O documento discute a teoria psicológica de Jean Piaget conhecida como psicologia genética. Piaget propôs esta teoria para responder à questão epistemológica sobre as condições do conhecimento. Segundo Piaget, o conhecimento se desenvolve através de um processo de interação entre o sujeito e o mundo, e não é inato nem originado apenas da experiência sensível. O desenvolvimento ocorre por meio de processos de assimilação e acomodação que visam o equilíbrio e permitem ao suje
2. Objeto de EstudoObjeto de Estudo
Piaget elabora uma nova teoria psicológica – a PsicologiaPiaget elabora uma nova teoria psicológica – a Psicologia
Genética – para responder à questão epistemológicaGenética – para responder à questão epistemológica
relativa àsrelativa às
condições do conhecimentocondições do conhecimento..
A teoria pretende esclarecer “como muda e evolui oA teoria pretende esclarecer “como muda e evolui o
conhecimento – o conhecer - já que o mesmo éconhecimento – o conhecer - já que o mesmo é
compreendido como um processo”compreendido como um processo”
(Coll e Marti, 1995, p.106).(Coll e Marti, 1995, p.106).
3. Narrativas...Narrativas...
““Barriga de Leite”Barriga de Leite”
Minha caçulinha perguntou:Minha caçulinha perguntou:
““Por que a barriga da mulher murcha depois quePor que a barriga da mulher murcha depois que
ela tem nenê?”ela tem nenê?”
Eu abri a boca para explicar, mas meu filhoEu abri a boca para explicar, mas meu filho
maior se adiantou:maior se adiantou:
““É porque o bebê vai bebendo o leite ...”É porque o bebê vai bebendo o leite ...”
4. Construtivismo PiagetianoConstrutivismo Piagetiano
A perspectiva de Piaget em relação às condições doA perspectiva de Piaget em relação às condições do
conhecimento afasta-se tanto das abordagensconhecimento afasta-se tanto das abordagens inatistasinatistas
quantoquanto empiristasempiristas..
.. As estruturas cognitivasAs estruturas cognitivas não são inatasnão são inatas..
..O conhecimentoO conhecimento nãonão se origina dase origina da experiênciaexperiência
sensívelsensível..
5. PsicogênesePsicogênese
As estruturas cognitivas, assim como as afetivas e sócio-As estruturas cognitivas, assim como as afetivas e sócio-
morais sãomorais são construídasconstruídas através daatravés da interaçãointeração do sujeitodo sujeito
com o mundo físico e social.com o mundo físico e social.
Os conteúdos do conhecimento, assim como a própriaOs conteúdos do conhecimento, assim como a própria
inteligênciainteligência desenvolvem-sedesenvolvem-se em função das exigênciasem função das exigências
dede adaptaçãoadaptação ao mundo.ao mundo.
OO sujeitosujeito constitui-se através da complexa dinâmica daconstitui-se através da complexa dinâmica da
psicogênese.psicogênese.
6. Inteligência e AdaptaçãoInteligência e Adaptação
Piaget “considera que só oPiaget “considera que só o conhecimentoconhecimento
possibilita ao homem um estado depossibilita ao homem um estado de equilíbrioequilíbrio
internointerno que o capacita aque o capacita a adaptar-seadaptar-se ao meioao meio
ambiente”ambiente”
(Rappaport, 1981, p.52).(Rappaport, 1981, p.52).
7. Narrativas...Narrativas...
Ana presenciando uma operação de depósitoAna presenciando uma operação de depósito
na máquina, corre para dentro do banco. Explicana máquina, corre para dentro do banco. Explica
que foi ver “o moço que fica atrás da máquinaque foi ver “o moço que fica atrás da máquina
para pegar o envelope”.para pegar o envelope”.
Teo não aceita trocar as duas moedas deTeo não aceita trocar as duas moedas de
cinquenta centavos por outra de um real, pensacinquenta centavos por outra de um real, pensa
que estão tentando enganá-lo.que estão tentando enganá-lo.
8. Invariantes FuncionaisInvariantes Funcionais
““Segundo Piaget, o que herdamos de positivo eSegundo Piaget, o que herdamos de positivo e
construtivo é umconstrutivo é um modo de funcionamento intelectual.modo de funcionamento intelectual.
Não herdamos estruturas cognitivas como tais;Não herdamos estruturas cognitivas como tais;
estas passam a existir apenas no decorrer doestas passam a existir apenas no decorrer do
desenvolvimento. O que herdamos é umdesenvolvimento. O que herdamos é um modusmodus
operandi,operandi, uma maneira específica de transaçãouma maneira específica de transação
com o ambiente”com o ambiente”
(Flavell, 1988, p.43).(Flavell, 1988, p.43).
9. Invariantes FuncionaisInvariantes Funcionais
Organização:Organização: Estrutura ou coerência dos processos intelectuais.Estrutura ou coerência dos processos intelectuais.
“Acordo do pensamento consigo mesmo”.“Acordo do pensamento consigo mesmo”.
Adaptação:Adaptação: Ajuste em relação ao meio ambiente. “Acordo doAjuste em relação ao meio ambiente. “Acordo do
pensamento com as coisas”. Realiza-se através dos processos de:pensamento com as coisas”. Realiza-se através dos processos de:
AssimilaçãoAssimilação -- Interpretação da realidade externa de acordo com aInterpretação da realidade externa de acordo com a
organização cognitiva do indivíduo.organização cognitiva do indivíduo.
AcomodaçãoAcomodação -- Ajuste das estruturas intelectuais às propriedadesAjuste das estruturas intelectuais às propriedades
especiais da realidade apreendida.especiais da realidade apreendida.
10. Adaptação e DesenvolvimentoAdaptação e Desenvolvimento
““AA atividade intelectualatividade intelectual é sempre um processo ativo eé sempre um processo ativo e
organizado deorganizado de assimilaçãoassimilação do novo ao velho e dedo novo ao velho e de
acomodaçãoacomodação do velho ao novo”do velho ao novo”
(Flavell, 1988, p.17).(Flavell, 1988, p.17).
Tal dinâmica, governada pelo princípio deTal dinâmica, governada pelo princípio de equilibraçãoequilibração
majorante,majorante, possibilita o desenvolvimento de estruturaspossibilita o desenvolvimento de estruturas
cognitivas cada vez mais complexas e eficientes no quecognitivas cada vez mais complexas e eficientes no que
tange àtange à adaptaçãoadaptação..
11. Invariantes Funcionais e DesenvolvimentoInvariantes Funcionais e Desenvolvimento
Desafios Mundo Físico e SocialDesafios Mundo Físico e Social
DesequilíbrioDesequilíbrio
Atividade AdaptativaAtividade Adaptativa
Assimilação AcomodaçãoAssimilação Acomodação
DesenvolvimentoDesenvolvimento
Estruturas EstruturasEstruturas Estruturas
Cognitivas Sócio-moraisCognitivas Sócio-morais
Autonomia AutonomiaAutonomia Autonomia
Intelectual MoralIntelectual Moral
EquilibraçãoEquilibração
Sujeito EpistêmicoSujeito Epistêmico
12. Adaptação e DesenvolvimentoAdaptação e Desenvolvimento
““Todo comportamento tende a assegurar umTodo comportamento tende a assegurar um
equilíbrio dos intercâmbios entre sujeito eequilíbrio dos intercâmbios entre sujeito e
ambiente (...) com o fim de conservar suaambiente (...) com o fim de conservar sua
organização interna dentro de alguns limites queorganização interna dentro de alguns limites que
marcam a fronteira entre a vida e a morte”marcam a fronteira entre a vida e a morte”
(Coll; Marti, 1995, p. 108).(Coll; Marti, 1995, p. 108).
O desenvolvimento ou construção do sujeitoO desenvolvimento ou construção do sujeito
corresponde ao aperfeiçoamento dessascorresponde ao aperfeiçoamento dessas
atividades adaptativas.atividades adaptativas.
13. DesenvolvimentoDesenvolvimento
““Piaget concebe oPiaget concebe o desenvolvimento cognitivodesenvolvimento cognitivo
como uma sucessão de estágios ecomo uma sucessão de estágios e
subestágios caracterizados pela formasubestágios caracterizados pela forma
especial em que os esquemas – de ação ouespecial em que os esquemas – de ação ou
conceituais – se organizam e se combinamconceituais – se organizam e se combinam
entre si formando estruturas”entre si formando estruturas”
(Coll; Marti, 1995, p. 106).(Coll; Marti, 1995, p. 106).
14. Condições do DesenvolvimentoCondições do Desenvolvimento
Maturação.Maturação.
Experiência com os objetos.Experiência com os objetos.
Experiência com as pessoas.Experiência com as pessoas.
Princípio de “equilibração majorante”, quePrincípio de “equilibração majorante”, que
atua a título de coordenação.atua a título de coordenação.
16. Do Particular para o GeralDo Particular para o Geral
De início as estratégias cognitivas são maisDe início as estratégias cognitivas são mais
específicas, aplicam-se a situaçõesespecíficas, aplicam-se a situações
determinadas. Aos poucos tornam-se maisdeterminadas. Aos poucos tornam-se mais
complexas, mais abrangentes, ou seja,complexas, mais abrangentes, ou seja,
podem ser empregadas para lidar com umapodem ser empregadas para lidar com uma
diversidade de problemas.diversidade de problemas.
17. Dos Recortes Espaço-Temporais aoDos Recortes Espaço-Temporais ao
Fluxo Espaço-TemporalFluxo Espaço-Temporal
Inicialmente, as estratégias cognitivas e aInicialmente, as estratégias cognitivas e a
própria experiência de mundo restringem-própria experiência de mundo restringem-
se ao momento presente e ao espaçose ao momento presente e ao espaço
imediato. Mais tarde, ambos estarãoimediato. Mais tarde, ambos estarão
associados ao tempo e espaço quaseassociados ao tempo e espaço quase
ilimitados.ilimitados.
18. Do Estático para o DinâmicoDo Estático para o Dinâmico
Ao longo do desenvolvimento, asAo longo do desenvolvimento, as
estruturas intelectuais associam-se de modoestruturas intelectuais associam-se de modo
crescente à transformação. Acrescente à transformação. A
reversibilidade, que caracteriza asreversibilidade, que caracteriza as
operações intelectuais (o pensamentooperações intelectuais (o pensamento
propriamente dito), evidencia talpropriamente dito), evidencia tal
dinamismo.dinamismo.
19. Do Concreto para o AbstratoDo Concreto para o Abstrato
A inteligência identifica-se inicialmenteA inteligência identifica-se inicialmente
com ação concreta e direta sobre oscom ação concreta e direta sobre os
objetos.objetos. Aos poucos, ocorre uma interiorizaçãoAos poucos, ocorre uma interiorização
através das funções simbólicas. Por fim osatravés das funções simbólicas. Por fim os
instrumentos do conhecimento alcançam oinstrumentos do conhecimento alcançam o
máximo de abstração ao se constituírem comomáximo de abstração ao se constituírem como
operações formais.operações formais.
20. Do Egocentrismo à ObjetividadeDo Egocentrismo à Objetividade
No início do desenvolvimento, o eu seNo início do desenvolvimento, o eu se
impõe como centro ou referência absoluta.impõe como centro ou referência absoluta.
Gradualmente tem lugar uma diferenciaçãoGradualmente tem lugar uma diferenciação
crescente vinculada à abordagem cada vezcrescente vinculada à abordagem cada vez
mais objetiva e fiel da realidade.mais objetiva e fiel da realidade.
21. Dos Recursos mais PrimáriosDos Recursos mais Primários
para os mais Eficazespara os mais Eficazes
Considerando-se oConsiderando-se o homemhomem como um sercomo um ser
orientado para a adaptação ao meio, observam-orientado para a adaptação ao meio, observam-
se constantes processos de reorganizaçãose constantes processos de reorganização
cognitiva visando ao maior equilíbrio. Isto quercognitiva visando ao maior equilíbrio. Isto quer
dizer que as estruturas intelectuais aperfeiçoam-dizer que as estruturas intelectuais aperfeiçoam-
se ao longo do desenvolvimento e assim lidamse ao longo do desenvolvimento e assim lidam
cada vez mais eficientemente com as situaçõescada vez mais eficientemente com as situações
da vida.da vida.
22. Exacerbação da ConsciênciaExacerbação da Consciência
Associado às tendências de objetividade e eficáciaAssociado às tendências de objetividade e eficácia
crescentes, observa-se um processo pelo qual ocrescentes, observa-se um processo pelo qual o
indivíduo supera a inconsciência inicial de suaindivíduo supera a inconsciência inicial de sua
identidade e dos limites do mundo. Noidentidade e dos limites do mundo. No estágio dasestágio das
operações formais,operações formais, conquista a consciência dosconquista a consciência dos
próprios processos cognitivos e das estruturas psíquicaspróprios processos cognitivos e das estruturas psíquicas
em geral. O ser humano constitui-se então como sujeitoem geral. O ser humano constitui-se então como sujeito
ativo capaz de conhecer o mundo e a sua própriaativo capaz de conhecer o mundo e a sua própria
natureza de sujeito cognoscente.natureza de sujeito cognoscente.
23. Psicogênese e EducaçãoPsicogênese e Educação
““A aprendizagem, entendida comoA aprendizagem, entendida como construçãoconstrução de conhecimento,de conhecimento,
pressupõe entender tanto sua dimensão como produto quantopressupõe entender tanto sua dimensão como produto quanto
sua dimensão como processo, isto é, o caminho pelo qual ossua dimensão como processo, isto é, o caminho pelo qual os
alunos elaboram pessoalmente os conhecimentos. Ao aprender,alunos elaboram pessoalmente os conhecimentos. Ao aprender,
o que muda não é apenas a quantidade de informação que oo que muda não é apenas a quantidade de informação que o
aluno possui sobre um determinado tema, mas também a suaaluno possui sobre um determinado tema, mas também a sua
competência (aquilo que é capaz de fazer, de pensar,competência (aquilo que é capaz de fazer, de pensar,
compreender), a qualidade do conhecimento que possui e ascompreender), a qualidade do conhecimento que possui e as
possibilidades pessoais de continuar aprendendo. (...) O ensino épossibilidades pessoais de continuar aprendendo. (...) O ensino é
entendido como um conjunto de ajudas ao aluno e à aluna noentendido como um conjunto de ajudas ao aluno e à aluna no
processo de construção do conhecimento e na elaboração doprocesso de construção do conhecimento e na elaboração do
próprio desenvolvimento”próprio desenvolvimento”
(Coll et al., 1997)(Coll et al., 1997)