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Tradição ou Confusão?
Moro em uma pequenina cidade de interior, localizada na Chapada Diamantina, bem no
coração Da Bahia. Cidade pequena, mas de gente hospitaleira emuito fiel às tradições. E
por falar em tradição, foi aqui que há exatamente um mês atrás algo diferente, inusitado,
pra não dizer esquisito aconteceu. Posso garantir que não me recordo de termos
tradições desse tipo, mas como dizem por aí que “é vivendo e aprendendo”.

Tudo começou quando o então prefeito da cidade, homem simples, agricultor passou
mal e o coração não aguentou, e o pobre faleceu; a cidade ficou impolvorosa. Uns
choravam, enquanto outros comemoravam. Já participei de muitos velórios, onde
costumavam servir um tal de biscoito sentinela, acompanhado de um chazinho de
cidreira, outros uma cachacinha, até já vi “beberem o difunto”.Tudo em nome de uma
tradição que não podia que se perdesse. Até aí tudo bem, mas o que causou em mim um
certo estranhamento, foi exatamente no dia da morte do tal prefeito que uma certa
tradição mudou; enquanto a família velava o corpo do morto, o vice-prefeito, bebia a
morte do defunto e comemorava com fogos de artifício.

Será o surgimento de uma nova tradição? Bem, isso não sei dizer, o que sei é que a
cidade ficou dividida em dois grupos: o grupo dos que comemoravam pois agora
poderiam tomar o poder, e o grupo dos que choravam e se solidarizavam com a dor da
família. No dia seguinte após a morte do prefeito, a prefeitura foi tomada pelos novos
poderosos à moda antiga, parecia o tempo dos coronéis: portas foram arrombadas,
presidente da câmara coagido para dar a posse ao novo coronel, digo prefeito. Foi um
verdadeiro pega pra capar, mas capar quem? Isso também não sei, o que sei é que agora
a pequenina cidade já não é a mesma e assim as velhas tradições estão indo por “água
abaixo”, para que se eleve as “novas tradições”.

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Tradição ou Confusão na Pequena Cidade

  • 1. Tradição ou Confusão? Moro em uma pequenina cidade de interior, localizada na Chapada Diamantina, bem no coração Da Bahia. Cidade pequena, mas de gente hospitaleira emuito fiel às tradições. E por falar em tradição, foi aqui que há exatamente um mês atrás algo diferente, inusitado, pra não dizer esquisito aconteceu. Posso garantir que não me recordo de termos tradições desse tipo, mas como dizem por aí que “é vivendo e aprendendo”. Tudo começou quando o então prefeito da cidade, homem simples, agricultor passou mal e o coração não aguentou, e o pobre faleceu; a cidade ficou impolvorosa. Uns choravam, enquanto outros comemoravam. Já participei de muitos velórios, onde costumavam servir um tal de biscoito sentinela, acompanhado de um chazinho de cidreira, outros uma cachacinha, até já vi “beberem o difunto”.Tudo em nome de uma tradição que não podia que se perdesse. Até aí tudo bem, mas o que causou em mim um certo estranhamento, foi exatamente no dia da morte do tal prefeito que uma certa tradição mudou; enquanto a família velava o corpo do morto, o vice-prefeito, bebia a morte do defunto e comemorava com fogos de artifício. Será o surgimento de uma nova tradição? Bem, isso não sei dizer, o que sei é que a cidade ficou dividida em dois grupos: o grupo dos que comemoravam pois agora poderiam tomar o poder, e o grupo dos que choravam e se solidarizavam com a dor da família. No dia seguinte após a morte do prefeito, a prefeitura foi tomada pelos novos poderosos à moda antiga, parecia o tempo dos coronéis: portas foram arrombadas, presidente da câmara coagido para dar a posse ao novo coronel, digo prefeito. Foi um verdadeiro pega pra capar, mas capar quem? Isso também não sei, o que sei é que agora a pequenina cidade já não é a mesma e assim as velhas tradições estão indo por “água abaixo”, para que se eleve as “novas tradições”.