conceitos matemáticos para exercer
sua cidadania.”
Saiba maisSaiba mais
As diretrizes de alguns currículos, em especial os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), indicam
que a Matemática deve ter como objetivo levar o
aluno a identificar os conhecimentos matemáticos
como meios para compreender o mundo à sua vol-
ta, além de perceber o caráter de jogo intelectual,
característico dessa área do conhecimento, como
aspecto que estimula o interesse, a curiosidade e
o espírito de investigação e amplia a possibilidade
de resolver problemas. Esses currículos apresentam
mudanças significativas para o processo de ensino
e de aprendizagem de Matemática na Educação
Básica.
Deve-se levar em conta que o objetivo do
processo de ensino e aprendizagem da Matemáti-
ca é a alfabetização, ou seja, deve-se desenvolver
a capacidade do estudante para analisar, racio-
cinar e comunicar-se de maneira eficaz quando
lê, formula e resolve problemas matemáticos em
uma variedade de domínios e situações. Esse pro-
cesso deve também enfatizar o desenvolvimento
das competências de leitura e escrita.
Você, futuro(a) professor(a), deve ter em
mente que um problema não é um mero exer-
cício em que se aplica de forma mecânica uma
fórmula ou um processo operatório. Na verdade,
um problema é uma situação que demanda reali-
zação de uma sequência de ações ou operações,
não conhecidas previamente, para se obter um
resultado.
AtençãoAtenção
É desejável, portanto, um ensino que privilegie a
exploração de situações-problema, nas quais o
aluno é levado a exercer sua criatividade, desen-
volver o raciocínio lógico e construir conceitos.	
Os atuais currículos de Matemática consideram
que a situação-problema deve ser o ponto de
partida do processo de ensino e de aprendiza-
gem de um determinado conceito.
Temos constatado com preocupação que muitas crianças renunciam a suas possi-
bilidades de pensar acerca do que estão aprendendo, que são muitas as que estão
acostumadas a colocar em prática procedimentos sem perguntar as razões que
lhes dão origem. Por que o fazem?
Delia Lerner
Maria da Graça Fernandes Branco
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8
Em uma análise da situação do ensino da
Matemática, há dois aspectos essenciais:
1.	 a concepção de Matemática;
2.	 o desgosto por essa área do conheci-
mento, manifestado pela maioria dos
alunos.
Você, que pretende ser um(a) futuro(a) pro-
fissional da educação, deve lembrar que a pri-
meira abordagem considera a disciplina como
uma área do conhecimento pronta, acabada, per-
feita, pertencente apenas ao mundo das ideias,
cuja estrutura de sistematização serve de mo-
delo para outras ciências. A consequência dessa
visão em sala de aula é a imposição autoritária do
conhecimento matemático.
Outra consequência e, talvez, a de resul-
tados mais nefastos, é a de que o sucesso em
Matemática representa um critério avaliador da
inteligência dos alunos. A essa concepção da Ma-
temática contrapõe-se aquela que considera o
conhecimento em constante construção. Os in-
divíduos, no processo de interação social com o
mundo, reelaboram, complementam, complexifi-
cam e sistematizam os seus conhecimentos. Essa
aquisição de conhecimentos permite que eles
transformem suas ações e, portanto, alterarem
suas interações com esse mesmo mundo.
Portanto, querido(a) aluno(a), reflita sobre a
seguinte afirmação:
A sala de aula não é o ponto de encontro
de alunos totalmente ignorantes com o professor
totalmente sábio, e sim um local onde interagem
alunos com conhecimentos do senso comum,
que almejam a aquisição de conhecimentos siste-
matizados e um professor cuja competência está
em mediar o acesso do aluno a tais conhecimen-
tos.
O que é a Matemática?
“A matemática diz respeito a relações – relações
entre números, eventos, objetos, sistemas e ciclos;
também diz respeito, é óbvio, a cálculos; e, ainda,
a descobrir coisas de forma organizada.”(MAcDO-
NALD, 2009, p. 12).
CuriosidadeCuriosidade
Desse modo, não se considera o aluno que
chega às séries iniciais como totalmente analfa-
beto em Matemática, pois ele já“lê”números nos
preços dos objetos, nas idades das pessoas, em
quantidades de brinquedos etc.
O segundo aspecto a ser considerado é
o desgosto por Matemática, manifestado pela
maioria absoluta dos alunos. E não seria difícil su-
por o contrário. Em um ensino no qual é neces-
sário submeter-se à autoridade da Matemática,
a aprendizagem torna-se privilégio das cabeças
“mais bem dotadas”, sem se levar em conta todas
as vivências anteriores relativas à quantificação, já
que não se encaixam na perfeição da Matemática.
Portanto, querido(a) aluno(a), o que se pro-
põe aqui é que o seu futuro aluno incorpore o co-
nhecimento do senso comum como um aspecto
parcial das noções que está estudando.
Cabe, então, a você, futuro(a) professor(a),
propor aos seus futuros alunos situações pro-
blematizadoras; elas propiciarão a vivência de
experiências que complementam e tornam mais
complexo o seu conhecimento anterior sobre
conceitos e propriedades envolvidos nos temas
AtençãoAtenção
A consequência mais desastrosa de tal fato tal-
vez seja a total passividade com que os alunos se
colocam perante qualquer aula, esperando que o
professor lhes“explique”o que devem compreen-
der e lhes diga“como”fazer.
Se o professor, durante sua formação, não viven-
ciar a experiência de sentir-se capaz de entender
Matemática e de construir algum conhecimento
matemático, dificilmente aceitará tal capacidade
em seus alunos. Você já havia pensado isso?
Metodologia e Prática do Ensino da Matemática
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9
abordados. Desse modo, a criança irá estabelecer
relações entre os diversos aspectos de uma mes-
ma noção e poderá adquirir, de maneira significa-
tiva, a linguagem matemática.
A construção do conhecimento matemá-
tico é um processo permanente, que será mais
eficaz se o professor criar situações didáticas e
adidáticas, nas quais o aluno se sinta desafiado
a colocar em jogo seu conhecimento e tenha a
oportunidade de explicitar o que pensa e sabe
sobre o conteúdo que será ensinado.
Caro(a) aluno(a), caso você queira se aprofundar
mais na definição de situações didáticas e situ-
ações adidáticas mencionadas na introdução,
sugiro que pesquise a referência:
PANIZZA, M. Ensinar matemática na educa-
ção infantil e nas séries iniciais: análise e pro-
postas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MultimídiaMultimídia
Caro(a) aluno(a), nas orientações metodológicas e nos objetivos do processo de ensino e apren-
dizagem de Matemática na Escola Básica, existe um consenso entre os professores de que o ensino de
Matemática não pode se limitar a um simples processo de memorização de regras e técnicas. Deve-se
ter como objetivo do processo de ensino e aprendizagem da Matemática o desenvolvimento das capa-
cidades do aluno para analisar, raciocinar sobre os problemas matemáticos. Esse processo deve também
enfatizar o desenvolvimento das competências de leitura e escrita.
Portanto, prezado estudante e futuro(a) professor(a), cabe a você propor situações problemas que
propiciarão experiências que complementam e tornam mais complexo o seu conhecimento sobre con-
ceitos e propriedades envolvidos nos temas abordados, a fim de tornar a linguagem matemática mais
significativa para construção do conhecimento matemático.
1.1 Resumo do Capítulo
1.2 Atividades Propostas
1.	 O que os atuais currículos da matemática defendem como o ponto de partida para a explora-
ção inicial de um conceito?
2.	 O que um professor não pode deixar de vivenciar em relação à Matemática e a sua formação?
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11
O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS
SÉRIES INICIAIS2
Caro(a) aluno(a), nas séries iniciais, a apren-
dizagem da Matemática constrói-se pelo seu
uso à medida que os alunos têm oportunidade
de participar de situações-problema em que se
sintam estimulados a utilizar as formas de repre-
sentação que consideram válidas, a confrontá-las
com aquelas empregadas por outros membros
da turma e a discutir a eficácia comunicativa das
diversas representações que usam.
Considerando que o conhecimento deve
ser construído, que a linguagem matemática
deve ser adquirida pelo aluno, levando-o a incor-
porar os significados que as atividades de mani-
pulação de material didático ou de vivência diária
assumem, quanto antes iniciarmos essa constru-
ção, mais tempo teremos para enriquecer os te-
mas abordados, tornando-os mais abrangentes e
complexos.
E como você acredita que os alunos das ca-
madas mais pobres da população se relacionam
com o conhecimento matemático?
Os alunos provenientes das camadas mais
pobres da população, em especial, talvez tenham,
nas primeiras séries do ensino fundamental, sua
primeira oportunidade de acesso a situações que
visem ao desenvolvimento da capacidade de or-
ganizar o espaço físico com auxílio de represen-
tações; de coordenar variáveis e, dentre as com-
binações possíveis, escolher a solução ótima; de
compreender informações quantificadas apre-
sentadas sob a forma de “tabelas e gráficos”; e,
ainda, de identificar embalagens enganosas, pre-
ços de falsas liquidações ou, mesmo, os chama-
dos crediários a perder de vista.
AtençãoAtenção
Para isso, o professor precisa pautar-se em alguns
princípios para orientar seu trabalho: (1) dominar
os conteúdos que ensinará a seus alunos; (2) rea-
lizar atividades com material didático e aprender
a elaborá-lo com materiais simples e acessíveis;
(3) entrar em contato com as teorias mais moder-
nas; (4) refletir sobre os princípios metodológicos
que norteiam sua prática pedagógica, clarifican-
do suas próprias concepções sobre a Matemá-
tica, uma vez que a prática em sala de aula, as
escolhas pedagógicas, a definição de objetivos
e conteúdos de ensino e as formas de avaliação
estão intimamente ligadas a essas concepções.
Rabiscar? O que isso tem a ver com matemática?
“Apesar de rabiscos não fazerem parte da mate-
mática, eles ajudam as pessoas a relaxar e desco-
brir soluções para problemas. O cérebro gosta de
rabiscar, porque quando você usa seu polegar e
seus dedos para manipular um lápis, exige por
volta de um terço da capacidade de processa-
mento do cérebro, e isso realmente aciona os cir-
cuitos neurais. Da próxima vez que precisar resol-
ver um problema, pegue um lápis – é o jeito mais
rápido de ligar sua criatividade à sua capacidade
de calcular!”(MAcDONALD, 2009, p. 12).
CuriosidadeCuriosidade
Maria da Graça Fernandes Branco
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12
2.1 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, discutimos sobre o ensino da matemática nas séries iniciais, pois
ele se constrói pelo seu uso à medida que os alunos têm oportunidade de vivenciar situações-problema
reais. Consideramos que a linguagem matemática deve ser adquirida pelo aluno logo nos primeiros anos
escolares por meio de material didático ou de vivência diária, tornando os temas mais abrangentes e
complexos. Por fim, consideramos que o desenvolvimento da capacidade de compreender informações
quantificadas apresentadas sob a forma de “tabelas e gráficos”e ainda de identificar embalagens enga-
nosas, preços de falsas liquidações ou mesmo os chamados crediários a perder de vista são elementos
importantes para os alunos nas primeiras séries do ensino fundamental, principalmente para aqueles
provenientes das camadas mais pobres da população.
2.2 Atividades Propostas
1.	 Quais as habilidades que os alunos de camadas mais pobres podem acessar pela primeira vez
na escola em relação à Matemática?
2.	 Como se constrói a aprendizagem da Matemática nas séries iniciais?
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13
PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS3
De acordo com os PCNs de Matemática, o
estudo dos fenômenos relacionados ao ensino e
à aprendizagem da Matemática pressupõe a aná-
lise das variáveis envolvidas nesse processo, ou
seja, aluno, professor e saber matemático e suas
3.1 O Aluno e a Matemática
relações. Antes de aprofundarmos os caminhos
para o trabalho com Matemática em sala de aula,
vamos analisar cada uma dessas variáveis, toman-
do como referência o documento supracitado.
Vamos começar?
AtençãoAtenção
Quando a escola baseia o ensino na reprodução
de procedimentos e no acúmulo de informações,
ela faz a pior escolha metodológica, pois está as-
sentada em contextos pouco significativos e de
forma artificial.
É fundamental não subestimar a capacidade dos
alunos, reconhecendo que podem resolver pro-
blemas lançando mão de seus conhecimentos e
buscando estabelecer relações entre o já conhe-
cido e o novo, construindo estratégias inteligen-
tes para resolvê-los.
A vivência cotidiana faz com que os alunos
desenvolvam, pela observação, uma infinidade
de conhecimentos matemáticos, pois eles reco-
nhecem problemas vivendo, buscam e selecio-
nam informações, tomam decisões e, assim, de-
senvolvem uma ampla capacidade para lidar com
a atividade matemática.
É fundamental não subestimar a capacida-
de dos alunos, reconhecendo que podem resol-
ver problemas lançando mão de seus conheci-
mentos e buscando estabelecer relações entre o
já conhecido e o novo, construindo estratégias
inteligentes para resolvê-los.
A esse respeito, manifesta-se assim Lerner
(1995, p. 189):
Centrar o aprendizado da Matemática na
aquisição de mecanismos conduz não
somente a obstaculizar a utilização dos
esquemas conceituais que as crianças
constroem, como também, a desvirtuar o
conhecimento matemático em si.
Maria da Graça Fernandes Branco
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
14
3.2 O Professor e o Saber Matemático
O conhecimento da história dos conceitos
matemáticos permite ao professor mostrar aos
alunos que a Matemática é uma ciência dinâmi-
ca, que não trata de verdades eternas e imutáveis.
Outro aspecto relevante quanto a esse conheci-
mento por parte do professor é entender melhor
alguns aspectos da aprendizagem dos alunos e
suas dificuldades – o conhecimento matemático
formalizado precisa necessariamente ser transfor-
mado para se tornar acessível e passível de ensi-
no-aprendizagem. Reflita sobre isso!
O objeto de ensino não é cópia fiel do ob-
jeto da ciência – ideia muito difundida na escola.
Isso significa dizer que os pensamentos teóricos
dos matemáticos não são passíveis de comunica-
ção direta aos alunos – eles precisam passar por
Caro(a) aluno(a), se você desejar explorar um
pouco mais sobre a História da Matemática e
outros temas envolvendo teoria e prática de en-
sino, sugiro que tenha como manual de consul-
ta o seguinte referencial bibliográfico:
TOLEDO, M. B. A. Teoria e prática de matemáti-
ca: como dois e dois. São Paulo: FTD, 2009.
MultimídiaMultimídia
um processo de transformação de saber científico
em saber escolar. Nesse processo, é preciso haver
aproximações sucessivas, provisórias e necessá-
rias – isso é o que podemos chamar de contextu-
alização do saber.
3.3 As Relações Professor-Aluno/Aluno-Aluno
Se pensarmos em uma aula de Matemática
tradicional das escolas em que estudamos, vamos
lembrar a seguinte sequência: (1) apresentação
oral do conteúdo apoiada em definições e exem-
plos, (2) demonstração de propriedades no qua-
dro, seguida de exercícios de fixação e aplicação.
Essa prática, lembram os PCNs, mostrou-se inefi-
caz, pois indica que, ao reproduzir de forma corre-
ta o exercício, o aluno demonstra que aprendeu a
reproduzir, mas não aprendeu o conteúdo.
Isso posto, significa entender professor e
aluno com novos papéis, ficando o aluno como
agente da construção de seu conhecimento, pe-
las conexões que estabelece em um contexto de
resolução de problemas. Ao professor, cabe or-
ganizar essa aprendizagem, atuando como con-
sultor no processo. Não mais aquele que expõe
apenas o conteúdo, mas o que fornece as infor-
mações necessárias. Nessa função, oferece mate-
riais, textos, viabiliza trabalhos em grupo, incenti-
va debates e reflexões.
As interações entre alunos desempenham
papel fundamental na formação das capacidades
cognitivas e afetivas. Por esse motivo, é necessá-
rio que o aluno trabalhe em grupos.
Saiba maisSaiba mais
Trabalhar coletivamente supõe, por sua vez, uma
série de aprendizagens, como:
ƒƒ Perceber que, além de buscar solução
para uma situação proposta, é preciso
cooperar para resolvê-la e chegar a um
consenso;
ƒƒ Saber explicitar o próprio pensamento e
tentar compreender o pensamento do
outro;
ƒƒ Discutir ideias e dúvidas, persistindo na
tentativa de construir suas próprias ideias;
ƒƒ Incorporar soluções alternativas, reestru-
turar e ampliar a compreensão acerca
dos conceitos envolvidos nas situações.
Metodologia e Prática do Ensino da Matemática
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15
Essas aprendizagens somente serão possí-
veis se o professor organizar um ambiente de tra-
balho que estimule o aluno a criar, comparar, dis-
cutir, rever, argumentar, perguntar, ampliar ideias,
ou seja, raciocinar.
O que significa raciocinar?
Raciocínio diz respeito ao fato de as crianças
conseguirem chegar a conclusões a partir de um
certo conjunto de fatos ou circunstâncias e expli-
ca os eventos, os métodos e as técnicas usados
para compilar e comunicar informações (MAcDO-
NALD, 2009).
CuriosidadeCuriosidade
3.4 E na Sala de Aula?
Caro(a) aluno(a), para abordarmos as esco-
lhas, os caminhos metodológicos, vamos partir
do que diz Lerner (1995, p. 190):
Devolvamos à Matemática seu direito
de apresentar-se – também na escola –
como uma ciência em permanente evo-
lução. Devolvamos às crianças seu direito
de pensar, também quando se trata da
Matemática. Devolvamos à escola o di-
reito de ser um espaço de produção de
conhecimento.
A produção de conhecimento na área da
Matemática, nas séries iniciais, deve partir, confor-
me afirmamos até agora, da possibilidade de os
alunos refletirem sobre o que sabem e o que pre-
cisam saber. Os PCNs sugerem alguns caminhos
para que o professor construa conhecimento pe-
dagógico e elabore suas práticas. Vamos a eles?
A Resolução de Problemas
Partir da resolução de problemas significa
defender que:
a)	 o ponto de partida não é a definição,
mas o problema;
b)	 o problema não é um exercício que o
aluno aplica;
c)	 as aproximações sucessivas ao conceito
são construídas para resolver um pro-
blema; em um outro momento, o alu-
no utiliza o que aprendeu para resolver
outros, transferindo, retificando, em um
processo análogo ao que ocorreu na
História da Matemática;
d)	 o aluno não constrói um conceito em
resposta a um problema, mas constrói
um campo de conceitos que tomam
sentido em um campo de problemas;
e)	 a resolução de problemas é o contexto
para a aprendizagem de conceitos, pro-
cedimentos e atitudes.
Isso significa colocar o aluno diante de
uma situação-problema cuja abordagem o leve a
construir o seu conhecimento. Reflita sobre isso:
é desejável que a situação desencadeadora seja
suficientemente rica e aberta de maneira que o
próprio grupo-classe possa levantar inúmeros
problemas cujas resoluções permitam abordar,
num sentido amplo, os conteúdos que se deseja
estudar.
As discussões envolvendo todos os alunos
da classe, que se originam da apresentação dos
diversos procedimentos que foram utilizados na
resolução dos problemas, são coordenadas pelo
professor e direcionadas para:
Maria da Graça Fernandes Branco
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
16
ƒƒ sistematizar os aspectos do conceito le-
vantados durante as atividades;
ƒƒ construir uma linguagem matemática a
partir dos registros que os alunos fize-
ram de suas conclusões;
ƒƒ registrar as relações percebidas pelos
alunos, utilizando a linguagem cons-
truída naquele grupo/classe, naquele
momento.
Saiba maisSaiba mais
As aulas devem ser preparadas de maneira
que os alunos tenham oportunidade de:
ƒƒ manipular material didático o mais
diversificado possível, para que
possam reformular alguns conheci-
mentos matemáticos;
ƒƒ construir seu conhecimento a par-
tir de situações problematizadas a
fim de que possam reelaborar as
próprias experiências relativas ao
assunto estudado;
ƒƒ construir uma linguagem a partir da
necessidade de comunicação das
conclusões sobre as situações pro-
blematizadas, conclusões essas que
serão sintetizadas em discussões
gerais com toda a classe;
ƒƒ abordar diversos aspectos dos itens
do conteúdo, de maneira que se
possa construir a linguagem mais
universal possível para esse nível de
ensino;
ƒƒ confeccionar alguns jogos estru-
turados que sejam o início de um
laboratório de Matemática do pro-
fessor;
ƒƒ explicitar, a cada momento de sínte-
se, não só o conteúdo matemático
que se está estudando, mas tam-
bém os princípios metodológicos
subjacentes ao trabalho.
A História da Matemática como Recurso
A História é um valioso instrumento para o
ensino/aprendizado da própria Matemática. Ao
mostrar a Matemática como fruto do esforço hu-
mano, vinculando-a a necessidades e preocupa-
çõesdediferentesculturasemdiferentesmomen-
tos históricos, o professor tem a oportunidade de
desenvolver atitudes e valores mais favoráveis do
aluno diante do conhecimento matemático.
Outro aspecto importante é que essa abor-
dagem permite veicular informação cultural, so-
ciológica e antropológica de grande valor forma-
tivo. Em algumas situações, o recurso à História
da Matemática pode esclarecer ideias que estão
sendo construídas pelos alunos, contribuindo
para desenvolver um olhar mais crítico diante do
objeto de conhecimento.
As Tecnologias da Informação
A escola tem, hoje, mais um desafio: como
incorporar ao seu trabalho, apoiado na oralidade
e na escrita, novas formas de comunicar e conhe-
cer?
Computadores, calculadoras e outros ins-
trumentos tecnológicos fazem, cada vez mais,
parte da realidade de um número grande de pes-
soas. A escola também deve se responsabilizar
por levar o aluno à familiarização e à exploração
desses recursos tecnológicos, tão presentes na
sociedade moderna. A calculadora deve ou não
estar presente nas salas de aula?
AtençãoAtenção
Vejamos as seguintes indagações: (a) Como sur-
giram os números? (b) Como foram as primeiras
formas de contagem? (c) Como os números fo-
ram criados, ou será que eles sempre existiram?
Questões como essas podem levar os alunos a
uma interessante reflexão sobre conhecimentos
fundamentais dessa disciplina.
Metodologia e Prática do Ensino da Matemática
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17
AtençãoAtenção
Vejamos o que dizem os Parâmetros Curriculares
Nacionais de Matemática (BRASIL, 1997, p. 46) so-
bre isso: “Estudos e experiências evidenciam que
a calculadora é um instrumento que pode con-
tribuir para a melhoria do ensino da Matemática.
A justificativa para essa visão é o fato de que ela
pode ser usada como um instrumento motivador
na realização de tarefas exploratórias e de inves-
tigação.”
Diferentemente do que muitos pensam,
as atividades com calculadora no ensino de cál-
culo podem contribuir de maneira significativa
para o desenvolvimento da capacidade cognitiva
dos alunos e para suas estratégias na resolução
de problemas aritméticos. A crença de que essa
ferramenta de cálculo inibe o raciocínio e abala o
ensino dos algoritmos vem sendo refutada, uma
vez que estudos realizados por pesquisadores e
especialistas em processos de aprendizagem da
Matemática indicam que os alunos, quando li-
bertos da parte enfadonha e “braçal” do cálculo,
ativam outras habilidades, permanecendo aten-
tos às relações entre os elementos envolvidos na
resolução de problemas.
Saiba maisSaiba mais
Antes de entrar nas salas de aula, a calculadora deve
fazer parte de um planejamento de curso, com ob-
jetivos claramente delineados, possibilitando o
encaminhamento de atividades que contribuirão
para o desenvolvimento da capacidade cognitiva
dos alunos em realizar cálculos e resolver situações-
-problema. Dessa forma, os educadores poderão
contar com um valioso recurso didático nas aulas
de Matemática.
Nessa perspectiva de ensino, o professor exerce um
papel de fundamental valor, uma vez que lhe cabe
planejar atividades que atendam a esse fim e co-
ordenar e conduzir a aula no sentido de promover
uma aprendizagem significativa.
Os Jogos
Caro(a) aluno(a), o jogo é uma atividade na-
tural no desenvolvimento dos processos básicos;
demanda exigências, normas e controle, mas se
baseia em um fazer sem obrigação externa e im-
posta. Por meio dos jogos, as crianças não apenas
vivenciam situações que se repetem, mas apren-
dem a lidar com símbolos e a pensar por analogia
(jogos simbólicos): os significados das coisas pas-
sam a ser imaginados por elas. Ao criarem essas
analogias, tornam-se produtoras de linguagens,
criadoras de convenções, capacitando-se para se
submeterem às regras e dar explicações. As crian-
ças aprendem a lidar com situações mais com-
plexas – participando de jogos com regras – e
passam a compreender que as regras podem ser
combinações arbitrárias acertadas entre os joga-
dores.
AtençãoAtenção
Os jogos estão em correspondência direta com o
pensamento matemático. Em ambos, temos re-
gras, instruções, operações, definições, deduções,
desenvolvimento, utilização de normas e novos
conhecimentos (resultados).
Pense nisso: um aspecto relevante nos jogos é o
desafio genuíno e prazeroso que eles provocam
no aluno. Por isso, é fundamental que o jogo faça
parte do universo escolar, cabendo ao professor
avaliar a potencialidade educativa de cada pro-
posta.
Maria da Graça Fernandes Branco
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18
Prezado(a) aluno(a), foram discutidos, neste capítulo, fenômenos relacionados ao ensino e à apren-
dizagem da Matemática. Como apontado pelos PCNs de Matemática, o estudo pressupõe a análise das
variáveis envolvidas nesse processo, ou seja, aluno, professor e saber matemático e suas relações. Outro
aspecto relevante é entender melhor algumas peculiaridades no processo de ensino e aprendizagem
dos alunos e suas dificuldades, pois o objeto de ensino não é cópia fiel do objeto da ciência.
A interação entre alunos também desempenha papel fundamental na formação das capacidades
cognitivas e afetivas. Por esse motivo, é necessário que o aluno trabalhe em grupos. Isso significa dizer
que o pensamento teórico matemático precisa passar por um processo de transformação de saber cien-
tífico em saber escolar, ou seja, um processo de contextualização do saber.
3.5 Resumo do Capítulo
3.6 Atividades Propostas
1.	 Qual a justificativa para o uso da calculadora em sala de aula?
2.	 De acordo com os PCNs, que tipos de atividades não podem faltar em sala de aula?
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19
OS CONTEÚDOS4
Querido(a) aluno(a), você já pensou como
deve ser concebido o conteúdo de Matemática
para o bloco de conteúdos Números e Opera-
ções?
Pois bem, para as séries iniciais, o processo
de seleção de conteúdos relativos a Números e
Operações deverá levar em conta que o ensino
de Matemática visa ao desenvolvimento do pen-
samento numérico, por meio da exploração de
situações de aprendizagem que levem o aluno
a construir significados para os números – Na-
turais e Racionais – a partir de sua utilização no
contexto social e a resolver situações-problema,
construindo significados para as operações. Ou-
tro objetivo referente a esse bloco é levar o aluno
a selecionar e utilizar procedimentos de cálculo
(exato ou aproximado, mental ou escrito) em fun-
ção da situação-problema proposta.
Por essas razões, uma das finalidades atu-
ais do ensino do cálculo consiste em fazer com
que os alunos desenvolvam e sistematizem pro-
cedimentos de cálculo por estimativa, de cálculo
mental e de estratégias de verificação e controle
de resultados.
AtençãoAtenção
O trabalho com todas essas modalidades de cál-
culo é importante, pois, hoje em dia, tão impor-
tante quanto aprender a fazer cálculo exato com
lápis e papel, é desenvolver a capacidade de fazer
estimativas e de calcular mentalmente, pois em
muitas das situações cotidianas basta uma apro-
ximação. Além disso, existem, ainda, as balanças
e as calculadoras que informam resultados com
precisão.
Quais os critérios para escolher os conteú-
dos desenvolvidos no bloco de conteúdos Espa-
ço e Forma?
Os objetivos que poderão nortear a escolha
dos conteúdos de Espaço e Forma – Geometria
para as séries iniciais são os seguintes:
ƒƒ Levar o aluno a estabelecer pontos de
referência para interpretar e represen-
tar a localização e movimentação de
pessoas ou objetos, utilizando termi-
nologia adequada para descrever posi-
ções;
ƒƒ Identificar características das figuras
geométricas, percebendo semelhan-
ças e diferenças entre elas, por meio de
composição e decomposição, simetrias,
ampliações e reduções.
Caro(a) aluno(a), você já pensou como deve
ser a seleção dos conteúdos do bloco Grandezas
e Medidas?
Em relação às Grandezas e Medidas, o pro-
fessor deverá considerar que é importante levar o
aluno a construir o significado de medida a partir
de situações-problema que expressem seu uso
no contexto social. Além disso, o aluno deverá
aprender a utilizar procedimentos e instrumentos
de medida usuais ou não, selecionando o mais
adequado em função da situação-problema e do
grau de precisão desejado e estabelecendo rela-
ções entre diferentes unidades de medida.
Para nós não existem ficções, pois calculamos, mas para
que possamos calcular
é preciso primeiramente partir de ficções.
Nietzche
Maria da Graça Fernandes Branco
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20
E como fica o bloco de conteúdos Trata-
mento da Informação?
Para a seleção dos conteúdos referentes ao
bloco Tratamento da Informação, deve-se levar
em conta que o aluno, ao final dos anos iniciais
do Ensino Fundamental, deverá ter a competên-
cia de recolher dados e informações, elaborar for-
mas para organizá-los e expressá-los, interpretar
dados apresentados sob a forma de tabelas e grá-
ficos e valorizar essa linguagem como modo de
comunicação.
Querido(a) aluno(a), a forma como os conteú-
dos da Matemática são divididos em blocos de-
pende das orientações de cada rede de ensino
e das normas vigentes no país; contudo, outras
divisões são muito interessantes, como a esta-
belecida pelos parâmetros do National Council
of Teachers of Mathematics (NCTM), um conse-
lho norte-americano que define nove blocos de
conteúdos. Caso você tenha a curiosidade de
saber mais a respeito, sugiro que consulte a re-
ferência bibliográfica:
MAcDONALD, S. Matemática em minutos: ati-
vidades fáceis de 4 a 8 anos. Porto Alegre: Art-
med, 2009. p. 213-214.
MultimídiaMultimídia
4.1 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), nesta parte, discutimos como deve ser a concebido o conteúdo de Matemática
para o bloco de conteúdos Números e Operações. Lembramos que, nas séries iniciais, a seleção de con-
teúdos deve levar em conta o pensamento numérico. Já os números Naturais e Racionais adquirem sig-
nificados operacionais com a utilização do contexto social e a resolução de situações-problema
Como vimos, para o ensino de cálculo, procuramos desenvolver e sistematizar procedimentos de
cálculo por estimativa, de cálculo mental e de estratégias de verificação e controle de resultados. Já no
bloco de Espaço e Forma, os objetivos que norteiam as séries iniciais buscam estabelecer pontos de re-
ferência para interpretar e representar a localização e movimentação de pessoas ou objetos, procuram
identificar características das figuras geométricas. Também discutimos o bloco de Grandezas e Medidas,
bem como o bloco de conteúdos Tratamento da Informação, que busca recolher dados e informações,
elaborar formas para organizá-los e interpretá-los.
4.2 Atividades Propostas
1.	 Quais os blocos de conteúdos da matemática que devem ser levados em conta na hora de
formular um plano de ensino para alunos das séries iniciais?
2.	 Quais tipos de procedimento de cálculo devem ser trabalhados com os alunos das séries ini-
ciais?
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21
OUTRAS QUESTÕES METODOLÓGICAS5
Você já havia pensado sobre os princípios
que norteiam o ensino em matemática? Veja, a
seguir, como eles se configuram:
a)	 AMatemáticadeveserapropriadapor
todos. O saber matemático não pode
continuar sendo privilégio de poucos
alunos, tidos como mais inteligentes.
b)	 O fazer educativo: um processo contí-
nuo de ação-reflexão-ação. O proces-
so ensino-aprendizagem não pode ofe-
recer“receitas infalíveis”. A interação do
grupo classe deve assumir a condição
de uma investigação, na qual, a cada re-
flexão sobre a ação realizada, buscam-
-se parâmetros para a reformulação
das ações. Nesse grupo que interage,
incluímos o professor em seu papel in-
tencional de ensinar: propondo a situa-
ção-problema, favorecendo a discussão
das soluções encontradas pelos alunos,
sistematizando as conclusões expressas
pela classe e relacionando a linguagem
emergente do grupo com a linguagem
convencional da Matemática.
AtençãoAtenção
Alguns aspectos do conhecimento matemático
indicam princípios metodológicos que norteiam
o ensino de Matemática. Esses princípios têm
por fundamento a aquisição de conhecimento
por meio de um processo social de construção,
processo esse que, por sua natureza, é dialetica-
mente dinâmico.
c)	 Matemática e conhecimento matemá-
tico não são lineares. O conhecimen-
to matemático não se dá em blocos
estanques, nem com a ordem lógica
em que aparece nos textos. O tempo
previsto para o estudo de um determi-
nado assunto é centralizado em um in-
tervalo no qual se espera esgotar todas
as nuances que o texto contém. Nessa
perspectiva, não há necessidade de“en-
cerrar”a adição para que se inicie a sub-
tração; ambas podem ser trabalhadas
simultaneamente.
d)	 As experiências informais de quantifi-
cação extraclasse. Como o aluno inter-
preta uma determinada proposição e
os seus termos e como ele resolve um
problema depende, em grande parte,
da experiência que tem a esse respei-
to. Situações de aprendizagem devem
constituir-se em oportunidades para
reelaborar essas experiências, integran-
do novos significados em novas sínte-
ses provisórias. 	
e)	 O processo de construção da lingua-
gem é longo, lento e social. O processo
de construção da linguagem matemáti-
ca não pode ser reduzido a uma ativida-
de individual; é uma atividade de comu-
nicação criança-adulto, adulto-criança,
como também é, sobretudo, criança-
-criança. Assim, ressaltamos a impor-
tância de o aluno comentar a respeito
da atividade que realiza, registrando as
transformações ocorridas, descrever as
relações apreendidas, os procedimen-
tos adotados e suas justificativas.
Maria da Graça Fernandes Branco
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f)	 Rigormatemático:efeitodaatividade,
e não sua condição prévia. O acesso ao
significado das proposições matemáti-
cas constrói-se a partir de uma lingua-
gem intermediária em um trabalho em
que é importante articular significa-
ções, ligar etapas do raciocínio. O rigor
deve surgir como exigência de comu-
nicação e deve ser redimensionado a
cada atividade, a cada grupo de alunos
que compõe uma classe.
g)	 Abordar os aspectos matemáticos de
um conteúdo. Qualquer material pode
ser bom para abordar aspectos dos
conceitos.
h)	 Reelaboração dos erros. É importante
que sejam consideradas não só as res-
postas dadas pelos alunos a um deter-
minado problema, como também as
regras que as produziram, pedindo-lhes
explicações verbais ou outras formas de
registro que tornem explícitas as repre-
sentações subjacentes. Essas explica-
ções adicionais revelam as possíveis ori-
gens do erro, fornecendo ao professor
um referencial importante a respeito de
quais pontos devem ser reelaborados
no encaminhar do processo de apren-
dizagem.
i)	 O aluno também deve avaliar. O pro-
fessor deixa de ser o centralizador da
avaliação, abrindo espaço para que o
aluno participe da avaliação da exati-
dão dos seus procedimentos, da valida-
de destes e das suas conclusões.
5.1 Resumo do Capítulo
Prezado(a) aluno(a), neste capítulo, apresentamos alguns princípios que norteiam o ensino em ma-
temática. Para tanto, vamos relembrá-los. A Matemática deve ser apropriada por todos, e é privilégio de
poucos alunos. O fazer educativo é um processo contínuo de ação-reflexão-ação. Matemática e conheci-
mento matemático não são lineares, não se dão em blocos estanques. As experiências informais de quan-
tificação extraclasse devem constituir-se integrando novos significados em novas sínteses provisórias.
O processo de construção da linguagem é longo, lento e social, não pode ser reduzido a uma atividade
individual; é uma atividade de comunicação. O rigor matemático deve surgir como exigência de comu-
nicação e deve ser redimensionado a cada atividade, a cada grupo de alunos que compõe uma classe.
Devem-se abordar os aspectos matemáticos de um conteúdo. Por fim, o aluno também deve avaliar; as-
sim, o professor deixa de ser o centralizador da avaliação, abrindo espaço para que o aluno participe dela.
5.2 Atividades Propostas
1.	 Os conteúdos matemáticos devem ser ensinados em uma lógica linear?
2.	 Como deve ser o processo de avaliação do ensino da matemática?
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23
SONDAGEM MATEMÁTICA6
Caro(a) aluno(a), pense nisso: Para decidir
qual é a melhor situação didática a propor, o que
explorar, o professor precisa fazer sondagens com
os alunos para verificar:
ƒƒ os conhecimentos que eles têm sobre o
sistema de numeração;
ƒƒ quais estruturas e que problemas eles
costumam utilizar;
ƒƒ quais recursos utilizam em geral para
representar os cálculos que fazem.
Para fazer a sondagem sobre a escrita dos
números, a principal estratégia é fazer um ditado,
em intervalos de três meses, aproximadamente.
Esse ditado deve ser individual. Para poder usar
esses resultados a favor da aprendizagem dos
alunos, o professor precisa registrá-los de forma
sistematizada em uma pauta de observação e ela-
borar gráficos sobre o conhecimento dos alunos,
acompanhando o progresso ao longo do ano.
Saiba maisSaiba mais
Ao realizar uma sondagem de números, é impor-
tante que se faça com um grupo pequeno de
crianças (no máximo seis crianças), para observar:
ƒƒ a direção da escrita;
ƒƒ com qual número começa a escrever –
do último número ditado;
ƒƒ se o aluno utiliza números coringas
para as escritas desconhecidas;
ƒƒ e anotar algumas falas interessantes
das crianças;
ƒƒ 200 – 40 – 3000 – verificar se eles domi-
nam os nós;
ƒƒ 2.029 – 307 – verificar como compre-
endem a ausência de uma unidade de
ordem;
ƒƒ 63 – 1.238 – 583 para verificar se os alu-
nos se apoiam na numeração falada,
uma vez que eles estão nos intervalos
dos nós.
Tabela 1 – Pauta de observação sobre a escrita de números.
Nome
do
aluno
Conhece a
escrita conven-
cional de nú-
meros exatos,
como: deze-
nas, centenas e
milhares.
Usa os nomes dos
dígitos para escrever
números. Ex:
Trinta e cinco: usa o 3
como referência para
trinta, pois trinta se
parece com três.
Apoia-se na fala
para escrever. Ex:
para 18 escreve
108, ou para 905
escreve 9.005.
Escreve os números
convencionalmente
até...
Observações
(anotar falas)
Fonte: Wolman et al. (2006).
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24
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, refletimos sobre situações didáticas e sobre qual a melhor para
abordar e explorar determinados conteúdos. Para tanto, é necessário que o professor faça uma sonda-
gem a fim de verificar conhecimentos prévios dos alunos e quais recursos utilizam em geral para repre-
sentar os cálculos que fazem. Em uma sondagem qualitativa, buscamos recursos didáticos como repre-
sentação da escrita numérica com espaço de tempo de três meses.
Querido(a) aluno(a), uma das leituras essenciais para o aprofundamento da questão das hipóteses da escrita dos
números elaboradas pelas crianças é:
BRIZUELA, B. M. Desenvolvimento matemático na criança: explorando notações. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MultimídiaMultimídia
6.1 Resumo do Capítulo
6.2 Atividades Propostas
1.	 Qual a finalidade da sondagem de números?
2.	 Qual o número máximo de alunos que deve participar simultaneamente da sondagem de
números?
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25
O SISTEMA DE NUMERAÇÃO7
Você sabia que a numeração escrita não
existe só dentro da escola, mas também fora
dela? As crianças têm oportunidade de elaborar
conhecimentos sobre esse sistema de numeração
muito antes de entrarem na primeira série.
O sistema de numeração apresenta-se para
reflexão da criança de inúmeras formas: quando
ela lê um livro de literatura infantil e observa a pa-
ginação, quando procura uma data no calendário
ou testemunha um adulto fazê-lo, quando perce-
be que sua casa tem uma numeração. Patrícia Sa-
dovsky e Delia Lerner (2001, p. 75) realizaram um
amplo estudo com o objetivo de
descobrir quais os aspectos do sistema de
numeração que as crianças consideram
relevantes ou de seu interesse, quais as
idéias que elaboram acerca dos números,
quais os problemas que formulam, quais
as soluções que constroem, quais os con-
flitos que podem gerar-se entre suas pró-
prias conceitualizações ou entre estas e
determinadas características do objeto
que estão tentand’o compreender.
Figura 1 – Exemplo de escrita numérica.
Maria da Graça Fernandes Branco
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26
O estudo apoiou-se em algumas questões
importantes, como observar o que as crianças po-
deriam aprender ao observar situações nas quais
os usuários do sistema de escrita que as rodeiam
escrevem e comparam números. A partir desse
estudo, escreveram a história dos conhecimentos
que as crianças elaboram a respeito da numera-
ção escrita e que conclusões as crianças tiram de
seu contato com numeração escrita.
7.1 História dos Conhecimentos que as Crianças Elaboram a Respeito da
Numeração Escrita
As crianças elaboram hipóteses sobre a es-
crita dos números. A primeira delas é a da quanti-
dade de algarismos e magnitude do número.
1ª Hipótese: Quanto maior a quantidade
de algarismos de um número, maior é o número.
Exemplos:
23 e 5
12 e 6 (12 é maior porque tem mais núme-
ros atrás dele)
Esse critério é elaborado a partir da intera-
ção com a numeração escrita e de maneira rela-
tivamente independente da manipulação da se-
quência dos nomes dos números. A partir dela, as
crianças podem comparar qualquer par de núme-
ros cuja quantidade de algarismos seja diferente.
Nesse processo, as crianças enfrentam alguns
conflitos. Ao se depararem com os números 112 e
89, perguntam-se: como um número que possui
os algarismos 1, 1 e 2 pode ser maior do que um
número que possui os algarismos 8 e 9? Ou, ain-
da, como se pode explicar que 1.110 seja maior
do que 999? A elaboração desse critério de com-
paração pela criança constitui-se um passo rele-
vante para a compreensão da numeração escrita.
2ª Hipótese: A posição dos algarismos
como critério de comparação: o primeiro é quem
manda. A posição dos algarismos cumpre uma
função relevante em nosso sistema de numera-
ção.
Exemplos:
21 e 12 (21 é maior porque o 2 vem primeiro
e o 1 vem depois, e no 12 o 1 vem primeiro e o 2
depois)
As crianças descobrem que o valor que
um algarismo representa, apesar de ser sempre
o mesmo, depende do lugar em que está locali-
zado com respeito aos outros que constituem o
número. Descobrem, ainda, que, se comparam
dois números de igual quantidade de algarismos,
será necessariamente maior aquele cujo primeiro
algarismo seja maior, pois para elas “o primeiro é
quem manda”. Se o primeiro algarismo das duas
quantidades é o mesmo, apelam para o segundo
para decidir qual é o maior.
A partir dessas hipóteses, as crianças po-
derão formular perguntas, e o professor poderá
enunciar questões que as conduzirão, por meio
de aproximações sucessivas, a descobrir as regras
do sistema; ou seja, que, quando comparam 12 e
22, o 22 é maior porque o 2 representa 20 (agru-
pamento usando o recurso da base 10).
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27
7.2 Alguns Números Especiais: o Papel de“Nós”
AtençãoAtenção
A apropriação da escrita convencional não se-
gue a ordem da sequência numérica. Primeiro as
crianças manipulam a escrita dos nós: dezenas,
centenas, unidades de mil, exatas, e só depois é
que elaboram a escrita dos números que estão
entre os intervalos dos nós.
Alguns exemplos de escrita usando esse recurso:
Para mil e quinhentos: 1000500
Dois mil: 200
Quinhentos: 005
7.3 O Papel da Numeração Falada
As crianças elaboram a conceitualização da
escrita numérica baseando-se:
ƒƒ nas informações que extraem da nume-
ração falada;
ƒƒ no conhecimento que têm a partir da
escrita convencional dos nós.
Para produzir os números cuja escrita con-
vencional ainda não adquiriram, elas misturam
símbolos que conhecem, trabalhando com a hi-
pótese de que a escrita numérica é o resultado de
uma correspondência com a numeração falada,
conduzindo-as a produzir notações não conven-
cionais. Por que você acha que isso acontece?
Porque a diferença da numeração escrita da nu-
meração falada está em que esta última não é po-
sicional.
AtençãoAtenção
Para as crianças, não é fácil descobrir o que está
oculto na numeração falada e na numeração es-
crita, aceitar que uma coisa não coincide sempre
com a outra e descobrir que os princípios que
regem a numeração escrita não são diretamente
transferíveis à numeração falada.
Exemplos: algumas representações de
1.536:
1000 500 30 6 ou 1000 500 36 ou 1000 536
Maria da Graça Fernandes Branco
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28
Caro(a) aluno(a), as escritas que correspon-
dem à numeração falada entram em contradição
com as hipóteses vinculadas à quantidade de
algarismos das escritas numéricas. As crianças
perguntam-se como fazer para diminuir a quan-
tidade de algarismos de sua escrita, como fazer
para reduzi-la à mesma quantidade de algarismos
que correspondem aos“nós”entre os quais estão
compreendidos os números que desejam repre-
sentar. Como 2000 300 40 1 (2.341) pode ter mais
algarismos que 3.000 se ele é um número menor?
Para entender melhor esse processo, vamos
acompanhar um fragmento de uma das entrevis-
tas realizadas por Sadovsky e Lerner (2001, 104-
105):
Fragmento de Entrevista
P: Que é mais, dois mil trezentos e cinquen-
ta australes ou três mil?
Nádia: Três mil!
P: Como você escreveria três mil?
Nádia: (escreve 3000)
P: E dois mil trezentos e cinquenta?
7.4 Do Conflito à Notação Convencional
Nádia: (escreve 200030050).
P: Por que este que é menor tem tantos nú-
meros?
Nádia: Como é menor? Não sei (fica muito
preocupada, pensa um longo tempo).
P: Tem algum problema?
Nádia: Sim. Que não entendo nada.
P: Para mim parece que entendes um mon-
te.
Nádia: (Ri)... Mas isto é muito esquisito...
Porque olha: (mostrando sua escrita anterior)
200030050 (falando dois mil, trezentos e cinquen-
ta).
P: Se escreve assim?
Nádia: Eu acho que não (ri). Porque não
tenho outra maneira de escrevê-lo... Por agora o
escrevo assim.
P: E como tu achas que se deveria escrever?
Com mais ou menos números?
Nádia: Com menos.
7.5 Números Coringas
Você sabia que quando as crianças ainda
não conhecem parte do número, utilizam alguns
algarismos (0, 1) como coringa para representá-
-los?
Exemplos:
36 – 06
25 – 05
57 – 17
93 – 13
As crianças não precisam conhecer deze-
nas, centenas e unidades para produzir e inter-
pretar escritas numéricas. Saber tudo acerca dos
números não é requisito para usá-los em contex-
tos significativos.
A notação numérica aparece diante das
crianças como um dado da realidade: é necessá-
rio entender o mais cedo possível como funciona,
para que serve e em que contextos se usa. Ave-
riguar por que chegou a ser como é não é tão
urgente para elas, talvez porque compreendê-la
não seja um ponto de partida, mas possa cons-
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29
tituir-se como um ponto de chegada que se faz
possível depois de um longo e complexo percur-
so que trata de buscar regularidades no sistema a
partir do uso e da reflexão sobre o uso. A análise
das regularidades da numeração escrita é uma
fonteinsubstituíveldeprogressonacompreensão
das leis do sistema de numeração. Para isso, não
é necessário trabalhar com a numeração sequen-
cial. As crianças devem trabalhar desde o começo
com diferentes intervalos da sequência numérica.
Saiba maisSaiba mais
Trabalhar com números inseridos no uso social que
se faz deles é fundamental: preços, idades, datas,
medidas. Algumas situações de produção e inter-
pretação de números envolvendo um projeto de
supermercado: (a) formar listas de preços em uma
atividade de compra e venda; (b) fazer notas fiscais
de mercadorias; (c) fazer levantamentos de merca-
dorias disponíveis; (d) dar o troco.
Há, ainda, outras situações que podem ser
trabalhadas de maneira isolada que se centram
na produção e interpretação de números: jogo
da loteria, análise da numeração de ruas, escre-
ver com números difíceis ou anotar ditados feitos
pelo professor ou por um colega.
7.6 Resumo do Capítulo
Prezado(a) aluno(a), lembramos que o sistema de numeração se apresenta para a criança de inú-
meras formas, como na página de um livro, no calendário, no número da casa etc. Segundo Sadovsky e
Lerner (2001), é importante descobrir quais os aspectos do sistema de numeração que as crianças con-
sideram relevantes ou de seu interesse. Apresentamos as hipóteses que as crianças criam sobre a escrita
dos números: a primeira, de que quanto maior a quantidade de algarismos de um número, maior é o
número; e a segunda, que trata da posição dos algarismos como critério de comparação.
Falamos, ainda, sobre Conflito à Notação Convencional. Nessa parte, vimos como a escrita que cor-
responde à numeração falada entra em contradição com as hipóteses vinculadas à quantidade de alga-
rismos das escritas numéricas. Finalizamos com Números Coringas, que levanta a discussão a respeito de
que saber tudo acerca dos números não é requisito para usá-los em contextos significativos.
7.7 Atividades Propostas
1.	 Qual o tipo de apoio que uma criança tem quando escreve o número 2.347 da seguinte ma-
neira: 2000300407?
2.	 O que são números coringas?
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A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS8
Pense nisso: O saber matemático não se
apresenta ao aluno como um conjunto de concei-
tos inter-relacionados, que lhe permite resolver
um conjunto de problemas, mas como um inter-
minável discurso simbólico, abstrato e incompre-
ensível. O aluno não “aprende matemática” ape-
nas por reprodução/imitação.
Convém explicitar, aqui, diferenças entre os
significados de Problema e de Exercício. Uma de-
finição, já clássica, de“problema”identifica-o com
uma situação que um indivíduo, ou um grupo,
quer ou precisa resolver e para a qual não dispõe
de um caminho rápido e direto que o leve à solu-
ção. Um problema diferencia-se de um exercício
na medida em que, neste último caso, dispomos
de mecanismos que nos levam, de forma imedia-
ta, à solução. A realização de exercícios baseia-se
no uso de habilidades ou técnicas transformadas
em rotinas automatizadas como consequência de
uma prática contínua.
Uma mesma situação pode representar um
problema para uma pessoa, enquanto para outra
esse problema não existe, seja porque não se in-
teressa pela situação, seja porque ela já conhece
o caminho da resolução ou, ainda, porque dispõe
de mecanismos para resolvê-la com um inves-
timento mínimo de recursos cognitivos. Nesses
AtençãoAtenção
Um problema não é um mero exercício em que
se aplica, de forma mecânica, uma fórmula ou
um processo operatório, mas uma situação que
demanda realização de uma sequência de ações
ou operações, não conhecidas a priori, para obter
um resultado.
últimos casos, o suposto problema torna-se um
mero exercício.
É importante reiterar que o aspecto lúdico
devepermear,tantoquantopossível,asatividades
a serem desenvolvidas. Nesse sentido, os jogos
podem exercer um papel importante no processo
de ensino e de aprendizagem de atitudes e
procedimentos matemáticos se forem propostos
em um contexto de Resolução de Problemas.
Essa opção pela Resolução de Problemas
revela a convicção de que o conhecimento mate-
mático ganha significado quando os alunos têm
situações desafiadoras para resolver e trabalham
para desenvolver estratégias de resolução.
Caro(a) aluno(a), pense nisso: para a grande
maioria dos estudantes, resolver um problema
significa apenas fazer cálculos com os números
do enunciado ou aplicar algo que aprenderam
nas aulas, sem necessariamente se apropriar da
situação ou buscar compreender e validar os re-
sultados. Essa visão certamente decorre da vivên-
Saiba maisSaiba mais
Os PCNs fazem algumas considerações no sentido
de que os jogos podem se constituir uma forma
interessante de propor problemas, pois permitem
que estes sejam apresentados de modo atrativo
e favorecem a criatividade na elaboração de es-
tratégias de resolução e busca de soluções. Nessa
perspectiva, propiciam a simulação de situações-
-problema que exigem soluções vivas e imediatas,
o que estimula o planejamento das ações; possibi-
litam a construção de uma atitude positiva perante
os erros, uma vez que as situações se sucedem rapi-
damente e podem ser corrigidas de forma natural,
no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas.
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32
cia desses alunos, pois é fato reconhecido que a
prática mais tradicional nas aulas de Matemática
é“ensinar”um assunto, resolver alguns exercícios
ou problemas-modelo e depois apresentar outros
exercícios ou problemas para os alunos aplicarem
o que lhes foi“ensinado”.
Os problemas de soma, em termos gerais,
não apresentam nenhuma dificuldade para as
crianças. Ao propor problemas aos alunos e ao
avaliarsuaresolução,devemoslevaremcontaqual
é o grau de complexidade das noções e relações
que estão implicadas no enunciado, assim como
devemos favorecer a discussão entre as crianças
sobre tais noções. De maneira geral, todas as
crianças são capazes de elaborar estratégias
adequadas para resolver os diversos problemas
que lhes são formulados. O que acontece é que
muitas delas renunciam à capacidade de pensar
e optam por usar certas chaves linguísticas ou
numéricas que aparecem seguidamente nos
“problemas-padrão”apresentados na escola.
Figura 2 – Problemas – exemplos de procedimentos.
Fonte: Cadernos da TV Escola.
contínua em contas descontextualizadas não é o
meio mais adequado para garantir que as crian-
ças possam julgar a correção dos resultados. Os
alunos mostram-se surpresos quando são solici-
tados a inventar enunciados de problemas – colo-
cando em debate a ausência dessa estratégia nas
escolas.
Resolver situações-problema diversifica-
das, elaborar estratégias e compará-las com as de
outros, construir uma forma de representação e
discuti-las com os demais, confrontar interpreta-
ções sobre a notação convencional, antecipar e
julgar resultados, refletir a respeito das proprie-
dades das operações, formular enunciados… Só
assim será possível conseguir que as crianças se
apropriem do conhecimento matemático. Para
isso, precisamos reconhecer os alunos como seres
pensantes, na medida em que se reconheça a va-
lidade dos procedimentos construídos por eles e
de suas conclusões e em que aprendamos a valo-
rizar as possibilidades de cooperação intelectual
entre todos.
Os problemas que a vida cotidiana propõe
são inúmeros e variados. Por isso, é importante
formular, nas aulas, essa ampla gama de situa-
ções, evitando a apresentação de algumas situa-
ções específicas que parecem ter sido fabricadas
em série. Ao apresentarmos problemas mais ela-
borados, possibilitamos que as crianças concen-
trem-se na estrutura lógica e deixem de buscar in-
dícios artificiais que atrapalham o seu raciocínio.
Há uma questão relevante: não encontrar
a “conta” adequada para resolver um problema é
algo muito diferente de não poder resolver o pro-
blema. Pode acontecer de a criança encontrar um
excelente procedimento para resolvê-lo, porém
não encontrar a forma correta de representação
que corresponda a esse procedimento. Você já
havia pensado nisso?
A escola deve dar uma importância muito
maior do que a dada atualmente a dois aspec-
tos essenciais: à antecipação dos resultados das
operações e à reflexão sobre as propriedades das
operações. Parece evidente que a exercitação
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Neste capítulo, vimos que o saber matemático não se apresenta ao aluno como um conjunto de
conceitos inter-relacionados; o aluno não“aprende matemática”apenas por reprodução/imitação. Apre-
sentamos as diferenças entre os significados de Problema e de Exercício. Tratamos sobre a realização de
exercícios baseados em habilidades ou técnicas transformadas em rotinas automatizadas como conse-
quência de uma prática contínua. Lembramos também que o aspecto lúdico como elemento presente
nas atividades a serem desenvolvidas, como o jogo, também tem papel importante no processo de en-
sino e de aprendizagem. Ao apresentarmos problemas mais elaborados, possibilitamos que as crianças
se concentrem na estrutura lógica e deixem de buscar indícios artificiais que atrapalham o seu raciocínio.
Por fim, a escola deve dar uma importância muito maior do que a dada atualmente a dois aspectos es-
senciais: à antecipação dos resultados das operações e à reflexão sobre as propriedades das operações.
Saiba maisSaiba mais
É preciso partir de alguns pressupostos ao propor a
resolução de problemas (LERNER, 1995):
a)	 Encontrar uma estratégia adequada para
resolver um problema é algo muito dife-
rente de poder representá-lo por meio de
uma conta armada;
b)	 A introdução apressada da conta conven-
cional pode criar obstáculos para a elabo-
ração de uma estratégia adequada;
c)	 É necessário dar tempo às crianças para
repensar o problema, como também
oportunidade para autocorrigir seus er-
ros acidentais;
d)	 É imprescindível diferenciar a adequação
da estratégia ao problema formulado da
correção ou incorreção do resultado ob-
tido.
8.1 Resumo do Capítulo
8.2 Atividades Propostas
1.	 Quando um“problema”se torna um exercício?
2.	 Na Figura 2, qual estratégia foi utilizada pela criança para resolver a subtração envolvida?
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35
OPERANDO: A TEORIA DO CAMPO
CONCEITUAL19
1
Existe ainda a categoria “estados relativos”. Tal categoria não é indicada pelos PCNs para as séries iniciais por ser de maior
complexidade.
Você sabia que o psicólogo francês Gerard
Vergnaud valoriza os caminhos que o aluno per-
corre para solucionar um problema? Ele sugere
que diversas áreas do conhecimento sejam ensi-
nadas sob a perspectiva dos campos conceituais,
que nada mais são do que a apreensão progressi-
va de conceitos por meio de um conjunto variado
de problemas, conteúdos, situações, estruturas e
relações. Em Matemática, ele concebeu as estru-
turas aditivas e as multiplicativas.
Vergnaud divide o campo aditivo em qua-
tro classes. As características de cada uma delas
podem ser percebidas pela forma como é elabo-
rado o enunciado do problema. São elas:
ƒƒ Transformação – alteração do estado
inicial por meio de uma situação posi-
tiva ou negativa que interfere no resul-
tado final.
Exemplo de transformação positiva de
um estado inicial: A menina tinha 20
figurinhas e ganhou 15 em um jogo.
Quantas figurinhas ela tem agora?
(acrescentar)
Exemplos de transformação negativa de
um estado inicial:
Pedro tinha 37 bolinhas, mas perdeu 12.
Quantas bolinhas ele tem agora? (tirar)
ƒƒ Combinação de Medidas – junção de
conjuntos de quantidades preestabele-
cidas.
9.1 Campo Aditivo
Exemplos de combinação de medidas:
Em uma classe, há 15 meninos e 13
meninas. Quantas crianças há ao todo?
(juntar)
ƒƒ Comparação – confronto de duas
quantidades para achar a diferença.
Exemplos de comparação: Paulo tem 13
carrinhos, e Carlos tem 7 a mais. Quan-
tos carrinhos tem Carlos? (comparar)
ƒƒ Composição de Transformações – al-
terações sucessivas do estado inicial.
Exemplos de composição de transfor-
mações: No início do jogo, Flávio tinha
42 pontos. Ele ganhou 10 pontos e, em
seguida, mais 25. O que aconteceu com
seus pontos no fim? (acrescentar/acres-
centar). Uma variação nesse caso seria
Flávio perder e perder. Então, a sequên-
cia seria tirar/tirar, ou, ainda, ele poderia
ganhar uma rodada e perder outra, e,
então, as ações seriam acrescentar/tirar.
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36
No campo multiplicativo, são três as catego-
rias:
ƒƒ Proporcionalidade – indica regulari-
dade. A está para B na mesma medida
em que C está para D.
Exemplos:
1.	 Na festa de aniversário de Carolina,
cada criança ganhou 2 refrigeran-
tes. Ao todo, 8 crianças comparece-
ram à festa. Quantos refrigerantes
havia?
2.	 Maria tem 4 selos. João tem 3 vezes
mais do que ela. Quantos selos tem
João? (A x b = C	 A = C/B	
B = C/A).
ƒƒ Organização Retangular – análise
dimensional
9.2 Campo Multiplicativo
AtençãoAtenção
É importante que o professor use a teoria do
campo conceitual para melhor planejar as prá-
ticas de sala de aula. Ao apresentar problemas,
deve verificar se os significados envolvidos são
explorados. Assim, as crianças percebem que di-
ferentes situações podem ser resolvidas pelo uso
de uma mesma operação.
Exemplo: Um salão tem 5 fileiras com 4
cadeiras em cada uma. Quantas cadei-
ras há nesse salão?
ƒƒ Análise Combinatória – formação de
subconjuntos
Exemplo: Uma menina tem 2 saias e 3
blusas de cores diferentes. De quantas
maneiras ela pode se arrumar combi-
nando as saias e as blusas?
9.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, discutimos as áreas do conhecimento ensinadas sob a perspectiva
dos campos conceituais; apresentamos o conceito de campos conceituais como apreensão de conceitos
por meio de um conjunto variado de problemas, conteúdos, situações, estruturas e relações que trata das
estruturas aditivas e multiplicativas. No campo aditivo, Vergnaud divide em quatro classes com caracte-
rísticas que podem ser percebidas pela forma como é elaborado o enunciado do problema, como:Trans-
formação, Combinação de Medidas, Comparação e Composição de Transformações. No Campo Multipli-
cativo há três categorias: Proporcionalidade, que indica regularidade; Organização Retangular, que trata
da análise dimensional; e Análise Combinatória, que trata da formação de subconjuntos.
9.4 Atividades Propostas
1.	 De acordo com a teoria dos Campos Conceituais, quais são as classes apresentadas no campo
aditivo?
2.	 De acordo com a teoria dos Campos Conceituais, quais são as classes apresentadas no campo
multiplicativo?
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ESTRATÉGIAS DE CÁLCULO10
AtençãoAtenção
A resolução de problemas, muitas vezes, é enten-
dida como uma oportunidade de aplicar formas
de cálculo já aprendidas, como os algoritmos,
que são as contas armadas. O que acontecerá se
propusermos situações que envolvam a necessi-
dade de cálculos e deixarmos que os alunos bus-
quem suas formas próprias de resolução?
Caro(a) aluno(a), pense nisso: quando a situ-
ação envolve quantidades pequenas, as crianças
podem fazer representações: palitos, bolinhas,
contagem nos dedos etc. Quando as quantidades
Uma professora propôs aos alunos que contassem quantos pães eram servidos na merenda e
que os anotassem em uma tabela.
Figura 3 – Problemas – exemplos de procedimentos.
Fonte: Cadernos da TV Escola.
são maiores, elas tentam recorrer aos mesmos
procedimentos, mas logo percebem a impossi-
bilidade, pois se confundem e não encontram o
resultado desejado. Para superar essa dificuldade,
frequentemente a criança cria formas de resolu-
ção bem interessantes, utilizando, basicamente,
a decomposição decimal. Para desenvolver tais
conhecimentos, é importante que os alunos te-
nham várias oportunidades de interagir com os
números (de diferentes grandezas), discutir e tro-
car informações, ao mesmo tempo que trabalham
com as operações. Veja como isso pode ser feito:
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Depois de preenchida, a tabela ficou assim:
Figura 4 – Problemas – exemplos de procedimentos.
Fonte: Cadernos da TV Escola.
A seguir, a professora pediu que as crianças calculassem a quantidade de pães servidos. Surgiram
alguns procedimentos:
Figura 5 – Problemas – exemplos de procedimentos.
Fonte: Cadernos da TV Escola.
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Ao propor que as crianças registrem as es-
tratégias que utilizam, o professor favorece uma
boa oportunidade de troca entre elas. Em primei-
rolugar,permitequecadaumentendacommaior
clareza o próprio raciocínio. Além disso, promove
o progresso de toda a turma, já que a confronta-
ção e a discussão são mais produtivas a partir das
anotações, e não apenas de explicações orais.
10.1 Desenvolvendo o Cálculo Mental
Qual é a maneira mais utilizada de fazer cál-
culos no cotidiano? Você já havia pensado nisso?
O mais comum no dia a dia é usar o cálcu-
lo mental para checar um resultado ou estimular
um valor aproximado.
Na escola que segue o modelo clássico de
ensino, essas estratégias não são valorizadas, e o
foco ainda está na conta armada (algoritmo). Du-
rante muito tempo, acreditava-se que a economia
de etapas e a rapidez na resolução de problemas
fossem o objetivo máximo da matemática. Nesse
sentido, ensinar os algoritmos para fazer contas
parecia ser o mais adequado. Fazer contas de ca-
beça sempre foi considerado uma prática inade-
quada. Porém, para saber quanto vai gastar na
cantina ou somar os pontos de um campeonato
esportivo, o aluno não arma a conta: ele usa apro-
ximações, decomposições, e aproxima números,
alcançando um resultado bastante aproximado.
Além de ser um procedimento ágil, ele permite ao
aluno ser ativo e criativo na escolha dos caminhos
para chegar ao valor final.
AtençãoAtenção
Para garantir o sucesso dessa forma de calcular,
é imprescindível que a turma saiba de memória
alguns resultados de contas simples, como do-
bro, triplo, metade e outras adições, subtrações,
multiplicações e divisões.
Mas, afinal, com as vantagens do cálculo mental,
ele vai tomar o espaço do algoritmo nas séries
iniciais? A resposta é não. Os dois procedimentos
são importantes e devem ser desenvolvidos pa-
ralelamente. A ideia é que a criança tenha cada
vez mais recursos para chegar ao resultado das
operações compreendendo a resolução.
Exemplos de atividade com cálculo mental:
Calcule mentalmente as multiplicações e
explique como pensou:
5 x 29
Resposta do aluno:
5 x 30 = 150 – 5 = 145
Em sala de aula, é preciso mostrar aos alu-
nos que aquele raciocínio que parece desorgani-
zado, na verdade, está apoiado nas propriedades
das operações e do sistema de numeração.
Exemplos:
Para resolver 99 + 26, é possível pensar da
seguinte maneira:
100 + 26 = 126 – 1 = 125 – propriedade as-
sociativa da adição
Para calcular 9 x 4, um caminho é partir de:
9 x 2 x 2 = 18 x 2 = 36 ou
4 x 10 = 40 – 4 = 36 – propriedade associati-
va e distributiva da adição e da subtração em re-
lação à multiplicação.
Assim, a meninada sistematiza um conjunto
de procedimentos, constrói procedimentos pes-
soais e consegue decidir o que é mais eficaz para
determinada situação.
AtençãoAtenção
É muito importante solicitar aos alunos que ver-
balizem o raciocínio – é preciso criar um ambien-
te descontraído para que as crianças exponham,
sem medo de errar, a maneira como pensaram.
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40
Quanto mais cedo começa o trabalho com
cálculo mental, melhor será a compreensão do
aluno sobre a constituição dos números e as ope-
rações em jogo. O aluno que não consegue criar
uma estratégia de ação diante de problemas ou
age de modo totalmente automatizado no algo-
ritmo, sem ter ideia do que ele representa, preci-
sa ter o sistema de numeração trabalhado com o
cálculo mental, não importa em que série esteja.
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, refletimos sobre situações que envolvem quantidades pequenas
para que as crianças possam fazer representações com o uso de palitos, bolinhas, contagem nos dedos
etc. Já para quantidade maiores, a criança cria formas de resolução por meio da decomposição decimal.
Falamos sobre o registro das estratégias que elas utilizam, pois permite que cada um compreenda o
próprio raciocínio, a maneira mais utilizada de fazer cálculos no cotidiano, o uso do cálculo mental para
checar um resultado ou estimular um valor aproximado. Fazer contas de cabeça sempre foi considera-
do uma prática inadequada. Porém, quando preciso, o aluno não arma a conta: ele usa aproximações,
decomposições, e aproxima números, alcançando um resultado bastante aproximado. Além de ser um
procedimento ágil, ele permite ao aluno ser ativo e criativo na escolha dos caminhos para chegar ao valor
final.
10.2 Resumo do Capítulo
10.3 Atividades Propostas
1.	 Na resolução de problemas, o cálculo mental e a montagem do algoritmo devem ser ensina-
dos separadamente?
2.	 O que são algoritmos?
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A ROTINA11
Querido(a) aluno(a), um dos grandes desa-
fios do professor é a definição do tempo neces-
sário para o trabalho ao longo do ano. Nesse sen-
tido, o planejamento não pode ficar restrito ao
período inicial do ano, quando todos se reúnem
para planejar.
Além disso, é necessário um cuidado espe-
cial para ir trabalhando de forma equilibrada e ar-
ticulada com os diferentes blocos de conteúdos
ao longo do ano:
ƒƒ números e operações;
ƒƒ grandezas e medidas;
ƒƒ tratamento da informação;
ƒƒ espaço e forma.
Ao planejar, o professor deve considerar:
ƒƒ O planejamento cotidiano das ativida-
des de matemática para garantir o me-
lhor uso de tempo, espaço, materiais e
propostas, além das intervenções ne-
cessárias com cada aluno ou grupo de
alunos;
ƒƒ As atividades devem contemplar tanto
a produção, interpretação e a análise de
escritas numéricas como os cálculos no
campo aditivo e multiplicativo;
AtençãoAtenção
Garantir uma rotina é fundamental. Mas o que é
rotina? Rotina é uma organização do tempo de
forma didática que deve ser pensada de modo a
otimizar as aprendizagens dos alunos.
ƒƒ As atividades de produção, interpre-
tação e análise de números devem ser
feitas pelo menos duas vezes por se-
mana. Para isso, o professor deve levar
em conta o tratamento de dados, os
números que os alunos já conhecem,
a calculadora como recurso didático
para produzir e analisar escritas numé-
ricas, jogos e brincadeiras para que os
alunos reflitam sobre as regularidades
e a estrutura do sistema de numeração
decimal;
ƒƒ As atividades relacionadas ao campo
aditivo ou multiplicativo devem ser ga-
rantidas, pelo menos, duas vezes por
semana;
ƒƒ Jogos diversos, ligados aos números
naturais ou às situações de cálculo, de-
vem ser garantidos, pelo menos, uma
vez por semana.
Saiba maisSaiba mais
A seguir, apresentamos sugestões para organização
da rotina semanal para as aulas de Matemática, que
devem ser usadas de acordo com os objetivos do
professor para a classe.
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2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira
Cálculo mental ou
estimativo exato
ou aproximado.
Operações.
Números naturais
Cálculo mental ou
estimativo exato
ou aproximado.
Operações.
Números naturais
Jogos envolvendo números
naturais ou operações.
	 	
2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira
Cálculo e opera-
ções no campo
aditivo e/ou multi-
plicativo
Números naturais
e Unidades de
Medida
Cálculo e opera-
ções no campo
aditivo e/ou multi-
plicativo.
Números naturais Geometria: espaço e forma.
Fonte: Ler e escrever, prioridade na escola Municipal. SME/SP.
I. Caro(a) aluno(a), caso você tenha interesse em preparar uma aula interessante com o tema da simetria axial e
simetria radial fazendo uso da tecnologia, sugiro que experimente as ferramentas de desenho do site http://www.
myoats.com.
Trata-se de um site em que se forma uma comunidade interessada na produção gráfica utilizando formas geométri-
cas. Lembre-se de que, como o site foi produzido em língua inglesa, convém construir um dicionário para entender
os nomes das principais ferramentas. Esse tipo de atividade pode gerar um projeto interdisciplinar entre matemáti-
ca, artes e informática educativa.
II. Se você desejar um repertório de atividades diversas para crianças nos anos iniciais do ciclo I, sugiro que consulte
a seguinte referência bibliográfica:
MAcDONALD, S. Matemática em minutos: atividades fáceis para crianças de 4 a 8 anos. Porto Alegre: Artmed, 2009.
Essa obra explicita todos os materiais necessários, os objetivos das atividades, o passo a passo que o professor deve
fazer. Além disso, traz conceitos interessantes que o professor que lida com a matemática deve dominar.
MultimídiaMultimídia
11.1 Resumo do Capítulo
Prezado(a) aluno(a), neste último capitulo, apresentamos um dos grandes desafios do professor: o
tempo. O tempo adequado e necessário para o trabalho ao longo do ano letivo. Apresentamos o plane-
jamento como elemento que deve ser utilizado durante o ano e bem planejado para o trabalho com os
diferentes blocos de conteúdos, já discutidos anteriormente. No planejamento, o professor deve consi-
derar o cotidiano das atividades de matemática, garantir que as atividades contemplem tanto a produ-
ção, a interpretação e a análise de escritas numéricas, como os cálculos no campo aditivo e multiplicativo.
As atividades de produção, interpretação e análise de números, as relacionadas ao campo aditivo ou
multiplicativo, devem ser garantidas, bem como os jogos diversos, ligados aos números naturais ou às
situações de cálculo.
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43
1.	 Quais os tipos de atividades que devem ser contemplados no planejamento do ensino de
matemática para séries iniciais?
2.	 As atividades do campo aditivo e multiplicativo devem ser trabalhadas com que periodicida-
de?
11.2 Atividades Propostas
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45
RESPOSTAS COMENTADAS DAS
ATIVIDADES PROPOSTAS
CAPÍTULO 1
1.	 Os atuais currículos de Matemática consideram que a situação-problema deve ser o ponto de
partida do processo de ensino e de aprendizagem de um determinado conceito.
2.	 Ele não pode deixar de vivenciar a experiência de sentir-se capaz de entender Matemática e
de construir algum conhecimento matemático, para poder aceitar essa capacidade em seus
alunos.
CAPÍTULO 2
1.	 O desenvolvimento da capacidade de organizar o espaço físico com auxílio de representa-
ções; de coordenar variáveis e, dentre as combinações possíveis, escolher a solução ótima; de
compreender informações quantificadas apresentadas sob a forma de “tabelas e gráficos”; e,
ainda, de identificar embalagens enganosas, preços de falsas liquidações ou mesmo os cha-
mados crediários a perder de vista.
2.	 Nas séries iniciais, a aprendizagem da Matemática constrói-se pelo seu uso à medida que os
alunos têm oportunidade de participar de situações-problema em que se sintam estimulados
a utilizar as formas de representação que consideram válidas, a confrontá-las com aquelas
empregadas por outros membros da turma e a discutir a eficácia comunicativa das diversas
representações que usam.
CAPÍTULO 3
1.	 O fato de que a calculadora pode ser usada como um instrumento motivador na realização
de tarefas exploratórias e de investigação. A crença de que essa ferramenta de cálculo inibe
o raciocínio e abala o ensino dos algoritmos vem sendo refutada, uma vez que estudos reali-
zados por pesquisadores e especialistas em processos de aprendizagem da Matemática indi-
cam que os alunos, quando libertos da parte enfadonha e “braçal” do cálculo, ativam outras
habilidades, permanecendo atentos às relações entre os elementos envolvidos na resolução
de problemas.
2.	 Resolução de problemas, a História da Matemática, as Tecnologias da Informação e os Jogos.
CAPÍTULO 4
1.	 Números e Operações, Espaço e Forma, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação.
2.	 Cálculo exato ou aproximado, mental ou escrito.
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CAPÍTULO 5
1.	 O conhecimento matemático não se dá em blocos estanques, nem com a ordem lógica em
que aparece nos textos. O tempo previsto para o estudo de um determinado assunto é centra-
lizado em um intervalo no qual se espera esgotar todas as nuances que o texto contém. Nessa
perspectiva, não há necessidade de “encerrar”a adição para que se inicie a subtração, ambas
podem ser trabalhadas simultaneamente.
2.	 O professor deixa de ser o centralizador da avaliação, abrindo espaço para que o aluno parti-
cipe da avaliação da exatidão dos seus procedimentos, da validade destes e das suas conclu-
sões.
CAPÍTULO 6
1.	 A finalidade da Sondagem de Números é ter dados objetivos sobre os alunos para decidir a
melhor situação didática a propor e o que explorar em sala de aula.
2.	 O indicado é ter no máximo 6 alunos para a realização da Sondagem de Números.
CAPÍTULO 7
1.	 Quando o aluno escreve o número 2.347 da seguinte forma 2000300407, ele está se apoiando
na fala.
2.	 Quando realizamos uma sondagem da escrita dos números com crianças em fase inicial de
escolarização, por vezes, elas repetem determinados algarismos para representar aqueles que
não conhecem. Esse uso revela que elas fazem de alguns algarismos os coringas de sua escrita.
CAPÍTULO 8
1.	 Um problema deixa de ser “problema” e torna-se “exercício” quando aquele que o resolve já
conhece os procedimentos para sua solução, ou seja, já existe a mecanização procedimental.
Isso ocorre ao se resolver uma série de enunciados do mesmo tipo com alterações de valores,
por exemplo.
2.	 A criança fez uso da decomposição numérica e de um método gráfico de eliminação de valo-
res decompostos para chegar ao resultado.
CAPÍTULO 9
1.	 Seguindo a teoria dos Campos Conceituais, as situações-problema do Campo Aditivo apre-
sentam as seguintes categorias: transformação, combinação de medidas, comparação e com-
posição de transformações.
2.	 Seguindo a teoria dos Campos Conceituais, as situações-problema do Campo Multiplicati-
vo apresentam as seguintes categorias: proporcionalidade, organização retangular e análise
combinatória.
CAPÍTULO 10
1.	 O cálculo mental e o algoritmo são procedimentos importantes na resolução de problemas;
ambos devem ser trabalhados em sala de aula paralelamente. O que não pode ocorrer é a
prevalência de situações didáticas que só incentivem um desses procedimentos.
2.	 São as representações escritas dos cálculos; ou seja, de forma simplificada, são as contas ar-
madas.
Metodologia e Prática do Ensino da Matemática
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47
CAPÍTULO 11
1.	 As atividades devem contemplar a produção, a interpretação, a análise de escritas numéricas
e os cálculos no campo aditivo e multiplicativo.
2.	 As atividades relacionadas ao campo aditivo ou multiplicativo devem ser trabalhadas, pelo
menos, duas vezes por semana.
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49
REFERÊNCIAS
BICUDO, M. A. Educação matemática. São Paulo: Vozes, 1982.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: matemática/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. PCN na Escola, Cadernos daTV
Escola, 1998.
BRIZUELA, B. M. Desenvolvimento matemático na criança: explorando notações. Porto Alegre:
Artmed, 2006.
CARVALHO, D. L. de. Metodologia do ensino da matemática. 2. ed. Belo Horizonte: Cortez, 1994.
KAMII, C. O conhecimento físico na educação pré-escolar. Porto Alegre: Artmed, 1991.
MAcDONALD, S. Matemática em minutos: atividades fáceis de 4 a 8 anos. Porto Alegre: Artmed, 2009.
PANIZZA, M. Ensinar matemática na educação infantil e nas séries iniciais: análise e propostas. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
PARRA, C. Cálculo mental na escola primária. In: PARRA, C.; SAIZ, I. Didática da matemática: reflexões
psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
REVISTA NOVA ESCOLA, mar./abr./maio/jun. 2007.
SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Guia de
planejamento e orientações didáticas para o professor do 2º ano do ciclo 1. São Paulo: SME/DOT,
2007.
SMOLE, K. C. S. Matemática e literatura infantil. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
SMOLE, K. C. S. et al. Era uma vez na matemática: uma conexão com a literatura infantil. São Paulo: IME-
USP, 1993.
TOLEDO, M. B. A. Teoria e prática de matemática: como dois e dois. São Paulo: FTD, 2009.
ZUNINO, D. L. de. A matemática na escola: aqui e agora. Tradução de Juan Acunã Llorens. 2. ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1995.
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51
ANEXO
Exemplos de sondagens realizadas com crianças de 9 anos

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Metodologia da matematica 2

  • 1. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Maria da Graça Fernandes Branco Adaptada por Ricardo de Souza
  • 2. APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Metodologia e Prática do Ensino da Matemática, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao apren- dizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital
  • 3. SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 5 1 O ENSINO DA MATEMÁTICA........................................................................................................... 7 1.1 Resumo do Capítulo........................................................................................................................................................9 1.2 Atividades Propostas.......................................................................................................................................................9 2 O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS.......................................................11 2.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................12 2.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................12 3 PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS..................................................................................................13 3.1 O Aluno e a Matemática..............................................................................................................................................13 3.2 O Professor e o Saber Matemático..........................................................................................................................14 3.3 As Relações Professor-Aluno/Aluno-Aluno.........................................................................................................14 3.4 E na Sala de Aula?..........................................................................................................................................................15 3.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................18 3.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................18 4 OS CONTEÚDOS....................................................................................................................................19 4.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................20 4.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................20 5 OUTRAS QUESTÕES METODOLÓGICAS..............................................................................21 5.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................22 5.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................22 6 SONDAGEM MATEMÁTICA............................................................................................................23 6.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................24 6.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................24 7 O SISTEMA DE NUMERAÇÃO.......................................................................................................25 7.1 História dos Conhecimentos que as Crianças Elaboram a Respeito da Numeração Escrita.............26 7.2 Alguns Números Especiais: o Papel de“Nós”......................................................................................................27 7.3 O Papel da Numeração Falada..................................................................................................................................27 7.4 Do Conflito à Notação Convencional.....................................................................................................................28 7.5 Números Coringas.........................................................................................................................................................28 7.6 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................29 7.7 Atividades Propostas....................................................................................................................................................29 8 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS.................................................................................................31 8.1 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................33 8.2 Atividades Propostas....................................................................................................................................................33
  • 4. 9 OPERANDO: A TEORIA DO CAMPO CONCEITUAL........................................................35 9.1 Campo Aditivo................................................................................................................................................................35 9.2 Campo Multiplicativo...................................................................................................................................................36 9.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................36 9.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................36 10 ESTRATÉGIAS DE CÁLCULO.......................................................................................................37 10.1 Desenvolvendo o Cálculo Mental.........................................................................................................................39 10.2 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................40 10.3 Atividades Propostas.................................................................................................................................................40 11 A ROTINA.................................................................................................................................................41 11.1 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................42 11.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................43 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS......................................45 REFERÊNCIAS..............................................................................................................................................49 ANEXO..............................................................................................................................................................51
  • 5. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO O professor realiza primeiro o trabalho inverso ao do cientista, uma recontextualização do saber: procura situações que deem sentido aos conhecimentos que devem ser ensinados. Guy Brousseau Caro(a) aluno(a), a Matemática faz parte da vida de todo ser humano, está em tudo o que fazemos e desenvolvemos. Por isso, ela precisa ser trabalhada nas séries iniciais como instrumento de leitura, inter- pretação e análise dos problemas que as crianças enfrentam no cotidiano. A busca de soluções faz revisar concepções, modificar ideias velhas, inventar procedimentos e elaborar novos conhecimentos. Nesse sentido, é preciso ajudar o aluno a aprender Matemática e a organizar situações didáticas e situações adidáticas que contribuam efetivamente para que ele se envolva em atividades intelectuais. Você já havia pensado nisso? Pois bem, para que isso ocorra, algumas situações devem fazer parte da sua aula quando você se tornar um professor. Preste atenção nos itens que não podem faltar em uma boa aula: ƒƒ pôr em jogo todos os conhecimentos de que dispõe; ƒƒ buscar caminhos sem medo de errar; ƒƒ decidir sobre o que fazer, notando que o que sabe ainda não é suficiente; ƒƒ modificar, enriquecer, flexibilizar o que sabe, permitindo-se mudar de opinião no confronto com diferentes ideias; ƒƒ escutar para entender e questionar as escolhas feitas; ƒƒ considerar as respostas e os caminhos indicados pelos colegas e professores sem deixar de confrontá-los com os seus; ƒƒ formular argumentos que possam ser refutados ou validados; ƒƒ comparar suas produções e procedimentos com os dos colegas; ƒƒ comunicar suas conclusões de diferentes formas. DicionárioDicionário Situação didática: é uma situação construída com a intenção de levar os alunos a adquirirem um saber determinado (intencionalidade do professor na aprendizagem). Situação adidática: designa toda situação que, por um lado, não pode ser dominada convenientemente sem colocar em prática os conhecimentos ou o saber que se pretende e que, por outro lado, sanciona as decisões que o aluno toma (boas ou más) sem intervenção do professor no que concerne ao saber que se põe em prática (BERTHELOT; SALIN, 1992) (aprendizagem do aluno com os domínios que os alunos têm).
  • 6. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 6 Se você deseja aprender um pouco mais sobre cada um desses saberes, leia com a atenção os tó- picos a seguir. Saberes Relativos ao Conteúdo ƒƒ Funções dos conteúdos, sejam eles do campo aritmético, geométrico, ou métrico; ƒƒ A abrangência das propriedades e a relação com os diversos campos da matemática; ƒƒ Funcionamento dos diferentes sistemas simbólicos e suas formas de representações. Saberes Relativos à Aprendizagem ƒƒ Interpretar os procedimentos e representações que os alunos põem em prática; ƒƒ Distinguir, nos conhecimentos dos alunos, aqueles que comprometem as particularidades dos sistemas simbólicos; ƒƒ Considerar os saberes dos alunos como constitutivo. Saberes Didáticos ƒƒ Identificar diversas dimensões na construção do sentido da aprendizagem matemática; ƒƒ Identificar relações entre as aulas e os saberes que os alunos constroem; ƒƒ Reconhecer a importância das diferentes representações nos alunos. ƒƒ Reconhecer a complexidade dos sistemas simbólicos; ƒƒ Reconhecer, nas diferentes concepções de ensino, as concepções didáticas subjacentes. Na disciplina Metodologia e Prática do Ensino da Matemática, você, aluno(a) da Unisa Digital, po- derá entrar em contato com os mais atuais debates sobre essa área do conhecimento, entendendo que a atividade de ensinar é poder interpretar, analisar, discutir e ajudar todos os seus futuros alunos a cons- tituírem uma comunidade investigativa, na qual os problemas sejam resolvidos e as ideias discutidas. Querido(a) aluno(a), desse modo, a sua futura atuação profissional deve prever como ponto de partida aulas que favoreçam a produção de novos conhecimentos. Por isso, aproveite os conteúdos apre- sentados nesta apostila, bem como os materiais complementares de nosso curso, para que você possa desenvolver todas as suas potencialidades e um futuro profissional promissor. Saiba maisSaiba mais Existem saberes necessários para garantir a aquisição do sentido na matemática. São três tipos de saberes: I. Saberes relativos ao conteúdo; II. Saberes relativos à aprendizagem; III. Saberes didáticos.
  • 7. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 O ENSINO DA MATEMÁTICA1 Querido(a) aluno(a), você sabia que as orientações metodológicas e os objetivos do pro- cesso de ensino e aprendizagem de Matemática na Escola Básica vêm passando por profundas mudanças? Apesar da enorme diferença entre o que se prescreve e o que de fato se realiza, existe um razoável consenso entre os professores de que o ensino de Matemática não pode se limitar a um processo que tenha como finalidade a simples memorização de regras e técnicas. Pense nisso: “As mudanças propostas tra- zem enormes desafios à prática dos professores, que devem analisar e discutir o plano pedagógi- co, buscando selecionar as habilidades e compe- tências que os alunos devem desenvolver relacio- nados aos conceitos matemáticos para exercer sua cidadania.” Saiba maisSaiba mais As diretrizes de alguns currículos, em especial os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), indicam que a Matemática deve ter como objetivo levar o aluno a identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender o mundo à sua vol- ta, além de perceber o caráter de jogo intelectual, característico dessa área do conhecimento, como aspecto que estimula o interesse, a curiosidade e o espírito de investigação e amplia a possibilidade de resolver problemas. Esses currículos apresentam mudanças significativas para o processo de ensino e de aprendizagem de Matemática na Educação Básica. Deve-se levar em conta que o objetivo do processo de ensino e aprendizagem da Matemáti- ca é a alfabetização, ou seja, deve-se desenvolver a capacidade do estudante para analisar, racio- cinar e comunicar-se de maneira eficaz quando lê, formula e resolve problemas matemáticos em uma variedade de domínios e situações. Esse pro- cesso deve também enfatizar o desenvolvimento das competências de leitura e escrita. Você, futuro(a) professor(a), deve ter em mente que um problema não é um mero exer- cício em que se aplica de forma mecânica uma fórmula ou um processo operatório. Na verdade, um problema é uma situação que demanda reali- zação de uma sequência de ações ou operações, não conhecidas previamente, para se obter um resultado. AtençãoAtenção É desejável, portanto, um ensino que privilegie a exploração de situações-problema, nas quais o aluno é levado a exercer sua criatividade, desen- volver o raciocínio lógico e construir conceitos. Os atuais currículos de Matemática consideram que a situação-problema deve ser o ponto de partida do processo de ensino e de aprendiza- gem de um determinado conceito. Temos constatado com preocupação que muitas crianças renunciam a suas possi- bilidades de pensar acerca do que estão aprendendo, que são muitas as que estão acostumadas a colocar em prática procedimentos sem perguntar as razões que lhes dão origem. Por que o fazem? Delia Lerner
  • 8. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 Em uma análise da situação do ensino da Matemática, há dois aspectos essenciais: 1. a concepção de Matemática; 2. o desgosto por essa área do conheci- mento, manifestado pela maioria dos alunos. Você, que pretende ser um(a) futuro(a) pro- fissional da educação, deve lembrar que a pri- meira abordagem considera a disciplina como uma área do conhecimento pronta, acabada, per- feita, pertencente apenas ao mundo das ideias, cuja estrutura de sistematização serve de mo- delo para outras ciências. A consequência dessa visão em sala de aula é a imposição autoritária do conhecimento matemático. Outra consequência e, talvez, a de resul- tados mais nefastos, é a de que o sucesso em Matemática representa um critério avaliador da inteligência dos alunos. A essa concepção da Ma- temática contrapõe-se aquela que considera o conhecimento em constante construção. Os in- divíduos, no processo de interação social com o mundo, reelaboram, complementam, complexifi- cam e sistematizam os seus conhecimentos. Essa aquisição de conhecimentos permite que eles transformem suas ações e, portanto, alterarem suas interações com esse mesmo mundo. Portanto, querido(a) aluno(a), reflita sobre a seguinte afirmação: A sala de aula não é o ponto de encontro de alunos totalmente ignorantes com o professor totalmente sábio, e sim um local onde interagem alunos com conhecimentos do senso comum, que almejam a aquisição de conhecimentos siste- matizados e um professor cuja competência está em mediar o acesso do aluno a tais conhecimen- tos. O que é a Matemática? “A matemática diz respeito a relações – relações entre números, eventos, objetos, sistemas e ciclos; também diz respeito, é óbvio, a cálculos; e, ainda, a descobrir coisas de forma organizada.”(MAcDO- NALD, 2009, p. 12). CuriosidadeCuriosidade Desse modo, não se considera o aluno que chega às séries iniciais como totalmente analfa- beto em Matemática, pois ele já“lê”números nos preços dos objetos, nas idades das pessoas, em quantidades de brinquedos etc. O segundo aspecto a ser considerado é o desgosto por Matemática, manifestado pela maioria absoluta dos alunos. E não seria difícil su- por o contrário. Em um ensino no qual é neces- sário submeter-se à autoridade da Matemática, a aprendizagem torna-se privilégio das cabeças “mais bem dotadas”, sem se levar em conta todas as vivências anteriores relativas à quantificação, já que não se encaixam na perfeição da Matemática. Portanto, querido(a) aluno(a), o que se pro- põe aqui é que o seu futuro aluno incorpore o co- nhecimento do senso comum como um aspecto parcial das noções que está estudando. Cabe, então, a você, futuro(a) professor(a), propor aos seus futuros alunos situações pro- blematizadoras; elas propiciarão a vivência de experiências que complementam e tornam mais complexo o seu conhecimento anterior sobre conceitos e propriedades envolvidos nos temas AtençãoAtenção A consequência mais desastrosa de tal fato tal- vez seja a total passividade com que os alunos se colocam perante qualquer aula, esperando que o professor lhes“explique”o que devem compreen- der e lhes diga“como”fazer. Se o professor, durante sua formação, não viven- ciar a experiência de sentir-se capaz de entender Matemática e de construir algum conhecimento matemático, dificilmente aceitará tal capacidade em seus alunos. Você já havia pensado isso?
  • 9. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 abordados. Desse modo, a criança irá estabelecer relações entre os diversos aspectos de uma mes- ma noção e poderá adquirir, de maneira significa- tiva, a linguagem matemática. A construção do conhecimento matemá- tico é um processo permanente, que será mais eficaz se o professor criar situações didáticas e adidáticas, nas quais o aluno se sinta desafiado a colocar em jogo seu conhecimento e tenha a oportunidade de explicitar o que pensa e sabe sobre o conteúdo que será ensinado. Caro(a) aluno(a), caso você queira se aprofundar mais na definição de situações didáticas e situ- ações adidáticas mencionadas na introdução, sugiro que pesquise a referência: PANIZZA, M. Ensinar matemática na educa- ção infantil e nas séries iniciais: análise e pro- postas. Porto Alegre: Artmed, 2006. MultimídiaMultimídia Caro(a) aluno(a), nas orientações metodológicas e nos objetivos do processo de ensino e apren- dizagem de Matemática na Escola Básica, existe um consenso entre os professores de que o ensino de Matemática não pode se limitar a um simples processo de memorização de regras e técnicas. Deve-se ter como objetivo do processo de ensino e aprendizagem da Matemática o desenvolvimento das capa- cidades do aluno para analisar, raciocinar sobre os problemas matemáticos. Esse processo deve também enfatizar o desenvolvimento das competências de leitura e escrita. Portanto, prezado estudante e futuro(a) professor(a), cabe a você propor situações problemas que propiciarão experiências que complementam e tornam mais complexo o seu conhecimento sobre con- ceitos e propriedades envolvidos nos temas abordados, a fim de tornar a linguagem matemática mais significativa para construção do conhecimento matemático. 1.1 Resumo do Capítulo 1.2 Atividades Propostas 1. O que os atuais currículos da matemática defendem como o ponto de partida para a explora- ção inicial de um conceito? 2. O que um professor não pode deixar de vivenciar em relação à Matemática e a sua formação?
  • 10. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS2 Caro(a) aluno(a), nas séries iniciais, a apren- dizagem da Matemática constrói-se pelo seu uso à medida que os alunos têm oportunidade de participar de situações-problema em que se sintam estimulados a utilizar as formas de repre- sentação que consideram válidas, a confrontá-las com aquelas empregadas por outros membros da turma e a discutir a eficácia comunicativa das diversas representações que usam. Considerando que o conhecimento deve ser construído, que a linguagem matemática deve ser adquirida pelo aluno, levando-o a incor- porar os significados que as atividades de mani- pulação de material didático ou de vivência diária assumem, quanto antes iniciarmos essa constru- ção, mais tempo teremos para enriquecer os te- mas abordados, tornando-os mais abrangentes e complexos. E como você acredita que os alunos das ca- madas mais pobres da população se relacionam com o conhecimento matemático? Os alunos provenientes das camadas mais pobres da população, em especial, talvez tenham, nas primeiras séries do ensino fundamental, sua primeira oportunidade de acesso a situações que visem ao desenvolvimento da capacidade de or- ganizar o espaço físico com auxílio de represen- tações; de coordenar variáveis e, dentre as com- binações possíveis, escolher a solução ótima; de compreender informações quantificadas apre- sentadas sob a forma de “tabelas e gráficos”; e, ainda, de identificar embalagens enganosas, pre- ços de falsas liquidações ou, mesmo, os chama- dos crediários a perder de vista. AtençãoAtenção Para isso, o professor precisa pautar-se em alguns princípios para orientar seu trabalho: (1) dominar os conteúdos que ensinará a seus alunos; (2) rea- lizar atividades com material didático e aprender a elaborá-lo com materiais simples e acessíveis; (3) entrar em contato com as teorias mais moder- nas; (4) refletir sobre os princípios metodológicos que norteiam sua prática pedagógica, clarifican- do suas próprias concepções sobre a Matemá- tica, uma vez que a prática em sala de aula, as escolhas pedagógicas, a definição de objetivos e conteúdos de ensino e as formas de avaliação estão intimamente ligadas a essas concepções. Rabiscar? O que isso tem a ver com matemática? “Apesar de rabiscos não fazerem parte da mate- mática, eles ajudam as pessoas a relaxar e desco- brir soluções para problemas. O cérebro gosta de rabiscar, porque quando você usa seu polegar e seus dedos para manipular um lápis, exige por volta de um terço da capacidade de processa- mento do cérebro, e isso realmente aciona os cir- cuitos neurais. Da próxima vez que precisar resol- ver um problema, pegue um lápis – é o jeito mais rápido de ligar sua criatividade à sua capacidade de calcular!”(MAcDONALD, 2009, p. 12). CuriosidadeCuriosidade
  • 11. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 2.1 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo, discutimos sobre o ensino da matemática nas séries iniciais, pois ele se constrói pelo seu uso à medida que os alunos têm oportunidade de vivenciar situações-problema reais. Consideramos que a linguagem matemática deve ser adquirida pelo aluno logo nos primeiros anos escolares por meio de material didático ou de vivência diária, tornando os temas mais abrangentes e complexos. Por fim, consideramos que o desenvolvimento da capacidade de compreender informações quantificadas apresentadas sob a forma de “tabelas e gráficos”e ainda de identificar embalagens enga- nosas, preços de falsas liquidações ou mesmo os chamados crediários a perder de vista são elementos importantes para os alunos nas primeiras séries do ensino fundamental, principalmente para aqueles provenientes das camadas mais pobres da população. 2.2 Atividades Propostas 1. Quais as habilidades que os alunos de camadas mais pobres podem acessar pela primeira vez na escola em relação à Matemática? 2. Como se constrói a aprendizagem da Matemática nas séries iniciais?
  • 12. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS3 De acordo com os PCNs de Matemática, o estudo dos fenômenos relacionados ao ensino e à aprendizagem da Matemática pressupõe a aná- lise das variáveis envolvidas nesse processo, ou seja, aluno, professor e saber matemático e suas 3.1 O Aluno e a Matemática relações. Antes de aprofundarmos os caminhos para o trabalho com Matemática em sala de aula, vamos analisar cada uma dessas variáveis, toman- do como referência o documento supracitado. Vamos começar? AtençãoAtenção Quando a escola baseia o ensino na reprodução de procedimentos e no acúmulo de informações, ela faz a pior escolha metodológica, pois está as- sentada em contextos pouco significativos e de forma artificial. É fundamental não subestimar a capacidade dos alunos, reconhecendo que podem resolver pro- blemas lançando mão de seus conhecimentos e buscando estabelecer relações entre o já conhe- cido e o novo, construindo estratégias inteligen- tes para resolvê-los. A vivência cotidiana faz com que os alunos desenvolvam, pela observação, uma infinidade de conhecimentos matemáticos, pois eles reco- nhecem problemas vivendo, buscam e selecio- nam informações, tomam decisões e, assim, de- senvolvem uma ampla capacidade para lidar com a atividade matemática. É fundamental não subestimar a capacida- de dos alunos, reconhecendo que podem resol- ver problemas lançando mão de seus conheci- mentos e buscando estabelecer relações entre o já conhecido e o novo, construindo estratégias inteligentes para resolvê-los. A esse respeito, manifesta-se assim Lerner (1995, p. 189): Centrar o aprendizado da Matemática na aquisição de mecanismos conduz não somente a obstaculizar a utilização dos esquemas conceituais que as crianças constroem, como também, a desvirtuar o conhecimento matemático em si.
  • 13. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 3.2 O Professor e o Saber Matemático O conhecimento da história dos conceitos matemáticos permite ao professor mostrar aos alunos que a Matemática é uma ciência dinâmi- ca, que não trata de verdades eternas e imutáveis. Outro aspecto relevante quanto a esse conheci- mento por parte do professor é entender melhor alguns aspectos da aprendizagem dos alunos e suas dificuldades – o conhecimento matemático formalizado precisa necessariamente ser transfor- mado para se tornar acessível e passível de ensi- no-aprendizagem. Reflita sobre isso! O objeto de ensino não é cópia fiel do ob- jeto da ciência – ideia muito difundida na escola. Isso significa dizer que os pensamentos teóricos dos matemáticos não são passíveis de comunica- ção direta aos alunos – eles precisam passar por Caro(a) aluno(a), se você desejar explorar um pouco mais sobre a História da Matemática e outros temas envolvendo teoria e prática de en- sino, sugiro que tenha como manual de consul- ta o seguinte referencial bibliográfico: TOLEDO, M. B. A. Teoria e prática de matemáti- ca: como dois e dois. São Paulo: FTD, 2009. MultimídiaMultimídia um processo de transformação de saber científico em saber escolar. Nesse processo, é preciso haver aproximações sucessivas, provisórias e necessá- rias – isso é o que podemos chamar de contextu- alização do saber. 3.3 As Relações Professor-Aluno/Aluno-Aluno Se pensarmos em uma aula de Matemática tradicional das escolas em que estudamos, vamos lembrar a seguinte sequência: (1) apresentação oral do conteúdo apoiada em definições e exem- plos, (2) demonstração de propriedades no qua- dro, seguida de exercícios de fixação e aplicação. Essa prática, lembram os PCNs, mostrou-se inefi- caz, pois indica que, ao reproduzir de forma corre- ta o exercício, o aluno demonstra que aprendeu a reproduzir, mas não aprendeu o conteúdo. Isso posto, significa entender professor e aluno com novos papéis, ficando o aluno como agente da construção de seu conhecimento, pe- las conexões que estabelece em um contexto de resolução de problemas. Ao professor, cabe or- ganizar essa aprendizagem, atuando como con- sultor no processo. Não mais aquele que expõe apenas o conteúdo, mas o que fornece as infor- mações necessárias. Nessa função, oferece mate- riais, textos, viabiliza trabalhos em grupo, incenti- va debates e reflexões. As interações entre alunos desempenham papel fundamental na formação das capacidades cognitivas e afetivas. Por esse motivo, é necessá- rio que o aluno trabalhe em grupos. Saiba maisSaiba mais Trabalhar coletivamente supõe, por sua vez, uma série de aprendizagens, como: ƒƒ Perceber que, além de buscar solução para uma situação proposta, é preciso cooperar para resolvê-la e chegar a um consenso; ƒƒ Saber explicitar o próprio pensamento e tentar compreender o pensamento do outro; ƒƒ Discutir ideias e dúvidas, persistindo na tentativa de construir suas próprias ideias; ƒƒ Incorporar soluções alternativas, reestru- turar e ampliar a compreensão acerca dos conceitos envolvidos nas situações.
  • 14. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Essas aprendizagens somente serão possí- veis se o professor organizar um ambiente de tra- balho que estimule o aluno a criar, comparar, dis- cutir, rever, argumentar, perguntar, ampliar ideias, ou seja, raciocinar. O que significa raciocinar? Raciocínio diz respeito ao fato de as crianças conseguirem chegar a conclusões a partir de um certo conjunto de fatos ou circunstâncias e expli- ca os eventos, os métodos e as técnicas usados para compilar e comunicar informações (MAcDO- NALD, 2009). CuriosidadeCuriosidade 3.4 E na Sala de Aula? Caro(a) aluno(a), para abordarmos as esco- lhas, os caminhos metodológicos, vamos partir do que diz Lerner (1995, p. 190): Devolvamos à Matemática seu direito de apresentar-se – também na escola – como uma ciência em permanente evo- lução. Devolvamos às crianças seu direito de pensar, também quando se trata da Matemática. Devolvamos à escola o di- reito de ser um espaço de produção de conhecimento. A produção de conhecimento na área da Matemática, nas séries iniciais, deve partir, confor- me afirmamos até agora, da possibilidade de os alunos refletirem sobre o que sabem e o que pre- cisam saber. Os PCNs sugerem alguns caminhos para que o professor construa conhecimento pe- dagógico e elabore suas práticas. Vamos a eles? A Resolução de Problemas Partir da resolução de problemas significa defender que: a) o ponto de partida não é a definição, mas o problema; b) o problema não é um exercício que o aluno aplica; c) as aproximações sucessivas ao conceito são construídas para resolver um pro- blema; em um outro momento, o alu- no utiliza o que aprendeu para resolver outros, transferindo, retificando, em um processo análogo ao que ocorreu na História da Matemática; d) o aluno não constrói um conceito em resposta a um problema, mas constrói um campo de conceitos que tomam sentido em um campo de problemas; e) a resolução de problemas é o contexto para a aprendizagem de conceitos, pro- cedimentos e atitudes. Isso significa colocar o aluno diante de uma situação-problema cuja abordagem o leve a construir o seu conhecimento. Reflita sobre isso: é desejável que a situação desencadeadora seja suficientemente rica e aberta de maneira que o próprio grupo-classe possa levantar inúmeros problemas cujas resoluções permitam abordar, num sentido amplo, os conteúdos que se deseja estudar. As discussões envolvendo todos os alunos da classe, que se originam da apresentação dos diversos procedimentos que foram utilizados na resolução dos problemas, são coordenadas pelo professor e direcionadas para:
  • 15. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 ƒƒ sistematizar os aspectos do conceito le- vantados durante as atividades; ƒƒ construir uma linguagem matemática a partir dos registros que os alunos fize- ram de suas conclusões; ƒƒ registrar as relações percebidas pelos alunos, utilizando a linguagem cons- truída naquele grupo/classe, naquele momento. Saiba maisSaiba mais As aulas devem ser preparadas de maneira que os alunos tenham oportunidade de: ƒƒ manipular material didático o mais diversificado possível, para que possam reformular alguns conheci- mentos matemáticos; ƒƒ construir seu conhecimento a par- tir de situações problematizadas a fim de que possam reelaborar as próprias experiências relativas ao assunto estudado; ƒƒ construir uma linguagem a partir da necessidade de comunicação das conclusões sobre as situações pro- blematizadas, conclusões essas que serão sintetizadas em discussões gerais com toda a classe; ƒƒ abordar diversos aspectos dos itens do conteúdo, de maneira que se possa construir a linguagem mais universal possível para esse nível de ensino; ƒƒ confeccionar alguns jogos estru- turados que sejam o início de um laboratório de Matemática do pro- fessor; ƒƒ explicitar, a cada momento de sínte- se, não só o conteúdo matemático que se está estudando, mas tam- bém os princípios metodológicos subjacentes ao trabalho. A História da Matemática como Recurso A História é um valioso instrumento para o ensino/aprendizado da própria Matemática. Ao mostrar a Matemática como fruto do esforço hu- mano, vinculando-a a necessidades e preocupa- çõesdediferentesculturasemdiferentesmomen- tos históricos, o professor tem a oportunidade de desenvolver atitudes e valores mais favoráveis do aluno diante do conhecimento matemático. Outro aspecto importante é que essa abor- dagem permite veicular informação cultural, so- ciológica e antropológica de grande valor forma- tivo. Em algumas situações, o recurso à História da Matemática pode esclarecer ideias que estão sendo construídas pelos alunos, contribuindo para desenvolver um olhar mais crítico diante do objeto de conhecimento. As Tecnologias da Informação A escola tem, hoje, mais um desafio: como incorporar ao seu trabalho, apoiado na oralidade e na escrita, novas formas de comunicar e conhe- cer? Computadores, calculadoras e outros ins- trumentos tecnológicos fazem, cada vez mais, parte da realidade de um número grande de pes- soas. A escola também deve se responsabilizar por levar o aluno à familiarização e à exploração desses recursos tecnológicos, tão presentes na sociedade moderna. A calculadora deve ou não estar presente nas salas de aula? AtençãoAtenção Vejamos as seguintes indagações: (a) Como sur- giram os números? (b) Como foram as primeiras formas de contagem? (c) Como os números fo- ram criados, ou será que eles sempre existiram? Questões como essas podem levar os alunos a uma interessante reflexão sobre conhecimentos fundamentais dessa disciplina.
  • 16. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 AtençãoAtenção Vejamos o que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (BRASIL, 1997, p. 46) so- bre isso: “Estudos e experiências evidenciam que a calculadora é um instrumento que pode con- tribuir para a melhoria do ensino da Matemática. A justificativa para essa visão é o fato de que ela pode ser usada como um instrumento motivador na realização de tarefas exploratórias e de inves- tigação.” Diferentemente do que muitos pensam, as atividades com calculadora no ensino de cál- culo podem contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento da capacidade cognitiva dos alunos e para suas estratégias na resolução de problemas aritméticos. A crença de que essa ferramenta de cálculo inibe o raciocínio e abala o ensino dos algoritmos vem sendo refutada, uma vez que estudos realizados por pesquisadores e especialistas em processos de aprendizagem da Matemática indicam que os alunos, quando li- bertos da parte enfadonha e “braçal” do cálculo, ativam outras habilidades, permanecendo aten- tos às relações entre os elementos envolvidos na resolução de problemas. Saiba maisSaiba mais Antes de entrar nas salas de aula, a calculadora deve fazer parte de um planejamento de curso, com ob- jetivos claramente delineados, possibilitando o encaminhamento de atividades que contribuirão para o desenvolvimento da capacidade cognitiva dos alunos em realizar cálculos e resolver situações- -problema. Dessa forma, os educadores poderão contar com um valioso recurso didático nas aulas de Matemática. Nessa perspectiva de ensino, o professor exerce um papel de fundamental valor, uma vez que lhe cabe planejar atividades que atendam a esse fim e co- ordenar e conduzir a aula no sentido de promover uma aprendizagem significativa. Os Jogos Caro(a) aluno(a), o jogo é uma atividade na- tural no desenvolvimento dos processos básicos; demanda exigências, normas e controle, mas se baseia em um fazer sem obrigação externa e im- posta. Por meio dos jogos, as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas apren- dem a lidar com símbolos e a pensar por analogia (jogos simbólicos): os significados das coisas pas- sam a ser imaginados por elas. Ao criarem essas analogias, tornam-se produtoras de linguagens, criadoras de convenções, capacitando-se para se submeterem às regras e dar explicações. As crian- ças aprendem a lidar com situações mais com- plexas – participando de jogos com regras – e passam a compreender que as regras podem ser combinações arbitrárias acertadas entre os joga- dores. AtençãoAtenção Os jogos estão em correspondência direta com o pensamento matemático. Em ambos, temos re- gras, instruções, operações, definições, deduções, desenvolvimento, utilização de normas e novos conhecimentos (resultados). Pense nisso: um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno e prazeroso que eles provocam no aluno. Por isso, é fundamental que o jogo faça parte do universo escolar, cabendo ao professor avaliar a potencialidade educativa de cada pro- posta.
  • 17. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Prezado(a) aluno(a), foram discutidos, neste capítulo, fenômenos relacionados ao ensino e à apren- dizagem da Matemática. Como apontado pelos PCNs de Matemática, o estudo pressupõe a análise das variáveis envolvidas nesse processo, ou seja, aluno, professor e saber matemático e suas relações. Outro aspecto relevante é entender melhor algumas peculiaridades no processo de ensino e aprendizagem dos alunos e suas dificuldades, pois o objeto de ensino não é cópia fiel do objeto da ciência. A interação entre alunos também desempenha papel fundamental na formação das capacidades cognitivas e afetivas. Por esse motivo, é necessário que o aluno trabalhe em grupos. Isso significa dizer que o pensamento teórico matemático precisa passar por um processo de transformação de saber cien- tífico em saber escolar, ou seja, um processo de contextualização do saber. 3.5 Resumo do Capítulo 3.6 Atividades Propostas 1. Qual a justificativa para o uso da calculadora em sala de aula? 2. De acordo com os PCNs, que tipos de atividades não podem faltar em sala de aula?
  • 18. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 OS CONTEÚDOS4 Querido(a) aluno(a), você já pensou como deve ser concebido o conteúdo de Matemática para o bloco de conteúdos Números e Opera- ções? Pois bem, para as séries iniciais, o processo de seleção de conteúdos relativos a Números e Operações deverá levar em conta que o ensino de Matemática visa ao desenvolvimento do pen- samento numérico, por meio da exploração de situações de aprendizagem que levem o aluno a construir significados para os números – Na- turais e Racionais – a partir de sua utilização no contexto social e a resolver situações-problema, construindo significados para as operações. Ou- tro objetivo referente a esse bloco é levar o aluno a selecionar e utilizar procedimentos de cálculo (exato ou aproximado, mental ou escrito) em fun- ção da situação-problema proposta. Por essas razões, uma das finalidades atu- ais do ensino do cálculo consiste em fazer com que os alunos desenvolvam e sistematizem pro- cedimentos de cálculo por estimativa, de cálculo mental e de estratégias de verificação e controle de resultados. AtençãoAtenção O trabalho com todas essas modalidades de cál- culo é importante, pois, hoje em dia, tão impor- tante quanto aprender a fazer cálculo exato com lápis e papel, é desenvolver a capacidade de fazer estimativas e de calcular mentalmente, pois em muitas das situações cotidianas basta uma apro- ximação. Além disso, existem, ainda, as balanças e as calculadoras que informam resultados com precisão. Quais os critérios para escolher os conteú- dos desenvolvidos no bloco de conteúdos Espa- ço e Forma? Os objetivos que poderão nortear a escolha dos conteúdos de Espaço e Forma – Geometria para as séries iniciais são os seguintes: ƒƒ Levar o aluno a estabelecer pontos de referência para interpretar e represen- tar a localização e movimentação de pessoas ou objetos, utilizando termi- nologia adequada para descrever posi- ções; ƒƒ Identificar características das figuras geométricas, percebendo semelhan- ças e diferenças entre elas, por meio de composição e decomposição, simetrias, ampliações e reduções. Caro(a) aluno(a), você já pensou como deve ser a seleção dos conteúdos do bloco Grandezas e Medidas? Em relação às Grandezas e Medidas, o pro- fessor deverá considerar que é importante levar o aluno a construir o significado de medida a partir de situações-problema que expressem seu uso no contexto social. Além disso, o aluno deverá aprender a utilizar procedimentos e instrumentos de medida usuais ou não, selecionando o mais adequado em função da situação-problema e do grau de precisão desejado e estabelecendo rela- ções entre diferentes unidades de medida. Para nós não existem ficções, pois calculamos, mas para que possamos calcular é preciso primeiramente partir de ficções. Nietzche
  • 19. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 E como fica o bloco de conteúdos Trata- mento da Informação? Para a seleção dos conteúdos referentes ao bloco Tratamento da Informação, deve-se levar em conta que o aluno, ao final dos anos iniciais do Ensino Fundamental, deverá ter a competên- cia de recolher dados e informações, elaborar for- mas para organizá-los e expressá-los, interpretar dados apresentados sob a forma de tabelas e grá- ficos e valorizar essa linguagem como modo de comunicação. Querido(a) aluno(a), a forma como os conteú- dos da Matemática são divididos em blocos de- pende das orientações de cada rede de ensino e das normas vigentes no país; contudo, outras divisões são muito interessantes, como a esta- belecida pelos parâmetros do National Council of Teachers of Mathematics (NCTM), um conse- lho norte-americano que define nove blocos de conteúdos. Caso você tenha a curiosidade de saber mais a respeito, sugiro que consulte a re- ferência bibliográfica: MAcDONALD, S. Matemática em minutos: ati- vidades fáceis de 4 a 8 anos. Porto Alegre: Art- med, 2009. p. 213-214. MultimídiaMultimídia 4.1 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), nesta parte, discutimos como deve ser a concebido o conteúdo de Matemática para o bloco de conteúdos Números e Operações. Lembramos que, nas séries iniciais, a seleção de con- teúdos deve levar em conta o pensamento numérico. Já os números Naturais e Racionais adquirem sig- nificados operacionais com a utilização do contexto social e a resolução de situações-problema Como vimos, para o ensino de cálculo, procuramos desenvolver e sistematizar procedimentos de cálculo por estimativa, de cálculo mental e de estratégias de verificação e controle de resultados. Já no bloco de Espaço e Forma, os objetivos que norteiam as séries iniciais buscam estabelecer pontos de re- ferência para interpretar e representar a localização e movimentação de pessoas ou objetos, procuram identificar características das figuras geométricas. Também discutimos o bloco de Grandezas e Medidas, bem como o bloco de conteúdos Tratamento da Informação, que busca recolher dados e informações, elaborar formas para organizá-los e interpretá-los. 4.2 Atividades Propostas 1. Quais os blocos de conteúdos da matemática que devem ser levados em conta na hora de formular um plano de ensino para alunos das séries iniciais? 2. Quais tipos de procedimento de cálculo devem ser trabalhados com os alunos das séries ini- ciais?
  • 20. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 OUTRAS QUESTÕES METODOLÓGICAS5 Você já havia pensado sobre os princípios que norteiam o ensino em matemática? Veja, a seguir, como eles se configuram: a) AMatemáticadeveserapropriadapor todos. O saber matemático não pode continuar sendo privilégio de poucos alunos, tidos como mais inteligentes. b) O fazer educativo: um processo contí- nuo de ação-reflexão-ação. O proces- so ensino-aprendizagem não pode ofe- recer“receitas infalíveis”. A interação do grupo classe deve assumir a condição de uma investigação, na qual, a cada re- flexão sobre a ação realizada, buscam- -se parâmetros para a reformulação das ações. Nesse grupo que interage, incluímos o professor em seu papel in- tencional de ensinar: propondo a situa- ção-problema, favorecendo a discussão das soluções encontradas pelos alunos, sistematizando as conclusões expressas pela classe e relacionando a linguagem emergente do grupo com a linguagem convencional da Matemática. AtençãoAtenção Alguns aspectos do conhecimento matemático indicam princípios metodológicos que norteiam o ensino de Matemática. Esses princípios têm por fundamento a aquisição de conhecimento por meio de um processo social de construção, processo esse que, por sua natureza, é dialetica- mente dinâmico. c) Matemática e conhecimento matemá- tico não são lineares. O conhecimen- to matemático não se dá em blocos estanques, nem com a ordem lógica em que aparece nos textos. O tempo previsto para o estudo de um determi- nado assunto é centralizado em um in- tervalo no qual se espera esgotar todas as nuances que o texto contém. Nessa perspectiva, não há necessidade de“en- cerrar”a adição para que se inicie a sub- tração; ambas podem ser trabalhadas simultaneamente. d) As experiências informais de quantifi- cação extraclasse. Como o aluno inter- preta uma determinada proposição e os seus termos e como ele resolve um problema depende, em grande parte, da experiência que tem a esse respei- to. Situações de aprendizagem devem constituir-se em oportunidades para reelaborar essas experiências, integran- do novos significados em novas sínte- ses provisórias. e) O processo de construção da lingua- gem é longo, lento e social. O processo de construção da linguagem matemáti- ca não pode ser reduzido a uma ativida- de individual; é uma atividade de comu- nicação criança-adulto, adulto-criança, como também é, sobretudo, criança- -criança. Assim, ressaltamos a impor- tância de o aluno comentar a respeito da atividade que realiza, registrando as transformações ocorridas, descrever as relações apreendidas, os procedimen- tos adotados e suas justificativas.
  • 21. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 f) Rigormatemático:efeitodaatividade, e não sua condição prévia. O acesso ao significado das proposições matemáti- cas constrói-se a partir de uma lingua- gem intermediária em um trabalho em que é importante articular significa- ções, ligar etapas do raciocínio. O rigor deve surgir como exigência de comu- nicação e deve ser redimensionado a cada atividade, a cada grupo de alunos que compõe uma classe. g) Abordar os aspectos matemáticos de um conteúdo. Qualquer material pode ser bom para abordar aspectos dos conceitos. h) Reelaboração dos erros. É importante que sejam consideradas não só as res- postas dadas pelos alunos a um deter- minado problema, como também as regras que as produziram, pedindo-lhes explicações verbais ou outras formas de registro que tornem explícitas as repre- sentações subjacentes. Essas explica- ções adicionais revelam as possíveis ori- gens do erro, fornecendo ao professor um referencial importante a respeito de quais pontos devem ser reelaborados no encaminhar do processo de apren- dizagem. i) O aluno também deve avaliar. O pro- fessor deixa de ser o centralizador da avaliação, abrindo espaço para que o aluno participe da avaliação da exati- dão dos seus procedimentos, da valida- de destes e das suas conclusões. 5.1 Resumo do Capítulo Prezado(a) aluno(a), neste capítulo, apresentamos alguns princípios que norteiam o ensino em ma- temática. Para tanto, vamos relembrá-los. A Matemática deve ser apropriada por todos, e é privilégio de poucos alunos. O fazer educativo é um processo contínuo de ação-reflexão-ação. Matemática e conheci- mento matemático não são lineares, não se dão em blocos estanques. As experiências informais de quan- tificação extraclasse devem constituir-se integrando novos significados em novas sínteses provisórias. O processo de construção da linguagem é longo, lento e social, não pode ser reduzido a uma atividade individual; é uma atividade de comunicação. O rigor matemático deve surgir como exigência de comu- nicação e deve ser redimensionado a cada atividade, a cada grupo de alunos que compõe uma classe. Devem-se abordar os aspectos matemáticos de um conteúdo. Por fim, o aluno também deve avaliar; as- sim, o professor deixa de ser o centralizador da avaliação, abrindo espaço para que o aluno participe dela. 5.2 Atividades Propostas 1. Os conteúdos matemáticos devem ser ensinados em uma lógica linear? 2. Como deve ser o processo de avaliação do ensino da matemática?
  • 22. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 SONDAGEM MATEMÁTICA6 Caro(a) aluno(a), pense nisso: Para decidir qual é a melhor situação didática a propor, o que explorar, o professor precisa fazer sondagens com os alunos para verificar: ƒƒ os conhecimentos que eles têm sobre o sistema de numeração; ƒƒ quais estruturas e que problemas eles costumam utilizar; ƒƒ quais recursos utilizam em geral para representar os cálculos que fazem. Para fazer a sondagem sobre a escrita dos números, a principal estratégia é fazer um ditado, em intervalos de três meses, aproximadamente. Esse ditado deve ser individual. Para poder usar esses resultados a favor da aprendizagem dos alunos, o professor precisa registrá-los de forma sistematizada em uma pauta de observação e ela- borar gráficos sobre o conhecimento dos alunos, acompanhando o progresso ao longo do ano. Saiba maisSaiba mais Ao realizar uma sondagem de números, é impor- tante que se faça com um grupo pequeno de crianças (no máximo seis crianças), para observar: ƒƒ a direção da escrita; ƒƒ com qual número começa a escrever – do último número ditado; ƒƒ se o aluno utiliza números coringas para as escritas desconhecidas; ƒƒ e anotar algumas falas interessantes das crianças; ƒƒ 200 – 40 – 3000 – verificar se eles domi- nam os nós; ƒƒ 2.029 – 307 – verificar como compre- endem a ausência de uma unidade de ordem; ƒƒ 63 – 1.238 – 583 para verificar se os alu- nos se apoiam na numeração falada, uma vez que eles estão nos intervalos dos nós. Tabela 1 – Pauta de observação sobre a escrita de números. Nome do aluno Conhece a escrita conven- cional de nú- meros exatos, como: deze- nas, centenas e milhares. Usa os nomes dos dígitos para escrever números. Ex: Trinta e cinco: usa o 3 como referência para trinta, pois trinta se parece com três. Apoia-se na fala para escrever. Ex: para 18 escreve 108, ou para 905 escreve 9.005. Escreve os números convencionalmente até... Observações (anotar falas) Fonte: Wolman et al. (2006).
  • 23. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Caro(a) aluno(a), neste capítulo, refletimos sobre situações didáticas e sobre qual a melhor para abordar e explorar determinados conteúdos. Para tanto, é necessário que o professor faça uma sonda- gem a fim de verificar conhecimentos prévios dos alunos e quais recursos utilizam em geral para repre- sentar os cálculos que fazem. Em uma sondagem qualitativa, buscamos recursos didáticos como repre- sentação da escrita numérica com espaço de tempo de três meses. Querido(a) aluno(a), uma das leituras essenciais para o aprofundamento da questão das hipóteses da escrita dos números elaboradas pelas crianças é: BRIZUELA, B. M. Desenvolvimento matemático na criança: explorando notações. Porto Alegre: Artmed, 2006. MultimídiaMultimídia 6.1 Resumo do Capítulo 6.2 Atividades Propostas 1. Qual a finalidade da sondagem de números? 2. Qual o número máximo de alunos que deve participar simultaneamente da sondagem de números?
  • 24. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 O SISTEMA DE NUMERAÇÃO7 Você sabia que a numeração escrita não existe só dentro da escola, mas também fora dela? As crianças têm oportunidade de elaborar conhecimentos sobre esse sistema de numeração muito antes de entrarem na primeira série. O sistema de numeração apresenta-se para reflexão da criança de inúmeras formas: quando ela lê um livro de literatura infantil e observa a pa- ginação, quando procura uma data no calendário ou testemunha um adulto fazê-lo, quando perce- be que sua casa tem uma numeração. Patrícia Sa- dovsky e Delia Lerner (2001, p. 75) realizaram um amplo estudo com o objetivo de descobrir quais os aspectos do sistema de numeração que as crianças consideram relevantes ou de seu interesse, quais as idéias que elaboram acerca dos números, quais os problemas que formulam, quais as soluções que constroem, quais os con- flitos que podem gerar-se entre suas pró- prias conceitualizações ou entre estas e determinadas características do objeto que estão tentand’o compreender. Figura 1 – Exemplo de escrita numérica.
  • 25. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 O estudo apoiou-se em algumas questões importantes, como observar o que as crianças po- deriam aprender ao observar situações nas quais os usuários do sistema de escrita que as rodeiam escrevem e comparam números. A partir desse estudo, escreveram a história dos conhecimentos que as crianças elaboram a respeito da numera- ção escrita e que conclusões as crianças tiram de seu contato com numeração escrita. 7.1 História dos Conhecimentos que as Crianças Elaboram a Respeito da Numeração Escrita As crianças elaboram hipóteses sobre a es- crita dos números. A primeira delas é a da quanti- dade de algarismos e magnitude do número. 1ª Hipótese: Quanto maior a quantidade de algarismos de um número, maior é o número. Exemplos: 23 e 5 12 e 6 (12 é maior porque tem mais núme- ros atrás dele) Esse critério é elaborado a partir da intera- ção com a numeração escrita e de maneira rela- tivamente independente da manipulação da se- quência dos nomes dos números. A partir dela, as crianças podem comparar qualquer par de núme- ros cuja quantidade de algarismos seja diferente. Nesse processo, as crianças enfrentam alguns conflitos. Ao se depararem com os números 112 e 89, perguntam-se: como um número que possui os algarismos 1, 1 e 2 pode ser maior do que um número que possui os algarismos 8 e 9? Ou, ain- da, como se pode explicar que 1.110 seja maior do que 999? A elaboração desse critério de com- paração pela criança constitui-se um passo rele- vante para a compreensão da numeração escrita. 2ª Hipótese: A posição dos algarismos como critério de comparação: o primeiro é quem manda. A posição dos algarismos cumpre uma função relevante em nosso sistema de numera- ção. Exemplos: 21 e 12 (21 é maior porque o 2 vem primeiro e o 1 vem depois, e no 12 o 1 vem primeiro e o 2 depois) As crianças descobrem que o valor que um algarismo representa, apesar de ser sempre o mesmo, depende do lugar em que está locali- zado com respeito aos outros que constituem o número. Descobrem, ainda, que, se comparam dois números de igual quantidade de algarismos, será necessariamente maior aquele cujo primeiro algarismo seja maior, pois para elas “o primeiro é quem manda”. Se o primeiro algarismo das duas quantidades é o mesmo, apelam para o segundo para decidir qual é o maior. A partir dessas hipóteses, as crianças po- derão formular perguntas, e o professor poderá enunciar questões que as conduzirão, por meio de aproximações sucessivas, a descobrir as regras do sistema; ou seja, que, quando comparam 12 e 22, o 22 é maior porque o 2 representa 20 (agru- pamento usando o recurso da base 10).
  • 26. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 7.2 Alguns Números Especiais: o Papel de“Nós” AtençãoAtenção A apropriação da escrita convencional não se- gue a ordem da sequência numérica. Primeiro as crianças manipulam a escrita dos nós: dezenas, centenas, unidades de mil, exatas, e só depois é que elaboram a escrita dos números que estão entre os intervalos dos nós. Alguns exemplos de escrita usando esse recurso: Para mil e quinhentos: 1000500 Dois mil: 200 Quinhentos: 005 7.3 O Papel da Numeração Falada As crianças elaboram a conceitualização da escrita numérica baseando-se: ƒƒ nas informações que extraem da nume- ração falada; ƒƒ no conhecimento que têm a partir da escrita convencional dos nós. Para produzir os números cuja escrita con- vencional ainda não adquiriram, elas misturam símbolos que conhecem, trabalhando com a hi- pótese de que a escrita numérica é o resultado de uma correspondência com a numeração falada, conduzindo-as a produzir notações não conven- cionais. Por que você acha que isso acontece? Porque a diferença da numeração escrita da nu- meração falada está em que esta última não é po- sicional. AtençãoAtenção Para as crianças, não é fácil descobrir o que está oculto na numeração falada e na numeração es- crita, aceitar que uma coisa não coincide sempre com a outra e descobrir que os princípios que regem a numeração escrita não são diretamente transferíveis à numeração falada. Exemplos: algumas representações de 1.536: 1000 500 30 6 ou 1000 500 36 ou 1000 536
  • 27. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Caro(a) aluno(a), as escritas que correspon- dem à numeração falada entram em contradição com as hipóteses vinculadas à quantidade de algarismos das escritas numéricas. As crianças perguntam-se como fazer para diminuir a quan- tidade de algarismos de sua escrita, como fazer para reduzi-la à mesma quantidade de algarismos que correspondem aos“nós”entre os quais estão compreendidos os números que desejam repre- sentar. Como 2000 300 40 1 (2.341) pode ter mais algarismos que 3.000 se ele é um número menor? Para entender melhor esse processo, vamos acompanhar um fragmento de uma das entrevis- tas realizadas por Sadovsky e Lerner (2001, 104- 105): Fragmento de Entrevista P: Que é mais, dois mil trezentos e cinquen- ta australes ou três mil? Nádia: Três mil! P: Como você escreveria três mil? Nádia: (escreve 3000) P: E dois mil trezentos e cinquenta? 7.4 Do Conflito à Notação Convencional Nádia: (escreve 200030050). P: Por que este que é menor tem tantos nú- meros? Nádia: Como é menor? Não sei (fica muito preocupada, pensa um longo tempo). P: Tem algum problema? Nádia: Sim. Que não entendo nada. P: Para mim parece que entendes um mon- te. Nádia: (Ri)... Mas isto é muito esquisito... Porque olha: (mostrando sua escrita anterior) 200030050 (falando dois mil, trezentos e cinquen- ta). P: Se escreve assim? Nádia: Eu acho que não (ri). Porque não tenho outra maneira de escrevê-lo... Por agora o escrevo assim. P: E como tu achas que se deveria escrever? Com mais ou menos números? Nádia: Com menos. 7.5 Números Coringas Você sabia que quando as crianças ainda não conhecem parte do número, utilizam alguns algarismos (0, 1) como coringa para representá- -los? Exemplos: 36 – 06 25 – 05 57 – 17 93 – 13 As crianças não precisam conhecer deze- nas, centenas e unidades para produzir e inter- pretar escritas numéricas. Saber tudo acerca dos números não é requisito para usá-los em contex- tos significativos. A notação numérica aparece diante das crianças como um dado da realidade: é necessá- rio entender o mais cedo possível como funciona, para que serve e em que contextos se usa. Ave- riguar por que chegou a ser como é não é tão urgente para elas, talvez porque compreendê-la não seja um ponto de partida, mas possa cons-
  • 28. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 tituir-se como um ponto de chegada que se faz possível depois de um longo e complexo percur- so que trata de buscar regularidades no sistema a partir do uso e da reflexão sobre o uso. A análise das regularidades da numeração escrita é uma fonteinsubstituíveldeprogressonacompreensão das leis do sistema de numeração. Para isso, não é necessário trabalhar com a numeração sequen- cial. As crianças devem trabalhar desde o começo com diferentes intervalos da sequência numérica. Saiba maisSaiba mais Trabalhar com números inseridos no uso social que se faz deles é fundamental: preços, idades, datas, medidas. Algumas situações de produção e inter- pretação de números envolvendo um projeto de supermercado: (a) formar listas de preços em uma atividade de compra e venda; (b) fazer notas fiscais de mercadorias; (c) fazer levantamentos de merca- dorias disponíveis; (d) dar o troco. Há, ainda, outras situações que podem ser trabalhadas de maneira isolada que se centram na produção e interpretação de números: jogo da loteria, análise da numeração de ruas, escre- ver com números difíceis ou anotar ditados feitos pelo professor ou por um colega. 7.6 Resumo do Capítulo Prezado(a) aluno(a), lembramos que o sistema de numeração se apresenta para a criança de inú- meras formas, como na página de um livro, no calendário, no número da casa etc. Segundo Sadovsky e Lerner (2001), é importante descobrir quais os aspectos do sistema de numeração que as crianças con- sideram relevantes ou de seu interesse. Apresentamos as hipóteses que as crianças criam sobre a escrita dos números: a primeira, de que quanto maior a quantidade de algarismos de um número, maior é o número; e a segunda, que trata da posição dos algarismos como critério de comparação. Falamos, ainda, sobre Conflito à Notação Convencional. Nessa parte, vimos como a escrita que cor- responde à numeração falada entra em contradição com as hipóteses vinculadas à quantidade de alga- rismos das escritas numéricas. Finalizamos com Números Coringas, que levanta a discussão a respeito de que saber tudo acerca dos números não é requisito para usá-los em contextos significativos. 7.7 Atividades Propostas 1. Qual o tipo de apoio que uma criança tem quando escreve o número 2.347 da seguinte ma- neira: 2000300407? 2. O que são números coringas?
  • 29. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS8 Pense nisso: O saber matemático não se apresenta ao aluno como um conjunto de concei- tos inter-relacionados, que lhe permite resolver um conjunto de problemas, mas como um inter- minável discurso simbólico, abstrato e incompre- ensível. O aluno não “aprende matemática” ape- nas por reprodução/imitação. Convém explicitar, aqui, diferenças entre os significados de Problema e de Exercício. Uma de- finição, já clássica, de“problema”identifica-o com uma situação que um indivíduo, ou um grupo, quer ou precisa resolver e para a qual não dispõe de um caminho rápido e direto que o leve à solu- ção. Um problema diferencia-se de um exercício na medida em que, neste último caso, dispomos de mecanismos que nos levam, de forma imedia- ta, à solução. A realização de exercícios baseia-se no uso de habilidades ou técnicas transformadas em rotinas automatizadas como consequência de uma prática contínua. Uma mesma situação pode representar um problema para uma pessoa, enquanto para outra esse problema não existe, seja porque não se in- teressa pela situação, seja porque ela já conhece o caminho da resolução ou, ainda, porque dispõe de mecanismos para resolvê-la com um inves- timento mínimo de recursos cognitivos. Nesses AtençãoAtenção Um problema não é um mero exercício em que se aplica, de forma mecânica, uma fórmula ou um processo operatório, mas uma situação que demanda realização de uma sequência de ações ou operações, não conhecidas a priori, para obter um resultado. últimos casos, o suposto problema torna-se um mero exercício. É importante reiterar que o aspecto lúdico devepermear,tantoquantopossível,asatividades a serem desenvolvidas. Nesse sentido, os jogos podem exercer um papel importante no processo de ensino e de aprendizagem de atitudes e procedimentos matemáticos se forem propostos em um contexto de Resolução de Problemas. Essa opção pela Resolução de Problemas revela a convicção de que o conhecimento mate- mático ganha significado quando os alunos têm situações desafiadoras para resolver e trabalham para desenvolver estratégias de resolução. Caro(a) aluno(a), pense nisso: para a grande maioria dos estudantes, resolver um problema significa apenas fazer cálculos com os números do enunciado ou aplicar algo que aprenderam nas aulas, sem necessariamente se apropriar da situação ou buscar compreender e validar os re- sultados. Essa visão certamente decorre da vivên- Saiba maisSaiba mais Os PCNs fazem algumas considerações no sentido de que os jogos podem se constituir uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de es- tratégias de resolução e busca de soluções. Nessa perspectiva, propiciam a simulação de situações- -problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações; possibi- litam a construção de uma atitude positiva perante os erros, uma vez que as situações se sucedem rapi- damente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas.
  • 30. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 cia desses alunos, pois é fato reconhecido que a prática mais tradicional nas aulas de Matemática é“ensinar”um assunto, resolver alguns exercícios ou problemas-modelo e depois apresentar outros exercícios ou problemas para os alunos aplicarem o que lhes foi“ensinado”. Os problemas de soma, em termos gerais, não apresentam nenhuma dificuldade para as crianças. Ao propor problemas aos alunos e ao avaliarsuaresolução,devemoslevaremcontaqual é o grau de complexidade das noções e relações que estão implicadas no enunciado, assim como devemos favorecer a discussão entre as crianças sobre tais noções. De maneira geral, todas as crianças são capazes de elaborar estratégias adequadas para resolver os diversos problemas que lhes são formulados. O que acontece é que muitas delas renunciam à capacidade de pensar e optam por usar certas chaves linguísticas ou numéricas que aparecem seguidamente nos “problemas-padrão”apresentados na escola. Figura 2 – Problemas – exemplos de procedimentos. Fonte: Cadernos da TV Escola. contínua em contas descontextualizadas não é o meio mais adequado para garantir que as crian- ças possam julgar a correção dos resultados. Os alunos mostram-se surpresos quando são solici- tados a inventar enunciados de problemas – colo- cando em debate a ausência dessa estratégia nas escolas. Resolver situações-problema diversifica- das, elaborar estratégias e compará-las com as de outros, construir uma forma de representação e discuti-las com os demais, confrontar interpreta- ções sobre a notação convencional, antecipar e julgar resultados, refletir a respeito das proprie- dades das operações, formular enunciados… Só assim será possível conseguir que as crianças se apropriem do conhecimento matemático. Para isso, precisamos reconhecer os alunos como seres pensantes, na medida em que se reconheça a va- lidade dos procedimentos construídos por eles e de suas conclusões e em que aprendamos a valo- rizar as possibilidades de cooperação intelectual entre todos. Os problemas que a vida cotidiana propõe são inúmeros e variados. Por isso, é importante formular, nas aulas, essa ampla gama de situa- ções, evitando a apresentação de algumas situa- ções específicas que parecem ter sido fabricadas em série. Ao apresentarmos problemas mais ela- borados, possibilitamos que as crianças concen- trem-se na estrutura lógica e deixem de buscar in- dícios artificiais que atrapalham o seu raciocínio. Há uma questão relevante: não encontrar a “conta” adequada para resolver um problema é algo muito diferente de não poder resolver o pro- blema. Pode acontecer de a criança encontrar um excelente procedimento para resolvê-lo, porém não encontrar a forma correta de representação que corresponda a esse procedimento. Você já havia pensado nisso? A escola deve dar uma importância muito maior do que a dada atualmente a dois aspec- tos essenciais: à antecipação dos resultados das operações e à reflexão sobre as propriedades das operações. Parece evidente que a exercitação
  • 31. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Neste capítulo, vimos que o saber matemático não se apresenta ao aluno como um conjunto de conceitos inter-relacionados; o aluno não“aprende matemática”apenas por reprodução/imitação. Apre- sentamos as diferenças entre os significados de Problema e de Exercício. Tratamos sobre a realização de exercícios baseados em habilidades ou técnicas transformadas em rotinas automatizadas como conse- quência de uma prática contínua. Lembramos também que o aspecto lúdico como elemento presente nas atividades a serem desenvolvidas, como o jogo, também tem papel importante no processo de en- sino e de aprendizagem. Ao apresentarmos problemas mais elaborados, possibilitamos que as crianças se concentrem na estrutura lógica e deixem de buscar indícios artificiais que atrapalham o seu raciocínio. Por fim, a escola deve dar uma importância muito maior do que a dada atualmente a dois aspectos es- senciais: à antecipação dos resultados das operações e à reflexão sobre as propriedades das operações. Saiba maisSaiba mais É preciso partir de alguns pressupostos ao propor a resolução de problemas (LERNER, 1995): a) Encontrar uma estratégia adequada para resolver um problema é algo muito dife- rente de poder representá-lo por meio de uma conta armada; b) A introdução apressada da conta conven- cional pode criar obstáculos para a elabo- ração de uma estratégia adequada; c) É necessário dar tempo às crianças para repensar o problema, como também oportunidade para autocorrigir seus er- ros acidentais; d) É imprescindível diferenciar a adequação da estratégia ao problema formulado da correção ou incorreção do resultado ob- tido. 8.1 Resumo do Capítulo 8.2 Atividades Propostas 1. Quando um“problema”se torna um exercício? 2. Na Figura 2, qual estratégia foi utilizada pela criança para resolver a subtração envolvida?
  • 32. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 OPERANDO: A TEORIA DO CAMPO CONCEITUAL19 1 Existe ainda a categoria “estados relativos”. Tal categoria não é indicada pelos PCNs para as séries iniciais por ser de maior complexidade. Você sabia que o psicólogo francês Gerard Vergnaud valoriza os caminhos que o aluno per- corre para solucionar um problema? Ele sugere que diversas áreas do conhecimento sejam ensi- nadas sob a perspectiva dos campos conceituais, que nada mais são do que a apreensão progressi- va de conceitos por meio de um conjunto variado de problemas, conteúdos, situações, estruturas e relações. Em Matemática, ele concebeu as estru- turas aditivas e as multiplicativas. Vergnaud divide o campo aditivo em qua- tro classes. As características de cada uma delas podem ser percebidas pela forma como é elabo- rado o enunciado do problema. São elas: ƒƒ Transformação – alteração do estado inicial por meio de uma situação posi- tiva ou negativa que interfere no resul- tado final. Exemplo de transformação positiva de um estado inicial: A menina tinha 20 figurinhas e ganhou 15 em um jogo. Quantas figurinhas ela tem agora? (acrescentar) Exemplos de transformação negativa de um estado inicial: Pedro tinha 37 bolinhas, mas perdeu 12. Quantas bolinhas ele tem agora? (tirar) ƒƒ Combinação de Medidas – junção de conjuntos de quantidades preestabele- cidas. 9.1 Campo Aditivo Exemplos de combinação de medidas: Em uma classe, há 15 meninos e 13 meninas. Quantas crianças há ao todo? (juntar) ƒƒ Comparação – confronto de duas quantidades para achar a diferença. Exemplos de comparação: Paulo tem 13 carrinhos, e Carlos tem 7 a mais. Quan- tos carrinhos tem Carlos? (comparar) ƒƒ Composição de Transformações – al- terações sucessivas do estado inicial. Exemplos de composição de transfor- mações: No início do jogo, Flávio tinha 42 pontos. Ele ganhou 10 pontos e, em seguida, mais 25. O que aconteceu com seus pontos no fim? (acrescentar/acres- centar). Uma variação nesse caso seria Flávio perder e perder. Então, a sequên- cia seria tirar/tirar, ou, ainda, ele poderia ganhar uma rodada e perder outra, e, então, as ações seriam acrescentar/tirar.
  • 33. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 No campo multiplicativo, são três as catego- rias: ƒƒ Proporcionalidade – indica regulari- dade. A está para B na mesma medida em que C está para D. Exemplos: 1. Na festa de aniversário de Carolina, cada criança ganhou 2 refrigeran- tes. Ao todo, 8 crianças comparece- ram à festa. Quantos refrigerantes havia? 2. Maria tem 4 selos. João tem 3 vezes mais do que ela. Quantos selos tem João? (A x b = C A = C/B B = C/A). ƒƒ Organização Retangular – análise dimensional 9.2 Campo Multiplicativo AtençãoAtenção É importante que o professor use a teoria do campo conceitual para melhor planejar as prá- ticas de sala de aula. Ao apresentar problemas, deve verificar se os significados envolvidos são explorados. Assim, as crianças percebem que di- ferentes situações podem ser resolvidas pelo uso de uma mesma operação. Exemplo: Um salão tem 5 fileiras com 4 cadeiras em cada uma. Quantas cadei- ras há nesse salão? ƒƒ Análise Combinatória – formação de subconjuntos Exemplo: Uma menina tem 2 saias e 3 blusas de cores diferentes. De quantas maneiras ela pode se arrumar combi- nando as saias e as blusas? 9.3 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo, discutimos as áreas do conhecimento ensinadas sob a perspectiva dos campos conceituais; apresentamos o conceito de campos conceituais como apreensão de conceitos por meio de um conjunto variado de problemas, conteúdos, situações, estruturas e relações que trata das estruturas aditivas e multiplicativas. No campo aditivo, Vergnaud divide em quatro classes com caracte- rísticas que podem ser percebidas pela forma como é elaborado o enunciado do problema, como:Trans- formação, Combinação de Medidas, Comparação e Composição de Transformações. No Campo Multipli- cativo há três categorias: Proporcionalidade, que indica regularidade; Organização Retangular, que trata da análise dimensional; e Análise Combinatória, que trata da formação de subconjuntos. 9.4 Atividades Propostas 1. De acordo com a teoria dos Campos Conceituais, quais são as classes apresentadas no campo aditivo? 2. De acordo com a teoria dos Campos Conceituais, quais são as classes apresentadas no campo multiplicativo?
  • 34. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 ESTRATÉGIAS DE CÁLCULO10 AtençãoAtenção A resolução de problemas, muitas vezes, é enten- dida como uma oportunidade de aplicar formas de cálculo já aprendidas, como os algoritmos, que são as contas armadas. O que acontecerá se propusermos situações que envolvam a necessi- dade de cálculos e deixarmos que os alunos bus- quem suas formas próprias de resolução? Caro(a) aluno(a), pense nisso: quando a situ- ação envolve quantidades pequenas, as crianças podem fazer representações: palitos, bolinhas, contagem nos dedos etc. Quando as quantidades Uma professora propôs aos alunos que contassem quantos pães eram servidos na merenda e que os anotassem em uma tabela. Figura 3 – Problemas – exemplos de procedimentos. Fonte: Cadernos da TV Escola. são maiores, elas tentam recorrer aos mesmos procedimentos, mas logo percebem a impossi- bilidade, pois se confundem e não encontram o resultado desejado. Para superar essa dificuldade, frequentemente a criança cria formas de resolu- ção bem interessantes, utilizando, basicamente, a decomposição decimal. Para desenvolver tais conhecimentos, é importante que os alunos te- nham várias oportunidades de interagir com os números (de diferentes grandezas), discutir e tro- car informações, ao mesmo tempo que trabalham com as operações. Veja como isso pode ser feito:
  • 35. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 Depois de preenchida, a tabela ficou assim: Figura 4 – Problemas – exemplos de procedimentos. Fonte: Cadernos da TV Escola. A seguir, a professora pediu que as crianças calculassem a quantidade de pães servidos. Surgiram alguns procedimentos: Figura 5 – Problemas – exemplos de procedimentos. Fonte: Cadernos da TV Escola.
  • 36. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 Ao propor que as crianças registrem as es- tratégias que utilizam, o professor favorece uma boa oportunidade de troca entre elas. Em primei- rolugar,permitequecadaumentendacommaior clareza o próprio raciocínio. Além disso, promove o progresso de toda a turma, já que a confronta- ção e a discussão são mais produtivas a partir das anotações, e não apenas de explicações orais. 10.1 Desenvolvendo o Cálculo Mental Qual é a maneira mais utilizada de fazer cál- culos no cotidiano? Você já havia pensado nisso? O mais comum no dia a dia é usar o cálcu- lo mental para checar um resultado ou estimular um valor aproximado. Na escola que segue o modelo clássico de ensino, essas estratégias não são valorizadas, e o foco ainda está na conta armada (algoritmo). Du- rante muito tempo, acreditava-se que a economia de etapas e a rapidez na resolução de problemas fossem o objetivo máximo da matemática. Nesse sentido, ensinar os algoritmos para fazer contas parecia ser o mais adequado. Fazer contas de ca- beça sempre foi considerado uma prática inade- quada. Porém, para saber quanto vai gastar na cantina ou somar os pontos de um campeonato esportivo, o aluno não arma a conta: ele usa apro- ximações, decomposições, e aproxima números, alcançando um resultado bastante aproximado. Além de ser um procedimento ágil, ele permite ao aluno ser ativo e criativo na escolha dos caminhos para chegar ao valor final. AtençãoAtenção Para garantir o sucesso dessa forma de calcular, é imprescindível que a turma saiba de memória alguns resultados de contas simples, como do- bro, triplo, metade e outras adições, subtrações, multiplicações e divisões. Mas, afinal, com as vantagens do cálculo mental, ele vai tomar o espaço do algoritmo nas séries iniciais? A resposta é não. Os dois procedimentos são importantes e devem ser desenvolvidos pa- ralelamente. A ideia é que a criança tenha cada vez mais recursos para chegar ao resultado das operações compreendendo a resolução. Exemplos de atividade com cálculo mental: Calcule mentalmente as multiplicações e explique como pensou: 5 x 29 Resposta do aluno: 5 x 30 = 150 – 5 = 145 Em sala de aula, é preciso mostrar aos alu- nos que aquele raciocínio que parece desorgani- zado, na verdade, está apoiado nas propriedades das operações e do sistema de numeração. Exemplos: Para resolver 99 + 26, é possível pensar da seguinte maneira: 100 + 26 = 126 – 1 = 125 – propriedade as- sociativa da adição Para calcular 9 x 4, um caminho é partir de: 9 x 2 x 2 = 18 x 2 = 36 ou 4 x 10 = 40 – 4 = 36 – propriedade associati- va e distributiva da adição e da subtração em re- lação à multiplicação. Assim, a meninada sistematiza um conjunto de procedimentos, constrói procedimentos pes- soais e consegue decidir o que é mais eficaz para determinada situação. AtençãoAtenção É muito importante solicitar aos alunos que ver- balizem o raciocínio – é preciso criar um ambien- te descontraído para que as crianças exponham, sem medo de errar, a maneira como pensaram.
  • 37. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 40 Quanto mais cedo começa o trabalho com cálculo mental, melhor será a compreensão do aluno sobre a constituição dos números e as ope- rações em jogo. O aluno que não consegue criar uma estratégia de ação diante de problemas ou age de modo totalmente automatizado no algo- ritmo, sem ter ideia do que ele representa, preci- sa ter o sistema de numeração trabalhado com o cálculo mental, não importa em que série esteja. Caro(a) aluno(a), neste capítulo, refletimos sobre situações que envolvem quantidades pequenas para que as crianças possam fazer representações com o uso de palitos, bolinhas, contagem nos dedos etc. Já para quantidade maiores, a criança cria formas de resolução por meio da decomposição decimal. Falamos sobre o registro das estratégias que elas utilizam, pois permite que cada um compreenda o próprio raciocínio, a maneira mais utilizada de fazer cálculos no cotidiano, o uso do cálculo mental para checar um resultado ou estimular um valor aproximado. Fazer contas de cabeça sempre foi considera- do uma prática inadequada. Porém, quando preciso, o aluno não arma a conta: ele usa aproximações, decomposições, e aproxima números, alcançando um resultado bastante aproximado. Além de ser um procedimento ágil, ele permite ao aluno ser ativo e criativo na escolha dos caminhos para chegar ao valor final. 10.2 Resumo do Capítulo 10.3 Atividades Propostas 1. Na resolução de problemas, o cálculo mental e a montagem do algoritmo devem ser ensina- dos separadamente? 2. O que são algoritmos?
  • 38. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 A ROTINA11 Querido(a) aluno(a), um dos grandes desa- fios do professor é a definição do tempo neces- sário para o trabalho ao longo do ano. Nesse sen- tido, o planejamento não pode ficar restrito ao período inicial do ano, quando todos se reúnem para planejar. Além disso, é necessário um cuidado espe- cial para ir trabalhando de forma equilibrada e ar- ticulada com os diferentes blocos de conteúdos ao longo do ano: ƒƒ números e operações; ƒƒ grandezas e medidas; ƒƒ tratamento da informação; ƒƒ espaço e forma. Ao planejar, o professor deve considerar: ƒƒ O planejamento cotidiano das ativida- des de matemática para garantir o me- lhor uso de tempo, espaço, materiais e propostas, além das intervenções ne- cessárias com cada aluno ou grupo de alunos; ƒƒ As atividades devem contemplar tanto a produção, interpretação e a análise de escritas numéricas como os cálculos no campo aditivo e multiplicativo; AtençãoAtenção Garantir uma rotina é fundamental. Mas o que é rotina? Rotina é uma organização do tempo de forma didática que deve ser pensada de modo a otimizar as aprendizagens dos alunos. ƒƒ As atividades de produção, interpre- tação e análise de números devem ser feitas pelo menos duas vezes por se- mana. Para isso, o professor deve levar em conta o tratamento de dados, os números que os alunos já conhecem, a calculadora como recurso didático para produzir e analisar escritas numé- ricas, jogos e brincadeiras para que os alunos reflitam sobre as regularidades e a estrutura do sistema de numeração decimal; ƒƒ As atividades relacionadas ao campo aditivo ou multiplicativo devem ser ga- rantidas, pelo menos, duas vezes por semana; ƒƒ Jogos diversos, ligados aos números naturais ou às situações de cálculo, de- vem ser garantidos, pelo menos, uma vez por semana. Saiba maisSaiba mais A seguir, apresentamos sugestões para organização da rotina semanal para as aulas de Matemática, que devem ser usadas de acordo com os objetivos do professor para a classe.
  • 39. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 42 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Cálculo mental ou estimativo exato ou aproximado. Operações. Números naturais Cálculo mental ou estimativo exato ou aproximado. Operações. Números naturais Jogos envolvendo números naturais ou operações. 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Cálculo e opera- ções no campo aditivo e/ou multi- plicativo Números naturais e Unidades de Medida Cálculo e opera- ções no campo aditivo e/ou multi- plicativo. Números naturais Geometria: espaço e forma. Fonte: Ler e escrever, prioridade na escola Municipal. SME/SP. I. Caro(a) aluno(a), caso você tenha interesse em preparar uma aula interessante com o tema da simetria axial e simetria radial fazendo uso da tecnologia, sugiro que experimente as ferramentas de desenho do site http://www. myoats.com. Trata-se de um site em que se forma uma comunidade interessada na produção gráfica utilizando formas geométri- cas. Lembre-se de que, como o site foi produzido em língua inglesa, convém construir um dicionário para entender os nomes das principais ferramentas. Esse tipo de atividade pode gerar um projeto interdisciplinar entre matemáti- ca, artes e informática educativa. II. Se você desejar um repertório de atividades diversas para crianças nos anos iniciais do ciclo I, sugiro que consulte a seguinte referência bibliográfica: MAcDONALD, S. Matemática em minutos: atividades fáceis para crianças de 4 a 8 anos. Porto Alegre: Artmed, 2009. Essa obra explicita todos os materiais necessários, os objetivos das atividades, o passo a passo que o professor deve fazer. Além disso, traz conceitos interessantes que o professor que lida com a matemática deve dominar. MultimídiaMultimídia 11.1 Resumo do Capítulo Prezado(a) aluno(a), neste último capitulo, apresentamos um dos grandes desafios do professor: o tempo. O tempo adequado e necessário para o trabalho ao longo do ano letivo. Apresentamos o plane- jamento como elemento que deve ser utilizado durante o ano e bem planejado para o trabalho com os diferentes blocos de conteúdos, já discutidos anteriormente. No planejamento, o professor deve consi- derar o cotidiano das atividades de matemática, garantir que as atividades contemplem tanto a produ- ção, a interpretação e a análise de escritas numéricas, como os cálculos no campo aditivo e multiplicativo. As atividades de produção, interpretação e análise de números, as relacionadas ao campo aditivo ou multiplicativo, devem ser garantidas, bem como os jogos diversos, ligados aos números naturais ou às situações de cálculo.
  • 40. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43 1. Quais os tipos de atividades que devem ser contemplados no planejamento do ensino de matemática para séries iniciais? 2. As atividades do campo aditivo e multiplicativo devem ser trabalhadas com que periodicida- de? 11.2 Atividades Propostas
  • 41. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 45 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS CAPÍTULO 1 1. Os atuais currículos de Matemática consideram que a situação-problema deve ser o ponto de partida do processo de ensino e de aprendizagem de um determinado conceito. 2. Ele não pode deixar de vivenciar a experiência de sentir-se capaz de entender Matemática e de construir algum conhecimento matemático, para poder aceitar essa capacidade em seus alunos. CAPÍTULO 2 1. O desenvolvimento da capacidade de organizar o espaço físico com auxílio de representa- ções; de coordenar variáveis e, dentre as combinações possíveis, escolher a solução ótima; de compreender informações quantificadas apresentadas sob a forma de “tabelas e gráficos”; e, ainda, de identificar embalagens enganosas, preços de falsas liquidações ou mesmo os cha- mados crediários a perder de vista. 2. Nas séries iniciais, a aprendizagem da Matemática constrói-se pelo seu uso à medida que os alunos têm oportunidade de participar de situações-problema em que se sintam estimulados a utilizar as formas de representação que consideram válidas, a confrontá-las com aquelas empregadas por outros membros da turma e a discutir a eficácia comunicativa das diversas representações que usam. CAPÍTULO 3 1. O fato de que a calculadora pode ser usada como um instrumento motivador na realização de tarefas exploratórias e de investigação. A crença de que essa ferramenta de cálculo inibe o raciocínio e abala o ensino dos algoritmos vem sendo refutada, uma vez que estudos reali- zados por pesquisadores e especialistas em processos de aprendizagem da Matemática indi- cam que os alunos, quando libertos da parte enfadonha e “braçal” do cálculo, ativam outras habilidades, permanecendo atentos às relações entre os elementos envolvidos na resolução de problemas. 2. Resolução de problemas, a História da Matemática, as Tecnologias da Informação e os Jogos. CAPÍTULO 4 1. Números e Operações, Espaço e Forma, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação. 2. Cálculo exato ou aproximado, mental ou escrito.
  • 42. Maria da Graça Fernandes Branco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 46 CAPÍTULO 5 1. O conhecimento matemático não se dá em blocos estanques, nem com a ordem lógica em que aparece nos textos. O tempo previsto para o estudo de um determinado assunto é centra- lizado em um intervalo no qual se espera esgotar todas as nuances que o texto contém. Nessa perspectiva, não há necessidade de “encerrar”a adição para que se inicie a subtração, ambas podem ser trabalhadas simultaneamente. 2. O professor deixa de ser o centralizador da avaliação, abrindo espaço para que o aluno parti- cipe da avaliação da exatidão dos seus procedimentos, da validade destes e das suas conclu- sões. CAPÍTULO 6 1. A finalidade da Sondagem de Números é ter dados objetivos sobre os alunos para decidir a melhor situação didática a propor e o que explorar em sala de aula. 2. O indicado é ter no máximo 6 alunos para a realização da Sondagem de Números. CAPÍTULO 7 1. Quando o aluno escreve o número 2.347 da seguinte forma 2000300407, ele está se apoiando na fala. 2. Quando realizamos uma sondagem da escrita dos números com crianças em fase inicial de escolarização, por vezes, elas repetem determinados algarismos para representar aqueles que não conhecem. Esse uso revela que elas fazem de alguns algarismos os coringas de sua escrita. CAPÍTULO 8 1. Um problema deixa de ser “problema” e torna-se “exercício” quando aquele que o resolve já conhece os procedimentos para sua solução, ou seja, já existe a mecanização procedimental. Isso ocorre ao se resolver uma série de enunciados do mesmo tipo com alterações de valores, por exemplo. 2. A criança fez uso da decomposição numérica e de um método gráfico de eliminação de valo- res decompostos para chegar ao resultado. CAPÍTULO 9 1. Seguindo a teoria dos Campos Conceituais, as situações-problema do Campo Aditivo apre- sentam as seguintes categorias: transformação, combinação de medidas, comparação e com- posição de transformações. 2. Seguindo a teoria dos Campos Conceituais, as situações-problema do Campo Multiplicati- vo apresentam as seguintes categorias: proporcionalidade, organização retangular e análise combinatória. CAPÍTULO 10 1. O cálculo mental e o algoritmo são procedimentos importantes na resolução de problemas; ambos devem ser trabalhados em sala de aula paralelamente. O que não pode ocorrer é a prevalência de situações didáticas que só incentivem um desses procedimentos. 2. São as representações escritas dos cálculos; ou seja, de forma simplificada, são as contas ar- madas.
  • 43. Metodologia e Prática do Ensino da Matemática Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 47 CAPÍTULO 11 1. As atividades devem contemplar a produção, a interpretação, a análise de escritas numéricas e os cálculos no campo aditivo e multiplicativo. 2. As atividades relacionadas ao campo aditivo ou multiplicativo devem ser trabalhadas, pelo menos, duas vezes por semana.
  • 44. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 49 REFERÊNCIAS BICUDO, M. A. Educação matemática. São Paulo: Vozes, 1982. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. PCN na Escola, Cadernos daTV Escola, 1998. BRIZUELA, B. M. Desenvolvimento matemático na criança: explorando notações. Porto Alegre: Artmed, 2006. CARVALHO, D. L. de. Metodologia do ensino da matemática. 2. ed. Belo Horizonte: Cortez, 1994. KAMII, C. O conhecimento físico na educação pré-escolar. Porto Alegre: Artmed, 1991. MAcDONALD, S. Matemática em minutos: atividades fáceis de 4 a 8 anos. Porto Alegre: Artmed, 2009. PANIZZA, M. Ensinar matemática na educação infantil e nas séries iniciais: análise e propostas. Porto Alegre: Artmed, 2006. PARRA, C. Cálculo mental na escola primária. In: PARRA, C.; SAIZ, I. Didática da matemática: reflexões psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. REVISTA NOVA ESCOLA, mar./abr./maio/jun. 2007. SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Guia de planejamento e orientações didáticas para o professor do 2º ano do ciclo 1. São Paulo: SME/DOT, 2007. SMOLE, K. C. S. Matemática e literatura infantil. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. SMOLE, K. C. S. et al. Era uma vez na matemática: uma conexão com a literatura infantil. São Paulo: IME- USP, 1993. TOLEDO, M. B. A. Teoria e prática de matemática: como dois e dois. São Paulo: FTD, 2009. ZUNINO, D. L. de. A matemática na escola: aqui e agora. Tradução de Juan Acunã Llorens. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
  • 45. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 51 ANEXO Exemplos de sondagens realizadas com crianças de 9 anos