O Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, coordenado pela Companhia
Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH, com o objetivo de avaliar e orientar o
processo de ocupação e uso do solo em uma área piloto, localizada no município
de Custódia, em Pernambuco, visa estabelecer as normas de uso e ocupação do
solo e de manejo dos recursos naturais na referida área piloto.
1. COOPERAÇÃO BRASIL-CANADÁ
CANADA-BRAZIL COOPERATION
Agência Brasileira de Cooperação (ABC) • Canadian International Development Agency (CIDA) • UniSol - CPRM - GSC
CONSOLIDAÇÃO DO ZONEAMENTO
ECOLÓGICO ECONÔMICO E AÇÕES PRIORITÁRIAS
PARA O PLANO DE GESTÃO EM UMA ÁREA PILOTO
Custódia-PE
PROASNE
Companhia Pernambucana Projeto Água Subterrânea no Nordeste do Brasil CPRM
do Meio Ambiente http://brazil.agg.gsc.nrcan.gc.ca Serviço Geológico do Brasil
Recife, 2002
2. 1
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL E ZONEAMENTO
ECOLÓGICO-ECONÔMICO DE UMA ÁREA
PILOTO LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE
CUSTÓDIA – PE
3. 2
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Governador: Jarbas de Andrade Vasconcelos
SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE – SECTMA
Secretário: Cláudio José Marinho Lúcio
COMPANHIA PERNAMBUCANA DO MEIO AMBIENTE – CPRH
Presidente: Edrise Aires Fragoso
Diretoria de Planejamento e Integração
Diretora: Berenice Vilanova de Andrade Lima
Diretoria de Controle Ambiental
Diretor: Geraldo Miranda Cavalcante
Diretoria de Recursos Hídricos e Florestais
Diretor: Aldir Pitt Mesquita Pimentel
Diretoria de Administração e Finanças
Diretor: Hubert Hirschle Filho
Companhia Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH
Rua de Santana, 367, Casa Forte, Recife – PE
Fone: (081) 3267-1800 – Fax: (081) 3441-6088
Disque Ecologia (081) 3267-1923
www.cprh.pe.gov.br
4. 3
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL E ZONEAMENTO
ECOLÓGICO-ECONÔMICO DE UMA ÁREA
PILOTO LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE
CUSTÓDIA – PE
Selo publicações CPRH
Recife, maio de 2002
6. 5
PROJETO ÁGUA SUBTERRÂNEA NO NORDESTE DO BRASIL
(PROASNE-BRASIL)
CONVÊNIO BRASIL-CANADÁ
Canadian International Development Agency (CIDA) – Agência Brasileira de Cooperação (ABC)
Serviço Geológico do Brasil (CPRM)
Geological Survey of Canadá (GSC)
Associação Brasileira de Águas Subterrâneas-Núcleo Ceará (ABAS-CE)
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE)
Comunidade Solidária (CS)
Coordenação Geral
Coordenador Geral Brasileiro – Enjôlras de A. Medeiros Lima
Coordenador Geral Canadense – Yvon Maurice
Área Geológica
Coordenador Nacional da Área Geológica – Fernando Antônio Carneiro Feitosa
Coordenador Regional do CE – Oderson Souza
Coordenador Regional do RN – Walter Medeiros
Coordenador Regional de PE – José Carlos da Silva
Área Social
CoordenadoraCanadense da Área Social e de Gênero – Sherry Nelligan
Coordenadora Nacional da Área Social e de Gênero – Luciana Cibelle Araújo dos Santos
Coordenadora Regional do CE – Walda Viana Brígido de Moura
Coordenadora Regional do RN/Serrinha – Fátima Rêgo
Coordenadora Regional do RN/Caraúbas – Roberta Medeiros
Coordenadora Regional de PE – Ana Arcoverde
7. 6
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1. INTRODUÇÃO.............................................................................10
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................11
3. ASPECTOS GERAIS DA ÁREA PILOTO....................................14
4. ASPECTOS DO MEIO FÍSICO....................................................16
4.1. Geologia/Geomorfologia..........................................................16
4.2. Solos........................................................................................19
4.3. Recursos Hídricos....................................................................20
4.4. Vegetação................................................................................23
5. POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DOS RECURSOS
NATURAIS...................................................................................27
6. USO E OCUPAÇÃO ATUAL DO SOLO......................................30
6.1. Núcleos Urbanos/Vilas Rurais.................................................30
6.2. Caatinga...................................................................................37
6.3. Áreas de Plantio e Pecuária....................................................40
7. QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁREA PILOTO............................45
7.1. Qualidade da água..................................................................47
7.2. Conflitos de Usos, Riscos e Perdas Ambientais na Área Pil...53
8. CONCLUSÕES............................................................................60
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................62
ANEXOS
Anexo 1 - Tabela 5
Anexo 2 - Zoneamento Ecológico Econômico – Cenário com Intervenção 2010
Anexo 3 - Ações Prioritárias do Plano de Gestão
Anexo 4 - Mapa de Potencialidades e Limitações
Anexo 5 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo
Anexo 6 - Mapa de Qualidade Ambiental
Anexo 7 - Mapa de Zoneamento Ecológico Econômico
8. 7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Lista de Fotos
Foto 1 – Serra das Porteiras formada por rochas quartzíticas. Local: Caiçara............ 17
Foto 2 – Serrote do Praquió formado por rochas ortognáissicas e migmatíticas......... 18
Foto 3 – Sedimentos aluvionares. Local: Fazenda Nova............................................. 18
Foto 4 – Serra da Torre onde localiza-se a nascente do Riacho Copiti....................... 22
Foto 5 – Lagoa do Cascavel......................................................................................... 22
Foto 6 – Poço tubular que abastece o dessalinizador de Samambaia......................... 23
Foto 7 – Pereiro, árvore típica da área. Lagoa do Cascavel........................................ 24
Foto 8 – Flor de Caruá.................................................................................................. 25
Foto 9 – Coroa de Frade. Local: Salgado..................................................................... 25
Foto 10 – Vila rural de Salgado.................................................................................... 31
Foto 11 – Distrito de Caiçara........................................................................................ 31
Foto 12 – Antiga fábrica de caruá. Samambaia........................................................... 32
Foto 13 – Igreja Católica de Samambaia..................................................................... 32
Foto 14 – Caixa d’água que abastece Fazenda Nova.................................................. 36
Foto 15 – Dessalinizador em Samambaia.................................................................... 36
Foto 16 – Escola com sistema de captação de água da chuva................................... 37
Foto 17 – Madeira para estacas retirada da caatinga.................................................. 38
Foto 18 – Troncos de madeira na beira da estrada..................................................... 38
Foto 19 – Aspecto da caatinga arbórea. Samambaia.................................................. 39
Foto 20 – Outra tomada da caatinga arbórea. Samambaia......................................... 39
Foto 21 – Plantação de milho consorciada com feijão. Fazenda Nova........................ 41
Foto 22 – Plantio de milho ao fundo. Poço Escuro....................................................... 41
Foto 23 – Bode se alimentando das folhagens............................................................ 42
Foto 24 – Palma adensada. Fazenda Cacimba de Baixo............................................ 43
Foto 25 – Plantio de algaroba consorciado com capim búfel. Local: Faz. Santa Rita.. 44
Foto 26 – Utilização de agrotóxicos nas áreas próximas ao aluvião. Fazenda Nova.. 55
Foto 27a – Esgoto escoando sobre o terreno. Samambaia......................................... 55
Foto 27b – Matadouro de Samambaia localizado nas proximidades do aluvião.......... 56
Foto 28 – Poço Amazonas construído de forma irregular. Samambaia....................... 56
Foto 29 – Lixo jogado no aluvião do Riacho Copiti. Samambaia................................. 57
Foto 30 – Local onde é queimado o lixo. Samambaia.................................................. 57
Foto 31 – Forno de Carvão. Poço Escuro................................................................... 58
Foto 32 – Animais nas proximidades da barragem. Salgado....................................... 58
Foto 33 – Animais bebendo água nas cacimbas escavadas no Copiti. Samambaia... 59
9. 8
Lista de Figuras
Figura 1 – Localização da área piloto.......................................................................... 15
Figura 2 – Diagrama unifilar do Riacho Copiti............................................................. 46
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Número de habitantes por localidade........................................................ 14
Tabela 2 – Poços cadastrados na Área Piloto............................................................. 26
Tabela 3 – Relação de Escolas Municipais situadas na Área Piloto – 2001............... 35
Tabela 4 – Distribuição de animais nas grandes propriedades................................... 43
Tabela 5 – Resultados de análises realizadas em amostras de água coletadas na
Área Piloto. (Anexo)
Lista de Quadros
Quadro 1 – Potencialidades e Limitações dos Recursos Naturais da Área Piloto....... 29
Quadro 2 – Uso e Ocupação Atual do Solo.................................................................. 34
Lista de Gráficos
Gráfico 1 – Variação da Salinidade.............................................................................. 47
Gráfico 2 – Variação de Cloretos................................................................................. 49
Gráfico 3 – Variação de Sólidos Totais........................................................................ 50
Gráfico 4 – Variação de Oxigênio Dissolvido............................................................... 50
Gráfico 5 – Variação da Condutividade Elétrica........................................................... 50
Gráfico 6 – Variação do pH.......................................................................................... 51
Gráfico 7 – Variação de Turbidez................................................................................. 51
Gráfico 8 – Variação de Amônia................................................................................... 51
Gráfico 9 – Variação de Nitrato.................................................................................... 52
Gráfico 10 – Variação de Nitrito.................................................................................... 52
10. 9
APRESENTAÇÃO
O Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, coordenado pela Companhia
Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH, com o objetivo de avaliar e orientar o
processo de ocupação e uso do solo em uma área piloto, localizada no município
de Custódia, em Pernambuco, visa estabelecer as normas de uso e ocupação do
solo e de manejo dos recursos naturais na referida área piloto.
A elaboração do Diagnóstico Sócioambiental e da proposta de ZEE do Litoral Sul,
em 1999, consolidada, em Seminário, com os atores envolvidos e aprovado
através do Decreto Estadual nº 21.972/99, do Governador Jarbas Vasconcelos e
o Diagnóstico Sócioambiental e a proposta de ZEE do Litoral Norte, consolidada
em 2001, tem fornecido subsídios para promover a gestão ambiental do Estado e,
através da implementação de ações integradas, tem buscado alternativas para
promover o desenvolvimento sustentável da Zona Costeira Estadual.
A experiência metodológica alcançada na elaboração dos Zoneamentos do litoral
sul e norte de Pernambuco serviu como base para o desenvolvimento dos
trabalhos, embora tenham sido feitas algumas adaptações, levando-se em
consideração as diferenças ambientais e sócio-econômicas entre o semi-árido e o
litoral.
Neste momento, a CPRH como instituição parceira do Programa de Águas
Subterrâneas para o Nordeste – PROASNE, apresenta o Diagnóstico Ambiental e
Zoneamento Ecológico Econômico e as Ações Prioritárias para o Plano de Gestão
e cumpre mais uma etapa no referido Programa, ampliando a base para a
atuação dos gestores públicos, nos diferentes níveis, através de medidas que
visem a reversão das tendências de ocupação inadequada e a potencialização
das atividades sustentáveis, indutoras do desenvolvimento local.
EDRISE AIRES FRAGOSO
Presidente da CPRH
11. 10
1.INTRODUÇÃO
A Companhia Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH como instituição
parceira do Programa de Águas Subterrânea para o Nordeste – PROASNE e do
Programa de Cooperação Técnica Canadá-Brasil, desenvolveu o Projeto
“Diagnóstico Ambiental e Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE em uma
Área Piloto, localizada no município de Custódia – PE”, visando auxiliar na
elaboração do Plano de Gestão, o qual deverá promover o ordenamento físico e
territorial, assegurar a proteção das águas subterrâneas e superficiais e fortalecer
as comunidades locais.
A elaboração do Diagnóstico Ambiental, iniciada em fevereiro de 2001 e concluída
em janeiro de 2002, teve como resultados o Diagnóstico do Meio Físico,
Diagnóstico do Meio Sócio-Econômico e a Qualidade Ambiental da área. Como
produtos foram gerados relatórios parciais e os seguintes Mapas Temáticos: Uso
e Ocupação do Solo, Potencialidades e Limitações e Qualidade Ambiental. Com
base neste diagnóstico, foi elaborada a Proposta de Zoneamento Ecológico-
Econômico-ZEE, onde foram estabelecidas zonas e subzonas homogêneas,
considerando-se as tendências de uso e ocupação do solo e a adequação das
mesmas às potencialidades e limitações de uso dos recursos da área. Nessa
proposta, constam: a situação atual das zonas e subzonas, os objetivos para o
Cenário 2010 e a indicação de usos/ações proibidos, tolerados e a incentivar. A
delimitação das zonas e subzonas são mostradas no Mapa de Zoneamento
Ecológico-Econômico.
A Consolidação da Proposta de Zoneamento e a definição de Ações Prioritárias
para o Plano de Gestão, foram viabilizadas através de oficinas com as
comunidades envolvidas e com representantes do poder público e de diversos
órgãos e instituições.
12. 11
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O Diagnóstico Ambiental e Zoneamento Ecológico Econômico- ZEE, proposto
pela Companhia Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH para ser
desenvolvido na Área Piloto, teve como referência metodológica o Zoneamento
Ecológico-Econômico Costeiro – ZEEC do litoral pernambucano, elaborado pela
CPRH, através do Programa de Gerenciamento Costeiro de Pernambuco
(GERCO/PE). A metodologia adotada pelo GERCO, baseia-se nos trabalhos de
OGATA (1995), onde são discutidos aspectos metodológicos para o
macrozoneamento costeiro.
Tendo em vista as diferenças ambientais e sócio econômicas entre o semi-árido e
o litoral, foram feitas algumas adaptações na metodologia utilizada, para que a
mesma se enquadrasse da melhor forma possível à Área Piloto.
Levantamento de dados secundários
Os trabalhos iniciais consistiram no levantamento de dados bibliográficos e
cartográficos disponíveis em meio digital , magnético ou cópia heliográfica. Foram
consultados vários órgãos como: Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste (SUDENE), Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM),
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Secretaria de
Recursos Hídricos (SRH), Secretaria de Ciência, Tecnologia e do Meio Ambiente
(SECTMA), Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH), Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE) e Fundação de Desenvolvimento Municipal
(FIDEM).
Dentre os dados obtidos, podem ser citados:
¾Mapa Topográfico da Sudene (1972), folha Custódia (SC. 24-A-X-III) na
escala 1:100.000.
¾Mapa de Vegetação Nativa Lenhosa folha Custódia na escala 1:100.000
publicado pela SECTMA (1992).
13. 12
¾Mapa de Reconhecimento de Baixa e Média Intensidade de Solos, folha
Custódia 1:100.000, cedido pela EMBRAPA (1999)
¾Mapa Geológico do Alto Vale do Rio Moxotó, escala 1: 100.000 (CPRM,
1999)
¾Geologia da Área Piloto Caiçara-Samambaia, escala 1:25.000 cedido pela
CPRM (inédito)
¾Cadastro e Inventário de Poços Alto Vale do Rio Moxotó-PE (CPRM,
inédito)
¾Médias Mensais de Pluviometria de 1999 a 2001 (SRH)
Trabalhos de campo
Os trabalhos de campo foram efetuados em três etapas principais:
¾Primeira etapa - foram estabelecidos contatos com o poder público local e
com a comunidade, permitindo a identificação de pessoas que poderiam
contribuir com informações relacionadas às questões sócio-econômicas e
ambientais da comunidade.
¾Segunda etapa - consistiu no levantamento de dados sócio-econômicos
como: infra-estrutura presente nos núcleos urbanos, qualidade de vida,
formas de captação de água e finalidades de uso, estrutura fundiária
(tamanho médio) das propriedades, relação dos grandes com os pequenos
proprietários, atividades desenvolvidas, relações com o mercado, etc
através da aplicação de entrevistas e observações de campo. Também
foram observados dados sobre aspectos do meio físico-biótico (vegetação,
relevo, drenagem etc), infra-estrutura (saneamento, água, luz, etc) e a
existência de impactos ambientais. As observações foram registradas
através de anotações, fotografias e tomadas de coordenadas com GPS.
¾Terceira etapa - teve como objetivos principais: avaliação da qualidade
ambiental da área piloto, através da coleta de água para análise em
laboratório, avaliação da qualidade da cobertura vegetal, levantamento dos
conflitos de uso e ocupação do solo, além da complementação do mapa de
uso e ocupação do solo, com novos dados.
14. 13
Elaboração de mapas
Procedimentos para confecção do Mapa de Uso e Ocupação do Solo:
¾ Digitalização da base cartográfica - Carta Topográfica da SUDENE
(1972), folha Custódia e ampliação para a escala 1:25.000.
¾ Plotagem das informações pontuais (cacimbas, poços, barragens,
escolas, fornos de carvão, etc.) adquiridas na 2ª etapa de campo.
¾ Delimitação de manchas referentes à existência de antropismo e
vegetação nativa, utilizando como base o mapa de levantamento de
vegetação nativa lenhosa da SECTMA (1992).
¾ Retificação e delimitação de novas manchas, utilizando informações
obtidas na 3ª etapa de campo: grandes propriedades, plantios, área
de reserva legal, patrimônio da igreja e caatinga.
Mapa de Potencialidades e Limitações
¾ Fotointerpretação utilizando fotografias aéreas na escala 1:30.000 e
delimitação das áreas potenciais: aluvião, elevações morfológicas
(serras e serrotes).
¾ Justaposição do mapa geológico (CPRM, 2000) com o mapa de uso
e ocupação atual do solo.
Mapa de Qualidade Ambiental
¾ O mapa de Qualidade Ambiental é resultante da justaposição dos
mapas anteriores, acrescido de informações obtidas em campo e
laboratório.
15. 14
3. ASPECTOS GERAIS DA ÁREA PILOTO
A Área Piloto, localizada no município de Custódia-PE, delimita-se pelas
coordenadas UTM: 636000E - 644000E e 9079000N – 9092000N (Figura 1) e
apresenta uma área de 104 km². O acesso pode ser feito pela BR-232 até a sede
municipal e daí percorre-se pela PE-312, cerca de 20 Km na direção sul.
A escolha da área baseou-se na existência de pesquisas anteriores feitas pela
CPRM e em alguns fatores que são requisitos para a execução do projeto, como:
densidade populacional elevada em relação ao restante da área rural do
município, abastecimento de água precário, tanto em qualidade como em
quantidade, problemas sociais diversos, além de questões pertinentes ao estudo
da hidrogeologia das rochas fraturadas.
De acordo com os dados obtidos nos cadastros dos agentes de saúde em
novembro de 2001, o número total de habitantes é de 1267, distribuídos como
mostra a Tabela 1.
Tabela 1 – Número de habitantes por localidade
Localidade Nº de habitantes
Poço Escuro 47
Tapera 19
Salgado 107
Caiçara 255
Samambaia 429
Fazenda Nova 304
Santa Rita 21
Cacimba de Baixo 29
Santo Antônio 56
Total 1267
Fonte: Cadastro de Agentes de Saúde (2001)
Os povoados de Samambaia, Caiçara, Fazenda Nova e Salgado constituem as
principais localidades da área. As mesmas apresentam diferenças entre si, com
relação à infra-estrutura e equipamentos, porém, problemas como abastecimento
de água (quantidade e qualidade), destinação de lixo, falta de saneamento básico,
ausência de associativismo etc, são comuns a todos.
17. 16
4. ASPECTOS DO MEIO FÍSICO
4.1. Geologia/Geomorfologia
Geologicamente, a área é formada predominantemente por rochas cristalinas de
idade pré-cambriana e em menor parte por coberturas areno-argilosas de idade
tércio-quaternária e por depósitos aluvionares quaternários.
O relevo apresenta-se pouco acidentado e suavemente ondulado na maior parte,
com altitudes variando entre 490 e 655 metros. O relevo suave é quebrado por
cristas alinhadas na direção SW-NE, como a Serra do Caldeirão, a Serra das
Porteiras (Foto 1) e a Serra do Saquinho, constituídas por rochas quartzíticas e
com altitudes que chegam a atingir 655 metros.
ANGELIM et al. (inédito) dividem as rochas pré-cambrianas que ocorrem no local
em quatro classes litologicamente distintas, descritas pela seguinte legenda:
Ogn/mg - ocorre na porção sudeste da área, associada a um relevo pouco
acidentado, onde se destaca o Serrote do Praquió (Foto 2), com altitude
aproximada de 590 metros. Esta classe é representada por ortognaisses e
migmatitos indiscriminados.
Ogn - ocorre na porção central da área, associada a um relevo suavemente
ondulado, com altitudes em torno de 500 metros. As principais litologias
enquadradas nesta classe são: augengnaisses, gnaisses bandados, tonalitos a
dioritos, localmente migmatizados com xenólitos de metassedimentos.
qtz - é formada por quartzitos micáceos, paragnaisses epidotíferos e micaxistos.
Ocorrem sob a forma de cristas alinhadas com altitudes que chegam a 655
metros, contrastantes com o relevo suave da área.
18. 17
mx - ocorre predominantemente na porção noroeste da área, aflorando
esporadicamente devido a uma cobertura elúvio/coluvionar. É representada por
biotita-xistos granatíferos com finos veios de quartzo.
Os depósitos sedimentares que ocorrem na área são representados por
coberturas areno-argilosas, de origem elúvio-coluvionar e idade tércio-
quaternária. Também ocorrem depósitos aluvionares (Foto 3), de idade
quaternária, predominantes na porção noroeste e ao longo dos riachos Copiti e
Cipó. O depósito mais significativo de aluvião é encontrado a oeste da Serra das
Ponteiras, cuja deposição, segundo ANGELIM et al. (inédito), foi provavelmente
favorecida pelo fato do fluxo das águas ser no sentido sul e serra funcionar como
um barramento.
Foto 1 – Serra das Porteiras formada por rochas quartzíticas. Local: Caiçara
19. 18
Foto 2 – Serrote do Praquió formado por rochas ortognáissicas e migmatíticas
Foto 3 – Sedimentos aluvionares. Local: Fazenda Nova
20. 19
4.2. Solos
O Mapa de Reconhecimento de Baixa e Média Intensidade de Solos, realizado
pela EMBRAPA (1999) no Zoneamento Agroecológico do Estado de Pernambuco,
mostra que ocorrem os seguintes tipos de solo na área:
O solo tipo Planossolo ocorre como uma associação de Planossolo, Solonetz
Solodizado, Solos Litólicos Eutróficos com textura média, cascalho a cascalhento
e Bruno Não Cálcico, com vértico e não vértico, horizonte A fraco e moderado,
caatinga hiperxerófila e relevo suavemente ondulado a plano. Este tipo predomina
na Área Piloto.
A segunda maior ocorrência na área é o tipo Bruno Não Cálcico, caracterizado,
de maneira geral, pela coloração avermelhada, pouco profundo ou raso e
moderadamente drenado. A textura é média ou argilosa cascalhenta,
moderadamente ácido a praticamente neutro, com fertilidade aparente média. O
relevo é predominantemente ondulado a suave ondulado. Este tipo de solo
apresenta limitação à mecanização, devido a pouca profundidade e à
pedregosidade. O desenvolvimento de culturas neste solo requer práticas de
conservação, devido à tendência à erosão, sendo mais indicados para
pastagens. É considerado gerador de escoamentos representativos, quando
ocorrem precipitações.
Os solos tipo Regossolo são geralmente pouco desenvolvidos, arenosos,
medianamente profundos a profundos, totalmente drenados, ácidos a
moderadamente ácidos e com baixa fertilidade natural. O relevo apresenta-se
predominantemente suave ondulado. Apresentam limitações devido à sua textura
arenosa, aliada à deficiência de nutrientes e a reações ácidas, embora seja
considerado gerador de pouquíssimos escoamentos.
Os solos tipo Litólicos são pouco desenvolvidos, rasos a muito rasos,
pedregosos e rochosos com textura média ou arenosa e horizonte superficial
assentando diretamente sobre a rocha. Ocorrem tanto em relevo suave ondulado
como em montanhoso. É comum encontrar material grosseiro tanto na massa do
21. 20
solo, como em superfície, representado por calhaus e cascalho. Apresentam
severas limitações, sendo mais apropriados para recomposição da flora e da
fauna, podendo gerar deflúvios, na ocorrência de precipitações.
4.3. Recursos Hídricos
A Bacia do Moxotó, onde está inserida a Área Piloto, representa a terceira maior
bacia hidrográfica do Estado de Pernambuco, sendo formada pelo Rio Moxotó e
seus principais tributários: Piutã, Piore, Várzea Grande, Custódia, Poço da Cruz,
Curupiti, Alexandre, Juazeiro, Feliciano, Riacho do Mel, Riacho da Gameleira e
Manari. De acordo com a Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco - SRH
(1998), a Bacia do Moxotó apresenta potencialidade de águas superficiais,
avaliada em 161,46 x 106 m³/ano e disponibilidade efetiva de águas subterrâneas
de 5,80 x 106 m³/ano.
O cadastramento de poços realizado pela Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais (CPRM 2000), no Alto Vale do Moxotó, mostra que dos 435 poços
tubulares cadastrados, 20% estão localizados em Custódia, sendo que a maioria
desses poços estão paralisados ou abandonados.
Águas Superficiais
Os cursos d'água que atravessam a Área Piloto são de regime temporário,
permanecendo a maior parte do ano secos. O principal curso d’água, o Riacho
Copiti, nasce na Serra da Torre (Foto 4), situada a noroeste de Custódia, deságua
no Açude Poço da Cruz, situado a sul da área. Seus principais afluentes, pela
margem esquerda, são: Santa Rita, Caetitu, do Defunto, da Cascavel e pela
margem direita: Simplício, Boqueirão e Cipó.
Outras formas de ocorrência de águas superficiais na área são as lagoas que,
assim como os riachos, também são intermitentes: Lagoa da Cruz, Lagoa dos
Pinhões, Lagoa Grande, Lagoa do Farias, Lagoa do Salgado e Lagoa da
22. 21
Cascavel (Foto 5). Também são encontrados barreiros para abastecimento animal
e pequenas barragens e açudes.
Águas Subterrâneas
Na área piloto, a água subterrânea é proveniente dos aqüíferos fissural e
aluvionar. O aqüífero fissural é representado pelas rochas cristalinas, cujo
acúmulo de água dá-se na presença de fraturas ou fissuras sendo a captação
feita por meio de poços tubulares. Com relação ao aqüífero aluvionar, o mesmo é
formado pelos depósitos aluvionares que ocorrem ao longo dos leitos dos riachos
da área, sendo a captação feita através de poços amazonas e cacimbas
escavadas
O cadastramento de poços realizado pela Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais - CPRM (2000), na Área Piloto (Tabela 2), mostra que há 32 (trinta e
dois) poços cadastrados, sendo 11 (onze) tubulares e 21 (vinte e um) do tipo
amazonas. Dos poços tubulares, três foram informados como secos. A maioria
apresenta vazões que variam entre 4,23 a 14,00 m³/h e apenas um apresenta
vazão abaixo deste intervalo (0,76 m³/h). Com relação aos poços amazonas, não
foram informadas as vazões e as profundidades variam entre 1,20 a 6,00 metros
e os diâmetros, entre 2,00 e 3,00 metros.
Os povoados de Samambaia e Caiçara possuem dessalinizadores, mas apenas o
de Samambaia está em atividade, abastecido por poço tubular (Foto 6).
23. 22
Foto 4 – Serra da Torre onde localiza-se a nascente do Riacho Copiti.
Foto 5 – Lagoa do Cascavel.
24. 23
Foto 6 – Poço tubular que abastece o dessalinizador de Samambaia
4.4. Vegetação
A vegetação de caatinga, típica da Região do Sertão, caracteriza-se, de forma
geral, por ser uma vegetação espinhenta, de folhas pequenas e caducas,
constituída por arbustos e árvores de pequeno porte, rica em cactáceas,
bromeliáceas, euforbiáceas e leguminosas.
O mapeamento da Cobertura Florestal Nativa Lenhosa do Estado de PE,
realizado pela SECTMA (1992), mostra que na área ocorrem três tipos florestais:
Vegetação Arbustiva Arbórea Aberta - caracterizada pela presença de
indivíduos pouco arbóreos, com altura média de 4 metros e presença de
vegetação herbácea e cactácea em abundância. Está associada a solos rasos e
pedregosos.
Vegetação Arbustiva Arbórea Fechada - caracteriza-se por apresentar altura
média de 5 metros, ocorrendo nos locais em que os solos são profundos e bem
drenados, onde a vegetação herbácea a cactácea torna-se escassa.
25. 24
Vegetação Arbórea Fechada - caracteriza-se por apresentar altura média de 5
metros e emergentes de 8 metros de altura, ocorrendo, geralmente nas encostas
das serras e nas áreas com solos profundos.
As espécies vegetais mais comuns, são: Bromelia laciniosa (macambira),
Neoglaziovia variegata (caroá), Caesalpinia pyramidalis (catingueira), Mimosa
hostilis (jurema preta); Cereus jamacaru (mandacaru), Melocactus bahiensis
(coroa de frade), Pilosocereus gounellei (xique-xique), Chidoscolus phyllacanthus
(faveleira), Spondias tuberosa (umbuzeiro), Anadenanthera macrocarpa (angico),
Opuntia ficus-indica (palma forrageira) etc. As fotos 7,8 e 9 mostram algumas das
espécies.
Foto 7 – Pereiro, árvore típica da área. Lagoa do Cascavel
26. 25
Foto 8 – Flor de Caruá
Foto 9 – Coroa de Frade. Local: Salgado
27. 26
Tabela 2 – Poços cadastrados na Área Piloto
COORDENADAS DADOS DE PERFURAÇÃO CARACTERÍSTICAS DO POÇO
DADOS DE LOCALIZAÇÃO
N0 N0 Perf. Coleta Prof NE ND S Q Qesp. BOCA
LOCAL MUNICÍPIO PROPRIETÁRIO UTM-E UTM-N
Cat SIAGAS ÓRGÃO Data (Data) (m) (m) (m) (m) m3/h m3/h/m φ(”) h UB USO
PT-100 PE4486 Samambaia Custódia PREFEITURA 640408 9079956 DEPA 1971 04/10/00 21 2,70 - - - - 6 0,50 - PA
PT-101 PE4485 Samambaia Custódia PREFEITURA 640504 9080020 DNOCS 1993 04/10/00 22 8,30 - - - - 6 0,70 BS D
PT-136 PE4482 Sitio Caiçara Custódia Jeremias Melo 639764 9084770 - 1993 05/10/00 48 - - - Seco - 6 0,50 - AB
PT-145 PE4512 Sitio Caiçara Custódia Hermes Rodrigues 639743 9085752 CONESP 1984 05/10/00 60 4,00 - - Seco - 5 0,70 - AB
PT-147 PE4481 Caiçara Custódia SUDENE 639384 9086415 CONESP 1980 05/10/00 60 - - - Seco - 5 0,70 - OB
PT-173 PE4491 Faz. Nova Custódia José Gregório Neto 640679 9090826 DNOCS 1993 07/10/00 35 - - - 14,00 - 6 0,80 BI I
PT-179 PE4796 Faz. Nova Custódia PREFEITURA 640760 9091700 CDRM 1987 07/10/00 50 3,00 21,29 18,41 0,76 0,041 5 0,20 CT G
PT-436 - Caiçara Custódia Manoel Rodrigues 639236 9086559 - 1999 07/10/00 50 - - - - - 5 - BI H
PT-437 - Fortaleza(Jaçanã) Custódia Ricardo Fiuza 638461 9087470 - 2000 06/10/00 50 - - - 5,00 - 6 0,50 BS G
PT-438 - Fortaleza(Jaçanã) Custódia Prefeitura 638493 9087597 - 2000 06/10/00 50 - - - 4,23 - 6 0,70 BS G
PT-439 - Faz. Nova Custódia Francinaldo Figueiredo 640749 9090623 - 1999 07/10/00 40 - - - 10,00 - 6 0,50 BS I
PA-01 - Samambaia Custódia Sebastião 640257 9079915 - - 04/10/00 2,50 1,00 - - - - 3m 0,50 BC G
PA-02 - Samambaia Custódia Zé dos Porcos 640336 9079825 - - 04/10/00 1,50 1,00 - - - - 1m 1,60m - -
PA-03 - Samambaia Custódia Djalma 640360 9079836 - - 04/10/00 1,5 1,00 - - - - 2m 1,00m - -
PA-04 - Samambaia Custódia - 640320 9079940 - - 04/10/00 4,0 2,00 - - - - 3m 1,10m - -
PA-05 Samambaia Custódia Prefeitura 640170 9080178 - - 04/10/00 5,00 3,50 - - - - 2m 1,50m BC G
PA-06 - Samambaia Custódia Edelson(Dedinho) 640413 9080197 - - 04/10/00 6,00 2,00 - - - - 4 m 0,50 m BI I
PA-07 - Samambaia Custódia Aristóteles 640177 9080746 - - 05/10/00 5,00 3,00 - - - - 2 m 0,50 m BC I
PA-08 - Samambaia Custódia Flávio 640124 9082186 - - 05/10/00 1,20 0,00 - - - - 4 m 1,00 m - -
PA-09 - Poço Escuro Custódia Manoel Pacífico 639941 9083021 - - 05/10/00 2,50 1,00 - - - - 2 m 0,50 m - -
PA-10 - Poço Escuro Custódia Eduardo Numeriano 640033 9083272 - - 05/10/00 2,00 - - - - - 2 m 0,30 m - -
PA-11 - Fortaleza(Jaçanã) Custódia Ricardo Fiuza 638680 9087498 - - 06/10/00 6,00 3,00 - - - - 3m 3,00m - -
PA-12 - Fortaleza(Jaçanã) Custódia Ricardo Fiuza 638592 9087410 - - 06/10/00 - - - - - - 3m 3,00m - -
PA-13 - Fortaleza(Jaçanã) Custódia Ricardo Fiuza 638680 9087357 - - 06/10/00 - - - - - - 3m 3,00m - -
PA-14 - Fortaleza(Jaçanã) Custódia Ricardo Fiuza-Prefeitura 638657 9087258 - - 06/10/00 - - - - - - 3m 2,00m - OB
PA-15 - Fortaleza(Jaçanã) Custódia Ricardo Fiuza 638850 9087525 - - 06/10/00 - - - - - - 3m 2,00m - -
PA-16 - Fortaleza(Jaçanã) Custódia Ricardo Fiuza 638978 9087531 - - 06/10/00 5,30 5,00 - - - - 3m 1,70m BC G
PA-17 - Faz. Nova Custódia - 640532 9089835 - - 07/10/00 3,00 2,00 - - - - 4m 1,00m - -
PA-18 - Faz. Nova Custódia Sebastião Liberato 640773 9090254 - - 07/10/00 2,00 1,00 - - - - - 0,00m CP I
PA-19 - Faz. Nova Custódia - 640811 9090294 - - 07/10/00 3,00 - - - - - - - - -
PA-20 - Faz. Nova Custódia Sebastião Liberato 640705 9090163 - - 07/10/00 3,50 3,00 - - - - 3m 1,00m - -
PA-21 - Faz. Nova Custódia Agenor 640820 9090313 - - 07/10/00 3,00 2,00 - - - - 3m 0,00 - -
Fonte: CPRM (inédito)
CONVENÇÕES
PT – Poço Tubular PA – Poço Amazonas Prof. – Profundidade em metros
NE – Nível estático em metros ND – Nível dinâmico em metros Q – Vazão em m3/h
3
Qesp.- Vazão específica em m /h/m S. -Rebaixamento em metros Boca – Diâm.em φ - polegada ou m – metros, h – altura em metros
UB – Unid.de Bombeamento – BS- Bomba Submersa, BI –Bomba Injetora, BC, Bomba Centrífuga, CP – Compressor, CT – Catavento, D- Dessanilizador
USO – H- Consumo Humano, G – Consumo Animal, I – Irrigação, OB – Obstruído, PA – Paralisado, AB - Abandonado
28. 27
5. POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DOS RECURSOS
NATURAIS
As potencialidades naturais e culturais são definidas como os recursos existentes
em uma área que representem algum valor para o homem, seja estético,
econômico, cultural ou moral e que, utilizados adequadamente, proporcionem
uma melhor qualidade de vida sem prejudicar a qualidade ambiental.
As limitações ao uso do território podem ser definidas como tudo aquilo que
requer por parte do homem, algum cuidado especial no uso dos recursos
naturais/ambientais (OGATA, 1995). Nestas limitações, enquadram-se as
restrições naturais e as de ordem legal, definidas por leis que tratam da proteção
e preservação dos recursos naturais e culturais.
Foram identificados, como áreas potenciais dentro da área piloto, os depósitos
aluvionares, caatinga, pé de serras, serras (áreas elevadas), aqüífero fissural
(embasamento cristalino), lagoas, afloramentos de rochas gnáissicas e
migmatíticas, mananciais de superfície e áreas com predomínio de declividade
suave (mapa em anexo).
O Quadro 1 mostra, de forma resumida, as potencialidades dos recursos e
atributos naturais existentes na área piloto, assim como também as suas
restrições naturais e de ordem legal.
29. 28
QUADRO SÍNTESE 1 - POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DOS RECURSOS NATURAIS DA ÁREA PILOTO
RECURSOS/ATRIBUTOS POTENCIALIDADES NATURAIS
CARACTERÍSTICAS GERAIS LIMITAÇÕES/RESTRIÇÕES
NATURAIS E CULTURAIS
¾ Restrições para a utilização da água para o consumo humano em
alguns locais, devido à salinização elevada e à grande quantidade de
Os depósitos aluvionares ocorrem ao longo coliformes fecais.
Os depósitos aluvionares têm
dos principais riachos da área piloto. A ¾ Restrições para a ocupação urbana, agricultura e disposição de
potencial para:
acumulação mais expressiva ocorre à oeste resíduos sólidos, já que essas atividades associadas às propriedades
DEPÓSITOS da Serra das Porteiras, onde se situa a Faz. naturais dos aluviões, aumentam o risco de contaminação.
¾ Captação de água
ALUVIONARES Porteiras. A captação de água nestes ¾ Restrições ao uso agrícola e à ocupação nas proximidades destas
subterrânea
depósitos é feita através de poços tipo áreas, por estarem sujeita à inundação nos períodos de chuva mais
¾ Barragens Subterrâneas
Amazonas, com profundidade média de 6 intensa.
¾ Agricultura
metros e de cacimbas escavadas, com
profundidade média de 2 metros. Restrições de Ordem Legal:
¾ Decreto n° 20.423 que regulamenta a Lei Estadual 11.427 que trata
da conservação e proteção das águas subterrâneas.
A vegetação de caatinga, caracterizada na
área pela presença de herbáceas e As espécies vegetais encontradas
cactáceas, apresenta-se bastante na caatinga apresentam potencial
Apresenta restrições para:
devastada, devido aos sucessivos cortes para diversos usos, como:
¾ Pecuária extensiva.
para exploração de madeira para lenha e ¾ Forragem para alimentação
¾ Corte da caatinga para obtenção de lenha e estacas e para produção
estacas e à pecuária extensiva. O porte da dos rebanhos.
de carvão, sem que haja um manejo adequado.
vegetação, em média, não ultrapassa 4 ¾ Lenha, estacas e carvão.
¾ Caça ou captura de espécies animais.
CAATINGA metros, mas em alguns poucos locais podem ¾ Plantas medicinais.
ser observado portes maiores. As espécies ¾ Fibra para produção de
Restrições de Ordem Legal:
mais comuns encontradas, são: juazeiro, artesanato.
catingueira, jurema preta, angico, faveleira, ¾ Apicultura.
¾ Lei Federal 4.771, que institui o novo Código Florestal
umbuzeiro, macambira, mandacaru, caroá, ¾ Reflorestamento.
¾ Lei Federal 5.197, que dispõe sobre a proteção à Fauna
xiquexique, etc. Com relação à fauna ¾ Refúgio da fauna.
poucas espécies são encontradas, hoje, na
área.
As feições geomorfológicas elevadas são
representadas por serras e “serrotes”. Os
mesmos são geologicamente formados por Os topos destas áreas podem ser Fica restrita nestas áreas:
rochas quartzíticas ou por gnaisses e utilizados como: ¾ A prática de queimadas para evitar o empobrecimento do solo.
SERRAS (ÁREAS migmatitos. As elevações atingem altitudes ¾ Pontos de contemplação ¾ Ao desmatamento
ELEVADAS) E PÉ DE de 655 metros e apresentam uma cobertura ¾ Áreas de preservação Restrições de Ordem Legal:
SERRAS vegetal predominantemente arbustiva. Nas Os pé de serras apresentam
partes mais baixas das serras, denominadas potencial para agricultura ¾ Lei Federal 4.771, que institui o novo Código Florestal
de Pé de Serras pode-se observar uma
camada de solo resultante do intemperismo
das rochas quartzíticas.
30. 29
¾ Os aqüíferos fissurais apresentam limitação com relação à , que
normalmente são baixas
O aqüífero fissural é representado pelas
¾ Restrições para o uso da água para consumo humano, devido a
AQÜÍFEROS FISSURAIS rochas do embasamento cristalino, cujo O potencial destas áreas é a
elevada salinidade
(EMBASAMENTO acúmulo de água dá-se na presença de captação de água subterrânea
Restrições de Ordem Legal:
CRISTALINO) fraturas ou fissuras, sendo a captação feita através de poços tubulares.
por meio de poços tubulares
¾ Decreto n° 20.423, que regulamenta a Lei Estadual 11.427, que trata
da conservação e proteção das águas subterrâneas.
As lagoas, assim como os riachos, são
intermitentes. Quando secas, pode-se cam limitadas às seguintes atividades:
observar nelas um solo predominantemente ¾ Mata ciliar ¾ Ocupação urbana em torno destas lagoas
arenoso, com resquícios de vegetação e ¾ Quando cheias apresentam ¾ Práticas agrícolas
LAGOAS
restos de animais. O diâmetro médio é de potencial para preservação Restrições de Ordem Legal:
250 metros. Quando cheias, é possível de espécies animais
encontrar animais como cágados e patos, ¾ Lei Federal 4.771 que institui o novo código florestal
além de outras espécies.
Ocorrem ao longo da área diversos
afloramentos de rochas na forma de
AFLORAMENTOS DE
“lajedos” e pequenas elevações (serrotes).
ROCHAS GNÁISSICAS E Extração de brita e paralelepípedo
Na porção oeste da área, é possível
MIGMATÍTICAS
encontrar pedreiras abandonas, utilizadas
para exploração de paralelepípedo
¾ Restrições para consumo humano quando apresentam salinidade
Os mananciais de superfície caso
elevada e coliformes fecais.
sejam devidamente protegidos,
Os mananciais de superfície são ¾ Também fica restrita a circulação de animais nas proximidades dos
apresentam potencial para:
representados pelas pequenas barragens e mananciais, quando esses forem destinados ao abastecimento
¾ Abastecimento das
MANANCIAIS DE barreiros existentes na área. São utilizados humano.
comunidades
SUPERFÍCIE para abastecimento da população e para
¾ Dessedentação animal
dessedentação animal. As margens Restrições de Ordem Legal:
(pequenos barreiros)
apresentam-se desprovidas de vegetação.
¾ Reflorestamento das
Lei Estadual n: 11.426/97 que trata da Política e do Sistema Estadual de
margens
Recursos Hídricos.
As áreas de declividade suave
tem potencial para:
Correspondem aos terrenos onde a
ÁREAS COM
declividade é predominantemente suave. ¾ Ocupação urbana ¾ Restrições para o uso de agrotóxicos
PREDOMÍNIO DE
Estas áreas são na maioria das vezes, ¾ Agricultura ¾ Pecuária extensiva, somente se houver manejo adequado.
DECLIVIDADE SUAVE
ocupadas por práticas agropecuárias. ¾ Pecuária
¾ Reflorestamento
¾ Barragens/açudes
31. 30
6. USO E OCUPAÇÃO ATUAL DO SOLO
Com base nas observações de campo, foram identificados os principais padrões
de uso e ocupação do solo presentes na área piloto (Quadro 2). Esses padrões
encontram-se representados sob a forma de manchas e pontos, no Mapa de Uso
e Ocupação do Solo (em anexo), elaborado na escala de 1:25.000.
6.1. Núcleos Urbanos/Vilas Rurais
Os povoados de Samambaia e Caiçara e as vilas rurais de Fazenda Nova e
Salgado representam as principais localidades da Área Piloto, estando todas
situadas ao longo da PE-312, principal via de acesso local.
Equipamentos
Salgado e Fazenda Nova apresentam menor infra-estrutura, sendo constituídas
apenas por casas e uma escola em cada uma (Foto 10). Caiçara apresenta uma
área urbanizada (Foto 11), formada por uma via dupla calçada, praça, igreja,
posto de saúde, espaço cultural, escolas, “vendas” e casas, além de um
dessalinizador que está sendo instalado.
Samambaia constitui o povoado mais desenvolvido da Área Piloto. É formada por
uma via dupla calçada, ao longo da qual encontram-se duas igrejas, um centro
comunitário, posto telefônico, posto de saúde, sanitário público, dessalinizador,,
escola, comércio e residências, além de uma fábrica abandonada que produzia
fibra de Caroá e um museu. As Fotos 12 e 13 mostram a fábrica e a igreja. O
povoado também possui uma lavanderia comunitária, atualmente desativada , um
matadouro e um cemitério.
32. 31
Foto 10 – Vila rural de Salgado
Foto 11 – Distrito de Caiçara
33. 32
Foto 12 – Antiga fábrica de caruá. Samambaia
Foto 13 – Igreja Católica de Samambaia
34. 33
QUADRO SÍNTESE 2 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA PILOTO
USO E OCUPAÇÃO PROBLEMAS E
LOCALIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS GERAIS
PREDOMINANTE TENDÊNCIAS ATUAIS
A vegetação caracteriza-se por
Ocorre de forma restrita na porção
apresentar um porte maior por ser mais
sul da área piloto. São
fechada com relação ao restante da ¾Pecuária extensiva.
encontradas mais especificamente
caatinga que ocorre na área. Nas terras ¾Corte da vegetação para
a leste de Samambaia, nas terras
CAATINGA ARBÓREA pertencentes à Igreja é onde encontra- obtenção de lenha e estacas,
que pertencem ao Patrimônio da
se a vegetação em melhor estado de principalmente em Poço
Igreja e em Poço Escuro, em uma
conservação de toda a Área Piloto. Em Escuro.
das grandes propriedades
Poço Escuro a caatinga já apresenta
particulares.
sinais de devastação.
O porte da vegetação, em média, não
¾Pecuária extensiva
ultrapassa 4 metros de altura e apresenta-
¾Apresenta-se bastante
Predomina na maior parte da Área se na maior parte rala e espaçada. A
CAATINGA ARBUSTIVA devastada devido à intensa
Piloto maior parte destas áreas estão inseridas
exploração de lenha para a
em pequenas propriedades e são muito
produção de carvão.
utilizadas para a pecuária extensiva.
Os plantios mais extensos de
palma forrageira e capim são
encontrados nas grandes ¾A palma forrageira adapta-se
propriedades, existentes na Área bem ao clima do semi-árido,
Nas grandes propriedades é empregada a
Piloto, A Fazenda Cacimba de suportando longos períodos de
PLANTIO DE PALMA/CAPIM técnica da palma adensada e o capim
Baixo possui a maior área com estiagem, porém não está livre
plantado é do tipo “búfel”.
plantio de palma. Nas pequenas do ataque de pragas e
propriedades, também é cultivada doenças
a palma, mas em extensões bem
menores.
O Plantio de Algaroba restringe-se
às grandes propriedades e fazem A algaroba, planta xerófica, pertence à
parte de um Projeto de família das leguminosas e seu plantio tem
¾A algaroba absorve grande
PLANTIO DE ALGAROBA/CAPIM Reflorestamento, incentivado pelo como objetivo a alimentação do rebanho e
quantidade de água do solo.
IBAMA. Nas Fazendas Sta Rita e o aproveitamento da madeira. O plantio é
Porteiras, são encontradas as consorciado com capim búfel
áreas mais extensas deste plantio.
35. 34
¾As áreas onde é desenvolvida
a agricultura correspondem,
As culturas mais comuns são: feijão,
A agricultura é desenvolvida na maior parte, aos aluviões,
milho, capim-elefante, algumas fruteiras e
principalmente ao longo dos o que representa um risco de
hortaliças. Normalmente, o capim é
aluviões. contaminação para as águas
plantado nas partes mais baixas do
AGRICULTURA/PECUÁRIA A Pecuária é extensiva, subterrâneas.
aluvião e o feijão e o milho nas partes
predominando a criação de bodes, ¾Outro problema é que nos
mais altas. Nos locais onde não há plantio,
embora também sejam períodos de chuvas mais
os animais costumam circular pelo aluvião,
encontrados bovinos. intensas estas áreas podem
principalmente quando há cacimbas.
ser inundadas, causando a
perda dos plantios.
Na área piloto foram
identificadas duas áreas de De acordo com a Lei Federal n° 4.771, de
reserva legal, ambas situadas 15 de setembro de 1965, artigo 16° alínea ¾As áreas não parecem
RESERVA LEGAL “d”, parágrafo 2°, são descritas como corresponder ao tamanho
nas fazendas que constituem a áreas de no mínimo, 20% da propriedade mínimo exigido por Lei.
onde não é permitido o corte raso.
Pecuária Jaçanã.
¾ A maioria das casas não
possui fossa.
¾ Não existe nenhuma espécie
de tratamento para o lixo, o
Samambaia é a principal localidade da
mesmo é apenas queimado
Área Piloto, apresentando maior número
ou então jogado às margens
de casas e equipamentos públicos
Os núcleos urbanos pertencem do aluvião, como é o caso de
(escola, igreja, posto de saúde etc).
aos distritos de Samambaia e Samambaia.
Caiçara apresenta menor número de
NÚCLEOS URBANOS/VILA RURAL Caiçara e as vilas rurais são ¾ A água proveniente dos
equipamentos e casas. As vilas rurais
formadas por Fazenda Nova e diferentes mananciais
apresentam apenas a escola e casas.
Salgado. (aluvião, barragens, poços)
Embora Fazenda Nova não apresente
apresenta nível de coliformes
uma infra-estrutura mínima, é a segunda
fecais acima do permitido
localidade em número de habitantes.
para o consumo humano e
boa parte dos moradores não
utiliza nenhum tipo de
tratamento na água.
36. 35
Educação
Dados cedidos pela Secretaria de Educação do Município mostram que na Área
Piloto existem 05 (cinco) escolas de 1º Grau (1ª à 4ª séries) cadastradas, com
número de alunos variando de acordo com a Tabela 3. A maior parte das escolas
funciona no turno da tarde. Aqueles que querem dar continuidade aos estudos (5ª
série em diante) são obrigados a se deslocarem para Custódia.
Tabela 3 - Relação de Escolas Municipais situadas na Área Piloto - 2001
ESCOLA LOCALIDADE Nº DE ALUNOS
Esc. Munic. Joaquim Bezerra de Messias Samambaia 110
Sc. Munic. Pacífico Rodrigues de Melo Salgado 19
Esc. Munic. Luís Cristino Bezerra Caiçara 56
Esc. Munic. Pedro José Soares Sto. Antônio 38
Esc. Munic. Antônio Francisco de Góis Fazenda Nova II 54
Fonte: Secretaria de Educação de Custódia (março/2001)
Abastecimento de água
O abastecimento de água é bastante precário, tanto em quantidade como em
qualidade. A maior parte das casas de Fazenda Nova é abastecida por água
proveniente de um poço tubular, atualmente paralisado por defeito na bomba. A
Foto 14 mostra a caixa d’água que abastece a comunidade.
Em Caiçara, a água que abastece a população é proveniente de um dos poços,
localizado na Fazenda Porteiras.
Em Samambaia, há dois poços tubulares, um encontra-se paralisado e o outro
está ligado a um dessalinizador (Foto 15). A taxa cobrada por uma lata de água
(aproximadamente 18 litros) é de 0,10 centavos. Algumas casas são abastecidas
pela água proveniente de um poço amazonas, construído pela prefeitura. Há uma
pequena barragem que vem sendo utilizado para o abastecimento animal,
causando insatisfação por parte da população que também utiliza a água.
37. 36
Outra forma de captação de água observada na área são as cisternas para
armazenamento de água da chuva. A água que cai no telhado é captada através
de telhas de zinco e levada até a cisterna, por canos de PVC (Foto 16).
Foto 14 – Caixa d’água que abastece Fazenda Nova.
Foto 15 – Dessalinizador em Samambaia
38. 37
Foto 16 – Escola com sistema de captação da água da chuva.
6.2. Caatinga
O padrão predominante é a Caatinga Arbustiva, caracterizada na área por
apresentar uma vegetação de porte médio, bastante degenerada devido a
intensificação das atividades antrópicas. A pecuária extensiva e o corte da
madeira para produção de estacas e de lenha para carvão são atividades que têm
contribuído com a devastação da caatinga, tornando-se difícil encontrar áreas
neste padrão que não estejam ou que não tenham sido utilizadas para tais
atividades (Fotos 17 e 18).
A Caatinga Arbórea apresenta uma vegetação mais fechada e com porte maior
que a arbustiva, além de encontrar-se em melhor estado de conservação (Fotos
19 e 20). Esse padrão pode ser encontrado no extremo sudeste da área piloto,
dentro dos limites do Patrimônio da Igreja e na porção oeste da Fazenda Poço
Escuro. Estes são os locais onde a caatinga encontra-se em melhor estado de
preservação, muito embora já possam ser notados sinais de corte da madeira na
Fazenda Poço Escuro e animais soltos (bodes) no terreno pertencente ao
Patrimônio da Igreja.
39. 38
De acordo com a Lei Federal n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, artigo 16°
alínea “d”, parágrafo 2°, Áreas de Reserva Legal são descritas como áreas de no
mínimo, 20% da propriedade onde não é permitido o corte raso. Na Área Piloto,
foram identificadas duas áreas de reserva legal, ambas situadas nas fazendas
que constituem a Pecuária Jaçanã.
Foto 17 – Madeira para estacas retirada da caatinga
Foto 18 – Troncos de madeira na beira da estrada
40. 39
Foto 19 – Aspecto da caatinga arbórea. Samambaia
Foto 20 – Outra tomada da caatinga arbórea. Samambaia
41. 40
6.3. Áreas de Plantio e Pecuária
As áreas de plantio e pecuária caracterizam outro padrão de uso e ocupação do
solo, desenvolvido nas pequenas e grandes propriedades, podendo ser divididas
em: Agricultura/Pecuária, Plantio de Palma/Capim e Plantio de Algaroba/Capim.
O padrão de Agricultura/Pecuária é encontrado nas pequenas propriedades,
cujo tamanho médio é de 70 hectares. As culturas, geralmente, são desenvolvidas
ao longo dos aluviões e nas suas proximidades. As culturas mais comuns são:
feijão, milho, capim elefante, algumas fruteiras e hortaliças. Normalmente, as
áreas mais baixas do aluvião são destinadas ao plantio de capim (elefante) e nas
partes mais altas são cultivados feijão e milho consorciados (Fotos 21 e 22). O
plantio geralmente, é realizado na estação chuvosa (fevereiro a junho), mas a
irregularidade e a má distribuição das chuvas na região fazem com que o risco de
baixa produtividade ou mesmo fracasso total, seja alto. Em Fazenda Nova, alguns
proprietários utilizam o sistema de irrigação para o plantio de tomate.
Os caprinos formam a maior parte dos rebanhos, seguidos pelos ovinos e
bovinos. O predomínio de caprinos/ovinos pode ser justificado pela fácil
adaptação desses animais ao semi-árido, pelo crescimento acelerado dos
rebanhos em função dos partos múltiplos e curtas gestações, por serem animais
dóceis e de fácil manejo, além de que os custos gastos na criação destes é menor
do que com os bovinos. Os animais são criados soltos na caatinga, alimentando-
se das espécies de arbustos e árvores forrageiras. Por serem bastante seletivos
têm preferência por forrageiras de folhagem do que por gramíneas (Foto 23). O
tamanho médio dos rebanhos de caprinos, nestas propriedades, varia de 20 a 40
cabeças.
Os rebanhos de gado bovino são bem menores, variando, em média, de 10 a 20
cabeças. A palma forrageira constitui a principal fonte de alimentação desses
animais na região, embora também sejam utilizados capim búfel e ração. Nos
períodos mais críticos de estiagem, alguns proprietários alugam o pasto das
grandes propriedades para alimentar o gado dos pequenos proprietários.
42. 41
Foto 21 – Plantação de milho consorciada com feijão. Fazenda Nova
Foto 22 – Plantio de milho ao fundo. Poço Escuro.
43. 42
Foto 23 – Bode se alimentando das folhagens.
O Plantio de Palma/Capim é desenvolvido de forma mais expressiva nas
grandes propriedades. Nestas, é empregada a técnica da palma adensada, que
permite obter um maior número de “raquetes” em um menor espaço de terreno
plantado (Foto 24). Nas pequenas propriedades, o plantio é feito da maneira
tradicional, ou seja, a palma é plantada em “fileiras” e com espaçamentos entre
uma “fila” e outra.
44. 43
Foto 24 – Palma adensada. Fazenda Cacimba de Baixo.
O Plantio da Algaroba/Capim é encontrado nas grandes propriedades como
resultado de Projetos de Reflorestamento, incentivados pelo IBAMA. Nas
fazendas Sta. Rita e Porteiras estão situadas as áreas mais expressivas, em
extensão, com o plantio da Algaroba, consorciada com o capim búfel (Foto 25).
Nestas áreas, também é desenvolvida a pecuária com predomínio de rebanhos
de caprinos e/ou ovinos. A tabela 4 mostra a distribuição dos rebanhos, segundo
dados fornecidos em entrevistas com proprietários e/ou administradores.
Tabela 4 – Distribuição de animais nas grandes propriedades
Bovino Caprinos e
Propriedades Eqüinos Fontes de Alimentação
s ovinos
Pecuária Jaçanã plantios de palma forrageira,
(Fazendas Sta Rita, capim bufel e algaroba
1000 3000 229
Cacimba de Baixo e
Porteiras)
Fazenda Poço plantios de palma forrageira e de
- 600 -
Escuro capim bufel e áreas de caatinga
45. 44
Foto 25 – Plantio de algaroba consorciado com capim búfel. Local: Faz. Santa Rita
46. 45
7. QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁREA PILOTO
7.1. Qualidade da água
A água que abastece as comunidades da área piloto é proveniente de poços
tubulares ou poços Amazonas. Muitas vezes, apresenta salinidade elevada,
tornando-a imprópria para o consumo humano e obrigando a população a
procurar outras formas de captação como as barragens, açudes ou cacimbas
escavadas no aluvião. Nos períodos de estiagem mais críticos, quando as
barragens e açudes estão secos ou com a sua capacidade mínima, as cacimbas
escavadas no aluvião tornam-se a principal fonte de captação de água. No
aluvião do Riacho Copiti, são encontradas a maior parte dessas captações, cuja
profundidade média varia de 1 a 3 metros. O fato de não existir nenhum tipo de
proteção sanitária expõe o aqüífero aluvionar à contaminação, fato agravado pela
circulação de animais sobre o mesmo, pela deposição de resíduos sólidos como
ocorre em Samambaia e pelo uso de adubos químicos e pesticidas nos locais de
plantio. Diante deste quadro, a CPRH concentrou os estudos de análise de água
no aluvião, embora também tenham sido feitas algumas análises em amostras de
água de poços tubulares, coletadas pela CPRM e em algumas barragens
superficiais. A figura 2 mostra um diagrama com a localização das estações de
coleta.
Em campo, foram tomados os seguintes procedimentos:
¾Coleta de amostras de água para análise bacteriológica.
¾Coleta de amostras de água para determinação em laboratório de
nitratos, nitritos, amônia, cloretos, turbidez, pH, TSD (Total de
sólidos dissolvidos), sólidos suspensos e oxigênio dissolvido.
¾Medidas de salinidade, condutividade e temperatura “in situ”
utilizando o Condutivímetro YS1 Model 30.
47. 46
Custódia 20 Km
9092000
E19
Povoado de Fazenda Nova E1
E2
E3
Riacho do Simplício
E20
E16
Fazenda Sta. Rita
P21
Sto Antônio
Fazenda Cacimba de Baixo E4
Fazenda Porteiras
E18
E5
Núcleo urbano de Caiçara
E6
E7
Povoado de Salgado
Fazenda Poço Escuro
E8
E14 LEGENDA
P15
Estação
E9 Barragem
E10 Matadouro e Cemitério
de Samambaia
E11
Núcleo urbano de Samambaia
9079000
Açude Poço da Cruz 10 Km
Figura 2 – Diagrama unifilar do Riacho Copiti
48. 47
Qualidade da água no aqüífero aluvionar
Tendo em vista que se desconhece a existência de metodologias específicas para
avaliação da qualidade da água em aqüíferos aluvionares no semi-árido
nordestino, fez-se uma tentativa de enquadramento da água com base na
Resolução do CONAMA n° 20/86. Vale salientar que a quantidade de parâmetros
físico-químicos obtidos não são suficientes para determinação da qualidade da
água e que a coleta em apenas uma estação sazonal (período de estiagem) não é
suficiente, sendo necessário também, avalia-la no período chuvoso. A tabela 5
(em anexo) mostra os resultados das análises obtidos nas estações de coleta.
Tomando-se como base a Resolução do CONAMA n° 20, de 18 de Junho de
1986, que estabelece a classificação das águas, doces, salobras e salinas no
Território Nacional, o aqüífero aluvionar, situado ao longo do Riacho Copiti, pode
ser dividido em dois trechos. No primeiro trecho, que vai do início da Área Piloto,
em Fazenda Nova, até a Fazenda Porteiras, todas as estações medidas (E1, E2,
E4, E16, E19, E21) obtiveram valores de salinidade abaixo de 0,5 ‰,
caracterizando a água como doce. No segundo trecho, que se estende de
Caiçara, até Samambaia (limite sul da área), a maioria das estações (E5, E10,
E11, E14, E15, E18) apresentou valores de salinidade acima de 0,5 ‰,
caracterizando a água como salobra.
As estações E10 e E11, localizadas em Samambaia apresentaram os maiores
valores: 1,9 ‰ e 2,4 ‰, respectivamente. O Gráfico 1 mostra a variação da
salinidade, ao longo das estações.
49. 48
Gráfico 1
Variação de Salinidade
2,6
2,4
2,2
2
Salinidade (°/°°)
1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
E1 E4 E5 E6 E7 E8 E10 E11
Estações
Salinidade Limite para água doce
Qualidade do Trecho 1
Segundo o artigo 2° da Resolução do CONAMA n° 20/86, que classifica a água
quanto ao uso preponderante, o trecho 1 pode ser enquadrado na Classe 1 de
águas doces. As estações E1 e E4, situados neste trecho, apresentaram valores
de cloretos (Gráfico 2) inferiores a 250 mg/l que é o valor máximo permitido nesta
classe. Com relação aos valores do pH, Nitrato, Nitrito e Sólidos Totais
Dissolvidos, todos estão dentro do padrão estabelecido. Nas duas estações, os
valores de Oxigênio Dissolvido ficaram abaixo do padrão ( 6) e com relação à
Amônia e à Turbidez, a estação E1 apresentou valores acima do permitido 0,37
mg/l e 124 UNT, respectivamente.
Qualidade do Trecho 2
O trecho 2, classificado como água salobra, não pôde ser enquadrado em
nenhuma das classes deste tipo de água. Por se tratar de uma área onde os
recursos hídricos são bastante escassos e pelo fato do aqüífero aluvionar ser,
atualmente, o principal manancial disponível, não poderia ter seu uso restringido
ao consumo humano. Então, mesmo tratando-se de água salobra, serão
utilizados os padrões da Classe 1 de água doce, para efeitos comparativos.
50. 49
Todas as estações deste trecho apresentaram pH dentro da faixa permitida
(Gráfico 6). Com relação à Turbidez, apenas as estações E6 e E7 apresentaram
valor maior que o admitido. Para Nitritos, as estações E10 e E11 ficaram acima do
valor máximo (0,1 mg/l). Com relação ao OD (Oxigênio Dissolvido), apenas a
estação E10 ficou dentro do padrão (Gráfico 4).
Para Nitratos, todas estão dentro do padrão, com exceção da E11 e para Cloretos
as estações E5, E10 e E11 apresentaram valores acima do padrão permitido.
Todas as estações apresentaram valores de Sólidos Totais Dissolvidos e Amônia
(Gráficos 3 e 8) acima do padrão permitido.
Qualidade da água da Barragem Superficial de Samambaia
A água da barragem apresentou salinidade de 0,1 ‰, o que caracteriza uma água
doce. Utilizando-se os padrões da Classe 1 de água doce, os resultados das
análises feitas na água da barragem, mostram que os valores de turbidez e
amônia ultrapassaram o máximo permitido. O restante dos parâmetros analisados
apresentaram valores dentro dos padrões estabelecidos (ver tabela 5 em anexo).
Variação de Cloreto
1400
1200
1000
Cloretos (mg/l)
800
600
400
200
0
E1 E4 E5 E6 E7 E8 E10 E11
Estações