1. Juiz acata queixa contra
sistema de coleta de lixo
Método não separa resíduos
orgânicos dos recicláveis
“Não existe
sinalização, os
refletores são
pequenos. Isso
sem falar no mau
cheiro. Queremos
um sistema
decente.”
Presidente do Conseg Centro
MEIO AMBIENTE ||| URBANISMO
Eu não vou
cair. Eu não
vou, eu não vou. Isso é
moleza. Isso é luta
política.
FILETO ALBUQUERQUE
Indenização
Cecília Polycarpo
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
cecilia.cebalho@rac.com.br
O juiz da 1ª Vara da Fazenda de
Campinas, Mauro Iuji Fukumo-
to, acatou a ação dos morado-
res de Campinas contrários à
coleta mecanizada de lixo orgâ-
nico implementada no ano pas-
sado em cinco das principais
regiões da cidade (Centro, Cam-
buí, Sousas, Joaquim Egídio e
Barão Geraldo). Os usuários pe-
dem o fim do sistema responsá-
vel por espalhar 3,7 mil contêi-
neres pelas ruas do município.
Desde o início de sua implanta-
ção, em maio de 2014, a nova
coleta é polêmica e recebe críti-
cas da população. Os usuários
alegam que as caçambas foram
mal posicionadas e que a fre-
quência da higienização, de
uma vez por mês, é insuficien-
te. Além disso, há queixas de
que o sistema não foi apresen-
tado previamente e nem debati-
do com a população. Todos es-
ses argumentos constam na
ação, que foi validada pelo Mi-
nistério Público (MP).
Na decisão expedida na últi-
ma sexta-feira, Fukumoto aco-
lheu os argumentos da Promo-
toria e rejeitou as contestações
da Prefeitura e da Renova Am-
biental, empresa contratada pa-
ra fazer a coleta. Agora, mora-
dores e Prefeitura aguardam a
decisão do juiz. A iniciativa de
mover a ação foi do morador
de Barão Geraldo Renato César
Pereira, e recebeu a adesão dos
Conselhos Municipais de Segu-
rança (Consegs) das outras qua-
tro regiões. Barão foi o primei-
ro local a ter a instalação dos
contêineres, que provocou re-
jeição de usuários logo nos pri-
meiros dias. O Correio fez uma
série de reportagens em que os
moradores afirmaram não te-
rem sido consultados pelo no-
vo sistema. Na ação, o grupo
alega que a audiência pública
no distrito para debater a cole-
ta ocorreu apenas seis dias an-
tes da implantação, e não foi
devidamente divulgada.
Eles contestam também a
frequência da lavagem das ca-
çambas e afirmam que a limpe-
za não é feita quando ela está
com lixo. No processo, há um
link de um vídeo no Youtube
que mostra o caminhão indo
embora sem lavar uma dos
contêineres. Além disso, o gru-
po alega que os equipamentos
são posicionados nas calçadas
em diversas ruas do Cambuí,
Centro e Barão Geraldo, impe-
dido a circulação de cadeiran-
tes e carrinhos de bebê em vá-
rios pontos.
Pereira afirmou que os argu-
mentos da defesa apresentada
pela Prefeitura e Renova fo-
ram fracos. “Eles disseram que
não há contêineres em cima
das calçadas, mas basta você
andar pelo Cambuí e Barão Ge-
raldo para ver dezenas deles”,
disse. O morador de Barão dis-
se ainda que o sistema de cole-
ta mecanizada não deveria ser
prioridade em uma cidade
que sofre com uma histórica
epidemia de dengue e tem di-
versos problemas em áreas co-
mo saúde, educação e trans-
porte público.
O presidente do Conseg do
Centro, Fileto Albuquerque, dis-
se que recebeu com o otimis-
mo a notícia de que o juiz ha-
via acatado a ação. “Acho que
pesou também o fato de o lixo
orgânico ser misturado com o
reciclável na caçamba. Existe
até um ofício do Condema co-
brando a Prefeitura em relação
à destinação dos recicláveis.”
Albuquerque disse ainda
que o escasso espaço para esta-
cionamento e circulação de car-
ros no Centro fica ainda mais
comprometido com os contêi-
neres. “E não existe sinaliza-
ção, os refletores são peque-
nos. Algumas nem têm mais o
adesivo. Isso sem falar no mau
cheiro. Queremos que eles fa-
çam um sistema decente.”
Outro lado
O Correio procurou a Prefeitu-
ra para se posicionar sobre a
ação, mas a Administração in-
formou apenas que não foi no-
tificada da decisão do juiz. Na
manifestação entregue, a Pre-
feitura alegou que “não há dis-
positivo legal para sustentar a
ação”. Ou seja, não existiria ir-
regularidades na licitação e
contratação da Renova. O pro-
curador do município disse ain-
da que ocorreram audiências
públicas e que o sistema não fe-
re a legislação ambiental. O Pla-
no Municipal Integrado de Re-
síduos Sólidos determina que
até 2033 toda a cidade tenha a
coleta de lixo mecanizada. A
Prefeitura ainda avalia quais se-
rão as próximas regiões a rece-
ber o sistema mecanizado de
coleta de lixo, mas o diretor do
DLU, Alexandre Gonçalves, dis-
se que um dos locais prováveis
é o bairro Ponte Preta.
De saída
Marmelada
Tem vereador de Campi-
nas bem chateado. Isso por-
que não conseguiu uma boa
posição no ranking dos parla-
mentares que mais produzi-
ram no primeiro semestre
deste ano. Eles alegam que
apresentaram boas propos-
tas e que não podem ser com-
parados a quem só protoco-
lou projeto para nomear ruas
e praças e para dar honra-
rias. Nesse caso, segundo es-
se grupo, a comparação é in-
justa uma vez que as propos-
tas não passam de uma “per-
fumaria”.
A produção
De fato, muitos dos verea-
dores que ficaram bem colo-
cados no ranking publicado
pelo Correio na edição de se-
gunda-feira só apresentaram
propostas sem grande impac-
to para Campinas. As indica-
ções também lotaram a pau-
ta.
Bons projetos
Um bom projeto, para os
parlamentares que não gosta-
ram da sua classificação, pre-
cisa alterar de forma positiva
a vida dos moradores, ser
sancionado pelo prefeito Jo-
nas Donizette (PSB) e passar
por uma etapa bem difícil
que é a regulamentação, o
que faz com que a lei passe a
valer de verdade. Esse tipo de
projeto podemos dizer que é
coisa difícil de ver na Câmara
campineira.
Não é do partido
Apesar do PSD constar no
rol de partidos beneficiados
com cargos em comissão no
governo Jonas Donizette
(PSB) e ter sido listado no Mi-
nistério Público numa ação
que pede a condenação pelo
uso político das nomeações,
o presidente nacional da le-
genda, Guilherme Campos,
informou ontem que não fez
qualquer indicação para o go-
verno do prefeito Jonas em
nome da legenda.
Não integra
O PSD não integra o go-
verno por falta de alinha-
mento entre Jonas e Guilher-
me Campos, apesar dos inú-
meros convites feitos pelos
peessebistas nos últimos
anos. A legenda deve seguir
outros caminhos em 2016.
Acontece que na Câmara o
partido tem dois vereadores.
Neusa do São João e Vini-
cius Gratti, que são alinha-
dos ao governo e fazem a de-
fesa das propostas do Execu-
tivo na tribuna, além de con-
tarem com benefícios na Ad-
ministração.
Em ação, grupo de moradores pede o fim de caçambas nas ruas
Sem justificativa
O vereador de Campinas Tico Costa, filiado ao
Solidariedade desde que o partido foi fundado, em 2013,
decidiu abandonar a legenda e voltar às suas origens, o
PP. A saída de Tico, pelo que se comenta, está atrelada ao
seu projeto de reeleição no ano que vem. No
Solidariedade, as possibilidades seriam reduzidas.
Oficialmente ele alega que decidiu voltar por
identificação. “Minha passagem pelo Solidariedade foi
importante. Mas pesou, no momento, minha identificação
com o PP, pelo qual eu me elegi vereador. Volto para o
partido que me acolheu quando optei pela política”, disse.
Principal crítica é em relação à mistura de lixo orgânico e reciclável: Condema já fez recomendação cobrando Prefeitura sobre reaproveitamento
Caçamba mal posicionada em Barão Geraldo: alvos de vandalismo
80%
A ação foi proposta pelo
Ministério Público do
Trabalho. Segundo o
procurador Alex Duboc
Garbellini, vários
funcionários concursados
foram demitidos ao término
do período de experiência
sob a justificativa de
“insuficiência de
rendimentos”. Os
servidores demitidos
podem entrar com ações
individuais para pedir a
reintegração. Cabe recurso
ao Tribunal Regional do
Trabalho da 15ª Região,
em Campinas.
milene@rac.com.br
Já foi alvo de pichadores; de 2%
a 5% dos contêineres já tiveram
de ser trocados
A Informática de Municípios Associados (IMA) foi
condenada a pagar uma indenização coletiva no valor de
R$ 1 milhão por ter demitido de forma abusiva
funcionários concursados. A decisão foi da 6ª Vara do
Trabalho de Campinas. A sentença determina que a IMA
deixe de rescindir contratos sem justa causa, mesmo ao
final do período de experiência, que descreva o motivo da
demissão e garanta ao empregado o direito à defesa, sob
pena de multa diária de R$ 10 mil por trabalhador.
MILENE MORETO
Fotos: Janaína Ribeiro/30jun2015/Especial para a AAN
DAS CAÇAMBAS
Usuários reclamam
da posição das lixeiras
e da falta de limpeza
U
m dos argumentos
mais fortes da ação
seria de que a coleta
mecanizada prejudica a
seletiva, pois compactaria
indiscriminadamente todos
os resíduos. No último dia
30, o Correio percorreu ruas
do Centro, Cambuí e Barão
Geraldo e viu diversos
contêineres com material
reciclável. Além disso, há
caçambas nas calçadas de
pelo menos cinco vias:
Moraes Salles, Conceição,
Coronel Quirino, Albino J. B.
Oliveira e Dr. Romeu
Tórtima. Na Rua Maria
Monteiro, no Cambuí, uma
das caçambas estava no meio
da rua, e não próxima do
meio fio. A maioria das
caçambas está deteriorada
nas três regiões, com
pichações, rodas quebradas e
sem os refletores para serem
vistas por motoristas à noite.
No início de junho,
levantamento feito pelo
Departamento de Limpeza
Urbana (DLU) estima que,
das 3,7 mil lixeiras
instaladas, cerca de 80%
foram alvo de pichação, e de
2% a 5% (de 74 a 185) dos
equipamentos já foram
substituídos por vandalismo.
Há ainda casos de moradores
que ignoram a coleta
mecanizada. Em Barão
Geraldo, algumas pessoas
continuam colocando os
sacos nas lixeiras de metal
em frente às casas. “Eles têm
preguiça de andar dez ou 15
metros e deixam o lixo
orgânico no local onde
deveria estar o reciclável”,
disse a estudante de
engenharia de alimentos
Maria Eugênia Camargo, de
20 anos. (CP/AAN)
Da presidente Dilma Rousseff, ao comentar as tentativas da oposição de
emplacar um pedido de impeachment.
Xeque-Mate
A6 CORREIO POPULARA6
Campinas, quarta-feira, 8 de julho de 2015
CIDADES