O documento discute os resultados financeiros de empresas do setor de agronegócios no Brasil e no mundo. A ADM teve aumento de 84% no lucro líquido no primeiro trimestre de 2015. O Moinho Pacífico teve queda de quase 90% no lucro líquido de 2014 devido a aumento de despesas. A LDC Brasil planeja investir R$500 milhões/ano até 2019 focando em eficiência e escoamento de grãos pelo Norte.
Resultados financeiros de empresas do agronegócio em 2014 e 2015
1. Jornal Valor --- Página 12 da edição "06/05/2015 1a CAD B" ---- Impressa por cgbarbosa às 05/05/2015@20:47:31
Enxerto
Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 6/5/2015 (20:47) - Página 12- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
B12 | Quarta-feira, 6 de maio de 2015
Agronegócios
Fonte: Empresa
Louis Dreyfus
Resultados globais do grupo - em US$ bilhões
Vendas líquidas
2013 2014
62
63
64
65
63,6
64,7
Resultado operacional
2013 2014
1,5
1,7
1,9
2,1
1,721
1,781
Lucro líquido
2013 2014
0,600
0,620
0,640
0,660
0,680
0,640
0,648
Ativos totais
2013 2014
19,0
19,2
19,4
19,6
19,2
19,4
Fonte: ADM
ADM no mundo
Principais resultados no 1º trimestre - em US$ bilhões
Lucro líquido
2014 2015
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,267
0,493
Receita
12
14
16
18
20
22
20,696
17,506
Ebit
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,366
0,690
2014 2015 2014 2015
Fonte: empresa
Moinho Pacífico
Principais resultados da empresa - R$ milhões
2013 2014
Receita líquida
270
275
280
285
290
284,6
278,4
2013 2014
Lucro bruto
0
25
50
75
100
87,1
81,0
2013 2014
Lucro líquido
0
25
50
75
100
80,6
9,4
2013 2014
Dívida líquida
-50,0
-37,5
-25,0
-12,5
0,0
-37,4
-7,6
.
GanhosdoMoinhoPacíficotiveram
quedadequase90%noanopassado
Fabiana Batista
De São Paulo
Um dos maiores importadores
e processadores de trigo da Amé-
rica Latina, o Moinho Pacífico, do
empresário Lawrence Pih, infor-
mou que teve em 2014 um lucro
líquido de R$ 9,425 milhões, for-
te queda em relação ao montan-
te de R$ 80,644 milhões de resul-
tado líquido registrado em 2013.
O balanço, publicado no Diá-
rio Empresarial de São Paulo,
mostra que pesou no resultado
um aumento da despesa finan-
ceira líquida. Em 2014, esse tipo
de gasto foi a R$ 37,1 milhões,
ante os R$ 5,1 milhões registra-
dos no ano anterior. Além disso,
despesasgeraiseadministrativas
tiveram forte alta. Foram de
R$ 12,2 milhões em 2013, para
R$ 61,5 milhões em 2014. A em-
presa não informou o motivo do
aumento desses gastos.
O moinho, que adquire trigo
no mercado interno e também
importa a matéria-prima e a fari-
nha, registrou queda em suas
vendas em 2014. A receita opera-
cional líquida decresceu 2,1%,
para R$ 278,4 milhões. O custo
dos produtos e serviços, em igual
comparação, foi 1,5% mais baixo,
de R$ 194,3 milhões.
Apesar do resultado mais aca-
nhado em 2014 na comparação
com 2013, o Moinho Pacífico con-
tinuou com dívida líquida negati-
va. O endividamento com em-
préstimos e financiamentos foi a
R$ 126,1 milhões ao fim de 2014,
11,8% acima dos R$ 112,7 milhões
de um ano antes. No entanto, des-
contadas o caixa e outros ativos
de alta liquidez, a dívida líquida
foi negativa em R$ 7,6 milhões.
Em 2013, também havia sido ne-
gativa em R$ 37,4 milhões.
O ano de 2014 foi desafiador
para os produtores de trigo e pa-
ra o setor moageiro no Brasil. Os
dois principais Estados produto-
res do cereal no país, Paraná em
Rio Grande do Sul, tiveram per-
das de quantidade e qualidade,
em função de chuvas ocorridas
nacolheita.Nocasodotrigogaú-
cho,aperdaabrangeumetadeda
lavoura. Importador líquido do
cereal — o Brasil consome 11 mi-
lhões de toneladas, mas só pro-
duz 5 milhões —, o país teve em
2014 que importar um volume
maior de trigo de fora do Merco-
sul, pois a Argentina, tradicional
fornecedor do cereal, também
teve uma oferta menor.
Ainda que o governo tenha isen-
tado a importação de trigo de fora
do bloco da incidência da Tarifa Ex-
ternaComum(TEC),de10%,essade-
soneração não vigorou por todo o
ano. Por isso, algumas indústrias
acabarampagandoaTEC,oqueele-
vouocustodeaquisiçãodotrigo.
Neste ano, dois outros moi-
nhos de médio e grande portes
divulgaram seus balanços refe-
rentes ao exercício de 2014. O
MoinhoAnaconda,umdosmaio-
resdopaís,informouqueteveem
2014 um lucro líquido de R$ 109
milhões, 26,7% acima dos R$ 86,6
milhões de 2013. Com movimen-
tação de 100 mil toneladas de fa-
LucroglobaldaADMsubiu84%no1o
tri,paraUS$493milhões
Balanço
Camila Souza Ramos
e Mariana Caetano
De São Paulo
A Archer Daniels Midland Com-
pany (ADM), uma das maiores em-
presas de agronegócio do mundo,
reportou ontem um lucro líquido
de US$ 493 milhões no primeiro
trimestre de 2015, encerrado em 31
de março, expressivo avanço de 84%
em relação ao mesmo período do
ano passado. A receita, por sua vez,
recuou 15,4% na mesma compara-
ção, para US$ 17,506 bilhões.
A queda nos preços das com-
modities no mercado interna-
cional contribuiu para pressio-
nar a receita da ADM, enquanto
o aumento das margens de pro-
cessamento favoreceu o cresci-
mento do resultado líquido.
O lucro antes de juros e impos-
tos (Ebit, na sigla em inglês) regis-
trou elevação de 88,5%, para US$
690 milhões. O destaque ficou por
conta das operações de processa-
mentodeoleaginosas,queresulta-
ram em um lucro operacional de
US$ 469 milhões, alta de 57,9% an-
teoprimeirotrimestrede2014.
“Aequipedeoleaginosascapitali-
zouemcondiçõesfavoráveisdemer-
cado e entregou excelentes resulta-
dos,comfortesperformancesemca-
daregião”,disseoCEOJuanLuciano,
em nota. O bom desempenho refle-
tiuvolumesrecordesdesojaproces-
sada na Europa e na América do
Norte, além das fortes margens glo-
bais, impulsionadas pela demanda
aquecidaporfarelo.Colaboroutam-
bém a maior originação na América
doSul,segundoaADM.
Entretanto, a melhora dos re-
sultadosnomercadodebiodiesel
sul-americano, capitaneada pelo
aumento da mistura obrigatória
ao diesel comum no Brasil, foi
contrabalançada por margens
menores com o biocombustível
na América do Norte e pela de-
mandaenfraquecidanaEuropa.
Já os serviços agrícolas contribuí-
ram com um lucro operacional de
US$ 194 milhões no trimestre (alta
de 36,6%), seguido pelo processa-
mento de milho, com US$ 113 mi-
lhões (nesse caso, houve queda de
39,2%). De acordo com a múlti, as
operações de milho sofreram com a
redução da produção de etanol e
margensindustriaismaisapertadas.
Além do balanço, a ADM anun-
ciou ontem que está construindo
uma nova fábrica de premix (pré-
mistura de minerais e vitaminas
para a ração animal) em Zhang-
zhou, no sul da China. A empresa
nãorevelouovalorinvestido.
Conforme a ADM, a nova plan-
ta empregará cerca de 150 pes-
soas e abastecerá uma região im-
portante na produção de suínos,
aves e peixes em cativeiro. A pre-
visão é que as obras estejam con-
cluídas no quarto trimestre de
2016, com uma capacidade de
processamento de 30 mil tonela-
das de pré-mistura por ano.
Amúltiinformouaindaquecons-
truiráumanovafábricaderaçãoem
Glencoe, no Estado americano de
Minnesota,comoobjetivodeapoiar
CLAUDIOBELLI/VALOR
RobertoVidal:comunicaçãoeficienteetrabalhoemequipesãopontos-chave
Fernando Lopes
De São Paulo
Principal frente de negócios da
Louis Dreyfus Commodities (LDC)
nomundoatualmente,oBrasilde-
verá absorver 20% dos investimen-
tos globais de US$ 4 bilhões que a
multinacional francesa planeja
realizarparafortalecersuasopera-
ções nos próximos cinco anos. E,
como no caso de concorrentes co-
mo ADM, Bunge e Cargill, a maior
parte dos recursos destinados ao
paísdeveráseraplicadaemlogísti-
ca,especialmentenaregiãoNorte.
“Vamos investir R$ 500 milhões
porano[até2019].Oobjetivoédar
ênfase às operações, com foco em
ganhos de eficiência”, diz Roberto
Bento Vidal, que assumiu oficial-
mente o cargo de CEO da subsidiá-
ria brasileira no início de março.
Com passagens por empresas co-
moAmbeveVotorantim,Vidalestá
naDreyfusháumanoemeio.Antes
de substituir Adrian Isman no co-
mando da LDC Brasil, era o princi-
palexecutivodaáreaoperacional.
“Novato” no grupo, Vidal, que
tem 44 anos, evita comentários so-
bre as inúmeras mudanças na ges-
tão da multinacional nos últimos
anos, nos planos global e local.
Não considera que tenha sido um
período de turbulência, ainda que
o grupo tenha sido alvo das mais
variadas especulações sobre seu
futuro. Muitos analistas chegaram
a afirmar que o conglomerado
francês só sobreviveria à maior
concorrência entre as tradings, in-
clusiveasasiáticas,sefundisseseus
negócioscomosdealgumarival.
Mudanças aconteceram, é verda-
de, mas nada tão radical. No Brasil,
por exemplo, foi marcante o “spin
off” dos negócios de açúcar e eta-
nol que resultou na criação da Bio-
sev, que abriu o capital em 2013.
Mas a vida continuou. “As mudan-
ças que aconteceram fazem parte
de uma fase normal da evolução do
grupo”, afirma Vidal. “O importan-
te, agora, é melhorar nossa comuni-
cação interna, fomentar o trabalho
em equipe e entregar resultados,
mantendo uma visão de longo pra-
zo”, acredita. E bola para frente.
Aparentemente menos preocu-
pada em ampliar o portfólio de
produtos de maior valor agregado
do que em ganhar mais eficiência
ao longo das cadeias produtivas
nas quais atua, principalmente
grãos,aLDCBrasiljácomeçouain-
crementar os investimentos para
expandir cada vez mais o escoa-
mento de grãos destinados à ex-
portaçãopeloNortedopaís.
Em parceria com outras empre-
sas, entre as quais a também multi-
nacional Glencore e a Amaggi, con-
troladapelafamíliadosenadorBlai-
roMaggi(PR-MT),aLDCjáoperano
porto de Itaqui, no Maranhão, o Te-
gram, primeiro terminal exclusivo
para grãos do Estado. E, paralela-
mente, começa a avançar o projeto
de construção de um terminal de
transbordonorioTapajós,quecorta
o Pará. Essa é frente que deverá ab-
sorveramaiorpartedosinvestimen-
tosprevistosparaospróximosanos.
“É um projeto de três ou quatro
anos. Depois dos aportes na opera-
ção da hidrovia, teremos investi-
mentosportuáriosafazer,queainda
estão indefinidos [e dependem do
andamento do processo de conces-
são de terminais à iniciativa priva-
da]”.Emcincoouseisanos,Vidales-
tima que a LDC estará transportan-
do cerca de 3 milhões de toneladas
degrãospeloTapajós.PeloTegram,o
escoamento dos parceiros poderá
chegara10milhõesdetoneladasaté
2022,comojáinformouoValor.
ParanavegarpeloTapajós,afirma
o CEO, a LDC Brasil provavelmente
contará com barcaça e empurrado-
res próprios e aproveitará a expe-
riência que tem a partir de opera-
ções na hidrovia Tietê-Paraná —
atualmenteparadasporcontadaes-
tiagemdoanopassado—etambém
no Paraguai. “Ao mesmo tempo, va-
mos investir para ampliar a origina-
ção de grãos e em armazéns. Avan-
çar na cadeia produtiva depende
dessacompetitividade”,dizVidal.
Com esses aportes em “negócios
que fazem sentido”, como pontua o
executivo, a expectativa é que a mo-
vimentaçãodegrãosdaLDCnoBra-
sil, que em 2014 alcançou cerca de
10 milhões de toneladas (a soja res-
pondeu por 75% do total e o milho
pelos 25% restantes), aumente em
até 50% nos próximos anos. Na área
de grãos, Vidal também realça a ex-
pansão das operações no mercado
demilhoapósaaquisição,em2014,
daKowalskiAlimentos,donadeuni-
dadesdeprocessamentoeprodução
deitensdemaiorvaloragregadoem
Apucarana(PR)eRioVerde(GO).
Aindasobreosnegóciosnopaís,
Vidal reafirma o compromisso da
LDC de manter uma posição firme
no mercado de suco de laranja — a
empresa é a terceira maior expor-
tadoradoprodutobrasileiro,atrás
de Citrosuco e Cutrale — e acredita
que é possível ampliar a participa-
ção no mercado de café, no qual já
movimenta 250 mil toneladas por
ano,boaparteparaexportação.
Em2014,areceitalíquidadaLDC
Commodities Brasil e suas controla-
das ficou estável em R$ 13,9 bilhões.
E, segundo balanço publicado no
“Diário Oficial Empresarial de São
Paulo”, houve prejuízo de R$ 166,9
milhões, ante perda de R$ 131,6 mi-
lhões em 2013. Segundo dados da
Secretaria de Comércio Exterior (Se-
cex), os embarques da múlti a partir
dopaísrenderamUS$476,9milhões
no primeiro trimestre, 39,5% menos
que em igual período de 2014. Já os
resultados globais do grupo melho-
raramem2014.(vertabela).
o mercado em expansão no Meio-
Oeste dos EUA. A expectativa da
ADMéqueafábricaestejaprontano
primeiro trimestre de 2016, com
uma capacidade de processamento
decercade80miltoneladasdepro-
dutosporano,especialmenteparaa
alimentaçãodesuínosebovinos.
A ADM também anunciou que
chegou a um acordo para adqui-
rir a North Star Shipping e a Min-
metal, ampliando sua rede de
originaçãoetransportecomain-
corporação das instalações de
exportação das duas empresas
no porto romeno de Constanta,
no Mar Negro. A região é impor-
tante produtora de grãos.
A ADM já era parceira da Nor-
th Star e da Minmetal, que ope-
ram elevadores de grãos e arma-
zéns, além de terem serviços por-
tuários e uma agência de navega-
ção na foz do rio Danúbio.
EstratégiaEmpresaplanejainvestirR$500milhõesporanonoBrasilaté2019
LouisDreyfusCommoditiesdá
ênfaseaaumentodeeficiência
rinha por ano, o Anaconda infor-
mou que seu desempenho se de-
veu, em parte, à atuação no mer-
cado de farinhas tipificadas, para
o atendimento de demandas es-
pecíficasdeseusclientes.
O Moinho Santa Clara, de São
Paulo, informou que teve em 2014
umlucrolíquido23%menor,deR$
12,2milhões.Conformeomoinho,
o resultado sofreu impacto do
maiorcustodeaquisiçãodetrigo.