SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 17
Baixar para ler offline
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM PROJETO DE MICRO GERAÇÃO
FOTOVOLTAICA RESIDENCIAL NO AMBIENTE DE COMPENSAÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA.
Vagner Vieira Reis
Universidade Federal de Juiz de Fora
Anderson Rocha Valverde
Universidade Federal de Juiz de Fora
Ricardo Rodrigo Silveira de Mendonça
Universidade Federal de Juiz de Fora
RESUMO
Este estudo visa avaliar a viabilidade financeira de um projeto regulamentado pela
Resolução Normativa nº 482, de 2012, que regulamenta o acesso à rede de distribuição da
geração de energia elétrica de pequeno porte utilizando fontes renováveis. Na pesquisa
experimental, ao final desse estudo, foi proposta a instalação do referido projeto em uma
residência. Este estudo faz parte da elaboração do business case do projeto, sugerido pelo guia
PMBOK, que é um documento que descreve as informações para determinar se um projeto
justifica ou não seu investimento. Verificou-se neste estudo que os aumentos recentes nas
tarifas de energia elétrica ainda não tornaram o projeto viável economicamente, mas tiveram
grande impacto na viabilidade do mesmo e, em caso de um novo aumento tarifário ou
incentivo fiscal, o mesmo passa a apresentar viabilidade.
Palavras-chave: compensação de energia; viabilidade econômica; business case.
ABSTRACT
This study aims to evaluate the financial viability of a project regulated by Normative
Resolution No. 482, of 2012, which regulates access to the distribution network of electric
power generation using small renewable sources. In experimental research at the end of this
study, it proposed the installation of this project in a residence. This study is part of the
preparation of the business case of the project, suggested by the PMBOK guide, which is a
document that describes the information to determine if a project is justified or not your
investment. It was found in this study that the recent increases in electricity tariffs have not
made the project economically viable, but had great impact on the viability of it and, in the
event of a tariff increase or tax incentive, it begins to show viability.
Keywords: power compensation; economic viability; business case.
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
1. INTRODUÇÃO
Aumentar o uso de fontes de energia renovável em sistemas de geração de energia elétrica é
uma tendência em todo mundo. As demandas ambientais têm ganhado cada vez mais
importância e o uso das referidas fontes estão sendo vistas como fundamentais para
construção de um futuro sustentável. No entanto, o custo de implantação de tais sistemas tem
sido um fator que dificulta a participação mais efetiva do mesmo na matriz energética. Vários
governos têm buscado formas de viabilizar e incentivar sistemas de geração de energia
sustentável. No Brasil, uma das formas encontradas para difundir o uso de energia limpa foi
através da Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, que regulamenta o acesso da
geração de energia elétrica de fontes renováveis de pequeno porte à rede distribuição. A
resolução estabelece o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, em que a energia ativa
gerada e injetada na rede por uma unidade consumidora é cedida, por meio de empréstimo
gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia
elétrica ativa dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade consumidora de mesma
titularidade.
O objetivo deste trabalho é verificar a viabilidade financeira de um projeto de geração de
energia elétrica regulamentada pela resolução nº 482 a partir do uso da tecnologia fotovoltaica
instalada em uma residência (SFCR). Assim, cabe salientar que o atual cenário do setor
elétrico brasileiro, com aumento significativo de tarifas, faz com que o estudo proposto possa
ser considerado como relevante. Nestes termos cabe mencionar que, segundo o Guia
PMBOK, os projetos são iniciados em virtude de necessidades internas da empresa ou
influências externas. Uma necessidade de negócios de uma organização pode ser baseada
numa demanda de mercado, avanço tecnológico, requisito legal, uma regulamentação
governamental, ou uma consideração ambiental. Normalmente, a necessidade de negócios e a
análise de custo benefício estão contidas no business case, documento este que descreve as
informações necessárias do ponto de vista de negócios para determinar se o projeto justifica
ou não o seu investimento.
Para tanto, este trabalho apoia-se em cinco capítulos, assim descritos: o primeiro introduz o
estudo, o segundo apresenta a metodologia adotada, o terceiro aborda a teoria que fundamenta
o estudo, o quarto traz a pesquisa experimental em questão e, por fim, o quinto conclui
apresentando as considerações finais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aspectos sobre Geração Energia Elétrica no Brasil
O Brasil, devido ao seu potencial hídrico, tem a maior parte de sua energia gerada por
usinas hidrelétricas. Este tipo de aproveitamento compreendia mais de 90% da energia
demandada no fim da década de 1990 (REIS, 2011). Este valor vem reduzindo a cada ano
devido a três principais razões: à necessidade da diversificação da matriz elétrica de forma a
aumentar a segurança do abastecimento, da dificuldade em ofertar novos empreendimentos
hidráulicos e do aumento de entraves jurídicos que protelam o licenciamento ambiental de
usinas de fonte hídrica (ANEEL, 2008).
A dependência de fontes hídricas somada à falta de chuvas e a insuficiente infraestrutura
disponível para geração de energia elétrica fez com que o país passasse pelo período
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
conhecido como “apagão”, que ocorreu entre 1 de julho de 2001 e 27 de setembro de 2002.
Os governos, então, enxergaram a necessidade de promover o acesso de fontes de energia
renovável ao sistema elétrico do país. Como o sistema elétrico demonstrava-se muito
dependente do índice pluviométrico, o governo entendeu que era vital estabelecer o Programa
de Incentivo às Fontes Alternativas (PROINFA) (LANDEIRA, 2013). O Proinfa teve como
objetivo aumentar a participação de fontes eólica, de biomassa e pequenas centrais
hidrelétricas (PCH’s) (energia fotovoltaica não foi incluída na época devido ao alto custo). A
iniciativa iria alavancar os ganhos de escala, a aprendizagem tecnológica, a competitividade
industrial e, sobretudo, a identificação e a apropriação dos benefícios técnicos, ambientais e
socioeconômicos na definição da competitividade econômico-energética de projetos de
geração que utilizem fontes limpas e sustentáveis (MME, 2015).
A expressão “geração distribuída” (GD) tem sido utilizada para caracterizar qualquer forma
de geração elétrica (em geral de pequeno porte e conectada à rede) localizada próximo ao
usuário final. Ela pode pertencer a um autoprodutor, um produtor independente, à própria
concessionária ou a parcerias dos mesmos. Uma política bem sucedida de incentivo à GD
pode facilitar a utilização de energia proveniente de fontes como vento, calor, sol, quedas
d’água, e biomassa. A utilização desses recursos, no entanto, depende da abundância, do nível
de maturidade da tecnologia disponível, dos custos efetivos e, em alguns casos, do interesse e
aceitação dos consumidores finais (REIS, 2011). O Decreto 5163, de 30 de Junho de 2004,
regulamenta a contratação de energia elétrica proveniente de GD. Tal decreto diz que a
contratação será precedida de chamada pública promovida diretamente pelo agente de
distribuição e que o montante total da energia elétrica contratada não poderá exceder a dez por
cento da carga do agente de distribuição e autoriza repasse às tarifas dos consumidores até o
limite do valor de referência (VR). Mas, como os custos de geração fotovoltaica eram maiores
do que o VR, o pequeno gerador fotovoltaico distribuído não encontrava ambiente econômico
favorável para participar da chamada publica (EPE, 2012).
2.2. Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012
A ANEEL promoveu a Consulta Pública nº 15/2010 e a Audiência Pública nº 42/2011 com
o objetivo de debater os dispositivos legais que tratam da conexão de GD de pequeno porte na
rede de distribuição. Como resultado desse processo, a Resolução Normativa nº 482
estabeleceu as condições gerais para o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas
de distribuição e criou o sistema de compensação (ANEEL, 2014). Na resolução, são adotadas
as seguintes definições:
“I - microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada
menor ou igual a 100 kW (...), conectada na rede de distribuição por meio de instalações de
unidades consumidoras; II - minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com
potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW (...), conectada na rede de
distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; III - sistema de compensação
de energia elétrica: sistema no qual a energia ativa injetada por unidade consumidora com
microgeração distribuída ou minigeração distribuída é cedida, por meio de empréstimo
gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia
elétrica ativa dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade consumidora de mesma
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
titularidade da unidade consumidora onde os créditos foram gerados, desde que possua o
mesmo Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cadastro de Pessoa Jurídica (CNPJ) junto ao
Ministério da Fazenda.”
A resolução regulamenta ainda que, para fins de compensação, a energia ativa injetada será
cedida a título de empréstimo gratuito para a distribuidora, passando a unidade consumidora a
ter um crédito em quantidade de energia ativa a ser consumida por um prazo de trinta e seis
meses. O consumo a ser faturado é a diferença entre a energia consumida e a injetada,
devendo a distribuidora utilizar o excedente que não tenha sido compensado no ciclo de
faturamento corrente para abater o consumo medido em meses subsequentes. Nota-se que a
energia excedente será injetada na rede, que estaria funcionando como uma bateria, e a
unidade consumidora passa a ter créditos para uso posterior nos próximos 36 meses. A figura
1 ilustra o esquema de geração distribuída usando fonte eólica ou fotovoltaica.
Figura 1: Esquema de geração distribuída
Fonte: (ANEEL, 2014, p. 17)
2.3. Impostos e custo Incidentes na Fatura de Energia Elétrica
No fornecimento de energia elétrica estão inclusos na tarifa tributos federais (PIS/COFINS)
e estaduais (ICMS). Além desses tributos, a conta de energia elétrica é utilizada, em alguns
casos, para arrecadação da contribuição de iluminação pública. Em geral essa contribuição é
função do consumo. A alíquota média dos tributos federais PIS/COFINS está entre 5 e 7%,
sendo que o valor efetivamente pago possa apresentar variação mensal, de acordo com a
apuração. Já a alíquota do tributo estadual (ICMS) e, em geral, função do consumo (EPE,
2012). Cada unidade da federação possui um valor de alíquota.
Com respeito à micro e minigeração distribuída, é importante esclarecer que o Conselho
Nacional de Política Fazendária – CONFAZ aprovou o Convênio ICMS 6, de 5 de abril de
2013, estabelecendo que o ICMS apurado tem como base de cálculo toda energia que chega à
unidade consumidora proveniente da distribuidora, sem considerar qualquer compensação de
energia produzida pelo microgerador. Com isso, a alíquota aplicável do ICMS incide sobre
toda a energia consumida no mês (ANEEL, 2014). Este convênio tem caráter orientativo,
cabendo a cada estado publicar sua regulamentação própria sobre o assunto. No entanto,
atualmente Minas Gerais não aplica o Convênio por meio da lei nº 20.824, de 31 de julho de
2013, que determina que pelos primeiros cinco anos de geração a base de cálculo do imposto
será o consumo líquido (EPE, 2014). A tarifa efetivamente cobrada é calculada por:
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
(Eq. 1)
Fonte: (ANEEL, 2013, p. 17)
em que:
TFaturada é o valor da tarifa com os tributos inclusos em R$/KWh
TAneel é a tarifa publicada pela ANEEL R$/KWh
A partir de 2015, as contas de energia trazem o Sistema de Bandeiras Tarifárias. As
bandeiras verde, amarela e vermelha indicarão se a energia custará mais ou menos, em função
das condições de geração de eletricidade. Quando a bandeira está verde, as condições de
geração são favoráveis e não há acréscimo nas contas. Com condições um pouco menos
favoráveis, a bandeira passa a ser amarela e há uma cobrança adicional, que é de R$ 0,025
para cada quilowatt-hora (kWh) consumido. Já em condições ainda mais desfavoráveis, a
bandeira fica vermelha e a tarifa sofre acréscimo de R$ 0,055 para cada kWh consumido. A
esses valores são acrescentados os impostos vigentes (ANEEL, 2015).
2.4. Sistemas Fotovoltaicos
A variável básica para o aproveitamento de energia solar é a radiação solar incidente. Como
exemplo, a figura 2 ilustra a radiação solar em uma cidade de Alagoas.
Figura 2: Radiação solar para a cidade de Marechal Deodoro – AL. (a) dia claro de estação seca. (b) dia
parcialmente nublado de estação seca. (c) dia claro de estação chuvosa. (d) dia parcialmente nublado para
estação chuvosa.
(a) (b) (c) (d)
Fonte: (REVISTA BRASILEIRA DE METEOROLOGIA, 2011, p. 210)
Pela natureza estocástica da mesma na superfície terrestre, ilustrada na figura 6, é
conveniente basear-se em estimativas e previsões do recurso solar em informações
solarimétricas levantadas durante prolongados períodos de tempo. Os dados solarimétricos
são apresentados habitualmente na forma de energia coletada ao longo de um dia, produzindo
uma média mensal ao longo de muitos anos. As unidades de medição mais frequente são
Wh/m2
e a intensidade média diária em W/m2
(REIS, 2011).
A energia solar pode ser convertida diretamente em energia elétrica através da utilização da
tecnologia de células fotovoltaicas. Atualmente, o silício é o mais empregado para produção
das referidas células, sendo mais conhecidos o silício monocristalino, o amorfo e o
policristalino. O último é o tipo mais comum no mercado devido ao menor custo. Apresentam
menor eficiência, que está entre 15% a 18%. O conjunto de células fotovoltaicas conectadas é
denominado de módulo fotovoltaico. Já um painel fotovoltaico é um grupo de módulos
conectados para produzir os valores desejados de energia elétrica. Quanto maior a incidência
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
solar sobre um painel fotovoltaico, mais eletricidade é gerada (LOPEZ, 2012). A energia
elétrica diária produzida por um módulo fotovoltaico pode ser expressa por:
TD (Eq. 2)
Fonte: (Adaptado de REIS, 2011, p. 220 )
em que:
ED = energia elétrica diária produzida por um módulo fotovoltaico em (Wh/dia)
ES = energia solar diária recebida do sol (Wh/m2
/dia)
Am = área do módulo fotovoltaico (m2
)
ηm = eficiência de conversão do módulo fotovoltaico
TD = Taxa de desempenho do sistema
O valor da energia solar diária Es pode ser obtida usando o programa SunData,
disponibilizado pelo Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito
(CRESESB). O programa destina-se ao cálculo da radiação solar diária média mensal em
qualquer ponto do território nacional e constitui-se uma ferramenta de apoio ao
dimensionamento de sistemas fotovoltaicos. A taxa de desempenho (TD) é um parâmetro para
avaliar a geração de energia de um sistema fotovoltaico, por levar em consideração a potência
real do sistema sob condições de operação e todas as perdas envolvidas, como as perdas por
queda de tensão, poeira acumulada na superfície do painel, sombreamento, temperatura de
operação, eficiência do inversor, dentre outros. Para sistemas fotovoltaicos residenciais, bem
ventilados e não sombreados, uma TD entre 70% e 80% pode ser obtida nas condições de
radiação solar no Brasil (CEPEL-CRESESB, 2014). O número de módulos fotovoltaicos
necessários para formar um painel é obtido por:
(Eq. 3)
Fonte: (Elaborado pelo autor)
em que:
Nm = número de módulos necessários para formar um painel
ED = energia elétrica diária produzida por um módulo fotovoltaico em (Wh/dia)
EPROJETO = energia total desejada para suprir a demanda em Wh/mês
A potência de pico total do painel fotovoltaico é:
(Eq. 4)
Fonte: (Elaborado pelo autor )
em que:
PTotal = potência total de pico do painel em Wp
Nm = número de módulos necessários para formar um painel
PMAX = potência de pico do módulo fotovoltaico Wp
Além dos módulos, são equipamentos principais que compõem um SFCR: o inversor,
equipamento usado para converter energia elétrica de uma fonte de corrente continua (c.c.) em
corrente alternada (c.a.); a estrutura para fixação dos painéis, cabeamento e medidor
bidirecional.
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
Em virtude do sistema de compensação, pode não ser interessante que SFCR gere, ao longo
do ano, mais energia do que a consumida pela unidade consumidora. Logo, para se
dimensionar o sistema de forma otimizada, deve-se levantar o consumo médio diário anual
(KWh/dia) descontado o valor da disponibilidade mínima de energia. Este dado pode ser
calculado pelo histórico das faturas mensais de consumo de energia elétrica (CEPEL-
CRESESB, 2014). Pra fins de faturamento e em função do Convênio ICMS 6, que orienta a
tributação sobre o consumo bruto de eletricidade, é necessário verificar qual o percentual da
energia gerada pelo SFCR que será exportada à rede para compensação em outro período. A
identificação desse percentual é possível pela comparação de uma curva típica de geração do
sistema fotovoltaico e da curva de carga do consumidor (EPE, 2014). Identificado o referido
percentual e realizando a compensação em um determinado período, pode-se então chegar ao
valor da conta de energia.
2.5. Análise de Investimentos
A tomada de decisão sobre a realização de um projeto requer critérios técnicos. A maneira
mais eficaz é simular o investimento segundo algum modelo. Dessa forma, confrontam-se os
fluxos de caixas gerados com o investimento realizado. Os principais métodos são: Payback
simples, payback descontado, valor presente líquido (VPL), Taxa interna de retorno (TIR) e o
Índice de lucratividade (IL) (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006).
O método do payback simples leva em conta o tempo de retorno do capital investido. O
valor aplicado é adicionado, período a período (geralmente anual ou mensal) aos fluxos de
caixa líquidos gerados, para que se obtenha o tempo de recuperação do investimento inicial.
Isso ocorre no período em que a soma dos fluxos de caixa futuros for igual ao investimento
inicial (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006). Alguns autores o sugerem, pela simplicidade dos
cálculos, para uma triagem preliminar dos projetos (TORRES, 2006), entretanto, o mesmo
apresenta fortes limitações por não considerar o valor do dinheiro no tempo. O método do
payback descontado é um modelo similar ao anterior, exceto pelo fato de considerar uma taxa
de atratividade ou de desconto. Ao considerar o custo de capital, considera-se o valor do
dinheiro no tempo. Descontam-se todos os elementos do fluxo de caixa à taxa definida
trazendo a valor presente, na data zero (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006).
A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) representa o mínimo que o investidor se propõe a
ganhar quando se faz um investimento, ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a
pagar ao fazer um financiamento. A TMA é formada, basicamente, por três componentes: o
custo de oportunidade, o risco do negócio e liquidez do negócio. O custo de oportunidade
representa a remuneração de um capital caso não se aplique em nenhuma ação analisada,
como a caderneta de poupança, por exemplo. O risco do negócio representa o ganho devido
ao risco inerente à ação tomada. A Liquidez, que pode ser descrita como a facilidade, a
velocidade com que se consegue sair de uma posição no mercado para assumir outra. Vale
frisar que não existe um algoritmo, fórmula matemática, para a elaboração da TMA. Portanto,
o momento da tomada da decisão, onde estarão expressos o cenário econômico, é que dará
respaldo para o processo decisório e para a consequente obtenção da TMA (PILÃO e
HUMMEL, 2004).
O método do Valor Presente Líquido (VPL) permite conhecer as necessidades de caixa, ou
os ganhos de certo projeto, em termos do valor do dinheiro hoje. Isso porque normalmente se
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
considera a somatória na data de referência dos valores existentes do fluxo de caixa como seu
valor atual, isto é, a somatória dos valores existentes no fluxo de caixa já descontados os juros
embutidos em cada um dos valores existentes nas demais datas do fluxo de caixa. Portanto,
para proceder à somatória dos diversos fluxos na data de referência, tem-se que deslocar os
fluxos livre de caixa anuais no tempo, sendo que para isso fazer o uso da TMA (PILÃO e
HUMMEL, 2004). A equação do VPL é dada pela seguinte equação:
(Eq. 5)
Fonte: (BORDEAUX-RÊGO, 2006, p. 23)
em que:
I é o investimento inicial;
FCt é o fluxo de caixa líquido na data “t”;
i é o custo de capital definido pela empresa (TMA);
VR é o valor residual do projeto ao final do período de análise;
t é o respectivo período do FCt;
n é o total de períodos de vida útil do objeto do projeto.
A decisão de investimento com base no VPL é simples e pode ser resumida da seguinte
forma: VPL > 0, o projeto é aceito; VPL = 0, é indiferente aceitar ou não; VPL < 0, o projeto
dever ser rejeitado.
O método da Taxa Interna de Retorno (TIR) é aquela que nos permite encontrar a
remuneração do investimento em termos percentuais. Encontrar a TIR é encontrar a taxa de
juros que permite igualar receitas e despesas na data de referência. É extrair do projeto o
percentual de ganho que ele oferece ao investidor (PILÃO e HUMMEL, 2004) A TIR possui
um grande apelo, pois tenta sintetizar todos os méritos do projeto em um único número. A
TIR é encontrada quando o VPL é nulo (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006). O processo
decisório da TIR pode, então, ser resumido assim: custo de capital < TIR, projeto deve ser
aceito (VPL > 0); custo de capital = TIR, indiferente aceitar ou não (VPL=0); custo de capital
> TIR, projeto deve ser recusado (VPL<0).
O índice de lucratividade é uma medida relativa entre o valor presente dos fluxos de caixa
recebidos e o investimento inicial. Pode ser calculado usando a expressão:
(Eq. 6)
Fonte: (BORDEAUX-RÊGO, 2006, p. 25)
em que:
IL é o índice de lucratividade;
VPL é o valor presente líquido;
I é o investimento inicial do projeto.
O critério de decisão é muito simples. O investimento deve ser aceito se ao menos IL=1. Isso
significa que a soma dos fluxos de caixa, descontados pela taxa escolhida, será pelo menos
igual ao investimento inicial (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006).
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
Com o objetivo de identificar quais variáveis são mais sensíveis em um determinado
projeto, pode-se fazer uma Analise de Sensibilidade. Esta consiste em variar um ou mais
fatores que influenciam o fluxo de caixa do projeto, mantendo as demais no seu nível de
referência, e calcular o efeito na variável de decisão (TORRES, 2006).
2.6 – Gestão de Projetos
Gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e
técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir os seus requisitos. A aplicação dos
conhecimentos requer o gerenciamento eficaz dos processos de gerenciamento do projeto. Um
processo é um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas que são executadas para criar
um produto, serviço ou resultado pré-especificado. Cada processo é caracterizado por suas
entradas, ferramentas e técnicas que podem ser aplicadas e as saídas resultantes. Um Guia do
Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®) fornece diretrizes para o
gerenciamento de projetos individuais e define os conceitos relacionados com o
gerenciamento de projetos. Segundo o guia, projeto é um esforço temporário empreendido
para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. Os projetos são iniciados em virtude de
necessidades internas da empresa ou influências externas. Essas necessidades ou influências
normalmente provocam a criação de uma análise de necessidades, estudo de viabilidade,
business case, ou descrição da situação que o projeto abordará. A natureza temporária dos
projetos indica que eles têm um início e um término definidos. Cada projeto cria um produto,
serviço ou resultado único.
O termo de abertura do projeto é o documento emitido pelo responsável inicial ou
patrocinador do projeto que autoriza formalmente a existência de um projeto e concede ao
gerente do projeto a autoridade para aplicar os recursos organizacionais nas atividades do
projeto. O desenvolvimento do Termo de Abertura do Projeto é um dos processos de
gerenciamento da integração do projeto. Os principais benefícios deste processo são um início
e limites de projeto bem definidos, a criação de um registro formal do projeto e uma maneira
direta da direção executiva aceitar e se comprometer formalmente com o projeto. A figura 3
ilustra o processo de elaboração do Termo de Abertura do Projeto.
Figura 3: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas para desenvolver o Termo de Abertura do Projeto
Fonte: (PMBOK, 2013, p. 66)
Umas das entradas para o Termo de Abertura do Projeto é a elaboração do business case,
documento que descreve as informações necessárias do ponto de vista de negócios, para
determinar se o projeto justifica ou não o seu investimento. Ele é comumente usado no
processo decisório pelos gerentes acima do nível do projeto. Normalmente, a necessidade de
negócios e a análise de custo benefício estão contidas no business case para justificar o
projeto. O business case é criado como um resultado de um ou mais dos seguintes fatores:
demanda de mercado, necessidade organizacional (por exemplo, redução de custos de
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
fabricação), solicitação do cliente, avanço tecnológico, requisito de legislação, redução de
impactos ecológicos, necessidade de natureza social, entre outros.
Em muitas organizações, o prognóstico e análise do desempenho financeiro do projeto é
realizado fora do projeto. Em outras, o gerenciamento dos custos do projeto pode incluir esse
trabalho. Quando esses prognósticos e análises são incluídos, o gerenciamento dos custos do
projeto pode abordar processos adicionais e muitas técnicas gerais de gerenciamento como
retorno do investimento, fluxo de caixa descontado e análise da recuperação do investimento.
O gerenciamento dos custos do projeto preocupa-se principalmente com o custo dos recursos
necessários para completar as atividades do projeto, considerando também o efeito das
decisões de projeto no custo recorrente subsequente do uso, manutenção e suporte do produto,
serviço ou resultado do projeto.
Estimar os custos é o processo de desenvolvimento de uma estimativa dos recursos
monetários necessários. Os custos são estimados para todos os recursos que serão cobrados do
projeto. Isso inclui, mas não se limita a mão de obra, materiais, equipamentos, serviços e a
instalações, assim como a categorias especiais como provisão para inflação, custos de
recursos financeiros ou custos de contingências. Uma estimativa de custo é uma avaliação
quantitativa dos custos prováveis dos recursos necessários para completar a atividade. Em
alguns projetos, especialmente aqueles com menor escopo, a estimativa e orçamento de custos
estão tão firmemente interligados que podem ser vistos como um processo único que pode ser
realizado por uma pessoa num período de tempo relativamente curto. Opinião especializada,
estimativa análoga, analise de proposta do fornecedor, entre outras, são ferramentas e técnicas
sugeridas pelo guia PMBOK para estimar os custos de um projeto.
3. METODOLOGIA
Este estudo apoia-se em uma pesquisa exploratória, que tem como objetivo proporcionar
maior familiaridade com o problema, de forma a torná-lo mais explícito. Pode-se dizer que
esses tipos de pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a
descoberta de intuições (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010). O estudo inicia-se
com a elaboração de um referencial teórico através de pesquisa documental e bibliográfica. A
primeira tem como característica a coleta de dados restrita a documentos (sem tratamento
analítico), enquanto a segunda consiste em um apanhado geral sobre os principais trabalhos já
realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes
relacionados com o tema estudado (MARCONI e LAKATOS, 2003). Por fim, e realizado
uma pesquisa experimental. Esta e realizada quando se determina um objeto de estudo,
selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de
controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto (KAUARK, MANHÃES
e MEDEIROS, 2010).
4. PESQUISA EXPERIMENTAL
4.1 Apresentação
Para o estudo proposto, foi considerada a curva de carga diária estimada por Francisquini
(2006). A curva é mostrada na figura 4.
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
Figura 4: Curva de carga média para faixa de consumo entre 101 a 200 kWh/mês
Fonte: (FRANCISQUINI, 2006, pag. 37)
A curva de carga foi estimada considerando a média de consumo de energia elétrica de
consumidores com consumo entre 101 e 200 kWh/mês. A faixa de consumo escolhida para
este estudo é devido ao fato de o consumo médio por residência, no Brasil, no fim de 2014,
atingir o valor de 167 KWh/mês (EPE, 2015). Analisando a curva de carga diária, note-se que
o consumo diário é de 5,3 kWh/dia, que é dado pela área da referida curva.
A cidade escolhida para a localização do SFCR é a cidade mineira de Juiz de Fora. O
valor da energia solar diária incidente em Juiz de Fora, obtida usando o programa SunData, é
de 4,34 kWh/m2
.dia. O custo de disponibilidade considerado é o de consumidores com
ligação monofásica, que corresponde a um consumo de 30 kWh/mês (ANEEL, 2014). O
módulos fotovoltaicos considerados têm potência de 0,250 kWp, eficiência de 15,3% e uma
área de aproximadamente 1,63 m2
. Considerando uma TD de 80% e utilizando as equações de
2 a 4, chega-se a um sistema de 1,25 KWp. O quadro 1 abaixo mostra a especificação dos
principais componentes do SFCR.
Quadro 1: Equipamentos do SFCR
Descrição dos componentes Total
5 Módulos fotovoltaicos de 0,250 kWp 1,25 kWp
1 Inversor 1 x 1,25 KW
Cabos para conexão 30 m
Estrutura e acessórios de instalação 1 estrutura
Fonte: Elaborado pelo autor
O sistema fotovoltaico proposto gera, em média, 4,32 kWh/dia. Sobrepondo a curva média
diária de carga com a curva de geração aproximada do SFCR, pode-se chegar qual é o
percentual de energia diária exportada à rede e a energia gerada pelo SFCR consumida pela
própria residência. A figura 5 mostra, em (a), as curvas de carga e de geração sobrepostas. Em
(b), é mostrado a quantidade de energia exportada à rede. Em (c), é ilustrado a curva de carga
da residência após a instalação do SFCR. E por fim, em (d), é mostrado a quantidade de
energia gerada pelo SFCR e consumida na própria residência. A energia é calculada
considerando a área sob as respectivas curvas. O cálculo das áreas foi realizado utilizando o
software GeoGebra (GEOGEBRA, 2015). A energia consumida da rede, consumida do
próprio SFCR e injetada na rede são, respectivamente, de 3,3 kWh/dia, 2,0 kWh/dia e 2,3
kWh/dia.
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
Figura 5: Curvas de carga e geração do SFCR. (a) Curvas de carga e geração de potência do SFCR
sobrepostas. (b) Curva de potencia injetada na rede pelo SFCR. (c) Curva de carga residencial após
instalação do SFCR. (d) Curva de potência consumida pela própria residência.
Fonte: Elaborado pelo autor
Dimensionado o sistema fotovoltaico, foi utilizada uma das ferramentas para estimar custo
sugeridas pelo guia PMBOK. A Análise de Proposta do Fornecedor é uma técnica de
estimativa de custos que inclui a análise de quanto o projeto custaria baseado nas cotações de
fornecedores qualificados (PMBOK, 2013). Foram solicitados 5 orçamentos de empresas
especializadas e, por apresentarem características específicas tais como preço de frete, mão de
obra, vantagens comerciais, entre outras, considerou-se o preço médio por Watt pico (Wp). O
quadro 2 mostra o preço por Watt pico sugerido pelas empresas e a média considerada neste
estudo, que além dos componentes do sistema, consideram os custos de instalação. Nota-se
que o valor da referida média está de acordo com o site Portal Solar, onde é possível ter uma
estimativa de quanto custará o SFCR através do link http://www.portalsolar.com.br/calculo-
solar , onde se vê o valor de, aproximadamente, R$ 10,00/WP (PORTAL SOLAR, 2015) para
o SFCR proposto.
Quadro 2: Preço sugerido por empresas especializadas para fornecimento e instalação de um SFCR em
Fevereiro e Março de 2015 em R$/WP
Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Empresa E MÉDIA
8,63 10,20 13,20 9,83 10,65 10,50
Fonte: Elaborado pelo autor
O período de vida útil do sistema é de 20 anos, considerando que a vida útil do inversor é de
10 anos, sendo este trocado uma vez neste período. O valor residual do SFCR no fim da vida
útil é considerado como zero, pois, provavelmente, este sistema será obsoleto devido aos
avanços tecnológicos. O custo da troca do inversor após no décimo ano é, em média, de R$
3.000,00. O custo de manutenção não será considerado nesse estudo porque envolve
basicamente a limpeza dos painéis fotovoltaicos. O Fluxo de caixa gerado pelo projeto é
mostrado na figura 6.
O investimento inicial, no ano zero da figura 6, é dado pelo custo médio obtido na tabela 2
vezes a potência total do SFCR, dado na tabela 1. Nota-se também na figura anterior, no ano
10, o impacto da substituição do inversor no fluxo de caixa. Os demais valores anuais do
fluxo de caixa são obtidos pela economia que o SFCR causa na fatura de energia, ou seja, a
diferença entre as faturas sem e com o SFCR instalado. De posse do fluxo de caixa exposto, o
VPL, a TIR e o PAYBACK do projeto são obtidos pela equação 5, sendo que nos dois
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
últimos considera-se o VPL igual a zero, conforme mencionado no item 3.5 do texto.
Calculado o VPL, aplica-se a equação 6 para se obter o Índice de Lucratividade.
Figura 6 – Fluxo de caixa gerado pelo projeto
-R$ 15.000,00
-R$ 10.000,00
-R$ 5.000,00
R$ 0,00
R$ 5.000,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
VPL
Ano
Fonte: Elaborado pelo autor
A taxa de desconto considerada para este estudo foi a inflação apurada em fevereiro de
2015, onde a mesma acumulada nos últimos doze meses, em relação ao referido mês, estava
em 7,7% (VALOR ECONÔMICO, 2015). A tarifa efetivamente cobrada do consumidor é
calculada usando a equação 1. Os dados referentes à impostos e tarifas são:
PIS/COFINS (Média apurada em 2014) (%): 4,4%
ICMS (MG) (%): 30%
Tarifa apurada pela ANEEL em 04/2015 (com bandeira vermelha): 0,50974R$/kWh
Tarifa apurada pela ANEEL em 12/2014: 0,39642 R$/kWh
Taxa de iluminação pública: isento até 50 kWh. Taxa de R$ 2,35 para faixa de 51-100 kWh.
Taxa de R$ 20,81 para faixa de 101-150 kWh.
4.2 Resultados
A título de referência, primeiramente, foi feita uma análise considerando a tarifa praticada
em dezembro de 2014. Neste período, não estava em vigência o Sistema de Bandeiras
Tarifárias e não estava em vigor o último aumento tarifário autorizado pelo governo. Os
resultados desta análise são mostradas no quadro 3 abaixo.
Quadro 3 – Análise financeira do SFCR com tarifa de 12/2014
VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR
- 3849,35 - 0,71 3,27
Fonte: Elaborado pelo autor
Nota-se que o projeto não apresentava viabilidade financeira no período em questão
considerando o exposto no item 3.5 do texto. A seguir, no quadro 4, são apresentadas as
análises considerando o aumento das tarifas em abril de 2015 com o Sistema de Bandeiras
Tarifárias inseridas na mesma, no caso a bandeira vermelha.
Quadro 4 – Análise financeira do SFCR no cenário atual
VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR (%)
- 234,60 - 0,98 7,44
Fonte: Elaborado pelo autor
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
Verifica-se, em relação ao período proposto anteriormente, que o aumento tarifário da
energia teve impacto considerável na viabilidade do projeto, mas ainda não foi suficiente para
tornar o mesmo viável.
Mais dois cenários ainda foram analisados. Um considerando que o convênio ICMS 6 deixa
se ser aplicado em toda vida útil do projeto e o outro no qual o SFCR seria isento de ICMS
na compensação de energia. Esses dois tipos de incentivos tem sido considerados como
fundamentais para uma maior aceitação desse tipo de projeto. A referidas análises são
apresentadas por intermédio dos números expressos nos quadros 5 e 6 abaixo:
Quadro 5 – Análise financeira do SFCR isento do convênio ICMS 6
VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR (%)
1,052,05 18 1,08 8,77
Fonte: Elaborado pelo autor
Quadro 6 – Análise financeira do SFCR isento de ICMS
VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR (%)
2.028,61 16 1,15 9,74
Fonte: Elaborado pelo autor
Nas hipóteses consideradas, as análises econômicas passam a ser favoráveis e o projeto
passa a ser viável. Tais considerações são muito interessantes, pois em caso de haver tais
incentivo por parte do governo estadual, a decisão de aceitar a projeto pode ser tomada.
Por fim, é apresentada a Análise de Sensibilidade da viabilidade do projeto em relação a
compra e custo de instalação do SFCR e da tarifa cobrada do consumidor. A figura 7 ilustra a
variação do VPL em relação aos itens referidos anteriormente. Nota-se que a reta que
representa a sensibilidade do VPL em relação aos custos dos equipamentos apresenta
inclinação ligeiramente maior. Este fato mostra que os custos dos equipamentos ainda
influenciam no VPL com maior intensidade do que a custo da tarifa na viabilidade do projeto.
Figura 7 – Análise de sensibilidade do Projeto
Fonte: Elaborado pelo autor
5. Considerações Finais
O estudo proposto neste trabalho mostrou que os aumentos recentes das tarifas de energia
elétrica ainda não tornaram a micro geração distribuída através de SFCR viáveis
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
economicamente. Apesar disso, notou-se que eles contribuíram para provocar impactos
consideráveis nas variáveis econômicas estudas e assim, conforme estudado, a isenção do
ICMS é considerada como fundamental para tornar esse tipo de projeto viável atualmente.
Uma decisão do governo estadual de isentar o micro gerador distribuído do referido tributo
pode fazer que o interesse por esse tipo de projeto cresça no estado. Além de trazer
benefícios financeiros aos proprietários, tal iniciativa pode contribuir com a atual crise
energética e com as demandas ambientais.
Alguns estudos apontam que SFCR já apresentam, na maioria dos casos, viabilidade
financeira. Isso pode não ser uma realidade já que os mesmos são feitos usando dados de
custo de instituições estrangeiras. Esses dados são, então, nacionalizados e podem não
considerar alguns parâmetros tais como a margem de lucro da empresa, custo de estoque e
também custos de frete para transporte do equipamento para o local da instalação, custos estes
que são altos no Brasil.
Apesar de o estudo proposto considerar a média de consumo de energia elétrica no Brasil no
fim de 2014, o mesmo pode não representar algumas situações de viabilidade econômica
desse tipo de projeto no Brasil. Isto se deve ao fato da diversidade de fatores a serem
analisados tais como: diversidade de tarifas de ICMS dos estados brasileiros, diferentes
índices de insolação solar no território brasileiro, custos de fretes e hospedagem dos
profissionais de mão de obra para instalação, benefícios de mercado oferecidos pelos
fabricantes e instaladores, valorização do imóvel, entre outros. Este trabalho apenas
considerou o custo médio do SFCR, sem considerar as questões citadas.
A análise financeira desenvolvida aqui pode fazer parte do business case do projeto e,
consequentemente do seu Termo de Abertura do Projeto. Esta pode ser somada à análise
alguma demanda de mercado, avaliação de necessidade, solicitação de cliente interessado,
avanço tecnológico, redução de impactos ecológicos, necessidade de natureza social, entre
outras. Uma analise conjunta desses itens pode justificar o motivo pelo qual o projeto deve ser
continuado. Desta forma é possível sugerir que a análise obtida, proposta e exibida por
intermédio dos quadros 5 e 6 devem fazer parte do Business Case do projeto. Por fim, cabe
comentar que pelo menos em síntese, o cliente pode não aceitar realizar projeto semelhante,
considerando-se para tanto, o delicado momento atual, por questões meramente financeiras,
mas terá a informação que, em caso de mudança de tarifa ou de impostos, poderá solicitar um
novo estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEEL, Atlas de energia elétrica do Brasil / Agência Nacional de Energia Elétrica. ed. –
Brasília: Aneel, 2008.
_______, Informações sobre as Bandeiras Tarifárias. Disponível em
http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=758 acessado em 03/03/2015.
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
_______, Micro e minigeração distribuída: sistema de compensação de energia elétrica
.Brasília : ANEEL, 2014.
_______, Por dentro da conta pública de energia: informação de utilidade pública. 6. ed. -
Brasília : ANEEL, 2013.
_______, RESOLUÇÃO NORMATIVA N º 482 , DE 17 DE ABRIL DE 2012. Estabelece as
condições gerais para o acesso de micro geração e minigeração distribuída aos sistemas de
distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica, e dá outras
providências. Disponível em http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf. Acessado em
28/02/2015.
BORDEAUX-RÊGO, Ricardo, et al. Viabilidade econômico-financeira de projetos. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2006.
CEPEL – CRESESB. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Edição revisada e
atualizada. Rio de Janeiro, 2014.
DECRETO Nº 5.163 DE 30 DE JULHO DE 2004. Regulamenta a comercialização de energia
elétrica, o processo de outorga de concessões e de autorizações de geração de energia elétrica,
e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2004/decreto/d5163.HTM, acessado em 28/02/2015.
EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Série Recursos Energéticos - Nota Técnica DEA
19/14 - Inserção da Geração Fotovoltaica Distribuída no Brasil – Condicionantes e Impactos.
Rio de Janeiro, 2014.
___ – Empresa de Pesquisas Energéticas. NOTA TÉCNICA EPE – Análise da Inserção da
Geração Solar na Matriz Energética Brasileira. Rio de Janeiro, 2012.
___ – Empresa de Pesquisas Energéticas. Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica |
nº 88 | Janeiro de 2015.
FRANCISQUINI, Aislan Antônio. Estimação de curvas de carga em pontos de consumo e em
transformadores de distribuição. São Paulo: UNESP, 2006.
GEOGEBRA – Software para ensino de matemática. Disponível em
https://www.geogebra.org/about. Acessado em 27 de abril de 2015.
LANDEIRA, Juan Lourenço Fandino. Análise técnico-econômica sobre a viabilidade de
implantação de sistemas de geração fotovoltaica distribuída no Brasil .Rio de Janeiro:
UFRJ/COPPE, 2013.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia
científica.5. ed. - São Paulo : Atlas 2003.
LOPEZ, Ricardo Albadó – Energia Solar para produção de eletricidade. São Paulo: Artiber
Editora, 2012.
.
WWW.CONVIBRA.ORG
Business Conference
MME – Ministério de Minas e Energia. Informações sobre O Programa de Incentivo às
Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA). Disponível em: www.mme.gov.br.
Acessado em 15 de Abril de 2015.
PILÃO, Nivaldo Elias; HUMMEL, Paulo Roberto Vampré. Matemática financeira e
engenharia econômica: a teoria e a prática da análise de projetos de investimento .São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2004.
PMBOK, Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®). —
Quinta edição. PMI, 2013.
PORTAL SOLAR, Estimativa de custo de um SFCR. Disponível em
http://www.portalsolar.com.br/calculo-solar , acessado em 10/05/2015
REIS, Lineu Belico dos - Geração de energia elétrica. – 2. Ed. Ver. e atual. – Barueri, SP:
Manole 2011.
REVISTA BRASILEIRA DE METEOROLOGIA – V.26, n. 2, 204 – 294, 2011. Estudo da
Radiação Solar Global e do Índice de Transmissividade (kt), Externo e Interno, em uma
Floresta de Mangue em Alagoas – Brasil.
TORRES, Oswaldo Fadigas Fontes – Fundamentos da engenharia econômica e da análise
econômica de projetos . – São Paulo: Thomson Learning, 2006.
VALOR ECONÔMICO, Ipca sobe 1,22% em fevereiro e acumula inflação de 7,7% em 12
meses. Disponível em http://www.valor.com.br/brasil/3940728/ipca-sobe-122-em-fevereiro-e-
acumula-inflacao-de-77-em-12-meses , acessado em 05/04/2015.
KAUARK, Fabiana; MANHÃES, Fernanda C.; MEDEIROS, Carlos Henrique. Metodologia
da Pesquisa: Um guia prático. Itabuna: Via Litterarum, 2010.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Workshop EE 2014 - 04. Marcelo Sigoli - A Visão da Abesco Sobre Eficiência ...
Workshop EE 2014 - 04. Marcelo Sigoli - A Visão da Abesco Sobre Eficiência ...Workshop EE 2014 - 04. Marcelo Sigoli - A Visão da Abesco Sobre Eficiência ...
Workshop EE 2014 - 04. Marcelo Sigoli - A Visão da Abesco Sobre Eficiência ...CPFL Energia
 
Redução de Custos com Energia Elétrica
Redução de Custos com Energia ElétricaRedução de Custos com Energia Elétrica
Redução de Custos com Energia ElétricaMarcio Machado
 
SUSTENTABILIDADE – UMA MISSÃO DE TODOS
SUSTENTABILIDADE – UMA MISSÃO DE TODOSSUSTENTABILIDADE – UMA MISSÃO DE TODOS
SUSTENTABILIDADE – UMA MISSÃO DE TODOSDiego Allan Oliveira
 
Projeto_Final_DEE_POLI_UFRJ_2007_Jan_Heineman
Projeto_Final_DEE_POLI_UFRJ_2007_Jan_HeinemanProjeto_Final_DEE_POLI_UFRJ_2007_Jan_Heineman
Projeto_Final_DEE_POLI_UFRJ_2007_Jan_HeinemanJan Thomas Heineman
 
Da micro à média produção e consumo de energia
Da micro à média produção e consumo de energiaDa micro à média produção e consumo de energia
Da micro à média produção e consumo de energiaFernando Zornitta
 
Novo modelo do relatório de responsabilidade socioambiental sff - ganin
Novo modelo do relatório de responsabilidade socioambiental   sff - ganinNovo modelo do relatório de responsabilidade socioambiental   sff - ganin
Novo modelo do relatório de responsabilidade socioambiental sff - ganinFrancis Zeman
 
Energia Fotovoltaica na Prática
Energia Fotovoltaica na PráticaEnergia Fotovoltaica na Prática
Energia Fotovoltaica na PráticaRicardo Maximo
 
Regulamentação de Geração Distribuida
Regulamentação de Geração DistribuidaRegulamentação de Geração Distribuida
Regulamentação de Geração DistribuidaTamires Silva
 
A tecnologia fotovoltaica, novos negócios e novos desafios para as concession...
A tecnologia fotovoltaica, novos negócios e novos desafios para as concession...A tecnologia fotovoltaica, novos negócios e novos desafios para as concession...
A tecnologia fotovoltaica, novos negócios e novos desafios para as concession...Gilberto De Martino Jannuzzi
 
A Eficiência Energética para o aumento da competitividade das indústrias
A Eficiência Energética para o aumento da competitividade das indústriasA Eficiência Energética para o aumento da competitividade das indústrias
A Eficiência Energética para o aumento da competitividade das indústriassenaimais
 
03 APA ICS Alexandre Fernandes ADENE 17 02 09.ppt
03 APA ICS Alexandre Fernandes ADENE 17 02 09.ppt03 APA ICS Alexandre Fernandes ADENE 17 02 09.ppt
03 APA ICS Alexandre Fernandes ADENE 17 02 09.pptken.nunes
 
Alexandre Fernandes - ADENE
Alexandre Fernandes - ADENEAlexandre Fernandes - ADENE
Alexandre Fernandes - ADENEken.nunes
 
Apresentacão - sunergia | energia solar
Apresentacão - sunergia | energia solarApresentacão - sunergia | energia solar
Apresentacão - sunergia | energia solarWilson Soares
 
Workshop EE 2014 - 05. Alexandre Behrens - Eficiência Energética em Sistema...
Workshop EE 2014 - 05. Alexandre Behrens - Eficiência Energética em Sistema...Workshop EE 2014 - 05. Alexandre Behrens - Eficiência Energética em Sistema...
Workshop EE 2014 - 05. Alexandre Behrens - Eficiência Energética em Sistema...CPFL Energia
 

Mais procurados (20)

Workshop EE 2014 - 04. Marcelo Sigoli - A Visão da Abesco Sobre Eficiência ...
Workshop EE 2014 - 04. Marcelo Sigoli - A Visão da Abesco Sobre Eficiência ...Workshop EE 2014 - 04. Marcelo Sigoli - A Visão da Abesco Sobre Eficiência ...
Workshop EE 2014 - 04. Marcelo Sigoli - A Visão da Abesco Sobre Eficiência ...
 
Redução de Custos com Energia Elétrica
Redução de Custos com Energia ElétricaRedução de Custos com Energia Elétrica
Redução de Custos com Energia Elétrica
 
Cartilha solar
Cartilha solarCartilha solar
Cartilha solar
 
SUSTENTABILIDADE – UMA MISSÃO DE TODOS
SUSTENTABILIDADE – UMA MISSÃO DE TODOSSUSTENTABILIDADE – UMA MISSÃO DE TODOS
SUSTENTABILIDADE – UMA MISSÃO DE TODOS
 
15616 1442-5-30
15616 1442-5-3015616 1442-5-30
15616 1442-5-30
 
Projeto_Final_DEE_POLI_UFRJ_2007_Jan_Heineman
Projeto_Final_DEE_POLI_UFRJ_2007_Jan_HeinemanProjeto_Final_DEE_POLI_UFRJ_2007_Jan_Heineman
Projeto_Final_DEE_POLI_UFRJ_2007_Jan_Heineman
 
Da micro à média produção e consumo de energia
Da micro à média produção e consumo de energiaDa micro à média produção e consumo de energia
Da micro à média produção e consumo de energia
 
Novo modelo do relatório de responsabilidade socioambiental sff - ganin
Novo modelo do relatório de responsabilidade socioambiental   sff - ganinNovo modelo do relatório de responsabilidade socioambiental   sff - ganin
Novo modelo do relatório de responsabilidade socioambiental sff - ganin
 
Energia Fotovoltaica na Prática
Energia Fotovoltaica na PráticaEnergia Fotovoltaica na Prática
Energia Fotovoltaica na Prática
 
Regulamentação de Geração Distribuida
Regulamentação de Geração DistribuidaRegulamentação de Geração Distribuida
Regulamentação de Geração Distribuida
 
Mercado Brasileiro Fotovoltaico
Mercado Brasileiro FotovoltaicoMercado Brasileiro Fotovoltaico
Mercado Brasileiro Fotovoltaico
 
A tecnologia fotovoltaica, novos negócios e novos desafios para as concession...
A tecnologia fotovoltaica, novos negócios e novos desafios para as concession...A tecnologia fotovoltaica, novos negócios e novos desafios para as concession...
A tecnologia fotovoltaica, novos negócios e novos desafios para as concession...
 
Geração Distribuida - Oportunidades
Geração Distribuida - OportunidadesGeração Distribuida - Oportunidades
Geração Distribuida - Oportunidades
 
A Eficiência Energética para o aumento da competitividade das indústrias
A Eficiência Energética para o aumento da competitividade das indústriasA Eficiência Energética para o aumento da competitividade das indústrias
A Eficiência Energética para o aumento da competitividade das indústrias
 
03 APA ICS Alexandre Fernandes ADENE 17 02 09.ppt
03 APA ICS Alexandre Fernandes ADENE 17 02 09.ppt03 APA ICS Alexandre Fernandes ADENE 17 02 09.ppt
03 APA ICS Alexandre Fernandes ADENE 17 02 09.ppt
 
Alexandre Fernandes - ADENE
Alexandre Fernandes - ADENEAlexandre Fernandes - ADENE
Alexandre Fernandes - ADENE
 
Contribuição das energias renováveis para a mitigação de GEE: oportunidades e...
Contribuição das energias renováveis para a mitigação de GEE: oportunidades e...Contribuição das energias renováveis para a mitigação de GEE: oportunidades e...
Contribuição das energias renováveis para a mitigação de GEE: oportunidades e...
 
Apresentacão - sunergia | energia solar
Apresentacão - sunergia | energia solarApresentacão - sunergia | energia solar
Apresentacão - sunergia | energia solar
 
Artigo Pro
Artigo ProArtigo Pro
Artigo Pro
 
Workshop EE 2014 - 05. Alexandre Behrens - Eficiência Energética em Sistema...
Workshop EE 2014 - 05. Alexandre Behrens - Eficiência Energética em Sistema...Workshop EE 2014 - 05. Alexandre Behrens - Eficiência Energética em Sistema...
Workshop EE 2014 - 05. Alexandre Behrens - Eficiência Energética em Sistema...
 

Mais de Paulo Jose

Formulario para vacinacao
Formulario para vacinacaoFormulario para vacinacao
Formulario para vacinacaoPaulo Jose
 
Cluster de saúde no município de Ceres - GO
Cluster de saúde no município de Ceres - GOCluster de saúde no município de Ceres - GO
Cluster de saúde no município de Ceres - GOPaulo Jose
 
VI Simgen 2008
VI Simgen 2008 VI Simgen 2008
VI Simgen 2008 Paulo Jose
 
Análise da Estrutura de Liquidez do Grupo Pao de Açúcar
Análise da Estrutura de Liquidez do Grupo Pao de AçúcarAnálise da Estrutura de Liquidez do Grupo Pao de Açúcar
Análise da Estrutura de Liquidez do Grupo Pao de AçúcarPaulo Jose
 
A retenção de lucros como forma de financiamento de investimentos: O Caso Val...
A retenção de lucros como forma de financiamento de investimentos: O Caso Val...A retenção de lucros como forma de financiamento de investimentos: O Caso Val...
A retenção de lucros como forma de financiamento de investimentos: O Caso Val...Paulo Jose
 
Um estudo do Grupo Energisa no período de 2004 a 2013 segundo o Modelo Dinâmi...
Um estudo do Grupo Energisa no período de 2004 a 2013 segundo o Modelo Dinâmi...Um estudo do Grupo Energisa no período de 2004 a 2013 segundo o Modelo Dinâmi...
Um estudo do Grupo Energisa no período de 2004 a 2013 segundo o Modelo Dinâmi...Paulo Jose
 
A ANÁLISE DINÂMICA SEGUNDO O MODELO DE MICHEL FLEURIET: O CASO DA EMPRESA CEM...
A ANÁLISE DINÂMICA SEGUNDO O MODELO DE MICHEL FLEURIET: O CASO DA EMPRESA CEM...A ANÁLISE DINÂMICA SEGUNDO O MODELO DE MICHEL FLEURIET: O CASO DA EMPRESA CEM...
A ANÁLISE DINÂMICA SEGUNDO O MODELO DE MICHEL FLEURIET: O CASO DA EMPRESA CEM...Paulo Jose
 

Mais de Paulo Jose (7)

Formulario para vacinacao
Formulario para vacinacaoFormulario para vacinacao
Formulario para vacinacao
 
Cluster de saúde no município de Ceres - GO
Cluster de saúde no município de Ceres - GOCluster de saúde no município de Ceres - GO
Cluster de saúde no município de Ceres - GO
 
VI Simgen 2008
VI Simgen 2008 VI Simgen 2008
VI Simgen 2008
 
Análise da Estrutura de Liquidez do Grupo Pao de Açúcar
Análise da Estrutura de Liquidez do Grupo Pao de AçúcarAnálise da Estrutura de Liquidez do Grupo Pao de Açúcar
Análise da Estrutura de Liquidez do Grupo Pao de Açúcar
 
A retenção de lucros como forma de financiamento de investimentos: O Caso Val...
A retenção de lucros como forma de financiamento de investimentos: O Caso Val...A retenção de lucros como forma de financiamento de investimentos: O Caso Val...
A retenção de lucros como forma de financiamento de investimentos: O Caso Val...
 
Um estudo do Grupo Energisa no período de 2004 a 2013 segundo o Modelo Dinâmi...
Um estudo do Grupo Energisa no período de 2004 a 2013 segundo o Modelo Dinâmi...Um estudo do Grupo Energisa no período de 2004 a 2013 segundo o Modelo Dinâmi...
Um estudo do Grupo Energisa no período de 2004 a 2013 segundo o Modelo Dinâmi...
 
A ANÁLISE DINÂMICA SEGUNDO O MODELO DE MICHEL FLEURIET: O CASO DA EMPRESA CEM...
A ANÁLISE DINÂMICA SEGUNDO O MODELO DE MICHEL FLEURIET: O CASO DA EMPRESA CEM...A ANÁLISE DINÂMICA SEGUNDO O MODELO DE MICHEL FLEURIET: O CASO DA EMPRESA CEM...
A ANÁLISE DINÂMICA SEGUNDO O MODELO DE MICHEL FLEURIET: O CASO DA EMPRESA CEM...
 

Micro geração XII Convibra 2015

  • 1. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM PROJETO DE MICRO GERAÇÃO FOTOVOLTAICA RESIDENCIAL NO AMBIENTE DE COMPENSAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. Vagner Vieira Reis Universidade Federal de Juiz de Fora Anderson Rocha Valverde Universidade Federal de Juiz de Fora Ricardo Rodrigo Silveira de Mendonça Universidade Federal de Juiz de Fora RESUMO Este estudo visa avaliar a viabilidade financeira de um projeto regulamentado pela Resolução Normativa nº 482, de 2012, que regulamenta o acesso à rede de distribuição da geração de energia elétrica de pequeno porte utilizando fontes renováveis. Na pesquisa experimental, ao final desse estudo, foi proposta a instalação do referido projeto em uma residência. Este estudo faz parte da elaboração do business case do projeto, sugerido pelo guia PMBOK, que é um documento que descreve as informações para determinar se um projeto justifica ou não seu investimento. Verificou-se neste estudo que os aumentos recentes nas tarifas de energia elétrica ainda não tornaram o projeto viável economicamente, mas tiveram grande impacto na viabilidade do mesmo e, em caso de um novo aumento tarifário ou incentivo fiscal, o mesmo passa a apresentar viabilidade. Palavras-chave: compensação de energia; viabilidade econômica; business case. ABSTRACT This study aims to evaluate the financial viability of a project regulated by Normative Resolution No. 482, of 2012, which regulates access to the distribution network of electric power generation using small renewable sources. In experimental research at the end of this study, it proposed the installation of this project in a residence. This study is part of the preparation of the business case of the project, suggested by the PMBOK guide, which is a document that describes the information to determine if a project is justified or not your investment. It was found in this study that the recent increases in electricity tariffs have not made the project economically viable, but had great impact on the viability of it and, in the event of a tariff increase or tax incentive, it begins to show viability. Keywords: power compensation; economic viability; business case.
  • 2. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference 1. INTRODUÇÃO Aumentar o uso de fontes de energia renovável em sistemas de geração de energia elétrica é uma tendência em todo mundo. As demandas ambientais têm ganhado cada vez mais importância e o uso das referidas fontes estão sendo vistas como fundamentais para construção de um futuro sustentável. No entanto, o custo de implantação de tais sistemas tem sido um fator que dificulta a participação mais efetiva do mesmo na matriz energética. Vários governos têm buscado formas de viabilizar e incentivar sistemas de geração de energia sustentável. No Brasil, uma das formas encontradas para difundir o uso de energia limpa foi através da Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, que regulamenta o acesso da geração de energia elétrica de fontes renováveis de pequeno porte à rede distribuição. A resolução estabelece o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, em que a energia ativa gerada e injetada na rede por uma unidade consumidora é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade consumidora de mesma titularidade. O objetivo deste trabalho é verificar a viabilidade financeira de um projeto de geração de energia elétrica regulamentada pela resolução nº 482 a partir do uso da tecnologia fotovoltaica instalada em uma residência (SFCR). Assim, cabe salientar que o atual cenário do setor elétrico brasileiro, com aumento significativo de tarifas, faz com que o estudo proposto possa ser considerado como relevante. Nestes termos cabe mencionar que, segundo o Guia PMBOK, os projetos são iniciados em virtude de necessidades internas da empresa ou influências externas. Uma necessidade de negócios de uma organização pode ser baseada numa demanda de mercado, avanço tecnológico, requisito legal, uma regulamentação governamental, ou uma consideração ambiental. Normalmente, a necessidade de negócios e a análise de custo benefício estão contidas no business case, documento este que descreve as informações necessárias do ponto de vista de negócios para determinar se o projeto justifica ou não o seu investimento. Para tanto, este trabalho apoia-se em cinco capítulos, assim descritos: o primeiro introduz o estudo, o segundo apresenta a metodologia adotada, o terceiro aborda a teoria que fundamenta o estudo, o quarto traz a pesquisa experimental em questão e, por fim, o quinto conclui apresentando as considerações finais. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Aspectos sobre Geração Energia Elétrica no Brasil O Brasil, devido ao seu potencial hídrico, tem a maior parte de sua energia gerada por usinas hidrelétricas. Este tipo de aproveitamento compreendia mais de 90% da energia demandada no fim da década de 1990 (REIS, 2011). Este valor vem reduzindo a cada ano devido a três principais razões: à necessidade da diversificação da matriz elétrica de forma a aumentar a segurança do abastecimento, da dificuldade em ofertar novos empreendimentos hidráulicos e do aumento de entraves jurídicos que protelam o licenciamento ambiental de usinas de fonte hídrica (ANEEL, 2008). A dependência de fontes hídricas somada à falta de chuvas e a insuficiente infraestrutura disponível para geração de energia elétrica fez com que o país passasse pelo período
  • 3. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference conhecido como “apagão”, que ocorreu entre 1 de julho de 2001 e 27 de setembro de 2002. Os governos, então, enxergaram a necessidade de promover o acesso de fontes de energia renovável ao sistema elétrico do país. Como o sistema elétrico demonstrava-se muito dependente do índice pluviométrico, o governo entendeu que era vital estabelecer o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (PROINFA) (LANDEIRA, 2013). O Proinfa teve como objetivo aumentar a participação de fontes eólica, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) (energia fotovoltaica não foi incluída na época devido ao alto custo). A iniciativa iria alavancar os ganhos de escala, a aprendizagem tecnológica, a competitividade industrial e, sobretudo, a identificação e a apropriação dos benefícios técnicos, ambientais e socioeconômicos na definição da competitividade econômico-energética de projetos de geração que utilizem fontes limpas e sustentáveis (MME, 2015). A expressão “geração distribuída” (GD) tem sido utilizada para caracterizar qualquer forma de geração elétrica (em geral de pequeno porte e conectada à rede) localizada próximo ao usuário final. Ela pode pertencer a um autoprodutor, um produtor independente, à própria concessionária ou a parcerias dos mesmos. Uma política bem sucedida de incentivo à GD pode facilitar a utilização de energia proveniente de fontes como vento, calor, sol, quedas d’água, e biomassa. A utilização desses recursos, no entanto, depende da abundância, do nível de maturidade da tecnologia disponível, dos custos efetivos e, em alguns casos, do interesse e aceitação dos consumidores finais (REIS, 2011). O Decreto 5163, de 30 de Junho de 2004, regulamenta a contratação de energia elétrica proveniente de GD. Tal decreto diz que a contratação será precedida de chamada pública promovida diretamente pelo agente de distribuição e que o montante total da energia elétrica contratada não poderá exceder a dez por cento da carga do agente de distribuição e autoriza repasse às tarifas dos consumidores até o limite do valor de referência (VR). Mas, como os custos de geração fotovoltaica eram maiores do que o VR, o pequeno gerador fotovoltaico distribuído não encontrava ambiente econômico favorável para participar da chamada publica (EPE, 2012). 2.2. Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012 A ANEEL promoveu a Consulta Pública nº 15/2010 e a Audiência Pública nº 42/2011 com o objetivo de debater os dispositivos legais que tratam da conexão de GD de pequeno porte na rede de distribuição. Como resultado desse processo, a Resolução Normativa nº 482 estabeleceu as condições gerais para o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição e criou o sistema de compensação (ANEEL, 2014). Na resolução, são adotadas as seguintes definições: “I - microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 100 kW (...), conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; II - minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW (...), conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; III - sistema de compensação de energia elétrica: sistema no qual a energia ativa injetada por unidade consumidora com microgeração distribuída ou minigeração distribuída é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade consumidora de mesma
  • 4. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference titularidade da unidade consumidora onde os créditos foram gerados, desde que possua o mesmo Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cadastro de Pessoa Jurídica (CNPJ) junto ao Ministério da Fazenda.” A resolução regulamenta ainda que, para fins de compensação, a energia ativa injetada será cedida a título de empréstimo gratuito para a distribuidora, passando a unidade consumidora a ter um crédito em quantidade de energia ativa a ser consumida por um prazo de trinta e seis meses. O consumo a ser faturado é a diferença entre a energia consumida e a injetada, devendo a distribuidora utilizar o excedente que não tenha sido compensado no ciclo de faturamento corrente para abater o consumo medido em meses subsequentes. Nota-se que a energia excedente será injetada na rede, que estaria funcionando como uma bateria, e a unidade consumidora passa a ter créditos para uso posterior nos próximos 36 meses. A figura 1 ilustra o esquema de geração distribuída usando fonte eólica ou fotovoltaica. Figura 1: Esquema de geração distribuída Fonte: (ANEEL, 2014, p. 17) 2.3. Impostos e custo Incidentes na Fatura de Energia Elétrica No fornecimento de energia elétrica estão inclusos na tarifa tributos federais (PIS/COFINS) e estaduais (ICMS). Além desses tributos, a conta de energia elétrica é utilizada, em alguns casos, para arrecadação da contribuição de iluminação pública. Em geral essa contribuição é função do consumo. A alíquota média dos tributos federais PIS/COFINS está entre 5 e 7%, sendo que o valor efetivamente pago possa apresentar variação mensal, de acordo com a apuração. Já a alíquota do tributo estadual (ICMS) e, em geral, função do consumo (EPE, 2012). Cada unidade da federação possui um valor de alíquota. Com respeito à micro e minigeração distribuída, é importante esclarecer que o Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ aprovou o Convênio ICMS 6, de 5 de abril de 2013, estabelecendo que o ICMS apurado tem como base de cálculo toda energia que chega à unidade consumidora proveniente da distribuidora, sem considerar qualquer compensação de energia produzida pelo microgerador. Com isso, a alíquota aplicável do ICMS incide sobre toda a energia consumida no mês (ANEEL, 2014). Este convênio tem caráter orientativo, cabendo a cada estado publicar sua regulamentação própria sobre o assunto. No entanto, atualmente Minas Gerais não aplica o Convênio por meio da lei nº 20.824, de 31 de julho de 2013, que determina que pelos primeiros cinco anos de geração a base de cálculo do imposto será o consumo líquido (EPE, 2014). A tarifa efetivamente cobrada é calculada por:
  • 5. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference (Eq. 1) Fonte: (ANEEL, 2013, p. 17) em que: TFaturada é o valor da tarifa com os tributos inclusos em R$/KWh TAneel é a tarifa publicada pela ANEEL R$/KWh A partir de 2015, as contas de energia trazem o Sistema de Bandeiras Tarifárias. As bandeiras verde, amarela e vermelha indicarão se a energia custará mais ou menos, em função das condições de geração de eletricidade. Quando a bandeira está verde, as condições de geração são favoráveis e não há acréscimo nas contas. Com condições um pouco menos favoráveis, a bandeira passa a ser amarela e há uma cobrança adicional, que é de R$ 0,025 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido. Já em condições ainda mais desfavoráveis, a bandeira fica vermelha e a tarifa sofre acréscimo de R$ 0,055 para cada kWh consumido. A esses valores são acrescentados os impostos vigentes (ANEEL, 2015). 2.4. Sistemas Fotovoltaicos A variável básica para o aproveitamento de energia solar é a radiação solar incidente. Como exemplo, a figura 2 ilustra a radiação solar em uma cidade de Alagoas. Figura 2: Radiação solar para a cidade de Marechal Deodoro – AL. (a) dia claro de estação seca. (b) dia parcialmente nublado de estação seca. (c) dia claro de estação chuvosa. (d) dia parcialmente nublado para estação chuvosa. (a) (b) (c) (d) Fonte: (REVISTA BRASILEIRA DE METEOROLOGIA, 2011, p. 210) Pela natureza estocástica da mesma na superfície terrestre, ilustrada na figura 6, é conveniente basear-se em estimativas e previsões do recurso solar em informações solarimétricas levantadas durante prolongados períodos de tempo. Os dados solarimétricos são apresentados habitualmente na forma de energia coletada ao longo de um dia, produzindo uma média mensal ao longo de muitos anos. As unidades de medição mais frequente são Wh/m2 e a intensidade média diária em W/m2 (REIS, 2011). A energia solar pode ser convertida diretamente em energia elétrica através da utilização da tecnologia de células fotovoltaicas. Atualmente, o silício é o mais empregado para produção das referidas células, sendo mais conhecidos o silício monocristalino, o amorfo e o policristalino. O último é o tipo mais comum no mercado devido ao menor custo. Apresentam menor eficiência, que está entre 15% a 18%. O conjunto de células fotovoltaicas conectadas é denominado de módulo fotovoltaico. Já um painel fotovoltaico é um grupo de módulos conectados para produzir os valores desejados de energia elétrica. Quanto maior a incidência
  • 6. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference solar sobre um painel fotovoltaico, mais eletricidade é gerada (LOPEZ, 2012). A energia elétrica diária produzida por um módulo fotovoltaico pode ser expressa por: TD (Eq. 2) Fonte: (Adaptado de REIS, 2011, p. 220 ) em que: ED = energia elétrica diária produzida por um módulo fotovoltaico em (Wh/dia) ES = energia solar diária recebida do sol (Wh/m2 /dia) Am = área do módulo fotovoltaico (m2 ) ηm = eficiência de conversão do módulo fotovoltaico TD = Taxa de desempenho do sistema O valor da energia solar diária Es pode ser obtida usando o programa SunData, disponibilizado pelo Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito (CRESESB). O programa destina-se ao cálculo da radiação solar diária média mensal em qualquer ponto do território nacional e constitui-se uma ferramenta de apoio ao dimensionamento de sistemas fotovoltaicos. A taxa de desempenho (TD) é um parâmetro para avaliar a geração de energia de um sistema fotovoltaico, por levar em consideração a potência real do sistema sob condições de operação e todas as perdas envolvidas, como as perdas por queda de tensão, poeira acumulada na superfície do painel, sombreamento, temperatura de operação, eficiência do inversor, dentre outros. Para sistemas fotovoltaicos residenciais, bem ventilados e não sombreados, uma TD entre 70% e 80% pode ser obtida nas condições de radiação solar no Brasil (CEPEL-CRESESB, 2014). O número de módulos fotovoltaicos necessários para formar um painel é obtido por: (Eq. 3) Fonte: (Elaborado pelo autor) em que: Nm = número de módulos necessários para formar um painel ED = energia elétrica diária produzida por um módulo fotovoltaico em (Wh/dia) EPROJETO = energia total desejada para suprir a demanda em Wh/mês A potência de pico total do painel fotovoltaico é: (Eq. 4) Fonte: (Elaborado pelo autor ) em que: PTotal = potência total de pico do painel em Wp Nm = número de módulos necessários para formar um painel PMAX = potência de pico do módulo fotovoltaico Wp Além dos módulos, são equipamentos principais que compõem um SFCR: o inversor, equipamento usado para converter energia elétrica de uma fonte de corrente continua (c.c.) em corrente alternada (c.a.); a estrutura para fixação dos painéis, cabeamento e medidor bidirecional.
  • 7. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference Em virtude do sistema de compensação, pode não ser interessante que SFCR gere, ao longo do ano, mais energia do que a consumida pela unidade consumidora. Logo, para se dimensionar o sistema de forma otimizada, deve-se levantar o consumo médio diário anual (KWh/dia) descontado o valor da disponibilidade mínima de energia. Este dado pode ser calculado pelo histórico das faturas mensais de consumo de energia elétrica (CEPEL- CRESESB, 2014). Pra fins de faturamento e em função do Convênio ICMS 6, que orienta a tributação sobre o consumo bruto de eletricidade, é necessário verificar qual o percentual da energia gerada pelo SFCR que será exportada à rede para compensação em outro período. A identificação desse percentual é possível pela comparação de uma curva típica de geração do sistema fotovoltaico e da curva de carga do consumidor (EPE, 2014). Identificado o referido percentual e realizando a compensação em um determinado período, pode-se então chegar ao valor da conta de energia. 2.5. Análise de Investimentos A tomada de decisão sobre a realização de um projeto requer critérios técnicos. A maneira mais eficaz é simular o investimento segundo algum modelo. Dessa forma, confrontam-se os fluxos de caixas gerados com o investimento realizado. Os principais métodos são: Payback simples, payback descontado, valor presente líquido (VPL), Taxa interna de retorno (TIR) e o Índice de lucratividade (IL) (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006). O método do payback simples leva em conta o tempo de retorno do capital investido. O valor aplicado é adicionado, período a período (geralmente anual ou mensal) aos fluxos de caixa líquidos gerados, para que se obtenha o tempo de recuperação do investimento inicial. Isso ocorre no período em que a soma dos fluxos de caixa futuros for igual ao investimento inicial (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006). Alguns autores o sugerem, pela simplicidade dos cálculos, para uma triagem preliminar dos projetos (TORRES, 2006), entretanto, o mesmo apresenta fortes limitações por não considerar o valor do dinheiro no tempo. O método do payback descontado é um modelo similar ao anterior, exceto pelo fato de considerar uma taxa de atratividade ou de desconto. Ao considerar o custo de capital, considera-se o valor do dinheiro no tempo. Descontam-se todos os elementos do fluxo de caixa à taxa definida trazendo a valor presente, na data zero (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006). A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) representa o mínimo que o investidor se propõe a ganhar quando se faz um investimento, ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a pagar ao fazer um financiamento. A TMA é formada, basicamente, por três componentes: o custo de oportunidade, o risco do negócio e liquidez do negócio. O custo de oportunidade representa a remuneração de um capital caso não se aplique em nenhuma ação analisada, como a caderneta de poupança, por exemplo. O risco do negócio representa o ganho devido ao risco inerente à ação tomada. A Liquidez, que pode ser descrita como a facilidade, a velocidade com que se consegue sair de uma posição no mercado para assumir outra. Vale frisar que não existe um algoritmo, fórmula matemática, para a elaboração da TMA. Portanto, o momento da tomada da decisão, onde estarão expressos o cenário econômico, é que dará respaldo para o processo decisório e para a consequente obtenção da TMA (PILÃO e HUMMEL, 2004). O método do Valor Presente Líquido (VPL) permite conhecer as necessidades de caixa, ou os ganhos de certo projeto, em termos do valor do dinheiro hoje. Isso porque normalmente se
  • 8. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference considera a somatória na data de referência dos valores existentes do fluxo de caixa como seu valor atual, isto é, a somatória dos valores existentes no fluxo de caixa já descontados os juros embutidos em cada um dos valores existentes nas demais datas do fluxo de caixa. Portanto, para proceder à somatória dos diversos fluxos na data de referência, tem-se que deslocar os fluxos livre de caixa anuais no tempo, sendo que para isso fazer o uso da TMA (PILÃO e HUMMEL, 2004). A equação do VPL é dada pela seguinte equação: (Eq. 5) Fonte: (BORDEAUX-RÊGO, 2006, p. 23) em que: I é o investimento inicial; FCt é o fluxo de caixa líquido na data “t”; i é o custo de capital definido pela empresa (TMA); VR é o valor residual do projeto ao final do período de análise; t é o respectivo período do FCt; n é o total de períodos de vida útil do objeto do projeto. A decisão de investimento com base no VPL é simples e pode ser resumida da seguinte forma: VPL > 0, o projeto é aceito; VPL = 0, é indiferente aceitar ou não; VPL < 0, o projeto dever ser rejeitado. O método da Taxa Interna de Retorno (TIR) é aquela que nos permite encontrar a remuneração do investimento em termos percentuais. Encontrar a TIR é encontrar a taxa de juros que permite igualar receitas e despesas na data de referência. É extrair do projeto o percentual de ganho que ele oferece ao investidor (PILÃO e HUMMEL, 2004) A TIR possui um grande apelo, pois tenta sintetizar todos os méritos do projeto em um único número. A TIR é encontrada quando o VPL é nulo (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006). O processo decisório da TIR pode, então, ser resumido assim: custo de capital < TIR, projeto deve ser aceito (VPL > 0); custo de capital = TIR, indiferente aceitar ou não (VPL=0); custo de capital > TIR, projeto deve ser recusado (VPL<0). O índice de lucratividade é uma medida relativa entre o valor presente dos fluxos de caixa recebidos e o investimento inicial. Pode ser calculado usando a expressão: (Eq. 6) Fonte: (BORDEAUX-RÊGO, 2006, p. 25) em que: IL é o índice de lucratividade; VPL é o valor presente líquido; I é o investimento inicial do projeto. O critério de decisão é muito simples. O investimento deve ser aceito se ao menos IL=1. Isso significa que a soma dos fluxos de caixa, descontados pela taxa escolhida, será pelo menos igual ao investimento inicial (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006).
  • 9. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference Com o objetivo de identificar quais variáveis são mais sensíveis em um determinado projeto, pode-se fazer uma Analise de Sensibilidade. Esta consiste em variar um ou mais fatores que influenciam o fluxo de caixa do projeto, mantendo as demais no seu nível de referência, e calcular o efeito na variável de decisão (TORRES, 2006). 2.6 – Gestão de Projetos Gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir os seus requisitos. A aplicação dos conhecimentos requer o gerenciamento eficaz dos processos de gerenciamento do projeto. Um processo é um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas que são executadas para criar um produto, serviço ou resultado pré-especificado. Cada processo é caracterizado por suas entradas, ferramentas e técnicas que podem ser aplicadas e as saídas resultantes. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®) fornece diretrizes para o gerenciamento de projetos individuais e define os conceitos relacionados com o gerenciamento de projetos. Segundo o guia, projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. Os projetos são iniciados em virtude de necessidades internas da empresa ou influências externas. Essas necessidades ou influências normalmente provocam a criação de uma análise de necessidades, estudo de viabilidade, business case, ou descrição da situação que o projeto abordará. A natureza temporária dos projetos indica que eles têm um início e um término definidos. Cada projeto cria um produto, serviço ou resultado único. O termo de abertura do projeto é o documento emitido pelo responsável inicial ou patrocinador do projeto que autoriza formalmente a existência de um projeto e concede ao gerente do projeto a autoridade para aplicar os recursos organizacionais nas atividades do projeto. O desenvolvimento do Termo de Abertura do Projeto é um dos processos de gerenciamento da integração do projeto. Os principais benefícios deste processo são um início e limites de projeto bem definidos, a criação de um registro formal do projeto e uma maneira direta da direção executiva aceitar e se comprometer formalmente com o projeto. A figura 3 ilustra o processo de elaboração do Termo de Abertura do Projeto. Figura 3: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas para desenvolver o Termo de Abertura do Projeto Fonte: (PMBOK, 2013, p. 66) Umas das entradas para o Termo de Abertura do Projeto é a elaboração do business case, documento que descreve as informações necessárias do ponto de vista de negócios, para determinar se o projeto justifica ou não o seu investimento. Ele é comumente usado no processo decisório pelos gerentes acima do nível do projeto. Normalmente, a necessidade de negócios e a análise de custo benefício estão contidas no business case para justificar o projeto. O business case é criado como um resultado de um ou mais dos seguintes fatores: demanda de mercado, necessidade organizacional (por exemplo, redução de custos de
  • 10. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference fabricação), solicitação do cliente, avanço tecnológico, requisito de legislação, redução de impactos ecológicos, necessidade de natureza social, entre outros. Em muitas organizações, o prognóstico e análise do desempenho financeiro do projeto é realizado fora do projeto. Em outras, o gerenciamento dos custos do projeto pode incluir esse trabalho. Quando esses prognósticos e análises são incluídos, o gerenciamento dos custos do projeto pode abordar processos adicionais e muitas técnicas gerais de gerenciamento como retorno do investimento, fluxo de caixa descontado e análise da recuperação do investimento. O gerenciamento dos custos do projeto preocupa-se principalmente com o custo dos recursos necessários para completar as atividades do projeto, considerando também o efeito das decisões de projeto no custo recorrente subsequente do uso, manutenção e suporte do produto, serviço ou resultado do projeto. Estimar os custos é o processo de desenvolvimento de uma estimativa dos recursos monetários necessários. Os custos são estimados para todos os recursos que serão cobrados do projeto. Isso inclui, mas não se limita a mão de obra, materiais, equipamentos, serviços e a instalações, assim como a categorias especiais como provisão para inflação, custos de recursos financeiros ou custos de contingências. Uma estimativa de custo é uma avaliação quantitativa dos custos prováveis dos recursos necessários para completar a atividade. Em alguns projetos, especialmente aqueles com menor escopo, a estimativa e orçamento de custos estão tão firmemente interligados que podem ser vistos como um processo único que pode ser realizado por uma pessoa num período de tempo relativamente curto. Opinião especializada, estimativa análoga, analise de proposta do fornecedor, entre outras, são ferramentas e técnicas sugeridas pelo guia PMBOK para estimar os custos de um projeto. 3. METODOLOGIA Este estudo apoia-se em uma pesquisa exploratória, que tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, de forma a torná-lo mais explícito. Pode-se dizer que esses tipos de pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010). O estudo inicia-se com a elaboração de um referencial teórico através de pesquisa documental e bibliográfica. A primeira tem como característica a coleta de dados restrita a documentos (sem tratamento analítico), enquanto a segunda consiste em um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema estudado (MARCONI e LAKATOS, 2003). Por fim, e realizado uma pesquisa experimental. Esta e realizada quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010). 4. PESQUISA EXPERIMENTAL 4.1 Apresentação Para o estudo proposto, foi considerada a curva de carga diária estimada por Francisquini (2006). A curva é mostrada na figura 4.
  • 11. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference Figura 4: Curva de carga média para faixa de consumo entre 101 a 200 kWh/mês Fonte: (FRANCISQUINI, 2006, pag. 37) A curva de carga foi estimada considerando a média de consumo de energia elétrica de consumidores com consumo entre 101 e 200 kWh/mês. A faixa de consumo escolhida para este estudo é devido ao fato de o consumo médio por residência, no Brasil, no fim de 2014, atingir o valor de 167 KWh/mês (EPE, 2015). Analisando a curva de carga diária, note-se que o consumo diário é de 5,3 kWh/dia, que é dado pela área da referida curva. A cidade escolhida para a localização do SFCR é a cidade mineira de Juiz de Fora. O valor da energia solar diária incidente em Juiz de Fora, obtida usando o programa SunData, é de 4,34 kWh/m2 .dia. O custo de disponibilidade considerado é o de consumidores com ligação monofásica, que corresponde a um consumo de 30 kWh/mês (ANEEL, 2014). O módulos fotovoltaicos considerados têm potência de 0,250 kWp, eficiência de 15,3% e uma área de aproximadamente 1,63 m2 . Considerando uma TD de 80% e utilizando as equações de 2 a 4, chega-se a um sistema de 1,25 KWp. O quadro 1 abaixo mostra a especificação dos principais componentes do SFCR. Quadro 1: Equipamentos do SFCR Descrição dos componentes Total 5 Módulos fotovoltaicos de 0,250 kWp 1,25 kWp 1 Inversor 1 x 1,25 KW Cabos para conexão 30 m Estrutura e acessórios de instalação 1 estrutura Fonte: Elaborado pelo autor O sistema fotovoltaico proposto gera, em média, 4,32 kWh/dia. Sobrepondo a curva média diária de carga com a curva de geração aproximada do SFCR, pode-se chegar qual é o percentual de energia diária exportada à rede e a energia gerada pelo SFCR consumida pela própria residência. A figura 5 mostra, em (a), as curvas de carga e de geração sobrepostas. Em (b), é mostrado a quantidade de energia exportada à rede. Em (c), é ilustrado a curva de carga da residência após a instalação do SFCR. E por fim, em (d), é mostrado a quantidade de energia gerada pelo SFCR e consumida na própria residência. A energia é calculada considerando a área sob as respectivas curvas. O cálculo das áreas foi realizado utilizando o software GeoGebra (GEOGEBRA, 2015). A energia consumida da rede, consumida do próprio SFCR e injetada na rede são, respectivamente, de 3,3 kWh/dia, 2,0 kWh/dia e 2,3 kWh/dia.
  • 12. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference Figura 5: Curvas de carga e geração do SFCR. (a) Curvas de carga e geração de potência do SFCR sobrepostas. (b) Curva de potencia injetada na rede pelo SFCR. (c) Curva de carga residencial após instalação do SFCR. (d) Curva de potência consumida pela própria residência. Fonte: Elaborado pelo autor Dimensionado o sistema fotovoltaico, foi utilizada uma das ferramentas para estimar custo sugeridas pelo guia PMBOK. A Análise de Proposta do Fornecedor é uma técnica de estimativa de custos que inclui a análise de quanto o projeto custaria baseado nas cotações de fornecedores qualificados (PMBOK, 2013). Foram solicitados 5 orçamentos de empresas especializadas e, por apresentarem características específicas tais como preço de frete, mão de obra, vantagens comerciais, entre outras, considerou-se o preço médio por Watt pico (Wp). O quadro 2 mostra o preço por Watt pico sugerido pelas empresas e a média considerada neste estudo, que além dos componentes do sistema, consideram os custos de instalação. Nota-se que o valor da referida média está de acordo com o site Portal Solar, onde é possível ter uma estimativa de quanto custará o SFCR através do link http://www.portalsolar.com.br/calculo- solar , onde se vê o valor de, aproximadamente, R$ 10,00/WP (PORTAL SOLAR, 2015) para o SFCR proposto. Quadro 2: Preço sugerido por empresas especializadas para fornecimento e instalação de um SFCR em Fevereiro e Março de 2015 em R$/WP Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Empresa E MÉDIA 8,63 10,20 13,20 9,83 10,65 10,50 Fonte: Elaborado pelo autor O período de vida útil do sistema é de 20 anos, considerando que a vida útil do inversor é de 10 anos, sendo este trocado uma vez neste período. O valor residual do SFCR no fim da vida útil é considerado como zero, pois, provavelmente, este sistema será obsoleto devido aos avanços tecnológicos. O custo da troca do inversor após no décimo ano é, em média, de R$ 3.000,00. O custo de manutenção não será considerado nesse estudo porque envolve basicamente a limpeza dos painéis fotovoltaicos. O Fluxo de caixa gerado pelo projeto é mostrado na figura 6. O investimento inicial, no ano zero da figura 6, é dado pelo custo médio obtido na tabela 2 vezes a potência total do SFCR, dado na tabela 1. Nota-se também na figura anterior, no ano 10, o impacto da substituição do inversor no fluxo de caixa. Os demais valores anuais do fluxo de caixa são obtidos pela economia que o SFCR causa na fatura de energia, ou seja, a diferença entre as faturas sem e com o SFCR instalado. De posse do fluxo de caixa exposto, o VPL, a TIR e o PAYBACK do projeto são obtidos pela equação 5, sendo que nos dois
  • 13. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference últimos considera-se o VPL igual a zero, conforme mencionado no item 3.5 do texto. Calculado o VPL, aplica-se a equação 6 para se obter o Índice de Lucratividade. Figura 6 – Fluxo de caixa gerado pelo projeto -R$ 15.000,00 -R$ 10.000,00 -R$ 5.000,00 R$ 0,00 R$ 5.000,00 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 VPL Ano Fonte: Elaborado pelo autor A taxa de desconto considerada para este estudo foi a inflação apurada em fevereiro de 2015, onde a mesma acumulada nos últimos doze meses, em relação ao referido mês, estava em 7,7% (VALOR ECONÔMICO, 2015). A tarifa efetivamente cobrada do consumidor é calculada usando a equação 1. Os dados referentes à impostos e tarifas são: PIS/COFINS (Média apurada em 2014) (%): 4,4% ICMS (MG) (%): 30% Tarifa apurada pela ANEEL em 04/2015 (com bandeira vermelha): 0,50974R$/kWh Tarifa apurada pela ANEEL em 12/2014: 0,39642 R$/kWh Taxa de iluminação pública: isento até 50 kWh. Taxa de R$ 2,35 para faixa de 51-100 kWh. Taxa de R$ 20,81 para faixa de 101-150 kWh. 4.2 Resultados A título de referência, primeiramente, foi feita uma análise considerando a tarifa praticada em dezembro de 2014. Neste período, não estava em vigência o Sistema de Bandeiras Tarifárias e não estava em vigor o último aumento tarifário autorizado pelo governo. Os resultados desta análise são mostradas no quadro 3 abaixo. Quadro 3 – Análise financeira do SFCR com tarifa de 12/2014 VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR - 3849,35 - 0,71 3,27 Fonte: Elaborado pelo autor Nota-se que o projeto não apresentava viabilidade financeira no período em questão considerando o exposto no item 3.5 do texto. A seguir, no quadro 4, são apresentadas as análises considerando o aumento das tarifas em abril de 2015 com o Sistema de Bandeiras Tarifárias inseridas na mesma, no caso a bandeira vermelha. Quadro 4 – Análise financeira do SFCR no cenário atual VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR (%) - 234,60 - 0,98 7,44 Fonte: Elaborado pelo autor
  • 14. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference Verifica-se, em relação ao período proposto anteriormente, que o aumento tarifário da energia teve impacto considerável na viabilidade do projeto, mas ainda não foi suficiente para tornar o mesmo viável. Mais dois cenários ainda foram analisados. Um considerando que o convênio ICMS 6 deixa se ser aplicado em toda vida útil do projeto e o outro no qual o SFCR seria isento de ICMS na compensação de energia. Esses dois tipos de incentivos tem sido considerados como fundamentais para uma maior aceitação desse tipo de projeto. A referidas análises são apresentadas por intermédio dos números expressos nos quadros 5 e 6 abaixo: Quadro 5 – Análise financeira do SFCR isento do convênio ICMS 6 VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR (%) 1,052,05 18 1,08 8,77 Fonte: Elaborado pelo autor Quadro 6 – Análise financeira do SFCR isento de ICMS VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR (%) 2.028,61 16 1,15 9,74 Fonte: Elaborado pelo autor Nas hipóteses consideradas, as análises econômicas passam a ser favoráveis e o projeto passa a ser viável. Tais considerações são muito interessantes, pois em caso de haver tais incentivo por parte do governo estadual, a decisão de aceitar a projeto pode ser tomada. Por fim, é apresentada a Análise de Sensibilidade da viabilidade do projeto em relação a compra e custo de instalação do SFCR e da tarifa cobrada do consumidor. A figura 7 ilustra a variação do VPL em relação aos itens referidos anteriormente. Nota-se que a reta que representa a sensibilidade do VPL em relação aos custos dos equipamentos apresenta inclinação ligeiramente maior. Este fato mostra que os custos dos equipamentos ainda influenciam no VPL com maior intensidade do que a custo da tarifa na viabilidade do projeto. Figura 7 – Análise de sensibilidade do Projeto Fonte: Elaborado pelo autor 5. Considerações Finais O estudo proposto neste trabalho mostrou que os aumentos recentes das tarifas de energia elétrica ainda não tornaram a micro geração distribuída através de SFCR viáveis
  • 15. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference economicamente. Apesar disso, notou-se que eles contribuíram para provocar impactos consideráveis nas variáveis econômicas estudas e assim, conforme estudado, a isenção do ICMS é considerada como fundamental para tornar esse tipo de projeto viável atualmente. Uma decisão do governo estadual de isentar o micro gerador distribuído do referido tributo pode fazer que o interesse por esse tipo de projeto cresça no estado. Além de trazer benefícios financeiros aos proprietários, tal iniciativa pode contribuir com a atual crise energética e com as demandas ambientais. Alguns estudos apontam que SFCR já apresentam, na maioria dos casos, viabilidade financeira. Isso pode não ser uma realidade já que os mesmos são feitos usando dados de custo de instituições estrangeiras. Esses dados são, então, nacionalizados e podem não considerar alguns parâmetros tais como a margem de lucro da empresa, custo de estoque e também custos de frete para transporte do equipamento para o local da instalação, custos estes que são altos no Brasil. Apesar de o estudo proposto considerar a média de consumo de energia elétrica no Brasil no fim de 2014, o mesmo pode não representar algumas situações de viabilidade econômica desse tipo de projeto no Brasil. Isto se deve ao fato da diversidade de fatores a serem analisados tais como: diversidade de tarifas de ICMS dos estados brasileiros, diferentes índices de insolação solar no território brasileiro, custos de fretes e hospedagem dos profissionais de mão de obra para instalação, benefícios de mercado oferecidos pelos fabricantes e instaladores, valorização do imóvel, entre outros. Este trabalho apenas considerou o custo médio do SFCR, sem considerar as questões citadas. A análise financeira desenvolvida aqui pode fazer parte do business case do projeto e, consequentemente do seu Termo de Abertura do Projeto. Esta pode ser somada à análise alguma demanda de mercado, avaliação de necessidade, solicitação de cliente interessado, avanço tecnológico, redução de impactos ecológicos, necessidade de natureza social, entre outras. Uma analise conjunta desses itens pode justificar o motivo pelo qual o projeto deve ser continuado. Desta forma é possível sugerir que a análise obtida, proposta e exibida por intermédio dos quadros 5 e 6 devem fazer parte do Business Case do projeto. Por fim, cabe comentar que pelo menos em síntese, o cliente pode não aceitar realizar projeto semelhante, considerando-se para tanto, o delicado momento atual, por questões meramente financeiras, mas terá a informação que, em caso de mudança de tarifa ou de impostos, poderá solicitar um novo estudo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEEL, Atlas de energia elétrica do Brasil / Agência Nacional de Energia Elétrica. ed. – Brasília: Aneel, 2008. _______, Informações sobre as Bandeiras Tarifárias. Disponível em http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=758 acessado em 03/03/2015.
  • 16. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference _______, Micro e minigeração distribuída: sistema de compensação de energia elétrica .Brasília : ANEEL, 2014. _______, Por dentro da conta pública de energia: informação de utilidade pública. 6. ed. - Brasília : ANEEL, 2013. _______, RESOLUÇÃO NORMATIVA N º 482 , DE 17 DE ABRIL DE 2012. Estabelece as condições gerais para o acesso de micro geração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica, e dá outras providências. Disponível em http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf. Acessado em 28/02/2015. BORDEAUX-RÊGO, Ricardo, et al. Viabilidade econômico-financeira de projetos. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. CEPEL – CRESESB. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Edição revisada e atualizada. Rio de Janeiro, 2014. DECRETO Nº 5.163 DE 30 DE JULHO DE 2004. Regulamenta a comercialização de energia elétrica, o processo de outorga de concessões e de autorizações de geração de energia elétrica, e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2004/decreto/d5163.HTM, acessado em 28/02/2015. EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Série Recursos Energéticos - Nota Técnica DEA 19/14 - Inserção da Geração Fotovoltaica Distribuída no Brasil – Condicionantes e Impactos. Rio de Janeiro, 2014. ___ – Empresa de Pesquisas Energéticas. NOTA TÉCNICA EPE – Análise da Inserção da Geração Solar na Matriz Energética Brasileira. Rio de Janeiro, 2012. ___ – Empresa de Pesquisas Energéticas. Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica | nº 88 | Janeiro de 2015. FRANCISQUINI, Aislan Antônio. Estimação de curvas de carga em pontos de consumo e em transformadores de distribuição. São Paulo: UNESP, 2006. GEOGEBRA – Software para ensino de matemática. Disponível em https://www.geogebra.org/about. Acessado em 27 de abril de 2015. LANDEIRA, Juan Lourenço Fandino. Análise técnico-econômica sobre a viabilidade de implantação de sistemas de geração fotovoltaica distribuída no Brasil .Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2013. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica.5. ed. - São Paulo : Atlas 2003. LOPEZ, Ricardo Albadó – Energia Solar para produção de eletricidade. São Paulo: Artiber Editora, 2012.
  • 17. . WWW.CONVIBRA.ORG Business Conference MME – Ministério de Minas e Energia. Informações sobre O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA). Disponível em: www.mme.gov.br. Acessado em 15 de Abril de 2015. PILÃO, Nivaldo Elias; HUMMEL, Paulo Roberto Vampré. Matemática financeira e engenharia econômica: a teoria e a prática da análise de projetos de investimento .São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. PMBOK, Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®). — Quinta edição. PMI, 2013. PORTAL SOLAR, Estimativa de custo de um SFCR. Disponível em http://www.portalsolar.com.br/calculo-solar , acessado em 10/05/2015 REIS, Lineu Belico dos - Geração de energia elétrica. – 2. Ed. Ver. e atual. – Barueri, SP: Manole 2011. REVISTA BRASILEIRA DE METEOROLOGIA – V.26, n. 2, 204 – 294, 2011. Estudo da Radiação Solar Global e do Índice de Transmissividade (kt), Externo e Interno, em uma Floresta de Mangue em Alagoas – Brasil. TORRES, Oswaldo Fadigas Fontes – Fundamentos da engenharia econômica e da análise econômica de projetos . – São Paulo: Thomson Learning, 2006. VALOR ECONÔMICO, Ipca sobe 1,22% em fevereiro e acumula inflação de 7,7% em 12 meses. Disponível em http://www.valor.com.br/brasil/3940728/ipca-sobe-122-em-fevereiro-e- acumula-inflacao-de-77-em-12-meses , acessado em 05/04/2015. KAUARK, Fabiana; MANHÃES, Fernanda C.; MEDEIROS, Carlos Henrique. Metodologia da Pesquisa: Um guia prático. Itabuna: Via Litterarum, 2010.