Ariano Vilar Suassuna nasceu em 1927 na Paraíba e cresceu no sertão nordestino. Ele se tornou um importante escritor, dramaturgo e poeta, conhecido principalmente por suas peças de teatro como Auto da Compadecida. Sua obra explora temas nordestinos e busca valorizar a cultura popular brasileira. Suassuna fundou o movimento Armorial e continuou produzindo até vida avançada, quando faleceu em 2014.
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Ariano Vilar Suassuna, poeta e dramaturgo brasileiro
1.
2. Poeta, dramaturgo e
romancista, Ariano Vilar Suassuna
nasceu na cidade da Paraíba (hoje
João Pessoa), capital do Estado da
Paraíba, a 16 de junho de 1927. Seu
pai, João Suassuna, exercia, à
época, mandato de “Presidente”, o que
correspondia ao atual cargo de
Governador. Terminado
seu mandato, João Suassuna deixa
o litoral e volta ao sertão,
sua terra de origem,
fixando-se na fazenda
“Acauhan”, no município de
Sousa.
3. Em 9 de outubro de 1930, quando
Ariano contava apenas três anos de
idade, João Suassuna, então
Deputado Federal, é assassinado no
Rio de Janeiro, vítima das divisões e
lutas políticas ligadas à Revolução
de 30. É no Sertão da Paraíba que
Ariano passa boa parte da infância,
primeiro na “Acauhan”, depois no
município de Taperoá. Em 1942, a
família Suassuna fixa-se
em Recife, capital de
Pernambuco.
4. É em Recife que Ariano inicia a sua
Noturno
vida literária, com a publicação do [...]
poema Noturno, a 07 de outubro de Que vale a natureza sem teus
1945, no Jornal do Commercio. Ao Olhos,
ingressar na Faculdade de Direito, em ó Aquela por quem meu
1946, liga-se ao grupo de estudantes Sangue pulsa?
que retoma, sob nova inspiração
teórica, o Teatro do Estudante de Da terra sai um cheiro bom
Pernambuco (TEP). Mais do que um de vida
movimento teatral, o TEP foi um e nossos pés a Ela estão
movimento de revalorização da ligados.
cultura brasileira, com Deixa que teu cabelo, solto
atuação em várias áreas ao vento,
da criação artística. abrase fundamente as
minhas mão...
[...]
5. De 1946 a 1948, são publicados, em
revistas e suplementos de jornais, seus
primeiros poemas ligados ao
Romanceiro Popular Nordestino,
universo de poemas e canções que
inclui desde a poesia improvisada
dos cantadores até a Literatura de
Cordel e de tradição oral decorada.
É partindo principalmente dos
folhetos do Romanceiro que
Suassuna vai encontrar o caminho
para criar toda a sua
obra teatral. Em 1947,
escreve a sua primeira
peça, Uma Mulher Vestida
de Sol.
6. No ano seguinte, estréia em palco com
Cantam as Harpas de Sião, depois
rescrita sob o título de O Desertor de
Princesa (1958). Ainda estudante de
Direito, escreve Os Homens de Barro
(1949) e o Auto de João da Cruz, esta no
ano de sua formatura (1950). Em
1951, em Taperoá, para onde vai a fim
de curar-se do pulmão, escreve e
encena, com mamulengos, o entremez
Torturas
de um Coração ou Em Boca
Fechada Não Entra
Mosquito. Esta peça é
extremamente
importante no teatro de
Suassuna.
7. Em primeiro lugar, porque, a
exemplo de outros entremezes,
serviu como núcleo inicial de uma
peça maior, A Pena e a Lei. Depois,
porque Torturas é o primeiro
trabalho de Suassuna ligado ao
campo do Cômico. Até aí, Suassuna
somente se dedicava à composição
de tragédias – excetuando-se o
Auto de João da Cruz, um drama
sacramental. Após Torturas, o
autor escreve mais uma
tragédia, O Arco
Desolado (1952), para
então dedicar-se às
comédias que o
deixaram famoso:
8. Auto da Compadecida (1955), O
Casamento Suspeitoso (1957), O Santo e
a Porca (1957), A Pena e a Lei (1959) e
Farsa da Boa Preguiça (1960), para
mencionar as peças publicadas em livro
e sem considerar outros entremezes,
todas comédias importantíssimas para o
teatro brasileiro contemporâneo. A
partir da encenação, no Rio de Janeiro,
do Auto da Compadecida, em janeiro
de 1957, durante o Primeiro Festival de
Amadores Nacionais, Suassuna é
alçado à condição de um
dos nossos maiores
dramaturgos.
9. Premiada com a “Medalha de Ouro”
da Associação Brasileira de Críticos
Teatrais, no mesmo ano a peça é
publicada em livro. Encenado em
diversos países, o Auto encontra-se
editado em vários idiomas, dentre os
quais o alemão, o francês, o inglês, o
espanhol e o italiano, e recebeu, até
hoje, três versões para o cinema. A
partir de 1956, com A História do
Amor de Fernando e Isaura,
versão nordestina de
Tristão e Isolda, Ariano
passa a dedicar-se,
também, ao romance.
10. No mesmo ano, inicia carreira docente
na Universidade Federal de
Pernambuco, onde irá lecionar várias
disciplinas ligadas à Arte e à Cultura,
até se aposentar, em 1989. Em 1959,
funda, com Hermilo Borba Filho, o
Teatro Popular do Nordeste (TPN). Em
1960, forma-se em Filosofia pela
Universidade Católica de Pernambuco.
De 1958 a 1970, trabalha em um longo
romance, editado em 71 – o Romance
d‟A Pedra do Reino e o Príncipe
do Sangue do Vai-e-Volta,
saudado pela crítica como
um dos mais importantes
romances da Língua
Portuguesa.
11. Suassuna chama-o “romance armorial-popular
brasileiro”, na intenção de vinculá-lo ao Movimento
Armorial, por ele idealizado e lançado oficialmente no
Recife, a 18 de outubro de 1970. Segundo o próprio
Suassuna, “a Arte Armorial Brasileira tem como traço
comum principal a ligação com o espírito mágico dos
„folhetos‟ do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura
de
Cordel), com a Música de viola, rabeca
ou pífano que acompanha seus
„cantares‟, e com a Xilogravura que
ilustra suas capas, assim como com o
espírito e a forma das Artes e
espetáculos populares com
esse mesmo Romanceiro
relacionados”.
12. Em 1976, torna-se Livre Docente da
UFPE, defendendo a Tese A Onça
Castanha e a Ilha Brasil – Uma
Reflexão sobre a Cultura Brasileira,
ainda inédita. De 1975 a 1977, publica,
em folhetins semanais, no Diário de
Pernambuco, duas partes da História
d‟O Rei Degolado nas Caatingas do
Sertão, segundo volume da trilogia
iniciada com A Pedra do Reino.
13. Em 1987, retorna ao teatro com As Conchambranças de
Quaderna, trazendo pela primeira vez ao palco o mesmo
personagem do seu romance, Dom Pedro Dinis Ferreira-
Quaderna, o Decifrador. Em 1990, toma posse na Academia
Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 1989.
14. Ingressa, depois, nas Academias de Letras de Pernambuco (1993) e da
Paraíba (2000). Atualmente, dedica-se à escritura de um novo
romance, com o qual pretende não só rever toda a sua obra, mas
concluir a trilogia iniciada com A Pedra do Reino e interrompida com
O Rei Degolado.