SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 37
Baixar para ler offline
2
ARQUITETURA PAISAGÍSTICA
#1
EDIÇÃO
Revista de Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística
Revista do Mestrado Profissional
em Arquitetura Paisagística
Edição#1 | Janeiro|Junho | 2015
EDIÇÃO
DESIGNER
ILUSTRAÇÃO
REVISÃO
ABSTRACTS
CONSULTORIA
EDITORIAL
Lucia Maria Sá Antunes Costa
Cristóvão Fernandes Duarte
Pablo Marques
Pablo Marques
Pablo Marques
Maria Helena Torres
Elvyn Marshall
Adriana Sansão Fontes
Cristovão Fernandes Duarte
Denise B. Pinheiro Machado
Eliane da Silva Bessa
Flavio de Oliveira Ferreira
Ivete Mello Calil Farah
José Barki
Lúcia Maria Sá Antunes Costa
Luciana da Silva Andrade
Margareth da Silva Pereira
Maria Cristina Nascentes Cabral
Naylor Barbosa Vilas Boas
Oscar Daniel Corbella
Pablo Cesar Benetti
Rachel Coutinho Marques da Silva
Raquel Hemerly Tardin Coelho
Rodrigo Cury Paraizo
Rosangela Lunardelli Cavallazzi
Sergio Ferraz Magalhães
Sônia Azevedo Le Cocq d’Oliveira
Victor Andrade
FOTOGRAFIA E
PÓS PRODUÇÃO
UFRJ | Universidade Federal do Rio de Janeiro
Reitor | Carlos Antônio Levi da Conceição
Decano do Centro de Letras e Artes | Flora De Paoli Faria
Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística
Lucia Maria Sá Antunes Costa (coordenadora)
Cristóvão Fernandes Duarte (vice-coordenador)
ARevista Scena chega ao número 21 mantendo o priv-
ilégio de oferecer a seus leitores a palavra do artista.
Na entrevista Eu nunca ensaio, Laura Lima entrelaça
tempos e lugares numa conversa franca e intensa, ver-
dadeiro presente para os estudiosos da arte. Nossos
agradecimentos à artista.
A estrutura das diversas seções é preservada nesta
edição. Todavia, é novo o projeto gráfico, de autoria
de Claudia Mendes, anseio da equipe editorial que
merece nossas felicitações.
A pesquisa realizada por nossos pós-graduados está
presente na seção Artigos: o trabalho fotográfico e os
lugares em que se cruzam memória e ficção (Luiza Bal-
dan); a palavra-imagem no processo de criação artísti-
ca contemporânea (Julie Pires); a discussão sobre a
função do figurino teatral e suas potencialidades (De-
sirée Bastos); a obra plural de Calmon Barreto (Gisele
Rocha) sinalizam uma latitude de interesses. Inserin-
do-se no tema “Ficções”, em foco neste número, es-
crevem dois professores do Programa: Rogério
Medeiros aborda as transformações provocadas no
cinema francês pelo documentário de Jean Rouch,
referência para o cinema brasileiro da década de 1960.
No âmbito da história da arte, Ana Cavalcanti reflete
sobre o caráter ficcional presente na obra de Eliseu
Visconti e nos textos críticos sobre o pintor. Na seção
Colaborações, pesquisadores de outras universidades
contribuem para o debate. Leila Danziger problema-
tiza a prática dos monumentos e a construção da
memória a partir da produção de Jochen Gerz;
Tatiana Martins se interessa pela desintegração das
linguagens em Robert Smithson; Renata Santini anal-
isa o processo artístico de Carlos Vergara em suas
monotipias e deslocamentos. Po fim, Leandro Junque-
ira tece considerações a respeito da crítica, “modo de
ver/ler o mundo”. O Dossiê, que neste número é tam-
bém Reedição, traz Navilouca, parte da revista lança-
da em 1972 por Waly Salomão e Torquato Neto. Suas
proposições poético-visuais revelam a atitude anti-
convencional dos protagonistas da contracultura nos
anos 70. A prática experimental, marca daquela dé-
cada, fundamenta as múltiplas possibilidades na arte
de Hélio Oiticica, Caetano Veloso, Miguel Rio Branco,
Décio Pignatari, entre outros.
O tema “Ficções” retorna em outras abordagens na
seção Temáticas. As relações entre arte, política, per-
cepção sensorial, memória e cinema experimental são
discutidas por Jacinto Lageira, Randolph Jordan,
Jacques Rancière e Hollis Frampton, que generosa-
mente nos permitiram traduzir e publicar seus artigos.
Cristina Salgado, artista e doutora pelo PPGAV, as-
sume a Página Dupla, nela imprimindo sua poética:
singularidade na figuração do corpo, fresta aber-
ta para pensar o gênero, a sexualidade e o humano.
Muito agradecemos sua participação. Por fim, a seção
Resenhas completa esta edição, tratando de livros e
exposições.
Somos gratas à equipe editorial, cujo entusiasmo faz
de Arte & Ensaios uma revista de relevância no meio
artístico e no âmbito das pós-graduações em artes.
Estamos certas de que este trabalho contribuiu para
o excelente conceito do PPGAV na última avaliação
trienal da Capes.
EDITORIAL
Introdução
Mobilidade alternativa e tratamento paisagístico
proposta para o Bairro
da Ferradura, Armação dos Búzios
A expansão do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Subsídios para um Masterplan da área do
antigo horto florestal da Gávea
Rios urbanos e paisagens multifuncionais: o projeto paisagístico
como istrumento de requalificação urbana e ambiental
Entrevista com o arquiteto paisagista Haruyoshi Ono
Projeto Paisagístico do Parque da Boca da Barra
O Passeio Público do Rio de Janeiro
O teatro do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Patrimônio, ambiente e sociedade: novos desafios espaciais
Trabalhos Acadêmicos | Student Works
Entrevista | Entrevista
Projetos Paisagísticos | landscaped
Artigos | Articles
Notícias | News .............................................
.................................................
.........................
..................
..................
..............................
...............
...............
.......
.........
>>
>>
>>
>>
>>
sumário
8
A
o pensar propostas preliminares e diretrizes para uso de paisagens tuteladas, o trabalho procura, nas
justificativas que motivaram a proteção dessas paisagens, encontrar possíveis soluções que aliem a
proteção, mantendo as formas de usos e apropriações que se realizam nesses lugares, em especial
no caso de uma paisagem que tem sua proteção fundamentada na questão cultural, legitimada pelos
tombamentos, e também nos seus valores científicos e ambientais, legitimado por leis ambientais e instituição
de partques ambientais de uso restritivo. O trabalho busca em refêrencias de projeto e bibliográficas as bases
para a fundamentação teórica e prática que subsidie o obejto principal do trabalho que é mitigar os distúrbios
provocados pela ação humana em paisagens tuteladas, de modo que este ambiente consiga voltar a um estado
de estabilidade mesmo com a persistência das ações antrópicas e como a partir do entendimento da paisagem
e dos valores a ela atribuidos é possível contar com a participação das pessoas na preservação destes espaços,
representado aqui pelo Parque da Boca da Barra em Cabo Frio(RJ).
Palavras-chave: ordenamento da paisagem; cultura; ecologia;
T
hinking on preliminary proposals and directions for using protected landscapes, this proposal
looks for; the justifications that motivate the protection of those landscapes, to find possible
solutions that ally the protection, maintaining the human use and appropriations that are done
in those places, especially in the case that when a landscape has its own protection based on a
cultural meaning, legitimated from the listed by the instituions for protection, and its scientifically and
environmental parks. The work looks for referential projects and bibliography for the foundation for the
theory and then to project, underneath the main goal of the work, that is to mitigate the human distur-
bances n waededlandscapes. This way, the environment will return to an equilibrium status, even with
human activities inside, and how, from the inderstanding of the landscape and its values, it’s possivle
to have the participation of the community on the conservation of these places, represented here as an
exemple, the Parque da Boca da Barra (Barra of Mouth Park) in Cabo Frio (RJ).
Keywords: Landscape (ordenamento); Culture; Ecology;
RESUMO I ABSTRACT
#1JA
ACADÊMICOS
9
MOBILIDADE ALTERNATIVA
E TRATAMENTO PAISAGÍSTICO
PROPOSTA PARA O BAIRRO
DA FERRADURA, ARMAÇÃO
DOS BÚZIOS
Amana Romano Vilhena
O presente trabalho tem como tema
principal a mobilidade alternativa
em Armação dos Búzios, estado do
Rio de Janeiro, com a aplicação do
estudo de caso referência no Bairro
da Ferradura.
A pesquisa apresenta uma propos-
ta de mobilidade alternativa para o
Bairro da Ferradura, Armação dos
Búzios, em que a sua via principal,
a Avenida Parque, recebe tratamen-
to paisagístico em termos de ade-
quação para a circulação voltada a
pedestres e ciclistas e composição
paisagística por meio da arborização
do percurso. Mediante a produção
dos diversos sentidos dos conceitos
mobilidade e paisagem, foi possível
alcançar o entendimento da mobil-
idade alternativa como meio eficaz
de integrar os diferentes modais a
uma rede de percursos em que pe-
destres e ciclistas são os atores prin-
cipais. A priorização da circulação
não motorizada e a criação de es-
paços de permanência ao longo do
percurso estimulam a atração das
pessoas para as ruas e induzem a
apropriação desses espaços, esta-
belecendo uma relação da mobili-
dade com a vitalidade urbana.
ALTERNATIVE MOBILITY AND LANDSCAPING
PROPOSAL FOR THE HORSESHOE NEIGHBORHOOD, ARMACAO
DOS BUZIOS
Amana Romano Vilhena
his dissertation focuses on alternative mobility in Armação dos Búzios, in Rio
de Janeiro state, with a reference case in Ferradura neighborhood.
The research presents a proposal for alternative mobility in which Parque Av-
enue, Ferradura’s main road, receives landscaping treatment adjusted to pedes-
trians and bicycles and with the inclusion of landscaping composition and tree
planting. The production of different meanings for the concepts mobility and
landscape lead to the understanding of alternative mobility as an efficient way
to integrate transport vehicles and systems into a resource net and to the cre-
ation of conviviality spaces along the road that attract people to the streets and
invite them to take hold of these spaces, whereby a relation between mobility
and urban vitality is established.
The preservation of the urban landscape can be improved by the presence of
users who get hold of the spaces where they move about or remain. This dynam-
ic of space appropriation through movement leads to the emergence of new
services to the public and promotes integration and social diversity. The main
aspects of the study are collective spaces for circulation and permanence that
link the center of town, the Ferradura lagoon and Ferradura beach, aiming to
promote rides on boats, kayaks and sail boats and strolls along the treks that
surround them.
AN/JUN
2015
ACADÊMICOS
10
PROJETO PAISAGÍSTICO
REFETENTE A PARQUE
DA BOCA DA
BARRA
Marta Alves
Da antiga Peroanas, que esá de-
sativada restaram as quadras de
cristalização de sal que foram tom-
adas pela água e se transformaram
em grandes pscinas utilzadas pe-
los moradores vizinhos para pescar
peixes e siris. A separação entre a
salina e o canal de Itajurú é realiza-
do por um antigo marnel que hoje
funciona como uma estrada (Estra-
da dos Espardarte) de ligação ao
Parque da Boca da Barra.
O marnel é um dique que serve
para represar a água que é bombea-
da do Canal para as quadras de cris-
talização. Nas quadras o sal é cris-
talizado com a evaporação da água,
depois de granulada o sal é puxa-
do com rodos e armazenados nos
galpões para serem encamihados
às refinarias. O bombeamento das
águas era feito por moinhos de ven-
tos.
LANDSCAPE DESIGN RELATED TO HE HORBOR MOUTH PARK
Marta Alves
his dissertation focuses on alternative mobility in Armação dos Búzios, in Rio
de Janeiro state, with a reference case in Ferradura neighborhood.
The research presents a proposal for alternative mobility in which Parque Av-
enue, Ferradura’s main road, receives landscaping treatment adjusted to pedes-
trians and bicycles and with the inclusion of landscaping composition and tree
planting. The production of different meanings for the concepts mobility and
landscape lead to the understanding of alternative mobility as an efficient way
to integrate transport vehicles and systems into a resource net and to the cre-
ation of conviviality spaces along the road that attract people to the streets and
invite them to take hold of these spaces, whereby a relation between mobility
and urban vitality is established.
#1JA
PROJETO
11
AN/JUN
2015
PROJETO
#1JA
PROJETO
12
No centro de visitantes foi propos-
ta a criação de um espaço educativo
composto de salas de aula auditório
e uma biblioteca que pode servir
também como espao de exposições,
porque se verificou que é prática de
algumasescolas einstituiçõeslocais,
como a Secretarioa de Esportes,
realizar aulas práticas de conheci-
mento e visualização do patrimônio
geológico e da fauna e flora local.
As caminhadas ecológicas, como
são chamadas, tem início no local
onde está sendo proposto o centro
de visitantes e onde atualmente ex-
istem alguns bares com abrigos de
palha. As caminhadas são divididas
em duas etapas, uma de conheci-
mento da trilha do farol e a segunda
de conhecimento da trilha da Praia
Brava. Do ponto onde se localizará
o centro de visitantes os alunos par-
tem para a primeira trilha (farol)
que é mais leve e mais aberta. De-
pois retornam ao ponto inicial, onde
descansam um pouco,se alimentam
e então partem para a segunda tril-
ha (Praia Brava) que exige um pouco
mais de resistência e tem uma mata
mais fechada.
Esse local, onde atualmente ex-
istem os bares, funciona como um
espaço de lazer para aqueles que
buscam a praia durante fins de sem-
ana e feriados, mas também serve
como local, onde estudantes, pro-
fessores e outros pesquisadores
aportam antes de se lançarem nas
trilhas da Praia Brava e do Farol, du-
rante os dias da semana. Optou-se
por manter os bares e restaurantes
que serve aos dois grupos de usuári-
os (pesquisadores e pessoas em
busca de lazer), mas criar também
um local dorado de infraestrutura
capaz de receber esses grupos que
chegam ao Parque da Boca da Barra
em busca de conhecimento a cerca
desse patrimônio geológico, arque-
ológico e da diversidade faunística e
florística ímpar.
In the visitor center was proposed to create an educational space composed of
auditorium classrooms and a library that can also serve as an exhibition space,
because it was found that it is the practice of some schools and local institutions
such as the Secretarioa Sports, perform practical lessons knowledge and visual-
ization of geological heritage and the local fauna and flora. The nature walks, as
they are called, begins at the site where it is being proposed to the visitor center
and where there are currently few bars with thatched shelters. The walks are
divided into two stages, a knowledge of the lighthouse trail and the second of
knowledge of the track Brava Beach. From where will be located the visitor cen-
ter students leave for the first track (lighthouse) that is lighter and more open.
After returning to the starting point, where they rest a little, feed and then run
to the second track (Brava Beach) that requires a little more strength and has a
more dense forest.
This site, where currently there are bars, works as a leisure space for those
who seek the beach during weekends and holidays, but also serves as a place
where students, faculty and other researchers show before they launch on the
trails of Brava Beach and the lighthouse, during the days of the week. We decid-
ed to keep the bars and restaurants serving both user groups (researchers and
people in search of recreation), but also create a local infrastructure dorado able
to receive these groups arriving at Boca da Barra Park in search of knowledge
about the geological, archaeological and heritage of faunistic and floristic diver-
sity unmatched.
13
#1JA
PROJETO
14
15
#1JA
PROJETO
16
17
#1JA
PROJETO
18
No Parque da Boca da Barra se
constatou a ecistência de dois tipos
de trilhas: uma mais etilizada e que
tem uma relação mais forte com o
centro urbano e outra d caráter mais
selvagem e menos utilizada.
A primeira trilha corresponde
aquela que leva ao Farol e aos pon-
tos de visualização das ilhas, oceno,
e costões rochosos. O uso dessa tril-
ha é mais intenso devido à proxim-
idade com a Ilha do Japonês. Como
a mairo parte dos usuários que fre-
quentam o Parque da Boca da Bar-
ra o faz buscando a Ilha do Japonês,
alguns mais curiosos costumam faz-
er trlhas até o farol. Essa trilha tem
uma vegetação mais esparsa e em
grande parte rasteira. Outro aspec-
to dessa trilha é o fato de sempre
ser possível ter uma visualização do
centro urbano de Cabo Frio, o que
reforça esse laço de proximidade
com a cidade. Como é bastante uti-
lizada se verifica que essa trilha é
caracterizada pela presença de mui-
tos caminhos.
A outra trilha direcionada a visi-
tante à Praia Brava. Essa é uma trilha
menoss utilizada, emora existam al-
gumas clareiras, predomina a mata
fechada ao longo da trilha. A Praia
de ndas fortes costuma ser utilizada
por surfistas.
A proposta é que essas trilhas re-
cebam tratamentos diferentes. Na
trilha para o farol, denominada nes-
sa proposta como TRILHA HISTÓRI-
CO- GEOLÓGICA, propõe-se o esta-
belecimneto de um caminho único,
eliminando todos os outros que cor-
tam os morros costeiros, permitin-
do dessa forma que a vegetação
se reestabeleça. Propõem-se dois
tipos de acabamentos nessa trilha:
saibro e madeira intercalados. O
uso de madeira seria uma forma de
reforçar essa relação com a outra
margem do Canal de Itajurú, onde
no acesso ao Morro do Arpoador,
foi utilizada uma trilha em madeira.
Na TRILHA PRAIA BRAVA, propõe-
se a instalação de um calçamento
em pedra ao longo da trilha, mas
mantendo o caráter ‘selvagem’ da
mesma. O calçamento em pedra é
uma solução adotada, por exmplo,
em Arraial do Cabo, cidade vizinha,
no acesso à Praia do Forno. Como é
uma trilha muito utilizada por moto-
ciclitas e ciclistas, em alguns pontos
a trilha apresenta suicos, dificutan-
do o acesso de pedestres. O calça-
mento em pedra tem como objetivo
conferir maior estabilidade para os
diversos usuários da trilha.
Boca da Barra Park found the ecistência of two types of trails: a more etilizada
and that have a stronger relationship with the urban center and another d Wild-
er character and less used.
The first track is the one that leads to the lighthouse and the points of view of
the Islands, Ocean, and rocky shores. The use of this trail is more intense due to
the proximity to the island from the Japanese. As the mairo part of users who at-
tend the Boca da Barra Park makes seeking the island from the Japanese, a few
more curious usually do trlhas to the lighthouse. This trail has a vegetation more
sparse and largely trailing. Another aspect of this track is the fact of always be
possible to have a preview of the urban center of Cabo Frio, which reinforces this
bond of closeness to the city. How widely used it appears that this track is char-
acterized by the presence of many paths.
The other trail directed at visitors to the brave beach. This is a trail used emora
want there are some clearings, predominates the dense forest along the trail.
The ndas usually strong Beach used by surfers.
The proposal is that these tracks receive different treatments. On the trail to
the lighthouse, called this proposal as historical and GEOLOGICAL TRAIL, pro-
poses to the living of a single path, eliminating all other cutting the coastal hills,
allowing in this way the vegetation if reset. We propose two types of finishes
this track: gravel and wood interspersed. The use of wood would be a way of
strengthening this relationship with the other side of the Itajurú channel, where
access to Morro do Arpoador, used a wooden track.
In the BRAVE BEACH, proposed the installation of a stone pavement along the
trail, but keeping the character ‘ savage ‘ of same. The Cobbles in stone is a solu-
tion adopted, for example, in Arraial do Cabo, nearby town, access to the beach
from the oven. How is a trail widely used by cyclists and motociclitas, at some
points the trail presents 50.00, dificutando pedestrian access. The Cobbles at
pedra aims to give greater stability to the various users of the trail.
19
O PASSEIO PÚBLICO DO
RIO DE JANEIRO

Mônica Bahia Schlee
Resenha da revista:
LEITURAS PAIS-
AGÍSTICAS: TEORIA E PRÁXIS. Vol-
ume 1: (Re)construindo a paisagem
do Passeio Público: historiografia e
práticas projetuais. 
Rio de Janeiro,
EBA/UFRJ, 2006. ISSN 1808-0540
A revista Leituras Paisagísticas:
Teoria e Práxis, lançada em abril de
2006 pelo Grupo de Pesquisa em
História do Paisagismo da Escola
de Belas Artes da Universidade do
Rio de Janeiro, traz propostas insti-
gantesatodosqueseinteressampe-
los estudos da paisagem: estimular
discussões teóricas e metodológicas
sobre as diferentes formas de atu-
ação na paisagem e difundir estudos
sobre a transformação, salvaguarda
e recuperação dos espaços livres pú-
blicos. E, dessa maneira, se propõe
a colaborar na construção de um
conteúdo crítico sobre a produção
paisagística brasileira.
The Public Promenade in Rio de Janeiro
Mônica Bahia Schlee
Magazine review: READINGS landscape: THEORY AND
PRAXIS. Volume 1: (Re) constructing the landscape of Pub-
lic Promenade: historiography and projective practices.
Rio de Janeiro, EBA / UFRJ, 2006. ISSN 1808-0540 [photo:
Public Promenade in Rio de Janeiro, Photo Marc Ferrez re-
produced from postcard]
The magazine Readings landscape: Theory and Praxis,
released in April 2006 by the Research Group on History
of Landscape Architecture School of Fine Arts, University
of Rio de Janeiro, brings exciting proposals to all who are
interested in the landscape studies: stimulate theoretical
discussions and methodological about the different ways
of working in the landscape and disseminate studies on
the processing, preservation and recovery of public open
spaces. And in this way, it is proposed to collaborate in
building a critical content on the Brazilian landscape pro-
duction.
The first volume of the journal is dedicated to record and
discuss relevant issues that emerged from the seminar
presentations (Re) constructing the landscape of Public
Promenade: historiography and projective practices and
debates that they followed. This seminar also promoted by
the Research Group on History of Landscape EBA / UFRJ,
was held in 2004 in Rio de Janeiro headquarters of Bra-
zil’s Institute of Architects and aimed to discuss concepts,
methodologies and results of a comprehensive interven-
tion in the Public Garden of Rio de January, conducted by
the City Council from 2001 to 2004, through the Parks and
Gardens Foundation, which recovered the track, part of
vegetation and garden monuments, amended several re-
forms during the twentieth century.
Passeio Público do Rio de Janeiro, foto de Marc Ferrez reproduzida a partir de cartão postal
20
Ao ressaltar os atributos paisagísti-
cos da Baía da Guanabara e deles tirar
partido para a formação de uma “iden-
tidade urbana” carioca. Em 1862, a
composição paisagística do jardim, es-
truturada a partir de um sistema de al-
amedas retilíneas, foi profundamente
modificada por Auguste Marie François
Glaziou.
Devido à importância do Passeio
Público do Rio de Janeiro como obra
paisagística e urbanística emblemática
em mais de um momento da evolução
urbana carioca, o seminário foi estru-
turado em duas sessões: historiografia
e práticas projetuais. A mesma organi-
zação foi adotada neste primeiro vol-
ume da revista.
A primeira delas, intitulada Histo-
riografia e apresentada pela professora
Virgínia Vasconcellos, reuniu três estu-
dos sobre a evolução histórica do Pas-
seio Público: o jardim no século XVIII,
sob o olhar de Cláudio Taulois; o Pas-
seio Público de Glaziou, de autoria de
Carlos Terra; e o Passeio Público no sé-
culo XX, a cargo de Jane Santucci.
Cláudio Taulois, ao analisar as es-
tratégias de composição do Passeio
Público proposto por Mestre Valentim
no século XVIII, revelou que este não
foi apenas um projeto paisagístico para
um novo espaço livre público, mas con-
stituiu-se em um plano urbanístico que
incluiu o redesenho das articulações
entre este e a malha existente, com
o objetivo de valorizar uma das áreas
para onde a cidade oitocentista se ex-
pandia (não por acaso, em direção à
zona sul). Esta intervenção refletiu, no
espaço urbano, os anseios da socie-
dade emergente por uma política de
“modernização” que traduzisse a nova
ordem social e econômica pela qual as-
pirava a colônia.
O jardim público inseriu-se no sí-
tio como uma “seqüência lógica de
definições de traçado a partir da cidade
e da paisagem existente”, segundo este
autor. É bom lembrar também que este
projeto expressava a ideologia ilumini-
sta, que chegava à colônia através de
sua aristocracia administrativa, na es-
teira da expansão cultural européia.
The construction of a “garden-gazebo” was configured as a major innovation
at the time, to highlight the landscape features of Guanabara Bay and take ad-
vantage of them for the formation of an “urban identity” Rio. In 1862, the land-
scape composition of the garden, structured from a straight boulevards system,
was profoundly modified by Auguste Marie François Glaziou.
Because of the importance of the Public Promenade in Rio de Janeiro as land-
scape and urban emblematic work in more than one moment of Rio’s urban evo-
lution, the seminar was divided into two sessions: historiography and projective
practices. The same organization was adopted in this first volume of the journal.
The first, entitled Historiography and presented by Professor Virginia Vascon-
cellos, met three studies on the historical evolution of the Public Garden: The
garden in the eighteenth century, under the eye of Claudio Taulois; Public Ride
Glaziou, authored by Carlos earth; and the Public Garden in the twentieth centu-
ry, in charge of Jane Santucci.
Claudio Taulois, when analyzing the composition of the Public Road strategies
proposed by Mestre Valentim in the eighteenth century, revealed that this was
not just a landscape design for a new public space, but consisted in an urban plan
that included the redesign of the joints between this and the existing network, in
order to enhance one of the areas where the nineteenth-century city expanded
(not by chance, toward the south). This intervention reflected in the urban space,
the desires of the emerging society by a policy of “modernization” to translate
the new social and economic order in which aspired to colony.
The public garden was part of the site as a “logical sequence trace settings
from the city and the existing landscape,” according to this author. It is good to
remember that this project expressed the Enlightenment ideology, which reached
the colony through its administrative aristocracy in the wake of European cultur-
al expansion.
A CONSTRUÇÃO DE UM
JARDIM-MIRANTE
CONFIGUROU-SE COMO UMA
GRANDE INOVAÇÃO NA ÉPOCA”
“ #1JA
artigo
21
AN/JUN
2015
artigo
Em relação à conjuntura local, esta
operação urbana, que compreendeu
o aterro da já então completamente
poluída Lagoa do Boqueirão, foi es-
tratégica para higienizar e prover
infra-estrutura (principalmente o
acesso à água, distribuída nos cha-
farizes e fontes projetados) para a
área urbana que se pretendia con-
solidar. E talvez tenha sido mesmo
decisiva para sedimentar este vetor
de expansão em direção à zona sul.
Os fundos de terrenos, anterior-
mente voltados para a lagoa, foram
convertidos em valorizadas facha-
das descortinadas para um espaço
público destinado à contemplação
da paisagem da Baía da Guanabara,
como observou Taulois.
O professor Carlos Terra investigou
a concepção paisagística elaborada
por Glaziou, destacando a intensa
transformação que este promoveu
na organização formal e no ponto
de vista único que caracterizavam o
jardim de Mestre Valentim, substi-
tuídos pela possibilidade de planos
de visada diversos, articulados en-
tre si através de caminhos sinuosos
que induzem a uma leitura gradual
da paisagem, e mesmo possibilitam
o vivenciar de composições interde-
pendentes que podem ser aprecia-
das isoladamente.
No entanto, como lembrou a ar-
quiteta Jeanne Trindade em seu ar-
tigo, citando estudo de Naylor Villas
Boas (1), o projeto de Glaziou res-
peitou a articulação básica do es-
paço proposta por Mestre Valentim
ao manter a continuidade entre os
principais elementos de composição
anteriores – portão-jardim-fonte-
terraço-mar – que conduzem o ob-
servador até a paisagem da baía.
É oportuno lembrar também que,
mesmo tendo incorporado a estru-
tura e o uso de elementos do jardim
pictórico inglês, adotados na época
pelos países europeus, como assi-
nalou Terra, Glaziou se apropria e
valoriza a imagem da floresta den-
tro da cidade, ainda que idealizada
e traduzida pelo uso preponderante
de espécies exóticas. O elemento
vegetal, anteriormente organizado
de modo uniforme ao longo das ala-
medas retilíneas, passa a ser protag-
onista na composição da paisagem
do jardim.
In relation to the local environment, this urban operation, which included the land-
fill already then completely polluted pond Boqueirão was strategic to sanitize and
provide infrastructure (especially access to water, distributed in fountains and pro-
jected sources) for the urban area it was intended to consolidate. And maybe it was
even decisive for sedimentary this vector expansion towards the south. Land funds,
previously focused on the lagoon, facades were converted into valued unveiled to a
public space for the landscape contemplation of Guanabara Bay, as noted Taulois.
Professor Carlos Earth investigated the landscape design developed by Glaziou,
highlighting the intense transformation that this promoted the formal organization
and unique point of view that characterized Valentine Master garden, replaced by
the possibility of several targeted plans, articulated through winding paths that lead
to a gradual reading of the landscape, and even enables the experience of interde-
pendent compositions which can be considered in isolation.
However, as noted architect Jeanne Trinity in his article, citing study Naylor Villas
Boas (1), the Glaziou project respected the basic articulation of space proposed by
Mestre Valentim to maintain continuity between the previous major compositional
elements - gate -Garden-source-terrace-sea - leading the observer to the bay land-
scape.
It should also remember that even having built the structure and the use of English
pictorial garden elements, adopted at the time by European countries, as pointed
Earth, Glaziou appropriates and values the forest image within the city, although ide-
alized and translated the predominant use of exotic species. The vegetable element,
previously arranged uniformly along the straight boulevards, becomes protagonist in
the garden landscape composition.
22
Esta concepção foi encampada pela ar-
istocracia local que incentivou a repro-
dução desta linha compositiva em outros
espaços livres construídos ou reformados
entre as décadas de 1860 e 1880, com a
intenção de construir uma nova identi-
dade para a capital do império, expressar
novamente no espaço público seu anseio
de contemporaneidade e estimular a
noção de civilidade na sociedade cario-
ca, utilizando como símbolo o elemento
natural. Embora admirada e empregada
como modelo estético para os desenhos
paisagísticos implantados nesta época na
cidade.
No entanto, os autores também nos
mostram que este jardim público, desde
sua inauguração no século XVIII, sempre
esteve associado a um lugar de lazer e
recreio, ao menos para alguns estratos
da sociedade, como também mencionou
Taulois.
Ao fim do século XIX, o uso destinado à
recreação se intensifica com a instalação
em seu interior de cafés (que já faziam
parte da composição de Glaziou) e bares,
como o Chopp Berrante do Passeio, um
aquário marinho e, até mesmo, sessões
de cinema ao ar livre, “à sombra do ar-
voredo, ... em localização privilegiada
Antes derivava-se de uma visão românti-
ca de natureza, baseada em uma estética
de inspiração inglesa (2).
Carlos Terra e Jane Santucci levantaram
algumas questões que vale a pena exam-
inar mais detidamente. Segundo estes
pesquisadores, períodos de uso e aban-
dono constituíram uma dinâmica que
perpassou toda a existência do Passeio
Público do Rio de Janeiro.
pelo panorama e pela brisa marinha”,
como observou Santucci. Ao reconstituir
a localização e a ambiência da época de
funcionamento de alguns equipamentos
instalados no Passeio entre 1900 a 1937
(os já citados Chopp Berrante, o aquário
marinho, e também o Teatro-Cassino e o
Cassino BeiraMar), a autora indica que
estes funcionavam como atrativos para
a população carioca, aumentando a fre-
qüência ao local.
This concept was taken over by the local aristocracy who encouraged the
reproduction of this compositional line in other open spaces built or reno-
vated between the 1860s and 1880s, with the intention of building a new
identity for the capital of the empire, again express his longing in the public
space of contemporary and stimulate the notion of civility in Rio society,
using as a symbol natural element. Although admired and used as an aes-
thetic model for landscape drawings deployed at this time in the city.
Before derived is a romantic vision of nature based on an English-inspired
aesthetic (2).
Carlos Earth and Jane Santucci raised some issues worth examining more
closely. According to these researchers, use and abandonment periods con-
stituted a dynamic that pervaded the existence of the Public Promenade in
Rio de Janeiro.
However, the authors also show us that this public garden, since it opened
in the eighteenth century, has always been associated with a place of lei-
sure and recreation, at least for some segments of society, as also men-
tioned Taulois.
At the end of the nineteenth century, the use for the recreation intensifies
the installation inside cafes (which were already part of Glaziou composi-
tion) and bars, as Chopp Horn Ride, a marine aquarium and even sessions
outdoor cinema, “the shade of the trees ... in prime location the panorama
and the sea breeze “, as noted Santucci. To reconstruct the location and the
ambience of the working time of some equipment installed in the Walk be-
tween 1900-1937 (the aforementioned Chopp Horn, the marine aquarium,
and also the Theatre-Casino and Casino BeiraMar), the author indicates
that they worked as attractive to the cariocas, increasing the frequency to
the site.
A REPRESENTAÇÃO DA
FLORESTA, QUE ERA ASPIRADA
DENTRO DOS LIMITES URBANOS,
NÃO PROVINHA DA NATUREZA
TROPICAL LOCAL
#1JA
artigo
23
AN/JUN
2015
artigo
Santucci mostra, com apoio de interes-
sante material iconográfico e da pesqui-
sa arqueológica, como as modificações
radicais ao longo do século XX no suporte
físico ambiental no qual se insere o Pas-
seio Público – os três aterros que o dis-
tanciaram gradativamente da orla da baía
(1903, 1920-1922 e 1952-1960) e os des-
montes dos morros que os possibilitaram
– alteraram sua função principal de um
parque público voltado à contemplação
da paisagem deslumbrante da Baía da
Guanabara. Esta nova situação, associada
à retirada dos equipamentos no interior
do jardim e à mudança nos hábitos de
lazer do carioca, que elegeu a praia como
sua principal área de recreação e des-
canso, acabou por afastar a população
e propiciar um gradual processo de de-
gradação do local.
Além de chamar atenção para a im-
portância do uso na manutenção da vi-
talidade de um espaço livre público, es-
tes três pesquisadores demonstraram
como os diversos momentos do passado
e o presente se fundiram neste espaço,
imprimindo marcas que resultaram em
uma paisagem-palimpsesto, como sa-
lientou Santucci (3). Estes são aspectos
importantes que devem ser levados em
consideração para orientar futuras obras
de restauração e revitalização de espaços
livres públicos.
Rubens de Andrade, paisagista e
pesquisador que atuou como debatedor
na primeira sessão do seminário e que
também assina artigo neste volume, in-
staurou o debate ao interrogar o leitor
sobre o processo de interação entre a so-
ciedade e a paisagem e seu rebatimento
nas ações e políticas de restauração dos
jardins históricos e sítios paisagísticos no
Brasil praticadas até o presente.
O processo de restauração do Passeio
Público do Rio de Janeiro tem o mérito
de iniciativa pioneira, devido aos proced-
imentos metodológicos que adotou, e é
um passo importante para a preservação
dos jardins históricos brasileiros. Sua de-
scrição encontra-se bem documentada
na segunda seção da revista, intitulada
Práticas Projetuais, aberta pela arquite-
ta-paisagista Flávia Braga, onde são apre-
sentadas as abordagens metodológicas
que embasaram todo o processo, entre
2001 (data de início do projeto) à 2004 (
data de término das obras), pela equipe
de profissionais e pesquisadores Nelson
Porto Ribeiro, Jackeline Macedo, Vera
Dias de Oliveira e Jeanne Trindade. Tam-
bém aqui, foram levantados alguns pon-
tos que instigam a reflexão.
Santucci shows, with the support of interesting iconographic and archae-
ological research material, as the radical changes throughout the twentieth
century in environmental hardware which incorporates the Public Garden
- the three landfills that gradually distanced Bay waterfront (1903, 1920
-1922 and 1952-1960) and takedowns of the hills which enabled them -
changed its main function of a public park facing the contemplation of the
stunning scenery of the Bay of Guanabara. This new situation, coupled with
the withdrawal of the equipment inside the garden and the change in the
Rio leisure habits, which elected the beach as the main area of recreation
and rest, eventually depart the population and provide a gradual local deg-
radation process .
In addition to calling attention to the importance of using in maintaining
the vitality of a public space, these three researchers demonstrated how the
various moments of the past and the present merged in this space, printing
brands which resulted in a landscape-palimpsest, as pointed Santucci (3).
These are important aspects that must be considered to guide future works
of restoration and revitalization of public open spaces.
Rubens de Andrade, landscape and researcher who served as discussant
in the first session of the seminar and also signs an article in this volume,
brought the debate to question the reader about the process of interac-
tion between society and the landscape and its repercussion in the actions
and policies of restoration of historic gardens and landscaped sites in Brazil
practiced to the present.
The Public Garden of the restoration process of Rio de Janeiro has the
merit of pioneering initiative, due to methodological procedures adopted,
and is an important step for the preservation of Brazilian historical gardens.
His description is well documented in the second section of the magazine
entitled projective Practices, opened by the architect-landscaper Flavia Bra-
ga, where the methodological approaches that supported the whole pro-
cess from 2001 (project start date) to 2004 are (date the completion of
works), by the team of professionals and researchers Port Nelson Ribeiro,
Jackeline Macedo, Vera Dias de Oliveira and Jeanne Trinity. Here, too, were
raised some points that prompt reflection.
24
Logo de início, Nelson Porto Ribeiro in-
forma que a orientação que norteou o
projeto de restauro, definida por um gru-
po transdisciplinar que incluiu arquitetos,
paisagistas e historiadores integrantes
das equipes da Fundação Parques e Jar-
dins, Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional e Ópera Prima Arquite-
tura e Restauro, empresa contratada para
desenvolver o projeto e executar as obras,
foi a de privilegiar, como referência, o
projeto de Glaziou, uma vez que a quase
totalidade da composição paisagística
proposta por Mestre Valentim havia se
perdido, e mesmo alguns elementos in-
troduzidos posteriormente e destruídos
pelas reformas implantadas ao longo do
século XX não deveriam ser reproduzi-
dos, sob pena de constituir-se como “fal-
so histórico”.
É digna de nota a reconstituição de
vestígios e fragmentos importantes dos
diversos momentos de transformação do
Passeio Público carioca, postos à luz pela
pesquisa arqueológica, elaborada em
atendimento aos decretos municipais nº
22.872 e 22.873, de 07 de maio de 2003.
O processo de elaboração desta pesquisa,
embasado pelas diretrizes e procedimen-
tos indicados nas cartas patrimoniais e na
teoria de restauro de jardins históricos
(4) e bem documentado pela arqueóloga
Jackeline Macedo em seu artigo, eviden-
ciou a superposição de dois projetos de
jardim (um de autoria de Mestre Valen-
tim, o outro de Glaziou) e a localização
exata das intervenções posteriores que,
em alguns casos, chegaram mesmo a per-
turbar a integridade de ambos os pro-
jetos. As descobertas, no entanto, não
foram descortinadas ao público na sua
totalidade.
A seguir, Vera Dias de Oliveira descre-
veu os procedimentos metodológicos e
técnicos utilizados nas fases de diagnósti-
co e restauro dos monumentos, escul-
turas, pontes, guarda-corpos e parte da
infra-estrutura do Passeio Público, com o
apoio de imagens que mostraram diver-
sas etapas deste processo.
Early on, Nelson Ribeiro Port informs that the orientation that guided the
restoration project, defined by a cross-disciplinary group that included ar-
chitects, landscape architects and historians members of the teams Parks
and Gardens Foundation, the Heritage Institute for National Artistic and
Opera Prima Architecture and Restoration, a company contracted to devel-
op the project and run the works, was to focus, as a reference, the Glaziou
project, since almost the entire landscape composition proposed by Mestre
Valentim was lost, and even some elements subsequently released and de-
stroyed by the reforms implemented during the twentieth century should
not be played, so as not to constitute itself as “false history”.
It is worthy of note reconstitution of remains and important fragments
of the various moments of transformation of Rio’s Public Garden, made
light by archaeological research, drawn up in compliance with local ordi-
nances No. 22 872 and 22 873 of 07 May 2003. The drafting process this
research, based the guidelines and procedures in the property cards and
historical gardens restoration theory (4) and well documented by archaeol-
ogist Jackeline Macedo in his article, showed the superposition of two gar-
den projects (a Valentine Master of authorship, the other of Glaziou) and
the exact location of subsequent operations which in some cases have even
disrupt the integrity of both designs. The findings, however, have not been
unveiled to the public in their entirety.
Then Vera Dias de Oliveira described the methodological and technical
procedures used in the stages of diagnosis and restoration of monuments,
sculptures, bridges, railings and part of the Public Promenade in infrastruc-
ture, with the support of images showing each stage of process.
#1JA
artigo
25
AN/JUN
2015
artigo
Trindade apresentou as várias fases
deste processo de reconstituição, que in-
cluiu inventário florístico, visita a outros
espaços livres desenhados por Glaziou,
resgatededocumentoshistóricosprimári-
os e mapeamento da situação atual de
insolação e sombreamento, esclarecendo
também que o plantio especificado ainda
não foi finalizado devido à insuficiência
de recursos destinados a esta etapa da
obra.
As questões citadas pelos paisagistas e
pesquisadores que atuaram como moder-
adores e debatedores no seminário e que
assinam artigos neste volume convidam
ao aprofundamento das discussões nas
próximas edições da revista.
Flávia Braga mencionou um pon-
to-chave na discussão sobre o processo
de restauração de patrimônios históricos
culturais, quer sejam edificados ou livres
de edficação: a questão da temporali-
dade. Qual o momento a ser restaurado?
Quais as implicações e cuidados ao se
definir um recorte temporal?
Outra questão importante, também
apontada por Eduardo Barra, debatedor
na segunda sessão do seminário, é a da
adequação e escala da sinalização, ilu-
minação e mobiliários contemporâneos
propostos, sua inserção e interferência
nos jardins históricos.
Barra, em seu artigo, fez outra consid-
eração sobre a qual seriam bem-vindas
informações adicionais: os efeitos ambi-
entais das obras executadas no subsolo
da área de entorno do Passeio ao longo
das últimas décadas e suas implicações
nas condições do solo, lençol freático e,
conseqüentemente, na drenagem e nas
condições da vegetação dentro dos lim-
ites do parque. Ao final, Leonardo Ladeira
Mota oferece um breve relato do proces-
so de restauração do Passeio Público e
sumariza as palestras que deram origem
aos artigos que compõem este volume.
As informações teóricas e técnicas
apresentadas, o detalhamento das aná-
lises dos planos urbanísticos e paisagísti-
cos e das intervenções arquitetônicas
que se realizaram em momentos históri-
cos diversos, o registro iconográfico do
processo de recuperação dos elementos
essenciais, dos vestígios encontrados e
o registro fotográfico do momento se-
guinte à reconstrução já valem a leitura
deste primeiro número da revista Leitu-
ras paisagísticas: Teoria e práxis.
Trinity presented the various stages of this process of reconstitution,
which included floristic survey, visit other open spaces designed by Glaziou,
rescue primary historical documents and mapping the current situation of
sunshine and shade, also stating that the specified planting has not yet
been finalized due to insufficient resources for this stage of the project.
The issues cited by landscapers and researchers who acted as moderators
and panelists at the seminar and signing articles in this volume invite deep-
ening of discussions in the next editions of the magazine.
Flavia Braga mentioned a key point in the discussion of the restoration
process of cultural heritage sites, whether built or edficação free: the ques-
tion of temporality. What is the time to restore? What are the implications
and care by setting a time frame?
Another important issue, also mentioned by Eduardo Bar, debater in the
second session of the seminar is the suitability and scale signage, lighting
and proposed contemporary furnishings, input and interference in historic
gardens.
Barra, in his article, made another account on which would be welcomed
additional information: the environmental effects of the works performed
in the basement of walking around the area over the last decades and its
implications on soil conditions, water table and, consequently, the drainage
and the vegetation conditions within the park boundaries. Finally, Leonardo
Ladeira Mota offers a brief account of the Public Garden of the restoration
process and summarizes the discussions which led to the articles that make
up this volume.
The theoretical and technical information presented, the details of the
analysis of urban and landscape plans and architectural interventions that
took place in different historical moments, the iconographic record of the
recovery process of the essential elements, the remains found and photo-
graphic recording of the next moment the reconstruction are worth reading
this first issue of landscape Readings: Theory and practice.
26
O panorama de abordagens referentes
ao tema da restauração de jardins históri-
cos divulgados nesta edição oferece em-
basamento teórico e técnico para fu-
turos estudos neste campo disciplinar e
extrapola mesmo esta temática, ao des-
vendar detalhes sobre as transformações
paisagísticas decorrentes dos planos ur-
banísticos operadas pelo poder público
nesta área da cidade.
Amparados pelas contribuições de San-
tucci, Terra e Taulois, os leitores poderão
também refletir sobre as formas de incen-
tivar o uso de espaços livres públicos com
caráter histórico com vistas a estancar seu
processo de abandono e manter sua vital-
idade no espaço urbano contemporâneo,
tornando-os algo mais que museus-sítios
arqueológico a céu aberto. E, por fim, in-
stigados por Eduardo Barra, opinar sobre
o papel do arquiteto-paisagista no pro-
cesso de restauro de espaços livres públi-
cos com caráter histórico e da integração
efetiva de campos disciplinares diversos
nesta forma de atuar e reabilitar pais-
agens.
Mônica Bahia Schlee é paisagista e ur-
banista da Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro e professora do Departamento de
Urbanismo da Escola de Arquitetura e Ur-
banismo da Universidade Federal Flumi-
nense.
1)
VILLAS BOAS, Naylor Barbosa. O Pas-
seio Público do Rio de Janeiro: análise
histórica através da percepção do es-
paço. Dissertação de Mestrado. Rio de
Janeiro: PRO-ARQ/FAU. 2000.
2)
Ver também CRANDELL, Gina. Na-
ture pictorialized: the view in landscape
history. Baltimore: The Johns Hopkins
University Press. 1993; SEGAWA, Hugo.
Ao amor do público: jardins no Brasil .
São Paulo: Nobel. 1996 e SCHLEE, Môni-
ca Bahia. Cultural Perceptions of Nature
and Urban Landscape Changes: The Case
Study of Rio de Janeiro, Brazil. Present-
ed in the CELA CONFERENCE/ COUNCIL
OF EDUCATION OF LANDSCAPE ARCHI-
TECTURE. Guelph, Ontario: University of
Guelph. 2000.
3)
HARVEY, David. 1990. “Between
Space and Time: Reflections on the Geo-
graphical Imagination.” Annals of the
Association of American Geographers
80: 418-34 e SCHLEE, Mônica Bahia. Ce-
nografia Urbana e Qualidade Ambiental
na Cidade do Rio de Janeiro. Dissertação
de Mestrado. São Paulo: FAU/USP. 1999.
4)
NAJJAR, Rosana (org). Manual de Ar-
queologia Histórica do IPHAN. Brasília:
IPHAN/ 6ª Superintendência Regional.
2002.
The panorama of approaches on the subject of the restoration of historic
gardens released this edition offers theoretical and technical basis for fu-
ture studies in this subject area and even goes beyond this theme, to unveil
details about the landscape changes resulting from urban plans operated
by the government in this area city.
Supported by contributions from Santucci, Earth and Taulois, readers may
also reflect on ways to encourage the use of public open spaces with histor-
ical character in order to stop its abandonment process and maintain its vi-
tality in the contemporary urban space, making them something more than
archaeological sites, museums in the open. Finally, instigated by Eduardo
Bar, opinion on the role of the architect-landscaper in the restoration pro-
cess of public open spaces with historic character and the effective integra-
tion of various disciplines in this way of acting and rehabilitate landscapes.
Monica Bahia Schlee is landscape and urban planner of the City of Rio de
Janeiro and Professor, Department of Urban Planning School of Architec-
ture and Urbanism of the Universidade Federal Fluminense.
27
ENTREVISTA COM O
ARQUITETO PAISAGISTA
HARUYOSHI ONO.
Antônio Agenor Barbosa e
Stela Rodrigues
Haruyoshi Ono é hoje um do s mais
importantes arquitetos paisagistas
em atuação no Brasil. Não obstan-
te este constatação, trata-se de um
paisagista que, dentre outras tantas
características marcantes da sua per-
sonalidade, foi o mais importante e
constante discípulo de Roberto Bur-
le Marx, com quem trabalhou de
1965 até 1994, ano em que faleceu o
grande mestre.
Durante três décadas Haru como é
carinhosamente chamado pelos mais
próximos, foi o principal e mais próxi-
mo interlocutor e colaborador de Ro-
berto Burle Marx em diversos rojetos
paisagísticos no Brasil e no exterior.
Após a morte de Burle Marx (em
19940, Haru não só passou a coman-
dar o escritório, como diversas de-
cisões de natureza empresarial a ser-
em tomadas, como também teve que
lidar, cotidianamente, com o legado
deste renomado artista que foi Burle
Marx.
Durante cerca de três horas de boa
conversa, realizada no seu escritório
no Bairro de Laranjeiras no Rio de Ja-
neiro, Haru foi, aos poucos, revelando
aspectos preciosos da sua formação e
também da sua personalidade bas-
tante peculiar que, nitidademente,
revela ao interlocutor muitas carac-
terísticas da cultura japonesa, da qual
fazia parte seus antepassados.
De forma muito tranquila e sem
nenhuma afetação, vaidade ou pe-
dantismo Haruyoshi Ono fala de seu
trabalho que considera, de alguma
forma, inserido num processo de con-
tinuidade do que já vinha fazendo nos
muitos anos em que colaborou com
Burle Marx.
INTERVIEW WITH
LANDSCAPE ARCHITECT
HARUYOSHI ONO.
Antônio Agenor Barbosa e
Stela Rodrigues
Haruyoshi Ono is now one of the most important s landscape architects oper-
ating in Brazil. Despite this finding, it is a landscape that, among many other
striking features of his personality, was the most important and constant dis-
ciple of Roberto Burle Marx, with whom he worked from 1965 until 1994, the
year of his death the great master.
For three decades Haru as it is affectionately called by close, was the main
and closest partner and collaborator Roberto Burle Marx in several landscaped
rojects in Brazil and abroad.
After the death of Burle Marx (in 19940, Haru has not only command the of-
fice, as several decisions of a business nature to be taken, but also had to deal
daily with the legacy of this renowned artist who was Burle Marx.
For about three hours of good conversation, held in his office at the Laran-
jeiras district of Rio de Janeiro, Haru was gradually revealing precious aspects
of their training and also its peculiar personality, nitidademente, the caller
reveals many features Japanese culture, which was part of their ancestors.
Very quiet and without any affectation, vanity or pedantry Haruyoshi Ono
talks about his work that considers way, somehow entered a process of con-
tinuity of what was already doing in the many years that collaborated with
Burle Marx.
#1JA
ENTREVISTA
28 Antônio Agenor Barbosa e Stella Ro-
driguez: O senhor poderia nos falar
como foi a sua formação, tanto no âm-
bito acadêmico e também profission-
al, como arquiteto e, particularmente,
como paisagista?
Haruyoshi Ono: Fiz o ginásio e o
científico no Colégio Cruzeiro. Depois
fiz vestibular para a Faculdade Nacio-
nal de Arquitetura, na época Univer-
sidade do Brasil, em 1964, e em 1968
me formei como arquiteto. Esta é,
portanto, minha formação acadêmi-
ca. Enquanto eu ainda cursava ar-
quitetura, tive contato com o profes-
sor Antônio Leitão, que era o nosso
professor de desenho artístico, e fiz
parte do seu escritório de arquitetu-
ra. Mais tarde ingressei no ateliê de
Roberto Burle Marx como estagiário,
em 1965, e de estagiário passei para
desenhista dentro do escritório. Ao
me formar arquiteto fui chamado
para ser sócio da empresa. E contin-
uei até a morte de Roberto, em 1994.
Portanto, fui sócio do escritório Burle
Marx & Cia. Ltda. de 1968 até 1994, e,
desde então, dirijo a empresa.
AAB / SR: O senhor é nascido no Rio?
HO: Nasci no Rio de Janeiro, no bairro
do Rio Comprido, em 1943.
Antonio Agenor Barbosa and Stella Rodriguez: Could you tell us how your
training, both in the academic and professional also, as an architect, and par-
ticularly as a landscaper?
Haruyoshi Ono: I did the gym and in the scientific College Cruise. Then I en-
trance exam for the National School of Architecture at the time University of
Brazil in 1964 and in 1968 I graduated as an architect. This is therefore my ed-
ucation. While I still was studying architecture, I had contact with the teacher
Antonio Leitao, who was our teacher of artistic design, and made part of his
architectural firm. Later I entered the studio of Roberto Burle Marx as a train-
ee in 1965 and went to designer intern in the office. When I graduate architect
was called to be a company partner. I continued until the death of Robert, in
1994. So I went partner office Burle Marx & Cia. Ltda. 1968 to 1994, and since
then drive the company.
AAB / SR: You are born in Rio?
HO: I was born in Rio de Janeiro, in the neighborhood of Long River, in 1943.
Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional do Verde, Osaka - Foto: [Ruy Ohtake Arquitetura e Urbanismo]
#1JA
ENTREVISTA
29
AN/JUN
2015
ENTREVISTA
AAB / SR: E a sua opção pelo Paisagis-
mo se deu basicamente pelo encontro
com o Burle Marx?
HO: Sim, basicamente foi. Mas eu
sempre tive interesse por vegetação
ainda em minha infância. A minha
mãe, por exemplo, gostava muito
de plantas também e nós tínhamos
um pequeno quintal em casa. Minha
mãe era japonesa e o interesse dela
por plantas não tinha origem e nem
relação direta com paisagismo ou jar-
dins orientais. Apenas ela gostava de
conviver e tratar das plantas, e com
isso aprendi muita coisa com ela. Esse
foi meu primeiro encontro com a veg-
etação. Mais tarde, lógico, com o Bur-
le Marx fui aprendendo praticamente
quase tudo que eu sei até hoje.
AAB / SR: Que tipo de plantas sua mãe
cultivava?
HO: Eram na sua maioria plantas an-
uais e exóticas. Tinham dálias de di-
versas florações, muitos crisântemos,
algumas árvores, e cravinhos e viole-
tas. Ela apreciava muito essas plantas
por causa da floração e do cheiro. As
azaléias eram especiais para ela. E no
meio de tudo isto as buganvílias se
destacavam por suas belas florações.
Como o nosso quintal era pequeno,
eram as árvores da vizinhança que me
impressionavam muito.
AAB / SR: Então sua infância aconte-
ceu em um espaço que tinha um jar-
dim?
HO: Sim. Num pequeno espaço nos-
so, particular, “o quintal”, que a gente
chamava de jardim. E tinham ainda
os arredores, as ruas bem arboriza-
das. Mas isto já não era mais no Rio
Comprido, bairro onde nasci, e sim
em Senador Camará, para onde me
mudei aos seis anos de idade quando
saímos do centro da cidade e fomos
para a zona rural. E foi em Senador
Camará que passei minha infância e
onde nós moramos por muito tem-
po. Lá era bom porque era cercado
de mata, tinha um rio atrás, um rio
pequeno que as pessoas se banha-
vam. Havia ainda bois e vacas perto
da casa, pastando.
AAB / SR: And its choice Landscaping was driven by the encounter with the
Burle Marx?
HO: Yes, basically was. But I always had interest in vegetation even in my child-
hood. My mother, for example, was very fond of plants and also we had a
small yard at home. My mother was Japanese and her interest by the plants
had no origin and not directly related to landscaping or oriental gardens. As
she liked to live and deal with plants, and thus learned a lot from her. This was
my first encounter with the vegetation. Later, of course, with the Burle Marx I
learned just about everything I know today.
AAB / SR: What kind of plants cultivated his mother?
HO: They were mostly annual and exotic plants. They had several blooms
dahlias, chrysanthemums many, some trees, and cloves and violets. She en-
joyed much these plants because of the flowering and the smell. The azaleas
were special to her. And amidst all this bougainvillea stood out for its beautiful
blooms. As our yard was small, were the trees in the neighborhood that im-
pressed me a lot.
AAB / SR: So your childhood happened in a space that had a garden?
HO: Yes. In our small space, particular, “the yard”, which we called garden.
And still had the surroundings, well-lined streets. But this was no more in
the Long River, the neighborhood where I was born, but in Senador Camara,
where I moved to six years old when we left the city center and went to the
countryside. And it was in Senador Camara I spent my childhood and where
we live long. There was good because it was surrounded by woods, had a river
behind, a small river that people bathed. There were bulls and cows near the
house, grazing.
30
AAB / SR: E a sua infância foi ali, nesse
ambiente... O senhor tem irmãos?
HO: Minha infância foi no meio de
jamelões, mangas, laranjas. Tenho
dois irmãos. Um mais velho e outro
mais novo. Nós três apreciávamos
muito essa vida na zona rural. Nas
horas de lazer tinham os jogos de bola
– boa época, não é? – pipas, pião,
aquelas brincadeiras de ruas, bandei-
rinhas etc. Eu ainda me recordo bem.
AAB / SR: Então, a experiência com a
natureza e o contato com as plantas
estavam ali bem próximas de vocês. E
o teu pai?
HO: Hoje penso que o mais impor-
tante não era esse contato com a veg-
etação, mas sim de um modo geral
o contato com a terra. Meu pai era
comerciante, e em função disso, por
causa do seu trabalho, fomos morar
em Senador Camará. Eu saí de lá com
16 ou 17 anos, mais ou menos.
Eu comecei a estudar no Centro do
Rio de Janeiro, em 1950, no Colégio
Cruzeiro. No meio do ano letivo nos
mudamos e fiquei sem estudar alguns
meses por falta de vaga na escola. No
ano seguinte fui matriculado numa es-
cola particular chamada Colégio São
José. Era uma turma muito engraçada
porque tinham alunos desde o curso
primário o ginasial. Havia aulas de in-
glês junto com português, francês, e
a crianças pequenas no meio, numa
sala ampla dividida em grupos.
Depois fui para uma escola pública
onde fiquei até o curso de admissão.
Prestei uma espécie de concurso para
uma escola estadual, já em Campo
Grande, ainda na zona rural. Campo
Grande era naquela época um bair-
ro do Rio de Janeiro, desenvolvido e
distante. Hoje é tudo ligado, diferente
daquele tempo. E ali eu estudei por
dois anos, o primeiro e o segundo gi-
nasial. Terceiro ginasial eu já vim faz-
er aqui no Rio, no Colégio Cruzeiro,
voltando à origem. Era um colégio
alemão, bilíngüe e tínhamos a opção
de cursar em alemão ou não. Ainda
hoje é considerado um bom colégio
aqui no Rio de Janeiro. Concorria na
época com o Colégio Pedro II.
AAB / SR: And your childhood was there, in that environment ... Do you have
siblings?
HO: My childhood was in the middle of jamelões, mangoes, oranges. I have
two brothers. An older and one younger. We were enjoying the three very life
in the countryside. In the leisure hours had the ball games - good time, right?
- Kites, spinning top, those jokes streets, flags etc. I still remember well.
AB / SR: So the experience with nature and the contact with the plants were
there right next to you. And your father?
HO: Today I think the most important thing was not that contact with vegeta-
tion, but in general the contact with the earth. My father was a merchant, and
because of this, because of their work, we live in Senador Camara. I left there
with 16 or 17 years or less. I started studying in downtown Rio de Janeiro in
1950, the College Cruise. In the middle of the school year we moved and I
was not studying a few months for lack of place at the school. The next year I
was enrolled in a private school called St. Joseph College. It was a very funny
because class had students from primary school to junior high. There were
English classes along with Portuguese, French, and for young children in the
middle, a large room divided into groups.
Then I went to a public school where I stayed until the intake stroke. Pay a kind
of competition to a state school, already in Campo Grande, still in the coun-
tryside. Campo Grande was then a neighborhood of Rio de Janeiro, developed
and distant. Today is all on different that time. And there I studied for two
years, the first and the second junior. Junior third I’ve come here to do in Rio,
the College Cruise, returning to the origin. Was a German school, bilingual and
had the option of studying in German or not. Is still considered a good school
here in Rio de Janeiro. Was running at the time with the College Pedro II.
#1JA
ENTREVISTA
31
AN/JUN
2015
ENTREVISTA
AAB / SR: And there were living with their grandparents as well?
HO: No I did not know nearly my grandparents. My maternal grandmother I
met in a few days visits here in Rio de Janeiro. My paternal grandfather I only
saw once in São Paulo. Were Japanese.
AAB / SR: And you had some contact with Japan it? Traveled during his child-
hood and adolescence?
HO: No, during childhood contact with Japanese culture was through my par-
ents. My father worked in an import and export shop for groceries and Japa-
nese objects, then there was contact with these Japanese officials. Also, inside
the customs, food and language were preserved. As a teenager contact was
higher, because my father went to work at the Japanese embassy and that we
now have greater contact with the Japanese.
AAB / SR: And you had the opportunity to go to Japan? And the first time was
at what age?
HO: I slept several times in Tokyo because there was the scale to go see the
development of the KLCC Park project in Kuala Lumpur. However, only in 1990
had the opportunity to spend a few days in Japan, visiting several cities. Our
office was invited by the Japanese Government to the Brazil Pavilion Garden
in Green International Exposition in Osaka, known as EXPO 90. We invite the
architect Ruy Ohtake to the pavilion architecture and we did the garden.
AAB / SR: And your choice of architecture study, as happened?
HO: The architecture was an accident in my life. At the time I wanted to do
Agronomy, was my first choice, I but I did not adapt to that environment. The
following year made new entrance exam, this time for Architecture and In-
dustrial Design. The evidence was concomitant, but the result of Architecture
came before. When I heard that had been approved, I chose her.
AAB / SR: E havia o convívio com seus
avôs também?
HO: Não. Eu não conheci pratica-
mente meus avôs. A minha avó ma-
terna eu conheci em visitas de poucos
dias, aqui no Rio de Janeiro. O meu
avô paterno eu só vi uma vez no inte-
rior de São Paulo. Eram japoneses.
AAB / SR: E o senhor tinha algum con-
tato com o Japão mesmo? Viajou du-
rante sua infância e adolescência?
HO: Não, durante a infância o conta-
to com a cultura japonesa era através
dos meus pais. Meu pai trabalhava
numalojadeimportaçãoeexportação
de mantimentos e objetos japone-
ses, então havia contato com esses
funcionários japoneses. Além disso,
dentro de casa os costumes, a ali-
mentação e a linguagem eram preser-
vadas. Já na adolescência o contato
foi maior, pois meu pai passou a tra-
balhar na Embaixada do Japão e com
isto passamos a ter maior convívio
com os japoneses.
AAB / SR: E o senhor já teve a opor-
tunidade de ir ao Japão? E a primeira
vez foi com que idade?
HO: Dormi várias vezes em Tóquio,
pois lá fazia a escala para irmos ver
o desenvolvimento do projeto do
Parque KLCC, em Kuala Lumpur. En-
tretanto, somente em 1990 tive a
oportunidade de passar alguns dias
no Japão, visitando várias cidades. O
nosso escritório foi convidado pelo
Governo japonês para fazer o jardim
do Pavilhão do Brasil na Exposição In-
ternacional do Verde, em Osaka, con-
hecida como EXPO 90. Convidamos o
arquiteto Ruy Ohtake para fazer a ar-
quitetura do pavilhão e nós fizemos o
jardim.
AAB / SR: E a sua opção pelo estudo
de arquitetura, como se deu?
HO: A arquitetura foi um acidente na
minha vida. Na época eu queria faz-
er Agronomia, foi a minha primeira
opção, passei mas não me adaptei
àquele ambiente. No ano seguinte
fiz novo vestibular, desta vez para
Arquitetura e Desenho Industrial. As
provas eram concomitantes, mas o
resultado da Arquitetura saiu antes.
Quando soube que tinha sido aprova-
do, optei por ela.
32
AAB / SR: Mas tudo tem uma aprox-
imação pela história do seu interesse
do contato com a natureza, com a ter-
ra, certo?
HO: No final das contas, no meu tra-
balho profissional, eu acabei tenden-
do pra esse lado da natureza.
AAB / SR: Agronomia não deu certo
por quê?
HO: Por causa do ambiente que eu
não gostei muito.
AAB / SR: Roberto Burle Marx mor-
reu em 1994 e, desde então, nestes
últimos 18 anos, o senhor é que está
à frente da empresa ainda chamada
Burle Marx & Cia. Ltda. Comente a re-
speito do seu trabalho no escritório
nestes últimos 18 anos.
HO: Após a morte de Roberto, con-
cluímos os trabalhos pendentes onde
ele estava à frente. Houve um inter-
valo de tempo, uma pequena inter-
rupção de uns três a quatro anos em
que nós tivemos muita dificuldade de
conseguir novos trabalhos.
Eu não tinha a experiência de divulgar
o escritório; não era como o Roberto
que saía muito, conversava, tinha um
relacionamento social muito grande.
Por causa disso tivemos, de fato, uma
série de dificuldades após a morte
dele. Alguns arquitetos, conhecidos
nossos, amigos, nos ajudaram bastan-
te nessa época. E, aos poucos, fomos
conseguindo pequenos trabalhos e
reconquistando o espaço...
AAB / SR: But everything has an approach the his-
tory of your interest contact with nature, with the
earth, right?
HO: In the end, in my professional work, I just
tend to that side of nature.
AAB / SR: Agronomy did not work why?
HO: Because of the environment that I did not
like.
AAB / SR: Roberto Burle Marx died in 1994 and,
since then, in these last 18 years, you are standing
in front of the company still called Burle Marx &
Cia. Ltda. Comment about your work in the office
these past 18 years.
HO: After the death of Robert, concluded pend-
ing jobs where he was ahead. There was a time,
a small interruption of about three to four years
that we had a hard time finding new jobs.
I had no experience of disseminating the office;
Roberto was not like coming out very, talked, had
agreatsocialrelationship.Becauseofthatwehad,
in fact, a number of difficulties after his death.
Some architects, known our, friends, helped us a
lot at that time. And gradually, we were getting
small jobs and regaining the space ...
#1JA
ENTREVISTA
33
AN/JUN
2015
ENTREVISTA
Um grande trabalho praticamente
ocupava todo o nosso tempo, o Kuala
Lumpur City Centre Park, na Malásia.
Fomos convidados a projetar esse tra-
balho quando o Burle Marx já estava
muito doente. Ele foi duas vezes para
lá, com muita dificuldade e sem pod-
er ajudar muito. Mas a figura dele era
importante, porque os donos do em-
preendimento se apoiavam no nome
dele. Nessa época éramos seis ar-
quitetos efetivos, além dos estagiári-
os e desenhistas e, naturalmente tín-
hamos que manter essa turma toda.
Conseguimos entregar o trabalho;
fizemos um bom trabalho e ficamos
satisfeitos. Esse projeto terminou em
1997, foi executado e entregue ao pú-
blico logo após.
A partir daí os trabalhos começaram
a surgir naturalmente: pequenos tra-
balhos, portarias de prédios, refor-
mas de jardins e até pequenas inter-
venções, como nas Vilas Olímpicas.
Na época o governo do Estado estava
muito ligado aos esportes. Então fize-
mos vários parques, como o Parque
da Maré, no caminho do Aeroporto do
Galeão, que hoje está totalmente des-
figurado em relação ao nosso projeto.
Fizemos uma série de Vilas Olímpicas,
que eram intervenções pequenas em
determinados bairros e em várias ci-
dadezinhas aqui perto, no nosso en-
torno, Nova Iguaçu, Caxias, Nilópolis,
Belford Roxo, Mesquita, entre outros.
A great job practically occupied all of our time, the Kuala Lumpur City Centre
Park, Malaysia. We were asked to design this work when the Burle Marx was
already very ill. He was twice there, with great difficulty and unable to help
much. But his figure was important, because the owners of the project re-
lied on his name. At that time we were six permanent architects, in addition
to trainees and designers and of course we had to keep the whole class. We
were able to deliver the work; did a good job and we were pleased. This proj-
ect ended in 1997, was executed and delivered to the public soon after.
From there the work began to emerge naturally: small jobs, ordinances build-
ings, gardens reforms and even small interventions, such as the Olympic Vil-
lages. At the time the state government was very connected to sports. So
did several parks, such as Tide Park, on the road to Rio International Airport,
which today is completely disfigured in relation to our project. We made a
number of Olympic Villages, which were small interventions in certain neigh-
borhoods and in several small towns near here, in our surroundings, Nova
Iguaçu, Caxias, Nilópolis, Belford Roxo, Mosque, among others.
34
AAB / SR: O senhor disse que o Parque
da Maré está desfigurado, como de-
screve essa situação?
HO: Fizemos dois projetos para o
Parque da Maré. O primeiro em 1991
foi totalmente executado conforme o
nosso projeto. Na época, a execução
ficou por conta de nossa equipe – ar-
quitetos e jardineiros, juntamente
com pessoas das comunidades que
compunham o Complexo da Maré,
que na época eram sete ou oito. Após
a entrega do parque à população,
lamentavelmente não houve o apoio
da Prefeitura para a sua conservação
e então o parque foi decaindo até que
chegou à degradação. Após alguns
anos, em1996,fomos contratados no-
vamente para reestudar o Parque, ag-
ora pela Secretaria de Habitação. De-
cidiram derrubar tudo o que restava
do remanescente e a recomendação
era partir da estaca zero, transforman-
do-o em um Parque Esportivo, já que
a cidade nessa época vivia a febre das
vilas olímpicas, voltadas mais para o
Esporte. Dessa forma projetamos para
a área um complexo esportivo aquáti-
co com piscinas olímpicas, saltos or-
namentais, vestiários e atendimento
médico, entre outras funções, e um
campo de futebol com dimensões ofi-
ciais com arquibancadas e vestiários,
além de várias quadras polivalentes
e pistas de atletismo. Havia também
playgrounds para diferentes idades,
praças de convivência e de alimen-
tação. Cada atividade era entremeada
por uma vegetação arbórea, planta-
da em grupos da mesma espécie, de
forma a identificar visualmente cada
área. Ligando esses grupamentos pro-
pusemos o plantio de palmeiras, ora
em renques, ora em grupos, em ter-
renos modelados formando pequenas
ondulações. Para amenizar o forte
calor do sol, enquanto as árvores não
estavam desenvolvidas, projetamos
em todas as áreas de estar pérgulas
com plantas trepadeiras. O Parque foi
executado parcialmente. O que ve-
mos atualmente é um parque cercado
por painéis “antirruído” com o intuito
de esconder as construções das co-
munidades, abandonado e ocupado
por animais soltos (cavalos, porcos,
cachorros etc.), por uma instituição
religiosa e pela própria Policia Militar.
AAB / SR: You said that the Tide Park is disfigured, as describes this situation?
HO: We did two projects for the Tide Park. The first in 1991 was fully im-
plemented as our project. At the time, the implementation was done by our
team - architects and gardeners, along with people in the communities that
made up the Complexo da Maré, who at the time was seven or eight. After
the public park of delivery, unfortunately there was the support of the City for
their conservation and then the park was declining until he came to degrada-
tion. After a few years, in 1996, were hired again to revisit the park, now by
the Housing Department. They decided to take down all that remained of the
remnant and the recommendation was from scratch, turning it into a Sports
Park, since the city at that time lived fever of Olympic villages, aimed more
for Sport. Thus we project to the area a water sports complex with Olym-
pic swimming pools, diving, medical dressing rooms and service, among oth-
er functions, and a football field with official dimensions with bleachers and
locker rooms, and several multipurpose courts and athletic fields. There were
also playgrounds for different ages, coexistence and power markets. Each ac-
tivity was interspersed with an arboreal vegetation, planted in groups of the
same species, in order to visually identify each area. Connecting these groups
have proposed the planting of palm trees, sometimes in rows, sometimes in
groups, modeled on land forming ripples. To soften the strong heat of the
sun, while the trees were not developed, designed in all living areas pergolas
with climbing plants. The Park was run partially. What we see today is a park
surrounded by panels “glazed” in order to hide the construction of communi-
ties, abandoned and occupied by loose animals (horses, pigs, dogs etc.), by a
religious institution and by the Military Police.
35
de esconder as construções das co-
munidades, abandonado e ocupado
por animais soltos (cavalos, porcos,
cachorros etc.), por uma instituição
religiosa e pela própria Policia Militar.
AAB / SR: Mas, além dos fatos sociais
que, em sua opinião, desfiguraram o
projeto, quando se faz uma paisagem
tem que haver uma manutenção, cer-
to?
HO: É claro. É preciso que haja um
controle por parte dos responsáveis.
Não cabe a nós projetistas fazer isso,
até porque esse trabalho de educação
e preocupação em preservar e man-
ter o espaço nós já havíamos feito na
época junto às pessoas de cada co-
munidade. Algumas eram muito cor-
diais e dialogavam conosco, tanto é
que nesse período conseguimos fazer
várias pequenas praças nos pequenos
espaços que sobravam e que seriam
urbanizados. Pelo menos, projetos e
sugestões para amenizar a aridez e a
falta de áreas verdes, eu posso garan-
tir que entregamos. Fizemos vários
projetos por dentro das comunidades.
E eram dezenas de projetos, inclusive
num lugar onde a área lembrava de
longe a do Parque do Flamengo, em
muito menor escala, por onde pas-
sava um riacho (um córrego muito
poluído que cheirava mal e que até
hoje deve estar assim). Ao longo, im-
plementamos várias áreas de esporte
e de lazer, playgrounds e áreas de es-
tar, ligadas por uma ciclovia. Foi na
época do Prefeito Marcelo Alencar,
quando o Secretário de Cultura era o
Dr. Leonel Kaz.
to hide the construction of communities, abandoned and occupied by loose
animals (horses, pigs, dogs etc.), by a religious institution and by the Military
Police.
AAB / SR: But beyond the social facts that, in his view, marred the project,
when it is a landscape has to be a maintenance, right?
HO: Of course. There needs to be a control on the part of those responsible. It
is not for the designers we do this, because this education work and concern
to preserve and maintain the space we had already done at the time with the
people of each community. Some were very friendly and dialogued with us, so
much so that this period could make several small squares in small spaces left
over and would be urbanized. At least, projects and suggestions to ease the
dryness and the lack of green areas, I can guarantee that we deliver. We did
several projects within the communities. And there were dozens of projects,
including in places where the area reminded by far the Flamengo Park, on a
much smaller scale, she passed a stream (a very polluted stream that smelled
bad and that today should be so). Throughout, we implemented various areas
of sports and leisure facilities, playgrounds and sitting areas, connected by a
bike path. It was at the time of Mayor Marcelo Alencar, when the Secretary of
Culture was Dr. Leonel Kaz.
#1JA
ENTREVISTA
36
AAB / SR: O senhor é frequentemente
tratado como um discípulo de Burle
Marx. Como o senhor recebe esta afir-
mação?
HO: Com naturalidade, não sou nem a
favor e nem contra com esta situação
(risos). Me chamam assim, não é? E é
verdade, é como me sinto e continuo
sendo, porque eu sigo os seus con-
ceitos e não nego isso.
AAB / SR: O senhor não acha que de-
pois da morte dele houve uma quebra
e/ou ruptura no seu trabalho individu-
al com os valores, conceitos e atribu-
tos da obra de Burle Marx?
HO: Não acredito que minha criativi-
dade tenha sofrido uma parada após
o “trauma” causado pela morte de Ro-
berto. Acho até que na continuidade
do seu trabalho, houve de minha par-
te, um desenvolvimento criativo mais
pessoal e próprio. Neste sentido, há
uma dissertação de mestrado, desen-
volvida por uma pesquisadora em Re-
cife que enfoca entre outros tópicos,
o diálogo entre a forma de compor
de Burle Marx e a minha. Creio que
ainda hoje, a percepção de Rober-
to ao avaliar e enfocar um problema
compositivo serve de exemplo para
mim, porque ele foi meu professor e
mestre de verdade. Sem dúvida, no
diálogo criativo que acontecia entre
nós no dia a dia, suas ponderações
frequentemente prevaleciam, mas
nunca eram impositivas ou impostas.
Realmente havia uma grande inter-
ação entre nós.
AAB / SR: Além de Burle Marx, que
outros paisagistas o inspiram ou lhe
servem de referência? O senhor con-
hece a obra de outros paisagistas?
HO: Na correria diária, fato que creio
que aconteça com quase todos os
escritórios que conheço, depois das
conversas com clientes, viagens, ra-
biscos, desenhos, discussões de pro-
jetos, entregas, não me sobra muito
espaço para estudar trabalhos de out-
ros paisagistas. Não dá tempo! E no
tempo que me sobra, faço questão
de me desligar da azáfama diária e
me dedicar a outras atividades. Mes-
mo assim, conheço algumas obras de
outros paisagistas, sem muito apro-
fundamento é verdade, nos congres-
sos, feiras e seminários, ao contrário
de muitos dos meus colegas, que
estudam bastantes obras em busca
AAB / SR: You’re often treated as a disciple of Burle Marx. How do you get this
statement?
HO: Quite naturally, I am neither for nor against this situation (laughs). Call me
so, right? And it’s true, is how I feel and continue to be me, because I follow
your concepts and do not deny it.
AAB / SR: Do not you think that after his death there was a break and / or
disruption in their individual work with the values, concepts and attributes of
the work of Burle Marx?
HO: I do not think my creativity has suffered a stop after the “trauma” caused
by the death of Roberto. I even think that the continuity of its work, there was
of me, a more personal and own creative development. In this sense, there is
a master’s thesis, developed by a researcher in Recife which focuses among
other topics, the dialogue between the way of composing of Burle Marx and
mine. I believe that today, the perception of Roberto to assess and address a
compositional problem is an example to me because he was my teacher and
true master. No doubt, the creative dialogue that occurred between us on a
daily basis, their weights often prevailed, but were never impositive or im-
posed. Really had a great interaction between us.
AAB / SR: In addition to Burle Marx, that other landscape inspire or serve as
reference? You know the work of other landscape?
HO: In the daily rush, a fact which I believe happens with almost every office I
know, after conversations with customers, travel, scribbles, drawings, project
discussions, deliveries, it leaves me plenty of room to study the work of other
landscapers. No time! And in the time left me, I must cut myself off from the
daily hustle and devote myself to other pursuits. Even so, I know some works
of other landscape without much depth is true, at conferences, fairs and sem-
inars, unlike many of my colleagues, who study enough works in search
#1JA
ENTREVISTA
37
AN/JUN
2015
ENTREVISTA
de novas referências para seus tra-
balhos. Concordo que deveria ser
assim, mais estudioso e mais atento,
mas não pratico a idéia de conhecen-
do os trabalhos de outros, melhorar o
meu. Isso para mim não funciona des-
sa maneira.
AAB / SR: E nesse sentido, já que esta-
mos falando no momento de autores,
digamos de referências culturais que
também sejam inspiração para seu
trabalho, essa relação que pode ter
outras culturas com a natureza, com
a paisagem. Quais as referências cul-
turais lhe servem como inspiração?
Estamos aqui nos referindo à relação
homem e natureza.
HO: No trabalho cotidiano, normal-
mente eu foco em exemplos viven-
ciadas em viagens e nas lembranças e
experiências adquiridas no escritório.
Significalembrar-sedefatos que moti-
varam soluções nas composições dos
projetos, que às vezes são corriquei-
ras e banais ou variadas, como as for-
mas da Natureza que observamos nas
formações rupestres no Vale dos Pan-
cas ou de Diamantina, ou observar
da janela de um avião, as formações
mutantes das nuvens, os meandros
dos rios, as formações montanhosas,
as áreas de cultivo. Tudo são fontes
de inspiração que estão à nossa vis-
ta, prontas para serem capturadas e
adaptadas para serem aproveitadas
em nossos trabalhos. Às vezes pen-
so que fico dando voltas, perseguin-
do soluções ao consultar trabalhos
antigos para me ajudar a solver cer-
tas dúvidas de hoje. Mas prefiro isso
a beber em outras fontes, talvez isso
seja uma deficiência de minha parte.
AAB / SR: Mas eu acho que tem um
dado aí interessante, quer dizer, o sen-
hor se realimenta da própria produção
do escritório. Então pega, por exem-
plo, a encomenda nova aí de repente
“ah, isso parece um projeto que fize-
mos lá nos anos 1970”, aí o senhor
pega aquele projeto? É por aí?
HO: Não, não é por aí. Nesse caso eu
estaria me copiando... Não foi isso
que eu quis dizer. Consulto às vezes
em minha memória projetos ante-
riores, porque Roberto me ensinou
que a partir de exemplos passados
bem resolvidos, sempre poderemos
encontrar soluções melhores. É as-
sim que vou tentando me aperfeiçoar.
Soluções não são fórmulas. Não pego
new references to their work. I agree it should be so, more studious and more
careful, but do not practice the idea of knowing the works of others, improve
my. That to me does not work that way.
AAB / SR: And in that, while we’re at the time of authors, say of cultural refer-
ences that are also inspiration for their work, this relationship may have other
cultures with nature, with the landscape. What are the cultural references
serve you as inspiration? We are here referring to the man and nature rela-
tionship.
HO: In daily work, I usually focus on examples experienced in travel and in
the memories and experiences in the office. It means remembering facts that
motivated solutions in the compositions of the projects, which are sometimes
mundane and banal or varied as the forms of nature we see in rock formations
in the Valley of Pancas or Diamantina, or observe the window of an airplane,
the changing clouds formations, river meanders, mountainous formations,
the area under cultivation. All are sources of inspiration that are before our
eyes, ready to be captured and adapted to be utilized in our work. Sometimes
I think I’m running around, chasing solutions to refer to old work to help me
solve doubts of today. But I prefer it to drink elsewhere, maybe this is a defi-
ciency on my part.
AAB / SR: But I think there’s an interesting data there, I mean, you feeds back
its own production office. Then takes, for example, the new order then sud-
denly “ah, this looks like a project we did there in the 1970s,” there you han-
dle that project? It’s out there?
HO: No, not there. In this case I would be copying me ... That’s not what I
meant. Consult sometimes in my memory earlier projects because Roberto
taught me that well resolved from past examples, we can always find better
solutions. That’s how I trying to improve myself. Solutions are not formulas.
Do not get caught...
38
projetos antigos para copiar, porque
cada projeto novo é outro projeto.
AAB / SR: Então o senhor acha que
não tem uma ruptura entre o seu tra-
balho e o do Burle Marx. A gente pode
pensar numa linha de continuidade?
HO: Não acredito que haja uma rup-
tura entre nossos trabalhos, acredito
que o meu trabalho seja uma contin-
uação.
AAB / SR: Após a morte de Burle Marx
a empresa sofreu alguma modificação
estrutural ou se manteve dentro
dos mesmos padrões? Por exemplo,
número de funcionários, quantidade
de projetos etc.
HO: Após a morte de Roberto tivemos
que fazer um enxugamento em tudo,
porque a estrutura passou a ser out-
ra. Já no final da vida, Burle Marx, ele
mesmo já se dedicava mais à pintura,
mais à parte artística, se bem que ele
considerava o paisagismo uma mani-
festação de arte. Neste período ele já
deixava essa parte no escritório como
meu encargo, assim como a gerência,
mas isto não deu muito certo, porque
eu sou um desastre nisso (risos), e
então tive que chamar outra pessoa
para nos ajudar a gerenciar a empre-
sa. E esta pessoa – a arquiteta Ma-
ria de Fátima Gomes de Sousa, hoje,
nossa sócia – foi quem levantou o
escritório novamente, pois tínhamos
nos endividado bastante por conta da
doença do Burle Marx e outras razões
que não vêm ao caso relatar agora.
Ela ajudou muito saneando a firma,
principalmente na parte empresarial.
Ela tinha sido estagiária na época de
Roberto, trabalhando como desenhis-
ta, e depois colaborou como arquite-
ta contratada. Mais tarde participou
da expedição à Amazônia, nos anos
1970, quando grande parte da nos-
sa equipe foi para a região, voltando
mais tarde a trabalhar nas coleções do
Sítio Santo Antônio da Bica, que era a
residência de Burle Marx, como fun-
cionária do Iphan, e lá permanecendo
alguns anos após a morte dele como
vice-diretora. Depois ela foi trabalhar
no Jardim Botânico, como assessora
da presidência, quando nós a cham-
amos novamente. Hoje ela é sócia da
empresa e nossa consultora.
old projects to copy, because each new project is another project.
AAB / SR: So you think you do not have a break between their work and the
Burle Marx. We can think of a line of continuity?
HO: I do not think there is a break between our work, I believe that my work is
a continuation.
AAB / SR: After Burle Marx’s death the company suffered some structural mod-
ification or kept within the same standards? For example, number of employ-
ees, number of projects etc.
HO: After the death of Roberto had to make a downsizing at all, because the
structure has become another. At the end of life, Burle Marx, himself already
devoted to painting, more artistic part, although he considered the landscap-
ing a manifestation of art. During this time he has left that part in my office
and charge, as well as the management, but it did not work out, because I’m a
disaster it (laughs), and then had to call someone else to help us manage the
company. And this person - the architect Maria de Fátima Gomes de Sousa,
today, our partner- was the one who raised the office again because we had
enough in debt due to the illness of Burle Marx and other reasons that are be-
side the point now report.
#1JA
ENTREVISTA

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (12)

Deiativ5
Deiativ5Deiativ5
Deiativ5
 
Burle Marx arte e paisagem 2
Burle Marx arte e paisagem 2Burle Marx arte e paisagem 2
Burle Marx arte e paisagem 2
 
Prof. Viviane Furtado - EMEF Nelson P. Terra - Projeto Educação Ambiental
Prof. Viviane Furtado - EMEF Nelson P. Terra - Projeto Educação AmbientalProf. Viviane Furtado - EMEF Nelson P. Terra - Projeto Educação Ambiental
Prof. Viviane Furtado - EMEF Nelson P. Terra - Projeto Educação Ambiental
 
Plano de aula
Plano de aulaPlano de aula
Plano de aula
 
História da arte
História da arteHistória da arte
História da arte
 
Cauquelin a invenção da paisagem
Cauquelin a invenção da paisagemCauquelin a invenção da paisagem
Cauquelin a invenção da paisagem
 
Pa hu programa_necessidades1
Pa hu programa_necessidades1Pa hu programa_necessidades1
Pa hu programa_necessidades1
 
Pa hu programa_necessidades
Pa hu programa_necessidadesPa hu programa_necessidades
Pa hu programa_necessidades
 
Apre
ApreApre
Apre
 
Atividade 2.5
Atividade 2.5Atividade 2.5
Atividade 2.5
 
Atividade 2.5
Atividade 2.5Atividade 2.5
Atividade 2.5
 
Reciclar
ReciclarReciclar
Reciclar
 

Semelhante a Scena magazine

Caderno de Provocações
Caderno de ProvocaçõesCaderno de Provocações
Caderno de ProvocaçõesRenata Rocha
 
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...Marina Teixeira
 
Etnografia do mundo do trabalho no cais mauá
Etnografia do mundo do trabalho no cais mauáEtnografia do mundo do trabalho no cais mauá
Etnografia do mundo do trabalho no cais mauáRenata Ribeiro
 
Artigo:Espaço de Convívio para fomento da Cultura e Lazer no Bairro Jardim Ae...
Artigo:Espaço de Convívio para fomento da Cultura e Lazer no Bairro Jardim Ae...Artigo:Espaço de Convívio para fomento da Cultura e Lazer no Bairro Jardim Ae...
Artigo:Espaço de Convívio para fomento da Cultura e Lazer no Bairro Jardim Ae...Diane Oliveira
 
Como fomentar a função estar na praça
Como fomentar a função estar na praçaComo fomentar a função estar na praça
Como fomentar a função estar na praçaJoana Lopes
 
Anais 6º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e Cultura
Anais 6º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e CulturaAnais 6º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e Cultura
Anais 6º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e CulturaProler Joinville
 
Bibliografia artachojurado2016r
Bibliografia artachojurado2016rBibliografia artachojurado2016r
Bibliografia artachojurado2016rLea Correa Pinto
 
Alvetti hummell-imaginarios-urbanos
Alvetti hummell-imaginarios-urbanosAlvetti hummell-imaginarios-urbanos
Alvetti hummell-imaginarios-urbanosSafra Brasileira
 
Santos -projeto_tcc_1._ago.2013
Santos  -projeto_tcc_1._ago.2013Santos  -projeto_tcc_1._ago.2013
Santos -projeto_tcc_1._ago.2013Cristina Zoya
 
Projeto Geografia nos parques: Curitiba-Paraná
Projeto Geografia nos parques: Curitiba-ParanáProjeto Geografia nos parques: Curitiba-Paraná
Projeto Geografia nos parques: Curitiba-ParanáAugusto Rocha
 
Power apresentação mestrado linda poll verde
Power apresentação mestrado linda poll verdePower apresentação mestrado linda poll verde
Power apresentação mestrado linda poll verdeFélix Caballero
 

Semelhante a Scena magazine (20)

Revista_Scena
Revista_ScenaRevista_Scena
Revista_Scena
 
Caderno provocacoes
Caderno provocacoesCaderno provocacoes
Caderno provocacoes
 
Caderno de Provocações
Caderno de ProvocaçõesCaderno de Provocações
Caderno de Provocações
 
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
O processo de degradação e revitalização dos espaços públicos: usos e apropri...
 
Projeto Paisagem e Paisagism 9º anos - 2010
Projeto Paisagem e Paisagism 9º anos - 2010Projeto Paisagem e Paisagism 9º anos - 2010
Projeto Paisagem e Paisagism 9º anos - 2010
 
Etnografia do mundo do trabalho no cais mauá
Etnografia do mundo do trabalho no cais mauáEtnografia do mundo do trabalho no cais mauá
Etnografia do mundo do trabalho no cais mauá
 
Catalogo 2011
Catalogo 2011Catalogo 2011
Catalogo 2011
 
Artigo:Espaço de Convívio para fomento da Cultura e Lazer no Bairro Jardim Ae...
Artigo:Espaço de Convívio para fomento da Cultura e Lazer no Bairro Jardim Ae...Artigo:Espaço de Convívio para fomento da Cultura e Lazer no Bairro Jardim Ae...
Artigo:Espaço de Convívio para fomento da Cultura e Lazer no Bairro Jardim Ae...
 
Abstract book «Participation in planning and public policy» 23/24 Feb 2017 Un...
Abstract book «Participation in planning and public policy» 23/24 Feb 2017 Un...Abstract book «Participation in planning and public policy» 23/24 Feb 2017 Un...
Abstract book «Participation in planning and public policy» 23/24 Feb 2017 Un...
 
Como fomentar a função estar na praça
Como fomentar a função estar na praçaComo fomentar a função estar na praça
Como fomentar a função estar na praça
 
Anais 6º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e Cultura
Anais 6º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e CulturaAnais 6º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e Cultura
Anais 6º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e Cultura
 
AFRICA HABITAT
AFRICA HABITATAFRICA HABITAT
AFRICA HABITAT
 
Corredores verdes
Corredores verdesCorredores verdes
Corredores verdes
 
Bibliografia artachojurado2016r
Bibliografia artachojurado2016rBibliografia artachojurado2016r
Bibliografia artachojurado2016r
 
Alvetti hummell-imaginarios-urbanos
Alvetti hummell-imaginarios-urbanosAlvetti hummell-imaginarios-urbanos
Alvetti hummell-imaginarios-urbanos
 
Santos -projeto_tcc_1._ago.2013
Santos  -projeto_tcc_1._ago.2013Santos  -projeto_tcc_1._ago.2013
Santos -projeto_tcc_1._ago.2013
 
Projeto Geografia nos parques: Curitiba-Paraná
Projeto Geografia nos parques: Curitiba-ParanáProjeto Geografia nos parques: Curitiba-Paraná
Projeto Geografia nos parques: Curitiba-Paraná
 
Monografia
MonografiaMonografia
Monografia
 
Monografia
MonografiaMonografia
Monografia
 
Power apresentação mestrado linda poll verde
Power apresentação mestrado linda poll verdePower apresentação mestrado linda poll verde
Power apresentação mestrado linda poll verde
 

Scena magazine

  • 2. Revista de Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística
  • 3. Revista do Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística Edição#1 | Janeiro|Junho | 2015 EDIÇÃO DESIGNER ILUSTRAÇÃO REVISÃO ABSTRACTS CONSULTORIA EDITORIAL Lucia Maria Sá Antunes Costa Cristóvão Fernandes Duarte Pablo Marques Pablo Marques Pablo Marques Maria Helena Torres Elvyn Marshall Adriana Sansão Fontes Cristovão Fernandes Duarte Denise B. Pinheiro Machado Eliane da Silva Bessa Flavio de Oliveira Ferreira Ivete Mello Calil Farah José Barki Lúcia Maria Sá Antunes Costa Luciana da Silva Andrade Margareth da Silva Pereira Maria Cristina Nascentes Cabral Naylor Barbosa Vilas Boas Oscar Daniel Corbella Pablo Cesar Benetti Rachel Coutinho Marques da Silva Raquel Hemerly Tardin Coelho Rodrigo Cury Paraizo Rosangela Lunardelli Cavallazzi Sergio Ferraz Magalhães Sônia Azevedo Le Cocq d’Oliveira Victor Andrade FOTOGRAFIA E PÓS PRODUÇÃO UFRJ | Universidade Federal do Rio de Janeiro Reitor | Carlos Antônio Levi da Conceição Decano do Centro de Letras e Artes | Flora De Paoli Faria Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística Lucia Maria Sá Antunes Costa (coordenadora) Cristóvão Fernandes Duarte (vice-coordenador)
  • 4.
  • 5. ARevista Scena chega ao número 21 mantendo o priv- ilégio de oferecer a seus leitores a palavra do artista. Na entrevista Eu nunca ensaio, Laura Lima entrelaça tempos e lugares numa conversa franca e intensa, ver- dadeiro presente para os estudiosos da arte. Nossos agradecimentos à artista. A estrutura das diversas seções é preservada nesta edição. Todavia, é novo o projeto gráfico, de autoria de Claudia Mendes, anseio da equipe editorial que merece nossas felicitações. A pesquisa realizada por nossos pós-graduados está presente na seção Artigos: o trabalho fotográfico e os lugares em que se cruzam memória e ficção (Luiza Bal- dan); a palavra-imagem no processo de criação artísti- ca contemporânea (Julie Pires); a discussão sobre a função do figurino teatral e suas potencialidades (De- sirée Bastos); a obra plural de Calmon Barreto (Gisele Rocha) sinalizam uma latitude de interesses. Inserin- do-se no tema “Ficções”, em foco neste número, es- crevem dois professores do Programa: Rogério Medeiros aborda as transformações provocadas no cinema francês pelo documentário de Jean Rouch, referência para o cinema brasileiro da década de 1960. No âmbito da história da arte, Ana Cavalcanti reflete sobre o caráter ficcional presente na obra de Eliseu Visconti e nos textos críticos sobre o pintor. Na seção Colaborações, pesquisadores de outras universidades contribuem para o debate. Leila Danziger problema- tiza a prática dos monumentos e a construção da memória a partir da produção de Jochen Gerz; Tatiana Martins se interessa pela desintegração das linguagens em Robert Smithson; Renata Santini anal- isa o processo artístico de Carlos Vergara em suas monotipias e deslocamentos. Po fim, Leandro Junque- ira tece considerações a respeito da crítica, “modo de ver/ler o mundo”. O Dossiê, que neste número é tam- bém Reedição, traz Navilouca, parte da revista lança- da em 1972 por Waly Salomão e Torquato Neto. Suas proposições poético-visuais revelam a atitude anti- convencional dos protagonistas da contracultura nos anos 70. A prática experimental, marca daquela dé- cada, fundamenta as múltiplas possibilidades na arte de Hélio Oiticica, Caetano Veloso, Miguel Rio Branco, Décio Pignatari, entre outros. O tema “Ficções” retorna em outras abordagens na seção Temáticas. As relações entre arte, política, per- cepção sensorial, memória e cinema experimental são discutidas por Jacinto Lageira, Randolph Jordan, Jacques Rancière e Hollis Frampton, que generosa- mente nos permitiram traduzir e publicar seus artigos. Cristina Salgado, artista e doutora pelo PPGAV, as- sume a Página Dupla, nela imprimindo sua poética: singularidade na figuração do corpo, fresta aber- ta para pensar o gênero, a sexualidade e o humano. Muito agradecemos sua participação. Por fim, a seção Resenhas completa esta edição, tratando de livros e exposições. Somos gratas à equipe editorial, cujo entusiasmo faz de Arte & Ensaios uma revista de relevância no meio artístico e no âmbito das pós-graduações em artes. Estamos certas de que este trabalho contribuiu para o excelente conceito do PPGAV na última avaliação trienal da Capes. EDITORIAL
  • 6. Introdução Mobilidade alternativa e tratamento paisagístico proposta para o Bairro da Ferradura, Armação dos Búzios A expansão do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Subsídios para um Masterplan da área do antigo horto florestal da Gávea Rios urbanos e paisagens multifuncionais: o projeto paisagístico como istrumento de requalificação urbana e ambiental Entrevista com o arquiteto paisagista Haruyoshi Ono Projeto Paisagístico do Parque da Boca da Barra O Passeio Público do Rio de Janeiro O teatro do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro Patrimônio, ambiente e sociedade: novos desafios espaciais Trabalhos Acadêmicos | Student Works Entrevista | Entrevista Projetos Paisagísticos | landscaped Artigos | Articles Notícias | News ............................................. ................................................. ......................... .................. .................. .............................. ............... ............... ....... ......... >> >> >> >> >> sumário
  • 7. 8 A o pensar propostas preliminares e diretrizes para uso de paisagens tuteladas, o trabalho procura, nas justificativas que motivaram a proteção dessas paisagens, encontrar possíveis soluções que aliem a proteção, mantendo as formas de usos e apropriações que se realizam nesses lugares, em especial no caso de uma paisagem que tem sua proteção fundamentada na questão cultural, legitimada pelos tombamentos, e também nos seus valores científicos e ambientais, legitimado por leis ambientais e instituição de partques ambientais de uso restritivo. O trabalho busca em refêrencias de projeto e bibliográficas as bases para a fundamentação teórica e prática que subsidie o obejto principal do trabalho que é mitigar os distúrbios provocados pela ação humana em paisagens tuteladas, de modo que este ambiente consiga voltar a um estado de estabilidade mesmo com a persistência das ações antrópicas e como a partir do entendimento da paisagem e dos valores a ela atribuidos é possível contar com a participação das pessoas na preservação destes espaços, representado aqui pelo Parque da Boca da Barra em Cabo Frio(RJ). Palavras-chave: ordenamento da paisagem; cultura; ecologia; T hinking on preliminary proposals and directions for using protected landscapes, this proposal looks for; the justifications that motivate the protection of those landscapes, to find possible solutions that ally the protection, maintaining the human use and appropriations that are done in those places, especially in the case that when a landscape has its own protection based on a cultural meaning, legitimated from the listed by the instituions for protection, and its scientifically and environmental parks. The work looks for referential projects and bibliography for the foundation for the theory and then to project, underneath the main goal of the work, that is to mitigate the human distur- bances n waededlandscapes. This way, the environment will return to an equilibrium status, even with human activities inside, and how, from the inderstanding of the landscape and its values, it’s possivle to have the participation of the community on the conservation of these places, represented here as an exemple, the Parque da Boca da Barra (Barra of Mouth Park) in Cabo Frio (RJ). Keywords: Landscape (ordenamento); Culture; Ecology; RESUMO I ABSTRACT #1JA ACADÊMICOS
  • 8. 9 MOBILIDADE ALTERNATIVA E TRATAMENTO PAISAGÍSTICO PROPOSTA PARA O BAIRRO DA FERRADURA, ARMAÇÃO DOS BÚZIOS Amana Romano Vilhena O presente trabalho tem como tema principal a mobilidade alternativa em Armação dos Búzios, estado do Rio de Janeiro, com a aplicação do estudo de caso referência no Bairro da Ferradura. A pesquisa apresenta uma propos- ta de mobilidade alternativa para o Bairro da Ferradura, Armação dos Búzios, em que a sua via principal, a Avenida Parque, recebe tratamen- to paisagístico em termos de ade- quação para a circulação voltada a pedestres e ciclistas e composição paisagística por meio da arborização do percurso. Mediante a produção dos diversos sentidos dos conceitos mobilidade e paisagem, foi possível alcançar o entendimento da mobil- idade alternativa como meio eficaz de integrar os diferentes modais a uma rede de percursos em que pe- destres e ciclistas são os atores prin- cipais. A priorização da circulação não motorizada e a criação de es- paços de permanência ao longo do percurso estimulam a atração das pessoas para as ruas e induzem a apropriação desses espaços, esta- belecendo uma relação da mobili- dade com a vitalidade urbana. ALTERNATIVE MOBILITY AND LANDSCAPING PROPOSAL FOR THE HORSESHOE NEIGHBORHOOD, ARMACAO DOS BUZIOS Amana Romano Vilhena his dissertation focuses on alternative mobility in Armação dos Búzios, in Rio de Janeiro state, with a reference case in Ferradura neighborhood. The research presents a proposal for alternative mobility in which Parque Av- enue, Ferradura’s main road, receives landscaping treatment adjusted to pedes- trians and bicycles and with the inclusion of landscaping composition and tree planting. The production of different meanings for the concepts mobility and landscape lead to the understanding of alternative mobility as an efficient way to integrate transport vehicles and systems into a resource net and to the cre- ation of conviviality spaces along the road that attract people to the streets and invite them to take hold of these spaces, whereby a relation between mobility and urban vitality is established. The preservation of the urban landscape can be improved by the presence of users who get hold of the spaces where they move about or remain. This dynam- ic of space appropriation through movement leads to the emergence of new services to the public and promotes integration and social diversity. The main aspects of the study are collective spaces for circulation and permanence that link the center of town, the Ferradura lagoon and Ferradura beach, aiming to promote rides on boats, kayaks and sail boats and strolls along the treks that surround them. AN/JUN 2015 ACADÊMICOS
  • 9. 10 PROJETO PAISAGÍSTICO REFETENTE A PARQUE DA BOCA DA BARRA Marta Alves Da antiga Peroanas, que esá de- sativada restaram as quadras de cristalização de sal que foram tom- adas pela água e se transformaram em grandes pscinas utilzadas pe- los moradores vizinhos para pescar peixes e siris. A separação entre a salina e o canal de Itajurú é realiza- do por um antigo marnel que hoje funciona como uma estrada (Estra- da dos Espardarte) de ligação ao Parque da Boca da Barra. O marnel é um dique que serve para represar a água que é bombea- da do Canal para as quadras de cris- talização. Nas quadras o sal é cris- talizado com a evaporação da água, depois de granulada o sal é puxa- do com rodos e armazenados nos galpões para serem encamihados às refinarias. O bombeamento das águas era feito por moinhos de ven- tos. LANDSCAPE DESIGN RELATED TO HE HORBOR MOUTH PARK Marta Alves his dissertation focuses on alternative mobility in Armação dos Búzios, in Rio de Janeiro state, with a reference case in Ferradura neighborhood. The research presents a proposal for alternative mobility in which Parque Av- enue, Ferradura’s main road, receives landscaping treatment adjusted to pedes- trians and bicycles and with the inclusion of landscaping composition and tree planting. The production of different meanings for the concepts mobility and landscape lead to the understanding of alternative mobility as an efficient way to integrate transport vehicles and systems into a resource net and to the cre- ation of conviviality spaces along the road that attract people to the streets and invite them to take hold of these spaces, whereby a relation between mobility and urban vitality is established. #1JA PROJETO
  • 11. 12 No centro de visitantes foi propos- ta a criação de um espaço educativo composto de salas de aula auditório e uma biblioteca que pode servir também como espao de exposições, porque se verificou que é prática de algumasescolas einstituiçõeslocais, como a Secretarioa de Esportes, realizar aulas práticas de conheci- mento e visualização do patrimônio geológico e da fauna e flora local. As caminhadas ecológicas, como são chamadas, tem início no local onde está sendo proposto o centro de visitantes e onde atualmente ex- istem alguns bares com abrigos de palha. As caminhadas são divididas em duas etapas, uma de conheci- mento da trilha do farol e a segunda de conhecimento da trilha da Praia Brava. Do ponto onde se localizará o centro de visitantes os alunos par- tem para a primeira trilha (farol) que é mais leve e mais aberta. De- pois retornam ao ponto inicial, onde descansam um pouco,se alimentam e então partem para a segunda tril- ha (Praia Brava) que exige um pouco mais de resistência e tem uma mata mais fechada. Esse local, onde atualmente ex- istem os bares, funciona como um espaço de lazer para aqueles que buscam a praia durante fins de sem- ana e feriados, mas também serve como local, onde estudantes, pro- fessores e outros pesquisadores aportam antes de se lançarem nas trilhas da Praia Brava e do Farol, du- rante os dias da semana. Optou-se por manter os bares e restaurantes que serve aos dois grupos de usuári- os (pesquisadores e pessoas em busca de lazer), mas criar também um local dorado de infraestrutura capaz de receber esses grupos que chegam ao Parque da Boca da Barra em busca de conhecimento a cerca desse patrimônio geológico, arque- ológico e da diversidade faunística e florística ímpar. In the visitor center was proposed to create an educational space composed of auditorium classrooms and a library that can also serve as an exhibition space, because it was found that it is the practice of some schools and local institutions such as the Secretarioa Sports, perform practical lessons knowledge and visual- ization of geological heritage and the local fauna and flora. The nature walks, as they are called, begins at the site where it is being proposed to the visitor center and where there are currently few bars with thatched shelters. The walks are divided into two stages, a knowledge of the lighthouse trail and the second of knowledge of the track Brava Beach. From where will be located the visitor cen- ter students leave for the first track (lighthouse) that is lighter and more open. After returning to the starting point, where they rest a little, feed and then run to the second track (Brava Beach) that requires a little more strength and has a more dense forest. This site, where currently there are bars, works as a leisure space for those who seek the beach during weekends and holidays, but also serves as a place where students, faculty and other researchers show before they launch on the trails of Brava Beach and the lighthouse, during the days of the week. We decid- ed to keep the bars and restaurants serving both user groups (researchers and people in search of recreation), but also create a local infrastructure dorado able to receive these groups arriving at Boca da Barra Park in search of knowledge about the geological, archaeological and heritage of faunistic and floristic diver- sity unmatched.
  • 13. 14
  • 15. 16
  • 17. 18 No Parque da Boca da Barra se constatou a ecistência de dois tipos de trilhas: uma mais etilizada e que tem uma relação mais forte com o centro urbano e outra d caráter mais selvagem e menos utilizada. A primeira trilha corresponde aquela que leva ao Farol e aos pon- tos de visualização das ilhas, oceno, e costões rochosos. O uso dessa tril- ha é mais intenso devido à proxim- idade com a Ilha do Japonês. Como a mairo parte dos usuários que fre- quentam o Parque da Boca da Bar- ra o faz buscando a Ilha do Japonês, alguns mais curiosos costumam faz- er trlhas até o farol. Essa trilha tem uma vegetação mais esparsa e em grande parte rasteira. Outro aspec- to dessa trilha é o fato de sempre ser possível ter uma visualização do centro urbano de Cabo Frio, o que reforça esse laço de proximidade com a cidade. Como é bastante uti- lizada se verifica que essa trilha é caracterizada pela presença de mui- tos caminhos. A outra trilha direcionada a visi- tante à Praia Brava. Essa é uma trilha menoss utilizada, emora existam al- gumas clareiras, predomina a mata fechada ao longo da trilha. A Praia de ndas fortes costuma ser utilizada por surfistas. A proposta é que essas trilhas re- cebam tratamentos diferentes. Na trilha para o farol, denominada nes- sa proposta como TRILHA HISTÓRI- CO- GEOLÓGICA, propõe-se o esta- belecimneto de um caminho único, eliminando todos os outros que cor- tam os morros costeiros, permitin- do dessa forma que a vegetação se reestabeleça. Propõem-se dois tipos de acabamentos nessa trilha: saibro e madeira intercalados. O uso de madeira seria uma forma de reforçar essa relação com a outra margem do Canal de Itajurú, onde no acesso ao Morro do Arpoador, foi utilizada uma trilha em madeira. Na TRILHA PRAIA BRAVA, propõe- se a instalação de um calçamento em pedra ao longo da trilha, mas mantendo o caráter ‘selvagem’ da mesma. O calçamento em pedra é uma solução adotada, por exmplo, em Arraial do Cabo, cidade vizinha, no acesso à Praia do Forno. Como é uma trilha muito utilizada por moto- ciclitas e ciclistas, em alguns pontos a trilha apresenta suicos, dificutan- do o acesso de pedestres. O calça- mento em pedra tem como objetivo conferir maior estabilidade para os diversos usuários da trilha. Boca da Barra Park found the ecistência of two types of trails: a more etilizada and that have a stronger relationship with the urban center and another d Wild- er character and less used. The first track is the one that leads to the lighthouse and the points of view of the Islands, Ocean, and rocky shores. The use of this trail is more intense due to the proximity to the island from the Japanese. As the mairo part of users who at- tend the Boca da Barra Park makes seeking the island from the Japanese, a few more curious usually do trlhas to the lighthouse. This trail has a vegetation more sparse and largely trailing. Another aspect of this track is the fact of always be possible to have a preview of the urban center of Cabo Frio, which reinforces this bond of closeness to the city. How widely used it appears that this track is char- acterized by the presence of many paths. The other trail directed at visitors to the brave beach. This is a trail used emora want there are some clearings, predominates the dense forest along the trail. The ndas usually strong Beach used by surfers. The proposal is that these tracks receive different treatments. On the trail to the lighthouse, called this proposal as historical and GEOLOGICAL TRAIL, pro- poses to the living of a single path, eliminating all other cutting the coastal hills, allowing in this way the vegetation if reset. We propose two types of finishes this track: gravel and wood interspersed. The use of wood would be a way of strengthening this relationship with the other side of the Itajurú channel, where access to Morro do Arpoador, used a wooden track. In the BRAVE BEACH, proposed the installation of a stone pavement along the trail, but keeping the character ‘ savage ‘ of same. The Cobbles in stone is a solu- tion adopted, for example, in Arraial do Cabo, nearby town, access to the beach from the oven. How is a trail widely used by cyclists and motociclitas, at some points the trail presents 50.00, dificutando pedestrian access. The Cobbles at pedra aims to give greater stability to the various users of the trail.
  • 18. 19 O PASSEIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO
 Mônica Bahia Schlee Resenha da revista:
LEITURAS PAIS- AGÍSTICAS: TEORIA E PRÁXIS. Vol- ume 1: (Re)construindo a paisagem do Passeio Público: historiografia e práticas projetuais. 
Rio de Janeiro, EBA/UFRJ, 2006. ISSN 1808-0540 A revista Leituras Paisagísticas: Teoria e Práxis, lançada em abril de 2006 pelo Grupo de Pesquisa em História do Paisagismo da Escola de Belas Artes da Universidade do Rio de Janeiro, traz propostas insti- gantesatodosqueseinteressampe- los estudos da paisagem: estimular discussões teóricas e metodológicas sobre as diferentes formas de atu- ação na paisagem e difundir estudos sobre a transformação, salvaguarda e recuperação dos espaços livres pú- blicos. E, dessa maneira, se propõe a colaborar na construção de um conteúdo crítico sobre a produção paisagística brasileira. The Public Promenade in Rio de Janeiro Mônica Bahia Schlee Magazine review: READINGS landscape: THEORY AND PRAXIS. Volume 1: (Re) constructing the landscape of Pub- lic Promenade: historiography and projective practices. Rio de Janeiro, EBA / UFRJ, 2006. ISSN 1808-0540 [photo: Public Promenade in Rio de Janeiro, Photo Marc Ferrez re- produced from postcard] The magazine Readings landscape: Theory and Praxis, released in April 2006 by the Research Group on History of Landscape Architecture School of Fine Arts, University of Rio de Janeiro, brings exciting proposals to all who are interested in the landscape studies: stimulate theoretical discussions and methodological about the different ways of working in the landscape and disseminate studies on the processing, preservation and recovery of public open spaces. And in this way, it is proposed to collaborate in building a critical content on the Brazilian landscape pro- duction. The first volume of the journal is dedicated to record and discuss relevant issues that emerged from the seminar presentations (Re) constructing the landscape of Public Promenade: historiography and projective practices and debates that they followed. This seminar also promoted by the Research Group on History of Landscape EBA / UFRJ, was held in 2004 in Rio de Janeiro headquarters of Bra- zil’s Institute of Architects and aimed to discuss concepts, methodologies and results of a comprehensive interven- tion in the Public Garden of Rio de January, conducted by the City Council from 2001 to 2004, through the Parks and Gardens Foundation, which recovered the track, part of vegetation and garden monuments, amended several re- forms during the twentieth century. Passeio Público do Rio de Janeiro, foto de Marc Ferrez reproduzida a partir de cartão postal
  • 19. 20 Ao ressaltar os atributos paisagísti- cos da Baía da Guanabara e deles tirar partido para a formação de uma “iden- tidade urbana” carioca. Em 1862, a composição paisagística do jardim, es- truturada a partir de um sistema de al- amedas retilíneas, foi profundamente modificada por Auguste Marie François Glaziou. Devido à importância do Passeio Público do Rio de Janeiro como obra paisagística e urbanística emblemática em mais de um momento da evolução urbana carioca, o seminário foi estru- turado em duas sessões: historiografia e práticas projetuais. A mesma organi- zação foi adotada neste primeiro vol- ume da revista. A primeira delas, intitulada Histo- riografia e apresentada pela professora Virgínia Vasconcellos, reuniu três estu- dos sobre a evolução histórica do Pas- seio Público: o jardim no século XVIII, sob o olhar de Cláudio Taulois; o Pas- seio Público de Glaziou, de autoria de Carlos Terra; e o Passeio Público no sé- culo XX, a cargo de Jane Santucci. Cláudio Taulois, ao analisar as es- tratégias de composição do Passeio Público proposto por Mestre Valentim no século XVIII, revelou que este não foi apenas um projeto paisagístico para um novo espaço livre público, mas con- stituiu-se em um plano urbanístico que incluiu o redesenho das articulações entre este e a malha existente, com o objetivo de valorizar uma das áreas para onde a cidade oitocentista se ex- pandia (não por acaso, em direção à zona sul). Esta intervenção refletiu, no espaço urbano, os anseios da socie- dade emergente por uma política de “modernização” que traduzisse a nova ordem social e econômica pela qual as- pirava a colônia. O jardim público inseriu-se no sí- tio como uma “seqüência lógica de definições de traçado a partir da cidade e da paisagem existente”, segundo este autor. É bom lembrar também que este projeto expressava a ideologia ilumini- sta, que chegava à colônia através de sua aristocracia administrativa, na es- teira da expansão cultural européia. The construction of a “garden-gazebo” was configured as a major innovation at the time, to highlight the landscape features of Guanabara Bay and take ad- vantage of them for the formation of an “urban identity” Rio. In 1862, the land- scape composition of the garden, structured from a straight boulevards system, was profoundly modified by Auguste Marie François Glaziou. Because of the importance of the Public Promenade in Rio de Janeiro as land- scape and urban emblematic work in more than one moment of Rio’s urban evo- lution, the seminar was divided into two sessions: historiography and projective practices. The same organization was adopted in this first volume of the journal. The first, entitled Historiography and presented by Professor Virginia Vascon- cellos, met three studies on the historical evolution of the Public Garden: The garden in the eighteenth century, under the eye of Claudio Taulois; Public Ride Glaziou, authored by Carlos earth; and the Public Garden in the twentieth centu- ry, in charge of Jane Santucci. Claudio Taulois, when analyzing the composition of the Public Road strategies proposed by Mestre Valentim in the eighteenth century, revealed that this was not just a landscape design for a new public space, but consisted in an urban plan that included the redesign of the joints between this and the existing network, in order to enhance one of the areas where the nineteenth-century city expanded (not by chance, toward the south). This intervention reflected in the urban space, the desires of the emerging society by a policy of “modernization” to translate the new social and economic order in which aspired to colony. The public garden was part of the site as a “logical sequence trace settings from the city and the existing landscape,” according to this author. It is good to remember that this project expressed the Enlightenment ideology, which reached the colony through its administrative aristocracy in the wake of European cultur- al expansion. A CONSTRUÇÃO DE UM JARDIM-MIRANTE CONFIGUROU-SE COMO UMA GRANDE INOVAÇÃO NA ÉPOCA” “ #1JA artigo
  • 20. 21 AN/JUN 2015 artigo Em relação à conjuntura local, esta operação urbana, que compreendeu o aterro da já então completamente poluída Lagoa do Boqueirão, foi es- tratégica para higienizar e prover infra-estrutura (principalmente o acesso à água, distribuída nos cha- farizes e fontes projetados) para a área urbana que se pretendia con- solidar. E talvez tenha sido mesmo decisiva para sedimentar este vetor de expansão em direção à zona sul. Os fundos de terrenos, anterior- mente voltados para a lagoa, foram convertidos em valorizadas facha- das descortinadas para um espaço público destinado à contemplação da paisagem da Baía da Guanabara, como observou Taulois. O professor Carlos Terra investigou a concepção paisagística elaborada por Glaziou, destacando a intensa transformação que este promoveu na organização formal e no ponto de vista único que caracterizavam o jardim de Mestre Valentim, substi- tuídos pela possibilidade de planos de visada diversos, articulados en- tre si através de caminhos sinuosos que induzem a uma leitura gradual da paisagem, e mesmo possibilitam o vivenciar de composições interde- pendentes que podem ser aprecia- das isoladamente. No entanto, como lembrou a ar- quiteta Jeanne Trindade em seu ar- tigo, citando estudo de Naylor Villas Boas (1), o projeto de Glaziou res- peitou a articulação básica do es- paço proposta por Mestre Valentim ao manter a continuidade entre os principais elementos de composição anteriores – portão-jardim-fonte- terraço-mar – que conduzem o ob- servador até a paisagem da baía. É oportuno lembrar também que, mesmo tendo incorporado a estru- tura e o uso de elementos do jardim pictórico inglês, adotados na época pelos países europeus, como assi- nalou Terra, Glaziou se apropria e valoriza a imagem da floresta den- tro da cidade, ainda que idealizada e traduzida pelo uso preponderante de espécies exóticas. O elemento vegetal, anteriormente organizado de modo uniforme ao longo das ala- medas retilíneas, passa a ser protag- onista na composição da paisagem do jardim. In relation to the local environment, this urban operation, which included the land- fill already then completely polluted pond Boqueirão was strategic to sanitize and provide infrastructure (especially access to water, distributed in fountains and pro- jected sources) for the urban area it was intended to consolidate. And maybe it was even decisive for sedimentary this vector expansion towards the south. Land funds, previously focused on the lagoon, facades were converted into valued unveiled to a public space for the landscape contemplation of Guanabara Bay, as noted Taulois. Professor Carlos Earth investigated the landscape design developed by Glaziou, highlighting the intense transformation that this promoted the formal organization and unique point of view that characterized Valentine Master garden, replaced by the possibility of several targeted plans, articulated through winding paths that lead to a gradual reading of the landscape, and even enables the experience of interde- pendent compositions which can be considered in isolation. However, as noted architect Jeanne Trinity in his article, citing study Naylor Villas Boas (1), the Glaziou project respected the basic articulation of space proposed by Mestre Valentim to maintain continuity between the previous major compositional elements - gate -Garden-source-terrace-sea - leading the observer to the bay land- scape. It should also remember that even having built the structure and the use of English pictorial garden elements, adopted at the time by European countries, as pointed Earth, Glaziou appropriates and values the forest image within the city, although ide- alized and translated the predominant use of exotic species. The vegetable element, previously arranged uniformly along the straight boulevards, becomes protagonist in the garden landscape composition.
  • 21. 22 Esta concepção foi encampada pela ar- istocracia local que incentivou a repro- dução desta linha compositiva em outros espaços livres construídos ou reformados entre as décadas de 1860 e 1880, com a intenção de construir uma nova identi- dade para a capital do império, expressar novamente no espaço público seu anseio de contemporaneidade e estimular a noção de civilidade na sociedade cario- ca, utilizando como símbolo o elemento natural. Embora admirada e empregada como modelo estético para os desenhos paisagísticos implantados nesta época na cidade. No entanto, os autores também nos mostram que este jardim público, desde sua inauguração no século XVIII, sempre esteve associado a um lugar de lazer e recreio, ao menos para alguns estratos da sociedade, como também mencionou Taulois. Ao fim do século XIX, o uso destinado à recreação se intensifica com a instalação em seu interior de cafés (que já faziam parte da composição de Glaziou) e bares, como o Chopp Berrante do Passeio, um aquário marinho e, até mesmo, sessões de cinema ao ar livre, “à sombra do ar- voredo, ... em localização privilegiada Antes derivava-se de uma visão românti- ca de natureza, baseada em uma estética de inspiração inglesa (2). Carlos Terra e Jane Santucci levantaram algumas questões que vale a pena exam- inar mais detidamente. Segundo estes pesquisadores, períodos de uso e aban- dono constituíram uma dinâmica que perpassou toda a existência do Passeio Público do Rio de Janeiro. pelo panorama e pela brisa marinha”, como observou Santucci. Ao reconstituir a localização e a ambiência da época de funcionamento de alguns equipamentos instalados no Passeio entre 1900 a 1937 (os já citados Chopp Berrante, o aquário marinho, e também o Teatro-Cassino e o Cassino BeiraMar), a autora indica que estes funcionavam como atrativos para a população carioca, aumentando a fre- qüência ao local. This concept was taken over by the local aristocracy who encouraged the reproduction of this compositional line in other open spaces built or reno- vated between the 1860s and 1880s, with the intention of building a new identity for the capital of the empire, again express his longing in the public space of contemporary and stimulate the notion of civility in Rio society, using as a symbol natural element. Although admired and used as an aes- thetic model for landscape drawings deployed at this time in the city. Before derived is a romantic vision of nature based on an English-inspired aesthetic (2). Carlos Earth and Jane Santucci raised some issues worth examining more closely. According to these researchers, use and abandonment periods con- stituted a dynamic that pervaded the existence of the Public Promenade in Rio de Janeiro. However, the authors also show us that this public garden, since it opened in the eighteenth century, has always been associated with a place of lei- sure and recreation, at least for some segments of society, as also men- tioned Taulois. At the end of the nineteenth century, the use for the recreation intensifies the installation inside cafes (which were already part of Glaziou composi- tion) and bars, as Chopp Horn Ride, a marine aquarium and even sessions outdoor cinema, “the shade of the trees ... in prime location the panorama and the sea breeze “, as noted Santucci. To reconstruct the location and the ambience of the working time of some equipment installed in the Walk be- tween 1900-1937 (the aforementioned Chopp Horn, the marine aquarium, and also the Theatre-Casino and Casino BeiraMar), the author indicates that they worked as attractive to the cariocas, increasing the frequency to the site. A REPRESENTAÇÃO DA FLORESTA, QUE ERA ASPIRADA DENTRO DOS LIMITES URBANOS, NÃO PROVINHA DA NATUREZA TROPICAL LOCAL #1JA artigo
  • 22. 23 AN/JUN 2015 artigo Santucci mostra, com apoio de interes- sante material iconográfico e da pesqui- sa arqueológica, como as modificações radicais ao longo do século XX no suporte físico ambiental no qual se insere o Pas- seio Público – os três aterros que o dis- tanciaram gradativamente da orla da baía (1903, 1920-1922 e 1952-1960) e os des- montes dos morros que os possibilitaram – alteraram sua função principal de um parque público voltado à contemplação da paisagem deslumbrante da Baía da Guanabara. Esta nova situação, associada à retirada dos equipamentos no interior do jardim e à mudança nos hábitos de lazer do carioca, que elegeu a praia como sua principal área de recreação e des- canso, acabou por afastar a população e propiciar um gradual processo de de- gradação do local. Além de chamar atenção para a im- portância do uso na manutenção da vi- talidade de um espaço livre público, es- tes três pesquisadores demonstraram como os diversos momentos do passado e o presente se fundiram neste espaço, imprimindo marcas que resultaram em uma paisagem-palimpsesto, como sa- lientou Santucci (3). Estes são aspectos importantes que devem ser levados em consideração para orientar futuras obras de restauração e revitalização de espaços livres públicos. Rubens de Andrade, paisagista e pesquisador que atuou como debatedor na primeira sessão do seminário e que também assina artigo neste volume, in- staurou o debate ao interrogar o leitor sobre o processo de interação entre a so- ciedade e a paisagem e seu rebatimento nas ações e políticas de restauração dos jardins históricos e sítios paisagísticos no Brasil praticadas até o presente. O processo de restauração do Passeio Público do Rio de Janeiro tem o mérito de iniciativa pioneira, devido aos proced- imentos metodológicos que adotou, e é um passo importante para a preservação dos jardins históricos brasileiros. Sua de- scrição encontra-se bem documentada na segunda seção da revista, intitulada Práticas Projetuais, aberta pela arquite- ta-paisagista Flávia Braga, onde são apre- sentadas as abordagens metodológicas que embasaram todo o processo, entre 2001 (data de início do projeto) à 2004 ( data de término das obras), pela equipe de profissionais e pesquisadores Nelson Porto Ribeiro, Jackeline Macedo, Vera Dias de Oliveira e Jeanne Trindade. Tam- bém aqui, foram levantados alguns pon- tos que instigam a reflexão. Santucci shows, with the support of interesting iconographic and archae- ological research material, as the radical changes throughout the twentieth century in environmental hardware which incorporates the Public Garden - the three landfills that gradually distanced Bay waterfront (1903, 1920 -1922 and 1952-1960) and takedowns of the hills which enabled them - changed its main function of a public park facing the contemplation of the stunning scenery of the Bay of Guanabara. This new situation, coupled with the withdrawal of the equipment inside the garden and the change in the Rio leisure habits, which elected the beach as the main area of recreation and rest, eventually depart the population and provide a gradual local deg- radation process . In addition to calling attention to the importance of using in maintaining the vitality of a public space, these three researchers demonstrated how the various moments of the past and the present merged in this space, printing brands which resulted in a landscape-palimpsest, as pointed Santucci (3). These are important aspects that must be considered to guide future works of restoration and revitalization of public open spaces. Rubens de Andrade, landscape and researcher who served as discussant in the first session of the seminar and also signs an article in this volume, brought the debate to question the reader about the process of interac- tion between society and the landscape and its repercussion in the actions and policies of restoration of historic gardens and landscaped sites in Brazil practiced to the present. The Public Garden of the restoration process of Rio de Janeiro has the merit of pioneering initiative, due to methodological procedures adopted, and is an important step for the preservation of Brazilian historical gardens. His description is well documented in the second section of the magazine entitled projective Practices, opened by the architect-landscaper Flavia Bra- ga, where the methodological approaches that supported the whole pro- cess from 2001 (project start date) to 2004 are (date the completion of works), by the team of professionals and researchers Port Nelson Ribeiro, Jackeline Macedo, Vera Dias de Oliveira and Jeanne Trinity. Here, too, were raised some points that prompt reflection.
  • 23. 24 Logo de início, Nelson Porto Ribeiro in- forma que a orientação que norteou o projeto de restauro, definida por um gru- po transdisciplinar que incluiu arquitetos, paisagistas e historiadores integrantes das equipes da Fundação Parques e Jar- dins, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Ópera Prima Arquite- tura e Restauro, empresa contratada para desenvolver o projeto e executar as obras, foi a de privilegiar, como referência, o projeto de Glaziou, uma vez que a quase totalidade da composição paisagística proposta por Mestre Valentim havia se perdido, e mesmo alguns elementos in- troduzidos posteriormente e destruídos pelas reformas implantadas ao longo do século XX não deveriam ser reproduzi- dos, sob pena de constituir-se como “fal- so histórico”. É digna de nota a reconstituição de vestígios e fragmentos importantes dos diversos momentos de transformação do Passeio Público carioca, postos à luz pela pesquisa arqueológica, elaborada em atendimento aos decretos municipais nº 22.872 e 22.873, de 07 de maio de 2003. O processo de elaboração desta pesquisa, embasado pelas diretrizes e procedimen- tos indicados nas cartas patrimoniais e na teoria de restauro de jardins históricos (4) e bem documentado pela arqueóloga Jackeline Macedo em seu artigo, eviden- ciou a superposição de dois projetos de jardim (um de autoria de Mestre Valen- tim, o outro de Glaziou) e a localização exata das intervenções posteriores que, em alguns casos, chegaram mesmo a per- turbar a integridade de ambos os pro- jetos. As descobertas, no entanto, não foram descortinadas ao público na sua totalidade. A seguir, Vera Dias de Oliveira descre- veu os procedimentos metodológicos e técnicos utilizados nas fases de diagnósti- co e restauro dos monumentos, escul- turas, pontes, guarda-corpos e parte da infra-estrutura do Passeio Público, com o apoio de imagens que mostraram diver- sas etapas deste processo. Early on, Nelson Ribeiro Port informs that the orientation that guided the restoration project, defined by a cross-disciplinary group that included ar- chitects, landscape architects and historians members of the teams Parks and Gardens Foundation, the Heritage Institute for National Artistic and Opera Prima Architecture and Restoration, a company contracted to devel- op the project and run the works, was to focus, as a reference, the Glaziou project, since almost the entire landscape composition proposed by Mestre Valentim was lost, and even some elements subsequently released and de- stroyed by the reforms implemented during the twentieth century should not be played, so as not to constitute itself as “false history”. It is worthy of note reconstitution of remains and important fragments of the various moments of transformation of Rio’s Public Garden, made light by archaeological research, drawn up in compliance with local ordi- nances No. 22 872 and 22 873 of 07 May 2003. The drafting process this research, based the guidelines and procedures in the property cards and historical gardens restoration theory (4) and well documented by archaeol- ogist Jackeline Macedo in his article, showed the superposition of two gar- den projects (a Valentine Master of authorship, the other of Glaziou) and the exact location of subsequent operations which in some cases have even disrupt the integrity of both designs. The findings, however, have not been unveiled to the public in their entirety. Then Vera Dias de Oliveira described the methodological and technical procedures used in the stages of diagnosis and restoration of monuments, sculptures, bridges, railings and part of the Public Promenade in infrastruc- ture, with the support of images showing each stage of process. #1JA artigo
  • 24. 25 AN/JUN 2015 artigo Trindade apresentou as várias fases deste processo de reconstituição, que in- cluiu inventário florístico, visita a outros espaços livres desenhados por Glaziou, resgatededocumentoshistóricosprimári- os e mapeamento da situação atual de insolação e sombreamento, esclarecendo também que o plantio especificado ainda não foi finalizado devido à insuficiência de recursos destinados a esta etapa da obra. As questões citadas pelos paisagistas e pesquisadores que atuaram como moder- adores e debatedores no seminário e que assinam artigos neste volume convidam ao aprofundamento das discussões nas próximas edições da revista. Flávia Braga mencionou um pon- to-chave na discussão sobre o processo de restauração de patrimônios históricos culturais, quer sejam edificados ou livres de edficação: a questão da temporali- dade. Qual o momento a ser restaurado? Quais as implicações e cuidados ao se definir um recorte temporal? Outra questão importante, também apontada por Eduardo Barra, debatedor na segunda sessão do seminário, é a da adequação e escala da sinalização, ilu- minação e mobiliários contemporâneos propostos, sua inserção e interferência nos jardins históricos. Barra, em seu artigo, fez outra consid- eração sobre a qual seriam bem-vindas informações adicionais: os efeitos ambi- entais das obras executadas no subsolo da área de entorno do Passeio ao longo das últimas décadas e suas implicações nas condições do solo, lençol freático e, conseqüentemente, na drenagem e nas condições da vegetação dentro dos lim- ites do parque. Ao final, Leonardo Ladeira Mota oferece um breve relato do proces- so de restauração do Passeio Público e sumariza as palestras que deram origem aos artigos que compõem este volume. As informações teóricas e técnicas apresentadas, o detalhamento das aná- lises dos planos urbanísticos e paisagísti- cos e das intervenções arquitetônicas que se realizaram em momentos históri- cos diversos, o registro iconográfico do processo de recuperação dos elementos essenciais, dos vestígios encontrados e o registro fotográfico do momento se- guinte à reconstrução já valem a leitura deste primeiro número da revista Leitu- ras paisagísticas: Teoria e práxis. Trinity presented the various stages of this process of reconstitution, which included floristic survey, visit other open spaces designed by Glaziou, rescue primary historical documents and mapping the current situation of sunshine and shade, also stating that the specified planting has not yet been finalized due to insufficient resources for this stage of the project. The issues cited by landscapers and researchers who acted as moderators and panelists at the seminar and signing articles in this volume invite deep- ening of discussions in the next editions of the magazine. Flavia Braga mentioned a key point in the discussion of the restoration process of cultural heritage sites, whether built or edficação free: the ques- tion of temporality. What is the time to restore? What are the implications and care by setting a time frame? Another important issue, also mentioned by Eduardo Bar, debater in the second session of the seminar is the suitability and scale signage, lighting and proposed contemporary furnishings, input and interference in historic gardens. Barra, in his article, made another account on which would be welcomed additional information: the environmental effects of the works performed in the basement of walking around the area over the last decades and its implications on soil conditions, water table and, consequently, the drainage and the vegetation conditions within the park boundaries. Finally, Leonardo Ladeira Mota offers a brief account of the Public Garden of the restoration process and summarizes the discussions which led to the articles that make up this volume. The theoretical and technical information presented, the details of the analysis of urban and landscape plans and architectural interventions that took place in different historical moments, the iconographic record of the recovery process of the essential elements, the remains found and photo- graphic recording of the next moment the reconstruction are worth reading this first issue of landscape Readings: Theory and practice.
  • 25. 26 O panorama de abordagens referentes ao tema da restauração de jardins históri- cos divulgados nesta edição oferece em- basamento teórico e técnico para fu- turos estudos neste campo disciplinar e extrapola mesmo esta temática, ao des- vendar detalhes sobre as transformações paisagísticas decorrentes dos planos ur- banísticos operadas pelo poder público nesta área da cidade. Amparados pelas contribuições de San- tucci, Terra e Taulois, os leitores poderão também refletir sobre as formas de incen- tivar o uso de espaços livres públicos com caráter histórico com vistas a estancar seu processo de abandono e manter sua vital- idade no espaço urbano contemporâneo, tornando-os algo mais que museus-sítios arqueológico a céu aberto. E, por fim, in- stigados por Eduardo Barra, opinar sobre o papel do arquiteto-paisagista no pro- cesso de restauro de espaços livres públi- cos com caráter histórico e da integração efetiva de campos disciplinares diversos nesta forma de atuar e reabilitar pais- agens. Mônica Bahia Schlee é paisagista e ur- banista da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e professora do Departamento de Urbanismo da Escola de Arquitetura e Ur- banismo da Universidade Federal Flumi- nense. 1)
VILLAS BOAS, Naylor Barbosa. O Pas- seio Público do Rio de Janeiro: análise histórica através da percepção do es- paço. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PRO-ARQ/FAU. 2000. 2)
Ver também CRANDELL, Gina. Na- ture pictorialized: the view in landscape history. Baltimore: The Johns Hopkins University Press. 1993; SEGAWA, Hugo. Ao amor do público: jardins no Brasil . São Paulo: Nobel. 1996 e SCHLEE, Môni- ca Bahia. Cultural Perceptions of Nature and Urban Landscape Changes: The Case Study of Rio de Janeiro, Brazil. Present- ed in the CELA CONFERENCE/ COUNCIL OF EDUCATION OF LANDSCAPE ARCHI- TECTURE. Guelph, Ontario: University of Guelph. 2000. 3)
HARVEY, David. 1990. “Between Space and Time: Reflections on the Geo- graphical Imagination.” Annals of the Association of American Geographers 80: 418-34 e SCHLEE, Mônica Bahia. Ce- nografia Urbana e Qualidade Ambiental na Cidade do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FAU/USP. 1999. 4)
NAJJAR, Rosana (org). Manual de Ar- queologia Histórica do IPHAN. Brasília: IPHAN/ 6ª Superintendência Regional. 2002. The panorama of approaches on the subject of the restoration of historic gardens released this edition offers theoretical and technical basis for fu- ture studies in this subject area and even goes beyond this theme, to unveil details about the landscape changes resulting from urban plans operated by the government in this area city. Supported by contributions from Santucci, Earth and Taulois, readers may also reflect on ways to encourage the use of public open spaces with histor- ical character in order to stop its abandonment process and maintain its vi- tality in the contemporary urban space, making them something more than archaeological sites, museums in the open. Finally, instigated by Eduardo Bar, opinion on the role of the architect-landscaper in the restoration pro- cess of public open spaces with historic character and the effective integra- tion of various disciplines in this way of acting and rehabilitate landscapes. Monica Bahia Schlee is landscape and urban planner of the City of Rio de Janeiro and Professor, Department of Urban Planning School of Architec- ture and Urbanism of the Universidade Federal Fluminense.
  • 26. 27 ENTREVISTA COM O ARQUITETO PAISAGISTA HARUYOSHI ONO. Antônio Agenor Barbosa e Stela Rodrigues Haruyoshi Ono é hoje um do s mais importantes arquitetos paisagistas em atuação no Brasil. Não obstan- te este constatação, trata-se de um paisagista que, dentre outras tantas características marcantes da sua per- sonalidade, foi o mais importante e constante discípulo de Roberto Bur- le Marx, com quem trabalhou de 1965 até 1994, ano em que faleceu o grande mestre. Durante três décadas Haru como é carinhosamente chamado pelos mais próximos, foi o principal e mais próxi- mo interlocutor e colaborador de Ro- berto Burle Marx em diversos rojetos paisagísticos no Brasil e no exterior. Após a morte de Burle Marx (em 19940, Haru não só passou a coman- dar o escritório, como diversas de- cisões de natureza empresarial a ser- em tomadas, como também teve que lidar, cotidianamente, com o legado deste renomado artista que foi Burle Marx. Durante cerca de três horas de boa conversa, realizada no seu escritório no Bairro de Laranjeiras no Rio de Ja- neiro, Haru foi, aos poucos, revelando aspectos preciosos da sua formação e também da sua personalidade bas- tante peculiar que, nitidademente, revela ao interlocutor muitas carac- terísticas da cultura japonesa, da qual fazia parte seus antepassados. De forma muito tranquila e sem nenhuma afetação, vaidade ou pe- dantismo Haruyoshi Ono fala de seu trabalho que considera, de alguma forma, inserido num processo de con- tinuidade do que já vinha fazendo nos muitos anos em que colaborou com Burle Marx. INTERVIEW WITH LANDSCAPE ARCHITECT HARUYOSHI ONO. Antônio Agenor Barbosa e Stela Rodrigues Haruyoshi Ono is now one of the most important s landscape architects oper- ating in Brazil. Despite this finding, it is a landscape that, among many other striking features of his personality, was the most important and constant dis- ciple of Roberto Burle Marx, with whom he worked from 1965 until 1994, the year of his death the great master. For three decades Haru as it is affectionately called by close, was the main and closest partner and collaborator Roberto Burle Marx in several landscaped rojects in Brazil and abroad. After the death of Burle Marx (in 19940, Haru has not only command the of- fice, as several decisions of a business nature to be taken, but also had to deal daily with the legacy of this renowned artist who was Burle Marx. For about three hours of good conversation, held in his office at the Laran- jeiras district of Rio de Janeiro, Haru was gradually revealing precious aspects of their training and also its peculiar personality, nitidademente, the caller reveals many features Japanese culture, which was part of their ancestors. Very quiet and without any affectation, vanity or pedantry Haruyoshi Ono talks about his work that considers way, somehow entered a process of con- tinuity of what was already doing in the many years that collaborated with Burle Marx. #1JA ENTREVISTA
  • 27. 28 Antônio Agenor Barbosa e Stella Ro- driguez: O senhor poderia nos falar como foi a sua formação, tanto no âm- bito acadêmico e também profission- al, como arquiteto e, particularmente, como paisagista? Haruyoshi Ono: Fiz o ginásio e o científico no Colégio Cruzeiro. Depois fiz vestibular para a Faculdade Nacio- nal de Arquitetura, na época Univer- sidade do Brasil, em 1964, e em 1968 me formei como arquiteto. Esta é, portanto, minha formação acadêmi- ca. Enquanto eu ainda cursava ar- quitetura, tive contato com o profes- sor Antônio Leitão, que era o nosso professor de desenho artístico, e fiz parte do seu escritório de arquitetu- ra. Mais tarde ingressei no ateliê de Roberto Burle Marx como estagiário, em 1965, e de estagiário passei para desenhista dentro do escritório. Ao me formar arquiteto fui chamado para ser sócio da empresa. E contin- uei até a morte de Roberto, em 1994. Portanto, fui sócio do escritório Burle Marx & Cia. Ltda. de 1968 até 1994, e, desde então, dirijo a empresa. AAB / SR: O senhor é nascido no Rio? HO: Nasci no Rio de Janeiro, no bairro do Rio Comprido, em 1943. Antonio Agenor Barbosa and Stella Rodriguez: Could you tell us how your training, both in the academic and professional also, as an architect, and par- ticularly as a landscaper? Haruyoshi Ono: I did the gym and in the scientific College Cruise. Then I en- trance exam for the National School of Architecture at the time University of Brazil in 1964 and in 1968 I graduated as an architect. This is therefore my ed- ucation. While I still was studying architecture, I had contact with the teacher Antonio Leitao, who was our teacher of artistic design, and made part of his architectural firm. Later I entered the studio of Roberto Burle Marx as a train- ee in 1965 and went to designer intern in the office. When I graduate architect was called to be a company partner. I continued until the death of Robert, in 1994. So I went partner office Burle Marx & Cia. Ltda. 1968 to 1994, and since then drive the company. AAB / SR: You are born in Rio? HO: I was born in Rio de Janeiro, in the neighborhood of Long River, in 1943. Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional do Verde, Osaka - Foto: [Ruy Ohtake Arquitetura e Urbanismo] #1JA ENTREVISTA
  • 28. 29 AN/JUN 2015 ENTREVISTA AAB / SR: E a sua opção pelo Paisagis- mo se deu basicamente pelo encontro com o Burle Marx? HO: Sim, basicamente foi. Mas eu sempre tive interesse por vegetação ainda em minha infância. A minha mãe, por exemplo, gostava muito de plantas também e nós tínhamos um pequeno quintal em casa. Minha mãe era japonesa e o interesse dela por plantas não tinha origem e nem relação direta com paisagismo ou jar- dins orientais. Apenas ela gostava de conviver e tratar das plantas, e com isso aprendi muita coisa com ela. Esse foi meu primeiro encontro com a veg- etação. Mais tarde, lógico, com o Bur- le Marx fui aprendendo praticamente quase tudo que eu sei até hoje. AAB / SR: Que tipo de plantas sua mãe cultivava? HO: Eram na sua maioria plantas an- uais e exóticas. Tinham dálias de di- versas florações, muitos crisântemos, algumas árvores, e cravinhos e viole- tas. Ela apreciava muito essas plantas por causa da floração e do cheiro. As azaléias eram especiais para ela. E no meio de tudo isto as buganvílias se destacavam por suas belas florações. Como o nosso quintal era pequeno, eram as árvores da vizinhança que me impressionavam muito. AAB / SR: Então sua infância aconte- ceu em um espaço que tinha um jar- dim? HO: Sim. Num pequeno espaço nos- so, particular, “o quintal”, que a gente chamava de jardim. E tinham ainda os arredores, as ruas bem arboriza- das. Mas isto já não era mais no Rio Comprido, bairro onde nasci, e sim em Senador Camará, para onde me mudei aos seis anos de idade quando saímos do centro da cidade e fomos para a zona rural. E foi em Senador Camará que passei minha infância e onde nós moramos por muito tem- po. Lá era bom porque era cercado de mata, tinha um rio atrás, um rio pequeno que as pessoas se banha- vam. Havia ainda bois e vacas perto da casa, pastando. AAB / SR: And its choice Landscaping was driven by the encounter with the Burle Marx? HO: Yes, basically was. But I always had interest in vegetation even in my child- hood. My mother, for example, was very fond of plants and also we had a small yard at home. My mother was Japanese and her interest by the plants had no origin and not directly related to landscaping or oriental gardens. As she liked to live and deal with plants, and thus learned a lot from her. This was my first encounter with the vegetation. Later, of course, with the Burle Marx I learned just about everything I know today. AAB / SR: What kind of plants cultivated his mother? HO: They were mostly annual and exotic plants. They had several blooms dahlias, chrysanthemums many, some trees, and cloves and violets. She en- joyed much these plants because of the flowering and the smell. The azaleas were special to her. And amidst all this bougainvillea stood out for its beautiful blooms. As our yard was small, were the trees in the neighborhood that im- pressed me a lot. AAB / SR: So your childhood happened in a space that had a garden? HO: Yes. In our small space, particular, “the yard”, which we called garden. And still had the surroundings, well-lined streets. But this was no more in the Long River, the neighborhood where I was born, but in Senador Camara, where I moved to six years old when we left the city center and went to the countryside. And it was in Senador Camara I spent my childhood and where we live long. There was good because it was surrounded by woods, had a river behind, a small river that people bathed. There were bulls and cows near the house, grazing.
  • 29. 30 AAB / SR: E a sua infância foi ali, nesse ambiente... O senhor tem irmãos? HO: Minha infância foi no meio de jamelões, mangas, laranjas. Tenho dois irmãos. Um mais velho e outro mais novo. Nós três apreciávamos muito essa vida na zona rural. Nas horas de lazer tinham os jogos de bola – boa época, não é? – pipas, pião, aquelas brincadeiras de ruas, bandei- rinhas etc. Eu ainda me recordo bem. AAB / SR: Então, a experiência com a natureza e o contato com as plantas estavam ali bem próximas de vocês. E o teu pai? HO: Hoje penso que o mais impor- tante não era esse contato com a veg- etação, mas sim de um modo geral o contato com a terra. Meu pai era comerciante, e em função disso, por causa do seu trabalho, fomos morar em Senador Camará. Eu saí de lá com 16 ou 17 anos, mais ou menos. Eu comecei a estudar no Centro do Rio de Janeiro, em 1950, no Colégio Cruzeiro. No meio do ano letivo nos mudamos e fiquei sem estudar alguns meses por falta de vaga na escola. No ano seguinte fui matriculado numa es- cola particular chamada Colégio São José. Era uma turma muito engraçada porque tinham alunos desde o curso primário o ginasial. Havia aulas de in- glês junto com português, francês, e a crianças pequenas no meio, numa sala ampla dividida em grupos. Depois fui para uma escola pública onde fiquei até o curso de admissão. Prestei uma espécie de concurso para uma escola estadual, já em Campo Grande, ainda na zona rural. Campo Grande era naquela época um bair- ro do Rio de Janeiro, desenvolvido e distante. Hoje é tudo ligado, diferente daquele tempo. E ali eu estudei por dois anos, o primeiro e o segundo gi- nasial. Terceiro ginasial eu já vim faz- er aqui no Rio, no Colégio Cruzeiro, voltando à origem. Era um colégio alemão, bilíngüe e tínhamos a opção de cursar em alemão ou não. Ainda hoje é considerado um bom colégio aqui no Rio de Janeiro. Concorria na época com o Colégio Pedro II. AAB / SR: And your childhood was there, in that environment ... Do you have siblings? HO: My childhood was in the middle of jamelões, mangoes, oranges. I have two brothers. An older and one younger. We were enjoying the three very life in the countryside. In the leisure hours had the ball games - good time, right? - Kites, spinning top, those jokes streets, flags etc. I still remember well. AB / SR: So the experience with nature and the contact with the plants were there right next to you. And your father? HO: Today I think the most important thing was not that contact with vegeta- tion, but in general the contact with the earth. My father was a merchant, and because of this, because of their work, we live in Senador Camara. I left there with 16 or 17 years or less. I started studying in downtown Rio de Janeiro in 1950, the College Cruise. In the middle of the school year we moved and I was not studying a few months for lack of place at the school. The next year I was enrolled in a private school called St. Joseph College. It was a very funny because class had students from primary school to junior high. There were English classes along with Portuguese, French, and for young children in the middle, a large room divided into groups. Then I went to a public school where I stayed until the intake stroke. Pay a kind of competition to a state school, already in Campo Grande, still in the coun- tryside. Campo Grande was then a neighborhood of Rio de Janeiro, developed and distant. Today is all on different that time. And there I studied for two years, the first and the second junior. Junior third I’ve come here to do in Rio, the College Cruise, returning to the origin. Was a German school, bilingual and had the option of studying in German or not. Is still considered a good school here in Rio de Janeiro. Was running at the time with the College Pedro II. #1JA ENTREVISTA
  • 30. 31 AN/JUN 2015 ENTREVISTA AAB / SR: And there were living with their grandparents as well? HO: No I did not know nearly my grandparents. My maternal grandmother I met in a few days visits here in Rio de Janeiro. My paternal grandfather I only saw once in São Paulo. Were Japanese. AAB / SR: And you had some contact with Japan it? Traveled during his child- hood and adolescence? HO: No, during childhood contact with Japanese culture was through my par- ents. My father worked in an import and export shop for groceries and Japa- nese objects, then there was contact with these Japanese officials. Also, inside the customs, food and language were preserved. As a teenager contact was higher, because my father went to work at the Japanese embassy and that we now have greater contact with the Japanese. AAB / SR: And you had the opportunity to go to Japan? And the first time was at what age? HO: I slept several times in Tokyo because there was the scale to go see the development of the KLCC Park project in Kuala Lumpur. However, only in 1990 had the opportunity to spend a few days in Japan, visiting several cities. Our office was invited by the Japanese Government to the Brazil Pavilion Garden in Green International Exposition in Osaka, known as EXPO 90. We invite the architect Ruy Ohtake to the pavilion architecture and we did the garden. AAB / SR: And your choice of architecture study, as happened? HO: The architecture was an accident in my life. At the time I wanted to do Agronomy, was my first choice, I but I did not adapt to that environment. The following year made new entrance exam, this time for Architecture and In- dustrial Design. The evidence was concomitant, but the result of Architecture came before. When I heard that had been approved, I chose her. AAB / SR: E havia o convívio com seus avôs também? HO: Não. Eu não conheci pratica- mente meus avôs. A minha avó ma- terna eu conheci em visitas de poucos dias, aqui no Rio de Janeiro. O meu avô paterno eu só vi uma vez no inte- rior de São Paulo. Eram japoneses. AAB / SR: E o senhor tinha algum con- tato com o Japão mesmo? Viajou du- rante sua infância e adolescência? HO: Não, durante a infância o conta- to com a cultura japonesa era através dos meus pais. Meu pai trabalhava numalojadeimportaçãoeexportação de mantimentos e objetos japone- ses, então havia contato com esses funcionários japoneses. Além disso, dentro de casa os costumes, a ali- mentação e a linguagem eram preser- vadas. Já na adolescência o contato foi maior, pois meu pai passou a tra- balhar na Embaixada do Japão e com isto passamos a ter maior convívio com os japoneses. AAB / SR: E o senhor já teve a opor- tunidade de ir ao Japão? E a primeira vez foi com que idade? HO: Dormi várias vezes em Tóquio, pois lá fazia a escala para irmos ver o desenvolvimento do projeto do Parque KLCC, em Kuala Lumpur. En- tretanto, somente em 1990 tive a oportunidade de passar alguns dias no Japão, visitando várias cidades. O nosso escritório foi convidado pelo Governo japonês para fazer o jardim do Pavilhão do Brasil na Exposição In- ternacional do Verde, em Osaka, con- hecida como EXPO 90. Convidamos o arquiteto Ruy Ohtake para fazer a ar- quitetura do pavilhão e nós fizemos o jardim. AAB / SR: E a sua opção pelo estudo de arquitetura, como se deu? HO: A arquitetura foi um acidente na minha vida. Na época eu queria faz- er Agronomia, foi a minha primeira opção, passei mas não me adaptei àquele ambiente. No ano seguinte fiz novo vestibular, desta vez para Arquitetura e Desenho Industrial. As provas eram concomitantes, mas o resultado da Arquitetura saiu antes. Quando soube que tinha sido aprova- do, optei por ela.
  • 31. 32 AAB / SR: Mas tudo tem uma aprox- imação pela história do seu interesse do contato com a natureza, com a ter- ra, certo? HO: No final das contas, no meu tra- balho profissional, eu acabei tenden- do pra esse lado da natureza. AAB / SR: Agronomia não deu certo por quê? HO: Por causa do ambiente que eu não gostei muito. AAB / SR: Roberto Burle Marx mor- reu em 1994 e, desde então, nestes últimos 18 anos, o senhor é que está à frente da empresa ainda chamada Burle Marx & Cia. Ltda. Comente a re- speito do seu trabalho no escritório nestes últimos 18 anos. HO: Após a morte de Roberto, con- cluímos os trabalhos pendentes onde ele estava à frente. Houve um inter- valo de tempo, uma pequena inter- rupção de uns três a quatro anos em que nós tivemos muita dificuldade de conseguir novos trabalhos. Eu não tinha a experiência de divulgar o escritório; não era como o Roberto que saía muito, conversava, tinha um relacionamento social muito grande. Por causa disso tivemos, de fato, uma série de dificuldades após a morte dele. Alguns arquitetos, conhecidos nossos, amigos, nos ajudaram bastan- te nessa época. E, aos poucos, fomos conseguindo pequenos trabalhos e reconquistando o espaço... AAB / SR: But everything has an approach the his- tory of your interest contact with nature, with the earth, right? HO: In the end, in my professional work, I just tend to that side of nature. AAB / SR: Agronomy did not work why? HO: Because of the environment that I did not like. AAB / SR: Roberto Burle Marx died in 1994 and, since then, in these last 18 years, you are standing in front of the company still called Burle Marx & Cia. Ltda. Comment about your work in the office these past 18 years. HO: After the death of Robert, concluded pend- ing jobs where he was ahead. There was a time, a small interruption of about three to four years that we had a hard time finding new jobs. I had no experience of disseminating the office; Roberto was not like coming out very, talked, had agreatsocialrelationship.Becauseofthatwehad, in fact, a number of difficulties after his death. Some architects, known our, friends, helped us a lot at that time. And gradually, we were getting small jobs and regaining the space ... #1JA ENTREVISTA
  • 32. 33 AN/JUN 2015 ENTREVISTA Um grande trabalho praticamente ocupava todo o nosso tempo, o Kuala Lumpur City Centre Park, na Malásia. Fomos convidados a projetar esse tra- balho quando o Burle Marx já estava muito doente. Ele foi duas vezes para lá, com muita dificuldade e sem pod- er ajudar muito. Mas a figura dele era importante, porque os donos do em- preendimento se apoiavam no nome dele. Nessa época éramos seis ar- quitetos efetivos, além dos estagiári- os e desenhistas e, naturalmente tín- hamos que manter essa turma toda. Conseguimos entregar o trabalho; fizemos um bom trabalho e ficamos satisfeitos. Esse projeto terminou em 1997, foi executado e entregue ao pú- blico logo após. A partir daí os trabalhos começaram a surgir naturalmente: pequenos tra- balhos, portarias de prédios, refor- mas de jardins e até pequenas inter- venções, como nas Vilas Olímpicas. Na época o governo do Estado estava muito ligado aos esportes. Então fize- mos vários parques, como o Parque da Maré, no caminho do Aeroporto do Galeão, que hoje está totalmente des- figurado em relação ao nosso projeto. Fizemos uma série de Vilas Olímpicas, que eram intervenções pequenas em determinados bairros e em várias ci- dadezinhas aqui perto, no nosso en- torno, Nova Iguaçu, Caxias, Nilópolis, Belford Roxo, Mesquita, entre outros. A great job practically occupied all of our time, the Kuala Lumpur City Centre Park, Malaysia. We were asked to design this work when the Burle Marx was already very ill. He was twice there, with great difficulty and unable to help much. But his figure was important, because the owners of the project re- lied on his name. At that time we were six permanent architects, in addition to trainees and designers and of course we had to keep the whole class. We were able to deliver the work; did a good job and we were pleased. This proj- ect ended in 1997, was executed and delivered to the public soon after. From there the work began to emerge naturally: small jobs, ordinances build- ings, gardens reforms and even small interventions, such as the Olympic Vil- lages. At the time the state government was very connected to sports. So did several parks, such as Tide Park, on the road to Rio International Airport, which today is completely disfigured in relation to our project. We made a number of Olympic Villages, which were small interventions in certain neigh- borhoods and in several small towns near here, in our surroundings, Nova Iguaçu, Caxias, Nilópolis, Belford Roxo, Mosque, among others.
  • 33. 34 AAB / SR: O senhor disse que o Parque da Maré está desfigurado, como de- screve essa situação? HO: Fizemos dois projetos para o Parque da Maré. O primeiro em 1991 foi totalmente executado conforme o nosso projeto. Na época, a execução ficou por conta de nossa equipe – ar- quitetos e jardineiros, juntamente com pessoas das comunidades que compunham o Complexo da Maré, que na época eram sete ou oito. Após a entrega do parque à população, lamentavelmente não houve o apoio da Prefeitura para a sua conservação e então o parque foi decaindo até que chegou à degradação. Após alguns anos, em1996,fomos contratados no- vamente para reestudar o Parque, ag- ora pela Secretaria de Habitação. De- cidiram derrubar tudo o que restava do remanescente e a recomendação era partir da estaca zero, transforman- do-o em um Parque Esportivo, já que a cidade nessa época vivia a febre das vilas olímpicas, voltadas mais para o Esporte. Dessa forma projetamos para a área um complexo esportivo aquáti- co com piscinas olímpicas, saltos or- namentais, vestiários e atendimento médico, entre outras funções, e um campo de futebol com dimensões ofi- ciais com arquibancadas e vestiários, além de várias quadras polivalentes e pistas de atletismo. Havia também playgrounds para diferentes idades, praças de convivência e de alimen- tação. Cada atividade era entremeada por uma vegetação arbórea, planta- da em grupos da mesma espécie, de forma a identificar visualmente cada área. Ligando esses grupamentos pro- pusemos o plantio de palmeiras, ora em renques, ora em grupos, em ter- renos modelados formando pequenas ondulações. Para amenizar o forte calor do sol, enquanto as árvores não estavam desenvolvidas, projetamos em todas as áreas de estar pérgulas com plantas trepadeiras. O Parque foi executado parcialmente. O que ve- mos atualmente é um parque cercado por painéis “antirruído” com o intuito de esconder as construções das co- munidades, abandonado e ocupado por animais soltos (cavalos, porcos, cachorros etc.), por uma instituição religiosa e pela própria Policia Militar. AAB / SR: You said that the Tide Park is disfigured, as describes this situation? HO: We did two projects for the Tide Park. The first in 1991 was fully im- plemented as our project. At the time, the implementation was done by our team - architects and gardeners, along with people in the communities that made up the Complexo da Maré, who at the time was seven or eight. After the public park of delivery, unfortunately there was the support of the City for their conservation and then the park was declining until he came to degrada- tion. After a few years, in 1996, were hired again to revisit the park, now by the Housing Department. They decided to take down all that remained of the remnant and the recommendation was from scratch, turning it into a Sports Park, since the city at that time lived fever of Olympic villages, aimed more for Sport. Thus we project to the area a water sports complex with Olym- pic swimming pools, diving, medical dressing rooms and service, among oth- er functions, and a football field with official dimensions with bleachers and locker rooms, and several multipurpose courts and athletic fields. There were also playgrounds for different ages, coexistence and power markets. Each ac- tivity was interspersed with an arboreal vegetation, planted in groups of the same species, in order to visually identify each area. Connecting these groups have proposed the planting of palm trees, sometimes in rows, sometimes in groups, modeled on land forming ripples. To soften the strong heat of the sun, while the trees were not developed, designed in all living areas pergolas with climbing plants. The Park was run partially. What we see today is a park surrounded by panels “glazed” in order to hide the construction of communi- ties, abandoned and occupied by loose animals (horses, pigs, dogs etc.), by a religious institution and by the Military Police.
  • 34. 35 de esconder as construções das co- munidades, abandonado e ocupado por animais soltos (cavalos, porcos, cachorros etc.), por uma instituição religiosa e pela própria Policia Militar. AAB / SR: Mas, além dos fatos sociais que, em sua opinião, desfiguraram o projeto, quando se faz uma paisagem tem que haver uma manutenção, cer- to? HO: É claro. É preciso que haja um controle por parte dos responsáveis. Não cabe a nós projetistas fazer isso, até porque esse trabalho de educação e preocupação em preservar e man- ter o espaço nós já havíamos feito na época junto às pessoas de cada co- munidade. Algumas eram muito cor- diais e dialogavam conosco, tanto é que nesse período conseguimos fazer várias pequenas praças nos pequenos espaços que sobravam e que seriam urbanizados. Pelo menos, projetos e sugestões para amenizar a aridez e a falta de áreas verdes, eu posso garan- tir que entregamos. Fizemos vários projetos por dentro das comunidades. E eram dezenas de projetos, inclusive num lugar onde a área lembrava de longe a do Parque do Flamengo, em muito menor escala, por onde pas- sava um riacho (um córrego muito poluído que cheirava mal e que até hoje deve estar assim). Ao longo, im- plementamos várias áreas de esporte e de lazer, playgrounds e áreas de es- tar, ligadas por uma ciclovia. Foi na época do Prefeito Marcelo Alencar, quando o Secretário de Cultura era o Dr. Leonel Kaz. to hide the construction of communities, abandoned and occupied by loose animals (horses, pigs, dogs etc.), by a religious institution and by the Military Police. AAB / SR: But beyond the social facts that, in his view, marred the project, when it is a landscape has to be a maintenance, right? HO: Of course. There needs to be a control on the part of those responsible. It is not for the designers we do this, because this education work and concern to preserve and maintain the space we had already done at the time with the people of each community. Some were very friendly and dialogued with us, so much so that this period could make several small squares in small spaces left over and would be urbanized. At least, projects and suggestions to ease the dryness and the lack of green areas, I can guarantee that we deliver. We did several projects within the communities. And there were dozens of projects, including in places where the area reminded by far the Flamengo Park, on a much smaller scale, she passed a stream (a very polluted stream that smelled bad and that today should be so). Throughout, we implemented various areas of sports and leisure facilities, playgrounds and sitting areas, connected by a bike path. It was at the time of Mayor Marcelo Alencar, when the Secretary of Culture was Dr. Leonel Kaz. #1JA ENTREVISTA
  • 35. 36 AAB / SR: O senhor é frequentemente tratado como um discípulo de Burle Marx. Como o senhor recebe esta afir- mação? HO: Com naturalidade, não sou nem a favor e nem contra com esta situação (risos). Me chamam assim, não é? E é verdade, é como me sinto e continuo sendo, porque eu sigo os seus con- ceitos e não nego isso. AAB / SR: O senhor não acha que de- pois da morte dele houve uma quebra e/ou ruptura no seu trabalho individu- al com os valores, conceitos e atribu- tos da obra de Burle Marx? HO: Não acredito que minha criativi- dade tenha sofrido uma parada após o “trauma” causado pela morte de Ro- berto. Acho até que na continuidade do seu trabalho, houve de minha par- te, um desenvolvimento criativo mais pessoal e próprio. Neste sentido, há uma dissertação de mestrado, desen- volvida por uma pesquisadora em Re- cife que enfoca entre outros tópicos, o diálogo entre a forma de compor de Burle Marx e a minha. Creio que ainda hoje, a percepção de Rober- to ao avaliar e enfocar um problema compositivo serve de exemplo para mim, porque ele foi meu professor e mestre de verdade. Sem dúvida, no diálogo criativo que acontecia entre nós no dia a dia, suas ponderações frequentemente prevaleciam, mas nunca eram impositivas ou impostas. Realmente havia uma grande inter- ação entre nós. AAB / SR: Além de Burle Marx, que outros paisagistas o inspiram ou lhe servem de referência? O senhor con- hece a obra de outros paisagistas? HO: Na correria diária, fato que creio que aconteça com quase todos os escritórios que conheço, depois das conversas com clientes, viagens, ra- biscos, desenhos, discussões de pro- jetos, entregas, não me sobra muito espaço para estudar trabalhos de out- ros paisagistas. Não dá tempo! E no tempo que me sobra, faço questão de me desligar da azáfama diária e me dedicar a outras atividades. Mes- mo assim, conheço algumas obras de outros paisagistas, sem muito apro- fundamento é verdade, nos congres- sos, feiras e seminários, ao contrário de muitos dos meus colegas, que estudam bastantes obras em busca AAB / SR: You’re often treated as a disciple of Burle Marx. How do you get this statement? HO: Quite naturally, I am neither for nor against this situation (laughs). Call me so, right? And it’s true, is how I feel and continue to be me, because I follow your concepts and do not deny it. AAB / SR: Do not you think that after his death there was a break and / or disruption in their individual work with the values, concepts and attributes of the work of Burle Marx? HO: I do not think my creativity has suffered a stop after the “trauma” caused by the death of Roberto. I even think that the continuity of its work, there was of me, a more personal and own creative development. In this sense, there is a master’s thesis, developed by a researcher in Recife which focuses among other topics, the dialogue between the way of composing of Burle Marx and mine. I believe that today, the perception of Roberto to assess and address a compositional problem is an example to me because he was my teacher and true master. No doubt, the creative dialogue that occurred between us on a daily basis, their weights often prevailed, but were never impositive or im- posed. Really had a great interaction between us. AAB / SR: In addition to Burle Marx, that other landscape inspire or serve as reference? You know the work of other landscape? HO: In the daily rush, a fact which I believe happens with almost every office I know, after conversations with customers, travel, scribbles, drawings, project discussions, deliveries, it leaves me plenty of room to study the work of other landscapers. No time! And in the time left me, I must cut myself off from the daily hustle and devote myself to other pursuits. Even so, I know some works of other landscape without much depth is true, at conferences, fairs and sem- inars, unlike many of my colleagues, who study enough works in search #1JA ENTREVISTA
  • 36. 37 AN/JUN 2015 ENTREVISTA de novas referências para seus tra- balhos. Concordo que deveria ser assim, mais estudioso e mais atento, mas não pratico a idéia de conhecen- do os trabalhos de outros, melhorar o meu. Isso para mim não funciona des- sa maneira. AAB / SR: E nesse sentido, já que esta- mos falando no momento de autores, digamos de referências culturais que também sejam inspiração para seu trabalho, essa relação que pode ter outras culturas com a natureza, com a paisagem. Quais as referências cul- turais lhe servem como inspiração? Estamos aqui nos referindo à relação homem e natureza. HO: No trabalho cotidiano, normal- mente eu foco em exemplos viven- ciadas em viagens e nas lembranças e experiências adquiridas no escritório. Significalembrar-sedefatos que moti- varam soluções nas composições dos projetos, que às vezes são corriquei- ras e banais ou variadas, como as for- mas da Natureza que observamos nas formações rupestres no Vale dos Pan- cas ou de Diamantina, ou observar da janela de um avião, as formações mutantes das nuvens, os meandros dos rios, as formações montanhosas, as áreas de cultivo. Tudo são fontes de inspiração que estão à nossa vis- ta, prontas para serem capturadas e adaptadas para serem aproveitadas em nossos trabalhos. Às vezes pen- so que fico dando voltas, perseguin- do soluções ao consultar trabalhos antigos para me ajudar a solver cer- tas dúvidas de hoje. Mas prefiro isso a beber em outras fontes, talvez isso seja uma deficiência de minha parte. AAB / SR: Mas eu acho que tem um dado aí interessante, quer dizer, o sen- hor se realimenta da própria produção do escritório. Então pega, por exem- plo, a encomenda nova aí de repente “ah, isso parece um projeto que fize- mos lá nos anos 1970”, aí o senhor pega aquele projeto? É por aí? HO: Não, não é por aí. Nesse caso eu estaria me copiando... Não foi isso que eu quis dizer. Consulto às vezes em minha memória projetos ante- riores, porque Roberto me ensinou que a partir de exemplos passados bem resolvidos, sempre poderemos encontrar soluções melhores. É as- sim que vou tentando me aperfeiçoar. Soluções não são fórmulas. Não pego new references to their work. I agree it should be so, more studious and more careful, but do not practice the idea of knowing the works of others, improve my. That to me does not work that way. AAB / SR: And in that, while we’re at the time of authors, say of cultural refer- ences that are also inspiration for their work, this relationship may have other cultures with nature, with the landscape. What are the cultural references serve you as inspiration? We are here referring to the man and nature rela- tionship. HO: In daily work, I usually focus on examples experienced in travel and in the memories and experiences in the office. It means remembering facts that motivated solutions in the compositions of the projects, which are sometimes mundane and banal or varied as the forms of nature we see in rock formations in the Valley of Pancas or Diamantina, or observe the window of an airplane, the changing clouds formations, river meanders, mountainous formations, the area under cultivation. All are sources of inspiration that are before our eyes, ready to be captured and adapted to be utilized in our work. Sometimes I think I’m running around, chasing solutions to refer to old work to help me solve doubts of today. But I prefer it to drink elsewhere, maybe this is a defi- ciency on my part. AAB / SR: But I think there’s an interesting data there, I mean, you feeds back its own production office. Then takes, for example, the new order then sud- denly “ah, this looks like a project we did there in the 1970s,” there you han- dle that project? It’s out there? HO: No, not there. In this case I would be copying me ... That’s not what I meant. Consult sometimes in my memory earlier projects because Roberto taught me that well resolved from past examples, we can always find better solutions. That’s how I trying to improve myself. Solutions are not formulas. Do not get caught...
  • 37. 38 projetos antigos para copiar, porque cada projeto novo é outro projeto. AAB / SR: Então o senhor acha que não tem uma ruptura entre o seu tra- balho e o do Burle Marx. A gente pode pensar numa linha de continuidade? HO: Não acredito que haja uma rup- tura entre nossos trabalhos, acredito que o meu trabalho seja uma contin- uação. AAB / SR: Após a morte de Burle Marx a empresa sofreu alguma modificação estrutural ou se manteve dentro dos mesmos padrões? Por exemplo, número de funcionários, quantidade de projetos etc. HO: Após a morte de Roberto tivemos que fazer um enxugamento em tudo, porque a estrutura passou a ser out- ra. Já no final da vida, Burle Marx, ele mesmo já se dedicava mais à pintura, mais à parte artística, se bem que ele considerava o paisagismo uma mani- festação de arte. Neste período ele já deixava essa parte no escritório como meu encargo, assim como a gerência, mas isto não deu muito certo, porque eu sou um desastre nisso (risos), e então tive que chamar outra pessoa para nos ajudar a gerenciar a empre- sa. E esta pessoa – a arquiteta Ma- ria de Fátima Gomes de Sousa, hoje, nossa sócia – foi quem levantou o escritório novamente, pois tínhamos nos endividado bastante por conta da doença do Burle Marx e outras razões que não vêm ao caso relatar agora. Ela ajudou muito saneando a firma, principalmente na parte empresarial. Ela tinha sido estagiária na época de Roberto, trabalhando como desenhis- ta, e depois colaborou como arquite- ta contratada. Mais tarde participou da expedição à Amazônia, nos anos 1970, quando grande parte da nos- sa equipe foi para a região, voltando mais tarde a trabalhar nas coleções do Sítio Santo Antônio da Bica, que era a residência de Burle Marx, como fun- cionária do Iphan, e lá permanecendo alguns anos após a morte dele como vice-diretora. Depois ela foi trabalhar no Jardim Botânico, como assessora da presidência, quando nós a cham- amos novamente. Hoje ela é sócia da empresa e nossa consultora. old projects to copy, because each new project is another project. AAB / SR: So you think you do not have a break between their work and the Burle Marx. We can think of a line of continuity? HO: I do not think there is a break between our work, I believe that my work is a continuation. AAB / SR: After Burle Marx’s death the company suffered some structural mod- ification or kept within the same standards? For example, number of employ- ees, number of projects etc. HO: After the death of Roberto had to make a downsizing at all, because the structure has become another. At the end of life, Burle Marx, himself already devoted to painting, more artistic part, although he considered the landscap- ing a manifestation of art. During this time he has left that part in my office and charge, as well as the management, but it did not work out, because I’m a disaster it (laughs), and then had to call someone else to help us manage the company. And this person - the architect Maria de Fátima Gomes de Sousa, today, our partner- was the one who raised the office again because we had enough in debt due to the illness of Burle Marx and other reasons that are be- side the point now report. #1JA ENTREVISTA