O mercado de trabalho só deve começar a se recuperar no primeiro trimestre de 2017, com a taxa de desemprego atingindo um pico de 12,4% no início do ano. A recuperação será lenta, com a massa salarial retornando aos níveis de 2015 apenas em 2018. A queda na renda e no emprego está fazendo mais pessoas desistirem de procurar trabalho.
Mercado de trabalho só deve se recuperar após 1º trimestre de 2017
1. Mercadode Trabalho Só DeveSeRecuperar Após1º
Trimestre de 2017
O alívio no quadro do emprego deve ocorrer por causa da melhora
esperada para a atividade econômica
http://exame.abril.com.br/economia/mercado-de-trabalho-so-deve-se-recuperar-apos-
1o-tri-de-2017/ - Por Luiz Guilherme Gerbelli - 7 out 2016
O mercado de trabalho só vai dar os sinais iniciais de melhora após o
primeiro trimestre do ano que vem e apenas em 2018 a massa salarial deve
retornar para perto dos maiores patamares da história, vistos em 2015,
estimam economistas consultados pela Reuters.
O alívio no quadro do emprego deve ocorrer por causa da melhora
esperada para a atividade econômica.
Neste ano, analistas ainda projetam uma retração no Produto Interno
Bruto (PIB) de cerca de 3 por cento, mas avaliam que a economia brasileira
deve se recuperar no ano que vem, embora com um crescimento modesto,
de 1,30 por cento, segundo o último relatório Focus.
Enquanto a recuperação não se concretiza, a atual fraqueza da
economia deve fazer o desemprego apurado pela Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua subir e chegar ao pico de 12,4 por
cento no fim do primeiro trimestre, segundo avaliação do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
“O mercado de trabalho não deve apresentar sinais de melhora neste
ano. As demissões e os cortes de vagas devem continuar nos próximos
meses”, disse o pesquisador do Ibre/FGV Tiago Cabral Barreira.
“A taxa de desemprego sobe até o primeiro trimestre de 2017, e daí
em diante vai começar a cair”.
O comportamento do emprego costuma ter um atraso em relação ao
da economia. Nos momentos de desaceleração, é a última variável a
apresentar piora. Mas também nos ciclos de recuperação, demora mais
para retornar do que a atividade econômica.
Os últimos indicadores referentes ao mercado de trabalho mostram
um quadro complicado. A Pnad Contínua apontou que a taxa de
2. desocupação chegou a 11,8 por cento –o equivalente a 12 milhões de
brasileiros sem emprego– no trimestre encerrado em agosto.
A previsão do Bradesco indica um caminho mais lento na
recuperação do emprego, com a piora seguindo até a metade do ano que
vem. No auge da crise do emprego, o banco projeta uma desocupação de
12,5 por cento em meados do ano.
“Para que o desemprego recue é preciso que a ocupação cresça
acima da PEA (População Economicamente Ativa), que hoje está rodando
em 1 por cento, 1,5 por cento em termos anuais. E, por enquanto, a
ocupação continua caindo”, disse o economista do Bradesco Igor Velecico.
Nas últimas semanas, o banco revisou a sua previsão para o mercado
de trabalho por causa de uma análise mais pessimista sobre a economia
brasileira.
A recessão esperada pelo Bradesco para o PIB deste ano passou de 3
por cento para 3,4 por cento.
A falta de uma perspectiva de melhora do quadro do emprego no
curto prazo estaria causando um aumento das pessoas em inatividade, ou
seja, aquelas que desistem de buscar recolocação no mercado trabalho.
Esse fenômeno se configura pela queda da população ocupada (PO)
e pelo aumento da população não-economicamente ativa (PNEA). No
trimestre encerrado em agosto, a PO recuou 2,2 por cento na comparação
com o mesmo período do ano passado, e a PNEA subiu 1,3 por cento ante
o mesmo período, de acordo com dados do IBGE.
“A queda da população ocupada mostra que as pessoas podem estar
partindo para o desalento. Durante a atual crise, foram trabalhadores que
tentaram entrar no mercado, mas estão desistindo e voltando para a
inatividade”, disse Bruno Ottoni, também pesquisador do Ibre/FGV.
A desistência dos trabalhadores de procurar emprego é um forte sinal
de deterioração do mercado de trabalho, mas, do ponto de vista estatístico,
pode ajudar a não pressionar tanto a taxa de desemprego.
Antes desse movimento do desalento ganhar força, o Ibre/FGV
chegou a projetar que a desocupação chegaria a 12,8 por cento.
A crise do emprego e a redução na renda também têm provocado
uma forte retração da massa salarial do Brasil.
3. Em 2016, segundo estimativa feita pelo banco Santander, a massa
salarial somará 175,3 bilhões de reais, uma queda de 4,5 por cento na
comparação com 2015, quando foi de 183,58 bilhões de reais.
No ano que vem, o banco espera uma leve recuperação, para 177,4
bilhões, e apenas em 2018, ao atingir 183,6 bilhões de reais, a massa salarial
voltará ao nível recorde do ano passado.
“A massa salarial vai continuar contraindo e essa tendência não será
revertida no curto prazo”, afirmou o economista do Santander Rodolfo
Margato. “As empresas estão fazendo um ajuste, com o pagamento de
salários mais baratos para as pessoas recém-admitidas”.