1. 8 Idéias do conceito
de eco-cultura
JA.Silveira/2011
Wwww.pensamentoecologico.org
2. Idéia 1 Vanguardas político-culturais
e tecnologia
A época das vanguardas político-culturais (que durou até os
anos 70), infelizmente se reduziu ao seu mínimo possível,
dando lugar a uma nova vanguarda, vazia de pensamento e
repleta de novidades simplesmente tecnológicas. Entretanto,
essa tecnologia não tem espírito (ou o é muito fraco), e é
incomparavelmente mais pobre ou menos nobre do que o da
política e o da cultura dos tempos passados, aonde as
vanguardas e o pensamentos, ainda tinham o espaço de se
desenvolverem com criatividade.
3. Idéia 2 Sociedade do Espetáculo
Nossa sociedade se transformou na sociedade do espetáculo
e da vigilância. Todos nos divertimos como espectadores-
vigiados, e ainda pagamos – e caro –por este estado de
alienação e ausência de liberdade. Tenho de voltar para casa
e não perder o Big Brother Brasil. Que horror!
4. Idéia 3 Pensamento crítico versus
tecnociência
Antes eram as idéias que estruturavam ou desconstruíam o
mundo. Hoje, as idéias não têm mais essa força e foram
substituídas pela tecnociência que, planejadamente, nos leva
de mudança em mudança, a mudança nenhuma: apenas
muito infelizmente a um consumo eterno daquilo que com
certeza não traz nada de verdadeiramente novo ou
enriquecedor ao espírito humano.
5. Idéia 4 Conhecimento: um fim em si mesmo
ou simplesmente um bem de consumo?
Com as novas tecnologias da informação, o conhecimento – antes
com aspectos de formação, informação, reflexão crítica e de aquisição
difícil (por sua escassez), que demandava esforço, vontade e muita
dedicação em sua busca, como uma prática relacionada com um
ideário de nobreza de vida – se transforma hoje em um bem de
consumo. Distribuído globalmente e com uma velocidade tal que se
torna impossível de ser absorvido de uma maneira reflexiva e crítica, o
conhecimento se transforma simplesmente em seqüência de
informação logo perdida em nossa memória para dar espaço
imediatamente ao consumismo de novas – e simplesmente – “notícias
de primeira página” dos jornais e, agora, também, das redes sociais,
blogs, etc. Somos seres da hiper-comunicação ou já seremos seres
pós-humanos?
6. Idéia 5 "Consumir / Com-sumir / Sumir"
Fragmentação, descontinuidade, flutuação, desenraizamento,
superficialidade, tudo globalizado. Hoje em dia, não é mais
importante compreender nada, e, sim, consumir, consumir,
consumir... Só existe o aqui e o agora: o futuro não mais nos
pertence. A humanidade não almeja mais nem a justiça, nem a
segurança, e nem a essência de mais nada. A humanidade necessita
apenas e tão somente alcançar o consumo absoluto. Ela (a
humanidade) nasce, renasce e morre na mais completa felicidade,
submersa em uma total alienação pela e para o consumo. Vamos
consumir o consumo! Vamos nos consumir e aos outros! Vamos ao
orgasmo final, nossa total autoconsumação!
7. "Catedrais do consumo"
Idéia 6
No passado não muito distante, todos os dias eram dias efetivamente de
Santos e para os Santos como, por exemplo, dia de São Pedro, dia de São
Paulo, dia de São João, dia de Santa Teresinha, e muitos outros tantos e tantas.
Atualmente, todos os dias são dias de alguém ou de alguma coisa. Para citar
alguns, temos o dia das mães, o dia dos pais, o dia dos namorados, o dia do
comércio, dia do bombeiro, dia da sogra, e muitos outros tantos e tantas. Nada contra – e muito justo – homenagear
algumas pessoas e situações, mas vamos convir que há um exagero e uma razão comercial para tantas homenagens.
Antes, vivíamos consumindo e também consumidos pelos imensos interesses religiosos. Hoje consumimos e somos
consumidos, novamente, agora, para a prosperidade do mercado (o nosso planeta está falindo por conta do uso e
abuso das fontes naturais de insumos necessários para tamanha ‘farra’ de consumo). Antes, consumíamos por nossas
necessidades, depois, na modernidade, consumíamos para saciar nossos inesgotáveis desejos. Enfim, hoje,
consumimos alucinadamente por conta do vício e por conta do nada como se fôssemos tolos.
De uma maneira muito eficiente, a mídia, o marketing comercial, etc nos fazem pensar que somos seres cada vez mais
livres como consumidores de uma diversidade de produtos que não pára de se multiplicar, e nos fazendo cada vez mais
utilizar o dinheiro que não temos, isto é, concedendo um crédito ‘generoso’ e incomensuravelmente facilitado. Que
ilusão! Estamos nos tornando, sim, seres altamente doentes pela virulência do consumo desenfreado e,
portanto, escravos da nossa própria e falsa ‘liberdade de consumir’.
Percebemos que essa entidade, o mercado com sua atual concepção – criado como tantas outras
entidades pelo homem – veio substituir a velha religião, chegando à conclusão de que o mercado se
tornou uma espécie de Leviatã, e a nossa nova religião, responsável pelos nossos novos orgasmos e
nossos novos estados de êxtase, pessoal e também globalizados.
8. Idéia 7 O saber como um instrumento
do poder
Sempre o saber, como experiência de vida, significou poder; inclusive, o
de sobrevivência do homem frente a uma natureza muitas vezes hostil e
enigmática. Era o que poderíamos dizer como o saber natural ou o saber humano.
Hoje, percebemos uma clara inversão: é o poder, como a necessidade de
controlar a natureza para produzir cada vez mais bens de consumo, que
dirige o que devemos ou queremos saber. O saber deixou de ser uma
atitude de contemplação da natureza – para tentar entendê-la e percebê-
la em toda a sua plenitude, e passou a ser apenas um instrumento de
conhecimento, não das causas dos fenômenos e, sim, do conhecimento
das regras necessárias para seu o controle e sua transformação (da
natureza) em benefício do homem. É a emergência da pós-humanidade,
ou seja, a natureza agora totalmente controlada e reconstruída pelo
homem através da tecnociência.
9. Idéia 8 A produção coletiva do pensamento –
Doação da percepção, pensamento efêmero
Somos ‘seres pensantes’. Nossos pensamentos podem ser classificados em
diversos níveis tais como: percepção, imaginação, memorização, conceituação,
proposição e, finalmente, em seu mais alto grau de complexidade, o raciocínio.
Segundo alguns autores, não somos os construtores de nossos próprios
pensamentos, mas, sim, somos produzidos por eles. Nossos pensamentos mais
individuais, como nossos opiniões, por exemplo, pertencem somente a nós.
Porém, os pensamentos mais significativos e que conseguem ganhar um
consenso, logo universais, não nos pertencem de maneira individual; de outra
forma, somos apenas aqueles que servem de instrumentos de percepção para
doá-los a toda a humanidade. Hoje, tendemos cada vez mais a construir conceitos
os mais diversos, idéias e realizações artísticas de forma coletiva e amplamente
globalizada via web. Portanto, o pensamento agora informatizado possui cada
vez mais o consenso e a autoria de todos. Logo, muito mais universal. São,
entretanto, universais apenas em seu aspecto quantitativo, mas por outro lado
extremamente conjunturais e efêmeros na escala do tempo.
10. José Augusto Silveira
Pres. da ONG Pensamento Ecológico
BLOG:
www.pensamentoecologico.org