QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
Manual getic 23-out_09
1. Gestão das Tecnologias na Escola
Faculdade de Educação e Psicologia
Universidade Católica Portuguesa
António Andrade [aandrade@porto.ucp.pt]
José Lagarto [jlagarto@ucp.pt]
2. Conteúdo
1 Políticas e Estratégias para os Sistemas de Informação na Escola .......... 1
1.1 Nativos e Imigrantes Digitais – A diferente neuroplasticidade .......... 1
1.2 A Sociedade da Informação ................................................... 4
1.3 Adopção de tecnologias, inovação e mudança ............................ 7
1.3.1 Modelos de Adopção de Tecnologia .................................... 8
1.3.2 Modelos de Presença na Internet ...................................... 12
1.4 Fases na Adopção de Tecnologia no Ensino ............................... 14
1.5 Arquitectura, Urbanismo e Ecologia dos Sistemas de Informação ..... 15
1.6 Alguns subsistemas das Escolas ............................................. 23
1.6.1 Biblioteca Escolar ........................................................ 23
1.6.2 LMS e outros subsistemas ............................................... 26
1.7 Dimensão ética dos e-spaces ................................................ 27
1.7.1 A problemática ........................................................... 27
1.7.2 As Dimensões do Problema ............................................. 28
1.8 Gestão da Informática e da Informação ................................... 33
2 A formação de docentes. Políticas de enquadramento. O Plano
Tecnológico da Educação .............................................................. 35
2.1 A formação de docentes – uma visão global .............................. 35
2.2 Objectivos estratégicos do PTE ............................................. 45
2.3 As dimensões do PTE.......................................................... 47
2.4 O eixo Formação .............................................................. 50
3 As tecnologias da aprendizagem colaborativa ................................ 53
3.1 Dos LMS aos PLE ............................................................... 54
3.2 Participação online ........................................................... 62
3.3 Blogs, Vlogs e Micro Blogs .................................................... 66
ii
3. 3.4 WebQuest ....................................................................... 67
3.5 Mobile Learning ................................................................ 68
3.6 Podcast.......................................................................... 70
3.7 e-Portfólio ...................................................................... 72
3.8 Jogos e Simuladores .......................................................... 73
3.9 Quadros Multimédia Interactivos ........................................... 78
3.10 Produção de Conteúdos .................................................... 79
3.11 Qualidade dos Recursos Formativos ..................................... 81
3.12 Repositórios.................................................................. 82
3.13 Avaliação do Processo...................................................... 84
4 Interfaces comunicacionais ...................................................... 88
4.1 Os Media Sociais ............................................................... 88
4.2 Evolução dos Serviços ........................................................ 92
4.3 Comunicação Institucional ................................................... 96
4.4 O Portal da escola ............................................................ 100
4.4.1 Dimensões de Gestão ................................................... 102
4.4.2 Gestores de Conteúdo .................................................. 103
4.4.3 Desempenho e impacto na sociedade ................................104
4.4.4 Arquitecturas de Participação ........................................108
4.4.5 Tecnologias colaborativas de suporte aos Departamentos .......111
4.5 Redes Sociais .................................................................. 111
5 As comunidades de prática e de aprendizagem.............................. 115
5.1 Introdução ..................................................................... 115
5.2 Comunidades de prática e comunidades virtuais de aprendizagem.. 116
5.3 Tipos de Comunidades ....................................................... 121
5.4 As tecnologias das COP’s ....................................................122
iii
4. 5.4.1 Gestão Colaborativa de Projectos .................................... 124
5.5 Comunidades Virtuais de Aprendizagem..................................125
5.6 Formas de desenvolvimento das comunidades ..........................127
5.7 As práticas colaborativas nas CVA .........................................127
5.8 Conclusão ...................................................................... 132
6 Segurança na Internet............................................................ 138
6.1 As funcionalidades ........................................................... 139
6.2 Os perigos na utilização da Internet ......................................147
6.2.1 Spam ...................................................................... 147
6.2.2 Vírus ....................................................................... 148
6.2.3 Exemplo de Vírus: ....................................................... 148
6.2.4 Worms ..................................................................... 149
6.2.5 Spyware ................................................................... 149
6.2.6 Phishing (“Pescar” informações dos utilizadores) .................149
6.2.7 Cyberbullying ............................................................ 150
6.3 As políticas de segurança ................................................... 151
Ilustrações
FIG.: 1 – CAPA DA TIME EM 2006 ....................................................................................................................... 6
.
FIG.: 2 – MODELO DE ADOPÇÃO DA WEB DE THOMPSON S.H. TEO E YUJUN PIAN ...................................................... 13
FIG.: 3 ‐ ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO NO ELEARNING ....................................................................................... 15
FIG.: 4 – A ORGANIZAÇÃO E O SEU CONTEXTO ...................................................................................................... 17
FIG.: 5 ‐ SIGNIFICADOS ASSOCIADOS A INFORMAÇÃO (VISUAL THESAUROS V3.0) ........................................................ 17
FIG.: 6 – CONCEITOS ASSOCIADOS A SISTEMA (VISUAL THESAUROS V3.0) ................................................................. 21
FIG.: 7 – OS TRÊS NÍVEIS DE GESTÃO SUGERIDOS POR ANTHONY ............................................................................... 22
FIG.: 8 – ARQUITECTURA DE SUPORTE AO SISTEMA DE GESTÃO DE UMA BIBLIOTECA .................................................... 24
FIG.: 9 – ARQUITECTURA LÓGICA DE UMA BIBLIOTECA ........................................................................................... 25
FIG.: 10 – VISÃO GLOBAL DO SISTEMA TECNOLÓGICO ESCOLAR ............................................................................... 26
FIG.: 11 – ALGUMAS DAS MÚLTIPLAS RECOMENDAÇÕES NA UTILIZAÇÃO DE COMPUTADORES ......................................... 31
iv
5. FIG.: 12 – ACTIVIDADES DA GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ......................................................................... 33
FIG.: 13 – DOCUMENTOS DE ORIENTAÇÃO PARA A FORMAÇÃO DE DOCENTES EM COMPETÊNCIAS TIC ............................. 50
.
FIG.: 14 – INTERESSE NA PESQUISA DE “LMS” E “PLE” EM PORTUGAL ..................................................................... 56
FIG.: 15 – TIPOLOGIA DOS ESPAÇOS NA FORMAÇÃO COMBINADA (ADAPTADO DE MILNE, 2006) .................................... 57
FIG.: 16 – INTERACÇÕES EDUCATIVAS ‐ MODELO DE ANDERSON (2004) ................................................................... 58
FIG.: 17 – MODELO DE INTERACÇÃO NA APRENDIZAGEM ONLINE – MODELO DE ANDERSON (2004) .............................. 59
FIG.: 18 – TIPOS DE INTERACÇÃO ....................................................................................................................... 64
FIG.: 19 – ESTRATÉGIA DE ENSINO EM FUNÇÃO DE OBJECTIVOS (ADAPTADO DO WHITE PAPER DE ELISSA ROBINS LOTUS
LEARNINGSPACE EM 25 SET. 1997) .......................................................................................................... 79
FIG.: 20 – ESTRUTURAÇÃO DE UMA UNIDADE CURRICULAR ..................................................................................... 81
FIG.: 21 – MODELO DE KACZYNSKI, WOOD, E HARDING ......................................................................................... 85
FIG.: 22 – VISTA PARCIAL DA VERSÃO ESTUDANTE DO QUESTIONÁRIO OLES ............................................................... 87
FIG.: 23 – MODELO TRADICIONAL DA COMUNICAÇÃO DE MASSAS (LASSWELL 1948) .................................................. 89
FIG.: 24 – PAPÉIS DA TECNOLOGIA NOS SERVIÇOS (CRAIG E ROTH CITADOS POR FITZSIMMONS) ..................................... 93
FIG.: 25 – GESTÃO DE WEB‐SITE ..................................................................................................................... 101
FIG.: 26 – UM DOS SISTEMAS DE CONTROLO DE ESTATÍSTICAS FORNECIDO PELO GOOGLE ............................................ 102
FIG.: 27 – O “CUBO” DE PETER KEEN ............................................................................................................... 103
FIG.: 28 – ABORDAGENS NA AVALIAÇÃO DO WEB‐SITES ....................................................................................... 105
FIG.: 29 – ESTRUTURAS TÍPICAS DO BLOGUE E DO WEB‐SITE ................................................................................. 109
FIG.: 30 – CONCEITO DE COMUNIDADE (WWW.THINKMAP.COM) .......................................................................... 113
.
FIG.: 31 – DIMENSÕES CHAVE DE UMA COP (ADAPTADO DE WENGER) ................................................................... 118
FIG.: 32 ‐ TIPOLOGIA DOS PARTICIPANTES DE UMA COMUNIDADE (WENGER) ........................................................... 119
.
FIG.: 33 – AS TECNOLOGIAS DE SUPORTE ÀS COMUNIDADES DE PRÁTICA (WENGER) .................................................. 123
.
FIG.: 34 ‐ ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DE UMA COP. (FONTE: WENGER (1998)) .............................................. 127
FIG.: 35 ‐ GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS ESTUDANTES EM TRÊS FÓRUNS DE SENSIBILIZAÇÃO .................. 130
FIG.: 36 – GESTÃO DO CORREIO ELECTRÓNICO .................................................................................................... 140
FIG.: 37 – GESTÃO DE UM BLOG ...................................................................................................................... 142
FIG.: 38 – PERMISSÕES DE PUBLICAÇÃO NO BLOG ............................................................................................... 142
FIG.: 39 – REDE SOCIAL HI5 ........................................................................................................................... 143
FIG.: 40 – CONFIGURAÇÃO DO PERFIL NO HI5 .................................................................................................... 144
FIG.: 41 – ESPAÇO DE FÓRUM ......................................................................................................................... 145
FIG.: 42 ‐ FÓRUM ......................................................................................................................................... 145
FIG.: 43 – UTILIZAÇÃO DE FÓRUNS PÚBLICOS ..................................................................................................... 146
Quadros
QUADRO 1 – OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS DO PLANO TECNOLÓGICO DA EDUCAÇÃO. ..................................................... 46
QUADRO 2 – ESTRUTURA FUNCIONAL DO PLANO TECNOLÓGICO DA EDUCAÇÃO (FONTE PTE) ....................................... 47
v
6. QUADRO 3 – CONTEÚDOS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO PARA O NÍVEL I (FONTE: PORTARIA 731/2009 DO MINISTRO DA
EDUCAÇÃO) .......................................................................................................................................... 51
QUADRO 4 ‐ ESTRUTURA DOS CURSOS DE FORMAÇÃO PARA O NÍVEL II (FONTE: PORTARIA 731/2009 DO MINISTRO DA
EDUCAÇÃO) .......................................................................................................................................... 51
QUADRO 5 – GERAÇÃO DE INTERNET E COMO SE APRENDE (ADAPTADO DE ANDERSON 2004) ....................................... 61
QUADRO 6 – MATRIZ DE EFICIÊNCIA E DE EFICÁCIA RELATIVA A PARTICIPAÇÃO ONLINE ................................................. 65
QUADRO 7 – NÍVEIS DO MODELO DE KIRKPATRICK ................................................................................................ 84
QUADRO 8 – ADAPTAÇÃO DO MODELO DE KACZYNSKI, WOOD, E HARDING ............................................................... 86
QUADRO 9 – EXEMPLOS DE SERVIÇOS COM MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA ....................................................................... 95
.
QUADRO 10 – OS SERVIÇOS MEDIADOS E O TRADICIONAL ....................................................................................... 95
QUADRO 11 – EQUILÍBRIO DAS FORMAS COMUNICACIONAIS (SEGUINDO A ÓPTICA DE LEVINSON) ................................. 100
QUADRO 12 – GESTORES DE CONTEÚDOS ......................................................................................................... 104
.
QUADRO 13 – PRINCIPAIS FACTORES DE AVALIAÇÃO DE SÍTIOS EDUCATIVOS (ANA AMÉLIA 2006) ................................ 107
QUADRO 14 – APLICAÇÕES PARA APOIO À GESTÃO DE PROJECTOS ......................................................................... 125
QUADRO 15 – CRIAR E DESENVOLVER COMUNIDADES (FONTE JOSÉ CLÁUDIO TERRA) ................................................ 135
QUADRO 16 – ATITUDES TÉCNICAS DE SEGURANÇA PARA UTILIZAÇÃO DA INTERNET. (FONTE:“GUIA PARA A SEGURANÇA NA
INTERNET” ) ........................................................................................................................................ 152
QUADRO 17 – ATITUDES COMPORTAMENTAIS DE SEGURANÇA PARA A UTILIZAÇÃO DA INTERNET. (FONTE:“GUIA PARA A
SEGURANÇA NA INTERNET” ) .................................................................................................................. 54
1
vi
7. Quando uma coisa é nova, as pessoas dizem: “Não é
verdade!”
Mais tarde, quando a sua verdade se torna evidente,
dizem: “Não é importante!”
Por fim, quando a sua importância não pode ser negada
dizem: “de qualquer modo, já não é novo!”
Adaptado de William James
8.
9. Cap. I – Sistema de Informação
I have been impressed with the urgency of doing. Knowing is not
enough; we must apply. Being willing is not enough; we must do.
Leonardo da Vinci (1452-1519)
1 Políticas e Estratégias para os Sistemas de Informação na
Escola
1.1 Nativos e Imigrantes Digitais – A diferente neuroplasticidade
Os jovens de hoje representam uma profunda mudança que é uma clara
descontinuidade face aos padrões geracionais evolutivos, mais conhecidos e
sistematicamente verificados até há poucos anos, no plano da educação e da
formação. O sistema de ensino parece não estar preparado para trabalhar
com eles e com a sua diferente forma de processar informação!
Um adolescente de hoje terá passado cerca de 5000 horas a ler livros e 10000
horas a jogar no computador ou em consolas, 10000 horas a usar telemóvel e
20000 horas a ver televisão. Um adolescente terá enviado e recebido 200000
1
10. Cap. I – Sistemas de Informação
e-mails e SMS e visto 500000 filmes publicitários, enquanto manipula um leitor
de MP3 ou um telemóvel (Prensky, 2001) 1.
Esta realidade torna-os nativos digitais na expressão do citado Marc Prensky
que considera os docentes imigrantes no universo digital. Imigrantes nem
sempre adaptados e integrados. Os casos de maior inadaptação (docentes ou
não) verificam-se pelo facto de imprimirem e-mails para ler, ou alguém os
imprime por si, não redigem directamente no computador, não lêem em
formato digital, não enviam o endereço de um site, mas convidam a ir ao
gabinete, ou ao seu computador para ver e analisar o conteúdo. Os mais
adaptados usam ainda, por vezes, uma linguagem da era pré-digital e uma
atitude pedagógica que não tira partido do novo meio, tendo como inevitável
e infeliz efeito motivar os estudantes a desligar do contexto estático que
muitas vezes se abate quando entram na sala de aula.
A investigação em neurobiologia vai dando indicações, ainda segundo Marc
Prensky, da neuroplasticidade do cérebro que se manifesta na constante
capacidade de auto reorganização em função dos inputs recebidos. Este
princípio é consensualmente aceite quando falamos, por exemplo, das
capacidades complementares, ou alternativas, desenvolvidas pelos artistas ou
pelos cegos. Face a esta constatação Ken Robinson afirma que as escolas
matam a criatividade 2!
O uso de jogos e simuladores com conteúdos sérios que antecipam realidades
e modelam outras é um recurso com enorme potencial educativo e formativo.
Desta forma os objectos educativos e as estratégias pedagógicas podem
aproximar-se das suas capacidades de multitarefa, acesso aleatório,
visualização gráfica, diversão, fantasia e conectividade entre pares que a
educação tipicamente ignora ao manter ainda o professor como o Information
Provider que planeia estímulos e distribuí reforços 3.
Não se trata do que ensinar e aprender, mas como ensinar e aprender! Como
tornar interessante o que é importante!
1
http://www.youtube.com/watch?v=dGCJ46vyR9o&eur
2
http://www.ted.com/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html
3
«O visível sobre o inteligível leva a ver sem compreender» Giovanni Sartori
2
11. Cap. I – Sistemas de Informação
Os ambientes ricos em tecnologia vão superando o actual hábito de usarmos
ferramentas tecnológicas para as diferentes tarefas 4. O divulgado projecto
Sixth Sense saído do MIT Media LAB e liderado por Pattie Maes, mostra-nos um
novo rumo resultante da interacção em ambientes ricos em tecnologia (Maes,
2009). A estes avanços tecnológicos podemos associar o potencial das
descobertas de Elvira Fortunato 5 (transístores de papel) e tecnologia
educativa como os promissores Siftables de David Merrill 6 que permite às
pessoas interagir com informação digital de forma natural, sem fios e teclados
(Merrill, 2009).
Estamos perante uma nova Idade Media!
Se a tecnologia devidamente enquadrada pode mudar a forma como
aprendemos e ensinamos, também pode ser uma ameaça à seriedade das
aprendizagens e do trabalho desenvolvido nas escolas, em qualquer grau de
ensino, se sob uma capa de modernidade apenas se facilita a «pedagogia» do
corta e cola através da Internet (Kauppila, 2005). Por outro lado a enfatizada
capacidade de multitarefa também parece não ser muito eficaz em termos de
aprendizagem como indica um estudo da Universidade de Standford 7.
Esta atitude só pode sustentar a argumentação dos «Velhos do Restelo» que
atravessam toda a história e emergem face a qualquer mudança tecnológica
como, por exemplo, o antagonismo face aos relógios de sol na Roma antiga
revelado por um texto do séc. III a.c., que relata o descontentamento de um
cidadão face à presença daqueles objectos, agora instalados, por toda a
cidade que perturbam os seus hábitos, condicionando e interferindo no
horário das suas refeições.
O tradicional paradigma do ensino baseado no princípio do Conteúdo e da
Transmissão deverá evoluir com o reforço da vertente Contexto e Actividade.
De certa forma é regressar a processos anteriores à massificação da escola
iniciada no século XIX, em que se aprende no contexto profissional e nas
oportunidades ocorridas no quotidiano mediante a interacção entre mestre e
4
http://www.youtube.com/watch?v=NsREy3A8RbI
5
http://idpt.wordpress.com/2008/08/26/elvira-fortunato/
6
http://web.media.mit.edu/~dmerrill/siftables.html
7
http://www.nytimes.com/2009/08/30/weekinreview/30pennebaker.html?_r=2 (31 Agosto
2009)
3
12. Cap. I – Sistemas de Informação
o aprendiz. Desta forma o problema não se centra no acesso a conteúdos
digitais, mas na exploração de contextos oferecidos e geridos nesse meio
(Figueiredo & Afonso, 2006).
1.2 A Sociedade da Informação
As mudanças a que hoje assistimos começaram a desenhar-se em 1965 quando
o número de trabalhadores ligados aos serviços ultrapassou o número daqueles
que exerciam a sua actividade na agricultura e na indústria. Colocava-se assim
fim ao ciclo da Sociedade Industrial que sucedera ao longo período da
Sociedade Agrícola. Estávamos perante o advento da Terceira Vaga (Toffler &
Toffler, 1995), a que Peter Druker vai chamar «Sociedade Pós-capitalista” e
que se fixa, posteriormente, em Sociedade da Informação.
Será adequado recordar que cada época tem o seu ciclo de utopias. Nos finais
do século XIX, a quando da emergência das redes eléctricas, surgia a utopia
de uma sociedade mais promissora, capaz de reconciliar o trabalho com o
lazer e a cidade com o campo 8. No final do século XX e do milénio passado
viveu-se uma utopia de objectivos e ideais semelhantes com o acesso
massificado da INTERNET (Mattelart, 2002).
Numa primeira fase a Internet (1.0) veio finalmente concretizar parte da visão
de Marshall McLuhan na criação da «Aldeia Global». Isto é, estabelecer um
espaço de equilíbrio na produção e no consumo de informação. A designada
Web social, ou Internet 2.0, apresenta-nos um conjunto de tecnologias que
finalmente estão a concretizar a tal visão de McLuhan para a qual Manuel
Castells encontra uma nova designação - «Sociedade em Rede».
As variáveis espaço, tempo e realidade alteraram-se fortemente com a
presença massiva das Tecnologias da Informação (TI). As distâncias são hoje
facilmente vencidas, em particular, onde é possível a desmaterialização da
matéria como no caso da informação, dos documentos e do dinheiro. Por
outro lado, no mesmo tempo, é possível executar mais tarefas com a ajuda
das tecnologias e a realidade pode ser também virtual, imersiva ou não.
8
Chegou o comboio, e com ele vêm perfumes, mercadorias e ideias. Eça de Queirós (citado
de memória)
4
13. Cap. I – Sistemas de Informação
A Sociedade da Informação é uma sociedade interligada, flexível, participada,
móvel, criativa, onde a informação e o conhecimento são gerados e
partilhados em ambientes cada vez mais mediados por tecnologia.
Torna-se visível e progressivamente mais clara a influência e o
enquadramento global dos impactos das tecnologias da informação e da
comunicação no plano do sujeito e da sociedade (Miller, Michalski, & Stevens,
2000). Assim, Carlos Tedesco (Tedesco, 1999) caracteriza esta nova sociedade
identificando três dimensões onde ocorrem mudanças profundas sob o
dominador comum da influência das Tecnologias da Informação: (I) estrutura
dos interesses, (II) carácter dos símbolos e (III) natureza das comunidades. Isto
é, em que pensamos, com que pensamos e onde desenvolvemos o nosso
pensamento são influenciados pelas tecnologias da informação.
A presença crescente das tecnologias da informação e da comunicação no
quotidiano coloca-nos perante um novo paradigma cujas características
fundamentais são constatadas com clareza pelo sociólogo Manuel Castells
(Castells, 2001):
• hoje, a informação não existe apenas para agir sobre a tecnologia,
mas é efectivamente cada vez mais a sua matéria prima. Trata-se de
possuir poderosa tecnologia para agir sobre informação;
• a penetrabilidade dos seus efeitos é indiscutivelmente profunda dado
que a informação é parte incontornável de toda a actividade
humana;
• por último, a versatilidade e potencialidade da sua estruturação em
rede está provada, pois a sua morfologia tem-se mostrado capaz de
responder à complexidade crescente da globalizada interacção
humana.
Esta análise realiza-se dando primordial atenção ao potencial inovador
atribuído às tecnologias da informação e da comunicação que estão cada vez
mais presentes em todas as actividades desenvolvidas pelo Homem, pelo que
assumem também progressivamente um estatuto de tecnologia social 9.
9
«As pessoas na net não são apenas solitários de informação, são também seres sociais.» Lee
Sproull e Samer Faraj, 1995
5
14. Cap. I – Sistemas de Informação
Como corolário do crescimento das redes sociais na Internet a revista Time é
levada a eleger cada um de nós como a personalidade do ano de 2006 (Fig.:
1).
Fig.: 1 – Capa da Time em 2006
Efectivamente, a revolução proposta pelas tecnologias da informação altera
os nossos comportamentos e vida em sociedade. Ao evoluírem de espécie-em-
espécie tecnológica aproximam-se sucessivamente, mais e melhor, da nossa
forma natural de comunicar. Efectivamente, com o telemóvel e os portáteis
(netbook, leitores livros digitais) ligados em rede as actividades não são, como
outrora, em função do local. Os aviões, os comboios, os automóveis, os
espaços públicos são transformados em escritórios. A esfera pública e privada
altera-se e a tecnologia permite transformarmo-nos em trabalhadores
contínuos.
Actualmente, o telemóvel é uma prótese cognitiva porque é o nosso elo de
ligação à informação e à rede social, tal como McLuhan antecipava ao
mencionar a ideia de «prótese electrónica» (Ganito, 2007). Noutro plano, as
tecnologias móveis têm um papel de relevo no plano afectivo. Funciona como
extensão pessoal pois, para além, do seu valor tem um papel activo na
construção da identidade (o modelo escolhido, os toques seleccionados, as
músicas, os SMS enviados e recebidos, etc.). Estas tecnologias vieram alterar
o nosso relacionamento com o outro.
Na visão de Richard Watson 10 esta estratégia de actuação é possível graças à
ubiquidade da tecnologia, nomeadamente o seu carácter:
• Universal (acesso universal de todas as redes e lugares);
• Único (informação personalizada à pessoa, ao tipo de equipamento, ao
contexto: lugar, tempo, papel);
10
www.uga.edu
6
15. Cap. I – Sistemas de Informação
• Uníssono (Multi-plataforma: sincroniza e replica informação entre
computadores, PDA, telemóvel, de forma transparente para o
utilizador).
A sociedade e, em particular a escola, evoluem de uma filosofia de sistema
para uma filosofia de rede. A lógica de rede é mais democrática que a lógica
do sistema e procura gerar cooperação alargada, de reciprocidade dinâmica e
policêntrica.
«A Web é uma rede mas também uma teia. Nessa teia a que
voluntariamente aderimos seremos a aranha se tivermos uma estratégia.
Seremos uma mosca se nos mantivermos pensando com a cabeça dos
outros.» Mia Couto in Pensatempos, Abril de 2005
Em Portugal mais de 70% nos utilizadores da Internet adere às redes sociais o
que abre um enorme potencial nas novas formas de comerciar e de ensinar 11.
1.3 Adopção de tecnologias, inovação e mudança
A inovação está, actualmente, muito ligada a processos de adopção de
tecnologias que permitem alterar processos e paradigmas.
Os processos de mudança organizacionais são complexos e normalmente
dependentes de factores psico-sociais que afectam os seus recursos humanos
perante desafios desta natureza. Nos tempos recentes as Tecnologias da
Informação são muitas vezes usadas numa perspectiva de alavanca dessa
mudança, mas nem sempre com o alcance desejado nos diversos tipos de
unidades económicas com, ou sem, fins lucrativos.
Como factor que acrescenta maior complexidade verifica-se que as
tecnologias hoje não são só usadas como suporte aos sistemas de informação
das organizações voltados para a sua gestão interna (Recursos Humanos,
Produção, Gestão de Clientes, Gestão de Alunos, Horários, Espaços, etc), mas
também são articuladas com os parceiros e com o exterior da organização
como um canal privilegiado de comunicação (Web-sites, Intranets, Extranets).
Este facto obriga a repensar, ou a aprofundar, os objectivos e o desenho dos
Web-sites através da abertura à participação interna dos colaboradores das
11
www.jornalbriefing.iol.pt/noticia.php?id=1044104&div_id=3421 (25 Agosto 2009)
7
16. Cap. I – Sistemas de Informação
unidades económicas (com ou sem fins lucrativos) e dos consumidores do e-
space uma vez que o perfil de um cliente se transformou em prosumidor
(produtor-consumidor).
1.3.1 Modelos de Adopção de Tecnologia
A metodologia proporcionada pela análise sistémica, precisamente no estudo
dos sistemas, face às visões derivadas de uma perspectiva mais cartesiana,
permite enquadrar múltiplos contributos e equacionar diversas variáveis que
melhor se aproximam da realidade em estudo. Todavia esta vantagem na
compreensão da complexidade dos fenómenos e das realidades reveste-se de
profundas dificuldades operacionais. Efectivamente, equacionar a
problemática da adopção de tecnologias significa reunir contributos de
diferentes campos de investigação que fomentam, cada um per si, para a
compreensão dos relacionamentos em causa, integrando conhecimento que
perspective uma nova heurística.
O ambiente externo às unidades económicas (político, tecnológico,
económico, legal, ecológico e social) e factores internos de articulação com a
dinâmica da actividade específica, influenciam tomadas de decisão relativas à
arquitectura dos sistemas de informação e, em consequência, de inovação
pela aquisição de tecnologia (Varajão, 1998). A adopção e a internalização de
tecnologia da informação que promova, de facto, a inovação dos processos e
dos serviços, podem beneficiar de contributos de duas áreas científicas
fundamentais, com conhecimento relevante produzido: sistemas de
informação e comportamento organizacional. Efectivamente, a introdução de
tecnologias da informação nas empresas é um dos clássicos exemplos de
promoção da mudança através da evolução da cultura organizacional sugerida
no trabalho de Z. Hussain, A. Taylor and D. Flynn, citados por Lippert e Davis
(Lippert & Davis, 2006).
O estudo de revisão de literatura de Piccoli e Ives (Piccoli & Ives, 2005) sobre
a investigação realizada relativamente às estratégias de inovação baseadas
em tecnologias da informação e a sua sustentabilidade identificam as
seguintes dificuldades: barreiras relativas a recursos em TI como sejam as
infra-estruturas e repositórios de informação, competências técnicas em TI e
8
17. Cap. I – Sistemas de Informação
em gestão de TI. No plano dos projectos contempla as características das TI:
visibilidade, singularidade e complexidade. Na implementação do processo
identificam como dificuldades a complexidade do processo de mudança.
Finalmente barreiras financeiras: custos da mudança colectiva, investimentos
específicos (sua tangibilidade e intangibilidade) e valorização estrutural da
organização.
O processo de adopção e de utilização das tecnologias da informação tem
merecido inúmeros estudos e propostas de modelos determinantes do
diagnóstico da situação, dos estágios de evolução e da aprendizagem
organizacional. Há modelos tradicionais como os propostos por Nolan,
McFarlan e Earl adequados para funções de planeamento de Sistemas de
Informação (Amaral & Santos, 1997). Por sua vez, as propostas de Bhabuta e
de Galliers, conjuntamente com Sutherland, posicionam-se numa dimensão
estratégia de adopção e de evolução da exploração das tecnologias. Por
último, Hirschheim centra-se na gestão dos sistemas de informação dando
ênfase ao envolvimento da gestão de topo, à liderança dos processos e às
necessidades de formação das pessoas, ainda segundo o estudo de Amaral e
Santos.
Estando em causa a adopção de tecnologias para servir as pessoas internas aos
sistemas, ou utentes do mesmo, a gestão da variável confiança é uma das
chaves do sucesso. Em linha oposta segue, há muito, Nicholas Carr com a sua
visão de que as Tecnologias da Informação são já uma commodity sem
importância estratégica, sendo secundado por John Seely Brown e Paul Duguid
que sustentam que as tecnologias da informação não substituem as redes
humanas na sua capacidade de fazer aprender, trabalhar e inovar (Carr,
2003).
Sabe-se que a resistência humana à mudança se justifica pelo desconforto que
o desconhecido provoca face ao conhecido. Efectivamente, para as pessoas a
exploração das tecnologias da informação pela desmaterialização dos objectos
tradicionais e em suportes orgânicos, convertidos em digitais, pode ser
encarada como algo de elevada complexidade. Desta forma, a adopção de
tecnologia deve ser inclusiva no sentido em que visa o desenvolvimento
9
18. Cap. I – Sistemas de Informação
organizacional e o desenvolvimento humano. Assim sendo, é necessário
fomentar um mecanismo de confiança interpessoal no novo sistema, como um
elemento estrutural de vital importância.
Ainda segundo Santos e Amaral (1997) diversos processos de inovação
baseados na adopção de tecnologias falham, por diferentes razões e em
função dos objectivos traçados, normalmente ambiciosos, e de custos
elevados. Desenvolvem-se em contextos de turbulência onde se debatem
grupos e indivíduos com diferenciados suportes, ambição e reconhecimento.
Justifica-se acolher contributos oriundos de diferentes áreas científicas que
surgiram nas últimas décadas relativas à adopção de inovação baseada em
tecnologia. Destacam-se assim as seguintes teorias: a teoria da difusão de
inovação (DOI), o modelo de aceitação de tecnologia (TAM) 12, a proposta de
Taylor e Todd 13, o modelo de Compeau e Higgens 14, de Gefen e Keil 15 e o
reconhecido modelo de sucesso dos sistemas de informação de DeLone e
McLean, entre outros.
Na perspectiva de Lewin o planeamento da mudança organizacional envolve
três estádios (Lewin, 1951):
Prontidão. Diversas actividades empresariais necessitam de mudança
sofrendo um processo de optimização, que pode resultar da introdução
de uma nova aplicação (software), ou de novo equipamento
(hardware).
Aceitação. Adoptar e testar as mudanças.
Institucionalização. Estádio em que a mudança foi aceite e se
transforma em rotina.
Por sua vez, os processos de adopção organizacional de tecnologia envolvem
três estádios:
Iniciação. A fase em que uma nova tecnologia é introduzida numa
empresa, ou num dos seus processos.
12
Inspirado na teoria da acção reflectida (TRA)
13
Com base na teoria do comportamento planeado (TPB)
14
Alicerçado na teoria cognitiva social (SCT)
15
Propondo extensão do TAM baseada na teoria da troca social (SET)
10
19. Cap. I – Sistemas de Informação
Adopção. Fase em que a tecnologia é aceite e testada.
Implementação. É a fase em que as tecnologias da informação são
exploradas com facilidade e contribuem para a produtividade.
O resultado esperado da adopção planeada de tecnologias da informação é:
satisfação, utilização e reconhecimento dos benefícios da tecnologia no
desempenho individual e organizacional. A satisfação é uma avaliação de
natureza individual indexada às expectativas existentes sobre os benefícios do
novo sistema. A utilização traduz a percepção individual das funcionalidades
do meio disponibilizado na realização das suas tarefas.
A dimensão da confiança em torno dos eixos interpessoal e tecnológico, já
mencionados, afecta a partilha, a transmissão, a recepção, a internalização,
conceptualização e transformação em conhecimento.
No plano educativo evidenciam-se modelos de previsão da adopção como o
proposto por Collis e Pals 16 e de adopção e difusão como a proposta de L.
Sherry 17. O primeiro é denominado de 4-E: Environment, Educational
Effectiveness, Ease of Use e Engagement sendo centrado numa vertente
organizacional. O segundo modelo, concebido em 1998, e denominado
«Integrated Technology Adoption and Diffusion Model», equaciona as
actividades de iniciação que conduzem, ou não, à decisão, colectiva ou
autoritária de inovação. Isto é, a fase seguinte de implementação do modelo
com todos os seus complexos detalhes: redefinição e reestruturação,
clarificação e incorporação.
O desenvolvimento da Internet e do conceito de connecting learning
propiciam o ambiente para propostas concretas de arquitecturas para estas
dimensões dos sistemas de informação escolares (empresariais também).
Arquitecturas secundadas pela identificação das dimensões da problemática
como a explicitada por Badrul Khan 18. Neste enquadramento evidencia-se o
projecto Web Education System Project (web-edu) apoiado pelo programa
europeu Leonardo da Vinci que propõe dois modelos de arquitectura para os
16
<http://projects.edte.utwente.nl/4emodel> (Dez 2002)
17
<http://carbon.cudenver.edu/~lsherry/pubs/aect98.html> (Nov 2004)
18
<http://www.bookstoread.com/khan> (JAN 2008)
11
20. Cap. I – Sistemas de Informação
sistemas de educação on-line: o modelo Jigsaw e o modelo Hub 19 como se
verá na secção Arquitectura, Urbanismo e Ecologia dos Sistemas de
Informação
1.3.2 Modelos de Presença na Internet
O desenvolvimento da Internet criou um forte tropismo para a webização das
aplicações pelo que Thompson e Yujun identificam as propostas mais
relevantes que emergem, desde 1994, relativas a modelos de adopção da Web
e apresentam um modelo de quatro estádios que explicitam estratégias e
objectivos organizacionais (Teo & Pian, 2004). Os estádios propostos são na
sua essência (Fig.: 2 – Modelo de Adopção da Web de Thompson S.H. Teo e
Yujun Pian) 20:
Nível 0 – Adopção de correio electrónico: sem Web-site;
Nível 1 – Presença na Web: sobretudo para difusão de informação;
Nível 2 – Prospecção: limitada articulação com estratégia de negócio
disponibilizando sobretudo informação, notícias, apoio por correio
electrónico, prendimento de formulários, pesquisa elementar.
Nível 3 – Integração com Negócio: Processos de negócio articulados nos
diferentes níveis organizacionais, procurando redução de custos e
contemplando fornecedores e clientes. Evidencia uma forte
componente comercial e de marketing, com transacções seguras.
Nível 4 – Transformação estratégica do Negócio: Todo o modelo de
negócio passa pela Internet no processo de construção de relações e de
descoberta de novas oportunidades.
19
Projecto web-edu (http://home.nettskolen.com/~morten – Morten Flate Paulsen)
20
Veja em complemento fundamental a esta temática os estudos do Projecto Gavea liderado
pelo Departamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho em
http://www3.dsi.uminho.pt/gavea/
12
21. Cap. I – Sistemas de Informação
Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4
Fig.: 2 – Modelo de Adopção da Web de Thompson S.H. Teo e Yujun Pian
Para a exploração do meio, ou a fundamentação para prosseguir por esta
estratégia, será prudente adoptar uma metodologia, como a que sugere Basu
e Muylle, assente em quatro fases (Basu & Muylle, 2007):
Identificar o Potencial da iniciativa: criar valor, diminuir custos
prestando bons serviços a todas as partes interessadas (stakeholders).
Analisar Impactos Funcionais: adequação da arquitectura do sistema
de informação a todo o processo de transacções (autenticação,
pagamento, logística, sistema de suporte à decisão (configurar,
colaborar, business intelligence) e mecanismo de integração (dados e
aplicações).
Analisar a Sustentabilidade da Iniciativa: Ter em atenção a facilidade
de ser copiado pelos competidores, identificando barreiras à entrada
(história, dimensão mercado, restrições legais, etc.).
Seleccionar Prioridades: planificar e acautelar a interdependência
com outros projectos, em particular na integração de tecnologias.
13
22. Cap. I – Sistemas de Informação
Desta forma, embora centrados em projectos de e-business, os autores
identificam e exploram factores para a criação novos produtos e
mercados, estratégias de marketing e de informação ao cliente.
1.4 Fases na Adopção de Tecnologia no Ensino
No plano da actualização de recursos humanos o e-learning vai sendo
integrado com a problemática dos Employee Relationship Management (ERM)
e, em casos mais avançados, com os sistemas Customer Relationship
Management (CRM). O e-learning como estratégia de formação é promovido
pelas empresas de média e de grande dimensão realizando um percurso para
que, lato sensu, envolve cinco fases: Exploratória, Plataforma, Estratégica,
Mission Critical e Transformação (Figueira, 2003).
No contexto académico estas fases também se verificam e materializam-se
tipicamente em cinco estágios de desenvolvimento na exploração das
tecnologias na formação: Exploratório, Experimental, Formal, Crítico e
Inovador (figura seguinte) (Andrade & Lagarto, 2009).
F1 – Exploratório: uso do correio electrónico e de um Website para partilha de
ficheiros no sentido docente -> discente. Comunicação Mediada: uso de
correio electrónico. Pedagogia: Apresentações Electrónicas (1:n).
Simuladores: baseados em Folhas de Cálculo.
F2 – Experimental: uso de uma plataforma (não cumprindo normas SCORM 21,
ou outras) de partilha de ficheiros. Comunicação Mediada: uso de correio
electrónico e de mailing list. Pedagogia: Repositório para distribuição de
Apresentações Electrónicas (1:n), Portable Document Format (PDF), Indicação
de websites. Simuladores: Folhas de Cálculo.
F3 – Formal: Decisão política de uso generalizado da plataforma para partilha
de ficheiros em dois sentidos comunicacionais (docente e estudante).
Comunicação Mediada: uso de correio electrónico e de mailing list. Pedagogia:
Repositório para distribuição de Apresentações Electrónicas (1:n), PDF,
indicação de websites. Pedido de entrega de trabalhos (upload dos
21
Sharable Courseware Object Model
14
23. Cap. I – Sistemas de Informação
estudantes), iniciação aos fóruns gerais. Simuladores: Folhas de Cálculo,
outras aplicações de modelos quantitativos.
F4 – Crítico: Exploração de um LMS em todo o campus eventualmente
distribuído em pólos geograficamente dispersos. Comunicação de 1:n via listas
de correio electrónico, por disciplina, turma e grupo. Exploração de
ferramentas síncronas (skipe, msn, wimba). Pedagogia: distribuição de
documentos em formatos digitais tradicionais e outros com incorporação
multimédia e em SCORM. Actividades de fórum em equipa, entrega de
trabalhos na plataforma em múltiplos formatos (detecção de plágio),
avaliação on-line (testes sumativos e formativos).
F5 – Inovador: Abordagens pedagógicas com uso intensivo da tecnologia na
criação de contextos e na resolução de problemas. Introdução de simuladores
e jogos sérios em algumas Unidades Curriculares. Abertura para a elaboração
e apresentação de trabalhos recorrendo a uma abordagem da Web 2.0
articulando com regímen de Personal Learning Environment (PLE).
Fig.: 3 - Estádios de desenvolvimento no elearning
1.5 Arquitectura, Urbanismo e Ecologia dos Sistemas de Informação
Hoje as unidades económicas, com ou sem fins lucrativos, necessitam de
sistemas de informação que contribuem para gerir o que se passa no interior
da organização, mas também a articula com o meio (Fig.: 4): parceiros,
clientes e administração pública (local e nacional). Por outro lado, muitas
organizações têm unidades geograficamente dispersas e as tecnologias da
informação de suporte aos sistemas de informação podem e devem ser um elo
15
24. Cap. I – Sistemas de Informação
de agregação e optimização da gestão. As escolas têm uma problemática que
se enquadra também no cenário anterior. Em particular, as universidades têm
unidades dispersas, pretendem gerir bem a relação com o estudante (cliente)
que pode necessitar de um novo produto (pós-graduação, mestrado,
doutoramento). No plano não universitário os agrupamentos de escolas
replicam cenário idêntico.
É então necessário repensar o urbanismo organizacional que integram
múltiplas e complexas dimensões (Anunciação & Zorrinho, 2006).
Nesta perspectiva específica estamos vulneráveis a uma inadequada
exploração das tecnologias nos mais diversos planos. Será este o tempo
oportuno para equacionar e perspectivar a problemática de atender a
critérios de ecologia 22 e de urbanismo 23 para os sistemas de informação,
nomeadamente os sistemas de informação escolares, ou académicos.
A Instituição vive sempre numa relação com o seu ambiente externo que não
pode ignorar: enquadramento político, tecnológico, económico e social. O
vector político apresenta o seu condicionamento legal que dita normas e
regras de operacionalidade e no plano tecnológico as instituições são
influenciadas pela aparição de novas soluções e inovações que sugerem
sempre um apelo subjectivo de modernidade e de competitividade que nem
sempre é efectivo. Claro que o ciclo económico e social condiciona a
actividade empresarial e todo o seu relacionamento com o mercado. Assim
sendo, o seu ambiente interno deve ter a flexibilidade de adaptação e de
resposta em particular os seus recursos humanos, mas também o seu sistema
de informação e respectivas tecnologias de suporte. Reforça-se assim esta
metáfora de urbanismo e de ecologia dos sistemas neste difícil processo de
sustentabilidade das instituições devidamente flexíveis, modernas e
competitivas face a um ambiente globalizado.
22
Davenport, T., The Information Ecology, Oxford, 1997
23
Ciência que estuda os métodos que permitem adaptar o habitat urbano às necessidades
humanas e os processos pelos quais se deve orientar o desenvolvimento do tecido urbano
(dicionário on-line Texto Editora);
16
25. Cap. I – Sistemas de Informação
Fig.: 4 – A Organização e o seu contexto
A perspectiva do urbanismo deve contemplar a relação do Sistema de
Informação com o ambiente externo no relacionamento da instituição com os
clientes e em particular com os Sistemas de Informação dos fornecedores e
dos parceiros de negócio. Mas o urbanismo contempla ainda a integração de
sistemas com outras instâncias quando a organização está geograficamente
dispersa. No plano académico esta perspectiva de relação entre sistemas
também se coloca de forma pertinente.
No plano da clarificação rigorosa dos conceitos sabemos que, em casos
específicos, existem diferentes abordagens para os mesmos conceitos o que
pode facilitar dificuldades de interpretação em dimensões como: informação,
sistemas de informação, sistemas informáticos e tecnologias da informação.
Fig.: 5 - Significados associados a Informação (Visual Thesauros V3.0)
17
26. Cap. I – Sistemas de Informação
Vejamos alguns destes conceitos facilitadores do enquadramento da
problemática em causa.
Dados são factos/eventos, imagens ou sons que podem ser pertinentes, ou úteis,
para o desempenho de uma tarefa, mas que por si só não conduzem a
uma compreensão de determinado facto ou situação (ex. 2.500 é um
dado).
ALTER, Steven, Information System - A Management Perspective, Addison-Wesley, 1992
Informação é um "objecto formatado, criado artificialmente pelo homem, tendo por
finalidade representar um tipo de acontecimento identificável por ele no
mundo real, integrando um conjunto de registos ou dados e um conjunto
de relações entre eles, que determinam o seu formato”.
LE MOIGNE, La Theorie du Système d'Information Organisationnel, Informatique et Gestion,
1978.
é uma entidade tangível ou intangível que reduz a incerteza sobre uma
dada situação ou acontecimento.
Henry Lucas – Information Systems, Concepts f or Management, 1987
é tudo aquilo (...) que aumenta o meu grau de conhecimento ou diminua o
meu grau de incerteza, face àquilo que estou interessado em conhecer,
intervir ou actuar.
Almiro de Oliveira, UCP
Conhecimento é a capacidade de uma pessoa relacionar estruturas complexas de
informação para um novo contexto. Novos contextos implicam mudança -
acção, dinamismo. O conhecimento não pode ser partilhado, embora a
técnica e os componentes da informação possam ser partilhados”.
GRENIER, Ray and George Metes, Enterprise Networking, Digital Press, 1992
Sistema é “um grupo de elementos inter-relacionados ou de elementos interagindo
formando um todo”.
O'BRIEN, James A., Management Information Systems - A Managerial end User Perspective,
Irwin, 1990.
18
27. Cap. I – Sistemas de Informação
Organização é “um sistema de Fluxos de materiais, de Informação e de processos de
Decisão”
Mintzberg, H., The Structuring of Organisations, Prentice Hall, 1979
Sistema de é “um conjunto organizado de procedimentos, que, quando executados,
produzem informação para apoio à tomada de decisão e ao controlo das
Informação
organizações".
LUCAS, HENRY C., Information Systems, Concepts for Managements, McGraw Hill,
International Editions, 3ª ed., 1987.
é “uma combinação de procedimentos, informação, pessoas e TI,
organizadas para o alcance de objectivos de uma organização".
Alter, S. Information Systems: A Management Perspective, addison-Wesley, 1992
Arquitectura de um Sistema de Informação é a sua concepção integrada, harmoniosa e
economicamente sustentada.
Almiro Oliveira
Tecnologias são suporte, infra-estrutura dos Sistemas de Informação. São constituídas
por duas componentes essenciais:
da
Informação Físicas - Hardware;
Lógicas - Software.
Desta síntese concluímos que os dados são factos registados e, como tal, são
«passivos» e resultam da recolha de várias fontes. A Informação resulta do
processamento dos dados, sendo, por isso, uma apresentação «activa» dos
mesmos. Esta transformação dos dados em Informação resulta do facto de lhe
acrescentarmos significado como afirma Davenport e Prusak identificando
essas ocorrências (Davenport & Prusak, 1998):
• Contextualização - o propósito pelo qual a recolhemos
• Categorização - identificar os componentes relevantes
• Cálculo - tratamento matemático ou estatístico
• Correcção - eliminar erros
19
28. Cap. I – Sistemas de Informação
• Condensação - agregação para uma forma mais concisa
A informação tem sido estudada por diversas perspectivas que recordamos:
• Matemática (Shannon, Von Neuman, Wiener)
• Tecnológica (Nolan, Tapscott, Stassmann, Peaucelle)
• Psicológica (Lussato, Le Moigne)
• Modelos e Comportamentos Organizacionais (Le Moigne, Davenport,
Druker)
• Contabilística (Anthony)
• Teoria da Decisão (Rockart, King)
• Competitividade (Porter, Toffler)
• Económica (Fisher)
• Militar
• Linguística (Jakobson)
Simultaneamente é fundamental perceber a qualidade da informação nos
diferentes factores que a compõe e ter consciência do valor da informação
em contexto empresarial e educativo (Oliveira, 1994).
Os sistemas de informação têm a missão de integrar organizadamente
diferentes procedimentos que facilitem o controlo e o governo das
organizações com ou sem fins lucrativos. As tecnologias dão um fortíssimo
apoio, em particular, na resolução de problemas de natureza mais algorítmica
do que heurística pelo que as áreas de controlo (na base da pirâmide) estão
mais desenvolvidas do que as de apoio à decisão. Devemos lembrar que antes
das tecnologias já tínhamos sistemas de informação e que graças a eles foi
possível o desenvolvimento humano e social ao longo da história. Por vezes,
encontramos na publicidade e no meio empresarial do sector expressões como
«sistemas integrados de gestão empresarial». Ora se são sistemas, devem ser
integrados!
20
29. Cap. I – Sistemas de Informação
Fig.: 6 – Conceitos associados a Sistema (Visual Thesauros V3.0)
A constante evolução tecnológica e a permanente alteração das necessidades
das organizações tem conduzido a avultados investimentos em tecnologias
sem o devido retorno, ou sob uma óptica e uma política adequada e integrada
para os sistemas de informação de acordo com objectivos estratégicos
superiormente definidos.
Esta problemática poderá ter diferentes abordagens, sendo típica a referência
à pirâmide organizacional de Anthony (Fig.: 7) com os níveis operacional,
táctico e estratégico. Estes níveis, da base para o topo, proporcionam uma
visão dos subsistemas de informação:
• Operacional:
Sistema de processamento de dados;
Táctico (em parte também o operacional):
Sistema de Informação para a Gestão;
• Estratégico:
Sistemas Periciais;
Sistemas de Suporte à Decisão;
Sistemas de Apoio a Executivos.
21
30. Cap. I – Sistemas de Informação
Fig.: 7 – Os três níveis de gestão sugeridos por Anthony
Diferentes tecnologias estão envolvidas em cada um destes subsistemas de
informação. Importante, neste contexto, é compreender a complexidade dos
sistemas de informação e vislumbrar os contributos conceptuais de disciplinas
como a arquitectura e a ecologia.
A arquitectura persegue uma concepção integrada, holística, harmoniosa e
economicamente sustentada dos Sistemas de Informação (Oliveira, 1997).
Para tal os elementos constituintes do Sistema de Informação formado pelos
objectivos, a morfologia (físicos, lógicos, procedimentos e pessoas), as
diferentes funções, a relação entre os utilizadores e os níveis de integração.
Distingue-se assim a arquitectura da engenharia que tem como missão a
identificação dos equipamentos e a construção das infra-estruturas.
O tipo de organização característica da era industrial fazia emergir dados da
base para o topo e ordens do topo para a base. A evolução desta estrutura
para a era da informação tem permitido alterar os canais de comunicação,
surgindo, por via tecnológica, a possibilidade de comunicação directa e a
supressão de níveis hierárquicos intermédios que funcionavam como
amplificadores humanos da comunicação na organização, pois não dão ordens
nem tomam decisões. Este facto, conduz a um achatamento da tradicional
pirâmide de Anthony privilegiando a gestão da informação e a organização do
trabalho por tarefas ou, por projectos.
A não absorção e a não compreensão destes conceitos impedem, por norma, a
adopção de um bom sistema de informação em contexto empresarial ou
educativo.
22
31. Cap. I – Sistemas de Informação
Coloca-se aqui a problemática da gestão da informática e da gestão dos
sistemas de informação. Para a gestão da informática algumas das abordagens
utilizam, uma vez mais, os diferentes níveis de gestão de Anthony que
clarifica os diferentes patamares de intervenção como se exemplifica
seguidamente:
• Operacional
o Exploração de aplicações e de equipamentos
• Táctica
o Estudos de hardware e de software
o Concepção e actualização do Sistema informático
• Estratégica
o Articulação do Sistemas Informação e a Gestão
o Adequar os Sistemas Informação ao Negócio
Torna-se clara a necessidade de fazer alinhar os sistemas de informação com
os objectivos estratégicos das organizações. Assim sendo, não se pode avançar
com iniciativas departamentais sem uma articulação com o todo e uma visão
sistémica para a exploração da tecnologia. Esta orientação, importante no
meio empresarial, também é fundamental no âmbito educativo e escolar.
1.6 Alguns subsistemas das Escolas
Poderemos ter de um Sistema de Informação um enfoque mais centrado na
arquitectura física (redes, computadores, impressoras, etc.) ou, mais focado
na arquitectura lógica (Software: Aplicações e sua principal articulação).
1.6.1 Biblioteca Escolar
A arquitectura física de apoio à gestão de uma biblioteca escolar moderna é,
no início do século XXI muito exigente nas vertentes de BackOffice e de
FrontOffice. Naturalmente que continua a ter de possuir um sistema de gestão
do catálogo e, eventualmente, de gestão de empréstimos. Mas é necessária a
disponibilização de catálogo on-line e de outros serviços de apoio ao utente
como a capacidade de subscrever uma newsletter, ou de usar a tecnologia RSS
(Really Simple Syndication). Se a integração é um factor primordial para a
perspectiva da engenharia informática a agregação com outras tecnologias da
23
32. Cap. I – Sistemas de Informação
Web 2.0 é outra necessidade irreversível. Assim os serviços Web da biblioteca
têm que agregar com facilidade informação de fontes como o Google Book
Search, entre outros, e de disponibilizar informação que possa ser incorporada
nas redes sociais em que o utente/estudante está integrado.
A Fig.: 8 é uma proposta relativa a uma possível arquitectura de suporte ao
funcionamento de uma biblioteca.
Compreende-se esta visão com uma análise atenta à arquitectura lógica que a
Fig.: 9 sugere.
Fig.: 8 – Arquitectura de suporte ao Sistema de Gestão de uma Biblioteca
A figura seguinte evidencia que o centro do sistema será uma base de dados
que centralmente recebe e disponibiliza todo os dados que as diferentes
aplicações podem manipular. Claro que o servidor terá características
específicas e um motor de base de dados adequado (SQL Server, Oracle). As
aplicações sugeridas em BackOffice permitem a catalogação dos livros
(Monografias, Revistas Científicas, etc.) e material não livro (CD, DVD,
Iconográfico, cartográfico, fotografia, etc.) da biblioteca, a complexa
classificação e indexação (que um dia poderá vir de base sugerida no interior
da capa do livro), os serviços de apoio à interacção para a Internet e à gestão
24
33. Cap. I – Sistemas de Informação
de encomendas. Tudo isto pode articular neste plano com a gestão dos
colaboradores (pode ser feito noutra instância) e o fornecimento de
elementos de gestão à coordenação do serviço. A norma Z39.50 define o
protocolo facilitador da pesquisa e recuperação da informação em diferentes
servidores equipados com tecnologias diferenciadas. No âmbito do open
source o DSPACE, aplicação conjunta da da HP e do MIT, permite a
disponibilização de conteúdos (gestão de colecções por exemplo)
devidamente indexados 24 assim como o Greenstone Digital Library pretende
servir igual propósito (www.greenstone.org/).
Fig.: 9 – Arquitectura Lógica de uma Biblioteca
O sistema de Front-Office apoia o cliente através dos canais disponíveis de
que se destaca o balcão e a Internet. Este serviço da Internet reveste-se de
particular importância por vencer distâncias e abrir janelas temporais do
serviço, acrescentando, em simultâneo, novas perspectivas de interacção com
o utente (personalização do “my site”, ou na rede social) e deste entre si via
comunidades virtuais (tema a analisar posteriormente). Especificamente,
24
Ver RepositoriUM da Universidade do Minho
25
34. Cap. I – Sistemas de Informação
pode agregar sistemas do tipo BibSonomy e LibraryThing de partilha de listas
de referências.
1.6.2 LMS e outros subsistemas
Numa visão sistémica poderemos estudar a arquitectura do Sistema
Tecnológico de suporte abrangendo de forma coerente e integrada, ou
agregada, de um conjunto vasto de aplicações que a figura seguinte
documenta.
Fig.: 10 – Visão Global do Sistema Tecnológico Escolar
O Bloco da Aprendizagem é normalmente baseado num Learning Management
System (LMS) em que o Moodle tem sido a opção. Por sua vez LNM (Learning
Network Manager) é o recurso usado para gestão das contas de utilizadores no
domínio "minhaescola".
No Plano dos Recursos Humanos uma das opções conhecidas é o GestRec
(registos biográficos, faltas, férias, faltas diárias (dos alunos), InfoPonto
(sumários), WinGA - Gestão de Aluno e GestProf (ensino profissional). A
Gestão de Horários é suportada por aplicações como gp-Untis. A secretaria
tem a sua actividade suportada por soluções como GestContEsc
26
35. Cap. I – Sistemas de Informação
(contabilidade), GestASE. A componente de Cartões Magnéticos corre com o
SIGE composto por módulos como Gestor, Kiosk, CardFive, SIGEGenerator,
POS (postos de vendas), GestPD (contabilidade do POPH).
O serviço de exame é apoiado pelo ENES e ENEB. A Biblioteca recorre a
soluções como o WinGBIB que pode integrar em redes municipais como o GIB
Gestão Integrada de Bibliotecas.
Em particular no ensino privado tem surgido a aplicação de outras soluções
como o Sophia e o Primavera School Reporting que fazem a gestão
administrativa e académica, articulando esta última com os serviços do
Ministério da Educação, cumprindo os requisitos coordenados com pelo MISI –
Gabinete Coordenador do Sistema da Informação do Ministério da Educação.
No plano da avaliação do desempenho das escolas há a tentativa de ter o
apoio da tecnologia nesse serviço como é o caso do sistema de Benchmarking
das Escolas Secundárias Portuguesas que tem uma componente pública que
pode ser consultada e outra privada acessível aos membros da comunidade 25.
1.7 Dimensão ética dos espaces
1.7.1 A problemática
A sociedade da Informação intensifica a estreita relação entre as dimensões
éticas, sociais e políticas que assegurem o direito à informação, mas a
responsabilidade no seu uso que assegure a todos qualidade de vida pelo
respeito à privacidade sem, por sua vez, comprometer os complexos níveis de
segurança que estão actualmente em causa.
Os mais modernos e diversos contactos do cliente através de um meio de
transacção, de um telefonema, TV digital Interactiva, de um acesso web,
etc., pode ser relacionado em menos de 10 segundos, através da pesquisa e
cruzamento de dados em diversas bases de dados. O desenvolvimento
tecnológico que permite às empresas cumprir a máxima do anything anywhere
pode estar a incorrer em práticas não éticas ao intervir na esfera da
privacidade, da vida pessoal e da vida familiar.
25
http://besp.mercatura.pt
27
36. Cap. I – Sistemas de Informação
Noutro plano, também se coloca o problema do desenvolvimento dos países
ricos e dos pobres face ao acesso diferenciado que a população de uns e de
outros têm à informação (computadores, Internet, bases de dados científicas).
Foi em 1995 que se soube que, já desde 1994, Vladimir Levin de 23 anos
desviava fundos do Citibank. Era este o primeiro caso conhecido de crime
informático desencadeado contra uma instituição bancária 26. Infelizmente,
muito outros crimes sucedem-se! Efectivamente, um estudo do FBI e do
Instituto de Segurança Informático dos Estados Unidos, realizado em 2005,
revela os factores que justificam a não revelação às autoridades da
ocorrência. Os principais são os seguintes:
• Impacto na publicidade negativa – 43%
• Utilização da informação pela concorrência – 33%
• A reparação civil é a melhor opção – 16%
• Desconhecer o interesse das autoridades – 16%
A partir desta altura a legislação Americana (Sarbanes-Oxley), Europeia e
Asiática alavancou positivamente a procura de segurança empresarial dos
dados, responsabilizando a gestão de topo no caso de danos individuais ou
financeiros.
1.7.2 As Dimensões do Problema
Como se analisa em detalhe no capítulo sobre segurança os sujeitos e as
organizações estão sujeitas a ameaças do tipo: Phishing, Trojan, Spyware e
Data Jacking.
Uma das dimensões do problema num contacto estabelecido num website
poderá ser a aplicação de «cookies». Um cookie é um ficheiro enviado pelo
site visitado para a máquina do utilizador com um user ID encriptado, data
da visita e actividades realizadas no site. O computador do utilizador coloca o
ficheiro recebido numa área específica do seu disco para que, numa próxima
visita, o site da empresa visitada reconheça o utilizador e, eventualmente,
tire partido desse conhecimento.
26
Word Business, Junho 2006 (58-61)
28
37. Cap. I – Sistemas de Informação
O problema é que face ao direito de cada país, à directiva europeia, ou aos
princípios legais seguidos pelos USA a empresa pode estar a usar informação
sobre o utilizador com o seu desconhecimento! Usando esta tecnologia pode
recolher esta informação sobre a actividade do utilizador na Internet.
A quantidade de e-mail não solicitado 27 que se recebe reflecte esta prática e
a falta de ética na recolha de endereços de e-mail para o efeito.
1.7.2.1 Propriedade Intelectual
O desenvolvimento de websites deve acautelar o uso de informação que viole
os direitos de propriedade 28. A anatomia de um website pode, eventualmente,
revelar o uso indevido de logótipos face ao artista ou à empresa detentora do
mesmo, o uso de texto, imagens ou de artigos sem autorização ou
identificação do autor.
Para as empresas que desenvolvem software global como a Microsoft com a
enciclopédia Encarta, ou a enciclopédia Britânica têm de ter em atenção
questões de ordem cultural e religiosa que podem facilmente desencadear
ondas de sério desagrado.
Por outro lado, os indivíduos, ou as empresas, de desenvolvimento de
software podem facilmente copiar a ideia, ou as funcionalidades de uma
determinada aplicação construindo uma aplicação alternativa por exemplo de
Gestão de Recursos Humanos. Dificilmente o software tem protecção para
esta prática ficando-se pela protecção face à eventual alteração de linhas de
código. Daqui resulta a dificuldade de cedência do código fonte das aplicações
quando se adquirir uma aplicação informática a um fornecedor.
1.7.2.2 Ética e Software
A protecção dos dados individuais e os direitos dos utilizadores deverão ser
explicitados pela política de privacidade das empresas.
Noutro plano, as empresas devem ter uma clara política sobre os direitos de
propriedade das aplicações que utiliza adequadamente licenciadas. A
27
Spamming – prática de envio de e-mail e de outras comunicações electrónicas não
solicitadas
28
Copyright – estatuto que protege os criadores de propriedade intelectual
29
38. Cap. I – Sistemas de Informação
adequada configuração dos sistemas de gestão e de exploração (vulgo sistema
operativo) pode assegurar um nível de segurança razoável no impedimento de
instalação de aplicações não autorizadas, ora por violarem o direito de
propriedade, ou por comprometerem a produtividade e a conduta dos
colaboradores. A promoção da responsabilidade deve ser um lema
identificando-se, por isso, o responsável pelos sistemas de informação. A
qualidade do sistema deve ser obtida com uma política que inclua adequado
sistema de controlo, segurança através de mecanismos de auditoria que o
comprovem.
É também grave o uso de PEN-Drives, ou de outros dispositivos de pequenas
dimensões, mas de considerável capacidade de armazenamento, que podem
transportar dados empresariais importantes, sem estarem encriptados e,
portanto, serem vulneráveis em caso de roubo, ou de extravio dos
dispositivos. Aliás há estudos que revelam que uma das quebras significativas
de segurança que se verificam nos Estados Unidos advém particularmente
destes actos irresponsáveis de se perder portáteis, discos e Pen-Drives.
1.7.2.3 Ergonomia
A qualidade do sistema deve ser obtida com uma política que inclua um
adequado sistema de controlo e de segurança através de mecanismos de
auditoria que o comprovem.
Por outro lado, a qualidade de vida também deve ser considerada alertando
os colaboradores para eventuais riscos para a saúde no uso dos
29
equipamentos .
29
Veja as indicações que hoje alguns dispositivos, tais como teclados e ratos se fazem
acompanhar alertando para o problema.
30
39. Cap. I – Sistemas de Informação
Fig.: 11 – Algumas das múltiplas recomendações na utilização de computadores
1.7.2.4 Comunicação Mediada
A Internet é uma tecnologia social que tem evoluído para a forma natural de
comunicação humana. No início a comunicação mediada por computador era
simplesmente assíncrona (e-mail), para evoluir para síncrona (chat) e para
actualmente incluir com facilidade a imagem e, como tal, tornando a
comunicação mais próxima dos cânones presenciais.
Todavia a procura da eficácia das comunicações no contexto pessoal, mas
sobretudo empresarial deve ser cuidado atendendo à especificidade do meio.
Se, em contexto presencial, uma conversa de carácter mais social pode,
eventualmente, incluir alguma expressão menos adequada, a reacção facial,
ou outra pode ajudar-nos a corrigir com eficácia o erro inadvertidamente
cometido. Isto não acontece facilmente em contexto de comunicação
mediada por computador. Assim sendo, a participação em fóruns de
comunidades de prática na empresa, com clubes de clientes on-line, ou no e-
mail devem ser profundamente cuidadas.
1.7.2.5 Recursos
Alguns recursos essenciais sobre a problemática disponíveis on-line:
• www.eff.org
• www.epic.org
• www.ftc.gov/bcp/conline/pubs/online/sitesee
• www.ebusiness.mit.edu/erik
31
40. Cap. I – Sistemas de Informação
Os computadores utilizados nas empresas norte-americanas não armazenam
apenas informação de trabalho, sendo dedicado algum espaço ao arquivo de
ficheiros pessoais de media. Uma análise efectuada pela InStat, com o
objectivo de apurar o tipo de computadores utilizados e a relação entre estes e
o acesso a conteúdos multimédia, revelou que cerca de 35% dos utilizadores
empresariais arquivam ficheiros de música nos seus computadores de trabalho.
Os trabalhadores dos sectores de novas tecnologias e informática, que
convenientemente têm os computadores com maior capacidade de
armazenamento, admitem utilizar os computadores do local de trabalho para
arquivar ficheiros de música, vídeo e imagens.
Entre as conclusões do estudo destaca-se a preferência dos funcionários de
topo pelos computadores portáteis e a configuração utilizada nos
computadores dos engenheiros, que se encontra dentro da média de um
utilizador empresarial comum.
O inquérito, distribuído on-line, foi efectuado a trabalhadores de empresas
norte-americanas de diferentes áreas de trabalho e revelou que 23% das
entidades utiliza o sistema operativo Windows 2000 ou mais antigo, um número
curioso numa altura em que se prepara a entrada do novo Windows Vista no
mercado.
Um estudo recente efectuado pela empresa americana Websense, revelou que
50% dos trabalhadores norte-americanos, que possuem acesso à Internet no
trabalho e que navegam durante as horas de expediente, não resistem à
tentação de aceder às suas contas pessoais de e-mail e a outros conteúdos
pessoais que nada têm a ver com as suas funções profissionais.
Os inquiridos admitem que, em média, passam 3,4 horas por semana a
navegar por sites pessoais durante horário de trabalho, sendo os líderes da
popularidade os portais de notícias com 81% das preferências, seguindo-se
dos acessos a contas de e-mail particulares (61%), a sites bancários (58%), a
páginas dedicadas ao turismo (56%) e a sites de comércio electrónico (52%).
32
41. Cap. I – Sistemas de Informação
1.8 Gestão da Informática e da Informação
A Gestão dos Sistemas de Informação (GSI) engloba três grandes áreas de
actividade (Amaral & Varajão, 2000): Planeamento de Sistemas de Informação
(PSI), Desenvolvimento de Sistemas de Informação (DSI) e a Exploração de
Sistemas de Informação (ESI) conforme Fig.: 9. Estas actividades podem ser
vistas de uma forma separada, como aqui se faz, para facilitar a percepção do
domínio de cada uma, ou serem apreciadas de uma forma conjunta. Assim a
«Gestão dos Sistemas de Informação é a Gestão de Recursos de Informação e
de todos os recursos envolvidos no planeamento, desenvolvimento, exploração
e manutenção do Sistema de Informação» (Amaral e Varajão, 2000: 26).
Fig.: 12 – Actividades da Gestão de Sistemas de Informação
O PSI permite à Organização planear o seu sistema ideal sob a orientação
estratégica que interessa aos órgãos de topo. Há um conjunto complexo de
metodologias e de ferramentas de suporte às actividades do PSI (Racines, BSP,
ISP/IE, SPC) que facilitam a análise e implementação estratégica e a análise
de investimento.
33
42. Cap. I – Sistemas de Informação
O Desenvolvimento do Sistema de Informação procura aportar vantagens
competitivas e concretizar a necessidade identificada de mudança através da
melhoria de desempenho de todo o sistema, ou de um subsistema. Tem ao seu
encargo tarefas de análise, concepção, construção, implementação e
Manutenção dos sistemas.
Por sua vez o ESI é responsável pelo bom funcionamento do binómio TI/SI. Isto
é a adequada operação dos sistemas, a administração das pessoas e das TI e o
apoio a novos projectos.
Os Sistemas de Informação devem estar alinhados com a perspectiva do
negócio e não condicionado por imposições do software adquirido, assim como
a componente dos recursos humanos é de uma gestão sensível para
ultrapassar mecanismos de resistência à mudança e para aferir o grau de
satisfação dos utilizadores.
Cabe ainda na Gestão dos Sistemas de Informação temas como a Auditoria dos
Sistemas de Informação e a Definição de Políticas.
A recente descoberta de que as tecnologias não resolvem todos os problemas
organizacionais veio devolver valor às pessoas, em particular, através da
corrente designada por gestão do conhecimento apoiada pela dinâmica das
Comunidades de Prática (CoP).
34
43. Cap. II – Plano Tecnológico da Educação
Knowledge is information that changes something or somebody—
either by becoming grounds for actions, or by making an individual
(or an institution) capable of different or more effective action.
Peter Drucker (1909-2005)
2 A formação de docentes. Políticas de enquadramento. O Plano
Tecnológico da Educação
2.1 A formação de docentes – uma visão global
A perspectivação da formação de docentes para uma eficiente utilização das
TIC não é uma tarefa fácil.
Até hoje, milhares de horas de formação foram realizadas nos Centros de
Formação de Escolas versando a temática das TIC, mas é percepção
generalizada que muito pouco elas terão contribuído para uma aumento
significativo da sua própria utilização como suporte da aprendizagens, seja no
interior da sala de aula seja como ferramenta de trabalho dos alunos.
A concepção e implementação do PTE tem como objectivo central responder a
esta questão, fazendo convergir os esforços nos seus diferentes eixos e
particularmente no eixo formação. Apenas uma operação global e integrada
pode dar respostas eficazes na formação dos docentes de modo a que estes
venham a possuir novas competências capazes de modificar os antigos
paradigmas orientadores das formas de ensinar.
35
44. Cap. II – Plano Tecnológico na Educação
Uma leitura sobre alguns documentos relevantes, de origem europeia e
portuguesa, nomeadamente:
• ICT impact report , da European Schoolnet (2007)
• Emerging Technologies for Learning, da Becta (2007)
• Modernização tecnológica do ensino - Análise de modelos
internacionais de referência, GEPE (2008)
• Modernização tecnológica do ensino em Portugal - Estudo de
Diagnóstico, GEPE (2008)
permitiram estabelecer um conjunto de constatações que a seguir se relatam
e comentam. Algumas destas questões são bastante pertinentes tendo em
conta que alguns países europeus também têm feito esforço significativo no
sentido de implementar as TIC nas salas de aula e nos processos de ensina r e
aprender.
A inclusão de TIC no currículo
Uma pequena percentagem de escolas em alguns países têm incorporado as
TIC no currículo, demonstrando elevados níveis de eficácia e adequação na
sua utilização para apoiar e transformar o ensino e a aprendizagem numa
vasta gama de disciplinas escolares e de conteúdos diversificados.
Esta pode ser uma das questões centrais e potenciadoras da utilização
das TIC. A inclusão nos curricula de situações onde a utilização das
ferramentas informáticas seja incontornável, obrigará todos os
professores a apetrecharem-se com as competências necessárias para o
desenvolvimento daquela parte do conteúdo.
A maturação tecnológica e pedagógica
A maioria das escolas, na maioria dos países europeus ainda estão na fase
inicial da adopção das TIC. Esta fase inicial é caracterizada por:
• uma utilização descoordenada e pouco sistemática das facilidades
tecnológicas;
• alguma melhoria do processo de aprendizagem;
• algum desenvolvimento de processos de elearning,
36
45. Cap. II – Plano Tecnológico na Educação
No entanto estas constatações não evidenciam profundas melhorias no ensino
e na aprendizagem (European Schoolnet Report).
Na verdade, o processo de modificação dos paradigmas de ensinar e fazer
aprender com as TIC não é fácil. Perspectivas de aprendizagem colaborativa e
construcionista, entre outras, têm agora de ser exploradas de forma mais
empenhada.
Estudos quantitativos revelam relações de causa importantes (European
SchoolNet).
Seis estudos analisados no ICT impact report da European Schoolnet (2007)
são baseadas em estudos quantitativos e tentam estabelecer uma relação
causal entre o uso das TIC e os resultados dos alunos.
Genericamente esses estudos constatam que:
• as TIC têm impactos positivos sobre desempenho escolar nos alunos das
escolas primárias, especialmente em Inglês e não tanto em ciências ou
em Matemática;
• a utilização das TIC melhora os níveis escolares em Inglês (em situação
de língua materna e especialmente nas escolas primárias) em Ciência e
Tecnologia e em Design, nos alunos com idades entre 7 e 16;
• Nos países da OCDE há uma associação positiva entre a duração do
tempo de utilização das TIC pelos estudantes e o seu desempenho em
Matemática (testes PISA);
• Escolas com maiores níveis de e-maturidade demonstram um rápido
aumento do valor do desempenho do que aquelas com níveis mais
baixos;
• Escolas com bons recursos TIC alcançam resultados melhores do que
aquelas que estão mal equipadas;
• O investimento nas TIC tem mais impacto sobre padrões educacionais
quando há um terreno fértil na escola para fazer uma utilização
eficiente do mesmo;
37
46. Cap. II – Plano Tecnológico na Educação
• O acesso à banda larga na sala de aula resulta em melhorias
significativas no desempenho dos alunos em testes nacionais realizados
aos 16 anos;
• Os Quadros Interactivos influenciam os resultados dos alunos em testes
nacionais em Inglês (em especial para os alunos com baixos resultados
em redacção), Matemática e Ciências, que melhoram mais do que a dos
alunos de escolas sem quadros interactivos.
Estudos qualitativos estabeleceram constatações sobre o impacto das TIC
Quatro estudos qualitativos realizados no âmbito da European Schoolnet
(2007) estabeleceram algumas constatações, derivadas da percepção dos
diferentes actores, sobre o impacto das TIC nas aprendizagens que os alunos
desenvolvem. Nomeadamente, verificaram que:
• os alunos, pais e professores consideram que as TIC têm um impacto
positivo sobre a aprendizagem;
• o desempenho nos conteúdos e nas competências básicas dos
estudantes (cálculo, leitura e escrita) melhoram com a utilização das
TIC, de acordo com os professores;
• Os professores estão cada vez mais convencidos de que as realizações
educacionais dos alunos melhoram através do uso das TIC;
• os estudantes academicamente mais fortes beneficiam mais da
utilização das TIC, mas estas servem igualmente os estudantes mais
fracos.
Influência das TIC nas motivações e nas competências
Alguns estudos apontam que as TIC beneficiam a aprendizagem sobretudo
porque têm forte influência ao nível das motivações e das competências.
• Uma taxa elevada dos professores na Europa (86%) indica que os alunos
estão mais motivados e atentos quando os computadores e a Internet
são utilizados nas aulas. No entanto, em alguns países, existe um
número significativo de professores (cerca de 20%), que negam
qualquer vantagem pedagógica na utilização do computador na sala de
aula;
38
47. Cap. II – Plano Tecnológico na Educação
• As TIC têm um forte efeito motivador e efeitos positivos sobre o
comportamento, comunicação e processo de aquisição de
competências.
• Conteúdos multimédia e interactivos veiculados através dos QMI são
aliciantes e motivadores, em especial para os alunos mais novos,
levando-os a prestar mais atenção durante as aulas.
Benefícios para a aprendizagem autónoma
Seja do ponto de vista do estudante ou da aprendizagem, os estudos indiciam
benefícios para a aprendizagem autónoma. Nomeadamente, verifica-se que:
• as TIC permitem uma maior diferenciação com programas adaptados às
necessidades de cada um dos alunos (especialmente nas escolas
primárias);
• os alunos afirmam que fazem as actividades à sua maneira, quando
utilizam um computador e os pais consideram que eles resolvem tarefas
mais adequadas ao seu próprio nível;
• os professores consideram que os alunos trabalham mais de acordo com
os seus próprios estilos de aprendizagem, resultando num impacto
positivo sobre os alunos, sejam eles academicamente fortes ou fracos;
• os alunos com necessidades especiais ou dificuldades comportamentais
retiram benefícios de formas diferentes a partir da utilização das TIC.
As TIC e a aprendizagem colaborativa
As TIC têm impacto positivo na aprendizagem dos estudantes - os estudos
indiciam benefícios para o estudo autónomo e trabalho colaborativo.
Verificou-se nomeadamente que:
• a utilização das TIC nas escolas pode ajudar a reduzir a fractura social
através da redução do fosso digital;
• os alunos assumem maior responsabilidade pela sua própria
aprendizagem quando utilizam as TIC, trabalhando de forma mais
autónoma e eficaz;
• as TIC podem apresentar aos alunos actividades melhor adaptadas às
suas necessidades individuais, tornando mais fácil a organização da
39
48. Cap. II – Plano Tecnológico na Educação
sua própria aprendizagem, através da utilização de, por exemplo, e-
portfolios;
• a colaboração entre os estudantes é maior quando se utilizam as TIC
para trabalho de projecto.
Impacto das TIC nos professores
De acordo com o estudo da Becta (2007) há um impacto considerável das TIC
nos professores e nos métodos de ensino.
Os professores vêm a sua motivação acrescida por diferentes tipos de acções.
• a frequência de programas de formação ou intervenções específicas
dos Governos (p.ex avaliando positivamente o desempenho dos
professores que obtêm certificação TIC) fomentam atitudes positivas
dos professores em relação às TIC;
• por terem acesso gratuito ou privilegiado a um computador portátil
aumentam as atitudes positivas em relação ao seu trabalho.
Os professores registam um aumento da eficiência e da colaboração nas suas
práticas lectivas pela simples utilização das TIC. Os estudos realizados
permitiram constatar que:
• uma esmagadora maioria de professores na Europa (90%) usam as TIC
para preparar suas aulas;
• os professores utilizam as TIC para planear aulas de forma mais
eficiente e mais eficaz. As TIC permitem que os professores partilhem
materiais pedagógicos e planos curriculares com os colegas e gestores;
• os professores do ensino básico consideram as TIC com mais impacto
do que os professores do ensino secundário;
• uma eficaz exploração dos sistemas de informação leva a uma maior
formalização e planeamento cooperativo entre professores. Porém, não
existe uma imagem positiva da utilização de Ambientes Virtuais de
Aprendizagem 30 para fins pedagógicos.
Utilização específica das TIC
30
Exemplo destes ambientes é a plataforma Moodle ou outros softwares de gestão de
aprendizagem similares.
40
49. Cap. II – Plano Tecnológico na Educação
A utilização de metodologias e estratégias de ensino aprendizagem através
das TIC, conduz a soluções inovadoras.
• O facto de se propiciar abordagens estruturadas à investigação através
da Internet desenvolve nos estudantes competências de pesquisa e
investigação.
• A banda larga é o maior factor de aumento da colaboração entre os
professores. O acesso a de banda larga de alta capacidade na sala de
aula aumenta a qualidade e a quantidade de actividades educativas
que podem ser realizadas.
• Os QMI fazem a diferença para os aspectos de interacção em aula.
• As políticas dos Governo têm impacto sobre as TIC no ensino e levam a
uma "rotina“ de incorporação e de utilização de TIC.
Competências dos professores em e no uso das TIC
Os estudos em que nos temos baseado para apresentar as constatações
anteriores permitem ainda evidenciar um conjunto alargado de indicadores
importantes sobre as competências dos professores.
• As competências básicas dos professores em TIC têm aumentado
fortemente em toda a Europa.
• As TIC são mais utilizadas quando se encaixam melhor com as práticas
tradicionais - a adaptação à tecnologia torna-se assim mais fácil.
• Os programas de desenvolvimento de competências nacionais, através
da promoção de acções de formação, tiveram um impacto limitado
sobre as competências pedagógicas dos professores. Os gestores
escolares estimam que o impacto das TIC sobre os métodos de ensino
na escola é reduzido.
• Os professores de ciências, matemática e ciências da computação são
os mais intensivos utilizadores do computador em sala de aula, usando-
o em mais de 50% das suas aulas. Regista-se que estes professores já
tiveram muito contacto com o computador enquanto alunos na sua
própria formação inicial (transfer de competências e processo de
modelação).
41
50. Cap. II – Plano Tecnológico na Educação
• O maior impacto nas aprendizagens dos alunos é encontrado em relação
aos professores que são utilizadores experientes e que desde o início já
tinham integrado as TIC no seu ensino.
• O impacto de um determinado dispositivo ou da aplicação das TIC
depende da capacidade do professor para os explorar de forma eficaz
para fins pedagógicos. Daí se advogar que para além da formação
básica nos softwares comuns, os professores devem ter um amplo
conhecimento sobre softwares específicos adaptados e utilizáveis nos
currículos dos seus alunos, para além da percepção sobre novos
paradigmas de ensino com as TIC, explorando perspectivas
construtivistas, colaborativas e conectivistas na aprendizagem.
• As TIC podem reforçar o ensino, reforçando o que já é praticado ou
introduzindo novidades e melhores formas de aprendizagem e ensino.
• As TIC são ainda subaproveitadas para criar ambientes onde os alunos
estão aprendendo mais activamente na criação de conhecimento e não
apenas a ser consumidores passivos.
Factores impeditivos da implementação das TIC
Existem nos sistemas de ensino diversas barreiras para que a adopção das TIC
nos processos de aprendizagem se faça de uma forma rápida e eficaz.
Por um lado, o apetrechamento das escolas nem sempre é feito a tempo e
com o equipamento adequado. Por outro lado podem falhar os planos de
manutenção preventiva e de reparação.
Constata-se que uma parte muito significativa de professores, na sua
formação inicial, nunca aprendeu em ambientes tecnologicamente
enriquecidos pelo que não transpôs para a sua actividade essas formas de
ensinar. As mudanças são necessariamente lentas e apenas depois de algum
tempo de adaptação e convencimento que com as TIC se faz melhor do que
com práticas antigas.
Barreiras ao nível do professor:
42
51. Cap. II – Plano Tecnológico na Educação
A percepção dos professores sobre as suas competências, a sua motivação e a
confiança que deposita nas novas ferramentas determinam o nível do seu
envolvimento no domínio das TIC.
• Reduzidas competências TIC – os professores consideram quase sempre
que têm poucas competências para poder utilizar as TIC, mesmo que já
as utilizem para preparar as suas aulas e trocar informação com
colegas.
• Baixa motivação – os contextos escolares no início do Sec XXI em alguns
países europeus não são propícios à motivação para inovar. Alunos
turbulentos, turmas numerosas e políticas restritivas levam a alguma
desmotivação e fraca apetência pela inovação.
• A falta de confiança na utilização de novas tecnologias no ensino é
também determinante nos níveis de envolvimento no domínio das TIC –
alguns professores tendem a sentir-se em inferioridade face aos seus
alunos, nativos digitais. Na verdade este é quase sempre um falso
problema dado que um professor que utiliza as ferramentas triviais das
TIC sabe manipulá-las e utiliza-las de forma pedagógica, ao invés dos
seus alunos que detêm outro tipo de competências no mundo digital:
instant messenging, redes sociais, jogos.
Barreiras ao nível da Escola
Também as Escolas, pela sua tipologia, localização dos diferentes edifícios,
capacidade interna de reflectir estratégias, capacidade de liderança dos
órgãos de governação, são decisivas na determinação dos níveis de utilização
das TIC por parte dos professores.
• Limitado o acesso às TIC (devido a uma falta ou deficiente organização
dos recursos TIC) – deve existir a quantidade suficiente de
equipamentos para que a sua utilização ou não se transforme em algo
rotineiro. O exemplo de mudar da sala habitual para se utilizar TIC é
algo que não deve acontecer.
• Má qualidade e insuficiente manutenção de hardware e inadequado ou
insuficiente software educacional – os sistemas educacionais devem
43
52. Cap. II – Plano Tecnológico na Educação
estar atentos à questão da manutenção e actualização do equipamento
e softwares utilizados, promovendo políticas activas nesse sentido.
• Ausência de uma dimensão estratégica global TIC nas escolas – as TIC
são tanto ou mais utilizadas quanto mais os actores escolares se
envolverem na definição de planos da sua integração, nomeadamente
ao nível da formação pessoal, integração curricular e organização de
repositórios temáticos e conteúdos.
• Experiência reduzida com projectos orientados para as actividades
apoiadas pelas TIC – a pouca participação em projectos com inclusão de
TIC leva a que não se aumentem competências práticas, não se
partilhem experiências e não se crie um espírito de inovação constante,
provável referência metodológica para os novos professores.
Em termos muito globais, e em jeito de síntese, os estudos anteriormente
citados permitem constatar o seguinte:
1. Em termos práticos, o uso dos computadores para fins educativos
parece depender, em primeiro lugar, dos recursos disponíveis,
calculados quase exclusivamente em termos de disponibilidade e
facilidade de acesso aos equipamentos, ficando de fora, na maior parte
das vezes, análises mais detalhadas e de natureza qualitativa, por
exemplo sobre o tipo de trabalho que é efectivamente desenvolvido por
professores e alunos ou as dinâmicas instaladas nas escolas nesse
domínio.
2. O crescimento do número de computadores nas escolas, verificado
principalmente nos últimos anos, com o que isso significou em termos
dos elevados investimentos públicos, tem suscitado a grande
preocupação dos governos em avaliar o sucesso dos esforços financeiros
despendidos e vários foram os estudos realizados com essa finalidade,
em diversos países. Os resultados não são conclusivos.
3. A maior parte desse tipo de estudos mostra é que, apesar do aumento
de computadores disponíveis e de melhores infra-estruturas, as
tecnologias de informação e comunicação (TIC) não são usadas ainda
em grau satisfatório ou, pelo menos, não são usadas tirando partido de
44