2. O autor
• Graciliano Ramos de Oliveira foi um
romancista, cronista, contista e jornalista do
século XX, mais conhecido por seu livro Vidas
Secas (1938)
3. Obra de referência
O livro, narrado em terceira pessoa, aborda
uma família de retirantes do sertão brasileiro
condicionada a sua vida subumana, diante de
problemas sociais como a seca, a pobreza, e a
fome, e, consecutivamente, no caleidoscópio
de sentimentos e emoções que essa sua
condição lhe obriga a viver e a procurar meios
de sobrevivência, criando, assim, uma ligação
ainda muito forte com a situação social do
Brasil hoje.
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7. Estrutura da narrativa
• No que diz respeito à estrutura, o livro apresenta treze
capítulos, dentre os quais alguns podem até ser lidos
em outra ordem (romance desmontável).
• Entretanto, alguns capítulos, como o primeiro,
"mudança", e o último, "fuga", devem ser lidos nesta
ordem. Esses dois capítulos reforçam a ideia de que
toda a miséria que circunda os personagens de "Vidas
Secas" representa um ciclo, em que, quando menos se
espera, a situação se agrava e a família é obrigada a se
retirar, repetidas e repetidas vezes.
8. A pobreza na literatura
• A obra de Graciliano pode ser considerada um
marco para a literatura brasileira, em especial o
Modernismo Brasileiro, visto que há a implícita
(e, em alguns casos, até explícita) crítica social a
toda pobreza no sertão nordestino, que atinge
uma boa parcela da população, e que, de fato,
acaba por prejudicar todo o país, impedindo
maiores desenvolvimentos.
• Há a tentativa, portanto, de se mostrar a
desarticulação dessa região com o resto do país
(um Brasil pobre dentro de todo o Brasil).
9. Título : chave interpretativa
• O próprio título da obra, se analisado corretamente,
nos dará pistas importantes da mensagem que
Graciliano quer passar: "Vidas" se opõe a "Secas" pois
a primeira tem sentido de abundância, enquanto, a
segunda, de vazio, de falta, configurando um
paradoxo.
• Além disso, denotativamente, o adjetivo "secas" se
refere a "vidas", e, dessa forma, teria o sentido de que
a família sofre com a seca.
• Por outro lado, conotativamente, pode-se relacionar
aquele adjetivo a uma vida privada, miserável.
10. Principais características
• Nesta obra não é a personagem que ressalta nele, mas o narrador que se faz sentir pelo
discurso indireto, construído em frases curtas, incisivas, enxutas, quase sempre em períodos
simples.
• A obra pertence a um gênero intermediário entre romance e livro de contos.
• Possui 13 capítulos até certo ponto autônomos, mas que se ligam pela repetição de alguns
motivos e temas, como a paisagem árida, a zoomorfização das criaturas, os pensamentos
fragmentados das personagens e seu conseqüente problema de linguagem.
Também as personagens são focalizadas uma por vez, o que mostra o afastamento existente
entre elas. Cada uma tem sua vida particular, acentuando-se a solidão em que vivem.
• Vidas Secas é, portanto, a dramática descrição de pessoas que não conseguem comunicar-se.
• Nem os opressores comunicam-se com os oprimidos, nem cada grupo comunica-se entre si.
• A nota predominante do livro é o desencontro dos seres.
• Os diálogos são raros e as palavras ou frases que vêm diretamente da boca das personagens
são apenas xingatórios, exclamações, ou mesmo grunhidos.
• A terra é seca, mas sobretudo o homem é seco.
11. João Cabral de Melo Neto
• João Cabral de Mello Neto nasceu em Recife,
Pernambuco, em 1920.
• Poeta e diplomata, ingressou no Itamaraty em
1945. Em 1947, vai à Barcelona, ocupando-se da
divulgação da cultura brasileira. Foi cônsul na
Inglaterra (Londres e Liverpool), França
(Marselha), Espanha (Madrid, Sevilha e
Barcelona) e Suíça (Genebra). É, também,
membro da Academia Brasileira de Letras.
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13. Interesse poético
• Mostra-se interessado em afastar o
sentimentalismo de seus versos.
• Todo seu trabalho está marcado pela
preocupação formal.
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14. • Sua poética é auto-explicativa e sua principal
temática é a reflexão do fazer poético em que
a linguagem aparece reduzida ao essencial.
Morte e Vida Severina, "auto de Natal
pernambucano", é, segundo Alfredo Bosi, "o
seu poema longo mais equilibrado entre rigor
formal e temática participante".
Fonte: USP
15. Trecho de início da obra
• O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.