SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Economia
Bacharelado em Relações Internacionais
Teoria das Relações Internacionais I
Marinara Moreira Oliveira




               OS REALISTAS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS




                                            Trabalho apresentado à disciplina
                                       Teoria das Relações Internacionais sob
                                           a orientação da professora doutora
                                                Marrielle Maia Alves Ferreira,
                                          como requisito parcial de avaliação.




                            Uberlândia, Outubro de 2012.
Diferenças entre o Realismo Clássico e o Neorrealismo

       A elaboração da teoria realista se dará no século XX a partir dos
trabalhos de E.H. Carr (Vinte Anos de Crise) e Hans Morgenthau (A Política
entre as Nações), mas a sua base de pensamento nascida Ciência política
possuirá origens antigas. Hans Morgenthau (A Política entre as Nações)
definiu, “o realismo é uma teoria que explica como a política internacional
realmente é uma luta interminável pelo poder”. Os Estados são os únicos
atores para essa corrente teórica, alem disso, esses atores decidem
racionalmente sobre a relação de custo beneficio, procurando no mínimo de
autopreservação maximizar seu poder. Nesse sentido, a preocupação central
na agenda do Estado é sua sobrevivência e segurança. O cenário internacional
é caracterizado pela anarquia, pois não existe uma entidade superior aos
Estados que possua monopólio legitimo do uso da força. Waltz critica a lógica
clássica de que o sistema internacional seja o somatório das capacidades
individuais de cada Estado. Se assim fosse, não haveria como o próprio
sistema se auto regular o que é um contra senso.

       O Neorrealismo de Waltz é baseado em “propor leis gerais para
explicar os eventos no sistema internacional. Simplificando explanações de
comportamento porque acham que saberiam explicar e prever melhor
tendências gerais” (MINGST, 1999). De acordo com a visão neorrealista, o
sistema internacional é a estrutura dentro da qual se processam as Relações
Internacionais, delimitando a atuação dos agentes, isto é, os Estados, segundo
parâmetros da socialização e da competição. Ou seja, sistema é constituído
de estrutura e de unidades em interação.

       O sistema determina as ações dos atores que, por sua vez, influenciam
as transformações da estrutura a partir de suas ações em um argumento de
certa forma circular. A socialização se refere ao compromisso do Estado a
certas regras de conduta e a competição é o equilíbrio de poder. Em qualquer
uma destas condições, predomina para os Estados a lógica do self-help . De
acordo com esta lógica, os Estados somente podem contar consigo mesmos
para sua proteção e sobrevivência e, mais do que nações expansionistas,
convertem-se   em    defensores   de   posição.    (PECEQUILO,2010).     Esse
neorrealismo também conhecido como realismo estrutural, avança no que diz
respeito às interações interno externo, mas não investe muito na resolução dos
dilemas relativos à cooperação dos estados.
Unidade, Sistema e Estrutura.

        Levando em consideração que o sistema é constituído de estrutura e
de unidades em interação. Os Estados são as unidades que são os principais
atores internacionais, pois só eles conferem aos demais os caminhos e a base
para que haja fluidez no sistema (DINIZ, 2007).
         A teoria sistêmica proposta por Waltz não analisa as características
individuais de cada unidade que interage dentro do sistema, mas sim os efeitos
resultantes dessa interação - efeitos estruturais. Como a teoria sistêmica não
se preocupa com as causas das interações, mas com os resultados dessas,
Waltz define estrutura a partir de três aspectos: ordenação, especificação das
funções das unidades e a distribuição de recursos entre as unidades (WALTZ,
2002). Uma estrutura pode ser ordenada por subordinação (quando há uma
unidade superior às demais e que, de alguma forma, orienta a ordenação),
onde teremos um sistema hierárquico; e, por outro lado, pode ser ordenado
por coordenação, o que leva a um sistema anárquico (WALTZ, 2002).

      Conforme o grau de diferenciação das unidades que interagem no
sistema, podemos classificá-las, segundo Waltz, como, por exemplo,
em unidades altamente diferenciadas, onde teremos, logo, uma estrutura com
sistema diferenciado; ou então, unidades pouco especializadas, tornando
o sistema, concentrador ou pouco diferenciado. (WALTZ, 2002).
        As unidades em interação no sistema disputam pela apropriação de
capacidades, ou indiretamente, pelas possíveis vantagens que seriam obtidas
por essas capacidades, apontadas por Waltz como recursos sistêmicos. Em
sistemas hierárquicos a competição por recursos sistêmicos é controlada pela
unidade-mor; em sistemas anárquicos, a disputa torna-se o fator delimitador do
próprio sistema, já que a própria competição por recursos sistêmicos justifica o
comportamento das unidades em interação e suas aspirações. (WALTZ, 2002).
Diferenças entre Neorrealismo Defensivo e Ofensivo
Existe uma divisão significativa entre os realistas estruturais,que se reflete na
questão da quantidade suficiente de poder.
Neorrealismo defensivo

         De acordo com Waltz, “a sobrevivência é um pré-requisito para
alcançar qualquer objetivo que os Estados possam ter (...) o motivo da
sobrevivência é visto como base de ação num mundo onde a segurança dos
Estados não é garantida e não como uma descrição realista do impulso que
está por detrás de qualquer ato do estado” (WALTZ, 2002). A segurança se dá
através de uma balança de poder defensiva.
         Para Waltz, o sistema internacional tem uma disposição a punir os
atores que intentam alterar a distribuição de poder, restabelecendo o equilíbrio
anterior. Assim, as tentativas de maximizar o poder individual seriam
imprudentes. O neorrealista defensivo não consegue resolver o dilema de
segurança, já que um ator não consegue convencer o outro de que está se
armando defensivamente. Metas de segurança de curto prazo e metas de
defesa militar são priorizadas em relação às metas econômicas. Entretanto, no
longo prazo, o desenvolvimento econômico é procurado.
Neorrealismo Ofensivo:
      John Mearsheimer, está inserido dentro do Realismo, que é baseado na
visão do indivíduo como egoísta e sedento de poder. Assim são os Estados,
que agem de modo unitário na busca de seu próprio interesse nacional definido
em termos de poder. A anarquia e a ausência de hierarquia são características
de um ambiente internacional, onde cada ator se preocupa com sua
sobrevivência (MINGST, 1999). Mearsheimer, não nega os pressupostos
básicos de Waltz. Todavia, aponta que a lógica de ação dos atores não é o
equilíbrio e a ação defensiva, mas, a busca pelo incremento de poder. Ainda
argumenta que os Estados devem estar sempre procurando oportunidades
para adquirir mais poder, maximizando-o até atingir a hegemonia, pois é a
melhor forma de garantir a sobrevivência (MEARSHEIMER, 2001).
      Potenciais países hegemônicos no jogo de poder de alta densidade
trazem consigo situações danosas para a paz e ordem estável do status quo
mundial. (MEARSHEIMER, 2001). O autor ao longo de sua obra, tenta apontar
para o fato de que por mais que o sistema internacional induza as grandes
potências a atuarem de maneira agressiva, não é sempre com essas intenções
que elas interagem.
Referências

DINIZ,Eugenio. “Política Internacional:” guia de estudo das abordagens
realistas e da balança de poder. 2007.
MINGST, Karen A. “Princípios de Relações Internacionais”. Traduzido por
Arlete Simille Marques. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
PECEQUILO, Cristina S. “Manual do Candidato Política Internacional”.
Brasília: Funag, 2010.
SARFATI, Gilberto. “Teoria de Relações Internacionais”. São Paulo: Saraiva,
2006.
WALTZ, Kenneth Neal. “Theory of international politics”. 1979. Edição em
Português: Gradiva, 2002.
MEARSHEIMER, John. “The Tragedy of Great Power Politics”. Nova Iorque,
WW Norton, 2001.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Novo realista tri i

Teorias contemporâneas de Relações Internacionais
Teorias contemporâneas de Relações InternacionaisTeorias contemporâneas de Relações Internacionais
Teorias contemporâneas de Relações InternacionaisLuiz Henrique Dias da Silva
 
Corrêa f.-elementos-para-uma-teoria-libertária-do-poder
Corrêa f.-elementos-para-uma-teoria-libertária-do-poderCorrêa f.-elementos-para-uma-teoria-libertária-do-poder
Corrêa f.-elementos-para-uma-teoria-libertária-do-podermoratonoise
 
Aula 2 O conceito de estado para marx, weber e durkheim - Prof. Noe Assunção
Aula 2   O conceito de estado para marx, weber e durkheim - Prof. Noe AssunçãoAula 2   O conceito de estado para marx, weber e durkheim - Prof. Noe Assunção
Aula 2 O conceito de estado para marx, weber e durkheim - Prof. Noe AssunçãoProf. Noe Assunção
 
Aula 2 O conceito de estado para marx, weber e durkheim- Prof. Noe Assunção
Aula 2   O conceito de estado para marx, weber e durkheim- Prof. Noe AssunçãoAula 2   O conceito de estado para marx, weber e durkheim- Prof. Noe Assunção
Aula 2 O conceito de estado para marx, weber e durkheim- Prof. Noe AssunçãoProf. Noe Assunção
 
Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais I
Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais IApontamentos de Teoria das Relações Internacionais I
Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais IJoana Filipa Rodrigues
 
EUA x Am. Latina 1
EUA x Am. Latina 1EUA x Am. Latina 1
EUA x Am. Latina 1Lais Kerry
 
Conceitos básicos em relações internacionais
Conceitos básicos em relações internacionaisConceitos básicos em relações internacionais
Conceitos básicos em relações internacionaisRafael Ávila
 
Ideologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzasIdeologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzasItamar Silva
 
TEORIA RELASAUN INTERNASIONAL
TEORIA RELASAUN INTERNASIONALTEORIA RELASAUN INTERNASIONAL
TEORIA RELASAUN INTERNASIONALMarceloSantos369
 
Ideologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzasIdeologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzasItamar Silva
 
Ideologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzasIdeologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzasItamar Silva
 
10 hans morgenthau
10  hans morgenthau10  hans morgenthau
10 hans morgenthauRafael Pons
 
Grupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicaGrupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicamoratonoise
 
O sujeito e o poder - Michel Foucault
O sujeito e o poder - Michel FoucaultO sujeito e o poder - Michel Foucault
O sujeito e o poder - Michel FoucaultLeonardo Canaan
 
02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politica
02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politica02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politica
02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politicaSérgio Braga
 
Poder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptx
Poder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptxPoder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptx
Poder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptxkesley6
 
Geopolítica e o poder(3)
Geopolítica e o poder(3)Geopolítica e o poder(3)
Geopolítica e o poder(3)CIRINEU COSTA
 

Semelhante a Novo realista tri i (20)

Teorias contemporâneas de Relações Internacionais
Teorias contemporâneas de Relações InternacionaisTeorias contemporâneas de Relações Internacionais
Teorias contemporâneas de Relações Internacionais
 
Corrêa f.-elementos-para-uma-teoria-libertária-do-poder
Corrêa f.-elementos-para-uma-teoria-libertária-do-poderCorrêa f.-elementos-para-uma-teoria-libertária-do-poder
Corrêa f.-elementos-para-uma-teoria-libertária-do-poder
 
Aula 2 O conceito de estado para marx, weber e durkheim - Prof. Noe Assunção
Aula 2   O conceito de estado para marx, weber e durkheim - Prof. Noe AssunçãoAula 2   O conceito de estado para marx, weber e durkheim - Prof. Noe Assunção
Aula 2 O conceito de estado para marx, weber e durkheim - Prof. Noe Assunção
 
Aula 2 O conceito de estado para marx, weber e durkheim- Prof. Noe Assunção
Aula 2   O conceito de estado para marx, weber e durkheim- Prof. Noe AssunçãoAula 2   O conceito de estado para marx, weber e durkheim- Prof. Noe Assunção
Aula 2 O conceito de estado para marx, weber e durkheim- Prof. Noe Assunção
 
Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais I
Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais IApontamentos de Teoria das Relações Internacionais I
Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais I
 
EUA x Am. Latina 1
EUA x Am. Latina 1EUA x Am. Latina 1
EUA x Am. Latina 1
 
Conceitos básicos em relações internacionais
Conceitos básicos em relações internacionaisConceitos básicos em relações internacionais
Conceitos básicos em relações internacionais
 
Ideologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzasIdeologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzas
 
TEORIA RELASAUN INTERNASIONAL
TEORIA RELASAUN INTERNASIONALTEORIA RELASAUN INTERNASIONAL
TEORIA RELASAUN INTERNASIONAL
 
Ideologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzasIdeologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzas
 
Ideologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzasIdeologia althusser poulantzas
Ideologia althusser poulantzas
 
10 hans morgenthau
10  hans morgenthau10  hans morgenthau
10 hans morgenthau
 
Grupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicaGrupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticica
 
O sujeito e o poder - Michel Foucault
O sujeito e o poder - Michel FoucaultO sujeito e o poder - Michel Foucault
O sujeito e o poder - Michel Foucault
 
Sociologia do poder
Sociologia do poder Sociologia do poder
Sociologia do poder
 
02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politica
02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politica02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politica
02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politica
 
Trabalho de politicas publicas
Trabalho de politicas publicasTrabalho de politicas publicas
Trabalho de politicas publicas
 
119 618-1-pb (1)
119 618-1-pb (1)119 618-1-pb (1)
119 618-1-pb (1)
 
Poder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptx
Poder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptxPoder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptx
Poder, Autoridade, Dominação, Legitimidade.pptx
 
Geopolítica e o poder(3)
Geopolítica e o poder(3)Geopolítica e o poder(3)
Geopolítica e o poder(3)
 

Mais de Marinara Moreira

Analise Feminista Filme The Girl With The Black Dragon Tattoo
Analise Feminista Filme The Girl With The Black Dragon TattooAnalise Feminista Filme The Girl With The Black Dragon Tattoo
Analise Feminista Filme The Girl With The Black Dragon TattooMarinara Moreira
 
Resumo Texto "Realidade de Estado e Pratica de Poder" René Dreifuss
Resumo Texto "Realidade de Estado e Pratica de Poder" René DreifussResumo Texto "Realidade de Estado e Pratica de Poder" René Dreifuss
Resumo Texto "Realidade de Estado e Pratica de Poder" René DreifussMarinara Moreira
 
Conveno de viena diviso de atos internacionais
Conveno de viena   diviso de atos internacionaisConveno de viena   diviso de atos internacionais
Conveno de viena diviso de atos internacionaisMarinara Moreira
 
Tribunal penal internacional ppt
Tribunal penal internacional pptTribunal penal internacional ppt
Tribunal penal internacional pptMarinara Moreira
 
Evanescence call-me-when-you-re-sober
Evanescence call-me-when-you-re-soberEvanescence call-me-when-you-re-sober
Evanescence call-me-when-you-re-soberMarinara Moreira
 
Politeia e virtude_as_origens_do_pensamento_republicano_classico
Politeia e virtude_as_origens_do_pensamento_republicano_classicoPoliteia e virtude_as_origens_do_pensamento_republicano_classico
Politeia e virtude_as_origens_do_pensamento_republicano_classicoMarinara Moreira
 

Mais de Marinara Moreira (16)

Analise Feminista Filme The Girl With The Black Dragon Tattoo
Analise Feminista Filme The Girl With The Black Dragon TattooAnalise Feminista Filme The Girl With The Black Dragon Tattoo
Analise Feminista Filme The Girl With The Black Dragon Tattoo
 
Resumo Texto "Realidade de Estado e Pratica de Poder" René Dreifuss
Resumo Texto "Realidade de Estado e Pratica de Poder" René DreifussResumo Texto "Realidade de Estado e Pratica de Poder" René Dreifuss
Resumo Texto "Realidade de Estado e Pratica de Poder" René Dreifuss
 
O fim do socialismo
O fim do socialismoO fim do socialismo
O fim do socialismo
 
França
FrançaFrança
França
 
Seminarioweber
SeminarioweberSeminarioweber
Seminarioweber
 
Conveno de viena diviso de atos internacionais
Conveno de viena   diviso de atos internacionaisConveno de viena   diviso de atos internacionais
Conveno de viena diviso de atos internacionais
 
Tribunal penal internacional ppt
Tribunal penal internacional pptTribunal penal internacional ppt
Tribunal penal internacional ppt
 
Armas germes e aço cap 9
Armas germes e aço cap 9Armas germes e aço cap 9
Armas germes e aço cap 9
 
Bon jovi-its-my-life
Bon jovi-its-my-lifeBon jovi-its-my-life
Bon jovi-its-my-life
 
Evanescence call-me-when-you-re-sober
Evanescence call-me-when-you-re-soberEvanescence call-me-when-you-re-sober
Evanescence call-me-when-you-re-sober
 
Palestina oficial
Palestina oficialPalestina oficial
Palestina oficial
 
O jusnaturalismo.pdf3
O jusnaturalismo.pdf3O jusnaturalismo.pdf3
O jusnaturalismo.pdf3
 
Trabalho weber
Trabalho weberTrabalho weber
Trabalho weber
 
Politeia e virtude_as_origens_do_pensamento_republicano_classico
Politeia e virtude_as_origens_do_pensamento_republicano_classicoPoliteia e virtude_as_origens_do_pensamento_republicano_classico
Politeia e virtude_as_origens_do_pensamento_republicano_classico
 
Vanguardas européias
Vanguardas européiasVanguardas européias
Vanguardas européias
 
Primeiros socorros
Primeiros socorrosPrimeiros socorros
Primeiros socorros
 

Novo realista tri i

  • 1. Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Economia Bacharelado em Relações Internacionais Teoria das Relações Internacionais I Marinara Moreira Oliveira OS REALISTAS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Trabalho apresentado à disciplina Teoria das Relações Internacionais sob a orientação da professora doutora Marrielle Maia Alves Ferreira, como requisito parcial de avaliação. Uberlândia, Outubro de 2012.
  • 2. Diferenças entre o Realismo Clássico e o Neorrealismo A elaboração da teoria realista se dará no século XX a partir dos trabalhos de E.H. Carr (Vinte Anos de Crise) e Hans Morgenthau (A Política entre as Nações), mas a sua base de pensamento nascida Ciência política possuirá origens antigas. Hans Morgenthau (A Política entre as Nações) definiu, “o realismo é uma teoria que explica como a política internacional realmente é uma luta interminável pelo poder”. Os Estados são os únicos atores para essa corrente teórica, alem disso, esses atores decidem racionalmente sobre a relação de custo beneficio, procurando no mínimo de autopreservação maximizar seu poder. Nesse sentido, a preocupação central na agenda do Estado é sua sobrevivência e segurança. O cenário internacional é caracterizado pela anarquia, pois não existe uma entidade superior aos Estados que possua monopólio legitimo do uso da força. Waltz critica a lógica clássica de que o sistema internacional seja o somatório das capacidades individuais de cada Estado. Se assim fosse, não haveria como o próprio sistema se auto regular o que é um contra senso. O Neorrealismo de Waltz é baseado em “propor leis gerais para explicar os eventos no sistema internacional. Simplificando explanações de comportamento porque acham que saberiam explicar e prever melhor tendências gerais” (MINGST, 1999). De acordo com a visão neorrealista, o sistema internacional é a estrutura dentro da qual se processam as Relações Internacionais, delimitando a atuação dos agentes, isto é, os Estados, segundo parâmetros da socialização e da competição. Ou seja, sistema é constituído de estrutura e de unidades em interação. O sistema determina as ações dos atores que, por sua vez, influenciam as transformações da estrutura a partir de suas ações em um argumento de certa forma circular. A socialização se refere ao compromisso do Estado a certas regras de conduta e a competição é o equilíbrio de poder. Em qualquer uma destas condições, predomina para os Estados a lógica do self-help . De acordo com esta lógica, os Estados somente podem contar consigo mesmos para sua proteção e sobrevivência e, mais do que nações expansionistas, convertem-se em defensores de posição. (PECEQUILO,2010). Esse
  • 3. neorrealismo também conhecido como realismo estrutural, avança no que diz respeito às interações interno externo, mas não investe muito na resolução dos dilemas relativos à cooperação dos estados. Unidade, Sistema e Estrutura. Levando em consideração que o sistema é constituído de estrutura e de unidades em interação. Os Estados são as unidades que são os principais atores internacionais, pois só eles conferem aos demais os caminhos e a base para que haja fluidez no sistema (DINIZ, 2007). A teoria sistêmica proposta por Waltz não analisa as características individuais de cada unidade que interage dentro do sistema, mas sim os efeitos resultantes dessa interação - efeitos estruturais. Como a teoria sistêmica não se preocupa com as causas das interações, mas com os resultados dessas, Waltz define estrutura a partir de três aspectos: ordenação, especificação das funções das unidades e a distribuição de recursos entre as unidades (WALTZ, 2002). Uma estrutura pode ser ordenada por subordinação (quando há uma unidade superior às demais e que, de alguma forma, orienta a ordenação), onde teremos um sistema hierárquico; e, por outro lado, pode ser ordenado por coordenação, o que leva a um sistema anárquico (WALTZ, 2002). Conforme o grau de diferenciação das unidades que interagem no sistema, podemos classificá-las, segundo Waltz, como, por exemplo, em unidades altamente diferenciadas, onde teremos, logo, uma estrutura com sistema diferenciado; ou então, unidades pouco especializadas, tornando o sistema, concentrador ou pouco diferenciado. (WALTZ, 2002). As unidades em interação no sistema disputam pela apropriação de capacidades, ou indiretamente, pelas possíveis vantagens que seriam obtidas por essas capacidades, apontadas por Waltz como recursos sistêmicos. Em sistemas hierárquicos a competição por recursos sistêmicos é controlada pela unidade-mor; em sistemas anárquicos, a disputa torna-se o fator delimitador do próprio sistema, já que a própria competição por recursos sistêmicos justifica o comportamento das unidades em interação e suas aspirações. (WALTZ, 2002). Diferenças entre Neorrealismo Defensivo e Ofensivo
  • 4. Existe uma divisão significativa entre os realistas estruturais,que se reflete na questão da quantidade suficiente de poder. Neorrealismo defensivo De acordo com Waltz, “a sobrevivência é um pré-requisito para alcançar qualquer objetivo que os Estados possam ter (...) o motivo da sobrevivência é visto como base de ação num mundo onde a segurança dos Estados não é garantida e não como uma descrição realista do impulso que está por detrás de qualquer ato do estado” (WALTZ, 2002). A segurança se dá através de uma balança de poder defensiva. Para Waltz, o sistema internacional tem uma disposição a punir os atores que intentam alterar a distribuição de poder, restabelecendo o equilíbrio anterior. Assim, as tentativas de maximizar o poder individual seriam imprudentes. O neorrealista defensivo não consegue resolver o dilema de segurança, já que um ator não consegue convencer o outro de que está se armando defensivamente. Metas de segurança de curto prazo e metas de defesa militar são priorizadas em relação às metas econômicas. Entretanto, no longo prazo, o desenvolvimento econômico é procurado. Neorrealismo Ofensivo: John Mearsheimer, está inserido dentro do Realismo, que é baseado na visão do indivíduo como egoísta e sedento de poder. Assim são os Estados, que agem de modo unitário na busca de seu próprio interesse nacional definido em termos de poder. A anarquia e a ausência de hierarquia são características de um ambiente internacional, onde cada ator se preocupa com sua sobrevivência (MINGST, 1999). Mearsheimer, não nega os pressupostos básicos de Waltz. Todavia, aponta que a lógica de ação dos atores não é o equilíbrio e a ação defensiva, mas, a busca pelo incremento de poder. Ainda argumenta que os Estados devem estar sempre procurando oportunidades para adquirir mais poder, maximizando-o até atingir a hegemonia, pois é a melhor forma de garantir a sobrevivência (MEARSHEIMER, 2001). Potenciais países hegemônicos no jogo de poder de alta densidade trazem consigo situações danosas para a paz e ordem estável do status quo mundial. (MEARSHEIMER, 2001). O autor ao longo de sua obra, tenta apontar para o fato de que por mais que o sistema internacional induza as grandes
  • 5. potências a atuarem de maneira agressiva, não é sempre com essas intenções que elas interagem.
  • 6. Referências DINIZ,Eugenio. “Política Internacional:” guia de estudo das abordagens realistas e da balança de poder. 2007. MINGST, Karen A. “Princípios de Relações Internacionais”. Traduzido por Arlete Simille Marques. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. PECEQUILO, Cristina S. “Manual do Candidato Política Internacional”. Brasília: Funag, 2010. SARFATI, Gilberto. “Teoria de Relações Internacionais”. São Paulo: Saraiva, 2006. WALTZ, Kenneth Neal. “Theory of international politics”. 1979. Edição em Português: Gradiva, 2002. MEARSHEIMER, John. “The Tragedy of Great Power Politics”. Nova Iorque, WW Norton, 2001.