2.
A
área
do
desporto
ligada
ao
turismo
tem
sido
muitas
vezes
abordada
de
uma
forma
pouco
produ6va
onde
o
desporto
é
relegado
para
segundo
plano.
Ø A
maior
parte
dos
estudos
existentes
não
exploram
o
conhecimento
do
produto
(desporto)
ou
Ø Centram-‐se
mais
nos
instrumentos
da
gestão
do
que
em
explorar
as
mais-‐valias
que
a
compreensão
do
produto
pode
proporcionar
para
o
estudo.
Enquadramento Conceptual
3.
A
tendência
tem
sido
considerar
dados
de
uma
forma
pouco
coerente.
Juntam-‐se
uns
dados
do
desporto
e
do
turismo
e
está
feito!
Mas
como
nos
alertam
os
autores
isto
não
é
suficiente.
Gammon
e
Robinson
(2003)
“Analysis
undertaken
in
Sport
and
Tourism
should
try
to
compound
the
two
already
dis8nc8ve
disciplines
in
to
one,
crea8ng
new
foc
of
interest.
It
is
not
a
ques8on
of
combining
sta8s8cs
from
sport
and
tourism,
resul8ng
in
logical
conclusions
–
the
subject
of
Sport
and
Tourism
is
clearly
more
than
the
sum
of
its
parts.”
(p.22).
Enquadramento Conceptual
4. Mais
do
que
criar
uma
área
de
inves6gação
que
junte
as
2
áreas
(Desporto
e
Turismo)
é
fundamental
perceber
quais
os
alicerces
deste
6po
de
pesquisas.
Já
em
1995,
Kurtzman
e
Zauhar,
alertavam
para
a
necessidade
de
ter
em
consideração
a
mo6vação
do
turista
na
inves6gação
sobre
esta
área.
Saber
qual
a
principal
mo6vação
que
leva
o
turista
a
viajar
vai
condicionar
o
6po
de
estudos
que
podem
ser
mais
importantes
explorar.
Consumidor
Viagem
Evento
Despor6vo
Local
Vou
ao
JO
e
aproveito
e
visito
a
cidade
ou
vou
à
cidade
e
aproveito
e
vejo
os
JO?
Enquadramento Conceptual
5. A
mo6vação
do
turista
pode
influenciar
os
pontos
fundamentais
a
considerar
na
inves6gação.
Gammon
e
Robinson
(2003)
referem
que
a
mo6vação
do
turista
pode
influenciar
os
pontos
fundamentais
a
considerar
na
inves6gação
“The
implica8ons
of
this,
is
that
each
individual
generates
two
quite
dis8nct
areas
of
inves8ga8on,
not
only
from
a
marke8ng,
economic
or
financial
perspec8ve,
but
also
from
a
psychological
and
sociological
viewpoint.
What
is
clearly
required,
is
a
broad
theore8cal
framework
that
not
only
illustrates
the
variety
of
customer
mo8va8ons
but
also
highlights
par8cular
Sport
and
Tourism
categories.”
(p.27).
Enquadramento Conceptual
6. Adaptando
este
quadro
às
a6vidades
náu6cas
e
centrando-‐nos
no
Desporto
Turismo,
temos:
Desporto
e
Turismo
Sports
Tourism
Tourism
Sport
Hard
definição
Hard
definição
So`
definição
So`
definição
Par6cipantes
passivos
ou
a6vos
num
evento
despor6vo
de
compe6ção
Par6cipação
primária
a6va
em
desportos
recrea6vos
Exemplos:
Regatas
com
impacto
a
nível
internacional
(America’s
Cup,
Vandee
Globe,
Tall
Ships,
etc.)
Compe6ções
do
Circuito
internacional
de
Surf
Windsurf
Guincho
Big
Game
Etc.
…
Exemplos:
Formação/U6lização
Passeios
em
embarcações
ou
vela
(com
ou
sem
skipper)
Mergulho
(pacotes)
Canoagem
Windsurf
Coastering
Expedições
náu6cas
Pesca
Despor6va
Etc.
Como
é
óbvio
este
6po
de
categorias
não
são
estanques
e
poderão
exis6r
situações
onde
as
a6vidades
se
combinam.
Enquadramento Conceptual
7. Preocupações na conceção do produto
Conceber
um
produto
no
âmbito
desta
vertente
implica
compreender
alguns
dos
bloqueios
que
possam
exis6r
para
a
operacionalização
deste
6po
de
produto
e
iden6ficar
os
pontos
que
têm
de
ser
considerados
e
que
poderão
ser
potenciados.
Estudo
do
Gasto
Turís6co
apresentado
pela
Secretaria
Regional
da
Cultura,
Turismo
e
Transportes
(2010):
-‐Só
1%
dos
turistas
(RAM)
apresentam
como
principal
mo6vação
o
desporto
(golfe)
Apesar
disso
-‐34%
dos
inquiridos
referem
o
contacto
com
a
natureza
como
a
principal
mo6vação
da
viagem
(RAM)
-‐21%
dos
inquiridos
referem
o
sol
e
o
mar
como
a
principal
mo6vação
da
viagem
(RAM)
Documento
Estratégico
para
o
Turismo
na
RAM
(2015-‐20120)
apresentado
ACIF
(2015):
III.
Turismo
Náu6co:
»Passeios
às
ilhas
Desertas/
Selvagens
»
Pesca
Despor6va
»Surf,
Windsurf
e
Kitesurf
»Mergulho
»
…
Falta
de
estruturação
e
divulgação
de
eventos
e
a6vidades
de
animação
que
decorrem
em
toda
a
Região,
havendo
dificuldade
em
informar
e
aconselhar
o
turista
sobre
os
mesmos
8. Preocupações na conceção do produto
Plano
Estratégico
Mar
da
Madeira
16-‐30
-‐
ACIF(2015):
Pontos
Fracos
no
Turismo
Náu8co
e
Náu8ca
de
Recreio
-‐ Infraestruturas
de
apoio
à
náu6ca
de
recreio,
condições
de
receção
e
estadia
ao
longo
da
costa,
inexistência
de
condições
para
receber
embarcações
com
+
25m
-‐ Debilidades
nos
serviços
complementares
à
náu6ca
de
recreio
(reparações
e
manutenção)
-‐ Oferta
estruturada
de
produtos
e
serviços
alicerçados
no
mar
para
os
turistas
-‐ Inexistência
de
uma
ferramenta
especializada
para
a
promoção
e
comercialização
dos
produtos
e
serviços
ligados
ao
mar
-‐ Condições
de
acesso
à
água
É
na
vertente
de
Desporto
Turismo
que
julgamos
que
existem
mais
lacunas
em
termos
de
oferta/
procura
na
RAM.
Vamos
apresentar
alguns
pontos
que
julgamos
importante
equacionar
para
uma
conceção
adequada
destes
produtos.
9. Fatores que podem influenciar a motivação para a atividade
-‐ As
condições
naturais
(clima,
flora,
fauna,
etc.)
»Este
6po
de
fatores
condiciona
não
só
o
6po
de
a6vidades
que
são
possíveis
realizar
mas
sobretudo
influencia
as
que
têm
potencial
para
se
afirmarem.
2
vertentes
que
podem
ser
exploradas:
condições
únicas
(ou
pelo
menos
muito
boas)
ou
serem
em
contraciclo
com
outros
des6nos.
-‐ A
qualidade
do
produto
»
É
um
dos
fatores
mais
divcil
de
intervir
mas
também
aquele
que
é
mais
“manipulável”.
Criar
produtos
de
qualidade
implica:
grande
inves6mento
na
conceção
e
na
formação
dos
profissionais
que
intervêm
na
sua
implementação.
Na
personalização
não
basta
dominar
um
conjunto
de
técnicas
para
conseguir
fazê-‐la.
-‐ A
variabilidade
»a)
condições
naturais(por
exemplo,
a
disponibilidade
de
diferentes
contextos
como
a
montanha
e
o
mar,
o
deserto
e
o
mar,
etc.)
b)
o
6po
de
a6vidades
(grupos
de
a6vidades
que
possam
em
conjunto
servir
de
atra6vo)
ou
c)
as
condições
diversificadas
para
a
prá6ca
da
mesma
a6vidade.
A
dimensão
e
variabilidade
do
nosso
país
e
nomeadamente
da
RAM
pode
ser
uma
mais
valia,
se
explorada.
-‐ Os
imaginários
»a
mo6vação
para
a
realização
das
a6vidades
pode
transformar
completamente
a
mobilização
para
a
procura
de
um
produto.
2
vertentes:
os
Eventos
Despor6vos
e/ou
Personalidades.
-‐ Etc.
10. Estruturação do produto
Muitas
das
vezes,
fruto
de
não
exis6r
uma
especialização
dos
produtos
oferecidos
consoante
as
mo6vações
dos
consumidores,
os
produtos
existentes
estão
pensados
para
a
realização
de
a6vidades
de
uma
forma
pontual.
Um
passeio
numa
embarcação,
um
trilho
de
coastering,
etc.
e
acaba
por
aí,
quanto
muito
se
o
consumidor
quiser
repe6r
há
mais
um
ou
dois
percursos
a
fazer.
Não
existem
programas
específicos
com
uma
lógica
e
uma
coerência
de
con6nuidade,
que
se
traduza
numa
mo6vação,
para
que
esta
possa
ser
considerada
a
principal
razão
para
a
viagem.
O
exemplo
que
iremos
apresentar
procura
abordar
as
a6vidades
despor6vas
de
um
ponto
de
vista
funcional
(em
termos
da
conceção
destas)
permi6ndo
ajustar
o
percurso
que
o
consumidor
faz
às
suas
mo6vações
pessoais
sem
que
no
entanto
o
processo
forma6vo
seja
subes6mado,
assim
como
as
condições
de
segurança.
11. 5 Níveis
Os
níveis,
apesar
de
numerados
de
1
a
5,
não
são
sequenciais,
visam
sim
obje8vos
diferentes.
Em
todas
as
a8vidades
é
possível
o
indivíduo
escolher
o
nível
em
que
deseja
realizar
o
seu
programa,
o
que
vai
variar
são
as
necessidades
de
organização
da
própria
a8vidade
(enquadramento,
procedimentos
de
segurança,
etc.
e,
naturalmente,
o
custo
que
essa
a8vidade
vai
ter).
12. Nível 1
Compreender
os
aspetos
funcionais
Pretende-‐se
que
o
indivíduo
domine
um
conjunto
de
funcionamentos
próprios
da
a6vidade
e
consiga
operacionalizá-‐los
Ex:
compreender
como
propulsiona
a
embarcação,
as
diferentes
manobras,
como
os
fatores
do
contexto
podem
influenciá-‐los,
a
segurança,
etc.
13. Nível 2
Aplicar
os
aspetos
funcionais
a
um
conjunto
de
situações
Pretende-‐se
construir
um
conjunto
de
situações
que
levem
o
indivíduo
a
explorar
os
aspetos
funcionais
da
a6vidade.
Ex:
situações
onde
o
obje6vo
é
que
a
propulsão
seja
o
mais
rápida
possível
ou
com
o
menor
gasto
energé6co
de
modo
a
conseguir
mantê-‐la
durante
um
tempo
elevado,
situações
onde
as
mudanças
de
direção
são
constantes,
propulsão
contra
o
vento
e
a
corrente,
a
favor
do
vento
mas
contra
a
corrente,
etc.
14. Nível 3
Resolver
diferentes
problemas
Pretende-‐se
que
o
indivíduo
perante
um
problema
(por
exemplo,
fazer
um
determinado
trajeto)
seja
capaz
de
perceber
que
6po
de
situações
vai
encontrar,
ser
capaz
de
fazer
as
opções
mais
adequadas
e
operacionalizá-‐las
naquele
contexto.
Ex:
dentro
do
trajeto
proposto
escolher
o
percurso
que
melhor
se
adequa
às
suas
capacidades
e
ao
contexto,
escolhendo
as
técnicas
adequadas
para
concre6zá-‐lo
e
tendo
em
consideração
a
segurança
15. Nível 4 e 5
Viver
os
problemas
Nestes
2
níveis
o
que
varia
é
a
dificuldade.
Pretende-‐se
que
o
indivíduo
realize
uma
espécie
de
“Expedição”
que
será
ajustada
de
acordo
com
o
seu
nível.
A
a6vidade
permite
ou
pôr
em
prá6ca
conhecimentos
dos
níveis
anteriores
ou
sen6r
algumas
dificuldades
que
encaminham
o
indivíduo
para
a
realização
dos
outros
níveis
em
pontos
específicos
16. + simples + complexo
PERSONALIZAÇÃO
-‐ Há
pessoas
que
são
incapazes
de
par6r
para
um
passeio
sem
dominarem
muito
bem
um
conjunto
de
competências
(nível
1,2
e
3)
-‐ Há
pessoas
que
serão
incapazes
de
se
mo6varem
para
pra6car
alguns
aspetos
(por
exemplo,
a
propulsão
–
nível
1)
se
não
sen6rem
e
experienciarem
antes
a
importância
de
dominar
aquele
aspeto
numa
situação
real.
17. Desenvolvimento/Formação do desportista na atividade
Mas
o
desporto,
mesmo
quando
é
feito
numa
perspe6va
de
lazer
e
recreação,
é
muito
mais
que
isto,
há
um
desenvolvimento
do
indivíduo
inerente
à
sua
prá6ca
que
não
pode
nem
deve
ser
ignorado.
Ter
consciência
disso
permite-‐nos
desenvolver
os
processos
com
uma
intencionalidade
e
oferecer
produtos
com
qualidade.
Atividades de Recreação e Lazer
tendência
Modelos
de
desenvolvimento/formação
do
Treino
despor6vo
A6vidade
Física
Sa6sfação/Entretenimento
do
indivíduo
18. 3 Domínios de formação/desenvolvimento do indivíduo
Num
6po
de
a6vidade
onde
o
sucesso
está
associado
à
capacidade
de
adaptação
ao
contexto,
é
natural
que
os
obje6vos
visados
passem
pela
compreensão
e
domínio
da
interação
com
o
contexto.
Domínio do Território
O
Mar
encerra
um
conjunto
de
problemas
que
o
indivíduo
precisa
de
compreender
e
dominar
para
que
possa
planear
as
suas
ações
e
agir
de
forma
ajustada
rendibilizando
a
resolução
das
situações
que
irá
enfrentar
ao
longo
da
a6vidade.
19. 3 Domínios de formação/desenvolvimento do indivíduo
Compreender
a
situação
e
as
suas
especificidades
é
também
essencial
para
a
resolução
de
problemas.
Domínio da Situação
O
indivíduo
que
realiza
a
a6vidade
deverá
dominar
os
fatores
que
influenciam
a
situação,
perceber
como
a
influenciam
e
interagem
uns
com
os
outros
(noção
de
tendências
evolu6vas)
e
como
pode
intervir
nestes
para
se
adaptar.
Só
deste
modo
poderá
escolher
e
u6lizar
as
técnicas
mais
adequadas
à
situação
realizando
a
a6vidade
com
intencionalidade
e
de
forma
consciente.
20. 3 Domínios de formação/desenvolvimento do indivíduo
Neste
6po
de
a6vidades
é
também
fundamental
que
o
indivíduo
compreenda
as
suas
capacidades
e
potencialidades,
iden6ficando
os
limites
em
que
consegue
agir
e
ser
capaz
de
controlar
a
evolução
dos
processos
porque
passa,
de
modo
a
poder
aproximar-‐se
dos
limites
mas
de
forma
consciente
e
em
segurança.
Domínio de si próprio e da relação com os outros
Indivíduo
Grupo
Icompa6bilidades
Complementaridades
21. Estes
3
Domínios
não
aparecem
isolados.
No
mesmo
exercício
podemos
estar
a
desenvolver
competências
de
vários
deles.
22. Personalização da atividade
Diagnóstico
Hoje
é
indiscu{vel
que
um
produto
de
qualidade
tem
de
ser
um
produto
personalizado.
Prescrição Controlo
Para
que
esta
metodologia
possa
ser
u6lizada
(conceção
do
produto,
orientação
das
a6vidades)
é
necessária
uma
estruturação
do
conhecimento
que
o
permita.
A
reprodução
de
padrões
não
é
compa{vel
com
esta
metodologia.
23. Implicações ao nível da formação dos profissionais da área
Formar
profissionais
capazes
de
intervir
nos
diferentes
níveis
que
anteriormente
referimos
implica
formar
indivíduos
que
não
sejam
meros
reprodutores
mas
que
sejam
capazes
de
criar,
inovar
e
u6lizar
uma
metodologia
cien{fica
para
resolver
problemas.
O
conhecimento
técnico
da
a6vidade
é
importante
mas
por
si
só
não
resolve
todos
os
problemas
no
âmbito
da
conceção
e
orientação
deste
6po
de
a6vidades.
24. Considerações Finais
Há
um
conjunto
de
pilares
que
consideramos
estruturantes
na
conceção
e
operacionalização
de
produtos
no
âmbito
do
Desporto/Turismo
e
têm
de
ser
vistos
como
um
todo:
• Fatores
que
podem
influenciar
a
mo6vação
para
a
a6vidade;
• Estruturação
do
Produto;
• Desenvolvimento/Formação
do
despor6sta
na
a6vidade;
• Personalização
da
A6vidade;
• Formação
dos
Profissionais
da
área.
25. Considerações Finais
• Apesar
de
nos
termos
centrado
em
produtos
no
âmbito
do
Desporto/
Turismo
julgamos
que
a
aplicação
destes
princípios
pode
ser
uma
mais-‐
valia
na
qualidade
de
outro
6po
de
produtos.
• A
RAM
tem
condições
excecionais
para
a
prá6ca
de
a6vidades
náu6cas
que
não
são
exploradas
na
sua
plenitude
no
âmbito
do
Desporto/
Turismo
por
lacunas
na
estruturação
dos
produtos.