As mudanças de domicílio significam um dos maiores desafios da esposa de pastor, pois podem interferir nos seus estudos e na sua carreira profissional. Além disso, a cada mudança, a esposa de pastor precisa se adaptar a várias outras situações, como a igreja nova, e sua rotina, a cidade nova, os novos amigos, a nova casa, etc, bem como intermediar na adaptação dos filhos também. Este trabalho, através de questionários com esposas de pastores na ativa, futuras esposas de pastor, esposas de pastores jubilados, membros de igreja, entrevistas com administradores da denominação adventista e análise de pesquisas e livros a respeito do tema, propõe investigar as implicações das mudanças na vida da esposa de pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
1. FACULDADES SPEI
CURSO DE ACONSELHAMENTO FAMILIAR
Mirian Montanari Grüdtner
ESPOSA DE PASTOR:
UM ESTUDO SOBRE AS MUDANÇAS DE DOMICÍLIO E SUAS
IMPLICAÇÕES
Curitiba
2011
2. Mirian Montanari Grüdtner
ESPOSA DE PASTOR:
UM ESTUDO SOBRE AS MUDANÇAS DE DOMICÍLIO E SUAS
IMPLICAÇÕES
Monografia apresentada como pré-requisito
para a obtenção do título de Especialista em
Aconselhamento Familiar, no Curso de
Aconselhamento Familiar, realizado pelas
Faculdades SPEI, sob orientação do
Professor Edilson Soares de Souza.
Curitiba
2011
3. Mirian Montanari Grüdtner
ESPOSA DE PASTOR:
UM ESTUDO SOBRE AS MUDANÇAS DE DOMICÍLIO E SUAS
IMPLICAÇÕES
Trabalho apresentado para a obtenção do título de Especialista em
Aconselhamento Familiar, realizado pelas Faculdades SPEI.
Aprovado em ____/____/____.
_______________________________________________________
Professor corretor - Titulação
4. Dedico este trabalho ao meu marido e às minhas filhas Julie e Jéssica por constituírem minha família e
me impulsionarem a buscar vida nova a cada dia. Meus agradecimentos por terem aceito se privar de
minha companhia pelos estudos, concedendo a mim a oportunidade de me realizar ainda mais.
5. Agradecimentos
A DEUS pela oportunidade e pelo privilégio que nos foram dados em compartilhar
tamanha experiência e, ao frequentar este curso, perceber e atentar para a relevância de
temas que não faziam parte, em profundidade, das nossas vidas.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Aconselhamento, representados pela
Profa. Meibel Guedes, pelo incentivo que motivaram a conclusão desta pós-graduação.
Ao orientador, Prof. Edilson Soares Souza, pela paciência, sabedoria e seriedade em
conduzir o andamento desta pesquisa.
A todas as esposas de pastor, tanto as ativas, quanto as futuras esposas e as esposas
aposentadas que participaram da pesquisa, aos membros de igreja que também responderam
ao questionário e aos administradores que gentilmente cederam as entrevistas.
Aos colegas de classe pela espontaneidade e alegria na troca de informações,
experiências e materiais numa demonstração de comprometimento com o outro.
6. “O ser humano não é completamente condicionado e definido. Ele define a si próprio
seja cedendo às circunstâncias, seja se insurgindo diante delas. Em outras palavras, o ser
humano é, essencialmente, dotado de livre-arbítrio. Ele não existe simplesmente, mas sempre
decide como será sua existência, o que ele se tornará no momento seguinte." Viktor Frankl
7. ABSTRACT
The domicile changes mean one of the biggest challenges of the shepherd wife,
therefore they can intervene with its studies and its professional career. Moreover, to each
change, the necessary wife of shepherd if to adapt to several other situations, as the new
church, and its routine, the new city, the new friends, the new house, etc, as well as also
intermediating in the adaptation of the children. This work, through questionnaires with wives of
shepherds in the active, future wives of shepherd, wives of retired shepherds, members of
church, interviews with administrators of the adventist denomination and analysis of research
and books regarding the subject, considers investigating the implications of the changes in the
life of the shepherd wife.
Word-key: wife of shepherd, changes, challenges
RESUMO
As mudanças de domicílio significam um dos maiores desafios da esposa de pastor,
pois podem interferir nos seus estudos e na sua carreira profissional. Além disso, a cada
mudança, a esposa de pastor precisa se adaptar a várias outras situações, como a igreja nova,
e sua rotina, a cidade nova, os novos amigos, a nova casa, etc, bem como intermediar na
adaptação dos filhos também. Este trabalho, através de questionários com esposas de
pastores na ativa, futuras esposas de pastor, esposas de pastores jubilados, membros de
igreja, entrevistas com administradores da denominação adventista e análise de pesquisas e
livros a respeito do tema, propõe investigar as implicações das mudanças na vida da esposa
de pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Palavras-chave: esposa de pastor, mudanças desafios
8. LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Número e porcentagem de esposas na ativa que responderam ao
questionário por União ...............................................................................................................11
TABELA 2 – Número e porcentagem de mulheres relacionadas ao ministério
pesquisadas, por idade ..............................................................................................................12
TABELA 3 – Porcentagens de respostas das esposas de pastor ativas e jubiladas
relacionadas aos seus desafios .................................................................................................13
TABELA 4 – Porcentagem dos desafios que os grupos das próprias esposas na ativa,
das jubiladas, das futuras esposas e dos membros de igreja percebem nas esposas ativas ...17
TABELA 5 – Média de mudanças feitas por esposas ativas e jubiladas por períodos de
anos ...........................................................................................................................................20
TABELA 6 – Porcentagem das justificativas para o desafio mudanças em cada um dos
três grupos de esposas na ativa ................................................................................................24
TABELA 7 – Porcentagem do grau de escolaridade dos grupos das esposas na ativa,
futuras esposas e esposas jubiladas .........................................................................................25
TABELA 8 - Porcentagem da atuação profissional dos grupos das esposas na ativa,
das futuras esposas e das esposas jubiladas ..........................................................................26
TABELA 9 - Porcentagem de esposas na ativa com filhos e sem filhos ......................28
TABELA 10 - Porcentagem das justificativas para o desafio solidão............................32
9. SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................10
1- AS MUDANÇAS DE DOMICÍLIO NO CONTEXTO DOS DESAFIOS DA ESPOSA
DE PASTOR ......................................................................................................................15
2- O DESAFIO DAS MUDANÇAS DETERMINADAS PELOS REGULAMENTOS
ADMINISTRATIVOS DA IGREJA .............................................................................................20
3- COMO AS MUDANÇAS INFLUENCIAM A VIDA DA ESPOSA DE PASTOR ...................24
3. 1 A INTERFERÊNCIA NOS ESTUDOS E NA CARREIRA PROFISSIONAL COMO
UMA DAS CONSEQUÊNCIAS DAS MUDANÇAS.......................................................24
3.2 AS ADAPTAÇÕES QUE AS MUDANÇAS EXIGEM...........................................27
3.3 A PERDA DOS AMIGOS E O DISTANCIAMENTO DA FAMÍLIA COMO
CONSEQUÊNCIAS DAS MUDANÇAS .................................................................31
3.4 A INTERFERÊNCIA NAS FINANÇAS COMO RESULTADO DAS MUDANÇAS...33
CONCLUSÃO ..................................................................................................................34
ANEXOS
1– QUESTIONÁRIO PARA ESPOSAS DE PASTOR NA ATIVA ...........................................40
2 - QUESTIONÁRIO PARA ESPOSAS DE PASTOR JUBILADAS ........................................40
3 - QUESTIONÁRIO PARA FUTURAS ESPOSAS DE PASTOR ..............................................41
4 - PESQUISA PARA MEMBROS . ........................................................................................42
5 - ENTREVISTA COM ADMINISTRADOR DE ASSOCIAÇÃO .................................................42
6 - ENTREVISTA COM ADMINISTRADOR DE SEMINÁRIO ADVENTISTA DE TEOLOGIA ..44
7 – ENTREVISTA COM LÍDER DE AFAM ................................................................................45
12. 10
INTRODUÇÃO
A esposa do pastor é figura marcante no contexto dos ministérios das
igrejas evangélicas, incluindo-se aí a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Em
relação a esta última, cerca de quatro mil pastores se distribuem nos diversos
níveis e áreas da Organização Adventista no Brasil, presidindo os seus
diversos segmentos, como a Divisão (sede administrativa em Brasília que se
compõe de sete Uniões), as Uniões (sedes administrativas que se compõem de
Associações), as Associações (sedes administrativas que se compõem de
vários distritos pastorais, ou, grupos de igrejas cuidadas por um pastor), e as
Missões (sedes administrativas com menor poder de decisão que uma
Associação), dirigindo departamentos nos escritórios, como Saúde, Lar e
Família, Mordomia, Secretaria, Tesouraria, Educação, Colportagem [venda de
livros denominacionais], Ação Missionária, Assistência Social, Jovens e
Música, auxiliando pastores efetivos em igrejas grandes (com mais de
quinhentos membros) ou pastores de departamentos de Associação ou Missão,
lecionando Ensino Religioso ou ainda, em sua maioria, à frente dos distritos
pastorais. Desses pastores, mais de 90% são casados.
As esposas desses pastores, em sua maioria, têm também suas
carreiras profissionais, ora interrompidas de tempos em tempos por conta das
transferências de domicílio. A cada mudança, é necessário que elas se
submetam também a uma série de adaptações: além do ajuste a novo trabalho,
se houver, há o ajuste à nova cidade, à nova casa, à nova cultura, aos novos
costumes, ao novo clima, à nova igreja e aos seus membros, aos novos
amigos; se são mães de filhos em idade escolar, e por passar mais tempo com
os filhos, devido à ausência dos pais, são elas que mais terão que lidar com as
perdas dos filhos, como a perda dos amigos, por exemplo, e suas adaptações
à escola, aos colegas, à igreja e ao novo lar.
13. 11
Em virtude das mudanças, a esposa do pastor também deixa a família,
os amigos, e uma rotina já estabelecida de atividades para, ao lado do marido,
cumprir a missão para a qual se dispôs trabalhar ou sobre a aceitação da qual
ainda se debate. Distante da família, sem amigos, muitas vezes, insatisfeita
com a falta de realização profissional e com a falta de estabilidade, a esposa
do pastor pode se sentir só. Tal sentimento pode se agravar e comprometer-lhe
a saúde.
Dentro desse contexto, este trabalho se propõe a verificar como as
mudanças interferem na vida da esposa de pastor.
Esta pesquisa foi desenvolvida a partir da interação entre a
pesquisadora e membros das situações investigadas (a pesquisadora faz parte
do grupo investigado). Do ponto de vista dos objetivos, é uma pesquisa
descritiva, a qual visa a descrever as características de determinada
população.
A metodologia empregada fundamentou-se em vários procedimentos de
coletas de dados, envolvendo primeiramente questionários, dirigidos a esposas
de pastor que se encontram na ativa, com idades entre 20 e 56 anos.
TABELA 1 – Número e porcentagem de esposas na ativa que
responderam ao questionário por União [União se refere a uma sede
administrativa, responsável por uma Região do Brasil]
União no. de esposas % de esposas
União Sul 45 41%
União Central 32 30%
União Este 08 7%
União Centro-Oeste 10 9%
União Nordeste 06 5%
União Norte 07 6%
Noroeste 02 2%
Total 110 100%
De abril a setembro de 2010 foram enviados, por correio eletrônico,
questionários para esposas de pastor que se encontram na ativa, abrangendo-
14. 12
se as sete Uniões do Brasil que compõem todos os estados brasileiros: União
Sul, União Central, União Este, União Centro-Oeste, União Norte, União
Nordeste e União Noroeste. No total, 110 esposas (com representação de
todas as Uniões) responderam as questões, as quais pediam dados como
idade, grau de instrução, profissão, tempo de obra, se tinham filhos, número de
mudanças, e em seguida, inquiriam sobre seus três maiores desafios, os três
maiores desafios que elas achavam que suas colegas enfrentavam e, por
último, pedia-se que mencionassem três motivos para ser uma esposa de
pastor.
As esposas na ativa foram divididas em três grupos – 20-30 anos, 31-40
anos e 41-56 - a fim de ser averiguado se o desafio mudanças se manifesta de
modo diferente em cada um deles. A tabela abaixo mostra a porcentagem e o
número de mulheres de cada grupo, que participaram da pesquisa.
TABELA 2 – Número e porcentagem de mulheres relacionadas ao
ministério pesquisadas, por idade
Grupo Idade Número Porcentagem
Futuras esposas 18-42 anos 30 19%
Esposas na ativa I 20-30 anos 30 19%
Esposas na ativa II 31-40 anos 46 30%
Esposas na ativa III 41-56 anos 34 22%
Esposas jubiladas 61-82 anos 15 10%
De julho a setembro de 2010 também foram encaminhados
questionários para namoradas, noivas e esposas de seminaristas, ou
teologandos - expressão mais usada na denominação adventista -, os quais
foram respondidos por 30 futuras esposas de pastor com idades entre 18 e 42
anos. Nos questionários também se solicitaram dados como idade, grau de
instrução, profissão, se eram casadas, noivas ou namoradas, se tinham filhos,
e em seguida, inquiriam sobre três maiores desafios das esposas de pastor, de
acordo com a observação delas. Havia questões também sobre como elas
estavam se preparando para lidar com esses desafios, e se elas achavam que
os Seminários de Teologia estavam provendo preparo suficiente para o
15. 13
enfrentamento de tais desafios e, por último, pedia-se que mencionassem três
motivos para ser uma esposa de pastor.
De junho a agosto de 2010, 15 esposas de pastores aposentados, ou,
jubilados (um termo também muito utilizado no meio adventista), de 61 a 82
anos, a maioria de Curitiba e região, foram entrevistadas. Nos questionários
também se solicitaram dados como idade, grau de instrução, profissão, tempo
de trabalho do marido, número de filhos, e em seguida foi perguntado quais
tinham sido os maiores desafios delas, quais os desafios elas achavam que as
esposas enfrentam hoje, e que elas mencionassem três motivos para ser uma
esposa de pastor.
De agosto a outubro de 2010, foram disponibilizados para membros da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, de diversas igrejas do Brasil, com idade a
partir de 18 anos e batizados, através de correio eletrônico e através dos sites
de relacionamento Orkut e Facebook, questionários perguntando sobre a maior
qualidade, o maior defeito e os maiores desafios eles viam na esposa de
pastor. Também foi perguntado o que eles esperavam de uma esposa de
pastor. O total de membros que responderam o questionário foi de 122, dos
quais 79 eram mulheres e 43, homens.
Foram feitas entrevistas com o diretor de um dos seminários adventistas,
com um dos secretários de uma das Associações da União Sul-Brasileira, e
também com uma diretora de Afam – Área Feminina da Associação Ministerial,
segmento responsável pelas esposas de pastor.
Ainda foi feito levantamento bibliográfico de obras relacionadas à esposa
do pastor, tanto da denominação adventista quanto de outras obras que se
referem à esposa de pastor, sem denominação específica. Foram consultadas
pesquisas feitas especificamente com esposas adventistas, e também
levantadas informações documentais, a partir das Revistas da AFAM (de 2001
a 2010) e Revistas O Ministério Adventista (de 1973 a 1990).
Do ponto de vista da abordagem, é uma pesquisa qualitativa, a qual
considera que há uma relação dinâmica e indissociável entre mundo objetivo e
a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números, mesmo que
tenha sido feito algum tipo de percentual. Assim, o processo e seu significado
são os focos principais de abordagem, por isso, não apenas as mudanças
16. 14
relatadas pelas esposas foram mencionadas na pesquisa, mas também todos
os demais desafios citados nas respostas foram incluídos, como dados
relevantes que também são.
Os capítulos da pesquisa foram divididos visando abordar o desafio
mudanças, bem como suas implicações na vida da esposa de pastor.
No capítulo 1, as mudanças serão mencionadas no contexto de todos os
desafios das esposas de pastor, mencionados pelas esposas na ativa, futuras
esposas, esposas jubiladas e membros de igreja.
O capítulo 2 abordará a média de mudanças de cada um dos três grupos
de esposas na ativa e também a média de mudanças dos casais cujos maridos
já estão jubilados, isto é, aposentados. Através da entrevista com um dos
administradores de uma Associação da região Sul do Brasil e de verificação
dos Regulamentos Eclesiástico-Administrativos da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, o qual é “a voz autorizada da Igreja Adventista do Sétimo Dia em todo
território da Divisão Sul-Americana [Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador,
Paraguai, Peru, Uruguai e ilhas do Atlântico Sul], no tocante à organização e
administração da obra da Igreja” (Regulamentos Eclesiástico-Administrativos
da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 2010, pág. 3), foi verificado que existem
alguns procedimentos referentes às mudanças dos pastores de campo de
trabalho, os quais serão apresentados neste capítulo.
O capítulo 3 tratará das justificativas pelas quais as esposas de pastor
consideram mudanças um desafio. A primeira delas é a interferência nos
estudos e na carreira profissional. Por meio de dados sobre formação
profissional e atividade exercida, será analisado se, mesmo a despeito das
mudanças, a esposa de pastor consegue terminar seus estudos e ter uma
profissão.
A adaptação das esposas e dos filhos ao novo local de trabalho, bem
como as demais adaptações exigidas da esposa de pastor a cada mudança, a
ausência de amigos e a distância da família podem desencadear nelas um
estado de solidão, apontado também pelas respostas das esposas de pastor. A
menção da solidão coincide com o resultado do estudo de KILCHER, Carole
Luke et AL, na década de 80, o primeiro estudo feito pela Igreja Adventista
envolvendo esposas de pastor. Esse estudo concluiu que mais da metade das
17. 15
esposas de pastor na América do Norte sentiam solidão e isolamento no
ministério.
Esta pesquisa pretende gerar conhecimentos a respeito de como as
mudanças afetam as esposas de pastor no Brasil, para que tais conhecimentos
sejam divulgados entre as esposas de pastor, no meio administrativo do
ministério adventista e nas igrejas, como uma ferramenta de incentivo às
próprias esposas, aos administradores e aos membros, para que iniciem e/ou
continuem discutindo ações de apoio à esposa de pastor.
CAPÍTULO 1 – AS MUDANÇAS DE DOMICÍLIO NO CONTEXTO DOS
DESAFIOS DA ESPOSA DE PASTOR
Os desafios mencionados pelas esposas de pastor que se encontram na
ativa e pelas esposas cujos maridos se encontram jubilados foram
mencionados, como se vê na tabela abaixo:
TABELA 3 – Porcentagens de respostas das esposas de pastor ativas e
jubiladas relacionadas aos seus desafios
Esposas Mudanças/Colocação Solidão Expectativas...* Conciliar...** Outros
Ativas (20-30 20% (3º. lugar) 33% 29% 10% 7%
anos)
Ativas (31-40 24% (1º. lugar) 19% 23% 16% 17%
anos)
Ativas (41-56 34% (1º. lugar) 23% 18% 7% 18%
anos)
Jubiladas 12% (5º. lugar) 31% 16% 19% 22%
*Refere-se a lidar com expectativas, invasão de privacidade, críticas, cobranças e comparações.
18. 16
**Refere-se a conciliar vida pessoal, família, trabalho e igreja.
Entre as esposas na ativa, de 20 a 30 anos, mudanças é mencionado
em 3º. lugar (20% das respostas). No entanto, mudanças é precedido pelo
desafio solidão e depois por dificuldade para administrar as expectativas,
comparações, críticas, invasões de privacidade e cobranças. 1% das respostas
foi: “Não vejo dificuldades”. A menção de solidão pode se referir, mesmo que
indiretamente, ao desafio mudança, levando-se em conta que, por causa das
mudanças, as esposas precisam se distanciar dos amigos e familiares, o que
pode levá-las a sentir solidão.
Entre as esposas de 31 a 40 anos, mudanças ficou em 1º. lugar, com
24% das respostas; em seguida, respectivamente as respostas indicaram
dificuldades para administrar expectativas, comparações, críticas, invasões de
privacidade e cobranças, solidão, dificuldade em administrar ou conciliar as
atividades profissionais com o trabalho da igreja e do lar. Outros desafios
incluem educação dos filhos, busca de identidade, dificuldades para lidar com a
política e as relações de poder na igreja e administração, comunhão com Deus
e excesso de trabalho na igreja. “Não vejo dificuldades” obteve 1% das
respostas.
Entre as esposas de 41 a 56 anos o desafio que predominou no ranking
também foi mudanças, com 34% das respostas, seguido pelo desafio solidão,
23% das respostas; em seguida as respostas se referiram a dificuldades em
administrar as críticas a expectativas, comparações, invasões de privacidade e
cobranças. Outros desafios mencionados foram educação de filhos, excesso
de trabalho, problemas de saúde, crises de identidade, ao crescimento pessoal,
falta de transparência da administração e finanças e dificuldade em administrar
ou conciliar as atividades profissionais com o trabalho da igreja e do lar.
Os dois últimos grupos mencionados mostram uma tendência
significativa em relação ao desafio mudanças, tanto mencionando-a
diretamente, quanto indiretamente, ao se referirem à solidão.
Entre as esposas jubiladas, 12% das respostas foram para mudanças –
desafio que ficou em 5º. lugar. Entretanto, o 1º. lugar foi ocupado pelo desafio
solidão, com a porcentagem expressiva de 31% das respostas, seguido por
19. 17
dificuldades em administrar as críticas e expectativas, comparações, invasões
de privacidade e cobranças e outros desafios, como educação de filhos,
excesso de trabalho, problemas de saúde, crises de identidade, crescimento
pessoal, finanças e dificuldade em conciliar as atividades profissionais com o
trabalho da igreja e do lar.
Assim como as respostas dos grupos já mencionados, é possível
estabelecer relação entre mudanças e solidão, ou seja, embora mudanças não
tenha sido mencionada em 1º. lugar pelas esposas jubiladas, a solidão foi
mencionada, cuja causa pode ter sido as mudanças de domicílio com o
consequente afastamento da família de origem e do rol de amigos.
TABELA 4 – Porcentagem dos desafios que os grupos das próprias
esposas na ativa, das jubiladas, das futuras esposas e dos membros de igreja
percebem nas esposas ativas
Grupos Mudanças/Colocação Solidão Expectativas...* Conciliar...* Outros
Ativas 23% (2º. lugar) 28% 22% 10% 17%
Jubiladas 14% (3º. lugar) 17% 17% 7% 45%
Futuras esp. 17% (4º. lugar) 19% 39% 20% 5%
Membros fem. 10% (5º. lugar) 14% 23% 24% 29%
Membros mas. 3% (4º. lugar) 5% 17% 17% 58%
*Refere-se a lidar com expectativas, invasão de privacidade, críticas, cobranças e comparações.
**Refere-se a conciliar vida pessoal, família, trabalho e igreja.
Solidão e mudanças ocuparam respectivamente o 1º. e o 2º. lugar, de
acordo com as observações que as esposas na ativa fazem de suas colegas.
Novamente esses dados enfatizam a relação entre os desafios mudanças e
solidão, experimentada pelas esposas na ativa e observada por elas em suas
colegas.
De acordo com as respostas das esposas de pastores aposentados
(jubilados) mudanças ficou em 3º. lugar, precedido por solidão e dificuldades
20. 18
para lidar com críticas a expectativas, comparações, invasões de privacidade e
cobranças e solidão, que empataram no 2º. lugar. Em seguida vêm os demais
desafios.
Como visto na TABELA 3, para as jubiladas, mudanças ocupa o 5º. lugar
e solidão o 1º., sugerindo uma relação entre os dois desafios. Essa relação
tende a se repetir quando as jubiladas se referem aos desafios que elas
percebem nas esposas ativas hoje. Nesse último caso, mudanças está em
2º.lugar e é precedido por solidão.
Entretanto, possivelmente, por terem experimentado vários desafios
durante sua vida ativa no ministério, é significativo que mais do que os desafios
já mencionados no decorrer desta análise, as esposas jubiladas tenham citado
também dois desafios que não foram destacados em nenhum outro grupo de
esposas, no ranking dos três maiores desafios: a aceitação do chamado feito a
elas para a missão de ser esposa de pastor e o envolvimento com a igreja.
Esses dois desafios incluídos no item outros desafios somaram 45% das
respostas das esposas jubiladas. É importante essa verificação no contexto
desse trabalho porque a dificuldade na aceitação de um chamado e o
envolvimento com a igreja estão intimamente ligados ao motivo pelo qual
ocorrem as mudanças. Portanto, embora as respostas das esposas jubiladas
não tenham feito essa relação, pode-se estabelecer aí o seguinte: quanto maior
a consciência do chamado e quanto maior o envolvimento com o trabalho da
igreja, menos frustrante pode ser a mudança.
Perguntado às futuras esposas de pastor, de acordo com as
observações feitas por elas, quais eram os maiores desafios elas achavam ter
as esposas de pastor, 39% responderam dificuldades para lidar com críticas a
expectativas, comparações, invasões de privacidade e cobranças e
dificuldades e 20% mencionaram dificuldades para conciliar as atividades
profissionais com o trabalho da igreja e do lar. As respostas para o desafio
mudanças somaram 17%, ocupando o 4º. lugar, não correspondendo à
tendência demonstrada pelas respostas das esposas que se encontram na
ativa, a qual ressalta mudanças, em relação aos demais desafios, como se vê
na TABELA 3. No entanto, o desafio que ocupa o 3º. lugar é solidão, ou seja,
21. 19
há tendência de haver uma relação entre mudanças e solidão nas respostas
das futuras esposas, assim como nas respostas dos demais grupos.
Quando perguntado aos membros sobre os desafios que eles achavam
ter a esposa de pastor, mudanças ficou em 5.o lugar nas respostas de
membros do sexo feminino, ou 10% das respostas e em 4º. lugar nas
respostas de membros do sexo masculino, porém com menção em apenas 3%
das respostas. Não correspondendo com as respostas das esposas ativas, as
respostas dos membros mostram que eles podem não ter a noção real do que
as mudanças significam para a esposa do pastor. Nem mesmo o desafio
solidão teve posição de destaque nas respostas dos membros. O foco desta
pesquisa é as implicações das mudanças na vida da esposas do pastor, vistas
por elas mesmas, pelas futuras esposas e pelas esposas jubiladas, no entanto,
é relevante mencionar como os membros vêem a questão das mudanças na
vida da esposa de pastor. Se os membros não têm noção do significado e das
implicações das mudanças na vida da esposa de pastor, é provável que não
demonstrarão atitudes de compreensão em relação a ela e a esse fato.
Os primeiros lugares ocupados pelos desafios que os membros acham
que as esposas têm expressam a mesma tendência demonstrada pela análise
das respostas das esposas jubiladas: a aceitação do chamado feito a elas para
a missão de ser esposa de pastor e o envolvimento com a igreja. Incluídos no
item outros desafios, esses dois desafios somam 29% nas respostas de
membros do sexo feminino e 58% nas respostas de membros do sexo
masculino. Os desafios mencionados pelos membros podem estar
relacionados ao desafio mudanças pelo fato de que a dificuldade na aceitação
de um chamado e no envolvimento com a igreja estão intimamente ligados ao
motivo pelo qual ocorrem as mudanças, como foi dito na análise feita com as
respostas das esposas jubiladas em relação às esposas na ativa. Porém, na
ênfase dada a esses dois itens pelos membros da igreja podem também estar
implícitas as cobranças e exigências maiores do que a realidade das esposas
de pastor pode corresponder. Não sendo, entretanto, esse o foco desta
pesquisa, pode este ser o tema para um novo estudo.
Na década de 80, KILCHER, Carole Luke et al, realizaram na Divisão
Norte-Americana, EUA, a primeira pesquisa de vulto efetuada pela Igreja
22. 20
Adventista do Sétimo Dia, que incluiu as esposas de pastores. O estudo versou
sobre a questão do bem-estar entre as esposas de pastores adventistas. Um
questionário denominado “A Esposa do Pastor Como Pessoa”, dividido em seis
temas, foi enviado a 238 esposas de pastor. O primeiro tema abordava
“diversos itens”, o segundo, “itens de preocupação pessoal”, o terceiro
enfocava “a alegria mais significativa ao participar do trabalho do marido”, o
quarto procurava verificar “o problema mais real para mim”, o quinto “a quem
se dirigir em busca de conselho” e o último “grau ou nível de educação”. 167
esposas devolveram o questionário. Esse estudo foi publicado em 1983, na
revista O Ministério Adventista.
De acordo com esse estudo,
os problemas e conflitos mais reais para as esposas de pastores têm que ver
com as expectativas de vários grupos (membros, associação, comunidade, marido), a
respeito delas, com a sensação de ocuparem uma posição secundária, com
sentimentos pessoais de incompetência nessa função, com mudanças frequentes,
com a falta de amizades chegadas, com o tempo em geral e com pressões
financeiras.(KILCHER, Carole Luke. et AL, 1983, 7)
As conclusões desse estudo feito com esposas de pastor
norteamericanas parecem confirmar os dados analisados no estudo em
questão com esposas brasileiras, pelo fato de serem verificadas, na citação
acima, menções a mudanças frequentes e falta de amizades chegadas.
CAPÍTULO 2 – O DESAFIO DAS MUDANÇAS DETERMINADAS PELOS
REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS DA IGREJA
Dentre os motivos relacionados que levam a família pastoral adventista a
mudar de domicílio, há a transferência para um campo (associação, união ou
23. 21
divisão) fora do qual o pastor se encontra, em função de ajustes entre obreiros
para suprir as necessidades do campo, mas podem surgir motivos pessoais,
em função de saúde, família ou outras situações particulares. Todas essas
situações passam por parâmetros de avaliação, ou seja, não são realizadas
aleatoriamente.
TABELA 5 – Média de mudanças feitas por esposas ativas e jubiladas
por períodos de anos
Período 20 - 30 anos 31- 40 anos 41- 56 anos Jubiladas
0 – 1 ano 23% 11% 0% 0%
1,1 – 2 anos 47% 61% 47% 17%
2,1 ou mais 30% 28% 50% 68%
De acordo com o levantamento feito com as respostas das esposas na
ativa, através do qual o tempo de trabalho do casal pastoral foi dividido pelo
número de mudanças, obteve-se a seguinte média: entre as esposas na ativa
de 20 e 30 anos, 47% fez uma mudança a cada período entre 1,1 e dois anos,
23% se mudaram no intervalo de um ano ou menos e 30% fez uma mudança a
cada período de 2,1 a quatro anos.
Entre as esposas de 31 a 40 anos, 61% se mudou a cada período entre
1,1 e dois anos, 11% fez uma mudança no intervalo de um ano ou menos e
28% se mudou a cada período de 2,1 a seis anos.
Entre as esposas com idades entre 41 e 56 anos não houve nenhuma
mudança dentro do período de um ano; 47% se mudou no intervalo entre 1,1 e
dois anos; 50% fez uma mudança a cada período entre 2,1 e quatro anos. Os
dados não foram fornecidos por 3% das mulheres.
Entre as esposas jubiladas não houve nenhuma mudança dentro do
período de um ano; 17% se mudou no intervalo entre 1,1 e dois anos; 68% fez
uma mudança a cada período entre 2,1 ou mais. 17% das mulheres não
forneceram os dados.
As informações conferidas pelas esposas na ativa demonstram a
tendência de haver um pequeno aumento no espaço entre as mudanças, de
acordo com o tempo de trabalho - diminuem-se as mudanças com intervalos de
24. 22
até um ano (23%, 11%, 0%); as mudanças entre 1,1 e dois anos de intervalo se
mantêm na porcentagem de 47%, 61% e 47%, e as mudanças em períodos
acima de dois anos aumentaram, ou seja, passaram de 30% e 27% para 50%
(no caso das jubiladas, esse número ficou em 68% e, talvez fosse maior, caso
todas tivessem preenchido esse dado).
No questionário não foi solicitado que se especificassem apenas as
mudanças em função de transferência de campo de trabalho, mas foram
incluídas todas as mudanças, não importando os motivos. Assim se processou
pelo fato de que uma família pastoral também está sujeita a mudanças por
outros motivos que não sejam exclusivamente uma transferência de campo de
trabalho.
Por que os pastores adventistas mudam-se com menos de três anos de
atividades? Uma entrevista concedida por um administrador de uma das sedes
administrativas da Igreja Adventista do Sétimo Dia esclareceu que o pastor que
está iniciando sua atividade pastoral muda a cada dois anos. Entre os quatro e
seis primeiros anos ele precisa passar por dois distritos [compostos por uma
igreja ou mais, cuidadas por um pastor], pelo menos, para ser submetido ao
processo de ordenação [pelo qual o pastor aspirante recebe sua credencial e a
autorização para ministrar cerimônias as quais não podia realizar antes,
deixando de ser aspirante e passando a ser pastor ordenado]. De acordo com
ele, depois da ordenação, as transferências podem ocorrer a cada quatro anos,
chegando a seis anos ou mais, excepcionalmente.
Isso corrobora, com pequena margem de variação, o resultado da
pesquisa feita. A grande maioria dos pastores aspirantes, os quais são
transferidos com maior frequência, encontra-se na faixa de idade entre 20 e 30
anos, na qual o índice de mudanças foi mais alto.
Tal prática referida na entrevista mencionada reflete as orientações
contidas nos Regulamentos Eclesiástico-Administrativos da Igreja Adventista
do Sétimo Dia. Nele se baseiam as administrações dos Campos ao ministrarem
os deslocamentos dos pastores. Segundo esse manual de regulamentos, “o
termo chamado (...) tem dois significados:
25. 23
1. Convidar oficialmente uma pessoa a se integrar ao corpo de
obreiros/missionários da IASD em uma organização ou instituição,
através de um voto da Comissão Diretiva dessa organização ou
instituição.
2. Convidar oficialmente um obreiro, através de um voto da Comissão
Diretiva de uma organização ou instituição, a continuar servindo à igreja
na organização ou instituição que o chamar.
Esse manual também esclarece que
os chamados podem ser passados à consideração do candidato
ou podem não ser encaminhados. Podem ser reconsiderados, diferidos,
cancelados, aceitos ou não aceitos. Podem servir em áreas intraunião
[campos e instituições de uma mesma União], interunião [Uniões de
mesma Divisão] ou interdivisão [Divisões diferentes]. (Regulamentos
Eclesiástico-Administrativos da Igreja Adventista do Sétimo Dia,
2010, p. 270)
Os movimentos de obreiros feitos dentro de um campo [associação] não
são propriamente chamados, mas transferências.
De acordo com a entrevista mencionada, quando o chamado é para fora
da União, ou interunião, o pastor pode aceitar ou não; quando é dentro da
União, seria sábio aceitar, pelo fato de serem orientadas de acordo com a
necessidade do campo, mas ele pode rejeitar, não sendo punido por isso;
dentro da associação, as mudanças são transferências (devendo, por isso, ser
aceitas) feitas de acordo com o perfil do pastor, sua função, compatibilidade e a
necessidade do campo. Tal determinação passa previamente por votação de
uma Comissão Diretiva. No caso de igrejas grandes (com mais de 500
membros), a Associação faz uma parceria com a igreja em questão, ou seja,
leva em consideração as informações dadas pela igreja em relação ao pastor
vigente ou ao que virá e analisa junto com ela as proposições. A igreja participa
da Comissão Diretiva para definir o novo candidato ao cargo. A Comissão
Diretiva se compõe de membros de todos os segmentos da igreja:
representantes de cada departamento, da loja [livraria que cada associação
tem uma para venda de livros denominacionais e não denominacionais], da
tesouraria, dos diretores de escola, um membro de igreja para cada quatro mil
membros e a Administração do campo. O maior desafio da Administração é
26. 24
encaixar cada obreiro, respeitando as condições da família. Por exemplo,
pastor aspirante e sem filhos, normalmente vai para o interior do estado, onde
normalmente não há escolas adventistas – não havendo necessidade de
proceder a matrículas.
Em relação ao chamado para graduandos em Teologia dos Seminários
Adventistas, o Manual de Regulamentos Eclesiástico-Administrativos (2010, p.
271) afirma que, ao receber um chamado para servir à Organização Adventista,
o aluno deverá ter razões plausíveis e sérias para justificar a negação ao
chamado. Se os motivos da negação forem interesses e preferências pessoais
em detrimento dos interesses da Igreja, ele será considerado inapto para
receber outro chamado, pois se espera que um pastor, ao se formar, esteja
disposto a servir onde quer que surja a necessidade.
27. 25
CAPÍTULO 3 – COMO AS MUDANÇAS INFLUENCIAM A VIDA DA
ESPOSA DE PASTOR
Nancy G. Dusilek, esposa de pastor também, no clássico livro
para esposas de pastor, Mulher Sem Nome, afirma que as mudanças
constantes de domicílio significam uma das dificuldades que a esposa do
pastor enfrenta pelo fato de ela e sua família não terem oportunidade de criar
raízes. Segundo ela, algumas esposas se adaptam e fazem amizade
facilmente, “porém há outras pessoas (e eu me incluo nesse segundo grupo)
que demoram muito a fazer amizades, a aceitar o novo local, a se ambientar
com a nova casa, a engrenar nas atividades.” (DUSILEK, 2000, p. 83)
Na pesquisa feita com esposas de pastor, foram mencionados os
motivos pelos quais elas consideram mudanças um desafio, conforme listados
na tabela abaixo.
TABELA 6 – Porcentagem das justificativas para o desafio mudanças em
cada um dos três grupos de esposas na ativa
Justificativas 20 – 30 anos 31 – 40 anos 41 – 50 anos
(% de respostas) (% de respostas) (% de respostas)
Estudos e carreira 40% 43% 36%
Adaptação dos 34% 37% 39%
filhos e delas
Perda de 11% 11% 15%
amigos/família
Insegurança 8% 6% 4%
Reflexo nas 7% 3% 6%
finanças
3.1 A INTERFERÊNCIA NOS ESTUDOS E NA CARREIRA PROFISSIONAL
COMO UMA DAS CONSEQUÊNCIAS DAS MUDANÇAS
28. 26
Uma das justificativas para as migrações significarem um dos maiores
desafios, de acordo com as respostas das esposas na ativa, é o fato de elas
interferirem na vida profissional da esposa do pastor. Essa justificativa teve
menção significativa nos três grupos. As respostas indicam que, a cada
mudança, a esposa de pastor corre o risco de sofrer a descontinuidade
profissional, pois nem sempre ela consegue vaga para exercer atividade em
sua área, ou mesmo fora dela, dentro da Organização, nas escolas ou
Associações, Missões ou Uniões.1 As respostas também indicam haver
frustração e sentimento de ser anulada pelo fato de ter-se que abrir mão do
emprego para seguir o marido, por elas não poderem ter projetos que exijam
endereço fixo e por não poderem trabalhar na área que idealizaram. Em alguns
casos é necessário um ajuste a um novo emprego que não está relacionado à
formação que tiveram.
Em entrevista feita com um administrador da IASD, ao ser perguntado
se, ao se fazer uma transferência, as características profissionais da esposa
também eram levadas em conta, ele respondeu que são levadas em conta, na
medida do possível, mas que isso não é fator determinante e acrescentou que
para algumas profissões é mais difícil o ajuste de um emprego.
Em função da justificativa de que as mudanças interferem na profissão e
também nos estudos da esposa de pastor, foi levantada a porcentagem do
grau de escolaridade e do exercício de uma profissão pelas esposas de pastor.
TABELA 7 – Porcentagem do grau de escolaridade dos grupos das
esposas na ativa, futuras esposas e esposas jubiladas
Grupos 20–30 anos 31-40 anos 41- 56 anos Jubiladas Futuras
esposas
Cursando 6% 8% 6% 0% 38%
graduação
Apenas EM 17% 4% 5% 19% 7%
Graduadas 77% 88% 86% 63% 55%
1
O termo Associações, utilizado pelas esposas, refere-se às sedes administrativas
regionais da IASD; Missões também são sedes administrativas, porém, segundo o
Manual de Regulamentos Eclesiástico-Administrativos (2010, pág. 144), “esta não
possui estatutos/atos constitutivos”, e seu poder de decisão é menor que uma
Associação. Uniões se referem às sedes administrativas formadas por várias
Associações. (Idem, p.133)
29. 27
Pós- 10% 37% 47% 0% 16%
graduadas
Têm mestrado 3% 11% 6% 13% 3%
Apenas EF 0% 0% 0% 18% 0%
A porcentagem das mulheres na ativa dos três grupos que estão
cursando graduação oscila pouco, entre 6% e 8%. Mais de 75% das esposas
dos três grupos das esposas de pastor na ativa são graduadas. E os dados
mostraram que quanto maior a idade das esposas na ativa, maior é o número
de esposas pós-graduadas. O número das esposas na ativa que têm mestrado
é maior entre as esposas com idade entre 31 e 40 anos. Os dados mostram
que, a despeito das mudanças, a grande maioria das esposas na ativa
conseguiu concluir sua graduação. Comparando-se os dados das esposas na
ativa com os dados das esposas jubiladas, a porcentagem de mulheres que se
graduaram é maior, mais de 75% entre esposas ativas contra menos de 65%
entre esposas jubiladas. Os dados também mostram que há uma tendência de
aumentar o número de esposas graduadas na ativa, levando-se em conta que
a porcentagem de futuras esposas graduadas é maior de 50% e a metade das
futuras esposas têm idade até 25 anos. A insatisfação das esposas na ativa
provavelmente se refira ao fato de não conseguirem muitas vezes dar
continuidade aos estudos a partir da graduação, ou ainda por terem levado
mais tempo que o normal para a conclusão da graduação.
TABELA 8 - Porcentagem da atuação profissional dos grupos das
esposas na ativa, das futuras esposas e das esposas jubiladas
Grupos 20-30 anos 31-40 anos 41-50 anos* Jubiladas** Futuras
esposas***
Atuam na área 50% 70% 70% 84% 39%
Atuam fora da 14% 15% 12% 0% 11%
área
Mães e donas- 23% 15% 6% 8% 11%
de-casa
Desempregadas 13% 0% 6% - 36%
*6% desse grupo não mencionou dados.
**8% desse grupo não mencionou dados.
***3% desse grupo não mencionou dados.
30. 28
As respostas mostraram que mais de 60% do total das esposas na ativa
atuam na área de sua formação e entre 12% e 15% das esposas na ativa estão
em área fora de sua formação. As esposas na ativa entre 20 e 30 anos são as
que mais se consideram mães e donas de casa, 23%, provavelmente pelo fato
de, nessa faixa etária terem filhos que ainda não estão em idade escolar.
Nessa faixa etária também está o maior número de esposas que se
consideram desempregadas: 13% contra 0% do segundo grupo e contra 6% do
terceiro grupo.
O perfil das esposas ativas que expressam insatisfação é de mulheres
que ainda estão tentando concluir o curso e às vezes se frustram com as
tentativas malsucedidas de transferência levando mais anos para se graduar
do que o normal; mulheres que só cursaram o ensino médio e não trabalham
fora de casa e gostariam de se profissionalizar; mulheres que gostariam de
fazer Mestrado e Doutorado, mas moram distante de Universidades que
ofereçam os cursos; mulheres que fizeram cursos como Letras e não
conseguem vaga para tal área e acabam lecionando para o ensino
fundamental, pois é o que acaba sobrando; mulheres formadas em cursos
como Publicidade e Jornalismo e não conseguiram empregos na área, estando
em outras áreas, ou desempregadas, e também esposas que se encontram
trabalhando na área de formação no momento, mas que sabem que não será
para sempre. Porém, algumas das pesquisadas se referiram às mudanças com
outras justificativas ou nem se referiram às mudanças, no entanto são esposas
que: estão trabalhando fora da área de formação, como por exemplo, a
tecnóloga em alimentos que trabalha como secretária, e a bióloga que é
telefonista; que não estudaram além do ensino médio e colocaram, sem
demonstrar insatisfação, como profissão, do lar, mãe ou ainda esposa de
pastor, e que estão apenas estudando.
Entre as futuras esposas de pastor verificou-se que 39% estão
trabalhando na área de sua formação, 11% consideram-se mães e donas de
casa, nenhuma mencionou estar desempregada, 11% trabalham em área fora
31. 29
de sua formação, 36% apenas estuda e não trabalha. Formação e profissão
não foram mencionadas por 3% dessas mulheres.
O questionário feito com as esposas jubiladas demonstrou que todas as
que tiveram formação profissional, tanto no ensino médio quanto na graduação
atuaram em suas devidas áreas de formação, 8% dedicaram-se ao lar e
serviram como obreiras bíblicas e 8% não mencionaram formação e profissão.
3.2 AS ADAPTAÇÕES QUE AS MUDANÇAS EXIGEM
Vinte e três por cento do grupo de esposas na ativa entre 20 e 30 anos,
34% de esposas entre 31 e 40 anos e 37% de esposas entre 41 e 56 anos
mencionou que as mudanças exigem muitas adaptações. Para Dusilek, esposa
de pastor e mãe, as mudanças de igrejas e ministérios não afetam apenas a
esposa do pastor, mas a família como um todo. Em relação aos filhos, ela
afirma que enquanto são pequenos, “pouco se ressentem, pois para eles, onde
estiverem os pais estará tudo bem. Mas quando se tornam adolescentes e
passam a fazer parte da turminha ou começam a namorar, a situação não será
tão simples assim.” (DUSILEK, 2000, p. 84)
As respostas das esposas coincidem com a afirmação de Dusilek. Ou
seja, para elas as mudanças se refletem diretamente nos filhos pelo fato de
terem que se separar dos amigos da escola e da igreja, deixar o(a)
namorado(a), precisarem se adaptar à nova escola, à nova igreja, e
principalmente se estão da fase de adolescência. Trabalhar com os filhos o
sentimento de perda nem sempre é tarefa fácil para essas mães. Portanto,
ajudar os filhos a passar por tantas adaptações em tão pouco tempo significa
um grande desafio.
TABELA 9 - Porcentagem de esposas na ativa com filhos e sem filhos
Maternidade 20-30 anos 31-40 anos 41-56 anos
Com filhos 50% 83% 94%
Sem filhos 50% 17% 6%
32. 30
A relação entre mudanças e reflexo nos filhos foi pouco verificada nas
respostas das esposas na ativa entre 20 e 30 anos, pois nesse primeiro grupo,
50% não são mães ainda e 50% têm filhos em idade pré-escolar ou no início do
primeiro ciclo do ensino fundamental. Porém, para as demais esposas, entre 31
e 41 anos, 83% são mães e, entre as esposas de 41 a 56 anos, 94% são mães
cujos filhos já estão em idade superior à idade dos filhos do primeiro grupo.
Portanto, os dois últimos grupos sentem mais essa dificuldade.
A adaptação à nova igreja e o recomeço do trabalho, para algumas, é
fator gerador de muita tensão. Além da porcentagem referente às adaptações,
8% das mulheres na ativa do primeiro grupo (20-30 anos), 6% das mulheres do
segundo grupo (31-40 anos) e 4% das mulheres do terceiro grupo (41-56 anos)
mencionaram que as mudanças geram estresse psicológico, o qual foi
traduzido pelas seguintes palavras: insegurança, ansiedade, instabilidade,
incerteza e sentimento de perda.
Algumas das respostas indicaram incômodo no fato de às vezes terem
que se mudar para cidades pequenas que não possuem muitos recursos, como
bons mercados, escola adventista, escola de música para os filhos, e isso sem
aviso prévio, sem consulta a respeito da disponibilidade ou da aceitação da
família.
Se, por um lado, há o fato de algumas esposas de pastor fazerem
objeções em relação ao fato de algumas mudanças serem feitas sem prévia
consulta da família pastoral, por outro lado, pode haver o desconhecimento por
parte das esposas a respeito do fato de que existem regulamentos que regem
as transferências e chamados, embora cada pastor que inicia suas atividades
nos campos de trabalho receba esse manual, bem como as atualizações que
são feitas nele.
As reações de insatisfação em relação à nova moradia ocorrem porque
às vezes os móveis ajustados para uma casa não se ajustam na seguinte. As
respostas demonstram a preocupação das mulheres em de arrumar a minha
casa, mas nem sempre os móveis cabem, ou quando elas conseguem ajeitar a
casa, surge outra mudança novamente. Para algumas mudança pode gerar
desconforto e estresse, no início, mas também significa o prazer de, de tempos
33. 31
em tempos, transformar uma casa em lar, renovação e uma motivação para
não acumular muita bagunça.
Outras tensões causadas pelas adaptações experimentadas pelas
esposas nas mudanças se referem ao rompimento com um distrito e a chegada
ao novo distrito e as adaptações gerais a novos médicos, a novos profissionais
de beleza, à nova rotina e ao novo ambiente.
As respostas das esposas também indicaram que a adaptação à cultura
do novo domicílio muitas vezes é desgastante para esposas que saem de uma
região do Brasil e vão para outras, pois há locais em que os membros da igreja
têm hábitos tradicionais e até radicais em relação à postura e à vestimenta das
mulheres. Há igrejas conservadoras, para as quais o uso de calças para
mulheres, a pintura das unhas e dos cabelos e o ato de depilar-se são sinais de
apostasia e de paganismo.
Foi mencionada a dificuldade que algumas têm de lidar com os
comentários elogiosos dos membros a respeito do pastor anterior, ao
chegarem ao novo campo de trabalho.
Uma pesquisa para avaliar a importância do estudo dos processos de
adaptação aos eventos vitais e mudanças de vida e sua relação entre mudança
e saúde em migrantes, realizado por MOTA, FRANCO E MOTTA (1999), pela
Universidade Federal da Bahia, mostrou que o estresse psicológico inerente às
mudanças de residência e ao processo de restabelecimento torna o migrante
particularmente vulnerável aos riscos de morbidade diferencial em seu novo
ambiente.
As famílias pastorais de tempos em tempos estão migrando para regiões
de culturas às vezes similares às suas ou totalmente adversas, exigindo
adaptações a novos costumes, padrões de comportamento, regime alimentar,
etc. Tais culturas se refletem nas igrejas, portanto, gerando na família pastoral
e, especificamente na esposa de pastor, níveis de estresse psicológico que
podem também alterar sua saúde física. A pesquisa de MOTA, FRANCO E
MOTTA (1999) aponta que as mudanças nos ambientes físico e cultural podem
alterar os padrões habituais de funcionamento biológico e emocional. Inclusive,
nesse processo, a população que recebe o novo hóspede pode interpor graus
variáveis de dificuldades na sua adaptação ao novo lugar, gerando reflexos
34. 32
diretos na saúde física e psíquica. ALMEIDA FILHO (1982) apud MOTA,
FRANCO E MOTTA (1999) trata da relação entre migração e estresse em um
bairro popular de Salvador, Bahia, com uma população constituída de 1.514
sujeitos, a maioria com mais de 25 anos (62,9%), sendo 60,1% migrantes. Ele
demonstrou que os escores relativos ao estresse na população migrante (5,14)
eram mais elevados que na população não migrante (3,21), com relação
estatisticamente significante.
BOEKESTITIJIN2 (1989) apud MOTA FRANCO E MOTTA
(1999) denominou migração intercultural o processo de aprendizagem de
significados e habilidades e o sentimento de ser aceito. Esse processo,
também chamado de choque cultural, pode ser medido pelo grau de incerteza
enfrentado pelo migrante após sua chegada a um novo lugar, ou o dilema do
migrante, que é a tensão entre adaptação sócio-cultural e a preservação da
identidade.
MOTA FRANCO E MOTTA (1999) mencionam aculturação como, "um
processo de contato, conflito e adaptação intergrupal", e a partir dessa
definição detalham quatro modos alternativos potenciais de aculturação:
assimilação, integração, separação e marginalização. Eles supõem que cada
modo apresente grau de estresse relativo e de risco à saúde e que “a adoção
de uma estratégia alternativa para adaptação a um novo ambiente é
reconhecidamente dependente do grau de diferença cultural entre o grupo
migrante e a população hospedeira e o grau de consciência dos migrantes em
relação a tais diferenças.”3
2
“O que Boekestitijin (1989) chamou de migração intercultural, o processo paralelo de
aprendizagem de significados e habilidades e o sentimento de ser aceito, tem sido
nomeado de "choque cultural". Este pode ser avaliado pelo grau de incerteza
enfrentado pelo migrante após sua chegada a um novo lugar. O autor aponta para o
"dilema do migrante", que consiste na tensão entre adaptação sócio-cultural e
"preservação da identidade". A revisão de Richman, Gaviria, Flaherty, Birz e Wintrob
(1987) tratando dos processos de aculturação contribui para definir um quadro de
referência para o entendimento do processo de estresse associado à migração.”
(BOEKESTITIJIN, 1989, p. 83)
3
O modo pelo qual um dado nível de aculturação afeta o bem-estar psíquico e a
saúde física necessita ser melhor esclarecido. Contudo, a adoção de uma estratégia
alternativa para adaptação a um novo ambiente é reconhecidamente dependente do
grau de diferença cultural entre o grupo migrante e a população hospedeira e o grau
35. 33
Referindo-se à nova igreja como hospedeira e atentando-se ao fato de
que as mudanças realizadas pela família pastoral têm como objetivo servir à
população hospedeira, se a esposa de pastor tem definido o sentido pelo qual
está mudando, bem como a consciência das particularidades dessa população
e flexibilidade para os ajustes, há possibilidade de que sua adaptação ocorra
com menos riscos emocionais.
3.3 A PERDA DOS AMIGOS E O DISTANCIAMENTO DA FAMÍLIA COMO
CONSEQUÊNCIAS DAS MUDANÇAS
As respostas indicaram também que por causa das mudanças perdem-
se amigos e há o distanciamento da família. Onze por cento das esposas na
ativa entre 20 e 30 anos, 11% das esposas entre 31 e 40 anos e 15% das
esposas entre 41 e 56 anos se referiram a essa questão. Esses dados são
significativos e indicados também como causas para o sentimento de solidão
da esposa de pastor.
TABELA 10 - Porcentagem das justificativas para o desafio solidão
de consciência dos migrantes em relação a tais diferenças. Acrescente-se que
Palinkas e Pickwell (1995) destacaram que aculturação tem sido assumida em
epidemiologia como um fator de risco para doença crônica, por isso consideraram
importante revisar a definição originária da antropologia para que esta se torne teórica
e clinicamente pertinente. Diante disto, os autores assinalaram: a) destacar
aculturação em uma perspectiva processual e em uma perspectiva estrutural; b)
considerar aculturação como uma experiência individual e de grupo, de conflito e
negociação entre os dois sistemas de comportamentos e crenças; c) medir
aculturação longitudinalmente e a partir da narrativa e d) considerar que a aculturação
mais do que um risco permanente pode promover saúde quando possibilita o acesso a
alternativas de atenção, elimina comportamentos de risco e incentiva a adoção de
comportamentos saudáveis. Dessa maneira, o processo de aculturação não é
necessariamente negativo, podendo se resolver num "biculturalismo" sem grandes
conseqüências ao bem-estar. Entretanto, se o grau de rejeição aos valores da
população hospedeira for tal que interfira nos contatos sociais e no estabelecimento de
novos laços, o processo de migração pode transformar-se numa tentativa mal
sucedida de buscar um melhor padrão de vida.
36. 34
Justificativas 20-30 anos 31-40 anos 41-50 anos
Falta de amigos 38% 41% 30%
Ausência do marido 35% 41% 21%
Distância da família 27% 14% 32%
Isolamento 2% 2% 3%
Falta de atenção 0% 2% 5%
Ausência dos filhos 0% 2% 9%
Como se observa na TABELA 10, mais de 50% das respostas dos três
grupos de esposas na ativa se referem à falta de amigos, à distância da família
e ao isolamento como causas da solidão. Para algumas esposas, a distância
familiar é caracterizada como muito dolorosa, e as que são mães mostram
insatisfação pelo fato de os filhos crescerem sem contato com a família de
origem.
O estudo de KILCHER, Carole Luke et AL (1980?) realizaram com
esposas norteamericanas, mencionado no primeiro capítulo também encontrou
um alto índice de menção à solidão nas respostas das esposas de pastor. “A
descoberta mais alarmante é que 57% das esposas sentem solidão e
isolamento no ministério.” (KILCHER, Carole Luke et al , 1980?, p. 8)
Para MIROWSKI e ROSS (1989) apud MOTA FRANCO e MOTTA
(1999) alienação é qualquer tipo de afastamento ou separação social. Os cinco
principais tipos de alienação descritos por SEEMAN (1959) apud MIROWSKI E
ROSS (1989) são:
impotência, autoestranhamento, isolamento, ausência de sentido e vazio. O
isolamento e seu oposto - existência de suporte social - referem-se aos
sentimentos individuais de maior ou menor separação da rede social e à
qualidade das interações pessoais. Dentro do contexto das tensões físicas e
psíquicas inerentes ao processo migratório, considerar estas dimensões pode
ajudar a compreender o empreendimento dos migrantes por uma adaptação
rápida e eficiente. No contexto psicológico, a impotência é interpretada como
um tipo de desamparo aprendido, resultante da frustração sentida após
repetidas exposições a estímulos negativos (...). Fracasso na adaptação pode
levar à passividade e o sucesso pode levar a uma postura mais ativa diante
das dificuldades. A dinâmica da interação social determinaria eventualmente o
padrão de controle da impotência diante dos problemas. (MIROWSKI e
ROSS,1989, p. 131)
37. 35
3.4 INTERFERÊNCIA NAS FINANÇAS COMO RESULTADO DAS
MUDANÇAS
A pesquisa com as esposas de pastor mostrou que 7% das esposas do
primeiro grupo, 4,5% das esposas do segundo grupo e 6% das esposas do
terceiro grupo se referiram às mudanças como fator que compromete as
finanças da família, pois trazem perdas materiais, em alguns casos a esposa
fica sem trabalho e fica difícil fazer investimentos em imóveis, por não se saber
onde estará no dia seguinte.
Levando-se em conta que as mudanças constituem um dos maiores
desafios enfrentados pela esposa de pastor, fez-se um levantamento dos
temas das revistas da Afam, uma publicação trimestral que tem como alvo as
esposas de pastor e esposas de anciãos da IASD. O periódico, de publicação
trimestral, editada em português e espanhol, surgiu em 2001 e atende aos
países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e
ilhas do Atlântico Sul.
Trinta e seis revistas foram analisadas e do total de artigos 3,6% se
referem diretamente ao desafio mudanças e suas conseqüências, 12% se
referem indiretamente a esse desafio, e 25% aborda a vida espiritual e a
missão da esposa de pastor. Diante análise das respostas das esposas,
sugere-se que o desafio enfrentado por elas seja mais abordado nas revistas
da Afam.
38. 36
CONCLUSÃO
No contexto dos desafios enfrentados pelas esposas de pastor na ativa,
o desafio mudanças ocupou o 3º. lugar entre as esposas de 20-30 anos e o 1º.
lugar nas respostas das demais esposas na ativa. Isso, por si só já é
significativo, demonstrando como as mudanças podem afetar as esposas de
pastor. Mas tal fato ainda se enfatizou na análise da porcentagem de respostas
que se referiram ao desafio solidão: 25% do total de esposas na ativa. A
relação entre mudanças e solidão pode se dar pelo fato de que, ao mudarem,
as mulheres deixam amigos, distanciam-se da família de origem e se isolam,
motivos que se destacam nas porcentagens de justificativas apresentadas
pelas mulheres para solidão. A dificuldade para lidar com a perda de amigos e
o distanciamento da família de origem, por cauda das mudanças, afeta 10% do
total das esposas na ativa. Esse dado é relevante, pois mais de 55% das
esposas na ativa citaram esses mesmos fatores como causas para a solidão.
Para as esposas jubiladas, mesmo que mudanças não tenha ocupado
lugar de destaque, solidão ocupou o 1º. lugar, ou seja, indiretamente elas
demonstraram a importância das mudanças no ranking de desafios das
esposas de pastor.
As respostas dos membros tanto de sexo feminino, quanto masculino
mostraram que as mudanças não são reconhecidas por eles como um dos
maiores desafios, sugerindo que não percebem de fato aquilo que pode ser um
grande desafio para a esposa de pastor.
Tanto as respostas das jubiladas quanto as respostas dos membros,
evidenciaram dois desafios que não estiveram em destaque nas respostas das
esposas ativas: aceitação da missão e envolvimento com a igreja. Essas
menções são significativas no contexto do desafio mudanças pelo fato de
estarem intimamente relacionados aos motivos das mudanças – uma missão a
ser aceita e uma igreja nova com a qual se envolver. Esses desafios, embora
mencionados em destaque apenas pelas esposas jubiladas e pelos membros
39. 37
podem estar no centro da realização da esposa de pastor, tendo grande
influência na reação da esposa de pastor frente às mudanças de domicílio.
A média de mudanças entre as esposas na ativa demonstrou que,
conforme aumentam os anos de trabalho, também aumenta o período entre as
mudanças. Embora haja exceções, as regras seguidas pelos administradores
para proceder as transferências pastorais dizem que o pastor iniciante precisa
passar por dois distritos pastorais entre os quatro e seis primeiros anos de
trabalho. Isso explica o maior número de mudanças entre esposas de 20 a 30
anos. Após a efetivação do pastor, as mudanças tendem a ocorrer após
períodos maiores de tempo.
As mudanças de domicílio, embora interfiram nos estudos e na carreira
profissional da esposa de pastor, não impedem que a maioria conclua seus
estudos e que exerça uma profissão dentro de sua área. A pesquisa mostrou
que mais de 75% das esposas de pastor na ativa são graduadas - número
maior que o de esposas jubiladas, 65%. Entre as esposas de 41 a 56 anos,
quase 50% são pós-graduadas. 50% das esposas ativas até 31 anos estão
inseridas no mercado de trabalho, dentro de sua formação profissional, e, a
partir dos 41 anos, essa porcentagem se eleva para 70%. É significativo levar-
se em conta que uma média de 14% das esposas ativas se consideram mães
que optaram, durante uma fase da vida, deixar as atividades profissionais para
segundo plano.
Levando em consideração que as transferências dos pastores não são
um processo realizado aleatoriamente, mas realizados de acordo com os
procedimentos recomendados pelos Regulamentos Eclesiástico-
Administrativos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, à disposição de todos os
pastores, sugere-se que as esposas de pastor busquem maiores informações a
respeito desses procedimentos, de forma que estejam melhor preparadas para
eventuais mudanças.
Quanto à justificativa adaptações foram mencionadas as adaptações dos
filhos, pelas mulheres cujos filhos estão em idade escolar. Também citou-se a
dificuldade para deixar uma igreja e ajustar-se à outra, mudar para cidades
pequenas e sem recursos, ajustar os móveis à nova casa, adaptar-se a novos
profissionais de saúde e de beleza, à nova rotina e novo ambiente, ajustar-se a
40. 38
culturas cujos hábitos, muitas vezes são radicais em relação à postura e
vestuário da mulher, como situações capazes de gerar insegurança,
ansiedade, incerteza e sentimento de perda.
A relação entre interferência nas finanças e mudanças foi feita por mais
de 5% das esposas ativas, ou seja, com a mudança, a esposa perde o
emprego e compromete o orçamento familiar. E também, por não se manterem
em endereço fixo, algumas acham difícil definir um local onde fazer algum
investimento financeiro.
Considerando as conclusões desta pesquisa a respeito das implicações
das mudanças na vida da esposa de pastor, sugere-se que este desafio seja
abordado com maior profundidade nas revistas da Afam, como também
discutido nos encontros de esposas de pastores e outros meios relacionados
ao ministério com o objetivo de continuar promovendo a elas suporte e preparo
para o enfrentamento desse desafio.
41. 39
BIBLIOGRAFIA
ABREU, Jacira Malafaia de. A Esposa do Pastor. Artur Nogueira: Gráfica da UCB,
1999, 48 p.
ADLER, Alfred. Conocimento Del Hombre. Colleccion Austral. 2ª. ed. Buenos Aires:
Ed. Espasa, 1948. 229 p.
ALMEIDA-FILHO, N. (1982). The psychosocial costs of development: labor, migration,
and stress in Bahia, Brazil. In: Latin American Research Review, 17, 91-
118. Disponível em: http://ibict.metodista.br/tedeSimplificado/tde_arquivos/2/TDE-
2006-07-31T182957Z-56/Publico/FERNANDA%20COSTA%20LUZ%20ROSSI.pdf
AROUCA, Lucila Schwantes. A igreja e a Esposa do Pastor. São Paulo: IAE. 1988.
31 p.
ARRAIS, Jonas. O que é a AFAM? REVISTA DA AFAM. Brasília. Evelyn Nagel, n. 3,
III trimestre, pág. 30, 2001.
BOEKESTIJIN, C. (1989). Intercultural migration and the development of personal
identity: the dilemma between identity maintenance and cultural adaptation. In:
International Journal of Intercultural Relations, 12, 83-105. „Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721999000100008
Acesso em 03 de dez. 2010, 14h15
BREITMAN & HATCH, Como dizer não sem sentir culpa; e como dizer sim a um
tempo maior disponível, à alegria e ao que é mais importante para você. Rio de
Janeiro: Racco. 2000. 267 p.
DESIDÉRIO, Fiorangela. Quando a solidão é preciso. In: Revista Brasileira de
Pesquisa em Psicologia; 2 (2): 65-67, abril, 1990.
DOBSON, Lorna. I am more than the pastor,s wife: authentic living in a fishbowl
world. Grang Rapids: Zondervan, 2003. 192 p.
42. 40
DOMENICO, Viviane Galhanone C. Di. Considerações sobre o sentimento de
solidão. In: Psikhe. 2(2) 25-26, 1996
DOUGLAS, William. Minister’s wives. New York: Harper & How, 1965. 265p.
DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher Sem Nome. 5. ed. São Paulo: Vida, 2000. 96 p.
FLECK, Claudia & WAGNER, Adriana. (2003) A mulher como principal provedora do
sustento econômico familiar. In: Psicologia em estudo, 8 (número especial). 2003p.
31-38.
FRANKL, Viktor. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração.
25ª. ed. (revista) – São Leopoldo : Sinodal; Petrópolis: Vozes, 2008. 176 p.
FRIESEN, Albert. Cuidando do casamento: Para conselheiros e casais. 1a. ed.
Curitiba: Esperança. 2004. 180 p.
GLEASON Jr., J. Perception of stress among clergy and their spouses. In: Journal of
Pastoral Care v. 31, p.248-251, 1977.
GUEDES, Meibel Mello. (org) Alguém no espelho refletindo Jesus. Curitiba: Sergraf.
1. ed. 2005. 143 p.
HINTS for a clergyman‟s wife. Anônimo. 1832.
KEMP, Jaime. Pastores em perigo: ajuda para o pastor, esperança para a igreja.
2. ed. São Paulo: Sepal. 1996. 95 p.
KILCHER, Carole Luke. et al. Estado de Ânimo no Ministério: Um Estudo da Esposa
de Pastor como Pessoa. O Ministério Adventista. Casa. Tatuí, no.1, p. 7-12,
jan./fev., 1983
KLEIN, Melanie. O sentimento de solidão: Nosso Mundo Adulto e Outros Ensaios.
Rio de Janeiro: Imago. 1971.156 p.
KÖHLER, Erton. (Revista da Afam, II trimestre de 2007, 4)
KUSMA, Kay. Vida Nova para a esposa de pastor. UCB. 2008. Artur Nogueira: UCB.
2008. 170 p.
LONDON Jr, H.B. Married to a Pastor: What can make being a minister's mate more of
a joy than a burden? In: The Parsonage. Disponível em:
http://www.parsonage.org/articles/A000000272.cfm. Acessado em 03 dez. 2010, às
10h36
MACE, David and MACE, Vera. What’s Happening to clergy Marriages. Nashville:
Abington. 1980. 55 p.
Mirowsky, J. & Ross, C.E. (1989). Alienation. In: Social causes of psychological
distress, (pp. 131-153). New York: A. Gruyter.
43. 41
MOTA, Eduardo Luiz Andrade; FRANCO, Anamélia Lins e Silva; MOTTA, Mirella
Cardoso. Psicol. Reflex. Crit. vol.12 n.1 Porto Alegre 1999, Migração, estresse e
fatores psicossociais na determinação da saúde da criança, Universidade Federal
da Bahia, Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721999000100008
Acesso em 03 de dez. 2010, 14h15
NETO, Francisco Lotufo. Psiquiatria e religião: a prevalência de transtornos mentais
entre ministros religiosos, 1997. 375 p. Dissertação (Livre Docência em Psiquiatria),
Faculdade de Medicina da USP.
NUESSLE, Karen. As cinco faces da esposa do pastor. O Ministério Adventista. Ano
51, no.6, nov/dez. 1984. Tatuí: Casa. Pág 10-12.
PEACH, Robert. Por favor, procure ajuda. O Ministério Adventista. Ano 63. No. 4
jul/ago.1992. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí.
PINHEIRO, Angela Alencar Araripe & TAMAYO Alvaro. Conceituação e definição de
solidão. In: Revista de Psicologia; 1(2):29-37 jan/jun.1984.
QUINODOZ, Jean-Michel. A solidão domesticada – a angústia de separação em
psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas. 1993. 202 p.
ROSSI, Fernanda Costa Luz. Psicanalítica: o sentimento de solidão e a saúde mental
de mulheres casadas. São Bernardo do Campo, 2005. 145 p. Dissertação (Mestrado
em Psicologia da Saúde). Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Universidade
Metodista de São Paulo, 2005.
REGULAMENTOS ECLESIÁTICO-ADMINISTRATIVOS 2010
REGULAMENTOS FINANCEIROS ASP – TESOURARIA 2010
SHELLEY, Barbara V. Boa para nada. O Ministério Adventista. Ano 62, no.15,
mai/jun. 1991. Casa. Tatuí. Pág 11 - 14.
STANTON, Sybil. The Twenty-Five Hour Woman Old Tappan. N.J.: Fleming H.
Revell Co., 1986, 46 p.
STOWELL, Elizabeth. Esposa. 2. ed. Brasília: Refúgio. 1984. 109 p.
RODRIGUES, Billy Graham. O que a esposa de pastor espera da igreja. Rio de
janeiro: Primeira Igreja Batista de Botafogo, 2008. Disponível em:
http://www.pibbotafogo.com.br/0,,NTC177-56,00.html
THOMPSON, Garth D. O ministro como pai. O Ministério Adventista. Ano 65, no.12,
nov/dez. 1990. Casa. Tatuí. Pág 23-26.
TORRES, Tania M. Lopes. Agridoce: a vida da esposa de pastor.1ª. Ed. Belo
Horizonte: Edição do Autor. 2009. 187 p.
WINNICOTT, Donald W., A capacidade de estar só.In: O ambiente e os processos
de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Tradução
44. 42
de Irineo Constantino e Schuch Ortiz, prefácio de José Outeiral. Porto Alegre. 1983
(original de 1958).
WITTSCHIEBE, Charlie. A esposa do pastor vista por um conselheiro. O Ministério
Adventista, Ano 49, no.4, jul/ago. 1983. Casa. Tatuí.
ANEXOS
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO PARA ESPOSAS DE PASTOR NA ATIVA
Este questionário faz parte de uma pesquisa, cujo tema é Os Três
Maiores Desafios da Esposa de Pastor da IASD na Primeira Década do Século XXI.
Seu objetivo é identificar as três maiores dificuldades que desafiam a esposa de
pastor. O questionário não pede que se coloque o nome, para que haja maior
liberdade e honestidade nas respostas. Porém, se você fizer questão de se identificar,
ou mesmo, se desejar incluir algumas observações que considerar pertinentes, sinta-
se livre para tanto. Responda às questões subjetivas, procurando especificar
exatamente aquilo que você pensa.
1. Preencha.
Associação atual: Idade:
Tempo de obra: No. de mudanças (mesmo que na
45. 43
mesma cidade):
Formação acadêmica: Profissão que exerce:
No. de filhos e idade: Tem netos?
Anos de casamento: Observações que queira fazer:
2. Faça uma lista dos 03 maiores desafios (dificuldades) que você encontra
como esposa de pastor. Explique o que achar conveniente sobre cada um,
utilizando o espaço que for necessário.
3. Faça uma lista dos 03 maiores desafios que você acha que as demais
esposas de pastor enfrentam. (Não é preciso fazer comentários.).
4. Mencione 03 motivos para ser uma esposa de pastor e explique se achar
conveniente.
Obrigada por responder essas questões.
Mirian Montanari Grüdtner
ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO PARA ESPOSAS DE PASTOR JUBILADAS
Este questionário faz parte de uma pesquisa, cujo tema é Os Três
Maiores Desafios da Esposa de Pastor da IASD na Primeira Década do Século XXI.
Assim, este trabalho, de cujo questionário você fará parte, tem como objetivo
identificar as três maiores dificuldades que desafiam a esposa de pastor, nesta
primeira década de século. O questionário não pede que se coloque o nome, para que
haja maior liberdade e honestidade nas respostas. Porém, se você fizer questão de se
identificar, ou mesmo, se desejar incluir algumas observações que considerar
pertinentes, sinta-se livre para tanto. Responda às questões subjetivas, procurando
especificar exatamente aquilo que você pensa.
5. Preencha a tabela.
Último campo em que trabalhou: Idade:
Tempo de obra: No. de mudanças (mesmo que na
mesma cidade):
Formação acadêmica: Profissão que exerce:
46. 44
No. de filhos e idade: Tem netos?
Anos de casamento: Observações que queira fazer:
6. Faça uma lista dos 03 maiores desafios (dificuldades) que você encontrou
como esposa de pastor. Explique o que achar conveniente sobre cada um,
utilizando o espaço que for necessário.
7. Faça uma lista dos 03 maiores desafios que você acha que as demais
esposas de pastor enfrentam. (Não é preciso fazer comentários.).
8. Mencione 03 motivos para ser uma esposa de pastor e explique se achar
conveniente.
Obrigada por responder essas questões! Mirian Montanari Grüdtner
ANEXO 3 - QUESTIONÁRIO PARA FUTURAS ESPOSAS DE PASTOR
Este questionário faz parte de uma pesquisa de pós-graduação, cujo tema é Os
Três Maiores Desafios da Esposa de Pastor, como pré-requisito para obtenção do
título de Conselheira Familiar, nas Faculdades SPEI, de Curitiba, Paraná. A aluna,
Mirian Montanari Grüdtner, é filha de pastor, esposa de pastor e irmã de três esposas
de pastor e reside em Curitiba.
1. Preencha a tabela.
Escola em que estudam(a): Casada, namorada ou noiva?
Idade: Se casada, tempo de casamento:
Formação acadêmica (se ainda estuda, Filhos? Qual a idade?
especifique o ano):
Profissão: Observações que queira fazer?
2. De acordo com o que você tem observado, atualmente, quais sãos os três maiores
desafios da esposa de pastor? Explique.
3. Como você está se preparando para enfrentar esses desafios?
4. Você acha que o SALT provê preparo suficiente para que as futuras esposas de
pastor possam enfrentar os desafios do Ministério? Se não, o que você acha que
pode ser melhorado?
47. 45
Por gentileza, assim que responder, devolva-o para que a pesquisa seja
efetivada. Obrigada.
Mirian Montanari Grüdtner (grumon_grumon@hotmail.com)
ANEXO 4 - QUESTIONÁRIO PARA MEMBROS DE IGREJA
As questões abaixo fazem parte de uma pesquisa sobre os desafios da esposa de
pastor na primeira década do século XXI. Você não precisa se identificar, mas é
preciso ser membro batizado da IASD. Por gentileza, responda cada uma das
perguntas e envie para Mirian Montanari Grüdtner grumon_grumon@hotmail.com .
1. Indique sexo e idade:
2. Mencione a maior qualidade que você observou numa esposa de pastor.
3. Mencione o maior defeito que você observou numa esposa de pastor.
4. Como membro de igreja, o que você espera de uma esposa de pastor?
5. De acordo com suas observações, você poderia citar qual o maior desafio de
uma esposa de pastor?
Obrigada por responder às questões! Mirian Montanari Grüdtner
ANEXO 5 - ENTREVISTA COM ADMINISTRAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO
1. O que a administração espera da esposa do pastor?
A administração não espera que a esposa do pastor tenha funções ou cargos
na igreja, mas que seja esposa e mãe que inspire a igreja na educação dos
filhos, na liderança da família e no cuidado do lar. Ela não deveria assumir
funções em determinada igreja para poder apoiar, como conselheira, todos os
departamentos das igrejas. Mas se ela preferir, que tenha função com a qual
se identifique. Não se espera que a esposa de pastor toque piano, cante, ou
que esteja sempre presente em todos os eventos, programações, etc. Sua
prioridade é ser esposa e mãe. Nem sempre ela pode acompanhar o marido,
principalmente se tem filhos pequenos, circunstância pela qual é recomendável
que ela se fixe numa igreja para manter ali os filhos. É papel da esposa estar
em sintonia com o marido, inteirando-se dos projetos nos quais está envolvido
e dos problemas que possa estar enfrentando, para compreender e ajudar. Ela,
dentro do possível, deve participar dos cultos regulares da igreja; deve falar
aos filhos de modo positivo a respeito da Igreja, pois muitas outras profissões
não dão tantos privilégios e compensações como a Igreja, portanto, ela não
deve criticar ou fazer comentários negativos, para que os filhos não tenham
48. 46
ideias amarguradas sobre a Obra. Algumas esposas acham q devem ser
líderes como os maridos, interferindo na liderança dele; a liderança é do marido
e não dela. A liderança também espera compreensão por parte das esposas
por ocasião dos chamados. Deve haver compreensão e diálogo do casal em
relação às ausências do marido aos cultos domésticos e ao processo de
educação. Mesmo ausente, o marido precisa saber administrar o lar, pois ainda
é o responsável. As regras devem ser feitas pelo casal e aplicadas pela
esposa, na ausência do marido. Se a esposa é sobrecarregada, sem o apoio
do marido, um dia os filhos cobrarão isso do pai... A igreja deveria ter essa
noção das prioridades de uma esposa de pastor e compreender o seu papel. O
marido deve ter clara consciência do papel dela, e a esposa também deve
saber quais são as suas prioridades e o seu papel.
2. Como ocorrem as transferências e chamados?
O pastor aspirante muda a cada dois anos. Entre os quatro e seis primeiros
anos ele precisa passar por dois distritos, pelo menos, para ser submetido ao
processo de ordenação (quando recebe sua credencial e a autorização para
ministrar cerimônias, as quais não podia ministrar antes). Depois da
ordenação, as transferência podem ocorrer a cada quatro anos, chegando a
seis anos ou mais, excepcionalmente.” A transferência é normalmente em
função de tempo e de chamados de outros campos. Quando o chamado é para
fora da União, o pastor pode aceitar ou não; quando é dentro da União, seria
sábio aceitar, mas ele pode rejeitar; dentro do Campo, as mudanças são feitas
de acordo com o perfil do pastor, sua função, a compatibilidade e a
necessidade do Campo. Isso passa por votação. Quando o chamado é para
fora da União, ou interunião, o pastor pode aceitar ou não; quando é dentro da
União, seria sábio aceitar, mas ele pode rejeitar; dentro do Campo, as
mudanças são transferências feitas de acordo com o perfil do pastor, sua
função, compatibilidade e a necessidade do Campo. Isso passa por votação.
No caso de igrejas grandes a Associação faz uma parceria, ou seja, leva em
consideração as informações dadas pela igreja em relação ao pastor vigente
ou ao que virá, analisa junto com a igreja, a qual participa da Comissão Diretiva
para definir o novo candidato ao cargo. A Comissão Diretiva se compõe de
membros de todos os segmentos da igreja: representantes de cada
departamento, da loja, da tesouraria, dos diretores de escola, um membro de
igreja para cada quatro mil membros e a Administração do Campo. O maior
desafio da Administração é encaixar cada obreiro, respeitando as condições da
família. Por exemplo, pastor aspirante e sem filhos, normalmente vai para o
interior, onde normalmente não há escolas adventistas.
3. Ao se fazer uma transferência, as características profissionais da esposa
também são levadas em conta?
Na medida do possível são levadas em conta, mas não são determinantes.
Algumas profissões dificultam a busca de empregos...
4. Como acontece uma transferência?
49. 47
A comissão diretiva se reúne e define a transferência. O secretário da
comissão faz a comunicação ao obreiro. Às vezes surgem reclamações.
Quando o obreiro ou a esposa não tem senso de missão, um chamado
aparentemente desagradável pode ser visto de modo negativo, tanto quanto
um chamado que favorece as conveniências do pastor ou da esposa é visto de
forma positiva.
5. Fale sobre a ordenação.
Antes da ordenação, o aspirante tem uma licença ministerial. Com a
ordenação, o pastor passa a ser pastor, recebendo a credencial. Antes da
ordenação ele pode ministrar unção, ceia, apresentação de criança, batismo,
apenas com autorização do presidente da Associação; mas não pode dar a
bênção e ministrar os votos do casamento. Após a ordenação, o pastor está
autorizado para tanto. Ele realmente se torna um pastor após a ordenação. Ele
pode ser ordenado até o sexto ano de ministério, Duas avaliações são feitas,
analisadas na Comissão Ministerial e votadas na Comissão Diretiva da
Associação ou Missão e na Comissão Diretiva da União. Ele realiza uma prova
bíblica, doutrinária e de procedimentos do manual da igreja, e então a votação
em favor da ordenação se processa. Essa avaliação é feita com todos os
oficiais do distrito contendo vinte perguntas envolvendo capacidade de
liderança, atuação na igreja, aparência, e a respeito da esposa e filhos. Ele
precisa ser aprovado em duas avaliações. Se for reprovado, deve se submeter
novamente às avaliações.
ANEXO 6 – ENTREVISTA COM LÍDER DE SEMINÁRIO TEOLÓGICO
ADVENTISTA
1. Quantos novos pastores saem do SALT e iniciam o ministério a cada ano?
Desses iniciantes, quantos são solteiros e quantos são casados, em média?
Em 2008 foram 107 formandos, sendo 71 casados. Em 2009 foram 94
formandos, sendo 64 casados. Assim, temos uma média de quase 2/3 de
casados.
3. Quais as ações do Seminário em relação ao preparo do pastor para os
desafios do Ministério, além do preparo acadêmico, doutrinário, etc?
Nossos alunos recebem preparo em teologia, mas também em outras áreas
relacionadas, tais como filosofia, sociologia, comunicação, aconselhamento,
família, música e línguas. O seminário mantém, ainda, um forte programa de
estágios na área pastoral e evangelística. Além disso, boa parcela de nossos
alunos atuam como colportores durante as férias escolares.
50. 48
4. Quais as expectativas do Seminário em relação às esposas dos pastores que
saem daqui para o campo de trabalho?
Esperamos que a esposa do pastor recém graduado seja tão apaixonada pela
igreja e o ministério quanto ele. Que seja uma força positiva junto ao esposo,
uma amiga dos irmãos, use seus dons (que variam de pessoa para pessoa)
para abençoar sua igreja, auxilie seu esposo na visitação e no aconselhamento
e que em sua aparência, vestuário e conduta, sirva de exemplo para as
mulheres com quem deve lidar.
5. O senhor acha que as ações relacionadas ao preparo das futuras esposas de
pastor para o enfrentamento dos desafios do Ministério, realizadas nas escolas
de teologia adventistas, são suficientes e eficientes? Se não, o que pode ser
melhorado?
A escola oferece muitas oportunidades: são aulas, palestras, simpósios,
semanas especiais, oficinas – com professores e palestrantes da melhor
qualidade. Todavia, não podemos obrigar as noivas ou esposas de nossos
alunos a participar. O que fazemos é oferecer e incentivar, mas cabe a cada
uma se interessar e se envolver. Portanto, dentro de nossa realidade, creio
estarmos oferecendo um bom programa de capacitação para elas. Todavia,
seria interessante que pessoas qualificadas, visitassem o campus e fizessem
uma pesquisa entre elas para termos uma compreensão mais pontual da
realidade.
6. Além das ações do SALT, quais outros procedimentos da Organização o
senhor acha que podem ser significativos para dar suporte ao pastor e à sua
esposa em campo?
Penso que aqueles que estão dando os primeiros passos no ministério pastoral
deveriam, juntamente com as esposas, ter um acompanhamento mais de perto
do ministerial do campo. Seria muito produtivo que ele pudesse se reunir com
eles de quando em quando, de preferência casal por casal, e ouvi-los e
aconselhá-los.
ANEXO 7 - ENTREVISTA COM LÍDER DE AFAM
1. Função: Coordenadora da AFAM
2. Quais são os objetivos de uma AFAM?
Ter interesse em atender as necessidades das esposas dos pastores;
Encorajar a Associação/Missão a incluir cada esposa de pastor nas
atividades que eles planejam para os ministros;
Promover encontros, seminários
Atuar como porta voz entre os administradores da Associação /Missão
e a AFAM;
51. 49
Demonstrar preocupação pela família pastoral em tempos de alegria,
estresse ou crise – mudança, nascimento de um filho batismo do filho,
morte, transição ou enfermidade.
Divulgar e entregar a revista trimestral da AFAM.
3. Onde as AFAMS estão presentes?
Em todos os segmentos da Igreja Adventista: Conferência Geral, Divisão,
União , Associações, Missões e nos cursos de Graduação de Teologia (para
esposas e noivas de teologandos).
4. Como líder de AFAM, quais são os maiores desafios que você percebe entre
as esposas de pastor?
São muitas as peculiaridades da vida de uma esposa de pastor. Seus desafios
são reais. Vou enumerar três:
Lidar com as muitas expectativas (Organização, igreja, esposo e a dela
própria)
Ausência do esposo e conseqüentemente sobrecarga na educação dos
filhos
Solidão (isolamento, falta de amizades) entre outros.
5. Você acha que as AFAMs em geral atendem às necessidades das esposas de
pastor? Por quê?
Penso que existe um longo caminho a ser percorrido para que os objetivos
sejam alcançados de fato. A falta de remuneração das líderes é uma
dificuldade hoje, sendo agravada por acúmulo de funções com outros
departamentos.
6. A organização superior provê algum manual para as atividades da AFAM,
planejamento de atividades ou cada campo faz seu próprio programa?
Existe um guia com as diretrizes gerais. Dentro disso cada campo organiza seu
próprio programa.
7. Como líder de AFAM, o que você espera das esposas de pastor do campo?
Algumas esposas dizem que a Associação cobra delas muitas atividades na
igreja. Você concorda com isso?
Espero que elas sejam mulheres felizes, que se sintam filhas amadas de Deus,
esposas realizadas, boas mães e que na medida do possível se envolvam em
alguma área da igreja que tenha afinidade. Ela não precisa ser associada do
pastor, mas é muito importante se envolver em alguma área. É bom pra ela, é
bom para igreja é bom para o esposo. Aliás o nosso envolvimento segundo os
nossos dons, não estar associado a ser esposa de pastor, é o dever de todo
cristão.
Quanto às cobranças isso pode variar de uma líder para outra. Já tive líderes
com expectativas grandes quanto ao meu envolvimento nas atividades da
igreja e já tive líderes que não tinham tantas expectativas. Como líder,
incentivo que elas se envolvam em alguma área que tenham afinidade.
8. Você concorda que na maioria das vezes a igreja cobra demais da esposa de
pastor?
Em determinadas regiões ainda se cobra sim, mas tenho visto uma mudança
nesse paradigma. Existem congregações muito compreensivas.