SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 17
Baixar para ler offline
Renato Varges
Teorias sobre a relação entre Doenças bocais
                e doenças sistêmicas

  Billings 1912 – “Penso que não existe dúvida de que os
  processos degenerativos insidiosos que ocorrem em pacientes
  de idade madura são devidos à lenta intoxicação de infecções
  focais localizadas em algum lugar do organismo, geralmente
  boca e vias aéreas”.



              Exodontias e Tonsilectomias

Novos recursos terapêuticos na Periodontia e Endodontia
Final do século XX, compreensão mais apurada da
                            realidade

• Endocardite
• Toxinas bacterianas oriundas da bolsa periodontal
• Bactérias não bucais isoladas na bolsa periodontal e sulco
  gengival
• Helicobacter pylori na saliva e biofilme de 43,3% de brasileiros
  com doença periodontal, gengivite e úlcera estomacal
  concomitantes.


         BOLSA PERIODONTAL – IMPORTANTE RESERVATÓRIO!
Bacteriemias



                      Veiculação sanguínea de
                         toxinas e antígenos
                      bacterianos, mediadores
                     da inflamação e complexos
                             imunitários
Bactérias bucais e                               Início ou agravamento
 seus produtos                                   de lesões extrabucais
     tóxicos

                       Disseminação para
                        órgãos contíguos


                         Aspiração para
                          os pulmões
A bacteriemia é considerada a principal forma de veiculação
bacteriana para órgãos e tecidos dos quais estão primariamente
instaladas.
Encontrando condições ecológicas em um tecido, as bactérias o
colonizam, levando ao risco de doença ou agravamento de
doença previamente instalada.
Bactérias de origem bucal são particularmente perigosas , pois
espécies presentes no biofilme bucal são dotadas de eficazes
mecanismos de colonização de superfícies naturais e artificiais.
A bolsa periodontal é a maior fonte bucal de microrganismos
patogênicos, catabólitos microbianos tóxicos, antígenos e
mediadores pró-inflamatórios que, quando translocados para
outras estruturas do corpo, tem a potencialidade de gerar lesões
ou de agravar as pré-existentes.


A maioria das bacteriemias são provocadas pela escovação,
passagem     subgengival    do     fio   dental,   mastigação   e,
significativamente, por intervenções profissionais geradoras de
intenso sangramento, como raspagens e cirurgias.
É um processo infeccioso que acomete o endocárdio. Na maioria das vezes, a
infecção envolve a superfície valvular mas pode acometer outras regiões do
                                endocárdio.
Bactérias na corrente sanguínea colonizam a superfície do
endocárdio, especialmente as válvulas mitral e aórtica.

Há complexas interações entre os patógenos circulantes e as
moléculas da matriz intercelular do endocárdio, plaquetas e fibrina
que em sítios previamente lesados (vegetação).

Pode ocorrer colonização de válvulas hígidas, mas é muito mais
frequente nas previamente lesadas, pela presença de coágulos que
favorecem a fixação das bactérias e dificultam a fagocitose.

Colonização do epitélio valvular e desenvolvimento de biofilme
que protege as bactérias e permite sua rápida multiplicação.
O biofilme vai se desenvolvendo e a maior produção de enzimas e toxinas
histolíticas promove a destruição dos folhetos valvulares, processo que
desencadeia a perda gradativa da função valvular, que permite o refluxo de
sangue, levando à insuficiência cardíaca.
ETIOLOGIA
• Streptococcus beta-hemolíticos
- S.salivarius; S.mitis; S.sanguinis

• Na era pré antibiótica eram responsáveis por mais de 80% das
  endocardites, hoje apenas por 40-50%.

• Utilizam polissacarídeos extracelulares para aderir ao epitélio vascular.

• Possuem adesinas específicas para receptores das celulas valvulares

• Alguns tem grande capacidade de ligação à plaquetas e fibrinas
  presentes nas lesões valvulares – PAAP (Proteína Associada à
  Agregação de Plaquetas)
ETIOLOGIA

Staphylococcus aureus é a espécie que vem ganhando maior
destaque nos últimos anos na etiologia da endocardite
infecciosa, especialmente por sua destacada resistência aos
antimicrobianos.



A endocardite causada por S.aureus costuma ser muito grave e
apresenta altos índices de mortalidade porque leva à toxemia, a
infecções metastáticas e, em muitos casos, ao
comprometimento do SNC.
Repercussões sistêmicas das doenças infecciosas da boca
SINAIS CLÍNICOS DETECTÁVEIS

• Febre alta e episódica

• Sopro cardíaco

• Esplenomagalia

• Petéquias cutâneas

• Sinais neurológicos
DIAGNÓSTICO

• Em função da gravidade, deve ser realizado rapidamente.

• Exame microbiológico do sangue para identificação do
  agente (hemocultura)

• Ecocardiografia para constatação de vegetações valvulares
Há inúmeros relatos que apontam bactérias residentes no biofilme dental
como as responsáveis por pneumonias e abscessos pulmonares
(Actinomyces israelii, P. gingivalis, P. intermedia)



A pneumonia nosocomial em pacientes geriátricos é bastante comum pelo longo
tempo que permanecem acamados nos Centros de Terapia Intensiva.

Pacientes sob estas condições, principalmente submetidos à ventilação
mecânica, necessitam de cuidados na higienização bucal bastante rigorosos,
especialmente aqueles com doença periodontal avançada.

A dificuldade na higienização favorece o acúmulo significativo de biofilme
dental, facilitando a aspiração de microrganismos, que, em função da baixa
resistência orgânica podem vir a causar lesões pulmonares ou agravar as pré-
existentes.
Doenças periodontais graves instaladas em gestantes podem
predispor a complicações da gestação, principalmente ao
nascimento de pré-maturos com baixo corporal.


O LPS das bactérias periodontopatogenicas ao serem liberados
tornam-se indutores de elevados níveis locais e sistêmicos de
mediadores da inflamação. Alguns destes mediadores, como as
prostaglandinas, estão envolvidos no desencadeamento do parto
normal, provocando amadurecimento do colo uterino e a contração
do miométrio.
Repercussões sistêmicas das doenças infecciosas da boca

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Cárie com interesse à Dentística
Cárie com interesse à DentísticaCárie com interesse à Dentística
Cárie com interesse à Dentísticaprofguilhermeterra
 
Exame clínico, diagnóstico e plano de tratamento em odontopediatria.
Exame clínico, diagnóstico e plano de tratamento em odontopediatria.Exame clínico, diagnóstico e plano de tratamento em odontopediatria.
Exame clínico, diagnóstico e plano de tratamento em odontopediatria.Cristhiane Amaral
 
Caso Clínico odontológico
Caso Clínico odontológicoCaso Clínico odontológico
Caso Clínico odontológicoJuliana Blenda
 
Resumo de Endodontia - Medicação Intracanal - Hidróxido de Cálcio, Otosporin,...
Resumo de Endodontia - Medicação Intracanal - Hidróxido de Cálcio, Otosporin,...Resumo de Endodontia - Medicação Intracanal - Hidróxido de Cálcio, Otosporin,...
Resumo de Endodontia - Medicação Intracanal - Hidróxido de Cálcio, Otosporin,...André Milioli Martins
 
Proteção complexo dentino pulpar- camilla bringel
Proteção complexo dentino pulpar- camilla bringelProteção complexo dentino pulpar- camilla bringel
Proteção complexo dentino pulpar- camilla bringelCamilla Bringel
 
Aula De Cistos Uninove 2009 2003
Aula De Cistos Uninove 2009 2003Aula De Cistos Uninove 2009 2003
Aula De Cistos Uninove 2009 2003Uninove
 
Proteção do complexo dentino-pulpar
Proteção do complexo dentino-pulparProteção do complexo dentino-pulpar
Proteção do complexo dentino-pulparprofguilhermeterra
 
Slides de seminário: Diagnóstico e Classificações das Doenças Periodontais
Slides de seminário: Diagnóstico e Classificações das Doenças PeriodontaisSlides de seminário: Diagnóstico e Classificações das Doenças Periodontais
Slides de seminário: Diagnóstico e Classificações das Doenças PeriodontaisVítor Genaro
 
Como deve ser feita a profilaxia
Como deve ser feita a profilaxiaComo deve ser feita a profilaxia
Como deve ser feita a profilaxiaJP ABNT
 
Nomenclatura e Classificação das Cavidades
Nomenclatura e Classificação das CavidadesNomenclatura e Classificação das Cavidades
Nomenclatura e Classificação das Cavidadesprofguilhermeterra
 
1 aula - Moldagem, Molde e Modelo
1 aula - Moldagem, Molde e Modelo1 aula - Moldagem, Molde e Modelo
1 aula - Moldagem, Molde e ModeloValdemir Junior
 
Odontologia- Anestesia local
Odontologia- Anestesia localOdontologia- Anestesia local
Odontologia- Anestesia localItalo Gabriel
 
Manobras Cirurgicas Odonto
Manobras Cirurgicas OdontoManobras Cirurgicas Odonto
Manobras Cirurgicas OdontoMirielly Macedo
 

Mais procurados (20)

Cárie com interesse à Dentística
Cárie com interesse à DentísticaCárie com interesse à Dentística
Cárie com interesse à Dentística
 
Exame clínico, diagnóstico e plano de tratamento em odontopediatria.
Exame clínico, diagnóstico e plano de tratamento em odontopediatria.Exame clínico, diagnóstico e plano de tratamento em odontopediatria.
Exame clínico, diagnóstico e plano de tratamento em odontopediatria.
 
Endodontia Em Dentes Deciduos
Endodontia Em Dentes DeciduosEndodontia Em Dentes Deciduos
Endodontia Em Dentes Deciduos
 
Exodontia simples
Exodontia simplesExodontia simples
Exodontia simples
 
Caso Clínico odontológico
Caso Clínico odontológicoCaso Clínico odontológico
Caso Clínico odontológico
 
Resumo de Endodontia - Medicação Intracanal - Hidróxido de Cálcio, Otosporin,...
Resumo de Endodontia - Medicação Intracanal - Hidróxido de Cálcio, Otosporin,...Resumo de Endodontia - Medicação Intracanal - Hidróxido de Cálcio, Otosporin,...
Resumo de Endodontia - Medicação Intracanal - Hidróxido de Cálcio, Otosporin,...
 
doença periodontal
doença periodontaldoença periodontal
doença periodontal
 
Proteção complexo dentino pulpar- camilla bringel
Proteção complexo dentino pulpar- camilla bringelProteção complexo dentino pulpar- camilla bringel
Proteção complexo dentino pulpar- camilla bringel
 
Aula De Cistos Uninove 2009 2003
Aula De Cistos Uninove 2009 2003Aula De Cistos Uninove 2009 2003
Aula De Cistos Uninove 2009 2003
 
Cimento de ionômero de vidro
Cimento de ionômero de vidroCimento de ionômero de vidro
Cimento de ionômero de vidro
 
Cariologia
CariologiaCariologia
Cariologia
 
Proteção do complexo dentino-pulpar
Proteção do complexo dentino-pulparProteção do complexo dentino-pulpar
Proteção do complexo dentino-pulpar
 
Slides de seminário: Diagnóstico e Classificações das Doenças Periodontais
Slides de seminário: Diagnóstico e Classificações das Doenças PeriodontaisSlides de seminário: Diagnóstico e Classificações das Doenças Periodontais
Slides de seminário: Diagnóstico e Classificações das Doenças Periodontais
 
Como deve ser feita a profilaxia
Como deve ser feita a profilaxiaComo deve ser feita a profilaxia
Como deve ser feita a profilaxia
 
Nomenclatura e Classificação das Cavidades
Nomenclatura e Classificação das CavidadesNomenclatura e Classificação das Cavidades
Nomenclatura e Classificação das Cavidades
 
1 aula - Moldagem, Molde e Modelo
1 aula - Moldagem, Molde e Modelo1 aula - Moldagem, Molde e Modelo
1 aula - Moldagem, Molde e Modelo
 
Isolamento absoluto na Endodontia
Isolamento absoluto na EndodontiaIsolamento absoluto na Endodontia
Isolamento absoluto na Endodontia
 
Odontologia- Anestesia local
Odontologia- Anestesia localOdontologia- Anestesia local
Odontologia- Anestesia local
 
Manobras Cirurgicas Odonto
Manobras Cirurgicas OdontoManobras Cirurgicas Odonto
Manobras Cirurgicas Odonto
 
Prótese dentária
Prótese dentáriaPrótese dentária
Prótese dentária
 

Destaque

B I O F I L M E S B U C A I S
B I O F I L M E S  B U C A I SB I O F I L M E S  B U C A I S
B I O F I L M E S B U C A I Sguest712f83
 
Controle microbiano - Renato Varges
Controle microbiano - Renato VargesControle microbiano - Renato Varges
Controle microbiano - Renato VargesRenato Varges - UFF
 
Técnicas de estudo - Renato Varges
Técnicas de estudo - Renato VargesTécnicas de estudo - Renato Varges
Técnicas de estudo - Renato VargesRenato Varges - UFF
 
Aula alunos graduação
Aula alunos graduaçãoAula alunos graduação
Aula alunos graduaçãoCesar Benfatti
 
Terapia fotodinâmica em Periodntia
Terapia fotodinâmica em PeriodntiaTerapia fotodinâmica em Periodntia
Terapia fotodinâmica em PeriodntiaOyara Mello
 
2012 aula higiene_bucal_templa
2012 aula higiene_bucal_templa2012 aula higiene_bucal_templa
2012 aula higiene_bucal_templaSEAAPA
 
PROTOCOLO CLÍNICO-ODONTOLÓGICO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
PROTOCOLO CLÍNICO-ODONTOLÓGICO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS PROTOCOLO CLÍNICO-ODONTOLÓGICO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
PROTOCOLO CLÍNICO-ODONTOLÓGICO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS Oyara Mello
 
Enxertos osseos abo 2013
Enxertos osseos abo 2013Enxertos osseos abo 2013
Enxertos osseos abo 2013Bruna Sartori
 
Tec saude -_urgencia_e_emergencia
Tec saude -_urgencia_e_emergenciaTec saude -_urgencia_e_emergencia
Tec saude -_urgencia_e_emergenciaClaudio Viegas
 

Destaque (20)

Microbiota normal odonto
Microbiota normal odontoMicrobiota normal odonto
Microbiota normal odonto
 
Controle de biofilme 2 blog
Controle de biofilme  2 blogControle de biofilme  2 blog
Controle de biofilme 2 blog
 
B I O F I L M E S B U C A I S
B I O F I L M E S  B U C A I SB I O F I L M E S  B U C A I S
B I O F I L M E S B U C A I S
 
Microbiota bucal 2014
Microbiota bucal 2014Microbiota bucal 2014
Microbiota bucal 2014
 
Introdução à microbiologia
Introdução à microbiologiaIntrodução à microbiologia
Introdução à microbiologia
 
Controle microbiano - Renato Varges
Controle microbiano - Renato VargesControle microbiano - Renato Varges
Controle microbiano - Renato Varges
 
Técnicas de estudo - Renato Varges
Técnicas de estudo - Renato VargesTécnicas de estudo - Renato Varges
Técnicas de estudo - Renato Varges
 
Problemas médico legais
Problemas médico legaisProblemas médico legais
Problemas médico legais
 
Perio dx.
Perio dx.Perio dx.
Perio dx.
 
Stf Odonto
Stf OdontoStf Odonto
Stf Odonto
 
Aula alunos graduação
Aula alunos graduaçãoAula alunos graduação
Aula alunos graduação
 
Anestesiologia
Anestesiologia Anestesiologia
Anestesiologia
 
Terapia fotodinâmica em Periodntia
Terapia fotodinâmica em PeriodntiaTerapia fotodinâmica em Periodntia
Terapia fotodinâmica em Periodntia
 
Seminario micro geral_biofilmes
Seminario micro geral_biofilmesSeminario micro geral_biofilmes
Seminario micro geral_biofilmes
 
2012 aula higiene_bucal_templa
2012 aula higiene_bucal_templa2012 aula higiene_bucal_templa
2012 aula higiene_bucal_templa
 
Caso Controle
Caso ControleCaso Controle
Caso Controle
 
PROTOCOLO CLÍNICO-ODONTOLÓGICO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
PROTOCOLO CLÍNICO-ODONTOLÓGICO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS PROTOCOLO CLÍNICO-ODONTOLÓGICO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
PROTOCOLO CLÍNICO-ODONTOLÓGICO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
 
Enxertos osseos abo 2013
Enxertos osseos abo 2013Enxertos osseos abo 2013
Enxertos osseos abo 2013
 
Periodontia em odontopediatria
Periodontia em odontopediatriaPeriodontia em odontopediatria
Periodontia em odontopediatria
 
Tec saude -_urgencia_e_emergencia
Tec saude -_urgencia_e_emergenciaTec saude -_urgencia_e_emergencia
Tec saude -_urgencia_e_emergencia
 

Semelhante a Repercussões sistêmicas das doenças infecciosas da boca

Micro endodontia
Micro endodontiaMicro endodontia
Micro endodontiafausto2010
 
Endocardite infecciosa
Endocardite infecciosaEndocardite infecciosa
Endocardite infecciosadapab
 
Patologia 07 doenças infecciosas - med resumos - arlindo netto
Patologia 07   doenças infecciosas - med resumos - arlindo nettoPatologia 07   doenças infecciosas - med resumos - arlindo netto
Patologia 07 doenças infecciosas - med resumos - arlindo nettoJucie Vasconcelos
 
Aula de bacterias pdf104201112530
Aula de bacterias pdf104201112530Aula de bacterias pdf104201112530
Aula de bacterias pdf104201112530Jerson Dos Santos
 
Microbiologia - Parte 3 (2).pdf
Microbiologia - Parte 3 (2).pdfMicrobiologia - Parte 3 (2).pdf
Microbiologia - Parte 3 (2).pdfTawaneBalsanuff
 
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre Bacterioses
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre BacteriosesSlides da aula de Biologia (Renato) sobre Bacterioses
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre BacteriosesTurma Olímpica
 
APOSTILÃO MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROF FELIPE.pdf
APOSTILÃO MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROF FELIPE.pdfAPOSTILÃO MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROF FELIPE.pdf
APOSTILÃO MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROF FELIPE.pdfProfFelipeSoaresQumi
 
AULA 3 - BACTÉRIAS.pdf
AULA 3 - BACTÉRIAS.pdfAULA 3 - BACTÉRIAS.pdf
AULA 3 - BACTÉRIAS.pdfJordniaMatias2
 
Cocos de interesse em patologia humana
Cocos de interesse em patologia humanaCocos de interesse em patologia humana
Cocos de interesse em patologia humananaiellyrodrigues
 
trabalho de bio doenças completo parte 2
trabalho de bio   doenças completo parte 2trabalho de bio   doenças completo parte 2
trabalho de bio doenças completo parte 2eld09
 
Apres de fungosm
Apres de fungosmApres de fungosm
Apres de fungosmAnnah012
 
Apresentação SLIDES DE - Staphylococcus.pptx
Apresentação SLIDES DE - Staphylococcus.pptxApresentação SLIDES DE - Staphylococcus.pptx
Apresentação SLIDES DE - Staphylococcus.pptxIngridEvelyn4
 
Propagação das Infecções Dentárias
Propagação das Infecções DentáriasPropagação das Infecções Dentárias
Propagação das Infecções DentáriasRaphael Machado
 
ETIOLOGAS DAS INFECÇÕES ODONTOGENICAS CERTO.pptx
ETIOLOGAS DAS INFECÇÕES ODONTOGENICAS  CERTO.pptxETIOLOGAS DAS INFECÇÕES ODONTOGENICAS  CERTO.pptx
ETIOLOGAS DAS INFECÇÕES ODONTOGENICAS CERTO.pptxFagnerJunio3
 
1.1Prevenção da Infeção_23_24.pptx
1.1Prevenção da Infeção_23_24.pptx1.1Prevenção da Infeção_23_24.pptx
1.1Prevenção da Infeção_23_24.pptxRodrigo Corte Real
 
Microbiologia: Bactérias Patogênicas de Interesse Médico
Microbiologia: Bactérias Patogênicas de Interesse MédicoMicrobiologia: Bactérias Patogênicas de Interesse Médico
Microbiologia: Bactérias Patogênicas de Interesse MédicoNanaxara da Silva
 

Semelhante a Repercussões sistêmicas das doenças infecciosas da boca (20)

Micro endodontia
Micro endodontiaMicro endodontia
Micro endodontia
 
Trabalho cap. 17
Trabalho cap. 17Trabalho cap. 17
Trabalho cap. 17
 
Cap 17
Cap 17Cap 17
Cap 17
 
Bactérias.
Bactérias.Bactérias.
Bactérias.
 
Endocardite infecciosa
Endocardite infecciosaEndocardite infecciosa
Endocardite infecciosa
 
Patologia 07 doenças infecciosas - med resumos - arlindo netto
Patologia 07   doenças infecciosas - med resumos - arlindo nettoPatologia 07   doenças infecciosas - med resumos - arlindo netto
Patologia 07 doenças infecciosas - med resumos - arlindo netto
 
Aula de bacterias pdf104201112530
Aula de bacterias pdf104201112530Aula de bacterias pdf104201112530
Aula de bacterias pdf104201112530
 
Microbiologia - Parte 3 (2).pdf
Microbiologia - Parte 3 (2).pdfMicrobiologia - Parte 3 (2).pdf
Microbiologia - Parte 3 (2).pdf
 
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre Bacterioses
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre BacteriosesSlides da aula de Biologia (Renato) sobre Bacterioses
Slides da aula de Biologia (Renato) sobre Bacterioses
 
APOSTILÃO MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROF FELIPE.pdf
APOSTILÃO MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROF FELIPE.pdfAPOSTILÃO MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROF FELIPE.pdf
APOSTILÃO MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROF FELIPE.pdf
 
AULA 3 - BACTÉRIAS.pdf
AULA 3 - BACTÉRIAS.pdfAULA 3 - BACTÉRIAS.pdf
AULA 3 - BACTÉRIAS.pdf
 
Cocos de interesse em patologia humana
Cocos de interesse em patologia humanaCocos de interesse em patologia humana
Cocos de interesse em patologia humana
 
Trabalho pronto
Trabalho prontoTrabalho pronto
Trabalho pronto
 
trabalho de bio doenças completo parte 2
trabalho de bio   doenças completo parte 2trabalho de bio   doenças completo parte 2
trabalho de bio doenças completo parte 2
 
Apres de fungosm
Apres de fungosmApres de fungosm
Apres de fungosm
 
Apresentação SLIDES DE - Staphylococcus.pptx
Apresentação SLIDES DE - Staphylococcus.pptxApresentação SLIDES DE - Staphylococcus.pptx
Apresentação SLIDES DE - Staphylococcus.pptx
 
Propagação das Infecções Dentárias
Propagação das Infecções DentáriasPropagação das Infecções Dentárias
Propagação das Infecções Dentárias
 
ETIOLOGAS DAS INFECÇÕES ODONTOGENICAS CERTO.pptx
ETIOLOGAS DAS INFECÇÕES ODONTOGENICAS  CERTO.pptxETIOLOGAS DAS INFECÇÕES ODONTOGENICAS  CERTO.pptx
ETIOLOGAS DAS INFECÇÕES ODONTOGENICAS CERTO.pptx
 
1.1Prevenção da Infeção_23_24.pptx
1.1Prevenção da Infeção_23_24.pptx1.1Prevenção da Infeção_23_24.pptx
1.1Prevenção da Infeção_23_24.pptx
 
Microbiologia: Bactérias Patogênicas de Interesse Médico
Microbiologia: Bactérias Patogênicas de Interesse MédicoMicrobiologia: Bactérias Patogênicas de Interesse Médico
Microbiologia: Bactérias Patogênicas de Interesse Médico
 

Repercussões sistêmicas das doenças infecciosas da boca

  • 2. Teorias sobre a relação entre Doenças bocais e doenças sistêmicas Billings 1912 – “Penso que não existe dúvida de que os processos degenerativos insidiosos que ocorrem em pacientes de idade madura são devidos à lenta intoxicação de infecções focais localizadas em algum lugar do organismo, geralmente boca e vias aéreas”. Exodontias e Tonsilectomias Novos recursos terapêuticos na Periodontia e Endodontia
  • 3. Final do século XX, compreensão mais apurada da realidade • Endocardite • Toxinas bacterianas oriundas da bolsa periodontal • Bactérias não bucais isoladas na bolsa periodontal e sulco gengival • Helicobacter pylori na saliva e biofilme de 43,3% de brasileiros com doença periodontal, gengivite e úlcera estomacal concomitantes. BOLSA PERIODONTAL – IMPORTANTE RESERVATÓRIO!
  • 4. Bacteriemias Veiculação sanguínea de toxinas e antígenos bacterianos, mediadores da inflamação e complexos imunitários Bactérias bucais e Início ou agravamento seus produtos de lesões extrabucais tóxicos Disseminação para órgãos contíguos Aspiração para os pulmões
  • 5. A bacteriemia é considerada a principal forma de veiculação bacteriana para órgãos e tecidos dos quais estão primariamente instaladas. Encontrando condições ecológicas em um tecido, as bactérias o colonizam, levando ao risco de doença ou agravamento de doença previamente instalada. Bactérias de origem bucal são particularmente perigosas , pois espécies presentes no biofilme bucal são dotadas de eficazes mecanismos de colonização de superfícies naturais e artificiais.
  • 6. A bolsa periodontal é a maior fonte bucal de microrganismos patogênicos, catabólitos microbianos tóxicos, antígenos e mediadores pró-inflamatórios que, quando translocados para outras estruturas do corpo, tem a potencialidade de gerar lesões ou de agravar as pré-existentes. A maioria das bacteriemias são provocadas pela escovação, passagem subgengival do fio dental, mastigação e, significativamente, por intervenções profissionais geradoras de intenso sangramento, como raspagens e cirurgias.
  • 7. É um processo infeccioso que acomete o endocárdio. Na maioria das vezes, a infecção envolve a superfície valvular mas pode acometer outras regiões do endocárdio.
  • 8. Bactérias na corrente sanguínea colonizam a superfície do endocárdio, especialmente as válvulas mitral e aórtica. Há complexas interações entre os patógenos circulantes e as moléculas da matriz intercelular do endocárdio, plaquetas e fibrina que em sítios previamente lesados (vegetação). Pode ocorrer colonização de válvulas hígidas, mas é muito mais frequente nas previamente lesadas, pela presença de coágulos que favorecem a fixação das bactérias e dificultam a fagocitose. Colonização do epitélio valvular e desenvolvimento de biofilme que protege as bactérias e permite sua rápida multiplicação.
  • 9. O biofilme vai se desenvolvendo e a maior produção de enzimas e toxinas histolíticas promove a destruição dos folhetos valvulares, processo que desencadeia a perda gradativa da função valvular, que permite o refluxo de sangue, levando à insuficiência cardíaca.
  • 10. ETIOLOGIA • Streptococcus beta-hemolíticos - S.salivarius; S.mitis; S.sanguinis • Na era pré antibiótica eram responsáveis por mais de 80% das endocardites, hoje apenas por 40-50%. • Utilizam polissacarídeos extracelulares para aderir ao epitélio vascular. • Possuem adesinas específicas para receptores das celulas valvulares • Alguns tem grande capacidade de ligação à plaquetas e fibrinas presentes nas lesões valvulares – PAAP (Proteína Associada à Agregação de Plaquetas)
  • 11. ETIOLOGIA Staphylococcus aureus é a espécie que vem ganhando maior destaque nos últimos anos na etiologia da endocardite infecciosa, especialmente por sua destacada resistência aos antimicrobianos. A endocardite causada por S.aureus costuma ser muito grave e apresenta altos índices de mortalidade porque leva à toxemia, a infecções metastáticas e, em muitos casos, ao comprometimento do SNC.
  • 13. SINAIS CLÍNICOS DETECTÁVEIS • Febre alta e episódica • Sopro cardíaco • Esplenomagalia • Petéquias cutâneas • Sinais neurológicos
  • 14. DIAGNÓSTICO • Em função da gravidade, deve ser realizado rapidamente. • Exame microbiológico do sangue para identificação do agente (hemocultura) • Ecocardiografia para constatação de vegetações valvulares
  • 15. Há inúmeros relatos que apontam bactérias residentes no biofilme dental como as responsáveis por pneumonias e abscessos pulmonares (Actinomyces israelii, P. gingivalis, P. intermedia) A pneumonia nosocomial em pacientes geriátricos é bastante comum pelo longo tempo que permanecem acamados nos Centros de Terapia Intensiva. Pacientes sob estas condições, principalmente submetidos à ventilação mecânica, necessitam de cuidados na higienização bucal bastante rigorosos, especialmente aqueles com doença periodontal avançada. A dificuldade na higienização favorece o acúmulo significativo de biofilme dental, facilitando a aspiração de microrganismos, que, em função da baixa resistência orgânica podem vir a causar lesões pulmonares ou agravar as pré- existentes.
  • 16. Doenças periodontais graves instaladas em gestantes podem predispor a complicações da gestação, principalmente ao nascimento de pré-maturos com baixo corporal. O LPS das bactérias periodontopatogenicas ao serem liberados tornam-se indutores de elevados níveis locais e sistêmicos de mediadores da inflamação. Alguns destes mediadores, como as prostaglandinas, estão envolvidos no desencadeamento do parto normal, provocando amadurecimento do colo uterino e a contração do miométrio.