A importância dos estudos culturais e teorias jornalísticas
A interface Marxista entre Comunicação e Cultura de Massas
1. MEDIA E SOCIEDADE – 2012-2013
“A INTERFACE
MARXISTA ENTRE
COMUNICAÇÃO E
CULTURA DE
MASSAS”
Mestrado em Ciência da Comunicação:
Variante Cultura, Património e Ciência
Rita de Cássia Montanini
2. RESUMO
O presente trabalho procura analisar a concepção marxista sobre a
comunicação e cultura de massas, com a finalidade de compreender a sua
aplicação no contexto actual nomeadamente a força do coletivo como
sendo necessária para a aceitação de novas condições sociais – a ideia de
liberdade e de emancipação, de evolução, de mobilidade, a passagem por
transições progressivas das culturas dispersas a uma cultura de massa. A
análise terá um caracter retrospectivo com o propósito de procurar e
compreender como as ideias de progresso e de sociedade percetível
acompanham as mudanças económicas, a oscilação do modelo de
universalidade e com ele a própria noção de cultura cosmopolita e o
nascimento da comunicação moderna produzida centralmente segundo as
normas industriais e tecnológicas.
PALAVRAS-CHAVES
Karl Marx, Marxismo, Comunicação de Massa, Cultura de Massa, Teorias
da Comunicação
ABSTRACT
The work’s aim is to analyze the Marxist Conception on Communication
and Mass Culture. The primary goal is to understand the applications of
these concepts to modern times particularly the colective strength as a
necessary factor to the acceptance of new social conditions – freedom
and emancipation, evolution, mobility and the progressive
transformation of several small cultures into a mass culture. This analysis
can be considered as a “retrospective look” on how the Society and
progress ideas keep up with the economic changes, such as the oscillation
of the universal model and with it the main concept of cosmopolitan
culture and the birth of the modern communication, which is produced
centrally after the industrial and technological rules.
KEY – WORDS
Karl Marx, Marxism, Mass Communication, Mass Culture,
Communication Theories
3. ÍNDICE
Introdução…………………………………………………………………………………..1
Conceitos: Comunicação e Cultura de Massas…………………..….......3
Concepção Marxista sobre Comunicação
e Cultura de Massas…………………………………………………………..……....8
Conclusão………………………………………………………………………………..…10
Bibliografia…………………………………………………………………………………12
4. INTRODUÇÃO
Embora a interdependência esteja presente entre a comunicação e a
cultura em relação aos seus elementos estruturantes de pensamento,
contextos, investigação, expressão, tecnologias…veremos ao longo dos
anos que os seus valores entrelaçam-se, e nos leva a um pensamento
oscilante entre o relativismo presente expressivo de que tudo é cultura e
tudo é comunicação que se inter-relacionam por mecanismos de
mediatização. Neste contexto o objetivo do trabalho é apresentar a ideia
persuasiva que a comunicação, em determinados momentos da história,
contribuiu para assegurar enormes mudanças estruturais em curso – na
economia, na política, na sociedade, na vida dos indivíduos. Esta
interligação será demostrada relacionando a teoria de Karl Marx como
uma importante ferramenta visionária e coerente do mundo histórico-
social, e a sua constituição dinâmica da multiplicidade de argumentos que
hoje divergem e se reestruturam numa nova essência. Para além disso
serão abordados os conceitos de comunicação e cultura de massa que
hoje dão asas a criação e a livre construção da opinião do indivíduo sobre
qualquer assunto. “Quando se permite que os operários juntem as suas
forças num processo de aprendizagem e descoberta, a eficiência cresce
fenomenalmente.” [1]
“…característico de todos os meios de comunicação, significa que o
“conteúdo” de qualquer meio é sempre outro meio.” [2]
Através dos tempos a comunicação passou por grandes avanços – da
comunicação oral e interativa direta das culturas tribais para a
comunicação da escrita. O universo social e individual obtém um leque de
possibilidades para aproveitar, formular, explorar, interagir, transmitir as
vivências sociais com as suas histórias e acontecimentos através da
escrita. Agora sim, o discurso poderá ser compreendido e analisado fora
do contexto onde foi produzido. As transformações do mundo são
captadas, e esta oportunidade inicia-se com a escrita à evolução da
imprensa, e desta para a tecnologia, a qual será a alavanca
impulsionadora para a produção em quantidade brutal de dados,
1
5. informações que multiplicar-se-ão em segundos a caminho do que se
pode chamar de comunicação de massa.
Segundo Lucien Sfez, “…a comunicação torna-se a Voz única, a única
coisa que pode unificar um universo que perdeu qualquer outro referente
ao longo do caminho. Comuniquemos.” [3]
Assim, ao longo da exposição teórica expondo e inter-relacionando a
comunicação e a cultura de massa, observa-se que a partir da explosão
dos meios de reprodução técnico-industriais (jornal, foto, cinema)
seguidos dos meios eletrónicos de difusão (o rádio e a televisão) e dos
movimentos sociais, económicos e políticos a cultura erudita choca com a
cultura popular havendo uma mescla do tradicional e do moderno, do
artesanal e do industrial constituindo uma concepção de cultura num
enlace de usos e costumes adquiridos e vividos por indivíduos de uma
comunidade; utilizando como base os meios de comunicação que se
configuraram em diversas modalidades assumidas pelas relações de
interdependência investidas pela derrocada de certas utopias políticas de
expressão englobando os múltiplos circuitos de troca de informação,
emancipação, evolução e desenvolvimento.
2
6. 1. COMUNICAÇÃO E CULTURA DE MASSAS
A trajectória evolutiva dos meios de comunicação de massa segue uma
linha linear que será alterada ao longo deste trajecto. A comunicação traz,
inicialmente, as influências das trocas de informações necessárias para
manter um posicionamento favorável diante os mercados comerciais e em
relação as grandes viagens marítimas dos séculos XV e XVI. O caminhar da
comunicação decorre dos acontecimentos culturais, científicos, religiosos,
económicos, políticos e sociais que podemos traduzir no fortalecimento
do conceito moderno de comunicação.
As viagens marítimas dos séculos XV e XVI propiciaram a noção de
amplitude, de interdependência, de espaço, tempo e do princípio da
contextualização a respeito de comunidade humana e da necessidade da
consciência de existirem relações entre o Eu e o Outro. A certificação da
existência dos avisos e manuscritos informativos realizados neste período
assegura apenas como método usado para a troca de informações a
respeito dos movimentos comerciais, e tudo que os envolvia. Este tipo de
publicação circulava na sociedade em forma de redes postais. A evolução
tecnológica da impressão tipográfica, com Gutenberg, e a escrita
promovem a produção de informações em larga escala. A esta evolução
associar-se-á a oportunidade de realizar divulgações de ideias políticas e
sociais que passaram a circular para um maior número de indivíduos. A
igreja Católica utilizará deste método de expansão de ideias para fazer
“propaganda”, divulgação dos princípios da fé e como orientação
missionária. Contudo, estes métodos não podem ser considerados de todo
comunicação propriamente dita. Mas, são vistos por diversos autores
como os fundadores dos conceitos modernos de comunicação.
A Reforma Intelectual e o aparecimento da burguesia e dos intelectuais
que circulavam pelo espaço público, constituído nos cafés e salões,
antecipam o processo de comunicação ao expor a sua opinião pública.
Com o surgimento dos jornais Tatler, Spectator e Mercure Galant as
informações passam a ser notícias relacionadas com as interacções e
sentimentos humanos, relativamente comuns, tornando público a
3
7. modalidade de comunicação de massa, que afirmar-se-á com a Revolução
Industrial do século XIX.
“Desde que a comunicação – para lá dos diversos significados conferidos
por cada época – iniciou a sua trajetória em busca do ideal da razão, a
representação que dela fazemos sofre os efeitos contrários da
emancipação e do controlo, da transparência e da opacidade: por um lado,
a lógica da libertação e de todos os entraves, de todos os preceitos
herdados do pensamento do dogma e, por outro, a lógica da restrição de
uma ordem social e produtiva. Os meios de deslocação que possibilitam
escapar ao isolamento e às fronteiras mentais e físicas permitem, ao
mesmo tempo, desencadear o movimento e consolidar o centro a partir da
periferia.” [4]
O aparecimento da Comunicação estimulado pelos movimentos
económicos, sociais e tecnológicos irá proporcionar ao indivíduo
elementos simbolicamente civis para a construção da sua identidade
cultural. O que se tornou possível a partir da ideia da livre circulação, da
partilha de saberes, da produção, da representação social, da valorização
de costumes e comportamentos herdados, da motivação pela criação e
identificação da opinião pública.
“Comunicar é tornar comum – é normativa, a comunicação. Faz
comunicar – tornar comum – o que não deve permanecer privado. Consiste
em pôr em prática o vínculo político de nascimento, e isto por meio do
direito que cria a distância e produz a alteridade, permitindo a
identificação.” Pierre Legendre [5]
A palavra Comunicação deriva do latim communicare, que significa
"tornar comum", "partilhar", "conferenciar". A comunicação pode ocorrer
sem a troca de informação, contudo a informação pressupõe a existência
da comunicação. É um meio útil para obter o vínculo poderoso que a vida
em sociedade exige; a forma mais expressiva para realizar a ligação
interna e efetuar a participação total do indivíduo no contexto social.
“ A comunicação é essencial à socialização, à aculturação e à formação
– educação do indivíduo. É comunicando - entendendo-se aqui a
comunicação como troca de mensagens e experiências com significado
4
8. que uma pessoa adquiri consciência de si e dos outros e interioriza os
comportamentos, os valores, as normas, os conhecimentos (etc) e os seus
significados na sociedade e na cultura em que se insere os processos de
produção, reprodução e transmissão sociais e culturais dependem, assim,
da comunicação.” [6]
O conjunto de transformações tecnológicas e industriais que percorrem
a Inglaterra, no decurso do século XIX, acompanhados da expansão dos
mercados e dos consumos, da burocratização maciça do quotidiano e da
homogeneidade dos estilos de vida - otimizam as aparências particulares
de identidade e cultura caracterizando as dimensões existentes no
processo de Comunicação. Na sequência da Revolução Francesa às
mutações oriundas da Revolução Industrial modificaram a história em
todo o seu contexto. As sociedades na corrida para a prosperidade e
condicionadas por estes factos principiam a presença autónoma do social,
transitando o processo comunicativo de informação onde era apenas um
mero meio para um fim, para a interação directa entre os homens,
respeitando a exibição moral de cada um e conduzindo à exposição da
opinião pública dentro do conceito da nova organização de produção – a
massificação das informações.
O médico e sociólogo Gustave Le Bom, é considerado um dos primeiros
a falar a respeito do fenómeno das massas ou agrupamentos espontâneo
de pessoas que não têm uma organização interna. Le Bom ao estudar as
formas de comunicações apercebe-se que os factores mais persuasivos e
que enfraquecem ou fortalecem as nossas decisões e, portanto, as nossas
atitudes são a apresentação de argumentos positivos ou negativos, as
comunicações que despertam temor ou alarme e as apresentações de
conclusões sem recomendar atitudes e acções específicas e concretas. O
que o levou a concluir que os fenómenos de massa podem ser vistos como
os agentes precursores que participam na formação das atitudes públicas.
O conceito de comunicação de massa reforça a relação entre a
automatização dos processos sociais inerentes e a nova face da cultura do
quotidiano, a partir do momento que valoriza a interação e identifica os
vínculos entre as diversas acepções culturais presentes. Na construção
estrutural da comunicação de massa duas posições lineares são
5
9. acentuadas: o emissor que envia para um receptor que apenas recebe a
informação, em contraste, com o emissor que recebe e opina sobre o que
lhe é transmitido. Desta dictomia emerge o conceito de
unidireccionalidade assimétrica, em que se desconhece a natureza do
emissor, se este se trata do emissor primário ou de um receptor activo
perante a informação. Segundo António Machuco Rosa, a estrutura formal
dos meios de comunicação de massas obtém-se através da soma linear de
múltiplas díades independentes, com o ponto terminal de cada díade a
coalescer num ponto único, o emissor.
As dimensões de comunicação (interpessoal, mediada e mediatizada
interligadas a ponto de parecer impossível dissocia-las, de acordo com
Thompson) que se expressam nos seguintes tipos como a propaganda, a
opinião pública, os rumores e o processo de deformação da informação
expõem e estabelecem as interdependências entre os Campos de
Comunicação e Cultura. O que remete a tradução da cultura como um
ambiente envolvente, determinante e determinado, do processo
anteriormente mencionado, o qual identifica relações e estabelece
vínculos para uma compreensão centralizada que não existe um
pensamento que envolva apenas Comunicação sem que haja um
pensamento sobre Cultura e Sociedade.
“... a relação entre Comunicação e Cultura pode ser sistematizada em
função de alguns aspetos fundamentais: ambas se encontram no âmago
da actividade humana; podem ser formalizadas através de códigos e
tecnologias; são simultaneamente individualizadas e partilhadas por
grande número de pessoas; estão sujeitas a rituais de aprendizagem
inerentes a hábitos, costumes, inovações e rupturas. De forma idêntica,
pode dizer-se que tanto a Comunicação como a Cultura integram sistemas
(conjuntos de elementos, objectos ou entidades que se inter-relacionam
mutuamente para formar um todo único) altamente complexos e
interdependentes, levando a que qualquer alteração num dos sectores
gere alterações, mudanças, rupturas ou adaptações em todos os outros.”
[7]
A palavra cultura, do latim colore, tem na sua génese gramatical o
significado de cultivar. A partir das diversas acepções sobre o termo
6
10. mantém – se a concepção clássica existente desde a Idade Média ao
Iluminismo que se prolonga se até aos dias de hoje, a qual traduz a acção
que o homem realiza quer sobre o seu meio, quer sobre si mesmo no
sentido de aperfeiçoar as suas qualidades e promover a cultura do
espírito.
“A cultura de massa decorre da coexistência e das tensões das
sociedades policulturais modernas, onde estão presentes diversas culturas,
determinantes e determinadas por interacções múltiplas, (pessoais,
familiares, escolares, nacionais, religiosas, políticas, promovidas pelos
media…) pautadas por inúmeros interesses económicos e tecnológicos, em
conjunção com a necessidade de manter o fluxo de oferta de produtos
mediáticos competitivos no interior de mercados de consumidores… A
cultura de massa deve ser compreendida como uma realidade
multidimensional observável sob diversos ângulos de investigação.” [8]
Ao colocar os media como difusor e produtor de culturas e responsável
pelas transformações imprevisíveis no campo cultural, social e económico
têm se a necessidade de afirmar que o resultado destas acções e das
culturas em presença traduzir-se-ão no que corresponde ao conceito de
cultura de massa. A cultura de massa tornou-se uma das características da
sociedade totalitária promotora de “homem unidimensional”
7
11. 2.CONCEPÇÃO MARXISTA SOBRE COMUNICAÇÃO E CULTURA DE MASSAS
O conceito de cultura como todo um modo de vida para Marx não pode
deixar de conter a significância determinante dos factores económicos
originados pelos métodos políticos. Karl Heinrich Marx, intelectual e
revolucionário alemão – fundador da doutrina comunista moderna, era
um emissor com grande influência na sua forma de expressar e comunicar
as suas mensagens publicamente. A sua teoria socialista considera a
cultura fruto das forças e das relações de produção de uma estrutura
social.
A ideia de Marx sobre cultura fundamenta-se nas razões sociais e
económicas, nos modos de produção e nas relações entre classes que
estão subjacentes. A base económica seria o centro de onde partem as
relações da cultura, sendo o ser social o determinante da consciência e
não as transformações económicas em si. Na sua visão global o
capitalismo era a opressão do indivíduo pela distorção de valores causada
- a exaltação do materialismo e o silenciar da consciência opinativa social.
Marx incentivava os trabalhadores, os operários, a lutarem pela
libertação condicionada pela sociedade capitalista, recusando por
completo os princípios que despontam do processo económico no
propósito de evitar a sua própria ruina.
“Marx debruçou-se sobre a formação e a essência do capitalismo
considerando que este se fundamenta numa apropriação individual da
mais-valia gerada pelo trabalho numa lógica de acumulação e
concentração de riqueza que deixa completamente de lado a função social
do trabalho e reduz o proletariado a um estado de alienação, em que o
trabalho deixa de ser um factor de realização pessoal.” [9]
Os meios de comunicação de massa, suportados pela revolução
industrial, tornam-se para Marx grandes agentes participativos na
formação das suas atitudes, um aliado para a repercussão da sua teoria. A
comunicação permite que factores persuasivos sejam impostos como
informação enfraquecendo ou fortalecendo as decisões dos indivíduos - a
apresentação de argumentos positivos ou negativos, as comunicações que
despertam temor ou alarme e as apresentações de conclusões sem
8
12. recomendar atitudes. A teoria marxista une a informação e a persuasão
no propósito de despertar a consciência do indivíduo, obrigando-o a ter
uma opinião consistente sobre qualquer assunto que lhe seja transmitido.
A comunicação de massas ganha um enorme peso na teoria marxista
que é subdivida em dois processos: um que se baseia na comunidade de
interesses económicos e outro fundamentado nos interesses comuns do
colectivo, podemos equipará-los aos conceitos de interpretação social de
Marx - o poder associado a estratificação social e a ideologia na
hegemonia das classes dominantes.
“ …Para Marx, ideologia abrange todas as manifestações e obras
humanas, isto é, a moral, a religião, a metafísica, o direito, a política, as
ideias e a consciência que os homens têm das coisas, afirmando que todas
elas reflectem sempre a consciência e a racionalização que a classe
dominante faz da realidade a partir da sua posição de classe e dos seus
interesses.” [12]
A completa representação da realidade social de Marx pode ser
conhecida na sua obra “O Capital”, na qual afirma a necessidade de rever
sempre um artigo que irá cair nas mãos da opinião pública para que este
transmita de forma mais correcta possível os ideais pretendidos. Pois, a
comunicação é uma chamada para um novo despertar, desde que consiga
compreender e criar os seus próprios argumentos perante conceitos que
lhe são apresentados. A comunicação poderá ter poder sobre o indivíduo,
quando esta tem por detrás os governantes - a sociedade detentora de
poder, conduzindo-o como uma “marionete” em prol de cumprir as
ordens impostas. Contudo, a comunicação também pode ser a ideologia –
a luz dos pensamentos que mostrará o verdadeiro caminho para a
construção libertadora de uma opinião diante as verdades ocultas
inerentes aos processos evolutivos económicos e sociais. Ou servir de
ponte para que a cultura centralize a sua importância em quem realmente
lhe apresenta seus valores – o indivíduo. E cabe a este revelar a sua
potencialidade, principalmente se for “uma minoria”, mesmo que utilize
como ferramentas os ideais que lhe chegaram as mãos para expor sua
posição ou transforma-los em elementos da sua personalidade que lhe
agregaram valores numa sociedade de classes.
9
13. CONCLUSÃO
O processo comunicativo de massas e a cultura de massas que se inter-
relacionam são espelho da complexidade da evolução da sociedade
existente. Os avanços tecnológicos e científicos foram a transparência
inerente no motor do posicionamento da razão do indivíduo. A opinião
pública é exposta e consegue alcançar o maior número de pessoas
possíveis através dos novos métodos de comunicação, os quais foram
considerados de massa. O direito de escolher as informações e poder
apresentar os seus argumentos é concedido a todo e qualquer individuo,
sendo este livre para absorver na mesma proporção as mutações de
comunicação que viriam mais uma vez posicioná-lo como homem
detentor da razão numa sociedade autónoma.
O fortalecimento da imprensa industrial, da homogeneização social, da
amplitude dos mercados, da emergência do espaço público, da evolução
tecnológica e científica da margem para coexistência de uma cultura de
massa. Uma cultura a pensar no colectivismo dentro das suas crenças,
valores, cresce em busca da razão humana, do progresso, da maior
aceitação do próximo vinculando mensagens públicas e abertas das suas
vivências quotidianas.
A Revolução Industrial veio para alterar o mercado, o sistema de
produção em grande escala. Surge para assegurar o bem comum a todos,
para dar sustentação a uma nova forma de comunicação e cultura
centrada na opinião pública. Contudo, pensadores como Marx asseguram
que o mercantilismo surge para oprimir e fazer calar as minorias étnicas
diante de uma opressão imposta pela classe dominante. O que torna
assim necessário a consciencialização do indivíduo como voz
representante dos seus direitos para assegurar diante do capitalismo
imposto que o vê apenas como objecto representativo e executador das
suas vontades. A teoria de Marx utiliza a comunicação de massa como o
veículo ideal para ser omnipresente indo ao encontro dos indivíduos e
apresentar os argumentos que lhe sejam uteis para a construção da sua
própria opinião. Embora os conceitos de Marx possam estar
fundamentados na necessidade dos “oprimidos” mostrarem-se contra o
10
14. materialismo imposto que os poderia arruinar. Concepção desmitificada
pela larga escala de progresso que a sociedade pode alcançar. A teoria
marxista acaba por ser uma comunicação socialmente representativa no
sentido de se posicionar em favor das minorias étnicas para que estas
sintam-se a vontade e seguras para dar voz a sua opinião social, algo de
extremo valor individual para que estes não sejam apenas meros
espectadores dos acontecimentos, que os envolvam e não os questionem
se estão a favor ou não do que está prestes a acontecer.
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