O texto argumenta que o Brasil precisa de uma crise na educação para melhorá-la. Apesar dos resultados ruins em testes internacionais, não há indignação pública sobre a qualidade da educação no país. O autor defende que a prioridade deve ser ensinar leitura, escrita e matemática básica nos primeiros anos, com bons professores e currículos detalhados.
1. PRECISAMOS DE UMA CRISE
"Estamos diante de dois grandes problemas:
convencer os brasileiros de que nossa educação é
péssima e, então, entender como melhorá-la"
Em 2000,
desabou na
Alemanha uma notícia
aterradora. O país
estava em 25º lugar
no Pisa, um teste que
mede a capacidade
de leitura e o
aprendizado de
matemática e ciências, entre jovens de 15 anos, em cerca
de quarenta países. Educadores, pais e autoridades
oscilaram entre traumatizados e enfurecidos. Até hoje, o
clima está tumultuado, com comissões, seminários e uma
enxurrada de novas leis.
Nesse mesmo exame, o Brasil obteve o último
lugar, bem atrás do México. Só que, no nosso caso, há
outra notícia pior: o resultado não criou uma crise. A
imprensa não fez barulho. A esquerda e a direita ficaram
mudas. Pesquisas com pais mostram um resultado quase
inacreditável: eles estão satisfeitos com a educação
oferecida aos filhos.
Segundo o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica, 55% dos alunos da 4ª série são
praticamente analfabetos (em países sérios, é residual seu
número ao fim da 1ª). O Indicador Nacional de
Analfabetismo Funcional indica que 74% dos brasileiros
adultos estão nessa condição. Não há nenhuma
discrepância, todos os resultados mostram que nossa
educação é péssima. Tampouco existem atenuantes. Mas
há uma agravante: o desempenho muito melhor de países
com o mesmo nível de renda e que pagam
aproximadamente a mesma coisa aos professores.
Atômica Studio.
Em outras palavras, estamos diante de dois
grandes problemas. Precisamos convencer os brasileiros
de que nossa educação é péssima e, então, entender
como melhorá-la. Mas quer nos parecer que, sem vencer a
primeira barreira, não vamos mudar a qualidade da
educação. A boa notícia é que o setor produtivo e seus
braços de responsabilidade social começam a soar o
alarme (por exemplo, a Fundação Victor Civita está
lançando seu programa Reescrevendo a Educação).
Tentemos entender o que está ocorrendo.
Praticamente, terminamos o ciclo de criar escolas,
contratar professores e oferecer livros, merenda e uma
estrutura operacional mínima. Não resolveu. Então,
alguma coisa deve estar errada na sala de aula, pois é lá
que acontece a educação.
Uma primeira pista discreta vem de uma pesquisa
recente com professores (T. Zagury). De tudo o que
disseram e reclamaram, em hora nenhuma mencionaram
que os alunos não estão aprendendo – no fundo, o único
assunto importante. Ou seja, aqueles que pilotam as salas
de aula não reportam ser esse o problema.
Os teóricos e os ideólogos da moda
circunavegam os espaços intergalácticos com suas teorias
impenetráveis e denúncias conspiratórias. Inevitavelmente,
as propostas são exaltadas, complicadas e sem foco. Mas
nenhum deles se lembra de pousar nas terras onde a
educação funciona e ver como se faz lá. Teriam surpresas.
O primeiro passo para pensar nas soluções é
entender que há prioridades, ou seja, algumas coisas se
fazem antes, sacrificando as outras. A primeira missão da
escola é ensinar a ler, a entender o que foi lido, a escrever
e a usar números para lidar com problemas do mundo real
(é o que medem os bons testes!). E, obviamente, isso faz
convergir todo o foco do esforço para os primeiros anos (é
lá que deveriam estar os melhores professores). A
emoção, o afeto, o amor e a autoestima não são objetivos
em si, mas condições necessárias para acontecer o ensino
sério. Não há "consciência crítica" sem entender o texto
escrito. O resto do currículo é uma maneira engenhosa de
aprender e praticar a arte de ler e escrever.
Os professores têm de receber essa missão, de
forma clara. E precisam prestar conta dela. Os que tiverem
êxito na missão devem ser festejados e premiados. Para
isso, os alunos têm de ser avaliados e testados com
frequência. E bem sabemos que o sucesso depende de o
professor haver aprendido o assunto que vai ensinar e de
incorporar as técnicas de sala de aula que se revelaram
mais produtivas. São necessários currículos detalhados,
bons livros e professores que saibam usá-los. A disciplina
"careta" tem de ser mantida, a jornada de trabalho é longa
e há muito "para casa". Se tal fórmula deu certo em todos
os países avançados, caberia aos gurus demonstrar por
que o Brasil é "diferente" e que precisamos de fogos de
artifício, e não de foco obsessivo no essencial.
Mas essas são tecnicalidades. O que precisamos
é de uma sociedade indignada contra a educação que
temos. Precisamos de uma crise grave.
BACH. EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO- Comunicação e Expressão - Prof. Renato
ATIVIDADE AVALIATIVA
NOME: .................................................................................... Nº: ........... DATA: 04/ 04/2016
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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DO NORTE DE MINAS
2. QUESTÃO 01 - Assunto: Texto e produção de sentido
Assinale a alternativa, cujo sentido do vocábulo NÃO foi
indicado corretamente de acordo com o contexto:
a) “Educadores, pais e autoridades oscilaram entre
traumatizados e enfurecidos.” Oscilaram =
hesitaram
b) “Não há nenhuma discrepância, todos os resultados
mostraram que a educação é péssima.” discrepância =
discordância
c) “Os teóricos e os ideólogos da moda circunavegavam
os espaços intergalácticos...” circunavegam = rodeiam
d) “E, obviamente, isso faz convergir todo o esforço
para os primeiros anos...” convergir = direcionar
QUESTÃO 02
Assunto: A dimensão semântico-formal dos textos
Todas as alternativas representam estratégias
encontradas no texto, EXCETO:
a) apresentação nos dados estatísticos de informações
numéricas exatas;
b) relato em terceira pessoa de um fato ocorrido em
outro país;
c) citação da fala de outros especialistas utilizando o
discurso direto;
d) constatação da ineficácia das estratégias adotadas
anteriormente.
QUESTÃO 03
Assunto: texto e inferência e produção de sentido
De acordo com o texto é INCORRETO afirmar:
a) O locutor do texto compara a reação de dois países
economicamente muito diferentes.
b) A crise de que trata o título do texto refere-se ao baixo
desempenho obtido pela educação.
c) A sociedade precisa reagir com verdadeira indignação
para melhorar a qualidade do ensino.
d) O entrave ao sucesso escolar permanece apesar de
solucionadas algumas exigências básicas.
QUESTÃO 04
Assunto: texto e inferência e produção de sentido
De acordo com o texto é INCORRETO afirmar:
a) O professor precisa dominar o conteúdo a ensinar.
b) O material didático utilizado deve ser de qualidade.
c) O dever é a principal estratégia para o sucesso escolar.
d) A disciplina é fundamental para o bom aprendizado.
QUESTÃO 05
Assunto: A dimensão semântico-formal do texto (fato e
opinião).
Marque a alternativa em que NÃO há uma avaliação
subjetiva do locutor do texto:
a) “Em 2000, desabou na Alemanha uma notícia
aterradora.”
b) “Nesse mesmo exame, o Brasil obteve o último lugar,
bem atrás do México.”
c) “Inevitavelmente, as propostas são exaltadas,
complicadas e sem foco.”
d) “A disciplina “careta” tem de ser mantida, a jornada de
trabalho é longa...”
QUESTÃO 06
Assunto: Coerência e coesão
Assinale a alternativa em que se identificou
INCORRETAMENTE o(s) elemento(s) a que se referem
as palavras destacadas:
a) “...um resultado quase inacreditável: eles
estão satisfeitos com a educação oferecida aos
filhos.” (eles = os pais)
b) “O Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional
indica que 74% dos brasileiros adultos estão nessa
condição.” (nessa = analfabetos funcionais)
c) “Então, alguma coisa deve estar errada na sala
de aula, pois é lá que acontece a educação.”
(lá = sala de aula)
d) “De tudo o que disseram e reclamaram, em hora
nenhuma mencionaram que os alunos não estão
aprendendo...” (que = tudo)
QUESTÃO 07
Assunto: Coerência e coesão
“Para isso os alunos têm de ser testados e avaliados com
frequência.” (linhas 94 a 95)
MARQUE a alternativa que indica corretamente a
função do pronome demonstrativo destacado acima:
a) Apontar para o que está próximo do interlocutor no
espaço;
b) Retomar anaforicamente elementos encontrados no
próprio texto;
c) Antecipar cataforicamente termos encontrados no
próprio texto;
d) Indicar fatos relativamente distantes do momento da
enunciação.
3. QUESTÃO 08 - Assunto : Tipologia Textual
O texto “Precisamos de uma crise” deve, quanto ao tipo
textual, ser classificado como predominantemente
a) Narrativo
b) Descritivo
c) Injuntivo
d) Argumentativo
TEXTO 02 - CONVERSINHA MINEIRA
-- É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
-- Sei dizer não senhor: não tomo café.
-- Você é dono do café, não sabe dizer?
-- Ninguém tem reclamado dele não senhor.
-- Então me dá café com leite, pão e manteiga.
-- Café com leite só se for sem leite.
-- Não tem leite?
-- Hoje, não senhor.
-- Por que hoje não?
-- Porque hoje o leiteiro não veio.
-- Ontem ele veio?
-- Ontem não.
-- Quando é que ele vem?
-- Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes, não
vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem.
-- Mas ali fora está escrito "Leiteria"!
-- Ah, isso está, sim senhor.
-- Quando é que tem leite?
-- Quando o leiteiro vem.
-- Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?
-- O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é
feita a coalhada?
-- Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem
leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui
na sua cidade?
-- Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
-- E há quanto tempo o senhor mora aqui?
-- Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir
com certeza: um pouco mais, um pouco menos.
-- Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
-- Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.
-- Para que Partido?
-- Para todos os Partidos, parece.
-- Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição
aqui.
-- Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam
que outro. Nessa mexida...
-- E o Prefeito?
-- Que é que tem o Prefeito?
-- Que tal o Prefeito daqui?
-- O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
-- Que é que falam dele?
-- Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é
Prefeito.
-- Você, certamente, já tem candidato.
-- Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
-- Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na
parede, que história é essa?
-- Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...
QUESTÃO 07 - Assunto: variação linguística
No texto acima, podemos perceber, de forma evidente,
uma situação que envolve a
a) Variação de gênero
b) Variação geográfica
c) Variação profissional
d) Variação histórica
QUESTÃO 08 - Assunto: variação linguística e inferência
Após a leitura do texto Conversinha Mineira, pode-se
afirmar que o autor traça um perfil do mineiro. Assinale a
alternativa que determina qual seria esse perfil.
O mineiro é
a) um sujeito astucioso, prefere não dizer algo que o
comprometa ou que possa ser interpretado como uma
tomada de posição.
b) cara folgado, indolente, evitando a todo custo tomar
uma posição, pois isso pode lhe dar trabalho e vir a
interromper o seu sossego.
c) homem ingênuo, de boa fé, facilmente enganado pelos
fregueses espertalhões e políticos ladinos, pois fala muito
e adora uma fofoca.
d) cara pacato, pacífico, que desencoraja qualquer
intenção de briga ou discussão, pois não permite que lhe
façam qualquer pergunta.
QUESTÃO 09 - Assunto: Variação Linguística e semântica
Pode-se AFIRMAR que o dono da leiteria se encaixa
perfeitamente na expressão “como bom mineiro que é...”,
pois respondeu a quase todas as perguntas de modo
a) provocante.
b) desonesto.
c) objetivo.
d) evasivo.
QUESTÃO 10 – Assunto: texto e inferência e produção
de sentido
Em relação à linguagem do texto, podemos afirmar que
a) a diferença de linguagem entre os interlocutores se dá
por serem de diferentes países.
b) a linguagem do dono da leiteria denuncia sua ignorância
e sua falta de estudo.
c) a diferença de linguagem entre os interlocutores não os
impede de estabelecer um diálogo.
d) a linguagem de ambos é inadequada para a situação em
que se encontram.
4. QUESTÃO 11 - Assunto: Intertextualidade
Pode-se dizer quanto aos textos criados baseados em
outro texto anterior, que
I- na paródia, você usa um texto anterior para fazer uma
crítica.
II- na paráfrase, você diz a mesma coisa de outra forma,
mas a ideia permanece a mesma e há semelhança no
vocabulário usado de forma a permitir a analogia ao texto
anterior.
III- alusão é uma referência a um personagem, uma obra
ou contexto anterior em um texto posteriormente criado.
IV- no pastiche , você se inspira e utiliza o estilo de
escrita de um determinado autor já consagrado.
Das informações acima,
a) apenas as I, II, III estão corretas.
b) apenas as II, IV estão corretas.
c) apenas as I, II, IV estão corretas.
d) Todas as informações estão corretas.
Fita Verde no Cabelo (Nova velha história)
Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior
nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e
mulheres que esperavam, e meninos e meninas que
nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente,
menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um
dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à
avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma
vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava
vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os
lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum,
desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham
exterminado o lobo. Então, ela, mesma, era quem se dia:
“Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo,
o tanto que a mamãe me mandou.” A aldeia e a casa
esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente
pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não
são.
(...)
ROSA, Guimarães. “Fita Verde no Cabelo (Nova velha
história). In Ave, Palavra.
5ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 81-82
QUESTÃO 12 - Assunto: intertextualidade.
A intertextualidade é uma forma de
recontextualização. Considere que um texto carrega
marcas de outros textos, anteriores a ele. Agora, leia “Fita
Verde no Cabelo (Nova Velha História)”, conto de
Guimarães Rosa, apresenta uma relação intertextual com
um conhecido conto da literatura universal.
O tipo de intertextualidade que existe entre o fragmento
lido e o texto anterior (“Chapeuzinho Vermelho”) é uma
a) citação.
b) paródia.
d) paráfrase.
e) alusão.
QUESTÃO 13
Assunto: Discurso, linguagem verbal , linguagem não-
verbal e propaganda.
De acordo ao efeito político comunicativo de publicidade e
propaganda divulgado pelo governo federal, querendo
expor em seu bom desempenho administrativo, a
linguagem não-verbal, no intuito de chamar a atenção de
todos os interlocutores no Brasil, pode ser identificada,
principalmente, além dos pequenos layouts nas mãos dos
personagens – moradia, saneamento, energia, estradas e
água –, pela
a) colocação da sigla PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento).
b) estrutura social da etnia racial brasileira: negros, índios
e brancos.
c) inclusão dos diferentes seres humanos: sexo masculino
e feminino.
d) afinidade de estruturas que se coincidem: asfaltos e
meio ambiente.
QUESTÃO 14 – Assunto: Pontuação
Assinale a alternativa em que há emprego INCORRETO
da pontuação.
a) O professor propôs um novo conselho de classe; o
diretor não.
b) Ceilândia, cidade satélite de Brasília, possui uma
grande comunidade nordestina.
c) Marcelo dormiu muito tarde; ficará, portanto, sonolento
no dia seguinte.
d) O motorista parou o ônibus, e o passageiro desceu
rapidamente.
“ Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa
ou forte como uma ventania. Depende de quando e como
você me vê passar”. Clarice Lispector.