1. -1261110-97599500<br />Calecute, 20 de Maio de 1489<br />Vossa Majestade,<br />Estimado rei D. Manuel, consegui alcançar o objectivo decretado por sua alteza real.<br />Por este meio, informo vossa majestade dos esforços e sacrifícios que superámos para atravessar tais mares até aqui não desvendados. <br />Porém, Vossos Lusitanos chegaram á terra ansiada, a Índia.<br />A frota que comando “por maré nunca dantes navegados” conseguiu “passar além da Taprobana”, encontrando-se agora em Calecute, capital de riquezas e comércio enorme. Aí, de joelhos, agradeci à Providência que nos livrou dos perigos do caminho.<br />Um certo mouro aproximou-se de nós com o nome de Monçaide, oferecendo albergue.<br />Nessa deslumbrante manhã, uns homens importantes vinham saudar a armada Lusitana a mando ao Samorim. O governador dessa terra tem título de Catual e pediu-nos para o acompanhar ao palácio real. Nossos portugueses ficavam espantados com tais templos sumptuosos enfeitados com diversos deuses.<br />O palácio parecia o céu, vistoso, com sebes frondosas e estátuas dos primeiros conquistadores como Baco, a rainha Samíramis e até Alexandre de Macedónia.<br />Todos vindos de longínquas terras… sonhadores! Tal como nós!<br />Senhor de tais terras nobres estava rodeado de pessoas importantes, deitado num tálamo de sedas finas e pedras preciosas, tinha uma coroa contendo esmeraldas e diamantes e um velho criado de joelhos abanava folhas de bétele.<br />Eu, junto do Samorim, discursava sobre o império português. Espantado com tal terra e tal gente, não comentou aliança entre os reinos.<br />Eu e Catual andamos pelas ruas para ver como eram por dentro.<br />Ele tinha bebido um vinho português que admirou muito, nessa altura, connosco estava Nicolau Coelho. <br />Sendo assim, posso afirmar que a nossa chegada à Índia foi difícil, mas bem conseguida e sucedida…<br />Atenciosamente, vasco da Gama.<br />285369033655002434590489585000<br />