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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
SUMÁRIO
 Autoridade Espiritual I 02
 Costumes
06
 História da Igreja
14
 O Serviço no Diaconato
43
 Relações Interpessoais 46
 Hombridade 63
 Doutrinas Fundamentais
73
 Família 82
 Projeto Semear
119
 Bibliografia Geral
124
Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
DISCIPLINA: AUTORIDADE MINISTERIAL I
I. A IMPORTÂNCIA DA AUTORIDADE ESPIRITUAL
TEXTO BÁSICO: ROMANOS 13.1-2
Em Romanos 13.1-2 a palavra de Deus diz: “Obedeçam às
autoridades, todos vocês. Pois nenhuma autoridade existe sem a
permissão de Deus, e as que existem foram colocadas nos seus
lugares por ele. Assim quem se revolta contra as autoridades está
se revoltando contra o que Deus ordenou, e os que agem desse
modo serão condenados”.
Na vida espiritual e na vida carnal, temos autoridades, as quais devemos seguir, pois a
rebeldia a essas autoridades é pecado, conforme nos ensina a Bíblia.
A palavra “autoridade”, do grego, “ecsusia”, literalmente significa: autoridade, direito de
mandar. Ela é traduzida na versão atualizada, de João Ferreira de Almeida, como: autoridade, poder,
jurisdição, autorização, direito, domínio, potestade, império, soberania, força. Aparece cerca de 99
vezes na Bíblia, sendo apenas 6 vezes no Antigo Testamento.
A autoridade de Deus é o princípio da ordem. Cada coisa no seu lugar.(Salmos 103:19) - O
SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.
Deus é a autoridade superior é a fonte da autoridade. Ele reina não para ser autoridade, mais
porque ele é autoridade.
Ninguém tem autoridade, Deus é quem a concede e delega. Por isso quando alguém obedece
a autoridade do homem, está obedecendo a autoridade de Deus, pois, Deus é quem concedeu.
(Romanos 13:1) - TODA a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que
não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.
A Bíblia define o pecado como transgressão (1João 3.4). Em Romanos 2.12, a palavra “sem”
lei é o mesmo que “contra” a lei. A transgressão é desobediência à autoridade de Deus; e isto é
pecado. Pecar é uma questão de conduta, mas transgressão é uma questão de atitude do coração. O
presente século caracteriza-se pela transgressão, e logo o fruto desse pecado aparecerá.
A autoridade no mundo está sendo cada vez mais solapada até que, finalmente, todas as
autoridades sejam destruídas e a transgressão governe. Saibamos que no universo existem dois
princípios: o da autoridade de Deus e o da rebeldia satânica. Não podemos servir a Deus e
simultaneamente andar pelo caminho da rebeldia. Satanás ri quando uma pessoa rebelde prega a
palavra, pois nessa pessoa habita o princípio satânico. O princípio do serviço tem de ser a
autoridade, se obedecemos ou não a autoridade de Deus”.
Na palavra de Deus há linhas específicas de autoridade que devemos obedecer para não
estarmos em rebeldia contra o próprio Deus:
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
1. Em relação a Deus (Daniel 9.5-9)
2. Ao governo civil (Romanos 13.1-7, 1Timoteo 2.1-4; 1Pedro 2.13-17)
3. Aos pais (Efésios 6.1-3)
4. Esposa em relação ao marido (1Pedro 3.1-4)
5. Ao patrão (1Pedro 2.18-23)
6. Aos líderes da igreja (Hebreus 13.17)
7. Uns aos Outros (Efésios 5.21)
II. TIPOS DE AUTORIDADE
A) Temporal ou física
Assim chamada porque ela está sujeita a mudanças de acordo com o tempo e com o
surgimento de necessidades humanas ou materiais . Ex: mudanças de governos, costumes e avanços
tecnológicos. Vejamos o que diz a Palavra de Deus sobre estas autoridades:
B) Autoridade na família
O esposo deve seguir os padrões de Cristo, com relação à Igreja (Ef 5:25 - 29).
• A esposa, submissa ao esposo (Ef 5:22).
• Os filhos, submissos aos pais (Ef 6:1,2).
C) Na vida profissional
Os empregados devem respeitar seus patrões, diretores, chefes, etc..., e trabalharem com
maior desenvoltura durante suas ausências (Ef 6:5 - 8).
D) Na vida do país
Embora espiritualmente já não pertençamos mais a este mundo, ainda vivemos nele, e sendo
assim temos deveres a cumprir através de uma consciência pura (Rm 13:4 - 7) e (Mt 22:17 - 21).
III. O PRINCÍPIO DA REBELIÃO/É O INVERSO DA SUBMISSÃO
O princípio da Rebelião se deu com o Diabo. (Isaías 14:12)
Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que
debilitavas as nações! 13) - E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. 14) - Subirei
sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. 15) - E contudo levado serás ao inferno,
ao mais profundo do abismo.
Deus expulsou o Lúcifer do céu por causa de sua insubordinação, no céu não há lugar para a
insubordinação. Após esta sentença ele começou a ser chamado de Satanás ou diabo, que revela seu
caráter, pois significa: inimigo, opositor, adversário, caluniador, usurpador. E com ele muitos anjos
se aliaram dando origem aos demônios. O diabo tenta implantar então a insubordinação aos
homens e começa por Adão e Eva. (Gênesis 3:5) - Porque Deus sabe que no dia em que dele
comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. O homem
insubordinado tenta se assemelhar a Deus, acreditando que domina a própria vida, depois acredita
que domina outras vidas. Características do Insubordinado. Ganância. (nunca está satisfeito com o
que têm quer sempre mais)
1. Arrogância (acha que já sabe de tudo) Ex. Filho/Pais
2. Presunção. (acha que sabe fazer melhor)
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
3. Avareza (quer tudo para si)
4. Ira (quando os seus intentos não dão certos ele se revolta)
5. Inveja. (deseja a posição que o outro ocupa)
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O EXEMPLO DO APÓSTOLO PAULO
Antes de reconhecer a Autoridade, Paulo tentou acabar com a igreja (Atos 8.3); mas depois
de se encontrar com Jesus na estrada de Damasco entendeu que era difícil recalcitrar (revoltar-se;
rebelar-se, dar coices), contra os aguilhões (autoridade divina) (Atos 9.5) Imediatamente Paulo caiu
no chão e reconheceu Jesus como Senhor.
Em seguida, deu-se início ao tratamento de Paulo. O que precisava aprender aquele que
tinha livre trânsito nas salas dos governadores e dos sumos-sacerdotes? O que precisava aprender
aquele que fora instruído aos pés de Gamaliel, o homem mais sábio de sua época e que podia se
comunicar livremente com qualquer estrangeiro do seu tempo? O que precisava aprender aquele
que não parava de ameaçar e perseguir a igreja, por considerá-la a escória da humanidade?
O EXEMPLO DE JESUS
A ATITUDE DE JESUS DIANTE DOS TRIBUNAIS
Mateus 26 e 27 registram o duplo julgamento que Jesus enfrentou após o seu
aprisionamento. Diante do sumo sacerdote ele recebeu julgamento religioso e diante de Pôncio
Pilatos recebeu julgamento político. Quando foi julgado por Pilatos (Mateus 27), o Senhor não
respondeu nada, pois se encontrava sob jurisdição terrena. Mas quando o sumo sacerdote o
conjurou pelo Deus Vivo, então ele precisou responder às perguntas que estavam sendo feitas. Isto é
obediência à autoridade.
Aqui está a segunda consideração que precisávamos fazer acerca deste princípio: Todo
aquele que conhece a autoridade lida com a autoridade e não com o homem.
O ARCANJO MIGUEL.
• O Arcanjo Miguel quando contendia com o diabo a respeito do corpo de Moisés não pronunciou
infâmia contra ele, não obstante já estar caído (Jd 9).
• Somente os ímpios vivem no erro difamando autoridades e rejeitando os governos constituídos,
Jd 9 e II Pe 2 :10 – 22.
• Ao repreendermos um demônio devemos estar inteirados que a autoridade exercida pertence
ao Nome de Jesus Cristo.
Exemplos e conseqüências de quem quebrou a autoridade.
• Lucifer
• Adão
• Caim
• Cam
• Miriã e Arão
• Davi
• Filhos de El
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
• Sansão
Saul
A) A leitura do texto de (I Sm 15:1 –26) nos dá a exata compreensão do valor da obediência à
autoridade espiritual, vejamos :
I. O Senhor ditou ordens bastante claras (vs 1 - 3).
II. Saul fez tudo ao seu próprio modo (vs 7,8).
III. Junto com a desobediência anda a cobiça e o orgulho (vs 1,2).
IV. Para encobrir a sua desobediência, Saul usou a mentira (vs 13 - 15).
a) Nos dias de hoje muitos estão preferindo sacrificar a obedecer (vs 19- 22), tal como procedeu
Saul .
Obs: A desobediência é tão grave quanto a ser feiticeiro ou praticar a idolatria (vs 23).
b) O Senhor Deus deixou claro que sua autoridade era exercida no povo de Israel através de Moisés
e quem desrespeitasse a Moisés estaria desrespeitando ao próprio Senhor Deus ( Nm 16 : 1 - 3 ).
IV. O MAU USO DA AUTORIDADE
a. Saul foi ungido como rei do povo de Israel (I Sm 10:1).
b. Não obstante as perseguições, Davi o respeitou como autoridade (I Sm 24:6).
c. Davi reconhecia a unção de Deus sobre Saul (I Sm 24:10).
d. O rei Saul, fazendo mau uso da sua autoridade , perseguia a Davi e aos seus homens, sem se
importar com as conseqüências de sua atitude (I Sm 18:18 e ISm 19:10).
e. A autoridade delegada ao rei Saul foi tornada sem efeito no momento em que ele fazendo mau
uso, no tocante às devidas limitações com relação à autoridade do profeta ao tentar tomar o lugar
deste (I Sm 15:26).
V. AUTORIDADE ESPIRITUAL
a) É fundamental para a paz e o crescimento da Igreja de Cristo. Quem não se aperceber disso,
seja um pastor, um líder ou simplesmente um membro da Igreja, certamente terá problemas
em sua vida espiritual e no seu ministério, pois Deus, como vimos, não tolera a quebra da
autoridade constituída. Ele constituiu, ele estará corrigindo ou retirando, se for o caso, no
Seu devido tempo, ou será que alguém queira fazer o trabalho de Deus?
b) O princípio fundamental da autoridade, é ser fiel a quem o constituiu naquela autoridade,
pois se você não sabe, ser submisso e estar debaixo de autoridade, como que o Senhor
poderá lhe dar mais autoridade? Como que os demais servos vão lhe obedecer? A Igreja se
move debaixo da autoridade espiritual, e sem ela, a Igreja não pode caminhar. Este princípio
é fundamental para quem quer fazer a obra de Deus e ser bem realizado.
CONCLUSÃO
Que Deus nos abençoe, para que possamos cumprir a Sua vontade em relação ä
AUTORIDADE, e não a nossa vontade.
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
Pastor Ariel Eugênio – Regional São Marcos/BH (ariel.eugenio@hotmail.com).
DISCIPLINA: COSTUMES
1. DEFINIÇÃO
Costume é o nome dado a qualquer forma social resultante de uma prática,
observada de forma generalizada e prolongada, o que resulta numa certa convenção de
obrigatoriedade, e de acordo com cada sociedade e cultura especifica.
Exemplos bíblicos
a) No Velho Testamento: Jr 10.3 (Nação – Prática)
b) No Novo Testamento: Lc 1.9 (Grupo); Lc 4.16 (Pessoal); 1Co 11.12 a 16
(Costume da Igreja local); 1 Coríntios 15.33 (Bons)
c) Costumes superados: Bigode e Chapéu
Necessitamos manter os bons costumes da Assembleia de Deus. Dentro da
contextualização atual.
Nossa matéria envolve
• Ética
• Antropologia
• Teologia
• Doutrinas
• Entre outras
2. MINISTÉRIO DO DIACONATO
O ministério diaconal emergiu na história da igreja, entre os cristãos da igreja primitiva por
causa do crescimento espantoso da igreja. O texto bíblico em Atos retrata este fato: "Naqueles dias,
crescendo o número dos discípulos ... ". (At 6.1a)
Automaticamente, com o crescimento da igreja, surgiram muitos trabalhos que
sobrecarregavam os apóstolos a ponto deles não poderem atender a comunidade cristã a contento
e, em detrimento disso, as pessoas começavam a murmurar deles achando que estavam dando
preferência p'ara uns na igreja e ignorando outros. O texto bíblico diz: "Naqueles dias, crescendo o
número dos discípulos, houve murmuração dos gregos, contra os hebreus, porque suas viúvas eram
desprezadas na distribuição diária de alimentação." (At 6. 1)
Os apóstolos sacrificavam o ministério deles, que era o ministério da palavra e praticidade na
oração para atender o povo. Mesmo assim eram alvo de murmuração. Para cortar este mal pela raiz
os apóstolos instituíram o ministério dos diáconos podendo assim dedicarem-se ao ministério da
palavra e a oração.
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
"Então os doze, convocando os discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a
palavra de Deus, e sirvamos às mesas. Escolheis, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação,
cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas
nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra." (At 6.2-4)
A primeira coisa que um diácono ou aspirante a diácono precisa saber, antes de qualquer
outra coisa, é que o diaconato é um ministério. O diaconato não é apenas um cargo, é um
ministério. A Bíblia fala de ministérios como dos Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
mestres, que são ministérios que estão intrinsecamente ligados ao ministério da pregação e do
ensino da palavra de Deus para edificação do corpo de Cristo. Já o ministério dos diáconos está
aliado à idéia de servir. Se observarmos o texto de Atos 6, que fala da instituição desse ministério,
vamos encontrar no texto algumas palavras chaves que retratam a eleição dos diáconos, sendo estes
escolhidos para servir. Quais as palavras que retratam isso no texto de Atos 6? O texto mostra que
os diáconos foram instituídos para servir: as viúvas, servir na distribuição de alimentos diariamente
aos carentes, servir as mesas. O texto ainda destaca este serviço como um importante negócio.
A palavra "ministério" é oriunda da palavra grega "diakonai" e significa "variedade de
serviços” prestados em favor da expansão do Reino de Deus. Logo, fica subentendido que ministério
não dá apenas a idéia de "cargo". Ministério está aliado a idéia de "prestação de serviços". Portanto,
toda pessoa que faz parte do grupo que foi separado para servir como diácono na igreja, mas não
cumpre com as funções estabelecidas para esta posição, tem o cargo, mas não tem o ministério.
Se alguém pretende fazer a diferença no ministério como diácono, o mesmo precisa servir,
ou seja, é necessário seguir o exemplo de Jesus, que foi o melhor diácono de todos os tempos. Disse
Ele: "... Todo aquele que, entre vós, quiser tornar-se grande, seja vosso servo, e quem dentre vós
quiser ser o primeiro, seja vosso escravo - tal como o Filho do homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar sua vida em resgate por muitos." (Mt 20.26-28)
3. O QUE OS DIÁCONOS PRECISAM SABER SOBRE A BÍBLIA?
Os diáconos precisam conhecer a estrutura da Bíblia
Quando falo de conhecer a estrutura da bíblia estou falando da importância de se conhecer
fatos acerca da bíblia como: qual a origem da bíblia? Quais são suas principais divisões? Qual o
significado da palavra bíblia? Quantos testamentos ela possui? Quando e como a bíblia assumiu sua
forma atual? Quantos livros têm a bíblia? São perguntas desse gênero que precisamos ser capazes
de responder antes de penetrar no estudo de seu conteúdo.
4. O ZELO NO MINISTÉRIO DO DIACONATO
a) O que chamou a atenção da rainha de Sabá no reinado de Salomão?
Ela ouviu a fama de Salomão
"Quando a rainha de Sabá ouviu a fama de Salomão .... " (IRs10.1).
Todo obreiro deve saber que a igreja, na qual ele pertence, está diante de duas alternativas:
carregar a boa fama, por sua estrutura organizacional, ou a má fama por sua desorganização
estrutural. Lembrando que todos os membros daquela instituição são co-participantes ou da boa
fama ou da má fama.
b) Exemplo bíblico de má fama
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
"Ora, Eli que já era muito velho, ouvia tudo que seus filhos faziam a todo o Israel .... Então ele
lhes disse: Por que fazeis tais coisas? Ouço de todo este povo os vossos malefícios. Não, filhos meus,
não é boa fama a que ouço entre o povo do Senhor." (I Sm 2.22-24)
Os diáconos pelo fato de serem as primeiras pessoas na quais os visitantes têm contato
quando vêm à igreja, carregam sobre os seus ombros uma grande responsabilidade. Há um ditado
que diz: a primeira impressão é a que fica. Se ao chegar ao estacionamento da igreja, sendo
supostamente o primeiro local de contato, o membro ou visitante for mal recebido, recepcionado
com mau humor por parte de quem o recebe, com arrogância ou com indiferença, este terá,
conseqüentemente, uma má impressão da igreja. Então os diáconos precisam ter cuidado para não
serem instrumentos propagadores de má fama da igreja.
A rainha pelo fato de não acreditar no que ouvia foi ter com Salomão para conferir. Ela ficou
fora de si, pois testemunhou que o que viu era até mesmo além do que lhe falaram: "Vendo a rainha
de Sabá toda sabedoria de Salomão, a casa que edificara, a comida da sua mesa, o assentar dos seus
oficiais, o serviço de seus criados e os trajes deles, seus copeiros e os holocaustos que ele oferecia
na casa do Senhor, ficou fora de si, e disse ao rei: Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra,
acerca dos teus feitos e da tua sabedoria. Porém eu não acreditava naquelas palavras, até que vim, e
vi com os meus olhos. Deveras, não me disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama
que ouvi." (I Rs 10.4-7)
A estrutura organizacional do reino de Salomão era tão “perfeita” que sua fama percorreu
em todos os reinos da época e chegou até a rainha de Sabá que, ao tomar conhecimento, resolveu ir
conferir e quando chegou, ela ficou tão impactada, que chegou a dizer: “... é muito mais além do
que me disseram.” Foi a organização dos servos de Salomão que chamou a atenção da rainha. Se nós
prestarmos um serviço organizado na igreja nossa fama vai correr nas outras igrejas e vamos receber
muito visitantes que virão conferir nossa modalidade de trabalho.
c) O que deixou a rainha de Sabá impressionada?
A casa que Salomão edificara
A edificação da casa de Salomão deixou a rainha de Sabá muito impressionada. Para nós
obreiros, que estamos sendo treinados para fazer a obra de Deus, isso nos traz duas lições:
• Lição material
O bom gosto de Salomão ao planejar a arquitetura da casa deixou a rainha de Sabá
impressionada. Com isso aprendemos que as coisas que fazemos, mesmo na vida material, com bom
gosto, redunda em louvor a Deus. Paulo escreveu aos filipenses: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que
é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é,justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável,
tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." (FI 4.8)
• Lição espiritual
A edificação da casa que Salomão construiu, chamou a atenção da rainha de Sabá não
apenas em termos de bom gosto, mas também em termos de qualidade do material utilizado na
construção. Com isso aprendemos que na obra de Deus além do bom gosto, quando formos realizar
alguma coisa para Deus, devemos primar por material de qualidade pois a bíblia nos faz a seguinte
advertência: "Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio construtor, o
fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Pois ninguém pode
pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
fundamento levantar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de
cada um se manifestará, porque o dia a demonstrará. Pelo fogo será revelada, e o fogo provará qual
seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou sobre ele permanecer, esse receberá
galardão." (I Co 3.10-14)
d) A comida da sua mesa
A comida que era posta na mesa na casa de Salomão também chamou a atenção da rainha
de Sabá. Não obstante o texto não descrever a presença de um nutricionista para estabelecer o
cardápio diário, o próprio Deus deu sabedoria a Salomão até na sua forma de se alimentar. Isso
retrata que devemos cuidar com o que nos alimentamos porque o nosso corpo é templo do Espírito
Santo. Esse cuidado deve ser extensivo também a nossa alimentação espiritual, devemos cuidar com
que tipo de alimento espiritual estamos nutrindo a nossa alma. Em se tratando do trabalho dos
diáconos é bom lembrar que não só a comida posta na mesa era boa, mas também a arrumação da
mesa chamou a atenção da rainha. Servir as n1esas é um trabalho dos diáconos. Assim diz o texto:
"Então os doze, convocando os discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de
Deus, e sirvamos às mesas." (At 6.2). É trabalho dos diáconos arrumar as mesas para o café aos
domingos a tarde, servir os irmãos da melhor maneira possível, arrumar a mesa da ceia do Senhor,
guardar os utensílios como: toalhas, cálices, mandar lavar e passar toalhas da ceia e os panos
utilizados dentro da igreja. Todos estes são alguns dos serviços dos diáconos.
e) O assentar de seus oficiais
Os oficiais de Salomão tinham postura tão digna de um oficial do rei, que deixou, também, a
rainha de Sabá perplexa. A forma deles assentarem diante do rei foi um bom exemplo de postura.
Isto revela que os obreiros devem ter boas maneiras e primar por uma postura que dignifique ao Rei
dos reis e Senhor dos senhores. Os oficiais aqui podem ser uma figura dos diáconos, presbíteros,
evangelistas e pastores da Igreja. Os diáconos bem podem estar sentados dentro do templo, mas
precisam estar atentos a tudo que está acontecendo, sendo diligentes para agir quando preciso
dispensando, até mesmo, a necessidade de o pastor ter que pedi-Ios para atender a alguma
demanda dentro da igreja.
f) O serviço de seus criados
Os criados eram os servos que cuidavam dos serviços gerais do palácio real. Eles faziam seus
serviços com tanta disciplina e discrição, que mesmo sendo criados que prestavam serviços de
manutenção do palácio real, foram motivos de apreciação por parte da rainha de Sabá. Os servos de
Salomão, apesar de serem criados, não deixaram de chamar a atenção da rainha de Sabá, através da
prestação do serviço de manutenção da ordem funcional do palácio. Isso é uma grande lição para
aqueles irmãos na igreja que cuidam da manutenção da casa de Deus, ou seja, os auxiliares de
trabalho, os diáconos. Os criados eram responsáveis pelos preparativos das atividades do palácio
real. A eles competiam arrumar e manter arrumado o local de atividades dentro do palácio como o
salão de festas, salão de reuniões, cuidar da limpeza, iluminação, ventilação etc. A rainha ficou
comovida ao ver que nada era feito de última hora, tudo era muito bem organizado. Isso deixa claro
para os diáconos, e auxiliares de trabalho, que a pontualidade no serviço da casa de Deus fala alto e
contribui para a boa fama da igreja.
g) A rainha também reparou os trajes deles
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
A maneira de se vestir dos oficiais e dos criados de Salomão também abismou a rainha de
Sabá. Ora, se para estar diante do rei Salomão os seus criados e oficiais se vestiam tão bem a ponto
de chamar a atenção da rainha, imagine como os obreiros, que servem na casa do Senhor, devem
trajar-se. No Evangelho segundo Lucas está escrito que entre nós está alguém maior que Salomão.
"A rainha do Sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; pois dos
confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é maior do que Salomão." (Lc
11.31).
Como já falamos anteriormente a primeira impressão é a que fica. Os diáconos e auxiliares de
trabalho não devem vir à igreja prestarem serviços mal trajados. Estes devem, portanto, apresentar-
se sempre da melhor forma possível, de preferência procurar ir de terno para os cultos. Pelo fato de
terem que tirar oferta e desenvolver determinadas tarefas na igreja que requerem movimentação,
os diáconos são os que mais são vistos na igreja. Um diácono mal arrumado depõe contra a
estrutura organizacional e estética da igreja. Queridos obreiros está na hora de renovarmos nossos
guarda-roupas para estar na presença do nosso grande Rei Jesus.
h) Seus copeiros
Os copeiros tinham uma grande responsabilidade: eram eles que experimentavam o que o rei
bebia e comia antes do rei, comer e beber. O Antigo Testamento destaca Neemias como copeiro do
rei: " ... eu era copeiro do rei. No mês de Nisã, no vigésimo ano do rei Artaxerxes, quando lhe
trouxeram o vinho, eu o tomei e o dei ao rei ... "(Ne 1.11,12)
Os copeiros retratam obreiros que cuidam de seus pastores, tanto os servindo, quanto
protegendo-os, de qualquer projeto maquiavélico de Satanás contra eles. Os diáconos são os
guardiões tanto da casa do Senhor, como dos homens de Deus que são colocados para cuidar do
Reino. Os diáconos devem estar sempre com a atenção voltada para seu pastor, para servi-Io, para
protegê-Io de emboscadas, laços, armadilhas, falsos irmãos que entram na igreja com capa de
ovelha, defender a obra de Deus de venenos destilados pelos inimigos da obra de Deus. Estevão, por
amor a obra de Deus, morreu apedrejado.
i) Os holocaustos que ele oferecia na casa do Senhor
Os holocaustos retratam como Salomão oferecia culto ao Senhor. Isto também impressionou
a rainha de Sabá. Salomão não economizava quando oferecia culto a Deus. A Bíblia revela um culto
oferecido por Salomão ao Senhor, que deve ter sido a razão pela qual a rainha de Sabá ficou fora de
si. O texto diz:
"E o rei Salomão ofereceu em sacrifício vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas.
Assim, o rei e todo povo dedicaram a casa de Deus." (II Cr 7.5). Imagina o trabalho que os criados de
Salomão tiveram para ajudar Salomão preparar um holocausto tendo que imolar vinte dois mil bois
e cento e vinte mil ovelhas? Obviamente a rainha de Sabá ficou boquiaberta com a maneira que
Salomão oferecia culto a Deus, sem reservas. No entanto o que mais chamou a atenção dela foi a
disposição dos criados no preparo do holocausto. Hoje nós não fazemos sacrifícios desse gênero
porque estamos na dispensação da graça. Com o advento do Cristo e sua morte, rituais como estes
utilizados no Antigo Testamento já não mais são necessários, tendo em vista de que Jesus foi o
sacrifício perfeito e definitivo quando se entregou em holocausto por todos nós.
REFLEXÃO
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
Um dos propósitos deste curso é a preparação daqueles que foram separados para este
importante negócio na obra de Deus, capacitando os mesmos a impactar a igreja, por meio da
prestação de um serviço com tanta qualidade, que a os servos de Salomão deixaram a rainha de
Sabá pasmada e também serão capazes de deixar muita gente admirada pelo que serão capazes de
fazer para glória do nome do Senhor.
5. O PERFIL DE UM BOM DIÁCONO A LUZ DA BÍBLIA
a) Um bom diácono precisa ser uma pessoa vocacionada para servir.
O que valida o ofício de diácono é a vocação para servir e como diz o salmista: "servir com
alegria”. De modo que ninguém pode executar o ministério de diácono, correta e ordenadamente
sem ter sido vocacionada antes por Deus para servir em Sua obra. O bom diácono é aquele que está
disposto a aprender, aquele que está disposto a ser bem treinado para o exercício do oficio que
recebeu da parte do Senhor. Disse Jesus: "Se alguém vem a mim e ama a seu pai, sua mãe, sua
mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser
meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo." (Lc
14.26,27).
b) Um bom diácono precisa ter boa reputação para servir
"Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio." (At 6.3 )
A idéia de boa reputação está relacionada com a idéia de bom testemunho das pessoas de
dentro da igreja e das de fora. O apóstolo Paulo disse: "Também é necessário que tenha bom
testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do diabo." (I Tm 3.7). O
diácono não pode ser aquela pessoa rabugenta, mau humorada, indelicada, que trata mal as
pessoas. Se ele proceder assim obviamente não terá o bom testemunho dos irmãos da igreja. O
diácono precisa ser uma pessoa afável, amável, cortez, cavalheiro, primar pela boa educação no
tratamento para com os irmãos, sendo assim uma pessoa estimada, amada e respeitada por todos.
c) Um bom diácono precisa ser cheio do Espírito Santo para servir
"Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio."( At 6.3 ).
Apesar do trabalho do diácono ser um trabalho que muitas vezes, ganha conotação de
serviço material na igreja. O bom diácono é aquele que desenvolve seu ministério dentro ou fora da
igreja na direção do Espírito Santo. Para isso ele procura viver uma vida de oração, jejum e
meditação na palavra de Deus, para se manter cheio do Espírito Santo assim como Estevão. O texto
bíblico diz: "Ora, Estevão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo";
"Mas ele cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à
direita de Deus." (At 6.8; 7.55)
d) Um bom diácono precisa ser cheio de sabedoria para servir
"Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio." (At 6.3). O serviço de diácono
exige muita sabedoria, para ser desenvolvido. O diácono é aquela pessoa que lida com todo tipo de
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
gente na igreja. Ele lida e tem que servir desde o visitante não crente até o pastor da igreja. Logo, o
diácono tem que se prostrar diante de Deus pedindo sempre sabedoria para desenvolver o
ministério que Deus o delegou. O apóstolo Tiago disse: Ora, se alguém de vós tem falta de
sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não censura, e ser lhe-á dada." (Tg 1.5 )
e) Um bom diácono precisa ser um homem que exerça seu ministério com consciência limpa
"Da mesma forma os diáconos sejam respeitáveis, sinceros, não dados a muito vinho, não
cobiçosos de sórdida ganância, conservando o ministério da fé com a consciência pura." (I Tm. 3.8.9)
Os diáconos são homens de confiança, por isso precisam ser pessoas respeitadas, pessoas
sinceras, pessoas de consciência pura. Não devem ser pessoas de dupla personalidade, que pensam
Lima coisa e dizem outra, pessoas que mudam de postura de acordo com suas próprias
conveniências. Também não devem confundir a idéia de serem pessoas de palavra com a idéia de
serem pessoas teimosas e inflexíveis.
6. O QUE A IGREJA ESPERA DOS DIÁCONOS?
a) Pontualidade no cumprimento de seus deveres
Os diáconos que desejam primar pela boa reputação, não devem chegar à igreja atrasados
em nenhuma de suas programações. A pontualidade no cumprimento dos deveres na obra de Deus
é o cartão de visita do diácono. É uma questão de honra para o diácono chegar cedo na igreja e
deixar todo ambiente preparado para o início da programação. Seja culto, Escola Dominical, mesa do
café, instrumentos, microfones, arrumação do salão, salas de aula, banheiros, etc.
b) Serem dizimistas e ofertantes servindo de exemplo para os fiéis
Como um diácono vai recolher dízimos e ofertas dos irmãos se ele mesmo não é dizimista e
não coopera com ofertas alçadas? É um contra-senso levar as pessoas a fazerem aquilo que não
praticamos.
A igreja espera que os diáconos sejam homens irrepreensíveis no aspecto moral e
espiritual.
Se é responsabilidade dos diáconos zelar pela boa ordem da obra de Deus, eles não pode ser
maus exemplos para o povo de Deus em absolutamente nada. Se as pessoas não devem ficar do lado
de fora batendo papo, muito menos um diácono. Se as pessoas não devem conversar dentro da
igreja, ou chupar bala, mascar chicletes, atender telefone etc., o que dizer de um diácono.
7. QUAL A RECOMPENSA QUE OS DIÁCONOS TERÃO PELO TRABALHO PRESTADO?
1. Os diáconos serão honrados por Deus pelo trabalho prestado ao seu reino
"Aquele que me serve deve seguir-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E
se alguém me servir, meu Pai o honrará." (Jo 12.26)
2. Os diáconos que servirem bem, serão estimado pela igreja e alcançarão posição de honra
na obra de Deus
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
"Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição, e muita
confiança na fé que há em Cristo Jesus." (I Tm 3.13)
3. Cada serviço prestado pelos diáconos será lembrado de forma graciosa por Deus
"Deus não é injusto; ele não se esquecerá da vossa obra, e amor que para com o seu nome
mostrastes, pois servistes e ainda servis aos santos." (Hb 6.10)
4. O serviço prestado pelos diáconos será recompensado por Deus
"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes sempre abundantes na obra do
Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão." (I Co 15.5)
8. CONCLUSÃO
Que Deus em Cristo Jesus possa aplicar esta lição no coração de cada diácono ou aspirante ao
diaconato. Que ambos tenham consciência de que o diaconato é um importante negócio esta-
belecido por Deus para servir a igreja tanto como corpo místico de Cristo, como uma grande
instituição organizacional.
Bibliografia
RIBEIRO, Samuel César Pastor. Fazendo a diferença no Ministério como Diácono. 2006
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA IGREJA
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
I – INTRODUÇÃO.
Definição de Igreja.
A palavra igreja vem do grego eklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convosco"). Na
literatura secular, eklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a
palavra tem sentido mais especializada. A literatura secular podia usar a apalavra eklesia para denotar
um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT
emprega eklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo.
Contribuições para o Surgimento e Expansão da Igreja.
A "Plenitude dos tempos"
Lendo Marcos 1:15 e Gálatas 4:4. Estes textos revelam que Jesus Cristo não nasceu numa
época qualquer, mas ao chegar a "plenitude dos tempos". Como as profecias messiânicas não
apontam para uma data da vinda do Messias, não se podem interpretar esses textos como fazendo
alusão ao cumprimento de uma profecia específica. De acordo com os estudiosos, a interpretação
adequada de "plenitude dos tempos" é: "tempo certo”, “momento ideal", "ocasião propícia"
designada por Deus, mas não revelada nas profecias escritas.
Assim, temos a seguinte definição técnica para a expressão "plenitude dos tempos": época ou
contexto histórico cuja realidade (acontecimentos) foi tremendamente favorável ao objetivo da vinda
de Cristo ao mundo, que é a anunciação e propagação universal do Evangelho do Reino de Deus. A
natureza dessa realidade é a uniformização cultural e política propiciada pelo sistema administrativo
do império romano, somadas as outras contribuições religiosas (dos judeus) e culturais (dos gregos)
que já faziam parte desse ambiente mundial.
II. A IGREJA DAS ANTIGUIDADES.
A Influência do Judaísmo na Igreja.
Para entender a história do cristianismo, é necessário conhecer um pouco do contexto em que
a nova fé foi abrindo caminho e estruturando sua vida e suas doutrinas.
O pano de fundo mais imediato da igreja nascente foi o Judaísmo – primeiramente o judaísmo
da Palestina e posteriormente o que existia fora da Terra Santa.
O judaísmo da Palestina já não era aquele que conhecemos pelos livros do Antigo Testamento.
Mais de trezentos anos antes de Cristo. Alexandre Magno, o grande, tinha criado um vasto império
que se estendia da Grécia ao Egito e até as fronteiras da Índia, o qual, portanto, abrangia toda
palestina. Uma das conseqüências dessas conquistas foi o “helenismo”, nome que se dá a tendência
de combinar a cultura grega, que Alexandre tinha trazido, com as culturas antigas de cada uma das
terras conquistadas.
Esse judaísmo da Palestina não era todo igual; pelo contrário, havia nele partidos e posturas religiosas
diferentes. Entre eles se destacavam os Zelotes, os fariseus, os saduceus e os essênios. Esses grupos
divergiam quanto a maneira de servir a Deus e também quanto a postura diante do Império Romano.
Mas todos concordavam que há um só Deus, que esse exige certa conduta da parte do seu povo e que
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
algum dia ele cumprirá suas promessas a esse povo.
Fora da Palestina, o judaísmo contava com fortes contingentes no Egito, na Ásia Menor, em
Roma e até nos territórios da antiga Babilônia. Trata-se da “Dispersão” ou “Diáspora”, conforme se
chama. O judaísmo da Diáspora mostrava sinais do impacto das culturas vizinhas. No Império Romano,
esse impacto manifestava-se no uso da língua grega – a língua mais generalizada no mundo helenista
– além do hebraico ou do aramaico – a língua mais usada na parte da Diáspora que se estendia até a
Babilônia. Foi por isso que na Diáspora, no Egito, o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Essa
tradução se chama “Septuaginta”, e foi a Bíblia que os cristãos de fala grega usaram durante muito
tempo. Também no Egito viveu o judeu helenista Filo de Alexandria que tentou combinar a filosofia
grega com judaísmo, sendo, portanto, precursor de muitos teólogos cristãos que tentaram fazer a
mesma coisa com o cristianismo.
O Avanço do Cristianismo.
As Perseguições e a Paz.
IMPERADOR ANO FATOS/ACONTECIMENTOS MARTIRES
TIBÉRIO 14 – 37 Perseguição Judaica sem intervenção do
Império
Estevão 35
GAIO 37 – 41 Perseguição Judaica sem intervenção do
Império
Tiago (disc.) 42
CLAUDIO 41 – 54 Período da expulsão dos Judeus de Roma. Tiago 62
NERO 54 – 68 64 – 68 Perseguição oficial no Império
começou em Roma depois do grande
incêndio 64 A.C.
VESPASIANO 69 – 79 Não houve perseguição diretamente
contra os cristãos, pois o imperador
estava ocupado em guerrear contra
Jerusalém.
TITO 79 – 81 Filho de Vespasiano terminou o conflito
de Jerusalém destruindo a cidade.
Flavio Clemente
DOMICIANO 81 - 96 95-96 João exilado na Ilha de Patmos e
exílio de Domitila,; desenvolvimento do
culto do imperador
NERVA 96 – 98 João e Domitila Libertados
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
TRAJANO 98 – 117 Não procura os cristãos, nem aceitos
acusações anônimas.
Inácio (de Antioquia).
ADRIANO 117 – 138 Seguia a política de Trajano e não
aceitava acusações anônimas contra os
cristãos.
ANTONINO, O PIO 138 – 161 Policarpo (de Esmirna) 155/156
MARCO AURELIO 161 – 180 177 perseguições ferozes na Gália (Lião e
Viena )
Justino, 165 / Fotino, 177/
Blandina 177
CÔMODO 180 – 193 Vários cristãos condenados as minas na
Sardenha foram soltos.
SÉTIMO SEVERO 193 – 211 202 -206 decretou que era ilegal tornar-
se judeu ou cristão; perseguição feroz ao
Egito
Leônidas (Alexandria) Perpetua
e Felicidade (Cartago)
VÁRIOS
IMPERADORES
206 – 250 Paz: A igreja aumentou.
DÉCIO 249 – 251 250 – 251 Décio queria uma religião no
império; requereu que todas tivessem
certificado de sacrifício (libelli); 1ª
perseguição universal; problemas dos
caídos e sua reentrada na Igreja.
Fabiano (de Roma)
Orígenes (morreu
poucos anos depois da
torturas sofridas
VALERIANO 253 – 259 Em 253 diminuiu a persegução deciana;
mas em 257 proibiu reuniões cristãs nos
cemitérios e, em 258, ordenou a
execução dos líderes da Igreja.
Sixto II (de Roma)
Cipriano (de Cartago).
VÁRIOS
IMPERADORES
260 -300 Paz: a igreja aumentou; o imperador
Galieno (260-269) revogou os decretos
contra os cristãos, restaurou seus
cemitérios e proibiu os maus trados.
DIOCLECIANO 284 -305 303 -305 - Perseguição final (incitada e
continuada por Galério); edito ordenou a
destruição dos prédios das igrejas e as
cópias das Escrituras. Os cristãos que
entregavam as Escrituras eram chamados
de “traidores”
GALÉRIO 305 – 311 306 – 311 perseguição até a promulgação
do Edito de Tolerância
CONSTANTINO 313 Edito de Milão: Terminou a
perseguição oficial do cristianismo no
império.
A primeira tarefa do cristianismo foi definir sua própria natureza em contraste com o judaísmo
do qual surgiu. Como se vê no Novo Testamento, boa parte do contexto em que essa definição foi feita
consistia na missão aos gentios.
O cristianismo não demorou em ter seus primeiros conflitos com o Estado, esses conflitos com
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
o Estado produziram mártires e apologistas. Aqueles selaram o seu testemunho com o próprio sangue.
Em atos dos Apóstolos, quando os cristãos são perseguidos, os perseguidores são geralmente
são os lideres religiosos entre os judeus com aval do imperador da época .
Além disso, em várias ocasiões as autoridades do império intervêm para deter um motim,
livrando indiretamente os cristãos de dificuldades.
Em pouco tempo, as coisas começaram a mudar e o império começou a perseguir os cristãos,
no século I, as piores perseguições aconteceram com Nero (54 – 68) e com Domiciano (81 – 96). Por
cruentas que tenham sido, parece que as perseguições foram relativamente locais.
No século II a perseguição foi se tornando mais generalizada, ainda que, a grosso modo, tenha
seguido a política de Trajano (98 – 117) de castigar os cristãos se alguém os delatasse, mas sem
empregar os recursos do Estado para sair em busca deles. Por isso, a perseguição foi esporádica e
dependeu muito das circunstancias locais. Entre os mártires do século II contam Inácio de Antioquia,
de quem cujo martírio inda existe um relatório muito fidedigno, e os mártires de Lion e Vienne na
Gália.
No século III, embora com longos intervalos de relativa tranqüilidade, a perseguição foi se
intensificando. o imperador Sétimo Severo (193 – 211) seguiu uma política sincretista e decretos a
pena de morte para quem se convertesse a religiões exclusiva como o judaísmo e o cristianismo. Nessa
perseguição Perpetua e Felicidade foram martirizadas. Décio (249 – 251) ordenou que todos
sacrificassem diante dos deuses e que se expedissem certificados disso. Os cristãos que se recusassem
a tal deveriam ser tratados como criminosos. Valeriano (253 – 260) seguiu uma política semelhante.
Entretanto, a pior perseguição veio com Diocleciano (284 – 305) e com seus sucessores
imediatos. Em primeiro lugar, os cristãos foram expulsos das legiões romanas. Em seguida, foi
ordenada a destruição dos seus edifícios e dos livros sagrados. Finalmente, a perseguição se
generalizou, e todos os tipos de tortura começaram a ser praticados contra os cristãos.
Quando morreu Diocleciano, alguns dos seus sucessores continuaram a mesma política, até que
dois deles, Constantino (306 – 337) e Licínio (307 – 323), puseram fim a perseguição por meio do
“Edito de Milão”.
III. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO PAPADO
Recomendamos a leitura de: Cairns, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos, p 122-131 Gonzales,
Justo. A Era dos Gigantes. p.57-78. e A Era das Trevas. p.39-59.
V. QUEDA DE ROMA E EVANGELIZAÇÃO DA EUROPA
O quarto e o quinto século viram a continuação do declínio do império romano e finalmente sua
queda no ocidente. Constantino governou o império a partir de 323 com energia e sabedoria.
Transferiu a capital para a sua nova e belíssima cidade de Constantinopla (Istambul). Depois dele,
verificou-se novamente a divisão de autoridade até Teodósio o qual, já governando no oriente obteve
o poder total que manteve de 392 a 395. Foi ele o último a manter o domínio de todo o mundo
romano. Depois dele, houve duas linhas de imperadores, do oriente e os do ocidente, com as capitais
em Constantinopla e em Roma. Durante todo esse tempo o império vinha-se esfacelando
internamente enquanto, se acentuavam os ataques externos dos bárbaros.
Em 378, verificou-se em Adrianópolis uma das mais decisivas batalhas do mundo, em que os
visigodos que habitavam o Baixo Danúbio derrotaram os romanos sob o comando de Valêncio e
mataram este imperador. Em 410 sob as ordens de Alarico, procederam o saque de Roma.
Finalmente, em 476, o general germânico Odoacro destronou Romulo Augusto, o último imperador
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
romano do ocidente e ocupou o governo.
Os historiadores não são unânimes em apresentar as causas da queda do império romano.
Elas são difíceis de determinar, especialmente sendo que é difícil distinguir entre causas e sintomas.
Algumas sugestões são: Degeneração moral, fatores político militar, destruição da iniciativa criativa
dos gregos, a falta de uma economia verdadeiramente capitalista, problemas de malária, peste,
guerra, mistura com outras raças. Todos estes elementos estão intimamente relacionados e
contribuíram para a queda de Roma.
Evangelização da Europa
Inglaterra. De Roma, o papa Gregório I enviou cerca de 40 monges chefiados por Agostinho,
prior de um mosteiro romano, como missionários à Inglaterra. Em 597 aportaram à foz do Tâmisa.
Naquele mesmo ano, Ethelberto rei de Kent, foi batizado e seu reino tornou-se quase todo cristão.
Agostinho foi nomeado primeiro arcebispo da Inglaterra, com sede em Cantuária (Canterbury).
Outros missionários romanos seguiram a esse primeiro grupo. Outro importante centro missionário
se estabeleceu em York, no norte da Inglaterra.
Os ingleses enviaram a outros povos alguns dos seus mais nobres missionários. O maior deles
e de todos os missionários deste período, foi Bonifácio (680-755). Nasceu em Devonshire, de pais
ricos. Tornou-se famoso por sua cultura, eloqüência e piedade. Ainda moço se sentiu chamado para
evangelizar os germanos. Conseguiu permissão do papa para trabalhar como missionário na Turingia.
Ali trabalhou de maneira assombrosa, pregando, batizando, fundando escolas e mosteiros,
instituindo uma organização eclesiástica no sul da Alemanha, país que ele conquistou para o
Cristianismo.
O "apóstolo do norte"foi Ansgar (801)865), francês de família nobre, monge de Corbey. Seu
desejo era pregar aos pagãos. A oportunidade lhe apareceu com o desejo de Luiz, o Pio, filho de
Carlos Magno, de enviar um missionário à Dinamarca. Depois de ali permanecer vários anos,
atravessou a Suécia com alguns companheiros, e lá iniciou o trabalho evangélico. Foi depois sagrado
bispo de Hamburgo com autoridade missionária sobre todo o norte. Seus companheiros foram
espalhados e sua diocese saqueada pelos piratas; mas restaurando suas forças, viu, afinal o
cristianismo estabelecido na Suécia, embora que este só se torna-se forte no século XI
A primeira das terras eslavas a ser evangelizadas foi a Morávia, no século IX, por dois grandes
e notáveis irmãos, Constantino (Cirilo) e Metódio, gregos de Tessalônica.
Pouco depois, o cristianismo foi estabelecido entre os sérvios e os 8búlgaros, como também na
Boêmia. Em vários países o cristianismo foi imposto pela força, pelos respectivos governos e, às
vezes, de modo bem cruel. Tal foi o caso da Noruega e da Polónia.
Recomendamos a leitura de Cairns, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos p.137-168. e
Gonzales, Justo. A Era das Trevas. p. 1-38.
O APOGEU DO PODER PAPAL
As origens do bispado romano se perderam na penumbra da história. A maior parte dos
historiadores, tanto católicos como protestantes, concorda que Pedro esteve em Roma, e que
provávelmente morreu nesta cidade durante a perseguição de Nero. Porém não existe nenhum
documento antigo que diga que Pedro transferiu sua autoridade apostólica aos seus sucessores.
Quando os bárbaros invadiram o império a igreja do ocidente começou a seguir um rumo bem
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
diferente da do oriente. No oriente o império continuou existindo, e os patriarcas continuaram
subordinados a ele. No ocidente entretanto, o império desapareceu, e a igreja veio a ser a guardiã da
velha civilização. Por isto o patriarca de Roma, o papa, chegou a ter grande prestígio e autoridade.
As Causas do Apogeu do Papado
No período da idade média aparece um dos grandes papas (nomeado anteriormente),
Gregório I, chamado o Grande. O fato de sua eleição ao papado (590) para alguns marca o início do
período medieval ou um período da história da igreja. Ele era de caráter irrepreensível, muito
honrado por sua bondade e modo de vida, de uma austeridade muito severa. Valendo-se dos seus
dons extraordinário, Gregório tirou o máximo de proveito da sua posição de bispo de Roma
constituindo-se em patriarca do ocidente. Defendeu e impôs constantemente a sua autoridade sobre
esta grande parte da igreja. Conseguiu que os mais fortes bispos metropolitanos reconhecessem a
superioridade de Roma. Fez com que o culto seguisse o ritual romano. Enviou missionários a
diferente lugares. Ele muito trabalhou para purificar e fortalecer a Igreja, cuidando dos pobres e
enviando o cristianismo aos pagãos.
Além do mais, não havia na Europa ocidental nenhum governo civil bastante forte entre o ano
400 e o tempo de Carlos Magno (768-814), e mesmo depois de Carlos Magno, até aparecer Oto I. Não
houve por todo esse tempo qualquer governo que ministrasse justiça e impusesse a ordem e a paz.
Mas em Roma, a antiga sede do poder mundial, estava o bispo exercendo um ofício então julgado
santo, visto crer-se ter sido primeiramente exercido por um apóstolo. Esse pode de Roma pretendia o
domínio mundial da Igreja, e tentava alcançar todo mundo ocidental com a sua soberania. E muitos
dos bispos de Roma foram homem fortes e capazes de governar. Em toda Europa ocidental, por
muitos anos, o papa era o único representante de um governo permanente. Nesta situação, o poder
do papado inevitavelmente cresceu por todo o ocidente e, em menor grau, em outras partes da
Igreja.
Os papas exerciam justiça, pois foi durante o pontificado de Nicolau I, (858-867), Lotário, rei
da Lorena, repudiou a esposa, substituindo-a por outra mulher e, não obstante, conseguiu aprovação
dos arcebispos subservientes do seu reino. Tal situação, constituía, naturalmente, uma grave ameaça
à moralidade. Mas o papa depois de uma forte luta, compeliu o rei a receber a esposa e despedir a
rival. Nenhum outro governo no mundo teria realizado esse feito. Mas a autoridade do chefe da
Igreja, baseada no temor da excomunhão que, como se cria, significava a morte eterna, contribuiu
para alcançar essa vitória. O papa aparecia assim, encarnando um poder acima dos reis, pois
representava a lei moral. Tais circunstancias fortaleciam cada vez mais o papado, que tanto podia ser
uma força para o bem, como para o mal.
Outra coisa que muito fortaleceu o papado foi a situação de muitos papas como governadores
civis de Roma. Esse governo civil é conhecido como o "poder temporal". Muitas vezes em épocas de
calamidades pública, como de pestilência ou fome, perigo de invasão, motins ou desordens em
gerais, os bispos tiveram de assumir o governo da cidade. Além das cidades, os papas governavam
extensos territórios na Itália, os quais lhes foram doados por Pepino, rei dos francos, pai de Carlos
Magno.
As missões também contribuíram em parte para o soerguimento do poder de Roma. quando
os papas enviavam missionários, encarregavam-nos de tornar as terras conquistadas obedientes ao
papa. Assim cada conquista do cristianismo era outra para o poder papal.
O avanço do islamismo ajudou aumentar o poder papal. Quando a Ásia ocidental e a África do
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
norte cairam sob a dominação árabe, a Igreja foi terrivelmente enfraquecida no oriente. Três dos
cinco patriarcados (Alexandria, Jerusalém, Antioquia), cairam sob o domínio de uma religião que era
inimiga mortal do cristianismo. Enquanto isso, a Igreja no ocidente crescia vantajosamente por meio
das suas missões. De modo que, a parte da Igreja que reconhecia a soberania do papa, cresceu em
importância enquanto a parte oriental, em que tal soberania não era reconhecida, se tornou menor e
enfraquecida.
Recomendamos a leitura de: Cairns, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos. p.146-177 e
Gonzales, A Era das Trevas. p.61-85
EXPANSÃO DO MONACATO
Menos de um século depois da morte de Bento de Nursia as conquistas dos bárbaros na Itália,
Galia e Espanha foram reconquistadas para o império. Os territórios da Inglaterra, Alemanha e
Escandinávia foram incorporados ao cristianismo ou abertos a trabalhos missionários. Os beneditinos
tiveram grande participação nesta evangelização. Até o XIII século os beneditinos tiveram um quase
monopólio do monacato, sendo os cistercianos e os de Cluny apenas reforma dos beneditinos. Os
movimentos monásticos continuaram a se multiplicar durante os quatro séculos que compreendem
os anos 950 e 1350 e que alcançaram o apogeu no século XIII.
Os cistercienses. No século XII, a direção da vida monástica passou para este grupo. Eles
começaram com Roberto, monge beneditino o qual devido ao seu zelo por reformas e observância
estrita do ideal monástico, atraiu muitos eremitas. Os cistercienses seguiam a disciplina beneditina.
Mas tinham cinco características peculiares. Primeiro, era a vestimenta. No lugar de roupa preta dos
beneditinos, levavam a cor branca grisalha e frequentemente eram chamados dos "monges brancos".
Outra marca distintiva foi a observância da regra de estrita pobreza. Tanto roupas como comidas
deveriam ser simples. Terceiro, eles se estabeleciam nos seus mosteiros em lugares remotos da
população. Eles limpavam e cultivam os seus terrenos com seu próprio trabalho. Em quarto lugar,
reduziram o tempo dedicado aos serviços litúrgicos. E por último, a disposição de unificar todas as
casa monásticas numa só ordem.
Os dominicanos. A ordem dos "frades pretos"surgiram no XIII século para ir ao encontro do
selo, ascetismo e devoção dos catari e waldenses. Um espanhol cujo nome era Domingos (1170-
1221), possuía grande cultura universitária quando se tornou sacerdote. Após os 30 anos de idade
viajou pelo sudeste da França onde observou a necessidade de reformas e da pregação da verdade
cristã. Concebeu o plano de organizar uma companhia de pregadores que devia viajar por toda a
parte ensinando o povo. O pedido de formar uma ordem foi recusada aprovação pelo papa no IV
concílio de Latrão (1215) mas foi aprovado por Honório III em 1216. O propósito dos dominicanos era
ser humilde, abnegado, democrático, bem como douto. São pregadores e professores. Esta ênfase
sobre erudição eventualmente deu um sabor aristocrático à ordem. Como metodologia, procuraram
se espalhar pelos centros de educação (Paris, Roma, Bologna). Localizados em cidades universitárias,
logo foram representados nas congregações das universidades. Entre os mais conhecidos de então
são: Albertus Magnus e Tomas de Aquino (teólogos); Eckhart e Tauler (místicos). Hoje são
representados pela Êcole de Jerusalém (Bíblia e comentários).
Os franciscanos. Ordem fundada por São Francisco de Assis (1182-1226). Este se dedicou a
imitar Cristo com toda sinceridade. Quis restaurar as igrejas, pregando em pobreza o
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
arrependimento. Inocêncio III aprovou a ordem em 1210. Tomou a mendicância como a prática
normal de vida. Embora hierárquica como a dominicana, a franciscana era mais democrática. A
ordem fortaleceu o papado às custas do sacerdócio normal. Os franciscanos podiam pregar e
absolver em qualquer lugar. Trabalhando nas cidades, se aproximaram mais do povo e assim
minaram a força dos hereges. Desenvolveu uma terceira ordem (terciários), a segunda era mosteiros
para as mulheres, em que as pessoas ficaram em suas ocupações ordinárias, vivendo uma vida semi-
monástica. A fraternidade se desenvolveu rapidamente para além das fronteiras, pois quando se
reuniram pela segunda vez em 1217, havia irmãos franciscanos na Alemanha, Hungria e Espanha e já
iniciadas as missões em terras pagãs. Apesar de modificados os ideais de S.Francisco, os franciscanos
conservaram ainda por muitos anos muita coisa do espírito do fundador de aquela organização. Onde
havia gente desamparada e sofredora, os franciscanos apareciam para ajudar.
A sociedade de Jesus. Ordem fundada por Loyola em 1540, plena época da Reforma, ala é
diferente das dominicanos e franciscanos, em que a estrutura é ditatorial, exigindo obediência
absoluta ao superior e sendo totalmente a serviço do papar. Teve grande influência sobre o Concílio
de Trento e tornou o meio pelo qual a contra-reforma foi propagada. Até meados do século XVIII
sustentava 669 faculdades e se tornou muito rica.
Como um dos propósitos da sociedade era lutar contra o protestantismo eles usaram 3
métodos principais: primeiro, nas igrejas que estabeleceram ou naquelas que conseguiram controlar,
colocavam hábeis pregadores e promoviam reuniões atraentes. Colocaram assim, nova vida no culto
público da Igreja Romana. Também dispensavam muita atenção à obra educacional. Abriram escolas
primárias que logo se enchiam, pois o ensino era gratuito e bom. Os alunos eram, naturalmente,
treinados a demonstrar devoção a I. Católica Romana e, através dos filhos, os jesuítas alcançavam os
pais. Um terceiro método era de caráter político. Os jesuítas se dedicaram a inspirar nos governantes
católicos, devoção à Igreja e ódio ao protestantismo. como resultado dessa política, se levantaram
tremendas perseguições aos protestantes em vários países. A pressão jesuítica era constante e
poderosa no ânimo dos governos. Dentro de poucos anos, os jesuítas se tornaram dominadores da
I.C. Romana. O espírito deles era o da contra reforma e o seu ideal esmagar os dissidentes.
Ao ser feita uma avaliação destes movimentos religiosos, geralmente os protestantes
destacam as fraquezas e as más atuações dos religiosos, mas apesar destes maus resultados, o
monasticismo no princípio: atraiu poderosamente pagãos ao cristianismo. Fizeram grande obra
missionária. Produziu uma forte resistência ao mundanismo. Promoveu muitas vezes o estudo
teológico e, mais tarde cultural. Foi um lugar de refúgio para a escória da sociedade. Também se
tornaram pioneiros da civilização ocidental. Também a obra agressiva da igreja católica romana tem
sido feita quase que exclusivamente por monges. Além do mais não pode ser esquecido que a
proteção e a evangelização dos povos americanos foi feita quase que exclusivamente por
missionários franciscanos (espanhol) e jesuítas (português). Cp. Bartolomé de las Casas e Anchieta.
Ao mesmo tempo podemos destacar alguns pontos gerais que caracterizam este movimento
monástico especialmente nestes quatro séculos de 950 a 1350.
1o. A vida monástica parecia ser o caminho que levava a uma vida cristã perfeita e se alcançava a
salvação da alma.
2o. Todos os esforços por alcançar o ideal cristão através do sistema monástico, perdiam a sua força
e as instituições criadas por eles tendiam a se corromper.
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
3o. Devido a este relaxo, de tempo em tempo, surgiam e floresciam novos movimentos monásticos.
4o. Este movimentos eram extremamente variados, pois mostravam uma separação total do mundo
mas ao mesmo tempo iam ao mundo para alcançar mais homens e mulheres para a fé cristã.
5o. A grande maioria dos novos movimentos monásticos tinham seu origem na Itália, naquilo que
tinha sido a Galia, áreas que por muito tempo professavam a fé cristã. Poucos surgiram em regiões
como Inglaterra, Escócia, Alemanha do Norte, Escandinávia, Espanha.
6o. Os fundadores das novas ordens eram principalmente da aristocracia exceto Francisco de Assis,
embora pertencia a classe dos comerciantes e não dos plebeus.
7o. Havia um grande desejo de tornar mais profunda, mais inteligente e mais efetiva a lealdade a fé
cristã, a qual era meramente nominal por parte dos convertidos em massa nos primeiros séculos.
8o. Estes movimentos eram um esforço para purificar a Igreja e ao mesmo tempo elevar o nível moral
de toda a população que levava o nome de cristão.
Recomendamos a leitura de: Gonzales Justo, A Era das Trevas. p.87-181 e A Era dos Altos Ideais, p.1-
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AS CRUZADAS
As cruzadas são, sob vários aspectos, o fenômeno mais notável da idade média, foi um
fenômeno avassalador, dramático. Durante vários séculos a Europa ocidental derramou o seu fervor
e seu sangue em uma série de expedições cujos resultados foram, nos melhores casos, de pouca
duração; e nos piores casos trágicos.
Objetivos e Causas das cruzadas
Era derrotar os muçulmanos que ameaçavam Constantinopla, salvar o império do oriente, unir
de novo a cristandade, reconquistar a terra santa, e em tudo isto ganhar o céu. Desta forma temos
que de modo geral sentia-se que o cristianismo podia repelir os maometanos. O amor da aventura, a
esperança do saque, o desejo da expansão territorial e o ódio religioso seguramente impulsionaram
poderosamente os cruzados. Seríamos, 8porém, injustos para com eles se não reconhecêssemos
também que os cruzados criam estar praticando algo mui importante para suas almas e Cristo. Assim
temos que as causas as cruzadas eram um misto de fatores: políticos, religiosos, econômicos, pessoal.
Um Breve Histórico das Cruzadas
Primeira Cruzada
Aleixo I (1081-1118), rei mais forte que seus predecessores imediatos em Constantinopla, se
sentiu incapaz de enfrentar os perigos que ameaçavam o império. Pediu então auxílio ao papa
Urbano II, o qual prometeu o socorro. No sínodo reunido em Clermont,(1095) França, Urbano pregou
a cruzada obtendo resultado inesperado. Ele exortou aos cristãos da Europa ocidental a socorrer os
seus irmãos do oriente e também libertar os lugares santos das mãos dos hereges (muçulmanos).
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
Urbano, prometeu indulgência plenária a todos quantos se engajassem. Os ouvintes profundamente
emocionados se disse que gritaram: "Deus o quer". Um dos pregadores mais conhecidos desta
cruzada foi Pedro, o eremita, monge de Amiens ou seus arredores. Ele divulgou a mensagem pela
Europa ocidental, aumentando o entusiasmo e arrebanhava multidões para este empreendimento.
Muitos destas multidões pereciam no caminho, porém no verão de 1096 saíram exércitos melhor
organizados, passaram o inverno em Constantinopla, e na primavera entraram na Ásia Menor e
capturam Antioquia em junho de 1098 e no ano seguinte tomaram Jerusalém, matando muito dos
seus habitantes.
Segunda Cruzada
Não obstante a desorganização feudal, o reino de Jerusalém se manteve até a captura de
Edessa pelos islamitas, em 1144. Essa captura representou a perda do seu baluarte do noroeste.
Bernardo de Claraval, então no auge da fama, pregou nova cruzada, em 1146, e recebeu apoio do rei
francês, Luis VII (1137-1180) e do imperador alemão Conrado III, (1138-1152). Não tinha, no entanto,
o ardente entusiasmo da anterior. Muitas das suas forças pereceram na Ásia Menor e as que
alcançaram a Palestina sofreram grave derrota em 1148, quando intentavam tomar Damasco. Foi um
desastre completo, que deixou profundo ressentimento no ocidente contra o império do oriente,
pois os príncipes desse império, com ou sem razão, foi atribuído o insucesso. As divisores entre os
muçulmanos tinham sido a causa do sucesso da primeira cruzada. Mas o curdo Saladino tinha
edificado um estado muçulmano forte que circundava o reino latino nas suas fronteiras continentais.
Terceira Cruzada
As novas desta catástrofe lançaram a Europa na terceira cruzada (1189-1192). Nenhuma delas
foi melhor preparada que esta. Três grandes exércitos foram chefiados pelo imperador Frederico
Barba Ruiva (1152-1190), o maior soldado da época; pelo Rei Filipe Augusto, da França (1179-1223);
pelo rei Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra (1189-1199). Frederico morreu afogado
acidentalmente na Cilícia e seu exército, sem a sua vigorosa direção, tornou-se inteiramente ineficaz.
As questões entre os reis da França e Inglaterra e o rápido retorno de Filipe à França para atender a
seus planos políticos, deram como resultado o fracasso da expedição. Acre foi recuperada, mas
Jerusalém ficou na posse dos muçulmanos.
Quarta Cruzada
No ano de 1202 estimulada pelo papa Inocêncio III e com o sonho da reconquista dos santos
lugares houve um novo empreendimento. Neste caso a intenção não era atingir a terra santa, mas
atacar os muçulmanos no centro do seu poder, o Egito. Esperava-se que desta maneira a reconquista
de Jerusalém fosse mais fácil e duradoura. E em vez de deixar o empreendimento em mãos de
príncipes p papa se declarou seu único chefe legítimo, mostrando como na terceira cruzada os
interesses temporais dos reis tinham levado ao desastre. Como na primeira cruzada os soldados de
Cristo marchariam sob as ordens diretas dos legados papais. O mais famoso pregador desta nova
aventura foi Foulques de Neuilly, homem de origem humilde que nos lembra Pedro, o eremita
"Cruzada das Crianças"
Em 1212 se deu este episódio triste e dramático. Crianças da França e da Germânia, dirigidas
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
por dois meninos, Estevão e Nicolau, marcharam pelo sul da Europa até Itália, na suposição de que a
pureza de suas vidas lhes daria o sucesso numa aventura em que seus pecadores pais tinham
fracassado. Muitos pereceram no caminho e os sobreviventes foram vendidos como escravos no Egito
Fim das Cruzadas
Outras tentativas de cruzadas foram feitas. Contra o Egito foi organizada um expedição em
1218-1221. De começo alcançou certo êxito, mas terminou em fracasso. É geralmente denominada
quinta cruzada. Mas curiosa foi a Sexta (1228-1229) O imperador Frederico II (1212-1250), que era livre
pensador, tomou a cruz em 1215 mas não tinha pressa em cumpri seus votos. Partiu por fim, em 1227,
retornando logo. Parece haver adoecido, no entanto o papa Gregório IX (1227-1241) o considerou
desertor e, tendo outros motivos para hostilizá-lo, o excomungou. Apesar da interdição, Frederico
partiu em 1228 e no ano seguinte, por um tratado feito com o sultão do Egito, obteve a posse de
Jerusalém. Belém, Nazaré e um ponto da costa. E Jerusalém ficou mais uma vez em poder dos cristãos,
mais foi definitivamente perdida em 1244. O espírito da cruzada estava quase morto, quando o rei
Francês Luís IX (1226-1270) levou uma expedição desastrosa contra o Egito (1248-1250). Foi feito
prisioneiro nessa empresa. E num ataque a Túnis, em 1270, perdeu a vida. A última tentativa de
importância foi a do príncipe Eduardo, pouco depois de Eduardo I, da Inglaterra (1272-1307). Essa
expedição se deu 1271-1272. A última possessão latina na Palestina foi perdida em 1291. Estavam
terminadas as cruzadas, ainda que se continuasse a falar em novas expedições durante os dois séculos
seguintes.
Consequências das Cruzadas
Cresceu a inimizade entre o cristianismo latino e o oriental. Prejudicou a vida dos cristãos que
viviam em terras de muçulmanos.Na Europa ocidental contribuíram para aumentar ainda mais o poder
do papa. No que se refere à devoção, as cruzadas também viveram grandes conseqüências para a
cristandade ocidental. As viagens constantes para a terra santa e histórias cheias de prodígios, houve
interesse em conhecer mais sobre a realidade física de Jesus. Também a vida intelectual é alcançada,
pois chegam novas idéias do oriente. Algumas destas idéias consistiam nas velhas heresias. Mas
também chegaram à Europa idéias filosóficas, princípios arquitetônicos ou matemáticos, costumes e
gostos de origem muçulmana. Por último, as cruzadas têm relações complexas com uma série de
mudanças econ6omicas e demográficas que ocorreram na Europa ao mesmo tempo. Neste período é o
do crescimento das cidades e da economia mercantil.
Recomendamos a leitura de: Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos. p.178-186 e Gonzales, Justo,
A Era dos Altos Ideais. p. 47-84
O ESCOLASTICISMO
O termo "escolasticismo"vem através do latim, da palavra grega "schole", que significa o lugar
onde se aprendia. O termo "escolástico"foi aplicado aos professores na corte ou na escola palaciana de
Carlos Magno e também aos eruditos medievais que se serviam da filosofia no estudo da religião. Este
estudiosos procuravam provar a verdade vigente através de processos racionais em vez de buscar uma
nova verdade. Desta forma o escolasticismo pode ser definido como a tentativa de racionalizar a
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
teologia para que se sustente a fé com a razão.
As Causas do Surgimento do Escolasticismo
A causa principal foi a emergência na Europa da filosofia de Aristóteles. Outra causa foi o
interesse das novas ordens mendicantes pelo uso da filosofia no estudo da revelação. Tomas de
Aquino, o grande escolástico, e Alberto Magno, seu mestre, e Guilherme de Occam e Boaventura eram
franciscanos. A expansão do movimento universitário, que começou no século XII, deu um lugar para o
novo movimento intelectual; tanto é que as universidades logo centralizaram seus currículos em torno
do estudo da teologia pela ajuda da lógica e da razão. A universidade de Paria tornou-se ao tempo de
Abelardo o centro principal do escolasticismo.
O Conteúdo e Metodologia do Escolasticismo
Os escolásticos não estavam interessados em buscar a verdade mas em organizar
racionalmente um corpo de verdades aceitas, para que, venha ela da revelação através da fé ou
filosofia através da razão, pudesse ser um corpo harmônico. A mente medieval buscava uma unidade
intelectual, política e eclesiástica. Para os escolásticos, os dados ou o conteúdo de seu estudo estavam
fixados definitiva e absolutamente. O conteúdo do seu estudo era a Bíblia, os credos dos concílios
ecumênicos e os escritos dos Pais da Igreja, estes se constituíam nas suas fontes, o que eles desejavam
resolver era saber se a fé era ou não razoável.
Assim como seu conteúdo deveria ser a teologia autorizada da Igreja católica romana, a
metodologia escolástica estava muito sujeita à autoridade da dialética ou lógica de Aristóteles. O
cientista contemporâneo segue o método empírico da lógica indutiva e só enuncia uma verdade geral
com base nos fatos depois de uma longa observação e experimentação. A dialética ou lógica de
Aristóteles é mais dedutiva do que indutiva e dá destaque para o silogismo como instrumento da lógica
dedutiva. O filósofo dedutivo começa com uma verdade ou lei geral que não prova, mas pressupõe. Ele
relaciona esta lei geral a um fato particular e da relação entre a lei geral e o fato particular tira uma
conclusão que, por sua vez, torna-se uma nova lei ou verdade geral para ser relacionada a novos fatos.
Este método foi tirado pelos escolásticos de Aristóteles.
As Escolas do Escolasticismo
Embora os escolásticos tinham como base a filosofia grega houve divergências em relação ao
tratamento do problema da natureza dos universais ou da realidade última, e relação entre a fé e a
razão. Assim temos o realismo e o nominalismo
Realismo
Sua origem se remonta até o seu autor Platão, o qual declarava que os seres universais tem uma
existência independente da mente do pensador ou seja tem uma existência objetiva em algum lugar do
universo. Esta filosofia foi resumida na seguinte frase: "os universais existem antes das coisas criadas.
Uma boa obra, por exemplo, é apenas uma sombra o reflexo da realidade da bondade que existe
objetivamente à parte desta obra. Platão achava, desse modo, que os homens devem olhar para a
realidade última além desta vida. Agostinho e Anselmo foram os principais pensadores a aplicar estas
idéias à teologia
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
Nominalismo
Por outra parte, esta escola ensinava que somente as coisas particulares são reais e que as
universais são meramente as palavras inventadas pelo intelecto. Segundo eles, verdades ou idéias
gerais não têm existência objetiva fora da mente; ao contrário, elas são apenas idéias subjetivas
formadas pela mente como resultado da observação das coisas particulares. Os universais são apenas
nomes de classes. A justiça é simplesmente a idéia decorrente da observação que o homem faz da
justiça em ação. Os nominalistas cuidavam mais do indivíduo; os realistas se preocupavam mais com o
grupo e a instituição.
Figuras do Escolasticismo
Anselmo
Foi o primeiro dos grandes pensadores desta época. Natural do Piemonte, na Itália, descendia
de uma familia nobre e seu pai se opôs a sua carreira monástica. Ele foi feito Arcebispo de Canterrbury
em 1093. A importância teológica de Anselmo está em que foi ele quem primeiro, depois de séculos de
trevas, voltou a aplicar a razão às questões da fé de maneira sistemática. Anselmo crê primeiro, e
depois faz suas perguntas à razão. Seu propósito não é provar alguma coisa depois crer nela, mas
demonstrar que o que ele de antemão aceita pela fé é eminentemente racional. Suas obras principais
foram Proslogion, Monologion, e Por que Deus se fez homem?. Neste último desenvolveu a sua teoria
da Expiação
Abelardo
Nasceu na Bretanha em 1079, e dedicou boa parte da sua juventude a estudar os mais ilustres
mestres do seu tempo. Ele é conhecido sobretudo por sua doutrina da expiação, segundo a qual o que
Jesus Cristo fez por nós não foi vencer o demônio, nem pagar nossos pecados, mas nos dar um
exemplo e um estímulo para que pudessemos cumprir a vontade de Deus. Também foi importante a
sua doutrina ética, ele dava importância especial à intenção de uma ação, e não tanto à ação em si.
Tomas de Aquino
A dedicação deste mestre foi o desejo de integrar a filosofia natural de Aristóteles com a
teologia revelada da Bíblia como interpretada pela Igreja romana. Sua produção literária foi muito
intensa e suas duas obras mais conhecidas são: Suma Teológica e Suma contra os gentios. Quanto a
relação entre fé e razão afirma que há verdades que estão ao alcançe da razão e outras que estão
acima dela.
Recomendamos a leitura de: Cairns, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos-187-198. Gonzales,
Justo. A Era dos Altos Ideais, 127-169
VI. PRE-REFORMA
Logo no início do século XII, surgiram vários movimentos de oposição contra a atitude e o
estado da igreja, por parte de homens que conheciam o grande mal nela existente, e que abandonara o
seu culto e a comunhão. Não deve ser esquecido que geralmente as conversões eram em massas o que
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
produzia um cristianismo nominal. Assim que sempre houve dentro da Igreja pessoas que desejavam
purificar esta de qualquer anormalidade ou caminhos que fugiam do padrão cristão, mesmo que alguns
movimentos beiravam ou eram heresias.
Petrobrusianos
Surge no sudeste da França, sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Laussane. Ele e os
seus seguidores opunham-se a superstição dominante na igreja e a certas formas de culto, como
também a imoralidade do clero. Ele rebatizavam após a conversão, eram contra os templos ou igrejas,
bem como a cruz. Eram biblicistas embora tenham rejeitado o AT.
Cataristas
Desenvolveu-se nos fins do século XII e durante o século XIII. Na realidade foi uma igreja rival,
pois ela possuía a sua própria organização, o seu ministério, o seu credo, culto. O credo era uma
estranha mistura de cristianismo e idéias religiosas orientais. Pensavam que matéria fora criada por
Satanás e que ela era a sede e fonte de todo o mal. Por isto não acreditavam que o Filho de Deus
tivesse tido um corpo e vida humana. A santidade era alcançada fugindo do poder da carne, negando
os desejos ou deles fugindo pelo suicídio. Suas vidas abnegadas e de moral irrepreensível constituiam
uma reprimenda ao clero que usava o nome de cristão.
Os Valdenses
No fim do século XII, um negociante de Lião, chamado Pedro Valdo, movido pelo ensino do
capítulo 10 de Mateus, começou a distribuir o seu dinheiro com os pobres e se tornou pregador
ambulante do Evangelho. Teve muitos seguidores, As autoridades eclesiásticas logo os excomungaram.
Expulsos e considerados inimigos começaram a se organizar como igreja à parte. Era um movimento
semi-monástico (pobreza, celibato, consagração ao trabalho religioso itinerante) Eram biblicista em
eclesiologia, embora que alguns repudiaram o AT. Só usava a oração dominical e davam ações de
graças nas refeições. Ouviam confissões, celebravam juntos a Ceia do Senhor e ordenavam os seus
membros ao ministério. Não aceitavam as missas e orações pelos mortos. Negavam o purgatório.
João Wycliff
O espírito de nacionalismo que se vinha desenvolvendo na Inglaterra preparou o caminho para
a obra de Wycliff. Quando ele entrou em luta com o papado em 1375, já a Inglaterra durante 75 anos,
pelos seus reis, pelo seu parlamento, e mesmo pelos bispos, resistira a interferência papal nos negócios
da Igreja. A primeira investidura de Wycliff foi contra um suposto direito do papa de cobrar impostos
ou taxas de Inglaterra. Sustentou a tese de que não haveria distinções de classes dentro do clero.
Negou a transubstanciação. Traduziu a Bíblia no vernáculo e a distribuiu em toda Inglaterra. Para ele a
suprema autoridade em assuntos religiosos era a Bíblia. Para espalhar entre o povo ea Bíblia e os seus
ensinos, ele organizou a ordem dos "lolardos", muitos dos quais eram estudantes de Oxford.
João Huss
Os ensinos de Wycliff deram origem a outra revolta maior contra a igreja papal chefiada por
João Huss. De posse dos livros de Wycliff avidamente bebeu-lhe as idéias. Ensinando as doutrinas de
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
um "hereje"entrou em conflito com os chefes da igreja papal. Todavia defendeu seu direito de pregar a
verdade de Cristo como sentia e a entendia. Excomungado pelo seu desafio ao papa João XXIII, em
1412, ao qual Huss compareceu. escreveu o seu livro mais importante, no qual ensinava que a "Lei de
Cristo", isto é, o Novo Testamento, era o guia suficiente para a igreja, e que o papa só podia ser
obedecido até onde suas ordens coincidissem com esta lei divina
Concílios Reformistas
O meio pelo qual propunham reformar a Igreja era um concílio geral, que, segundo a velha
teoria, era a suprema autoridade na Igreja. Perdidas as esperanças no papado, os reformadores
reviveram essa teoria com um meio de alcançarem os seus propósitos. tentaram isto primeiramente
no Concílio de Pisa, num vão esforço para curar o cisma. Pouco tempo depois foi convocado o
concílio de Constança que conseguiu restaurar a unidade da igreja. Muitos participantes do Concílio,
porém, pretendiam fazer muito mais do que isto. Queriam conseguir o que eles chamavam "a
reforma da Igreja da Cabeça aos pés". O concílio era constituindo por um grupo de homens aos quais
não faltavam habilidade, intelig6encia e interesse.
Também estavam representados os poderes civis quer pessoalmente ou por meio de
embaixadores. Não obstante haver muita discussão sobre a reforma, o concílio, depois de três anos,
nada conseguiu. Os políticos representantes do papa fizeram um astuto jogo de oposição a qualquer
modificação que se chocasse com seus altos interesses pessoais. Zelos nacionalistas dividiram os
reformadores. Mas a causa real do fracasso é que não havia entre eles bastante caráter, firmeza de
propósitos, entusiasmo moral para atingirem os seus objetivos.
Considerações sobre a Reforma de Lutero.
Alemanha – Martinho Lutero (1483-1546).
• 1483 – Nascimento em Eisleben.
• 1502 – bacharel pela Universidade de Erfurt.
• 1505 – Mestrado pela Universidade de Erfurt - depois dum temporal, entrada no
convento agostiniano de Wittenberg.
• 1508 – 17 – Professor.
• 1511 – Viagem para Roma.
• 1512 – doutorado em teologia pela Universidade de Wittenberg.
• 1515 – 16 – preleção sobre os livros de Romanos e Gálatas
• 1517 (out. 31) – 95 Teses contra a pregação das indulgências de Tetzel.
• 1518 – Frederico, o Eleitor da Saxônia, dá seu apoio – chegada de Felipe a melanchton.
• 1519 – Debate em Leipzig contra João Eck (em alguns pontos Hus tinha razão e o concilio
de Constança errou).
• 1520:
 Apelo a Nobreza Germânica (contra a hierarquia romana).
 O Cativeiro Babilônico (contra o sistema sacramental de Roma).
 Sobre a Liberdade do Homem cristão (contra a teologia romana; afirma que o
sacerdócio de todos os crentes).
• 1521:
 Dieta de Worms (Lutero: Bíblia é a única autoridade cristã)
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
 Excomunhão por Leão X
 Refugio em Wartburgo
 Começa a tradução do NT para o Alemão.
• 1522:
 Volta para Wittenberg
 Lançamento do NT em Alemão.
• 1525:
 Revolta dos camponeses
 Admoestação à Paz
 Contra o bando de assassino e salteador
 Casamento com Catarina Bora
• 1526 escreve:
 Diesta de Spira - decide que o governante de cada Estado determina a fé no
território dele.
• 1527 escreve:
 Doença e depressão intensa
 Composição de Castelo Forte.
Pilares da Reforma Protestante.
• Sola Scriptura (Somente a Escritura) - afirma a doutrina bíblica de que somente a Bíblia é a
única autoridade para todos os assuntos de fé e prática. As Escrituras e somente as Escrituras
são o padrão pelo qual todos os ensinamentos e doutrinas da igreja devem ser medidos.
Como Martinho Lutero afirmou quando a ele foi pedido para que voltasse atrás em seus
ensinamentos: "Portanto, a menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras
ou pelo mais claro raciocínio; a menos que eu seja persuadido por meio das passagens que
citei; a menos que assim submetam minha consciência pela Palavra de Deus, não posso
retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui
permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira ajudar-me. Amém."
• Sola Gratia (Somente a Graça ou Salvação Somente pela Graça) - afirma a doutrina bíblica de
que a salvação é pela graça de Deus apenas, e que nós somos resgatados de Sua ira apenas
por Sua graça. A graça de Deus em Cristo não é meramente necessária, mas é a única causa
eficiente da salvação. Esta graça é a obra sobrenatural do Espírito Santo que nos traz a Cristo
por nos soltar da servidão do pecado e nos levantar da morte espiritual para a vida espiritual.
• Sola Fide (Somente a Fé ou Salvação Somente pela Fé) - afirma a doutrina bíblica de que a
justificação é pela graça somente, através da fé somente, por causa somente de Cristo. É pela
fé em Cristo que Sua justiça é imputada a nós como a única satisfação possível da perfeita
justiça de Deus.
• Solus Christus (Somente Cristo) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é encontrada
somente em Cristo e que unicamente Sua vida sem pecado e expiação substitutiva são
suficientes para nossa justificação e reconciliação com Deus o Pai. O evangelho não foi
pregado se a obra substitutiva de Cristo não é declarada, e a fé em Cristo e Sua obra não é
proposta.
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
• Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é de
Deus, e foi alcançada por Deus apenas para glória de Deus.
VII. PROTESTANTISMO NO BRASIL.
O termo "evangélico" na América Latina designa as religiões cristãs originadas ou
descendentes da Reforma Protestante Européia do século XVI. Está dividido em duas grandes
vertentes: o protestantismo tradicional ou histórico, e o pentecostalismo. Os evangélicos que hoje
representam 13% dos brasileiros, ou mais de 23 milhões de pessoas, vem tendo um crescimento
notável (no Censo de 1991 eram apenas 9% da população - 13,1 milhões). As denominações
pentecostais são as responsáveis por esse aumento.
Protestantismo histórico - Esse grupo surge no Brasil de duas formas: uma decorre da
imigração e a outra, do trabalho missionário. O protestantismo de imigração forma-se na primeira
metade do século XIX, com a chegada de imigrantes alemães ao Brasil, em especial à Região Sul,
onde fundam, em 1824, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. As igrejas do
protestantismo de missão são instituídas no país na segunda metade do século XIX, por missionários
norte-americanos vindos principalmente do sul dos Estados Unidos e por europeus. Em 1855, o
escocês Robert Reid Kelley funda, no Rio de Janeiro, a Igreja Congregacional do Brasil. Segundo o
Censo de 1991, os protestantes tradicionais são 3% da população brasileira e estão concentrados,
em sua maioria, no sul do país. Nas últimas décadas, com exceção da Batista, as igrejas protestantes
brasileiras ou estão estagnadas, apenas em crescimento vegetativo, ou em declínio. Seus integrantes
têm, em média, renda e grau de escolaridades maiores que os dos pentecostais.
Presbiterianos - A Igreja Presbiteriana do Brasil é fundada em 1863, no Rio de Janeiro, pelo
missionário norte-americano Ashbel Simonton. Maior ramo da igreja presbiteriana do país possui
150 mil membros, 600 pastores e 700 igrejas. Em 1903 surge a Igreja Presbiteriana Independente,
com cerca de 50 mil membros. Há ainda outros grupos, como a Igreja Presbiteriana Conservadora
(1940) e a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (1966), que somam 5 mil membros. Esta última é a
igreja protestante brasileira mais aberta ao ecumenismo. Um de seus fundadores, o reverendo
Jaime Wright (1927-1999), foi um dos religiosos que se destacaram na luta contra a tortura durante
o regime militar de 1964. Na década de 70 surgem grupos com características pentecostais, como a
Igreja Cristã Presbiteriana, a Igreja Presbiteriana Renovada e a Igreja Cristã Reformada. Pelo censo
de 1991, têm 498 mil membros. Os presbiterianos mantêm na capital paulista uma das mais
importantes universidades do Brasil, a Mackenzie.
Luteranos - A Igreja Luterana tem origem em Martinho Lutero, filho de João Lutero, que aos
18 anos tornou-se aluno da Universidade de Erfurt, em cuja biblioteca descobriu uma Bíblia Latina.
Na porta da Igreja de Wittenberg afixou suas 95 teses nas quais PROTESTAVA contra os desvios da
Igreja Católica (daí o nome Protestantismo, Protestante). Isso ocorreu em 31.10.1517. As primeiras
comunidades luteranas de imigrantes alemães se estabelecem no Brasil a partir de 1824, nas cidades
de São Leopoldo (RS), Nova Friburgo (RJ), Três Forquilhas (RS) e Rio de Janeiro (RJ). O primeiro
templo é construído em 1829, em Campo Bom (RS), e os pastores europeus chegam depois de 1860.
Em 1991, há 1 milhão de membros, localizados principalmente no Rio Grande do Sul, e 1,1 milhão
em 1995. Até 2000, o número de luteranos, bem como dos demais protestantes históricos, não sofre
alteração significativa. Os luteranos, como os anglicanos, estão mais próximos da teologia
professada pela Igreja Católica. Em 1999 chegam a assinar um documento histórico em que colocam
fim às suas divergências sobre a salvação pela fé. Das correntes luteranas, a maior e mais antiga no
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Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
Brasil é a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, com 410 paróquias espalhadas por todos
os estados brasileiros, segundo dados da própria igreja. Posteriormente, surgem outras correntes
luteranas, como a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, vinda dos Estados Unidos no início do século
XX.
Metodistas - Primeiro grupo de missionários protestantes a chegar ao Brasil, os metodistas
tentam fixar-se no Rio de Janeiro em 1835. A missão fracassa, mas é retomada por Junnius Newman
em 1867, que começa a pregar no oeste do estado de São Paulo. A primeira igreja metodista
brasileira é fundada em 1876, por John James Ranson, no Rio de Janeiro. Concentrados sobretudo na
Região Sudeste, os metodistas reúnem 138 mil fiéis e 600 igrejas em 1991, conforme censo do IBGE.
De acordo com o livro Panorama da Educação Metodista no Brasil, publicado pelo Conselho Geral
das Instituições Metodistas de Ensino (Cogeime), atualmente são 120 mil membros, distribuídos em
1,1 mil igrejas. Entre os ramos da igreja metodista, o maior e o mais antigo é a Igreja Metodista do
Brasil. Sobressaem também a Igreja Metodista Livre, introduzida com a imigração japonesa, e a
Igreja Metodista Wesleyana, de influência pentecostal, estabelecida no Brasil em 1967. Os
metodistas participam ativamente de cultos ecumênicos. Na educação têm atuação de destaque no
ensino superior, com 23 mil alunos matriculados em 2000.
Adventistas - Os primeiros adeptos da Igreja Adventista surgem em 1879, em Santa Catarina.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia, a maior desse ramo no país, é organizada em Gaspar Alto (SC), em
1896. Em 2000, a instituição estimava ter quase 1 milhão de membros e 3.696 igrejas. Entre os
outros ramos que aqui se desenvolvem estão a Igreja Adventista da Promessa e a Igreja Adventista
da Reforma. Os adventistas mantêm uma extensa rede hospitalar e estão em todos os estados
brasileiros.
Batistas - Os batistas chegam ao Brasil após a Guerra Civil Americana e se estabelecem no
interior de São Paulo. Um dos grupos instala-se em Santa Bárbara d'Oeste (SP) e funda, em 1871, a
Igreja Batista de Santa Bárbara d'Oeste, de língua inglesa. Os primeiros missionários desembarcam
no Brasil em 1881 e criam no ano seguinte, em Salvador, a primeira Igreja Batista brasileira. Em 1907
lançam a Convenção Batista Brasileira. Em meados do século, surgem os batistas nacionais, os
batistas bíblicos e os batistas regulares, que somam 233 mil membros. Em 1991, o censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE registra 1,5 milhão de membros em todo o país.
VIII. O MOVIMENTO PENTECOSTAL.
Sobre a origem e o desenvolvimento inicial do movimento pentecostal no Brasil, o sociólogo
Paul Freston cita “três ondas” ou fases da implantação do
Pentecostalismo no Brasil.
Primeira Onda:
Cristã do Brasil: 1910.
Assembléias de Deus: 1911.
Essas Igrejas dominaram amplamente o campo pentecostal durante 40 anos.
2. Segunda onda.
Igreja do Evangelho Quadrangular (1951).
32
Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo (1955).
Igreja Pentecostal Deus é Amor (1962).
Essa Onda coincidiu com o aumento do processo de urbanização do país e o crescimento acelerado
das cidades.
Terceira Onda.
Igreja Universal do Reino de Deus (1977).
Igreja Internacional da Graça de Deus (1980)
Igreja Renascer em Cristo, Comunidade Sara Nossa Terra, Igreja Paz e Vida, Comunidades
Evangélicas e muitas outras (A partir da década de 80).
Estas Igrejas denominadas neopentecostais, com sua ênfase na teologia da prosperidade...
Igreja Nova Vida:
a) Esta foi importante precursora dos grupos neopentecostais, fundada pelo canadense bispo Robert
McAllister, que rompeu com a Assembléia de Deus em 1960.
b) Essa igreja foi pioneira de um pentecostalismo de classe média, menos legalista, e investiu muito
na mídia. Foi também a primeira igreja pentecostal a adotar o episcopal no Brasil.
c) Sua maior contribuição foi treinamento de futuros lideres como Edir Macedo e seu cunhado
Romildo R. Soares.
d) Outros grupos pentecostais e neopentecostais brasileiros resultaram da chamada renovação
carismática. Esse movimento surgiu nos estados Unidos no início dos anos 60, com a ocorrência de
fenômenos pentecostais nas igrejas protestantes históricas e também na Igreja Católica Romana.
e) No Brasil, a renovação produziu divisões em quase todas as denominações mais antigas, com o
surgimento de grupos como:
• Igreja Batista Nacional.
• Igreja Metodista Wesleyana.
• Igreja Presbiteriana Renovada.
HISTÓRIA DA ASSEMBLÉIA DE DEUS NO BRASIL
No princípio
Enquanto o avivamento pentecostal expandia-se e
dominava a vida religiosa de Chicago, na cidade de South
Bend, no Estado de Indiana, que fica a cem quilômetros de
Chicago, morava um pastor batista que se chamava Gunnar
Vingren.
Atraído pelos
acontecimentos do avivamento de
Chicago, o jovem foi a essa cidade a fim de saber o que realmente
estava acontecendo ali. Diante da demonstração do poder divino,
33
Aqui em Azuza, Street –
EUA, inicia-se o sonho.
Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
ele creu e foi batizado com o Espírito Santo.
Pouco tempo depois, Gunnar Vingren participou de uma convenção de igrejas batistas,
em Chicago. Essas igrejas aceitaram o Movimento Pentecostal. Ali ele conheceu outro jovem
sueco que se chamava Daniel Berg. Esse jovem também fora batizado com Espírito Santo.
Ambos eram de origem sueca e membros da igreja batista em seu país, havendo emigrado para
a América em épocas diferentes. Ali, não somente tomaram conhecimento do avivamento
pentecostal, mas receberam-no individualmente de modo glorioso.
Posteriormente, já amigos e buscando juntos o Senhor, receberam Dele a chamada
missionária para o Brasil. Através de uma revelação divina, o lugar tinha sido mencionado: Pará.
Nenhum dos presentes conhecia aquela localidade. Após a oração, os jovens foram a uma
biblioteca à procura de um mapa que lhes indicasse onde o Pará estava localizado. Foi quando
descobriram que se tratava de um estado do Norte do Brasil. Era uma chamada de fé, pois para
eles, era um lugar totalmente desconhecido.
De Chicago a Nova York e de Nova York para o Brasil
Gunnar Vingren e Daniel Berg despediram-se da igreja e
dos irmãos em Chicago. A igreja levantou uma coleta para auxiliar
os missionários que partiam. A quantia que lhes foi entregue só
deu para a compra de duas passagens até nova Iorque. Quando lá
chegassem, eles não saberiam como conseguir dinheiro para
comprar mais duas passagens até o Pará. Porém, esse detalhe
não os abalou em nada, nem os deteve em Chicago à espera de
mais recursos. Tinham convicção de que haviam sido convocados
por Deus. Portanto, era da total responsabilidade de Deus fazer
com que os recursos materiais inexistentes necessários à viagem
surgissem.
Chegaram à grande metrópole, Nova Iorque, sem
conhecer ninguém, e sem dinheiro para continuar a viagem. Os
dois missionários
caminhavam por uma das ruas da cidade, quando encontraram
um negociante que conhecia o jovem Gunnar. Na noite
anterior, enquanto em oração, aquele negociante sentira que
devia certa quantia ao irmão Vingren. Pela manhã, aquele
homem colocou a referida importância em um envelope para
mandá-la pelo correio, mas enquanto estava caminhando para
executar aquela tarefa, viu os dois enviados do Senhor
surgirem à sua frente. Surpreso ao ver a maneira especial
como Deus trabalhava, o comerciante contou-lhes sua
experiência e entregou-lhe o envelope.
Quando o irmão Vingren abriu o envelope, encontrou
dentro dele 90 dólares - exatamente o preço de duas
passagens até o Pará.
Assim, no dia 5 de novembro de 1910, os missionários
Daniel Berg e Gunnar Vingren deixaram Nova Iorque abordo do navio "CleMent" com destino à
Belém do Pará. No início do século XX, apesar da presença de imigrantes alemães e suíços de origem
protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais, nosso país era
34
Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato
quase que totalmente católico.
A Chegada
No dia 19 de novembro de 1910, em um dia de sol causticanteos dois missionários
desembarcaram em Belém. Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém, ninguém
poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria
profundamente o perfil religioso e até social do Brasil.
Os missionários não os possuíam amigos ou conhecidos na cidade de Belém. Não traziam
endereço de alguém que os acolhessem ou orientasse. Carregando suas malas, enveredaram por
uma rua. Ao alcançarem uma praça, sentaram-se em um banco para descansar; e aí fizeram a
primeira oração em terras brasileiras.
Seguindo a indicação de alguns passageiros com os quais viajaram, os missionários Gunnar
Vingren e Daniel Berg hospedaram-se num modesto hotel, cuja diária completa era de oito mil réis.
Em uma das mesas do hotel, o irmão Vingren encontrou um jornal que tinha o endereço do pastor
metodista Justus Nelson. No dia seguinte, foi procurá-lo, e contaram-lhe como Deus os tinha
enviado como missionários para aquela cidade. Como Daniel Berg e Gunnar Vingren estivessem até
aquele momento, ligados à Igreja Batista na América (as igrejas que aceitavam o avivamento
permaneciam com o mesmo nome), Justus Nelson os acompanhou à Igreja Batista, em Belém, e os
apresentou ao responsável pelo trabalho, pastor Raimundo Nobre.
E, assim, os missionários passaram a morar nas dependências da igreja. Alguns dias depois,
Adriano Nobre, que pertencia à igreja presbiteriana e morava nas ilhas, foi a Belém em visita ao
primo Raimundo Nobre. Este apresentou os missionários a Adriano, que imediatamente mostrou-se
interessado em ajudá-los a aprender falar o português.
Passado um determinado tempo eles já podiam falar português. Vingren continuou a estudar
a língua, enquanto Daniel trabalhava como fundidor. Passado algum tempo, Berg começou a
dedicar-se ao trabalho de colportagem.
Acende a chama no Brasil
Os jovens missionários tinham o coração avivado pelo Espírito
Santo, e oravam de dia e de noite. Oravam sem cessar. Esse fato chamou
a atenção de alguns membros da igreja, que passaram a censurá-los,
considerando-os fanáticos por dedicarem tanto tempo à oração. Mas
isso não os abalou. Com desenvoltura e eloqüência, continuaram a
pregar a salvação em Cristo Jesus e o batismo com o Espírito Santo,
sempre alicerçados nas Escrituras. Todavia, como
resultado daquelas orações, alguns membros daquela Igreja Batista creram nas
verdades do Evangelho completo que os missionários anunciavam. Os
primeiros a declararem publicamente sua crença nas promessas divinas foram
as irmãs Celina Albuquerque e Maria Nazaré. Elas não somente creram, mas
resolveram permanecer em oração até que Deus as batizasse com Espírito
Santo conforme o que está registrado em Atos 2.39.
Numa quinta-feira, uma hora da manhã de dois de junho de 1911, na
Rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belém, Celina de Albuquerque,
enquanto orava, foi batizada com o Espírito Santo. Após o batismo daquela
irmã começaria a luta acirrada. Na Igreja Batista alguns creu, porém outros não
se predispuseram sequer a compreender a doutrina do Espírito Santo. Portanto, dois partidos
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Mente e vontade
 

Apostila diaconato

  • 1. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato SUMÁRIO  Autoridade Espiritual I 02  Costumes 06  História da Igreja 14  O Serviço no Diaconato 43  Relações Interpessoais 46  Hombridade 63  Doutrinas Fundamentais 73  Família 82  Projeto Semear 119  Bibliografia Geral 124
  • 2. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato DISCIPLINA: AUTORIDADE MINISTERIAL I I. A IMPORTÂNCIA DA AUTORIDADE ESPIRITUAL TEXTO BÁSICO: ROMANOS 13.1-2 Em Romanos 13.1-2 a palavra de Deus diz: “Obedeçam às autoridades, todos vocês. Pois nenhuma autoridade existe sem a permissão de Deus, e as que existem foram colocadas nos seus lugares por ele. Assim quem se revolta contra as autoridades está se revoltando contra o que Deus ordenou, e os que agem desse modo serão condenados”. Na vida espiritual e na vida carnal, temos autoridades, as quais devemos seguir, pois a rebeldia a essas autoridades é pecado, conforme nos ensina a Bíblia. A palavra “autoridade”, do grego, “ecsusia”, literalmente significa: autoridade, direito de mandar. Ela é traduzida na versão atualizada, de João Ferreira de Almeida, como: autoridade, poder, jurisdição, autorização, direito, domínio, potestade, império, soberania, força. Aparece cerca de 99 vezes na Bíblia, sendo apenas 6 vezes no Antigo Testamento. A autoridade de Deus é o princípio da ordem. Cada coisa no seu lugar.(Salmos 103:19) - O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo. Deus é a autoridade superior é a fonte da autoridade. Ele reina não para ser autoridade, mais porque ele é autoridade. Ninguém tem autoridade, Deus é quem a concede e delega. Por isso quando alguém obedece a autoridade do homem, está obedecendo a autoridade de Deus, pois, Deus é quem concedeu. (Romanos 13:1) - TODA a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. A Bíblia define o pecado como transgressão (1João 3.4). Em Romanos 2.12, a palavra “sem” lei é o mesmo que “contra” a lei. A transgressão é desobediência à autoridade de Deus; e isto é pecado. Pecar é uma questão de conduta, mas transgressão é uma questão de atitude do coração. O presente século caracteriza-se pela transgressão, e logo o fruto desse pecado aparecerá. A autoridade no mundo está sendo cada vez mais solapada até que, finalmente, todas as autoridades sejam destruídas e a transgressão governe. Saibamos que no universo existem dois princípios: o da autoridade de Deus e o da rebeldia satânica. Não podemos servir a Deus e simultaneamente andar pelo caminho da rebeldia. Satanás ri quando uma pessoa rebelde prega a palavra, pois nessa pessoa habita o princípio satânico. O princípio do serviço tem de ser a autoridade, se obedecemos ou não a autoridade de Deus”. Na palavra de Deus há linhas específicas de autoridade que devemos obedecer para não estarmos em rebeldia contra o próprio Deus: 2
  • 3. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato 1. Em relação a Deus (Daniel 9.5-9) 2. Ao governo civil (Romanos 13.1-7, 1Timoteo 2.1-4; 1Pedro 2.13-17) 3. Aos pais (Efésios 6.1-3) 4. Esposa em relação ao marido (1Pedro 3.1-4) 5. Ao patrão (1Pedro 2.18-23) 6. Aos líderes da igreja (Hebreus 13.17) 7. Uns aos Outros (Efésios 5.21) II. TIPOS DE AUTORIDADE A) Temporal ou física Assim chamada porque ela está sujeita a mudanças de acordo com o tempo e com o surgimento de necessidades humanas ou materiais . Ex: mudanças de governos, costumes e avanços tecnológicos. Vejamos o que diz a Palavra de Deus sobre estas autoridades: B) Autoridade na família O esposo deve seguir os padrões de Cristo, com relação à Igreja (Ef 5:25 - 29). • A esposa, submissa ao esposo (Ef 5:22). • Os filhos, submissos aos pais (Ef 6:1,2). C) Na vida profissional Os empregados devem respeitar seus patrões, diretores, chefes, etc..., e trabalharem com maior desenvoltura durante suas ausências (Ef 6:5 - 8). D) Na vida do país Embora espiritualmente já não pertençamos mais a este mundo, ainda vivemos nele, e sendo assim temos deveres a cumprir através de uma consciência pura (Rm 13:4 - 7) e (Mt 22:17 - 21). III. O PRINCÍPIO DA REBELIÃO/É O INVERSO DA SUBMISSÃO O princípio da Rebelião se deu com o Diabo. (Isaías 14:12) Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! 13) - E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. 14) - Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. 15) - E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. Deus expulsou o Lúcifer do céu por causa de sua insubordinação, no céu não há lugar para a insubordinação. Após esta sentença ele começou a ser chamado de Satanás ou diabo, que revela seu caráter, pois significa: inimigo, opositor, adversário, caluniador, usurpador. E com ele muitos anjos se aliaram dando origem aos demônios. O diabo tenta implantar então a insubordinação aos homens e começa por Adão e Eva. (Gênesis 3:5) - Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. O homem insubordinado tenta se assemelhar a Deus, acreditando que domina a própria vida, depois acredita que domina outras vidas. Características do Insubordinado. Ganância. (nunca está satisfeito com o que têm quer sempre mais) 1. Arrogância (acha que já sabe de tudo) Ex. Filho/Pais 2. Presunção. (acha que sabe fazer melhor) 3
  • 4. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato 3. Avareza (quer tudo para si) 4. Ira (quando os seus intentos não dão certos ele se revolta) 5. Inveja. (deseja a posição que o outro ocupa) Visite: Gospel +, Noticias Gospel, Videos Gospel, Musica Gospel O EXEMPLO DO APÓSTOLO PAULO Antes de reconhecer a Autoridade, Paulo tentou acabar com a igreja (Atos 8.3); mas depois de se encontrar com Jesus na estrada de Damasco entendeu que era difícil recalcitrar (revoltar-se; rebelar-se, dar coices), contra os aguilhões (autoridade divina) (Atos 9.5) Imediatamente Paulo caiu no chão e reconheceu Jesus como Senhor. Em seguida, deu-se início ao tratamento de Paulo. O que precisava aprender aquele que tinha livre trânsito nas salas dos governadores e dos sumos-sacerdotes? O que precisava aprender aquele que fora instruído aos pés de Gamaliel, o homem mais sábio de sua época e que podia se comunicar livremente com qualquer estrangeiro do seu tempo? O que precisava aprender aquele que não parava de ameaçar e perseguir a igreja, por considerá-la a escória da humanidade? O EXEMPLO DE JESUS A ATITUDE DE JESUS DIANTE DOS TRIBUNAIS Mateus 26 e 27 registram o duplo julgamento que Jesus enfrentou após o seu aprisionamento. Diante do sumo sacerdote ele recebeu julgamento religioso e diante de Pôncio Pilatos recebeu julgamento político. Quando foi julgado por Pilatos (Mateus 27), o Senhor não respondeu nada, pois se encontrava sob jurisdição terrena. Mas quando o sumo sacerdote o conjurou pelo Deus Vivo, então ele precisou responder às perguntas que estavam sendo feitas. Isto é obediência à autoridade. Aqui está a segunda consideração que precisávamos fazer acerca deste princípio: Todo aquele que conhece a autoridade lida com a autoridade e não com o homem. O ARCANJO MIGUEL. • O Arcanjo Miguel quando contendia com o diabo a respeito do corpo de Moisés não pronunciou infâmia contra ele, não obstante já estar caído (Jd 9). • Somente os ímpios vivem no erro difamando autoridades e rejeitando os governos constituídos, Jd 9 e II Pe 2 :10 – 22. • Ao repreendermos um demônio devemos estar inteirados que a autoridade exercida pertence ao Nome de Jesus Cristo. Exemplos e conseqüências de quem quebrou a autoridade. • Lucifer • Adão • Caim • Cam • Miriã e Arão • Davi • Filhos de El 4
  • 5. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato • Sansão Saul A) A leitura do texto de (I Sm 15:1 –26) nos dá a exata compreensão do valor da obediência à autoridade espiritual, vejamos : I. O Senhor ditou ordens bastante claras (vs 1 - 3). II. Saul fez tudo ao seu próprio modo (vs 7,8). III. Junto com a desobediência anda a cobiça e o orgulho (vs 1,2). IV. Para encobrir a sua desobediência, Saul usou a mentira (vs 13 - 15). a) Nos dias de hoje muitos estão preferindo sacrificar a obedecer (vs 19- 22), tal como procedeu Saul . Obs: A desobediência é tão grave quanto a ser feiticeiro ou praticar a idolatria (vs 23). b) O Senhor Deus deixou claro que sua autoridade era exercida no povo de Israel através de Moisés e quem desrespeitasse a Moisés estaria desrespeitando ao próprio Senhor Deus ( Nm 16 : 1 - 3 ). IV. O MAU USO DA AUTORIDADE a. Saul foi ungido como rei do povo de Israel (I Sm 10:1). b. Não obstante as perseguições, Davi o respeitou como autoridade (I Sm 24:6). c. Davi reconhecia a unção de Deus sobre Saul (I Sm 24:10). d. O rei Saul, fazendo mau uso da sua autoridade , perseguia a Davi e aos seus homens, sem se importar com as conseqüências de sua atitude (I Sm 18:18 e ISm 19:10). e. A autoridade delegada ao rei Saul foi tornada sem efeito no momento em que ele fazendo mau uso, no tocante às devidas limitações com relação à autoridade do profeta ao tentar tomar o lugar deste (I Sm 15:26). V. AUTORIDADE ESPIRITUAL a) É fundamental para a paz e o crescimento da Igreja de Cristo. Quem não se aperceber disso, seja um pastor, um líder ou simplesmente um membro da Igreja, certamente terá problemas em sua vida espiritual e no seu ministério, pois Deus, como vimos, não tolera a quebra da autoridade constituída. Ele constituiu, ele estará corrigindo ou retirando, se for o caso, no Seu devido tempo, ou será que alguém queira fazer o trabalho de Deus? b) O princípio fundamental da autoridade, é ser fiel a quem o constituiu naquela autoridade, pois se você não sabe, ser submisso e estar debaixo de autoridade, como que o Senhor poderá lhe dar mais autoridade? Como que os demais servos vão lhe obedecer? A Igreja se move debaixo da autoridade espiritual, e sem ela, a Igreja não pode caminhar. Este princípio é fundamental para quem quer fazer a obra de Deus e ser bem realizado. CONCLUSÃO Que Deus nos abençoe, para que possamos cumprir a Sua vontade em relação ä AUTORIDADE, e não a nossa vontade. 5
  • 6. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato Pastor Ariel Eugênio – Regional São Marcos/BH (ariel.eugenio@hotmail.com). DISCIPLINA: COSTUMES 1. DEFINIÇÃO Costume é o nome dado a qualquer forma social resultante de uma prática, observada de forma generalizada e prolongada, o que resulta numa certa convenção de obrigatoriedade, e de acordo com cada sociedade e cultura especifica. Exemplos bíblicos a) No Velho Testamento: Jr 10.3 (Nação – Prática) b) No Novo Testamento: Lc 1.9 (Grupo); Lc 4.16 (Pessoal); 1Co 11.12 a 16 (Costume da Igreja local); 1 Coríntios 15.33 (Bons) c) Costumes superados: Bigode e Chapéu Necessitamos manter os bons costumes da Assembleia de Deus. Dentro da contextualização atual. Nossa matéria envolve • Ética • Antropologia • Teologia • Doutrinas • Entre outras 2. MINISTÉRIO DO DIACONATO O ministério diaconal emergiu na história da igreja, entre os cristãos da igreja primitiva por causa do crescimento espantoso da igreja. O texto bíblico em Atos retrata este fato: "Naqueles dias, crescendo o número dos discípulos ... ". (At 6.1a) Automaticamente, com o crescimento da igreja, surgiram muitos trabalhos que sobrecarregavam os apóstolos a ponto deles não poderem atender a comunidade cristã a contento e, em detrimento disso, as pessoas começavam a murmurar deles achando que estavam dando preferência p'ara uns na igreja e ignorando outros. O texto bíblico diz: "Naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve murmuração dos gregos, contra os hebreus, porque suas viúvas eram desprezadas na distribuição diária de alimentação." (At 6. 1) Os apóstolos sacrificavam o ministério deles, que era o ministério da palavra e praticidade na oração para atender o povo. Mesmo assim eram alvo de murmuração. Para cortar este mal pela raiz os apóstolos instituíram o ministério dos diáconos podendo assim dedicarem-se ao ministério da palavra e a oração. 6
  • 7. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato "Então os doze, convocando os discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus, e sirvamos às mesas. Escolheis, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra." (At 6.2-4) A primeira coisa que um diácono ou aspirante a diácono precisa saber, antes de qualquer outra coisa, é que o diaconato é um ministério. O diaconato não é apenas um cargo, é um ministério. A Bíblia fala de ministérios como dos Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, que são ministérios que estão intrinsecamente ligados ao ministério da pregação e do ensino da palavra de Deus para edificação do corpo de Cristo. Já o ministério dos diáconos está aliado à idéia de servir. Se observarmos o texto de Atos 6, que fala da instituição desse ministério, vamos encontrar no texto algumas palavras chaves que retratam a eleição dos diáconos, sendo estes escolhidos para servir. Quais as palavras que retratam isso no texto de Atos 6? O texto mostra que os diáconos foram instituídos para servir: as viúvas, servir na distribuição de alimentos diariamente aos carentes, servir as mesas. O texto ainda destaca este serviço como um importante negócio. A palavra "ministério" é oriunda da palavra grega "diakonai" e significa "variedade de serviços” prestados em favor da expansão do Reino de Deus. Logo, fica subentendido que ministério não dá apenas a idéia de "cargo". Ministério está aliado a idéia de "prestação de serviços". Portanto, toda pessoa que faz parte do grupo que foi separado para servir como diácono na igreja, mas não cumpre com as funções estabelecidas para esta posição, tem o cargo, mas não tem o ministério. Se alguém pretende fazer a diferença no ministério como diácono, o mesmo precisa servir, ou seja, é necessário seguir o exemplo de Jesus, que foi o melhor diácono de todos os tempos. Disse Ele: "... Todo aquele que, entre vós, quiser tornar-se grande, seja vosso servo, e quem dentre vós quiser ser o primeiro, seja vosso escravo - tal como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos." (Mt 20.26-28) 3. O QUE OS DIÁCONOS PRECISAM SABER SOBRE A BÍBLIA? Os diáconos precisam conhecer a estrutura da Bíblia Quando falo de conhecer a estrutura da bíblia estou falando da importância de se conhecer fatos acerca da bíblia como: qual a origem da bíblia? Quais são suas principais divisões? Qual o significado da palavra bíblia? Quantos testamentos ela possui? Quando e como a bíblia assumiu sua forma atual? Quantos livros têm a bíblia? São perguntas desse gênero que precisamos ser capazes de responder antes de penetrar no estudo de seu conteúdo. 4. O ZELO NO MINISTÉRIO DO DIACONATO a) O que chamou a atenção da rainha de Sabá no reinado de Salomão? Ela ouviu a fama de Salomão "Quando a rainha de Sabá ouviu a fama de Salomão .... " (IRs10.1). Todo obreiro deve saber que a igreja, na qual ele pertence, está diante de duas alternativas: carregar a boa fama, por sua estrutura organizacional, ou a má fama por sua desorganização estrutural. Lembrando que todos os membros daquela instituição são co-participantes ou da boa fama ou da má fama. b) Exemplo bíblico de má fama 7
  • 8. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato "Ora, Eli que já era muito velho, ouvia tudo que seus filhos faziam a todo o Israel .... Então ele lhes disse: Por que fazeis tais coisas? Ouço de todo este povo os vossos malefícios. Não, filhos meus, não é boa fama a que ouço entre o povo do Senhor." (I Sm 2.22-24) Os diáconos pelo fato de serem as primeiras pessoas na quais os visitantes têm contato quando vêm à igreja, carregam sobre os seus ombros uma grande responsabilidade. Há um ditado que diz: a primeira impressão é a que fica. Se ao chegar ao estacionamento da igreja, sendo supostamente o primeiro local de contato, o membro ou visitante for mal recebido, recepcionado com mau humor por parte de quem o recebe, com arrogância ou com indiferença, este terá, conseqüentemente, uma má impressão da igreja. Então os diáconos precisam ter cuidado para não serem instrumentos propagadores de má fama da igreja. A rainha pelo fato de não acreditar no que ouvia foi ter com Salomão para conferir. Ela ficou fora de si, pois testemunhou que o que viu era até mesmo além do que lhe falaram: "Vendo a rainha de Sabá toda sabedoria de Salomão, a casa que edificara, a comida da sua mesa, o assentar dos seus oficiais, o serviço de seus criados e os trajes deles, seus copeiros e os holocaustos que ele oferecia na casa do Senhor, ficou fora de si, e disse ao rei: Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra, acerca dos teus feitos e da tua sabedoria. Porém eu não acreditava naquelas palavras, até que vim, e vi com os meus olhos. Deveras, não me disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama que ouvi." (I Rs 10.4-7) A estrutura organizacional do reino de Salomão era tão “perfeita” que sua fama percorreu em todos os reinos da época e chegou até a rainha de Sabá que, ao tomar conhecimento, resolveu ir conferir e quando chegou, ela ficou tão impactada, que chegou a dizer: “... é muito mais além do que me disseram.” Foi a organização dos servos de Salomão que chamou a atenção da rainha. Se nós prestarmos um serviço organizado na igreja nossa fama vai correr nas outras igrejas e vamos receber muito visitantes que virão conferir nossa modalidade de trabalho. c) O que deixou a rainha de Sabá impressionada? A casa que Salomão edificara A edificação da casa de Salomão deixou a rainha de Sabá muito impressionada. Para nós obreiros, que estamos sendo treinados para fazer a obra de Deus, isso nos traz duas lições: • Lição material O bom gosto de Salomão ao planejar a arquitetura da casa deixou a rainha de Sabá impressionada. Com isso aprendemos que as coisas que fazemos, mesmo na vida material, com bom gosto, redunda em louvor a Deus. Paulo escreveu aos filipenses: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é,justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." (FI 4.8) • Lição espiritual A edificação da casa que Salomão construiu, chamou a atenção da rainha de Sabá não apenas em termos de bom gosto, mas também em termos de qualidade do material utilizado na construção. Com isso aprendemos que na obra de Deus além do bom gosto, quando formos realizar alguma coisa para Deus, devemos primar por material de qualidade pois a bíblia nos faz a seguinte advertência: "Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Pois ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este 8
  • 9. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato fundamento levantar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará, porque o dia a demonstrará. Pelo fogo será revelada, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou sobre ele permanecer, esse receberá galardão." (I Co 3.10-14) d) A comida da sua mesa A comida que era posta na mesa na casa de Salomão também chamou a atenção da rainha de Sabá. Não obstante o texto não descrever a presença de um nutricionista para estabelecer o cardápio diário, o próprio Deus deu sabedoria a Salomão até na sua forma de se alimentar. Isso retrata que devemos cuidar com o que nos alimentamos porque o nosso corpo é templo do Espírito Santo. Esse cuidado deve ser extensivo também a nossa alimentação espiritual, devemos cuidar com que tipo de alimento espiritual estamos nutrindo a nossa alma. Em se tratando do trabalho dos diáconos é bom lembrar que não só a comida posta na mesa era boa, mas também a arrumação da mesa chamou a atenção da rainha. Servir as n1esas é um trabalho dos diáconos. Assim diz o texto: "Então os doze, convocando os discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus, e sirvamos às mesas." (At 6.2). É trabalho dos diáconos arrumar as mesas para o café aos domingos a tarde, servir os irmãos da melhor maneira possível, arrumar a mesa da ceia do Senhor, guardar os utensílios como: toalhas, cálices, mandar lavar e passar toalhas da ceia e os panos utilizados dentro da igreja. Todos estes são alguns dos serviços dos diáconos. e) O assentar de seus oficiais Os oficiais de Salomão tinham postura tão digna de um oficial do rei, que deixou, também, a rainha de Sabá perplexa. A forma deles assentarem diante do rei foi um bom exemplo de postura. Isto revela que os obreiros devem ter boas maneiras e primar por uma postura que dignifique ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Os oficiais aqui podem ser uma figura dos diáconos, presbíteros, evangelistas e pastores da Igreja. Os diáconos bem podem estar sentados dentro do templo, mas precisam estar atentos a tudo que está acontecendo, sendo diligentes para agir quando preciso dispensando, até mesmo, a necessidade de o pastor ter que pedi-Ios para atender a alguma demanda dentro da igreja. f) O serviço de seus criados Os criados eram os servos que cuidavam dos serviços gerais do palácio real. Eles faziam seus serviços com tanta disciplina e discrição, que mesmo sendo criados que prestavam serviços de manutenção do palácio real, foram motivos de apreciação por parte da rainha de Sabá. Os servos de Salomão, apesar de serem criados, não deixaram de chamar a atenção da rainha de Sabá, através da prestação do serviço de manutenção da ordem funcional do palácio. Isso é uma grande lição para aqueles irmãos na igreja que cuidam da manutenção da casa de Deus, ou seja, os auxiliares de trabalho, os diáconos. Os criados eram responsáveis pelos preparativos das atividades do palácio real. A eles competiam arrumar e manter arrumado o local de atividades dentro do palácio como o salão de festas, salão de reuniões, cuidar da limpeza, iluminação, ventilação etc. A rainha ficou comovida ao ver que nada era feito de última hora, tudo era muito bem organizado. Isso deixa claro para os diáconos, e auxiliares de trabalho, que a pontualidade no serviço da casa de Deus fala alto e contribui para a boa fama da igreja. g) A rainha também reparou os trajes deles 9
  • 10. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato A maneira de se vestir dos oficiais e dos criados de Salomão também abismou a rainha de Sabá. Ora, se para estar diante do rei Salomão os seus criados e oficiais se vestiam tão bem a ponto de chamar a atenção da rainha, imagine como os obreiros, que servem na casa do Senhor, devem trajar-se. No Evangelho segundo Lucas está escrito que entre nós está alguém maior que Salomão. "A rainha do Sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; pois dos confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é maior do que Salomão." (Lc 11.31). Como já falamos anteriormente a primeira impressão é a que fica. Os diáconos e auxiliares de trabalho não devem vir à igreja prestarem serviços mal trajados. Estes devem, portanto, apresentar- se sempre da melhor forma possível, de preferência procurar ir de terno para os cultos. Pelo fato de terem que tirar oferta e desenvolver determinadas tarefas na igreja que requerem movimentação, os diáconos são os que mais são vistos na igreja. Um diácono mal arrumado depõe contra a estrutura organizacional e estética da igreja. Queridos obreiros está na hora de renovarmos nossos guarda-roupas para estar na presença do nosso grande Rei Jesus. h) Seus copeiros Os copeiros tinham uma grande responsabilidade: eram eles que experimentavam o que o rei bebia e comia antes do rei, comer e beber. O Antigo Testamento destaca Neemias como copeiro do rei: " ... eu era copeiro do rei. No mês de Nisã, no vigésimo ano do rei Artaxerxes, quando lhe trouxeram o vinho, eu o tomei e o dei ao rei ... "(Ne 1.11,12) Os copeiros retratam obreiros que cuidam de seus pastores, tanto os servindo, quanto protegendo-os, de qualquer projeto maquiavélico de Satanás contra eles. Os diáconos são os guardiões tanto da casa do Senhor, como dos homens de Deus que são colocados para cuidar do Reino. Os diáconos devem estar sempre com a atenção voltada para seu pastor, para servi-Io, para protegê-Io de emboscadas, laços, armadilhas, falsos irmãos que entram na igreja com capa de ovelha, defender a obra de Deus de venenos destilados pelos inimigos da obra de Deus. Estevão, por amor a obra de Deus, morreu apedrejado. i) Os holocaustos que ele oferecia na casa do Senhor Os holocaustos retratam como Salomão oferecia culto ao Senhor. Isto também impressionou a rainha de Sabá. Salomão não economizava quando oferecia culto a Deus. A Bíblia revela um culto oferecido por Salomão ao Senhor, que deve ter sido a razão pela qual a rainha de Sabá ficou fora de si. O texto diz: "E o rei Salomão ofereceu em sacrifício vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas. Assim, o rei e todo povo dedicaram a casa de Deus." (II Cr 7.5). Imagina o trabalho que os criados de Salomão tiveram para ajudar Salomão preparar um holocausto tendo que imolar vinte dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas? Obviamente a rainha de Sabá ficou boquiaberta com a maneira que Salomão oferecia culto a Deus, sem reservas. No entanto o que mais chamou a atenção dela foi a disposição dos criados no preparo do holocausto. Hoje nós não fazemos sacrifícios desse gênero porque estamos na dispensação da graça. Com o advento do Cristo e sua morte, rituais como estes utilizados no Antigo Testamento já não mais são necessários, tendo em vista de que Jesus foi o sacrifício perfeito e definitivo quando se entregou em holocausto por todos nós. REFLEXÃO 10
  • 11. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato Um dos propósitos deste curso é a preparação daqueles que foram separados para este importante negócio na obra de Deus, capacitando os mesmos a impactar a igreja, por meio da prestação de um serviço com tanta qualidade, que a os servos de Salomão deixaram a rainha de Sabá pasmada e também serão capazes de deixar muita gente admirada pelo que serão capazes de fazer para glória do nome do Senhor. 5. O PERFIL DE UM BOM DIÁCONO A LUZ DA BÍBLIA a) Um bom diácono precisa ser uma pessoa vocacionada para servir. O que valida o ofício de diácono é a vocação para servir e como diz o salmista: "servir com alegria”. De modo que ninguém pode executar o ministério de diácono, correta e ordenadamente sem ter sido vocacionada antes por Deus para servir em Sua obra. O bom diácono é aquele que está disposto a aprender, aquele que está disposto a ser bem treinado para o exercício do oficio que recebeu da parte do Senhor. Disse Jesus: "Se alguém vem a mim e ama a seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo." (Lc 14.26,27). b) Um bom diácono precisa ter boa reputação para servir "Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio." (At 6.3 ) A idéia de boa reputação está relacionada com a idéia de bom testemunho das pessoas de dentro da igreja e das de fora. O apóstolo Paulo disse: "Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do diabo." (I Tm 3.7). O diácono não pode ser aquela pessoa rabugenta, mau humorada, indelicada, que trata mal as pessoas. Se ele proceder assim obviamente não terá o bom testemunho dos irmãos da igreja. O diácono precisa ser uma pessoa afável, amável, cortez, cavalheiro, primar pela boa educação no tratamento para com os irmãos, sendo assim uma pessoa estimada, amada e respeitada por todos. c) Um bom diácono precisa ser cheio do Espírito Santo para servir "Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio."( At 6.3 ). Apesar do trabalho do diácono ser um trabalho que muitas vezes, ganha conotação de serviço material na igreja. O bom diácono é aquele que desenvolve seu ministério dentro ou fora da igreja na direção do Espírito Santo. Para isso ele procura viver uma vida de oração, jejum e meditação na palavra de Deus, para se manter cheio do Espírito Santo assim como Estevão. O texto bíblico diz: "Ora, Estevão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo"; "Mas ele cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus." (At 6.8; 7.55) d) Um bom diácono precisa ser cheio de sabedoria para servir "Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio." (At 6.3). O serviço de diácono exige muita sabedoria, para ser desenvolvido. O diácono é aquela pessoa que lida com todo tipo de 11
  • 12. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato gente na igreja. Ele lida e tem que servir desde o visitante não crente até o pastor da igreja. Logo, o diácono tem que se prostrar diante de Deus pedindo sempre sabedoria para desenvolver o ministério que Deus o delegou. O apóstolo Tiago disse: Ora, se alguém de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não censura, e ser lhe-á dada." (Tg 1.5 ) e) Um bom diácono precisa ser um homem que exerça seu ministério com consciência limpa "Da mesma forma os diáconos sejam respeitáveis, sinceros, não dados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o ministério da fé com a consciência pura." (I Tm. 3.8.9) Os diáconos são homens de confiança, por isso precisam ser pessoas respeitadas, pessoas sinceras, pessoas de consciência pura. Não devem ser pessoas de dupla personalidade, que pensam Lima coisa e dizem outra, pessoas que mudam de postura de acordo com suas próprias conveniências. Também não devem confundir a idéia de serem pessoas de palavra com a idéia de serem pessoas teimosas e inflexíveis. 6. O QUE A IGREJA ESPERA DOS DIÁCONOS? a) Pontualidade no cumprimento de seus deveres Os diáconos que desejam primar pela boa reputação, não devem chegar à igreja atrasados em nenhuma de suas programações. A pontualidade no cumprimento dos deveres na obra de Deus é o cartão de visita do diácono. É uma questão de honra para o diácono chegar cedo na igreja e deixar todo ambiente preparado para o início da programação. Seja culto, Escola Dominical, mesa do café, instrumentos, microfones, arrumação do salão, salas de aula, banheiros, etc. b) Serem dizimistas e ofertantes servindo de exemplo para os fiéis Como um diácono vai recolher dízimos e ofertas dos irmãos se ele mesmo não é dizimista e não coopera com ofertas alçadas? É um contra-senso levar as pessoas a fazerem aquilo que não praticamos. A igreja espera que os diáconos sejam homens irrepreensíveis no aspecto moral e espiritual. Se é responsabilidade dos diáconos zelar pela boa ordem da obra de Deus, eles não pode ser maus exemplos para o povo de Deus em absolutamente nada. Se as pessoas não devem ficar do lado de fora batendo papo, muito menos um diácono. Se as pessoas não devem conversar dentro da igreja, ou chupar bala, mascar chicletes, atender telefone etc., o que dizer de um diácono. 7. QUAL A RECOMPENSA QUE OS DIÁCONOS TERÃO PELO TRABALHO PRESTADO? 1. Os diáconos serão honrados por Deus pelo trabalho prestado ao seu reino "Aquele que me serve deve seguir-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém me servir, meu Pai o honrará." (Jo 12.26) 2. Os diáconos que servirem bem, serão estimado pela igreja e alcançarão posição de honra na obra de Deus 12
  • 13. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato "Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição, e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus." (I Tm 3.13) 3. Cada serviço prestado pelos diáconos será lembrado de forma graciosa por Deus "Deus não é injusto; ele não se esquecerá da vossa obra, e amor que para com o seu nome mostrastes, pois servistes e ainda servis aos santos." (Hb 6.10) 4. O serviço prestado pelos diáconos será recompensado por Deus "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão." (I Co 15.5) 8. CONCLUSÃO Que Deus em Cristo Jesus possa aplicar esta lição no coração de cada diácono ou aspirante ao diaconato. Que ambos tenham consciência de que o diaconato é um importante negócio esta- belecido por Deus para servir a igreja tanto como corpo místico de Cristo, como uma grande instituição organizacional. Bibliografia RIBEIRO, Samuel César Pastor. Fazendo a diferença no Ministério como Diácono. 2006 13
  • 14. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato DISCIPLINA: HISTÓRIA DA IGREJA 14
  • 15. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato I – INTRODUÇÃO. Definição de Igreja. A palavra igreja vem do grego eklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convosco"). Na literatura secular, eklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a palavra tem sentido mais especializada. A literatura secular podia usar a apalavra eklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega eklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo. Contribuições para o Surgimento e Expansão da Igreja. A "Plenitude dos tempos" Lendo Marcos 1:15 e Gálatas 4:4. Estes textos revelam que Jesus Cristo não nasceu numa época qualquer, mas ao chegar a "plenitude dos tempos". Como as profecias messiânicas não apontam para uma data da vinda do Messias, não se podem interpretar esses textos como fazendo alusão ao cumprimento de uma profecia específica. De acordo com os estudiosos, a interpretação adequada de "plenitude dos tempos" é: "tempo certo”, “momento ideal", "ocasião propícia" designada por Deus, mas não revelada nas profecias escritas. Assim, temos a seguinte definição técnica para a expressão "plenitude dos tempos": época ou contexto histórico cuja realidade (acontecimentos) foi tremendamente favorável ao objetivo da vinda de Cristo ao mundo, que é a anunciação e propagação universal do Evangelho do Reino de Deus. A natureza dessa realidade é a uniformização cultural e política propiciada pelo sistema administrativo do império romano, somadas as outras contribuições religiosas (dos judeus) e culturais (dos gregos) que já faziam parte desse ambiente mundial. II. A IGREJA DAS ANTIGUIDADES. A Influência do Judaísmo na Igreja. Para entender a história do cristianismo, é necessário conhecer um pouco do contexto em que a nova fé foi abrindo caminho e estruturando sua vida e suas doutrinas. O pano de fundo mais imediato da igreja nascente foi o Judaísmo – primeiramente o judaísmo da Palestina e posteriormente o que existia fora da Terra Santa. O judaísmo da Palestina já não era aquele que conhecemos pelos livros do Antigo Testamento. Mais de trezentos anos antes de Cristo. Alexandre Magno, o grande, tinha criado um vasto império que se estendia da Grécia ao Egito e até as fronteiras da Índia, o qual, portanto, abrangia toda palestina. Uma das conseqüências dessas conquistas foi o “helenismo”, nome que se dá a tendência de combinar a cultura grega, que Alexandre tinha trazido, com as culturas antigas de cada uma das terras conquistadas. Esse judaísmo da Palestina não era todo igual; pelo contrário, havia nele partidos e posturas religiosas diferentes. Entre eles se destacavam os Zelotes, os fariseus, os saduceus e os essênios. Esses grupos divergiam quanto a maneira de servir a Deus e também quanto a postura diante do Império Romano. Mas todos concordavam que há um só Deus, que esse exige certa conduta da parte do seu povo e que 15
  • 16. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato algum dia ele cumprirá suas promessas a esse povo. Fora da Palestina, o judaísmo contava com fortes contingentes no Egito, na Ásia Menor, em Roma e até nos territórios da antiga Babilônia. Trata-se da “Dispersão” ou “Diáspora”, conforme se chama. O judaísmo da Diáspora mostrava sinais do impacto das culturas vizinhas. No Império Romano, esse impacto manifestava-se no uso da língua grega – a língua mais generalizada no mundo helenista – além do hebraico ou do aramaico – a língua mais usada na parte da Diáspora que se estendia até a Babilônia. Foi por isso que na Diáspora, no Egito, o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Essa tradução se chama “Septuaginta”, e foi a Bíblia que os cristãos de fala grega usaram durante muito tempo. Também no Egito viveu o judeu helenista Filo de Alexandria que tentou combinar a filosofia grega com judaísmo, sendo, portanto, precursor de muitos teólogos cristãos que tentaram fazer a mesma coisa com o cristianismo. O Avanço do Cristianismo. As Perseguições e a Paz. IMPERADOR ANO FATOS/ACONTECIMENTOS MARTIRES TIBÉRIO 14 – 37 Perseguição Judaica sem intervenção do Império Estevão 35 GAIO 37 – 41 Perseguição Judaica sem intervenção do Império Tiago (disc.) 42 CLAUDIO 41 – 54 Período da expulsão dos Judeus de Roma. Tiago 62 NERO 54 – 68 64 – 68 Perseguição oficial no Império começou em Roma depois do grande incêndio 64 A.C. VESPASIANO 69 – 79 Não houve perseguição diretamente contra os cristãos, pois o imperador estava ocupado em guerrear contra Jerusalém. TITO 79 – 81 Filho de Vespasiano terminou o conflito de Jerusalém destruindo a cidade. Flavio Clemente DOMICIANO 81 - 96 95-96 João exilado na Ilha de Patmos e exílio de Domitila,; desenvolvimento do culto do imperador NERVA 96 – 98 João e Domitila Libertados 16
  • 17. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato TRAJANO 98 – 117 Não procura os cristãos, nem aceitos acusações anônimas. Inácio (de Antioquia). ADRIANO 117 – 138 Seguia a política de Trajano e não aceitava acusações anônimas contra os cristãos. ANTONINO, O PIO 138 – 161 Policarpo (de Esmirna) 155/156 MARCO AURELIO 161 – 180 177 perseguições ferozes na Gália (Lião e Viena ) Justino, 165 / Fotino, 177/ Blandina 177 CÔMODO 180 – 193 Vários cristãos condenados as minas na Sardenha foram soltos. SÉTIMO SEVERO 193 – 211 202 -206 decretou que era ilegal tornar- se judeu ou cristão; perseguição feroz ao Egito Leônidas (Alexandria) Perpetua e Felicidade (Cartago) VÁRIOS IMPERADORES 206 – 250 Paz: A igreja aumentou. DÉCIO 249 – 251 250 – 251 Décio queria uma religião no império; requereu que todas tivessem certificado de sacrifício (libelli); 1ª perseguição universal; problemas dos caídos e sua reentrada na Igreja. Fabiano (de Roma) Orígenes (morreu poucos anos depois da torturas sofridas VALERIANO 253 – 259 Em 253 diminuiu a persegução deciana; mas em 257 proibiu reuniões cristãs nos cemitérios e, em 258, ordenou a execução dos líderes da Igreja. Sixto II (de Roma) Cipriano (de Cartago). VÁRIOS IMPERADORES 260 -300 Paz: a igreja aumentou; o imperador Galieno (260-269) revogou os decretos contra os cristãos, restaurou seus cemitérios e proibiu os maus trados. DIOCLECIANO 284 -305 303 -305 - Perseguição final (incitada e continuada por Galério); edito ordenou a destruição dos prédios das igrejas e as cópias das Escrituras. Os cristãos que entregavam as Escrituras eram chamados de “traidores” GALÉRIO 305 – 311 306 – 311 perseguição até a promulgação do Edito de Tolerância CONSTANTINO 313 Edito de Milão: Terminou a perseguição oficial do cristianismo no império. A primeira tarefa do cristianismo foi definir sua própria natureza em contraste com o judaísmo do qual surgiu. Como se vê no Novo Testamento, boa parte do contexto em que essa definição foi feita consistia na missão aos gentios. O cristianismo não demorou em ter seus primeiros conflitos com o Estado, esses conflitos com 17
  • 18. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato o Estado produziram mártires e apologistas. Aqueles selaram o seu testemunho com o próprio sangue. Em atos dos Apóstolos, quando os cristãos são perseguidos, os perseguidores são geralmente são os lideres religiosos entre os judeus com aval do imperador da época . Além disso, em várias ocasiões as autoridades do império intervêm para deter um motim, livrando indiretamente os cristãos de dificuldades. Em pouco tempo, as coisas começaram a mudar e o império começou a perseguir os cristãos, no século I, as piores perseguições aconteceram com Nero (54 – 68) e com Domiciano (81 – 96). Por cruentas que tenham sido, parece que as perseguições foram relativamente locais. No século II a perseguição foi se tornando mais generalizada, ainda que, a grosso modo, tenha seguido a política de Trajano (98 – 117) de castigar os cristãos se alguém os delatasse, mas sem empregar os recursos do Estado para sair em busca deles. Por isso, a perseguição foi esporádica e dependeu muito das circunstancias locais. Entre os mártires do século II contam Inácio de Antioquia, de quem cujo martírio inda existe um relatório muito fidedigno, e os mártires de Lion e Vienne na Gália. No século III, embora com longos intervalos de relativa tranqüilidade, a perseguição foi se intensificando. o imperador Sétimo Severo (193 – 211) seguiu uma política sincretista e decretos a pena de morte para quem se convertesse a religiões exclusiva como o judaísmo e o cristianismo. Nessa perseguição Perpetua e Felicidade foram martirizadas. Décio (249 – 251) ordenou que todos sacrificassem diante dos deuses e que se expedissem certificados disso. Os cristãos que se recusassem a tal deveriam ser tratados como criminosos. Valeriano (253 – 260) seguiu uma política semelhante. Entretanto, a pior perseguição veio com Diocleciano (284 – 305) e com seus sucessores imediatos. Em primeiro lugar, os cristãos foram expulsos das legiões romanas. Em seguida, foi ordenada a destruição dos seus edifícios e dos livros sagrados. Finalmente, a perseguição se generalizou, e todos os tipos de tortura começaram a ser praticados contra os cristãos. Quando morreu Diocleciano, alguns dos seus sucessores continuaram a mesma política, até que dois deles, Constantino (306 – 337) e Licínio (307 – 323), puseram fim a perseguição por meio do “Edito de Milão”. III. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO PAPADO Recomendamos a leitura de: Cairns, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos, p 122-131 Gonzales, Justo. A Era dos Gigantes. p.57-78. e A Era das Trevas. p.39-59. V. QUEDA DE ROMA E EVANGELIZAÇÃO DA EUROPA O quarto e o quinto século viram a continuação do declínio do império romano e finalmente sua queda no ocidente. Constantino governou o império a partir de 323 com energia e sabedoria. Transferiu a capital para a sua nova e belíssima cidade de Constantinopla (Istambul). Depois dele, verificou-se novamente a divisão de autoridade até Teodósio o qual, já governando no oriente obteve o poder total que manteve de 392 a 395. Foi ele o último a manter o domínio de todo o mundo romano. Depois dele, houve duas linhas de imperadores, do oriente e os do ocidente, com as capitais em Constantinopla e em Roma. Durante todo esse tempo o império vinha-se esfacelando internamente enquanto, se acentuavam os ataques externos dos bárbaros. Em 378, verificou-se em Adrianópolis uma das mais decisivas batalhas do mundo, em que os visigodos que habitavam o Baixo Danúbio derrotaram os romanos sob o comando de Valêncio e mataram este imperador. Em 410 sob as ordens de Alarico, procederam o saque de Roma. Finalmente, em 476, o general germânico Odoacro destronou Romulo Augusto, o último imperador 18
  • 19. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato romano do ocidente e ocupou o governo. Os historiadores não são unânimes em apresentar as causas da queda do império romano. Elas são difíceis de determinar, especialmente sendo que é difícil distinguir entre causas e sintomas. Algumas sugestões são: Degeneração moral, fatores político militar, destruição da iniciativa criativa dos gregos, a falta de uma economia verdadeiramente capitalista, problemas de malária, peste, guerra, mistura com outras raças. Todos estes elementos estão intimamente relacionados e contribuíram para a queda de Roma. Evangelização da Europa Inglaterra. De Roma, o papa Gregório I enviou cerca de 40 monges chefiados por Agostinho, prior de um mosteiro romano, como missionários à Inglaterra. Em 597 aportaram à foz do Tâmisa. Naquele mesmo ano, Ethelberto rei de Kent, foi batizado e seu reino tornou-se quase todo cristão. Agostinho foi nomeado primeiro arcebispo da Inglaterra, com sede em Cantuária (Canterbury). Outros missionários romanos seguiram a esse primeiro grupo. Outro importante centro missionário se estabeleceu em York, no norte da Inglaterra. Os ingleses enviaram a outros povos alguns dos seus mais nobres missionários. O maior deles e de todos os missionários deste período, foi Bonifácio (680-755). Nasceu em Devonshire, de pais ricos. Tornou-se famoso por sua cultura, eloqüência e piedade. Ainda moço se sentiu chamado para evangelizar os germanos. Conseguiu permissão do papa para trabalhar como missionário na Turingia. Ali trabalhou de maneira assombrosa, pregando, batizando, fundando escolas e mosteiros, instituindo uma organização eclesiástica no sul da Alemanha, país que ele conquistou para o Cristianismo. O "apóstolo do norte"foi Ansgar (801)865), francês de família nobre, monge de Corbey. Seu desejo era pregar aos pagãos. A oportunidade lhe apareceu com o desejo de Luiz, o Pio, filho de Carlos Magno, de enviar um missionário à Dinamarca. Depois de ali permanecer vários anos, atravessou a Suécia com alguns companheiros, e lá iniciou o trabalho evangélico. Foi depois sagrado bispo de Hamburgo com autoridade missionária sobre todo o norte. Seus companheiros foram espalhados e sua diocese saqueada pelos piratas; mas restaurando suas forças, viu, afinal o cristianismo estabelecido na Suécia, embora que este só se torna-se forte no século XI A primeira das terras eslavas a ser evangelizadas foi a Morávia, no século IX, por dois grandes e notáveis irmãos, Constantino (Cirilo) e Metódio, gregos de Tessalônica. Pouco depois, o cristianismo foi estabelecido entre os sérvios e os 8búlgaros, como também na Boêmia. Em vários países o cristianismo foi imposto pela força, pelos respectivos governos e, às vezes, de modo bem cruel. Tal foi o caso da Noruega e da Polónia. Recomendamos a leitura de Cairns, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos p.137-168. e Gonzales, Justo. A Era das Trevas. p. 1-38. O APOGEU DO PODER PAPAL As origens do bispado romano se perderam na penumbra da história. A maior parte dos historiadores, tanto católicos como protestantes, concorda que Pedro esteve em Roma, e que provávelmente morreu nesta cidade durante a perseguição de Nero. Porém não existe nenhum documento antigo que diga que Pedro transferiu sua autoridade apostólica aos seus sucessores. Quando os bárbaros invadiram o império a igreja do ocidente começou a seguir um rumo bem 19
  • 20. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato diferente da do oriente. No oriente o império continuou existindo, e os patriarcas continuaram subordinados a ele. No ocidente entretanto, o império desapareceu, e a igreja veio a ser a guardiã da velha civilização. Por isto o patriarca de Roma, o papa, chegou a ter grande prestígio e autoridade. As Causas do Apogeu do Papado No período da idade média aparece um dos grandes papas (nomeado anteriormente), Gregório I, chamado o Grande. O fato de sua eleição ao papado (590) para alguns marca o início do período medieval ou um período da história da igreja. Ele era de caráter irrepreensível, muito honrado por sua bondade e modo de vida, de uma austeridade muito severa. Valendo-se dos seus dons extraordinário, Gregório tirou o máximo de proveito da sua posição de bispo de Roma constituindo-se em patriarca do ocidente. Defendeu e impôs constantemente a sua autoridade sobre esta grande parte da igreja. Conseguiu que os mais fortes bispos metropolitanos reconhecessem a superioridade de Roma. Fez com que o culto seguisse o ritual romano. Enviou missionários a diferente lugares. Ele muito trabalhou para purificar e fortalecer a Igreja, cuidando dos pobres e enviando o cristianismo aos pagãos. Além do mais, não havia na Europa ocidental nenhum governo civil bastante forte entre o ano 400 e o tempo de Carlos Magno (768-814), e mesmo depois de Carlos Magno, até aparecer Oto I. Não houve por todo esse tempo qualquer governo que ministrasse justiça e impusesse a ordem e a paz. Mas em Roma, a antiga sede do poder mundial, estava o bispo exercendo um ofício então julgado santo, visto crer-se ter sido primeiramente exercido por um apóstolo. Esse pode de Roma pretendia o domínio mundial da Igreja, e tentava alcançar todo mundo ocidental com a sua soberania. E muitos dos bispos de Roma foram homem fortes e capazes de governar. Em toda Europa ocidental, por muitos anos, o papa era o único representante de um governo permanente. Nesta situação, o poder do papado inevitavelmente cresceu por todo o ocidente e, em menor grau, em outras partes da Igreja. Os papas exerciam justiça, pois foi durante o pontificado de Nicolau I, (858-867), Lotário, rei da Lorena, repudiou a esposa, substituindo-a por outra mulher e, não obstante, conseguiu aprovação dos arcebispos subservientes do seu reino. Tal situação, constituía, naturalmente, uma grave ameaça à moralidade. Mas o papa depois de uma forte luta, compeliu o rei a receber a esposa e despedir a rival. Nenhum outro governo no mundo teria realizado esse feito. Mas a autoridade do chefe da Igreja, baseada no temor da excomunhão que, como se cria, significava a morte eterna, contribuiu para alcançar essa vitória. O papa aparecia assim, encarnando um poder acima dos reis, pois representava a lei moral. Tais circunstancias fortaleciam cada vez mais o papado, que tanto podia ser uma força para o bem, como para o mal. Outra coisa que muito fortaleceu o papado foi a situação de muitos papas como governadores civis de Roma. Esse governo civil é conhecido como o "poder temporal". Muitas vezes em épocas de calamidades pública, como de pestilência ou fome, perigo de invasão, motins ou desordens em gerais, os bispos tiveram de assumir o governo da cidade. Além das cidades, os papas governavam extensos territórios na Itália, os quais lhes foram doados por Pepino, rei dos francos, pai de Carlos Magno. As missões também contribuíram em parte para o soerguimento do poder de Roma. quando os papas enviavam missionários, encarregavam-nos de tornar as terras conquistadas obedientes ao papa. Assim cada conquista do cristianismo era outra para o poder papal. O avanço do islamismo ajudou aumentar o poder papal. Quando a Ásia ocidental e a África do 20
  • 21. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato norte cairam sob a dominação árabe, a Igreja foi terrivelmente enfraquecida no oriente. Três dos cinco patriarcados (Alexandria, Jerusalém, Antioquia), cairam sob o domínio de uma religião que era inimiga mortal do cristianismo. Enquanto isso, a Igreja no ocidente crescia vantajosamente por meio das suas missões. De modo que, a parte da Igreja que reconhecia a soberania do papa, cresceu em importância enquanto a parte oriental, em que tal soberania não era reconhecida, se tornou menor e enfraquecida. Recomendamos a leitura de: Cairns, Earle. O Cristianismo Através dos Séculos. p.146-177 e Gonzales, A Era das Trevas. p.61-85 EXPANSÃO DO MONACATO Menos de um século depois da morte de Bento de Nursia as conquistas dos bárbaros na Itália, Galia e Espanha foram reconquistadas para o império. Os territórios da Inglaterra, Alemanha e Escandinávia foram incorporados ao cristianismo ou abertos a trabalhos missionários. Os beneditinos tiveram grande participação nesta evangelização. Até o XIII século os beneditinos tiveram um quase monopólio do monacato, sendo os cistercianos e os de Cluny apenas reforma dos beneditinos. Os movimentos monásticos continuaram a se multiplicar durante os quatro séculos que compreendem os anos 950 e 1350 e que alcançaram o apogeu no século XIII. Os cistercienses. No século XII, a direção da vida monástica passou para este grupo. Eles começaram com Roberto, monge beneditino o qual devido ao seu zelo por reformas e observância estrita do ideal monástico, atraiu muitos eremitas. Os cistercienses seguiam a disciplina beneditina. Mas tinham cinco características peculiares. Primeiro, era a vestimenta. No lugar de roupa preta dos beneditinos, levavam a cor branca grisalha e frequentemente eram chamados dos "monges brancos". Outra marca distintiva foi a observância da regra de estrita pobreza. Tanto roupas como comidas deveriam ser simples. Terceiro, eles se estabeleciam nos seus mosteiros em lugares remotos da população. Eles limpavam e cultivam os seus terrenos com seu próprio trabalho. Em quarto lugar, reduziram o tempo dedicado aos serviços litúrgicos. E por último, a disposição de unificar todas as casa monásticas numa só ordem. Os dominicanos. A ordem dos "frades pretos"surgiram no XIII século para ir ao encontro do selo, ascetismo e devoção dos catari e waldenses. Um espanhol cujo nome era Domingos (1170- 1221), possuía grande cultura universitária quando se tornou sacerdote. Após os 30 anos de idade viajou pelo sudeste da França onde observou a necessidade de reformas e da pregação da verdade cristã. Concebeu o plano de organizar uma companhia de pregadores que devia viajar por toda a parte ensinando o povo. O pedido de formar uma ordem foi recusada aprovação pelo papa no IV concílio de Latrão (1215) mas foi aprovado por Honório III em 1216. O propósito dos dominicanos era ser humilde, abnegado, democrático, bem como douto. São pregadores e professores. Esta ênfase sobre erudição eventualmente deu um sabor aristocrático à ordem. Como metodologia, procuraram se espalhar pelos centros de educação (Paris, Roma, Bologna). Localizados em cidades universitárias, logo foram representados nas congregações das universidades. Entre os mais conhecidos de então são: Albertus Magnus e Tomas de Aquino (teólogos); Eckhart e Tauler (místicos). Hoje são representados pela Êcole de Jerusalém (Bíblia e comentários). Os franciscanos. Ordem fundada por São Francisco de Assis (1182-1226). Este se dedicou a imitar Cristo com toda sinceridade. Quis restaurar as igrejas, pregando em pobreza o 21
  • 22. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato arrependimento. Inocêncio III aprovou a ordem em 1210. Tomou a mendicância como a prática normal de vida. Embora hierárquica como a dominicana, a franciscana era mais democrática. A ordem fortaleceu o papado às custas do sacerdócio normal. Os franciscanos podiam pregar e absolver em qualquer lugar. Trabalhando nas cidades, se aproximaram mais do povo e assim minaram a força dos hereges. Desenvolveu uma terceira ordem (terciários), a segunda era mosteiros para as mulheres, em que as pessoas ficaram em suas ocupações ordinárias, vivendo uma vida semi- monástica. A fraternidade se desenvolveu rapidamente para além das fronteiras, pois quando se reuniram pela segunda vez em 1217, havia irmãos franciscanos na Alemanha, Hungria e Espanha e já iniciadas as missões em terras pagãs. Apesar de modificados os ideais de S.Francisco, os franciscanos conservaram ainda por muitos anos muita coisa do espírito do fundador de aquela organização. Onde havia gente desamparada e sofredora, os franciscanos apareciam para ajudar. A sociedade de Jesus. Ordem fundada por Loyola em 1540, plena época da Reforma, ala é diferente das dominicanos e franciscanos, em que a estrutura é ditatorial, exigindo obediência absoluta ao superior e sendo totalmente a serviço do papar. Teve grande influência sobre o Concílio de Trento e tornou o meio pelo qual a contra-reforma foi propagada. Até meados do século XVIII sustentava 669 faculdades e se tornou muito rica. Como um dos propósitos da sociedade era lutar contra o protestantismo eles usaram 3 métodos principais: primeiro, nas igrejas que estabeleceram ou naquelas que conseguiram controlar, colocavam hábeis pregadores e promoviam reuniões atraentes. Colocaram assim, nova vida no culto público da Igreja Romana. Também dispensavam muita atenção à obra educacional. Abriram escolas primárias que logo se enchiam, pois o ensino era gratuito e bom. Os alunos eram, naturalmente, treinados a demonstrar devoção a I. Católica Romana e, através dos filhos, os jesuítas alcançavam os pais. Um terceiro método era de caráter político. Os jesuítas se dedicaram a inspirar nos governantes católicos, devoção à Igreja e ódio ao protestantismo. como resultado dessa política, se levantaram tremendas perseguições aos protestantes em vários países. A pressão jesuítica era constante e poderosa no ânimo dos governos. Dentro de poucos anos, os jesuítas se tornaram dominadores da I.C. Romana. O espírito deles era o da contra reforma e o seu ideal esmagar os dissidentes. Ao ser feita uma avaliação destes movimentos religiosos, geralmente os protestantes destacam as fraquezas e as más atuações dos religiosos, mas apesar destes maus resultados, o monasticismo no princípio: atraiu poderosamente pagãos ao cristianismo. Fizeram grande obra missionária. Produziu uma forte resistência ao mundanismo. Promoveu muitas vezes o estudo teológico e, mais tarde cultural. Foi um lugar de refúgio para a escória da sociedade. Também se tornaram pioneiros da civilização ocidental. Também a obra agressiva da igreja católica romana tem sido feita quase que exclusivamente por monges. Além do mais não pode ser esquecido que a proteção e a evangelização dos povos americanos foi feita quase que exclusivamente por missionários franciscanos (espanhol) e jesuítas (português). Cp. Bartolomé de las Casas e Anchieta. Ao mesmo tempo podemos destacar alguns pontos gerais que caracterizam este movimento monástico especialmente nestes quatro séculos de 950 a 1350. 1o. A vida monástica parecia ser o caminho que levava a uma vida cristã perfeita e se alcançava a salvação da alma. 2o. Todos os esforços por alcançar o ideal cristão através do sistema monástico, perdiam a sua força e as instituições criadas por eles tendiam a se corromper. 22
  • 23. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato 3o. Devido a este relaxo, de tempo em tempo, surgiam e floresciam novos movimentos monásticos. 4o. Este movimentos eram extremamente variados, pois mostravam uma separação total do mundo mas ao mesmo tempo iam ao mundo para alcançar mais homens e mulheres para a fé cristã. 5o. A grande maioria dos novos movimentos monásticos tinham seu origem na Itália, naquilo que tinha sido a Galia, áreas que por muito tempo professavam a fé cristã. Poucos surgiram em regiões como Inglaterra, Escócia, Alemanha do Norte, Escandinávia, Espanha. 6o. Os fundadores das novas ordens eram principalmente da aristocracia exceto Francisco de Assis, embora pertencia a classe dos comerciantes e não dos plebeus. 7o. Havia um grande desejo de tornar mais profunda, mais inteligente e mais efetiva a lealdade a fé cristã, a qual era meramente nominal por parte dos convertidos em massa nos primeiros séculos. 8o. Estes movimentos eram um esforço para purificar a Igreja e ao mesmo tempo elevar o nível moral de toda a população que levava o nome de cristão. Recomendamos a leitura de: Gonzales Justo, A Era das Trevas. p.87-181 e A Era dos Altos Ideais, p.1- 46 AS CRUZADAS As cruzadas são, sob vários aspectos, o fenômeno mais notável da idade média, foi um fenômeno avassalador, dramático. Durante vários séculos a Europa ocidental derramou o seu fervor e seu sangue em uma série de expedições cujos resultados foram, nos melhores casos, de pouca duração; e nos piores casos trágicos. Objetivos e Causas das cruzadas Era derrotar os muçulmanos que ameaçavam Constantinopla, salvar o império do oriente, unir de novo a cristandade, reconquistar a terra santa, e em tudo isto ganhar o céu. Desta forma temos que de modo geral sentia-se que o cristianismo podia repelir os maometanos. O amor da aventura, a esperança do saque, o desejo da expansão territorial e o ódio religioso seguramente impulsionaram poderosamente os cruzados. Seríamos, 8porém, injustos para com eles se não reconhecêssemos também que os cruzados criam estar praticando algo mui importante para suas almas e Cristo. Assim temos que as causas as cruzadas eram um misto de fatores: políticos, religiosos, econômicos, pessoal. Um Breve Histórico das Cruzadas Primeira Cruzada Aleixo I (1081-1118), rei mais forte que seus predecessores imediatos em Constantinopla, se sentiu incapaz de enfrentar os perigos que ameaçavam o império. Pediu então auxílio ao papa Urbano II, o qual prometeu o socorro. No sínodo reunido em Clermont,(1095) França, Urbano pregou a cruzada obtendo resultado inesperado. Ele exortou aos cristãos da Europa ocidental a socorrer os seus irmãos do oriente e também libertar os lugares santos das mãos dos hereges (muçulmanos). 23
  • 24. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato Urbano, prometeu indulgência plenária a todos quantos se engajassem. Os ouvintes profundamente emocionados se disse que gritaram: "Deus o quer". Um dos pregadores mais conhecidos desta cruzada foi Pedro, o eremita, monge de Amiens ou seus arredores. Ele divulgou a mensagem pela Europa ocidental, aumentando o entusiasmo e arrebanhava multidões para este empreendimento. Muitos destas multidões pereciam no caminho, porém no verão de 1096 saíram exércitos melhor organizados, passaram o inverno em Constantinopla, e na primavera entraram na Ásia Menor e capturam Antioquia em junho de 1098 e no ano seguinte tomaram Jerusalém, matando muito dos seus habitantes. Segunda Cruzada Não obstante a desorganização feudal, o reino de Jerusalém se manteve até a captura de Edessa pelos islamitas, em 1144. Essa captura representou a perda do seu baluarte do noroeste. Bernardo de Claraval, então no auge da fama, pregou nova cruzada, em 1146, e recebeu apoio do rei francês, Luis VII (1137-1180) e do imperador alemão Conrado III, (1138-1152). Não tinha, no entanto, o ardente entusiasmo da anterior. Muitas das suas forças pereceram na Ásia Menor e as que alcançaram a Palestina sofreram grave derrota em 1148, quando intentavam tomar Damasco. Foi um desastre completo, que deixou profundo ressentimento no ocidente contra o império do oriente, pois os príncipes desse império, com ou sem razão, foi atribuído o insucesso. As divisores entre os muçulmanos tinham sido a causa do sucesso da primeira cruzada. Mas o curdo Saladino tinha edificado um estado muçulmano forte que circundava o reino latino nas suas fronteiras continentais. Terceira Cruzada As novas desta catástrofe lançaram a Europa na terceira cruzada (1189-1192). Nenhuma delas foi melhor preparada que esta. Três grandes exércitos foram chefiados pelo imperador Frederico Barba Ruiva (1152-1190), o maior soldado da época; pelo Rei Filipe Augusto, da França (1179-1223); pelo rei Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra (1189-1199). Frederico morreu afogado acidentalmente na Cilícia e seu exército, sem a sua vigorosa direção, tornou-se inteiramente ineficaz. As questões entre os reis da França e Inglaterra e o rápido retorno de Filipe à França para atender a seus planos políticos, deram como resultado o fracasso da expedição. Acre foi recuperada, mas Jerusalém ficou na posse dos muçulmanos. Quarta Cruzada No ano de 1202 estimulada pelo papa Inocêncio III e com o sonho da reconquista dos santos lugares houve um novo empreendimento. Neste caso a intenção não era atingir a terra santa, mas atacar os muçulmanos no centro do seu poder, o Egito. Esperava-se que desta maneira a reconquista de Jerusalém fosse mais fácil e duradoura. E em vez de deixar o empreendimento em mãos de príncipes p papa se declarou seu único chefe legítimo, mostrando como na terceira cruzada os interesses temporais dos reis tinham levado ao desastre. Como na primeira cruzada os soldados de Cristo marchariam sob as ordens diretas dos legados papais. O mais famoso pregador desta nova aventura foi Foulques de Neuilly, homem de origem humilde que nos lembra Pedro, o eremita "Cruzada das Crianças" Em 1212 se deu este episódio triste e dramático. Crianças da França e da Germânia, dirigidas 24
  • 25. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato por dois meninos, Estevão e Nicolau, marcharam pelo sul da Europa até Itália, na suposição de que a pureza de suas vidas lhes daria o sucesso numa aventura em que seus pecadores pais tinham fracassado. Muitos pereceram no caminho e os sobreviventes foram vendidos como escravos no Egito Fim das Cruzadas Outras tentativas de cruzadas foram feitas. Contra o Egito foi organizada um expedição em 1218-1221. De começo alcançou certo êxito, mas terminou em fracasso. É geralmente denominada quinta cruzada. Mas curiosa foi a Sexta (1228-1229) O imperador Frederico II (1212-1250), que era livre pensador, tomou a cruz em 1215 mas não tinha pressa em cumpri seus votos. Partiu por fim, em 1227, retornando logo. Parece haver adoecido, no entanto o papa Gregório IX (1227-1241) o considerou desertor e, tendo outros motivos para hostilizá-lo, o excomungou. Apesar da interdição, Frederico partiu em 1228 e no ano seguinte, por um tratado feito com o sultão do Egito, obteve a posse de Jerusalém. Belém, Nazaré e um ponto da costa. E Jerusalém ficou mais uma vez em poder dos cristãos, mais foi definitivamente perdida em 1244. O espírito da cruzada estava quase morto, quando o rei Francês Luís IX (1226-1270) levou uma expedição desastrosa contra o Egito (1248-1250). Foi feito prisioneiro nessa empresa. E num ataque a Túnis, em 1270, perdeu a vida. A última tentativa de importância foi a do príncipe Eduardo, pouco depois de Eduardo I, da Inglaterra (1272-1307). Essa expedição se deu 1271-1272. A última possessão latina na Palestina foi perdida em 1291. Estavam terminadas as cruzadas, ainda que se continuasse a falar em novas expedições durante os dois séculos seguintes. Consequências das Cruzadas Cresceu a inimizade entre o cristianismo latino e o oriental. Prejudicou a vida dos cristãos que viviam em terras de muçulmanos.Na Europa ocidental contribuíram para aumentar ainda mais o poder do papa. No que se refere à devoção, as cruzadas também viveram grandes conseqüências para a cristandade ocidental. As viagens constantes para a terra santa e histórias cheias de prodígios, houve interesse em conhecer mais sobre a realidade física de Jesus. Também a vida intelectual é alcançada, pois chegam novas idéias do oriente. Algumas destas idéias consistiam nas velhas heresias. Mas também chegaram à Europa idéias filosóficas, princípios arquitetônicos ou matemáticos, costumes e gostos de origem muçulmana. Por último, as cruzadas têm relações complexas com uma série de mudanças econ6omicas e demográficas que ocorreram na Europa ao mesmo tempo. Neste período é o do crescimento das cidades e da economia mercantil. Recomendamos a leitura de: Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos. p.178-186 e Gonzales, Justo, A Era dos Altos Ideais. p. 47-84 O ESCOLASTICISMO O termo "escolasticismo"vem através do latim, da palavra grega "schole", que significa o lugar onde se aprendia. O termo "escolástico"foi aplicado aos professores na corte ou na escola palaciana de Carlos Magno e também aos eruditos medievais que se serviam da filosofia no estudo da religião. Este estudiosos procuravam provar a verdade vigente através de processos racionais em vez de buscar uma nova verdade. Desta forma o escolasticismo pode ser definido como a tentativa de racionalizar a 25
  • 26. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato teologia para que se sustente a fé com a razão. As Causas do Surgimento do Escolasticismo A causa principal foi a emergência na Europa da filosofia de Aristóteles. Outra causa foi o interesse das novas ordens mendicantes pelo uso da filosofia no estudo da revelação. Tomas de Aquino, o grande escolástico, e Alberto Magno, seu mestre, e Guilherme de Occam e Boaventura eram franciscanos. A expansão do movimento universitário, que começou no século XII, deu um lugar para o novo movimento intelectual; tanto é que as universidades logo centralizaram seus currículos em torno do estudo da teologia pela ajuda da lógica e da razão. A universidade de Paria tornou-se ao tempo de Abelardo o centro principal do escolasticismo. O Conteúdo e Metodologia do Escolasticismo Os escolásticos não estavam interessados em buscar a verdade mas em organizar racionalmente um corpo de verdades aceitas, para que, venha ela da revelação através da fé ou filosofia através da razão, pudesse ser um corpo harmônico. A mente medieval buscava uma unidade intelectual, política e eclesiástica. Para os escolásticos, os dados ou o conteúdo de seu estudo estavam fixados definitiva e absolutamente. O conteúdo do seu estudo era a Bíblia, os credos dos concílios ecumênicos e os escritos dos Pais da Igreja, estes se constituíam nas suas fontes, o que eles desejavam resolver era saber se a fé era ou não razoável. Assim como seu conteúdo deveria ser a teologia autorizada da Igreja católica romana, a metodologia escolástica estava muito sujeita à autoridade da dialética ou lógica de Aristóteles. O cientista contemporâneo segue o método empírico da lógica indutiva e só enuncia uma verdade geral com base nos fatos depois de uma longa observação e experimentação. A dialética ou lógica de Aristóteles é mais dedutiva do que indutiva e dá destaque para o silogismo como instrumento da lógica dedutiva. O filósofo dedutivo começa com uma verdade ou lei geral que não prova, mas pressupõe. Ele relaciona esta lei geral a um fato particular e da relação entre a lei geral e o fato particular tira uma conclusão que, por sua vez, torna-se uma nova lei ou verdade geral para ser relacionada a novos fatos. Este método foi tirado pelos escolásticos de Aristóteles. As Escolas do Escolasticismo Embora os escolásticos tinham como base a filosofia grega houve divergências em relação ao tratamento do problema da natureza dos universais ou da realidade última, e relação entre a fé e a razão. Assim temos o realismo e o nominalismo Realismo Sua origem se remonta até o seu autor Platão, o qual declarava que os seres universais tem uma existência independente da mente do pensador ou seja tem uma existência objetiva em algum lugar do universo. Esta filosofia foi resumida na seguinte frase: "os universais existem antes das coisas criadas. Uma boa obra, por exemplo, é apenas uma sombra o reflexo da realidade da bondade que existe objetivamente à parte desta obra. Platão achava, desse modo, que os homens devem olhar para a realidade última além desta vida. Agostinho e Anselmo foram os principais pensadores a aplicar estas idéias à teologia 26
  • 27. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato Nominalismo Por outra parte, esta escola ensinava que somente as coisas particulares são reais e que as universais são meramente as palavras inventadas pelo intelecto. Segundo eles, verdades ou idéias gerais não têm existência objetiva fora da mente; ao contrário, elas são apenas idéias subjetivas formadas pela mente como resultado da observação das coisas particulares. Os universais são apenas nomes de classes. A justiça é simplesmente a idéia decorrente da observação que o homem faz da justiça em ação. Os nominalistas cuidavam mais do indivíduo; os realistas se preocupavam mais com o grupo e a instituição. Figuras do Escolasticismo Anselmo Foi o primeiro dos grandes pensadores desta época. Natural do Piemonte, na Itália, descendia de uma familia nobre e seu pai se opôs a sua carreira monástica. Ele foi feito Arcebispo de Canterrbury em 1093. A importância teológica de Anselmo está em que foi ele quem primeiro, depois de séculos de trevas, voltou a aplicar a razão às questões da fé de maneira sistemática. Anselmo crê primeiro, e depois faz suas perguntas à razão. Seu propósito não é provar alguma coisa depois crer nela, mas demonstrar que o que ele de antemão aceita pela fé é eminentemente racional. Suas obras principais foram Proslogion, Monologion, e Por que Deus se fez homem?. Neste último desenvolveu a sua teoria da Expiação Abelardo Nasceu na Bretanha em 1079, e dedicou boa parte da sua juventude a estudar os mais ilustres mestres do seu tempo. Ele é conhecido sobretudo por sua doutrina da expiação, segundo a qual o que Jesus Cristo fez por nós não foi vencer o demônio, nem pagar nossos pecados, mas nos dar um exemplo e um estímulo para que pudessemos cumprir a vontade de Deus. Também foi importante a sua doutrina ética, ele dava importância especial à intenção de uma ação, e não tanto à ação em si. Tomas de Aquino A dedicação deste mestre foi o desejo de integrar a filosofia natural de Aristóteles com a teologia revelada da Bíblia como interpretada pela Igreja romana. Sua produção literária foi muito intensa e suas duas obras mais conhecidas são: Suma Teológica e Suma contra os gentios. Quanto a relação entre fé e razão afirma que há verdades que estão ao alcançe da razão e outras que estão acima dela. Recomendamos a leitura de: Cairns, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos-187-198. Gonzales, Justo. A Era dos Altos Ideais, 127-169 VI. PRE-REFORMA Logo no início do século XII, surgiram vários movimentos de oposição contra a atitude e o estado da igreja, por parte de homens que conheciam o grande mal nela existente, e que abandonara o seu culto e a comunhão. Não deve ser esquecido que geralmente as conversões eram em massas o que 27
  • 28. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato produzia um cristianismo nominal. Assim que sempre houve dentro da Igreja pessoas que desejavam purificar esta de qualquer anormalidade ou caminhos que fugiam do padrão cristão, mesmo que alguns movimentos beiravam ou eram heresias. Petrobrusianos Surge no sudeste da França, sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Laussane. Ele e os seus seguidores opunham-se a superstição dominante na igreja e a certas formas de culto, como também a imoralidade do clero. Ele rebatizavam após a conversão, eram contra os templos ou igrejas, bem como a cruz. Eram biblicistas embora tenham rejeitado o AT. Cataristas Desenvolveu-se nos fins do século XII e durante o século XIII. Na realidade foi uma igreja rival, pois ela possuía a sua própria organização, o seu ministério, o seu credo, culto. O credo era uma estranha mistura de cristianismo e idéias religiosas orientais. Pensavam que matéria fora criada por Satanás e que ela era a sede e fonte de todo o mal. Por isto não acreditavam que o Filho de Deus tivesse tido um corpo e vida humana. A santidade era alcançada fugindo do poder da carne, negando os desejos ou deles fugindo pelo suicídio. Suas vidas abnegadas e de moral irrepreensível constituiam uma reprimenda ao clero que usava o nome de cristão. Os Valdenses No fim do século XII, um negociante de Lião, chamado Pedro Valdo, movido pelo ensino do capítulo 10 de Mateus, começou a distribuir o seu dinheiro com os pobres e se tornou pregador ambulante do Evangelho. Teve muitos seguidores, As autoridades eclesiásticas logo os excomungaram. Expulsos e considerados inimigos começaram a se organizar como igreja à parte. Era um movimento semi-monástico (pobreza, celibato, consagração ao trabalho religioso itinerante) Eram biblicista em eclesiologia, embora que alguns repudiaram o AT. Só usava a oração dominical e davam ações de graças nas refeições. Ouviam confissões, celebravam juntos a Ceia do Senhor e ordenavam os seus membros ao ministério. Não aceitavam as missas e orações pelos mortos. Negavam o purgatório. João Wycliff O espírito de nacionalismo que se vinha desenvolvendo na Inglaterra preparou o caminho para a obra de Wycliff. Quando ele entrou em luta com o papado em 1375, já a Inglaterra durante 75 anos, pelos seus reis, pelo seu parlamento, e mesmo pelos bispos, resistira a interferência papal nos negócios da Igreja. A primeira investidura de Wycliff foi contra um suposto direito do papa de cobrar impostos ou taxas de Inglaterra. Sustentou a tese de que não haveria distinções de classes dentro do clero. Negou a transubstanciação. Traduziu a Bíblia no vernáculo e a distribuiu em toda Inglaterra. Para ele a suprema autoridade em assuntos religiosos era a Bíblia. Para espalhar entre o povo ea Bíblia e os seus ensinos, ele organizou a ordem dos "lolardos", muitos dos quais eram estudantes de Oxford. João Huss Os ensinos de Wycliff deram origem a outra revolta maior contra a igreja papal chefiada por João Huss. De posse dos livros de Wycliff avidamente bebeu-lhe as idéias. Ensinando as doutrinas de 28
  • 29. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato um "hereje"entrou em conflito com os chefes da igreja papal. Todavia defendeu seu direito de pregar a verdade de Cristo como sentia e a entendia. Excomungado pelo seu desafio ao papa João XXIII, em 1412, ao qual Huss compareceu. escreveu o seu livro mais importante, no qual ensinava que a "Lei de Cristo", isto é, o Novo Testamento, era o guia suficiente para a igreja, e que o papa só podia ser obedecido até onde suas ordens coincidissem com esta lei divina Concílios Reformistas O meio pelo qual propunham reformar a Igreja era um concílio geral, que, segundo a velha teoria, era a suprema autoridade na Igreja. Perdidas as esperanças no papado, os reformadores reviveram essa teoria com um meio de alcançarem os seus propósitos. tentaram isto primeiramente no Concílio de Pisa, num vão esforço para curar o cisma. Pouco tempo depois foi convocado o concílio de Constança que conseguiu restaurar a unidade da igreja. Muitos participantes do Concílio, porém, pretendiam fazer muito mais do que isto. Queriam conseguir o que eles chamavam "a reforma da Igreja da Cabeça aos pés". O concílio era constituindo por um grupo de homens aos quais não faltavam habilidade, intelig6encia e interesse. Também estavam representados os poderes civis quer pessoalmente ou por meio de embaixadores. Não obstante haver muita discussão sobre a reforma, o concílio, depois de três anos, nada conseguiu. Os políticos representantes do papa fizeram um astuto jogo de oposição a qualquer modificação que se chocasse com seus altos interesses pessoais. Zelos nacionalistas dividiram os reformadores. Mas a causa real do fracasso é que não havia entre eles bastante caráter, firmeza de propósitos, entusiasmo moral para atingirem os seus objetivos. Considerações sobre a Reforma de Lutero. Alemanha – Martinho Lutero (1483-1546). • 1483 – Nascimento em Eisleben. • 1502 – bacharel pela Universidade de Erfurt. • 1505 – Mestrado pela Universidade de Erfurt - depois dum temporal, entrada no convento agostiniano de Wittenberg. • 1508 – 17 – Professor. • 1511 – Viagem para Roma. • 1512 – doutorado em teologia pela Universidade de Wittenberg. • 1515 – 16 – preleção sobre os livros de Romanos e Gálatas • 1517 (out. 31) – 95 Teses contra a pregação das indulgências de Tetzel. • 1518 – Frederico, o Eleitor da Saxônia, dá seu apoio – chegada de Felipe a melanchton. • 1519 – Debate em Leipzig contra João Eck (em alguns pontos Hus tinha razão e o concilio de Constança errou). • 1520:  Apelo a Nobreza Germânica (contra a hierarquia romana).  O Cativeiro Babilônico (contra o sistema sacramental de Roma).  Sobre a Liberdade do Homem cristão (contra a teologia romana; afirma que o sacerdócio de todos os crentes). • 1521:  Dieta de Worms (Lutero: Bíblia é a única autoridade cristã) 29
  • 30. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato  Excomunhão por Leão X  Refugio em Wartburgo  Começa a tradução do NT para o Alemão. • 1522:  Volta para Wittenberg  Lançamento do NT em Alemão. • 1525:  Revolta dos camponeses  Admoestação à Paz  Contra o bando de assassino e salteador  Casamento com Catarina Bora • 1526 escreve:  Diesta de Spira - decide que o governante de cada Estado determina a fé no território dele. • 1527 escreve:  Doença e depressão intensa  Composição de Castelo Forte. Pilares da Reforma Protestante. • Sola Scriptura (Somente a Escritura) - afirma a doutrina bíblica de que somente a Bíblia é a única autoridade para todos os assuntos de fé e prática. As Escrituras e somente as Escrituras são o padrão pelo qual todos os ensinamentos e doutrinas da igreja devem ser medidos. Como Martinho Lutero afirmou quando a ele foi pedido para que voltasse atrás em seus ensinamentos: "Portanto, a menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pelo mais claro raciocínio; a menos que eu seja persuadido por meio das passagens que citei; a menos que assim submetam minha consciência pela Palavra de Deus, não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira ajudar-me. Amém." • Sola Gratia (Somente a Graça ou Salvação Somente pela Graça) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é pela graça de Deus apenas, e que nós somos resgatados de Sua ira apenas por Sua graça. A graça de Deus em Cristo não é meramente necessária, mas é a única causa eficiente da salvação. Esta graça é a obra sobrenatural do Espírito Santo que nos traz a Cristo por nos soltar da servidão do pecado e nos levantar da morte espiritual para a vida espiritual. • Sola Fide (Somente a Fé ou Salvação Somente pela Fé) - afirma a doutrina bíblica de que a justificação é pela graça somente, através da fé somente, por causa somente de Cristo. É pela fé em Cristo que Sua justiça é imputada a nós como a única satisfação possível da perfeita justiça de Deus. • Solus Christus (Somente Cristo) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é encontrada somente em Cristo e que unicamente Sua vida sem pecado e expiação substitutiva são suficientes para nossa justificação e reconciliação com Deus o Pai. O evangelho não foi pregado se a obra substitutiva de Cristo não é declarada, e a fé em Cristo e Sua obra não é proposta. 30
  • 31. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato • Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus) - afirma a doutrina bíblica de que a salvação é de Deus, e foi alcançada por Deus apenas para glória de Deus. VII. PROTESTANTISMO NO BRASIL. O termo "evangélico" na América Latina designa as religiões cristãs originadas ou descendentes da Reforma Protestante Européia do século XVI. Está dividido em duas grandes vertentes: o protestantismo tradicional ou histórico, e o pentecostalismo. Os evangélicos que hoje representam 13% dos brasileiros, ou mais de 23 milhões de pessoas, vem tendo um crescimento notável (no Censo de 1991 eram apenas 9% da população - 13,1 milhões). As denominações pentecostais são as responsáveis por esse aumento. Protestantismo histórico - Esse grupo surge no Brasil de duas formas: uma decorre da imigração e a outra, do trabalho missionário. O protestantismo de imigração forma-se na primeira metade do século XIX, com a chegada de imigrantes alemães ao Brasil, em especial à Região Sul, onde fundam, em 1824, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. As igrejas do protestantismo de missão são instituídas no país na segunda metade do século XIX, por missionários norte-americanos vindos principalmente do sul dos Estados Unidos e por europeus. Em 1855, o escocês Robert Reid Kelley funda, no Rio de Janeiro, a Igreja Congregacional do Brasil. Segundo o Censo de 1991, os protestantes tradicionais são 3% da população brasileira e estão concentrados, em sua maioria, no sul do país. Nas últimas décadas, com exceção da Batista, as igrejas protestantes brasileiras ou estão estagnadas, apenas em crescimento vegetativo, ou em declínio. Seus integrantes têm, em média, renda e grau de escolaridades maiores que os dos pentecostais. Presbiterianos - A Igreja Presbiteriana do Brasil é fundada em 1863, no Rio de Janeiro, pelo missionário norte-americano Ashbel Simonton. Maior ramo da igreja presbiteriana do país possui 150 mil membros, 600 pastores e 700 igrejas. Em 1903 surge a Igreja Presbiteriana Independente, com cerca de 50 mil membros. Há ainda outros grupos, como a Igreja Presbiteriana Conservadora (1940) e a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (1966), que somam 5 mil membros. Esta última é a igreja protestante brasileira mais aberta ao ecumenismo. Um de seus fundadores, o reverendo Jaime Wright (1927-1999), foi um dos religiosos que se destacaram na luta contra a tortura durante o regime militar de 1964. Na década de 70 surgem grupos com características pentecostais, como a Igreja Cristã Presbiteriana, a Igreja Presbiteriana Renovada e a Igreja Cristã Reformada. Pelo censo de 1991, têm 498 mil membros. Os presbiterianos mantêm na capital paulista uma das mais importantes universidades do Brasil, a Mackenzie. Luteranos - A Igreja Luterana tem origem em Martinho Lutero, filho de João Lutero, que aos 18 anos tornou-se aluno da Universidade de Erfurt, em cuja biblioteca descobriu uma Bíblia Latina. Na porta da Igreja de Wittenberg afixou suas 95 teses nas quais PROTESTAVA contra os desvios da Igreja Católica (daí o nome Protestantismo, Protestante). Isso ocorreu em 31.10.1517. As primeiras comunidades luteranas de imigrantes alemães se estabelecem no Brasil a partir de 1824, nas cidades de São Leopoldo (RS), Nova Friburgo (RJ), Três Forquilhas (RS) e Rio de Janeiro (RJ). O primeiro templo é construído em 1829, em Campo Bom (RS), e os pastores europeus chegam depois de 1860. Em 1991, há 1 milhão de membros, localizados principalmente no Rio Grande do Sul, e 1,1 milhão em 1995. Até 2000, o número de luteranos, bem como dos demais protestantes históricos, não sofre alteração significativa. Os luteranos, como os anglicanos, estão mais próximos da teologia professada pela Igreja Católica. Em 1999 chegam a assinar um documento histórico em que colocam fim às suas divergências sobre a salvação pela fé. Das correntes luteranas, a maior e mais antiga no 31
  • 32. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato Brasil é a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, com 410 paróquias espalhadas por todos os estados brasileiros, segundo dados da própria igreja. Posteriormente, surgem outras correntes luteranas, como a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, vinda dos Estados Unidos no início do século XX. Metodistas - Primeiro grupo de missionários protestantes a chegar ao Brasil, os metodistas tentam fixar-se no Rio de Janeiro em 1835. A missão fracassa, mas é retomada por Junnius Newman em 1867, que começa a pregar no oeste do estado de São Paulo. A primeira igreja metodista brasileira é fundada em 1876, por John James Ranson, no Rio de Janeiro. Concentrados sobretudo na Região Sudeste, os metodistas reúnem 138 mil fiéis e 600 igrejas em 1991, conforme censo do IBGE. De acordo com o livro Panorama da Educação Metodista no Brasil, publicado pelo Conselho Geral das Instituições Metodistas de Ensino (Cogeime), atualmente são 120 mil membros, distribuídos em 1,1 mil igrejas. Entre os ramos da igreja metodista, o maior e o mais antigo é a Igreja Metodista do Brasil. Sobressaem também a Igreja Metodista Livre, introduzida com a imigração japonesa, e a Igreja Metodista Wesleyana, de influência pentecostal, estabelecida no Brasil em 1967. Os metodistas participam ativamente de cultos ecumênicos. Na educação têm atuação de destaque no ensino superior, com 23 mil alunos matriculados em 2000. Adventistas - Os primeiros adeptos da Igreja Adventista surgem em 1879, em Santa Catarina. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, a maior desse ramo no país, é organizada em Gaspar Alto (SC), em 1896. Em 2000, a instituição estimava ter quase 1 milhão de membros e 3.696 igrejas. Entre os outros ramos que aqui se desenvolvem estão a Igreja Adventista da Promessa e a Igreja Adventista da Reforma. Os adventistas mantêm uma extensa rede hospitalar e estão em todos os estados brasileiros. Batistas - Os batistas chegam ao Brasil após a Guerra Civil Americana e se estabelecem no interior de São Paulo. Um dos grupos instala-se em Santa Bárbara d'Oeste (SP) e funda, em 1871, a Igreja Batista de Santa Bárbara d'Oeste, de língua inglesa. Os primeiros missionários desembarcam no Brasil em 1881 e criam no ano seguinte, em Salvador, a primeira Igreja Batista brasileira. Em 1907 lançam a Convenção Batista Brasileira. Em meados do século, surgem os batistas nacionais, os batistas bíblicos e os batistas regulares, que somam 233 mil membros. Em 1991, o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE registra 1,5 milhão de membros em todo o país. VIII. O MOVIMENTO PENTECOSTAL. Sobre a origem e o desenvolvimento inicial do movimento pentecostal no Brasil, o sociólogo Paul Freston cita “três ondas” ou fases da implantação do Pentecostalismo no Brasil. Primeira Onda: Cristã do Brasil: 1910. Assembléias de Deus: 1911. Essas Igrejas dominaram amplamente o campo pentecostal durante 40 anos. 2. Segunda onda. Igreja do Evangelho Quadrangular (1951). 32
  • 33. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo (1955). Igreja Pentecostal Deus é Amor (1962). Essa Onda coincidiu com o aumento do processo de urbanização do país e o crescimento acelerado das cidades. Terceira Onda. Igreja Universal do Reino de Deus (1977). Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) Igreja Renascer em Cristo, Comunidade Sara Nossa Terra, Igreja Paz e Vida, Comunidades Evangélicas e muitas outras (A partir da década de 80). Estas Igrejas denominadas neopentecostais, com sua ênfase na teologia da prosperidade... Igreja Nova Vida: a) Esta foi importante precursora dos grupos neopentecostais, fundada pelo canadense bispo Robert McAllister, que rompeu com a Assembléia de Deus em 1960. b) Essa igreja foi pioneira de um pentecostalismo de classe média, menos legalista, e investiu muito na mídia. Foi também a primeira igreja pentecostal a adotar o episcopal no Brasil. c) Sua maior contribuição foi treinamento de futuros lideres como Edir Macedo e seu cunhado Romildo R. Soares. d) Outros grupos pentecostais e neopentecostais brasileiros resultaram da chamada renovação carismática. Esse movimento surgiu nos estados Unidos no início dos anos 60, com a ocorrência de fenômenos pentecostais nas igrejas protestantes históricas e também na Igreja Católica Romana. e) No Brasil, a renovação produziu divisões em quase todas as denominações mais antigas, com o surgimento de grupos como: • Igreja Batista Nacional. • Igreja Metodista Wesleyana. • Igreja Presbiteriana Renovada. HISTÓRIA DA ASSEMBLÉIA DE DEUS NO BRASIL No princípio Enquanto o avivamento pentecostal expandia-se e dominava a vida religiosa de Chicago, na cidade de South Bend, no Estado de Indiana, que fica a cem quilômetros de Chicago, morava um pastor batista que se chamava Gunnar Vingren. Atraído pelos acontecimentos do avivamento de Chicago, o jovem foi a essa cidade a fim de saber o que realmente estava acontecendo ali. Diante da demonstração do poder divino, 33 Aqui em Azuza, Street – EUA, inicia-se o sonho.
  • 34. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato ele creu e foi batizado com o Espírito Santo. Pouco tempo depois, Gunnar Vingren participou de uma convenção de igrejas batistas, em Chicago. Essas igrejas aceitaram o Movimento Pentecostal. Ali ele conheceu outro jovem sueco que se chamava Daniel Berg. Esse jovem também fora batizado com Espírito Santo. Ambos eram de origem sueca e membros da igreja batista em seu país, havendo emigrado para a América em épocas diferentes. Ali, não somente tomaram conhecimento do avivamento pentecostal, mas receberam-no individualmente de modo glorioso. Posteriormente, já amigos e buscando juntos o Senhor, receberam Dele a chamada missionária para o Brasil. Através de uma revelação divina, o lugar tinha sido mencionado: Pará. Nenhum dos presentes conhecia aquela localidade. Após a oração, os jovens foram a uma biblioteca à procura de um mapa que lhes indicasse onde o Pará estava localizado. Foi quando descobriram que se tratava de um estado do Norte do Brasil. Era uma chamada de fé, pois para eles, era um lugar totalmente desconhecido. De Chicago a Nova York e de Nova York para o Brasil Gunnar Vingren e Daniel Berg despediram-se da igreja e dos irmãos em Chicago. A igreja levantou uma coleta para auxiliar os missionários que partiam. A quantia que lhes foi entregue só deu para a compra de duas passagens até nova Iorque. Quando lá chegassem, eles não saberiam como conseguir dinheiro para comprar mais duas passagens até o Pará. Porém, esse detalhe não os abalou em nada, nem os deteve em Chicago à espera de mais recursos. Tinham convicção de que haviam sido convocados por Deus. Portanto, era da total responsabilidade de Deus fazer com que os recursos materiais inexistentes necessários à viagem surgissem. Chegaram à grande metrópole, Nova Iorque, sem conhecer ninguém, e sem dinheiro para continuar a viagem. Os dois missionários caminhavam por uma das ruas da cidade, quando encontraram um negociante que conhecia o jovem Gunnar. Na noite anterior, enquanto em oração, aquele negociante sentira que devia certa quantia ao irmão Vingren. Pela manhã, aquele homem colocou a referida importância em um envelope para mandá-la pelo correio, mas enquanto estava caminhando para executar aquela tarefa, viu os dois enviados do Senhor surgirem à sua frente. Surpreso ao ver a maneira especial como Deus trabalhava, o comerciante contou-lhes sua experiência e entregou-lhe o envelope. Quando o irmão Vingren abriu o envelope, encontrou dentro dele 90 dólares - exatamente o preço de duas passagens até o Pará. Assim, no dia 5 de novembro de 1910, os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren deixaram Nova Iorque abordo do navio "CleMent" com destino à Belém do Pará. No início do século XX, apesar da presença de imigrantes alemães e suíços de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais, nosso país era 34
  • 35. Curso de Preparação de Obreiros – Diaconato quase que totalmente católico. A Chegada No dia 19 de novembro de 1910, em um dia de sol causticanteos dois missionários desembarcaram em Belém. Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil. Os missionários não os possuíam amigos ou conhecidos na cidade de Belém. Não traziam endereço de alguém que os acolhessem ou orientasse. Carregando suas malas, enveredaram por uma rua. Ao alcançarem uma praça, sentaram-se em um banco para descansar; e aí fizeram a primeira oração em terras brasileiras. Seguindo a indicação de alguns passageiros com os quais viajaram, os missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg hospedaram-se num modesto hotel, cuja diária completa era de oito mil réis. Em uma das mesas do hotel, o irmão Vingren encontrou um jornal que tinha o endereço do pastor metodista Justus Nelson. No dia seguinte, foi procurá-lo, e contaram-lhe como Deus os tinha enviado como missionários para aquela cidade. Como Daniel Berg e Gunnar Vingren estivessem até aquele momento, ligados à Igreja Batista na América (as igrejas que aceitavam o avivamento permaneciam com o mesmo nome), Justus Nelson os acompanhou à Igreja Batista, em Belém, e os apresentou ao responsável pelo trabalho, pastor Raimundo Nobre. E, assim, os missionários passaram a morar nas dependências da igreja. Alguns dias depois, Adriano Nobre, que pertencia à igreja presbiteriana e morava nas ilhas, foi a Belém em visita ao primo Raimundo Nobre. Este apresentou os missionários a Adriano, que imediatamente mostrou-se interessado em ajudá-los a aprender falar o português. Passado um determinado tempo eles já podiam falar português. Vingren continuou a estudar a língua, enquanto Daniel trabalhava como fundidor. Passado algum tempo, Berg começou a dedicar-se ao trabalho de colportagem. Acende a chama no Brasil Os jovens missionários tinham o coração avivado pelo Espírito Santo, e oravam de dia e de noite. Oravam sem cessar. Esse fato chamou a atenção de alguns membros da igreja, que passaram a censurá-los, considerando-os fanáticos por dedicarem tanto tempo à oração. Mas isso não os abalou. Com desenvoltura e eloqüência, continuaram a pregar a salvação em Cristo Jesus e o batismo com o Espírito Santo, sempre alicerçados nas Escrituras. Todavia, como resultado daquelas orações, alguns membros daquela Igreja Batista creram nas verdades do Evangelho completo que os missionários anunciavam. Os primeiros a declararem publicamente sua crença nas promessas divinas foram as irmãs Celina Albuquerque e Maria Nazaré. Elas não somente creram, mas resolveram permanecer em oração até que Deus as batizasse com Espírito Santo conforme o que está registrado em Atos 2.39. Numa quinta-feira, uma hora da manhã de dois de junho de 1911, na Rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belém, Celina de Albuquerque, enquanto orava, foi batizada com o Espírito Santo. Após o batismo daquela irmã começaria a luta acirrada. Na Igreja Batista alguns creu, porém outros não se predispuseram sequer a compreender a doutrina do Espírito Santo. Portanto, dois partidos 35