[1] A história da cidade de São Paulo começou em 1554 quando padres jesuítas fundaram um colégio na região de Piratininga para catequizar indígenas. [2] Ao redor do colégio formou-se um povoado que foi elevado à vila em 1560. [3] No século XVII, a vila se desenvolveu através das bandeiras, grandes expedições em busca de recursos naturais e mão de obra indígena.
História da fundação e período colonial de São Paulo
1. História da Cidade de São Paulo
Período Colonial 1554 a 1822
A história da cidade de São Paulo ocorre paralelamente à história do Brasil, ao longo
de aproximadamente 458 anos de sua existência, que começou nos idos de 1553,
quando os padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega subiram a Serra do
Mar, a fim de buscar um local seguro para se instalar e catequizar os índios. Ao atingir o
planalto de Piratininga, encontraram o ponto ideal. Tinha “ares frios e temperados como
os de Espanha” e “uma terra mui sadia, fresca e de boas águas”.
Os religiosos construíram um colégio
numa pequena colina, próxima aos rios
Tamanduateí e Anhangabaú, onde
celebraram uma missa, reunindo em
seus primeiros territórios habitantes de
origem tanto europeia quanto indígena.
Era o dia 25 de janeiro de 1554, data
que marca o aniversário de São Paulo.
Fundação de São Paulo,. Pintura de Antônio Parreiras. 1913
Ao redor do colégio formou-se uma
pequena povoação de índios convertidos,
jesuítas e colonizadores.
Em 1560, a população do povoado seria
expressivamente ampliada, quando, por
ordem de Mem de Sá, governador-geral da
colônia, os habitantes da vila de Santo
André da Borda do Campo são transferidos
para os arredores do colégio. A vila de
Santo André é extinta, e o povoado é
elevado a esta categoria, com o nome de
"Vila de São Paulo de Piratininga”.
Ilustração - Povoado de Piratininga.
Por ato régio é criada, no mesmo, ano, sua Câmara Municipal, então chamada "Casa do
Conselho". É provavelmente nesse mesmo ano de 1560 que é criada a "Confraria da
Misericórdia de São Paulo" (atual Santa Casa de Misericórdia).
Desde o início, a ocupação das terras da cidade se deu de forma policêntrica, com
diversos aldeamentos, principalmente jesuítas, mas também de outras ordens
eclesiásticas, em torno das quais se iniciavam as aglomerações. A motivação mais
natural para isso, em São Paulo, era o relevo da cidade, com muitos aclives e riachos. A
organização urbana, da mesma forma que em toda a colônia, era centrada,
administrativa e eclesiasticamente, nas paróquias. Cada paróquia era centrada em uma
capela, chamada de Freguesia, nome que tem, em Portugal e no antigo Império
Português, a menor divisão administrativa, correspondente à paróquia civil de outros
países.
2. A primeira paróquia foi, naturalmente, a Freguesia da Sé, fundada em 1589. Conforme
os demais núcleos foram crescendo, eles desmembraram-se, com novas capelas
ganhando status de paróquia. As paróquias desmembradas do centro foram.
1796, 26 de março: Paróquias de Nossa Senhora do Ó e Penha de França, ambas
distantes cerca de 10 km do centro;
1809, 21 de abril: Paróquia da Santa Ifigênia, mais próxima mas naturalmente
separada pelo rio Anhangabaú;
1812, 21 de outubro: Paróquia de São Bernardo, que no ano seguinte (1813, 9 de
novembro) foi ainda elevado a distrito;
1818, 8 de junho: Paróquia do Brás, também mais próxima, mas naturalmente
separada pelo rio Tamanduateí.
Com o tempo, o povoado então chamado de “Piratininga” acabou caracterizando-se
como entreposto comercial e de serviços de relativa importância regional. Esta
característica de cidade comercial e de composição heterogênea vai acompanhar a
cidade em toda a sua história. de São Paulo.
No século XVII, as atividades econômicas da vila limitavam-se quase que
exclusivamente à agricultura de subsistência. A produção e exportação de açúcar não
tinha grande desenvolvimento, embora crescessem outros cultivos nos arredores da vila,
como o de trigo, mandioca e milho, além da criação de gado. Não obstante, São Paulo
permanecia como um núcleo de povoamento pobre e isolado das áreas mais dinâmicas
da colônia. Assim, já nas primeiras décadas do século, os paulistas começaram a
organizar as bandeiras – grandes expedições que partiam em direção aos sertões
inexplorados da colônia, em busca de mão de obra indígena, pedras e metais preciosos.
Borba Gato (1649-1718) foi um dos mais
célebres bandeirantes paulista. Descobriu as
minas de Sabará em Minas Gerais.
Participou da importante expedição
chefiada por Fernão Dias Paes, em busca
das esmeraldas. Homenageado pela Cidade
em 1963, com a inauguração da estatua do
escultor Júlio Guerra, localizada à altura
5700 da Avenida Santo Amaro, a estátua
integra o Inventário de Obras de Arte em
Logradouros Públicos da Cidade de São
Estatua de Borba Gato
Paulo, mantido pelo Departamento do
Patrimônio Histórico.
Em pouco tempo, os bandeirantes se tornariam os grandes responsáveis pela ampliação dos
limites das fronteiras da colônia, incorporando ao território do Brasil inúmeras áreas que, de
acordo com o Tratado de Tordesilhas, pertenciam à Espanha.
Os bandeirantes se tornariam figuras centrais na história política de São Paulo no século XVII, e
a autoridade local dos exploradores por vezes sobrepujava os interesses da Igreja Católica e da
própria coroa portuguesa. Em 1640, a forte oposição dos jesuítas à captura e comercialização da
mão de obra indígena promovida pelos bandeirantes levou a uma série de conflitos entre os dois
grupos, que culminariam, em 13 de julho daquele ano, com a expulsão dos jesuítas de São
3. Paulo, medida que teve apoio dos comerciantes da vila. Os jesuítas só obteriam permissão para
retornar a São Paulo em 1653.
É também na vila de São Paulo que se entanto, rejeita o título e jura fidelidade à
registra, no mesmo ano de 1640, o primeiro coroa portuguesa, encerrando o levante.
movimento nativista do Brasil, a chamada
"Aclamação de Amador Bueno". Com o
fim da Guerra da Restauração, em que
Portugal restabeleceu sua independência
política da Espanha, os moradores de São
Paulo, principalmente bandeirantes e
comerciantes, temiam ser prejudicados, já
que haviam se beneficiado economicamente
do contrabando de índios na região do rio
da Prata durante as décadas em que vigorou
a União Ibérica.
Como forma de protesto, declararam São
Paulo reino independente, e Amador
Bueno, capitão-mor, rico morador da vila e Aclamação de Amador Bueno. – ao fundo o mosteiro
irmão do bandeirante Francisco Bueno, é de São Bento. - 1909. Pintura de Oscar Pereira da Silva.
aclamado como rei. Amador Bueno, no
Em um primeiro momento, a concentração da atividade bandeirista em São Paulo fomentou,
ainda que de forma tímida, a atividade econômica da vila, que ensaia exercer, pela primeira vez,
a posição de entreposto comercial. Alguns bandeirantes, enriquecidos com o comércio de
escravos indígenas, faziam benfeitorias na vila. Fernão Dias, eleito juiz ordinário e presidente da
Câmara Municipal, por exemplo, doou aos monges beneditinos os recursos necessários para a
reconstrução do Mosteiro de São Bento, Em 1815, a cidade se transformou em capital da
Província.