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FOCALIZAR O PROCESSO DE MELHORIA – TEORIA DAS RESTRIÇÕES (ToC) e TLS
Luís Cristóvão, Eng, MBA, MSc, Certificado pelo TOCICO (Theory Of Constraints International Certification Organization)
é Director de Operações, e tem cerca de 30 anos de experiência na Indústria. É co-autor de 4 eBooks traduzidos e
adaptados para o português sobre a ToC.
O que é a Teoria das Restrições (ToC)
A Teoria das Restrições ou segundo a terminologia anglo-saxónica ToC (Theory of Constraints) é uma metodologia ou
filosofia de gestão que nasceu com Eliyahu (Eli) M. Goldratt nos anos 80, e nestas três décadas expandiu-se e sofreu um
processo de reinvenção que permite a aplicação dos seus princípios em virtualmente qualquer tipo de organização hoje
em dia. A ToC está implementada em milhares de casos documentados e as suas aplicações logísticas são o motor de
muitas aplicações na área militar (ex: Guerra do Golfo) ou em empresas conhecidas na área automóvel (Ford , GM,
Mazda), aviação (Boeing, Israel Aircraft Ind., Delta Air Lines), Electrónica (Harris Corp., Omrom, Lucent), etc. As áreas de
aplicação são também extensas desde a Estratégia, Produção(Operações), C&D, Distribuição, até às áreas de Marketing
& Vendas e RH’s passando pela Educação (ToC for Education). Recentemente um survey da Industry Week, nos EUA
concluiu que cerca de 80% das “best plants” americanas utilizam a ToC.
Tal como outras metodologias, nasceu na produção, mais propriamente com um software que Eli Goldratt, na altura
sócio de uma companhia chamada Creative Output, desenvolveu para fazer a programação da produção, o Optimized
Production Technolog(OPT). Este foi o primeiro software que incorporava um modelo de capacidade finita em vez dos
modelos de capacidade infinita como o MRP que ainda hoje é usado, mas teve pouca aceitação o que levou Goldratt a
desistir deste tipo de solução. Em alternativa resolveu em 1983 escrever um livro acerca da optimização da produção,
mas esse livro não nasceu bem, porque foi o primeiro que utilizou um estilo de romance para tratar questões técnicas.
Mas após inúmeras tentativas infrutíferas, surge uma pequena editora que decide arriscar, a North River Press, e assim
nasce “The Goal” em 1984 a 1ª edição, actualmente já na 4ª edição [2] , um dos maiores best-sellers de gestão de todos
os tempos. De tal forma que “The Goal” foi considerada pela revista Time em 2011, um dos 25 livros de gestão mais
influentes de sempre.
“A Meta: Um processo de melhoria contínua”, na sua tradução brasileira ou na adaptação comentada em português “A
Meta revisitada” de 2014, introduziu um novo paradigma na gestão das organizações. A ideia que existem factores
críticos, em pequeno número, geralmente um ou dois que governam o seu output. Nascia assim o conceito de
Constrangimento ou Restrição, e a metodologia que lhe deu origem, a Teoria das Restrições. O pensamento de Goldratt
tem a sua génese na física, pois este autor era físico de formação (PhD), e corresponde a uma verdade existente nos
sistemas e que se pode resumir na seguinte afirmação. Um sistema qualquer que seja quanto maior a sua
complexidade, maior a sua simplicidade inerente. Um número muito limitado de graus de liberdade torna o sistema
surpreendentemente fácil de gerir se conseguirmos descobrir os seus pontos de alavancagem.
Mas o conceito de Restrição da ToC não é o mesmo do senso comum. “Restrição é assim tudo aquilo que impede um
sistema de alcançar a sua Meta”. Para a ToC toda a organização tem uma Meta que é (no caso de organizações com fins
lucrativos) “Fazer mais dinheiro ou lucro, hoje e no futuro”. Pode parecer para quem pela primeira vez tem contacto
com a ToC que esta meta é algo reducionista ou demasiado materialista. Segundo a ToC o lucro existe mas não é
absoluto. Existem vários factores chamados Factores Críticos de Sucesso (CSF – Critical Sucess Factors) que são
condições necessárias para que haja lucro e para que existam os CSF, devem também existir um número de condições
necessárias (NC – Necessary Conditions). As organizações podem ser representadas então pelo objectivo maior (Lucro)
pelos CSF’s e pelas NC’s num diagrama lógico.
Este mapa lógico é uma das ferramentas utilizadas pela ToC, fazendo parte dos Thinking Processes (ou Processos do
Raciocínio) , desenvolvidos em 1991 por Goldratt e uma equipa de colaboradores com o objectivo de utilizar a lógica e
o bom senso para desenvolver soluções criativas utilizando o raciocínio dedutivo. Goldratt reinventa a ToC que até
1991 era conhecida pela optimização dos “botlenecks” ou gargalos na produção. A evolução da ToC segue o
pensamento e os livros de Goldratt que escreveu mais de 15 livros e produziu inúmeros materiais didáticos desde
ensaios e artigos, a software educacional, a simuladores, a videos que desenvolvem e enriquecem o património que foi
a sua obra.
Após “The Goal” em 1984, que aplica os princípios da Teoria das Restrições a um ambiente duma fábrica e à Produção,
seguiu-se em 1994 o livro “It’s Not Luck”, outro best seller, onde o mesmo personagem Alex Rogo é o responsável por
um conjunto de empresas e utiliza as ferramentas lógicas para fazer o turnarond destas que estavam em grandes
φ
dificuldades financeiras. Aqui temos o desenvolvimento de soluções ToC na área do Marketing e Vendas. Um outro
grande desenvolvimento é o romance “Critical Chain” em 2000, novo best seller de Goldratt que introduz o avanço da
ToC na área da gestão de projectos, através da metodologia da Cadeia ou Corrente Crítica (CCPM – Critical Chain
Project Management).
Quem foi Eli Goldratt
Eli Goldratt, nascido em 1947 em Israel, era doutorado em física pela Universidade de Halal. Para além de físico, foi
inventor, escritor, gestor e pedagogo, desenvolveu durante vários anos software, mas era conhecido pelo seu feito
irrascível e sem pouca ou nenhuma paciência para quem não soubesse como ele, fazer uso do que chamava de “senso
comum”. Considerado um génio e um dos últimos gurus da gestão pela Time, deixou uma vasta obra em livros, ensaios,
software, videos,… sendo um orador de extraordinários recursos e dum forte carisma. Uma das suas predilecções era
dar cabo do que chamava “as vacas sacradas da gestão” e não se coibia de afrontar directamente as pessoas razão pela
qual muita gente ainda hoje não o vê com bons olhos. Um exemplo foi a sua guerra contra o uso da contabilidade para
guiar o esforço de melhoria nas empresas.
Eli Goldratt faleceu em Junho de 2011 e deixa um extraordinário legado e uma enorme legião de seguidores e
admiradores, muitos dos quais aplicam as suas ideias mas não o admitem directamente, talvez porque a ToC mais do
que qualquer outra metodologia implica para ser totalmente eficaz, uma mudança radical de paradigmas.
Aplicações standard
A ToC nasceu com uma linguagem anglo-saxónica e muitos dos termos traduzidos para o português, têm uma tradução
que nem sempre é universal. O Brasil é justamente um dos países onde a ToC tem alguma expressão e daí que a
terminologia tenha de seguir um pouco a tradução brasileira até porque as principais obras de Goldratt estão
traduzidas para português brasileiro. As únicas obras sobre ToC em português foram adaptadas e traduzidas
recentemente (ver bibliografia).
Aplicações na Produção (Operações): - Drum-Buffer-Rope (DBR) – Tambor-Pulmão-Corda
Aplicações na Distribuição (Logística/Supply Chains): - ToC Rapid Replenishment – ToC Reabastecimento Rápido
Aplicações nos Projectos: - Critical Chain Project Management (CCPM) – Gestão Projectos pela Cadeia Crítica
Aplicações no Marketing e Vendas: - Unrefuseable Order (URO) – ToC Oferta Irrecusável / - Sales Process Engineer. (SPE)
Aplicações na Estratégia: - ToC Strategic & Tatics Tree (S&TT) – ToC Arvore de Estratégia & Tática
Aplicações Lógicas (Resolver problemas complexos /criar soluções):
- Current Reality Tree (CRT) – Arvore da Realidade Corrente
- Evaporating Cloud (EC) / Conflict Resolution Diagram – Nuvem Dispersante/ Diagrama Resolução Conflitos
- Future Reality Tree (FRT) – Arvore da Realidade Futura
- IO Map – Mapa Objectivos Intermédos
- Pre-Requesite Tree (PRT) – Arvore de Pré Requisitos
Soluções para Problemas e Organizações Complexos
A ToC é pois uma filosofia de gestão holística que se concentra nos pontos de alavancagem das organizações ou
Restrições para obter o máximo de benefício com um mínimo de esforço em termos de recursos. Portanto se existe
uma palavra que caracteriza a ToC essa palavra é “FOCO”.
A questão das Restrições é conhecida desde há muitos anos, quem não ouviu falar na linguagem corrente do “elo mais
fraco”, mas a verdade é que Goldratt teve uma intuição única, ao descobrir que a partir das Restrições dum sistema
podemos controlá-lo através dum número de pontos muito reduzido. Ou seja encontrar as Restrições não significa
acabar de imediato com elas, mas sim utilizá-las para tirar o máximo de output desse sistema !
Este número é tão reduzido (na maioria dos casos uma ou duas Restrições) que a ToC traduz-se numa reinvenção da Lei
de Pareto: só que neste caso em vez dos famosos “80/20” – oitenta por cento dos efeitos explicados por 20% das
causas, temos “99/1” – mais de 99% dos efeitos explicados por menos de 1% das causas !!
O Processo de Melhoria – ToC Way
O livro “A Meta” foi a primeira obra onde o processo de melhoria ToC estava implicito. Este processo que mais tarde foi
incorporado por Goldratt nas edições a partir de 2003, segue os seguintes passos:
1. Identificar a Restrição.
2. Explorar a Restrição.
3. Subordinar tudo o resto à Restrição.
4. Elevar a Restrição.
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5. Se a Restrição não tiver sido quebrada, não deixar que a Inércia seja a próxima Restrição,
6. Voltar a 1.
Este procedimento parte da Identificação da Restrição, para a fase de Exploração onde o objectivo é obtermos o
máximo output da Restrição (sem investimentos adicionais), temos pois de “espremê-la” ao máximo.
A fase de Subordinação diz-nos que a Restrição é o passo mais lento/ o elo mais fraco da cadeia e portanto toda a
organização deve funcionar ao ritmo ou Subordinada à Restrição.
A fase de Elevação é um aumento de capacidade da Restrição e só aqui devem ser feitos investimentos para se
conseguir aumentar o Lucro da organização aumentando o output da Restrição.
O processo é então repetido novamente em ciclos de melhoria sucessivos.
As três questões fundamentais
As Restrições numa organização podem ser físicas (um equipamento, um processo, um serviço…) mas quanto mais
complexa é uma organização menos visíveis são, pois normalmente tomam a forma de Políticas. Por isso e para se
conseguirem identificar, a ToC utiliza em situações deste tipo uma outra forma de focalizar a melhoria. Esta traduz-se
muito simplesmente na resposta a três questões fundamentais:
- Melhorar, o Quê ?
- Melhorar, para o Quê ?
- Como provocar a Melhoria ?
Estas questões são abordadas utilizando as ferramentas lógicas ToC da seguinte forma:
- Melhorar o Quê ?
Trata-se justamente de encontrarmos os pontos de alavancagem do sistema, as suas Restrições. Ao encontrarmos estes
pontos podemos então saber o que temos que melhorar. A forma de sabermos numa organização complexa, quais as
Restições faz apelo da CRT – Current Reality Tree, uma árvore lógica construida a partir de efeitos ditos indesejáveis que
sejam sentidos pela organização
- Melhorar para o Quê ?
Actuando na resolução destes conflitos, através do Diagrama de Resolução Conflitos ou Nuvem, podemos criar acções
que vão eliminar o conflito atacando os seus pressupostos e assim contribuir para a resolução do core problem.
- Como provocar a Melhoria ?
A fase final de implementação pode para problemas mais complexos envolver o uso de ferramentas lógicas mais
específicas, mas normalmente não é necessário bastando na maioria dos casos implementar as acções previstas pela
FRT – Future Reality Tree e as que eliminam efeitos e ramais negativos. As acções de implementação se forem
complexas e em número elevado podem ser colocadas num PERT e serem as bases dum projecto a ser implementado
pela CCPM (Critical Chain Project Management).
Tirar o máximo partido da ToC – Sinergias com o Lean e o 6Sigma – a TLS
A ToC embora possa ser aplicada isoladamente, uma vez que evoluiu para uma filosofia de gestão bastante abrangente,
pode e deve ser usada duma forma conjunta com outras metodologias e ser aplicada justamente nos pontos onde tem
mais força. Ou seja é a nível sistémico que a sua aplicação pode realmente fazer a diferença e ser inovadora,
nomeadamente através da identificação das Restrições da organização.
Uma vez identificados os alvos, devemos utilizar metodologias mais focalizadas quer na melhoria de processos ou seja
utilizarmos o Lean para remoção do desperdício e o SeisSigma para redução das fontes de variação, criando-se assim
uma solução melhor.
Por isso uma fórmula que ganha cada vez mais adeptos hoje em dia é a junção
das três metodologias conhecida como TLC (Toc, Lean, Seisigma) segundo o
esquema seguinte. Esta metodologia foi testada num célebre estudo publicado
por Reza Pirasteh e Kimberley Farah, em 2006, na APICS Magazine, na empresa
americana Sanmina Sci. Os resultados seguidos de forma independente
indicaram que a contribuição para os ganhos foi claramente a favor da
metodologia TLS, com 89%, seguindo-se o Seis Sigma com 7% e o Lean com 4%.
A conclusão dos investigadores apontou para uma focalização muito maior no
TLS e daí o seu esmagador sucesso.
ψ
Aplicações e Conclusão
Em Portugal os casos de aplicação da ToC e do TLS são raros e se existem como é hábito entre nós permanecem em
sigilo. Esta postura também surge noutros países mas com maior divulgação das metodologias. Os casos de domínio
público referem-se ao uso do CCPM em projectos, nomeadamente em projectos de melhoria no modelo Continente
(em projectos Kaizen) ou a aplicação pontual em empresas como a Somincor ou as que este autor tem desenvolvido
pessoalmente. Em termos de ensino salienta-se já a difusão da ToC em algumas pós graduações nomeadamente nos
cursos de SeisSigma Black Belt. Existem também algumas universidades onde o ensino da ToC e do TLS tem já algum
desenvolvimento, tendo sido elaboradas algumas teses de doutoramento nestas áreas.
No Brasil existe um número bastante grande de casos de aplicação em empresas, havendo já um núcleo duro de
consultores que exploram esta metodogia, quer na sua aplicação isoladamente como ToC ou como TLS.
No nosso país o que faz sentido é para além das aplicações logísticas tradicionais de Produção / Distribuição / Projectos
,o desenvolvimento de soluções através das metodologias lógicas Thinking Processes (TP). Os TP podem ser aplicados
universalmente a sistemas com fortes relações de interdependência ou a qualquer tipo de sub-sistema duma
organização que apresente as relações de causalidade e dependência entre as diferentes partes (o que nos dá um
amplo campo de aplicação nas empresas). Deste modo podemos criar, soluções criativas usando a ToC e utilizarmos
também a panóplia conhecida de ferramentas da Qualidade e Produtividade das quais as metodologias Lean e
SeisSigma são o corolário.
Mais do que melhorar “porque todos temos que melhorar” como ouvimos na maioria das organizações, interessa cada
vez mais há medida que estas alcancem maior maturidade, apresentar maior eficácia nos resultados de problemas mais
complexos de melhoria. Só assim podemos ter a massa crítica e a focalização fundamentais para alcançarmos a nossa
Meta, o “bottom line”.
“Não há escolha. Ou as organizações gerem as Restrições ou são estas que gerem as organizações. As Restrições
determinam o output das organizações quer sejam ou não conhecidas e/ou geridas.”
“Noreen, Smith, Cox”, in ToC Implications for Management Accounting
Bibliografia:
“2012 IW Best Plants Statistical Profile”, Industry Week , Feb.2014
“The Goal : A Process Of Ongoing Improvement”, E.M. Goldratt et J. Cox, 4th edition (2013), North River Press
“Combining TOC, Lean, Six Sigma: Continuous Improvement Trio”, Reza M. Pirasteh, K.Farah, 2006 APICS Magazine
EM PORTUGUÊS:
“A Meta : um processo de melhoria contínua”, E.M.Goldratt Tradução 2ª ed. brasileira revista e ampliada, Thomas
Corbett Neto,(2003) editora Nobel
“A Meta revisitada” : resumo comentado do “best-seller” de Eli Goldratt para leitores apressados, (e-Book), Joel-
Henry Grossard, Luís Cristóvão, (2014) , http://leanpub.com/metarevisitada
“Teoria das Restrições – Kit Faça Você Mesmo para PME’s para Produção (Operações), (e-Book), Rajeev Athavale, Luís
Cristóvão, (2013), https://www.toc-goldratt.com/en/product/theory-of-constraints-do-it-yourself-kit-for-small-and-
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“Teoria das Restrições – Kit Faça Você Mesmo para PME’s para Distribuição, (e-Book), Rajeev Athavale, Luís Cristóvão,
(2013), https://www.toc-goldratt.com/en/product/theory-of-constraints-do-it-yourself-kit-for-small-and-medium-size-
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“Teoria das Restrições – Kit Faça Você Mesmo para PME’s para Projetos, (e-Book), Rajeev Athavale, Luís
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FOCALIZAR A MELHORIA

  • 1. υ FOCALIZAR O PROCESSO DE MELHORIA – TEORIA DAS RESTRIÇÕES (ToC) e TLS Luís Cristóvão, Eng, MBA, MSc, Certificado pelo TOCICO (Theory Of Constraints International Certification Organization) é Director de Operações, e tem cerca de 30 anos de experiência na Indústria. É co-autor de 4 eBooks traduzidos e adaptados para o português sobre a ToC. O que é a Teoria das Restrições (ToC) A Teoria das Restrições ou segundo a terminologia anglo-saxónica ToC (Theory of Constraints) é uma metodologia ou filosofia de gestão que nasceu com Eliyahu (Eli) M. Goldratt nos anos 80, e nestas três décadas expandiu-se e sofreu um processo de reinvenção que permite a aplicação dos seus princípios em virtualmente qualquer tipo de organização hoje em dia. A ToC está implementada em milhares de casos documentados e as suas aplicações logísticas são o motor de muitas aplicações na área militar (ex: Guerra do Golfo) ou em empresas conhecidas na área automóvel (Ford , GM, Mazda), aviação (Boeing, Israel Aircraft Ind., Delta Air Lines), Electrónica (Harris Corp., Omrom, Lucent), etc. As áreas de aplicação são também extensas desde a Estratégia, Produção(Operações), C&D, Distribuição, até às áreas de Marketing & Vendas e RH’s passando pela Educação (ToC for Education). Recentemente um survey da Industry Week, nos EUA concluiu que cerca de 80% das “best plants” americanas utilizam a ToC. Tal como outras metodologias, nasceu na produção, mais propriamente com um software que Eli Goldratt, na altura sócio de uma companhia chamada Creative Output, desenvolveu para fazer a programação da produção, o Optimized Production Technolog(OPT). Este foi o primeiro software que incorporava um modelo de capacidade finita em vez dos modelos de capacidade infinita como o MRP que ainda hoje é usado, mas teve pouca aceitação o que levou Goldratt a desistir deste tipo de solução. Em alternativa resolveu em 1983 escrever um livro acerca da optimização da produção, mas esse livro não nasceu bem, porque foi o primeiro que utilizou um estilo de romance para tratar questões técnicas. Mas após inúmeras tentativas infrutíferas, surge uma pequena editora que decide arriscar, a North River Press, e assim nasce “The Goal” em 1984 a 1ª edição, actualmente já na 4ª edição [2] , um dos maiores best-sellers de gestão de todos os tempos. De tal forma que “The Goal” foi considerada pela revista Time em 2011, um dos 25 livros de gestão mais influentes de sempre. “A Meta: Um processo de melhoria contínua”, na sua tradução brasileira ou na adaptação comentada em português “A Meta revisitada” de 2014, introduziu um novo paradigma na gestão das organizações. A ideia que existem factores críticos, em pequeno número, geralmente um ou dois que governam o seu output. Nascia assim o conceito de Constrangimento ou Restrição, e a metodologia que lhe deu origem, a Teoria das Restrições. O pensamento de Goldratt tem a sua génese na física, pois este autor era físico de formação (PhD), e corresponde a uma verdade existente nos sistemas e que se pode resumir na seguinte afirmação. Um sistema qualquer que seja quanto maior a sua complexidade, maior a sua simplicidade inerente. Um número muito limitado de graus de liberdade torna o sistema surpreendentemente fácil de gerir se conseguirmos descobrir os seus pontos de alavancagem. Mas o conceito de Restrição da ToC não é o mesmo do senso comum. “Restrição é assim tudo aquilo que impede um sistema de alcançar a sua Meta”. Para a ToC toda a organização tem uma Meta que é (no caso de organizações com fins lucrativos) “Fazer mais dinheiro ou lucro, hoje e no futuro”. Pode parecer para quem pela primeira vez tem contacto com a ToC que esta meta é algo reducionista ou demasiado materialista. Segundo a ToC o lucro existe mas não é absoluto. Existem vários factores chamados Factores Críticos de Sucesso (CSF – Critical Sucess Factors) que são condições necessárias para que haja lucro e para que existam os CSF, devem também existir um número de condições necessárias (NC – Necessary Conditions). As organizações podem ser representadas então pelo objectivo maior (Lucro) pelos CSF’s e pelas NC’s num diagrama lógico. Este mapa lógico é uma das ferramentas utilizadas pela ToC, fazendo parte dos Thinking Processes (ou Processos do Raciocínio) , desenvolvidos em 1991 por Goldratt e uma equipa de colaboradores com o objectivo de utilizar a lógica e o bom senso para desenvolver soluções criativas utilizando o raciocínio dedutivo. Goldratt reinventa a ToC que até 1991 era conhecida pela optimização dos “botlenecks” ou gargalos na produção. A evolução da ToC segue o pensamento e os livros de Goldratt que escreveu mais de 15 livros e produziu inúmeros materiais didáticos desde ensaios e artigos, a software educacional, a simuladores, a videos que desenvolvem e enriquecem o património que foi a sua obra. Após “The Goal” em 1984, que aplica os princípios da Teoria das Restrições a um ambiente duma fábrica e à Produção, seguiu-se em 1994 o livro “It’s Not Luck”, outro best seller, onde o mesmo personagem Alex Rogo é o responsável por um conjunto de empresas e utiliza as ferramentas lógicas para fazer o turnarond destas que estavam em grandes
  • 2. φ dificuldades financeiras. Aqui temos o desenvolvimento de soluções ToC na área do Marketing e Vendas. Um outro grande desenvolvimento é o romance “Critical Chain” em 2000, novo best seller de Goldratt que introduz o avanço da ToC na área da gestão de projectos, através da metodologia da Cadeia ou Corrente Crítica (CCPM – Critical Chain Project Management). Quem foi Eli Goldratt Eli Goldratt, nascido em 1947 em Israel, era doutorado em física pela Universidade de Halal. Para além de físico, foi inventor, escritor, gestor e pedagogo, desenvolveu durante vários anos software, mas era conhecido pelo seu feito irrascível e sem pouca ou nenhuma paciência para quem não soubesse como ele, fazer uso do que chamava de “senso comum”. Considerado um génio e um dos últimos gurus da gestão pela Time, deixou uma vasta obra em livros, ensaios, software, videos,… sendo um orador de extraordinários recursos e dum forte carisma. Uma das suas predilecções era dar cabo do que chamava “as vacas sacradas da gestão” e não se coibia de afrontar directamente as pessoas razão pela qual muita gente ainda hoje não o vê com bons olhos. Um exemplo foi a sua guerra contra o uso da contabilidade para guiar o esforço de melhoria nas empresas. Eli Goldratt faleceu em Junho de 2011 e deixa um extraordinário legado e uma enorme legião de seguidores e admiradores, muitos dos quais aplicam as suas ideias mas não o admitem directamente, talvez porque a ToC mais do que qualquer outra metodologia implica para ser totalmente eficaz, uma mudança radical de paradigmas. Aplicações standard A ToC nasceu com uma linguagem anglo-saxónica e muitos dos termos traduzidos para o português, têm uma tradução que nem sempre é universal. O Brasil é justamente um dos países onde a ToC tem alguma expressão e daí que a terminologia tenha de seguir um pouco a tradução brasileira até porque as principais obras de Goldratt estão traduzidas para português brasileiro. As únicas obras sobre ToC em português foram adaptadas e traduzidas recentemente (ver bibliografia). Aplicações na Produção (Operações): - Drum-Buffer-Rope (DBR) – Tambor-Pulmão-Corda Aplicações na Distribuição (Logística/Supply Chains): - ToC Rapid Replenishment – ToC Reabastecimento Rápido Aplicações nos Projectos: - Critical Chain Project Management (CCPM) – Gestão Projectos pela Cadeia Crítica Aplicações no Marketing e Vendas: - Unrefuseable Order (URO) – ToC Oferta Irrecusável / - Sales Process Engineer. (SPE) Aplicações na Estratégia: - ToC Strategic & Tatics Tree (S&TT) – ToC Arvore de Estratégia & Tática Aplicações Lógicas (Resolver problemas complexos /criar soluções): - Current Reality Tree (CRT) – Arvore da Realidade Corrente - Evaporating Cloud (EC) / Conflict Resolution Diagram – Nuvem Dispersante/ Diagrama Resolução Conflitos - Future Reality Tree (FRT) – Arvore da Realidade Futura - IO Map – Mapa Objectivos Intermédos - Pre-Requesite Tree (PRT) – Arvore de Pré Requisitos Soluções para Problemas e Organizações Complexos A ToC é pois uma filosofia de gestão holística que se concentra nos pontos de alavancagem das organizações ou Restrições para obter o máximo de benefício com um mínimo de esforço em termos de recursos. Portanto se existe uma palavra que caracteriza a ToC essa palavra é “FOCO”. A questão das Restrições é conhecida desde há muitos anos, quem não ouviu falar na linguagem corrente do “elo mais fraco”, mas a verdade é que Goldratt teve uma intuição única, ao descobrir que a partir das Restrições dum sistema podemos controlá-lo através dum número de pontos muito reduzido. Ou seja encontrar as Restrições não significa acabar de imediato com elas, mas sim utilizá-las para tirar o máximo de output desse sistema ! Este número é tão reduzido (na maioria dos casos uma ou duas Restrições) que a ToC traduz-se numa reinvenção da Lei de Pareto: só que neste caso em vez dos famosos “80/20” – oitenta por cento dos efeitos explicados por 20% das causas, temos “99/1” – mais de 99% dos efeitos explicados por menos de 1% das causas !! O Processo de Melhoria – ToC Way O livro “A Meta” foi a primeira obra onde o processo de melhoria ToC estava implicito. Este processo que mais tarde foi incorporado por Goldratt nas edições a partir de 2003, segue os seguintes passos: 1. Identificar a Restrição. 2. Explorar a Restrição. 3. Subordinar tudo o resto à Restrição. 4. Elevar a Restrição.
  • 3. χ 5. Se a Restrição não tiver sido quebrada, não deixar que a Inércia seja a próxima Restrição, 6. Voltar a 1. Este procedimento parte da Identificação da Restrição, para a fase de Exploração onde o objectivo é obtermos o máximo output da Restrição (sem investimentos adicionais), temos pois de “espremê-la” ao máximo. A fase de Subordinação diz-nos que a Restrição é o passo mais lento/ o elo mais fraco da cadeia e portanto toda a organização deve funcionar ao ritmo ou Subordinada à Restrição. A fase de Elevação é um aumento de capacidade da Restrição e só aqui devem ser feitos investimentos para se conseguir aumentar o Lucro da organização aumentando o output da Restrição. O processo é então repetido novamente em ciclos de melhoria sucessivos. As três questões fundamentais As Restrições numa organização podem ser físicas (um equipamento, um processo, um serviço…) mas quanto mais complexa é uma organização menos visíveis são, pois normalmente tomam a forma de Políticas. Por isso e para se conseguirem identificar, a ToC utiliza em situações deste tipo uma outra forma de focalizar a melhoria. Esta traduz-se muito simplesmente na resposta a três questões fundamentais: - Melhorar, o Quê ? - Melhorar, para o Quê ? - Como provocar a Melhoria ? Estas questões são abordadas utilizando as ferramentas lógicas ToC da seguinte forma: - Melhorar o Quê ? Trata-se justamente de encontrarmos os pontos de alavancagem do sistema, as suas Restrições. Ao encontrarmos estes pontos podemos então saber o que temos que melhorar. A forma de sabermos numa organização complexa, quais as Restições faz apelo da CRT – Current Reality Tree, uma árvore lógica construida a partir de efeitos ditos indesejáveis que sejam sentidos pela organização - Melhorar para o Quê ? Actuando na resolução destes conflitos, através do Diagrama de Resolução Conflitos ou Nuvem, podemos criar acções que vão eliminar o conflito atacando os seus pressupostos e assim contribuir para a resolução do core problem. - Como provocar a Melhoria ? A fase final de implementação pode para problemas mais complexos envolver o uso de ferramentas lógicas mais específicas, mas normalmente não é necessário bastando na maioria dos casos implementar as acções previstas pela FRT – Future Reality Tree e as que eliminam efeitos e ramais negativos. As acções de implementação se forem complexas e em número elevado podem ser colocadas num PERT e serem as bases dum projecto a ser implementado pela CCPM (Critical Chain Project Management). Tirar o máximo partido da ToC – Sinergias com o Lean e o 6Sigma – a TLS A ToC embora possa ser aplicada isoladamente, uma vez que evoluiu para uma filosofia de gestão bastante abrangente, pode e deve ser usada duma forma conjunta com outras metodologias e ser aplicada justamente nos pontos onde tem mais força. Ou seja é a nível sistémico que a sua aplicação pode realmente fazer a diferença e ser inovadora, nomeadamente através da identificação das Restrições da organização. Uma vez identificados os alvos, devemos utilizar metodologias mais focalizadas quer na melhoria de processos ou seja utilizarmos o Lean para remoção do desperdício e o SeisSigma para redução das fontes de variação, criando-se assim uma solução melhor. Por isso uma fórmula que ganha cada vez mais adeptos hoje em dia é a junção das três metodologias conhecida como TLC (Toc, Lean, Seisigma) segundo o esquema seguinte. Esta metodologia foi testada num célebre estudo publicado por Reza Pirasteh e Kimberley Farah, em 2006, na APICS Magazine, na empresa americana Sanmina Sci. Os resultados seguidos de forma independente indicaram que a contribuição para os ganhos foi claramente a favor da metodologia TLS, com 89%, seguindo-se o Seis Sigma com 7% e o Lean com 4%. A conclusão dos investigadores apontou para uma focalização muito maior no TLS e daí o seu esmagador sucesso.
  • 4. ψ Aplicações e Conclusão Em Portugal os casos de aplicação da ToC e do TLS são raros e se existem como é hábito entre nós permanecem em sigilo. Esta postura também surge noutros países mas com maior divulgação das metodologias. Os casos de domínio público referem-se ao uso do CCPM em projectos, nomeadamente em projectos de melhoria no modelo Continente (em projectos Kaizen) ou a aplicação pontual em empresas como a Somincor ou as que este autor tem desenvolvido pessoalmente. Em termos de ensino salienta-se já a difusão da ToC em algumas pós graduações nomeadamente nos cursos de SeisSigma Black Belt. Existem também algumas universidades onde o ensino da ToC e do TLS tem já algum desenvolvimento, tendo sido elaboradas algumas teses de doutoramento nestas áreas. No Brasil existe um número bastante grande de casos de aplicação em empresas, havendo já um núcleo duro de consultores que exploram esta metodogia, quer na sua aplicação isoladamente como ToC ou como TLS. No nosso país o que faz sentido é para além das aplicações logísticas tradicionais de Produção / Distribuição / Projectos ,o desenvolvimento de soluções através das metodologias lógicas Thinking Processes (TP). Os TP podem ser aplicados universalmente a sistemas com fortes relações de interdependência ou a qualquer tipo de sub-sistema duma organização que apresente as relações de causalidade e dependência entre as diferentes partes (o que nos dá um amplo campo de aplicação nas empresas). Deste modo podemos criar, soluções criativas usando a ToC e utilizarmos também a panóplia conhecida de ferramentas da Qualidade e Produtividade das quais as metodologias Lean e SeisSigma são o corolário. Mais do que melhorar “porque todos temos que melhorar” como ouvimos na maioria das organizações, interessa cada vez mais há medida que estas alcancem maior maturidade, apresentar maior eficácia nos resultados de problemas mais complexos de melhoria. Só assim podemos ter a massa crítica e a focalização fundamentais para alcançarmos a nossa Meta, o “bottom line”. “Não há escolha. Ou as organizações gerem as Restrições ou são estas que gerem as organizações. As Restrições determinam o output das organizações quer sejam ou não conhecidas e/ou geridas.” “Noreen, Smith, Cox”, in ToC Implications for Management Accounting Bibliografia: “2012 IW Best Plants Statistical Profile”, Industry Week , Feb.2014 “The Goal : A Process Of Ongoing Improvement”, E.M. Goldratt et J. Cox, 4th edition (2013), North River Press “Combining TOC, Lean, Six Sigma: Continuous Improvement Trio”, Reza M. Pirasteh, K.Farah, 2006 APICS Magazine EM PORTUGUÊS: “A Meta : um processo de melhoria contínua”, E.M.Goldratt Tradução 2ª ed. brasileira revista e ampliada, Thomas Corbett Neto,(2003) editora Nobel “A Meta revisitada” : resumo comentado do “best-seller” de Eli Goldratt para leitores apressados, (e-Book), Joel- Henry Grossard, Luís Cristóvão, (2014) , http://leanpub.com/metarevisitada “Teoria das Restrições – Kit Faça Você Mesmo para PME’s para Produção (Operações), (e-Book), Rajeev Athavale, Luís Cristóvão, (2013), https://www.toc-goldratt.com/en/product/theory-of-constraints-do-it-yourself-kit-for-small-and- medium-size-enterprises-for-manufacturing “Teoria das Restrições – Kit Faça Você Mesmo para PME’s para Distribuição, (e-Book), Rajeev Athavale, Luís Cristóvão, (2013), https://www.toc-goldratt.com/en/product/theory-of-constraints-do-it-yourself-kit-for-small-and-medium-size- enterprises-for-distribution “Teoria das Restrições – Kit Faça Você Mesmo para PME’s para Projetos, (e-Book), Rajeev Athavale, Luís Cristóvão,(2013), https://www.toc-goldratt.com/en/product/theory-of-constraints-do-it-yourself-kit-for-small-and- medium-size-enterprises-for-projects