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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014
1
A Utilização das Mídias Digitais nas Manifestações Ocorridas no Brasil em 20131
Marina AMÂNCIO2
Leandro DE PAULA3
Centro Universitário do Estado do Pará – CESUPA
RESUMO
Das muitas mudanças provocadas pela internet na sociedade atual, as manifestações
ocorridas no Brasil no mês de junho do ano de 2013 tiveram características únicas,
justamente pelo contato da sociedade com o ciberespaço, como a grande velocidade
da informação a partir da utilização das mídias digitais e assim a visibilidade mundial
dos acontecimentos. O presente artigo analisa o papel das mídias digitais durante a
organização e realização da manifestação, onde suas características fizeram-na ser a
primeira organizada inteiramente através da internet, diferentemente de outras
manifestações ocorridas no país, sendo um exemplo de como a internet está
modificando os hábitos da sociedade.
PALAVRAS-CHAVES: Mídias Digitais; Manifestações; Redes Sociais; Brasil;
Cibercultura.
INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje, não é novidade ouvir-se falar em mídias digitais, já que a
sociedade atual tem seus principais costumes envolvidos com essas mídias, que são
definidas como todo conteúdo produzido e distribuído em formato digital, assim como
é toda mídia eletrônica, ou os meios de veiculação baseados em tecnologia digital.
Este artigo é um exercício de análise do papel da comunicação em um fenômeno
social, tendo como base a forma com que as manifestações que ocorreram no Brasil
em junho de 2013 utilizaram as mídias digitais para se organizar, promover e inclusive
realizar os protestos.
1
Trabalho apresentado na Divisão Temática Comunicação, Espaço e Cidadania, da Intercom Júnior – X Jornada de
Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação
2
Estudante de Graduação 8º semestre do curso de Publicidade e Propaganda do CESUPA, e-mail:
mariina.amancio@hotmail.com
3
Orientador do trabalho. Professor do curso de Publicidade e Propaganda do CESUPA, e-mail:
leandro.paula@cesupa.br
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XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014
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“(...) mídias digitais referem-se a um conjunto de veículos de
comunicação baseados em tecnologia digital, dentre eles podemos
citar softwares, internet, intranet, MSN. Também a web é uma
importante ferramenta, e talvez o mais importante instrumento das
mídias digitais (...)” (LIMA, 2011, p. 9)
Antes de aprofundar a discussão sobre mídias digitais façamos um breve
percurso sobre a história da internet. A rede mundial de computadores, conhecida hoje
como Internet, foi criada no período da Guerra Fria, com o nome de ArphaNet, para
fins comunicacionais entre as bases militares e forças armadas norte-americanas,
apenas como uma opção reserva de comunicação, caso os meios convencionais mais
utilizados na época, fossem destruídos pelos inimigos. Em 1970, com o fim da guerra
e caindo em desuso pelos militares, foi dada a permissão do uso da internet para
universidades e instituições que cooperavam com trabalhos relacionados à defesa. Os
mesmos acabaram por cedê-la a cientistas em universidades, que logo forneceram aos
alunos, para ajudar com seus estudos e pesquisas para trabalhos. No fim dos anos
1970, o uso da internet cresceu tanto que seu protocolo de computação de pacotes
original não deu conta e se tornou inadequado para uso. Outro foi criado para
substituí-lo, com a vantagem de permitir um crescimento praticamente ilimitado da
rede e muitas outras.
Mas foi somente nos anos 1990 que a internet, de fato, começou a sair das
universidades e de seus alunos para alcançar o restante da população. Com a criação do
World Wide Web, pelo engenheiro Tim Bernes-Lee, que possibilitava à criação de uma
interface gráfica que permitia a customização de sites mais dinâmicos e visualmente
mais bonitos, com a possibilidade de inserir imagens e sons, e também com a
oportunidade de criar endereços únicos para cada informação, à internet cresceu de
maneira desenfreada. Com isso, surgiram vários navegadores, como por exemplo, o
Internet Explorer da Microsoft, assim como provedores e portais de acesso, difundindo
cada vez mais e facilitando também a utilização da internet para o restante da
população. Logo, os alunos das escolas e universidades pesquisavam sobre seus
trabalhos e inúmeros outros assuntos pelo computador, salas de bate-papo eram
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encontros frequentes, trabalhos e currículos enviados por e-mail e a descoberta da
internet como um vantajoso ponto de venda para empresas e marcas.
Atualmente, a Internet é composta de mais de 50.000 redes internacionais, sendo
que mais ou menos a metade delas nos Estados Unidos. A partir de julho de 1995, dados
afirmam que existiam mais de 6 milhões de computadores permanentemente conectados
à Internet, além de muitos sistemas portáteis e de desktop que ficavam online por
apenas alguns momentos.(informações obtidas no Network Wizard Internet Domain
Survey, http://www.nw.com).
Entende-se que a digitalização da comunicação começou em meados do início
do século XXI, quando ocorreu um boom tecnológico, alem de grandes mudanças
econômicas no mundo, dando abertura para que novas mídias fossem criadas, assim
como a digitalização das mídias já existentes (CRUZ, 2001). Essa digitalização
ocorreu por causa dessas mudanças, mas desde então vem provocando as suas próprias
na sociedade, e principalmente, na forma de se comunicar.
As mídias digitais trazem consigo o aumento e a rapidez na criação e
propagação das informações, ou seja, mais informações sendo difundidas em curtos
espaços de tempo e isso influencia e transforma diretamente a forma que a sociedade
se comunica, e já que se comunicar é apenas uma das necessidades do cotidiano das
pessoas, suas vidas inteiras se modificam. A inserção tecnológica das pessoas passa a
ser uma necessidade para pertencer de alguma forma a um grupo da sociedade, estar
antenado e por dentro das novidades diárias e entender situações que ocorrem em
diferentes lugares do mundo, virou de estrema importância.
A internet está se difundindo sobre as mídias e se tornando o destino final da
maioria delas, dessa maneira para ser uma mídia digital de fato, é necessário estar
ligada de alguma maneira à internet (CRUZ, 2001). Essa ligação direta das mídias
digitais com a internet cria o chamado Ciberespaço, definido por Pierre Levy como um
novo meio, o universo onde as informações se encontram e onde as pessoas navegam e
se comunicam, alimentando cada vez mais esse espaço.
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Insisto na decodificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico,
fluido, calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual,
interativo e, resumindo, virtual da informação que é, parece-me a
marca distintiva do ciberespaço. A perspectiva da digitalização geral
das informações provavelmente tornará o ciberespaço o principal
canal de comunicação e suporte de memória da humanidade. (LEVY,
1999, p.93)
Resumidamente, mídias digitais são qualquer produção que utiliza o
ciberespaço para sua dissipação, ou seja, praticamente tudo que é utilizado hoje em
dia. Em centros globalizados conectados em computadores, tablets e smartphones, a
internet sempre vai ser a catalisadora dessa conectividade.
AS REDES SOCIAIS
Dentro da internet, as plataformas de comunicação mais utilizadas pelos
internautas são as redes sociais, que conectam as pessoas de maneira que nem mesmo o
contato ao vivo permite. A rede social é definida como um grupo de pessoas, conectadas
pela internet, que possuem um interesse comum, que formam uma estrutura de
relacionamentos direta entre seus usuários.
“O advento da internet trouxe diversas mudanças para a sociedade.
Entre essas mudanças, temos algumas fundamentais. A mais
significativa, (...) é a possibilidade de expressão e sociabilização
através das ferramentas de comunicação mediada pelo computador.”
(RECUERO, 2009, p. 24)
A utilização dessas redes sociais já é parte do cotidiano da sociedade atual, onde
72% dos internautas brasileiros participam de alguma rede social (IBOPE). As
principais redes sociais da atualidade, e as mais utilizadas, são o Facebook e o Twitter,
onde o primeiro funciona como uma plataforma onde você pode encontrar os seus
amigos, criar um perfil com seus interesses e dados pessoais, assim como participar de
grupos e perfis sobre seus assuntos preferidos, e o segundo consiste em um blog que
tem a função de enviar e ler informações em tempo real.
“(...) O desenvolvimento das redes digitais interativas favorece outros
movimentos de virtualização que não o da informação propriamente
dita. (...) Contudo, apenas as particularidades técnicas do ciberespaço
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permitem que um grupo humano (que podem ser tantos quanto se
quiser) se coordenem, cooperem, alimentem e consultem uma memória
comum, e isto quase em tempo real, apesar da distribuição geográfica e
diferença de horários.” (LEVY, 1999, p. 49)
A ascensão da cibercultura e esse desenvolvimento das redes sociais, como
exemplo de mídias digitais, colaboraram para que certas mudanças ocorressem na
sociedade, no caso desse estudo, essas mudanças foram reconhecidas nas formas de
organizar manifestações, já que antigamente, sem a conectividade de hoje em dia, era
mais difícil coordenar os agrupamentos de pessoas, locais a serem utilizados e etc. Mas
em manifestações notou-se uma maior facilidade de organização, ao utilizar essas redes
sociais, em manifestações brasileiras que ocorreram no ano de 2013.
ANÁLISE
BRASIL, JUNHO DE 2013
As manifestações ocorridas no Brasil em junho de 2013, em variadas cidades do
país, chamaram a atenção da mídia, não só por ter sido o primeiro movimento
populacional feito por jovens depois de 20 anos, desde o Impeachment de Fernando
Collor, mas por ter sido o primeiro movimento feito na era digital, que foi todo
organizado, discutido e difundido com a utilização, não das mídias tradicionais, como
nas manifestações passadas, mas sim a partir da internet e suas mídias digitais.
“A internet encerra um potencial extraordinário para a expressão dos
direitos dos cidadãos e a comunicação de valores humanos.
Certamente não pode substituir a mudança social ou a reforma
política. Contudo, ao nivelar-se relativamente ao terreno da
manipulação simbólica, e ao ampliar as fontes de comunicação,
contribui de fato para a democratização. A Internet põe as pessoas em
contato numa ágora pública, para expressar suas inquietações e
partilhar suas esperanças.” (CASTELLS, 2003, pg 135)
O conjunto de manifestações que levou jovens brasileiros para as ruas de suas
cidades reuniu mais de 250 mil pessoas, em onze capitais, fazendo o país parar no dia
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17 de junho de 2013 e o motivo principal dessa revolução foi a Proposta da Emenda à
Constituição (PEC) 37, que confere mais poderes ao Congresso e atribui, com
exclusividade, a competência para a apuração criminal para as polícias Civil e Federal,
além de retirar a maior parte dos poderes do Ministério Público, permitindo que exista
uma maior omissão de corrupção existente no governo, negando à sociedade o direito
que a mesma tem à efetividade penal contra a criminalidade dos políticos.
Contudo, o estopim das manifestações, isso é, o que realmente motivou as
pessoas a saírem do conforto de suas casas e protestar nas ruas brasileiras, foi o aumento
da tarifa do transporte público, de R$ 3,00 para R$ 3,20, que foi considerado um abuso,
já que a taxa inicial já era bastante elevada. Além disso, não é um preço justo em
relação à precariedade do transporte público oferecido para a população, em
comparação com outros países, onde o transporte é de boa qualidade e com o preço
menor. Porém, apesar de esse ter sido o estopim, a frase característica das manifestações
foi “Não são só 20 centavos”, uma vez que o aumento da tarifa só colaborou para que os
manifestantes passassem a protestar por outros motivos que julgassem importante,
afirmando que existem muitas outras razões para o descontentamento e assim, a
manifestação. Com essa frase, os protestos foram contra a grande quantidade de
dinheiro investida na Copa do Mundo, por exemplo, onde os manifestantes deixavam
claro que esse dinheiro poderia ser utilizado para melhorias na infraestrutura básica das
cidades do país, como construção de hospitais e escolas. Dessa maneira, mais motivos
para protestar eram apresentados, como a violência, corrupção, falta de investimentos,
etc.
Mas a característica da manifestação que mais chamou a atenção foi o fato da
mesma ter sido organizada, combinada e difundida nas redes sociais, por esse motivo
que foi possível que se reunisse o grande número de pessoas em um espaço de tempo
curto. A principal rede social utilizada foi o Facebook, que é a mais utilizada no mundo,
sendo que 74 milhões de brasileiros estão conectados nessa rede. Assim, pode-se
imaginar a dimensão que uma mensagem propagada nessa rede pode assumir.
“A informação digitalizada pode ser processada automaticamente,
com um grau de precisão quase absoluto, muito rapidamente e em
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grande escala quantitativa. Nenhum outro processo digital reúne, ao
mesmo tempo, essas quatro qualidades. A digitalização permite o
controle da informação (...).” (LEVY, 1999, p. 52)
Atualmente o Facebook marca uma geração de jovens, que estão constantemente
conectados nessa rede, onde convites de festa de aniversário são criados, fornecendo horário e
inclusive verificar quantos amigos já confirmaram a presença na festa. Com a manifestação não
poderia ser diferente, já que a mesma foi criada como “evento” na rede social, onde as pessoas
poderiam confirmar sua presença e assim, teve-se noção da dimensão da manifestação. Logo,
por marcar a atual geração de jovens, era muito comum, durante a manifestação encontrar
placas (Imagem nº1) com mensagens que representassem essa conectividade, justificando que
apesar dela existir, essa geração de jovens não apenas a utiliza como forma de lazer, mas como
uma ferramenta para lutar por seus direitos.
Imagem nº1: Manifestante em São Paulo. Fonte: Google Images
A partir disso, entende-se como foi possível a confirmação de mais de 280 mil
pessoas no evento oficial criado no Facebook, chamado “Quinto grande ato contra o
aumento das passagens!”, para a participação nos manifestos, assim como a organização
para com o horário e o local onde os manifestantes se encontrariam, além da segurança
e pedidos de que a manifestação fosse, de fato, pacífica. A imediatização da informação
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proporcionada pelas redes, além do grande alcance que essa informação pode atingir
fica explícita e mostra a proporção que a revolução atingiu por ter utilizado essas
plataformas digitais para se difundir.
As manifestações posteriores às que ocorreram no ano de 2013, servem para
exemplificar a diferença que as mídias digitais proporcionaram para essas últimas e
quais os seus reflexos na manifestação.
DIRETAS JÁ
A manifestação que ocorreu no ano de 1983, conhecida como “Diretas Já”,
reivindicava eleições diretas no Brasil e teve sua primeira manifestação em Pernambuco
no dia 31 de março com uma quantidade pequena de participantes. Outras
manifestações ocorreram, mas as proporções só aumentaram na manifestação feita em
São Paulo, nove meses depois, que teve participação de 15.000 pessoas. Nota-se que foi
preciso um bom espaço de tempo entre as manifestações para que um número
significativo de pessoas participasse. Mas somente em 16 de fevereiro de 1984, quase
um ano depois da primeira manifestação registrada, que a primeira passeata oficial das
“Diretas Já” aconteceu, com 60.000 manifestantes e apenas dois meses depois que a
manifestação atingiu um milhão de manifestantes (KOTSCHO, 1984).
Mais uma vez, fica explícita como a utilização das mídias digitais aumentou a
proporção e organização da manifestação que ocorreu em 2013, principalmente na
questão da visibilidade, não só atingindo os brasileiros, mas também o mundo inteiro,
diferentemente das manifestações pelas “Diretas Já”, que demoraram mais de um ano
para conseguir atingir um grande número de participantes e ter uma grande visibilidade
tanto no Brasil quanto no exterior. A grande visibilidade é uma das características mais
básicas da internet, que com a velocidade de informações e compartilhamentos das
mesmas, acabam levando a notícia por toda a rede, de forma que todos os internautas
estão sujeitos a ter contato com a informação.
“Os sites de redes sociais permitem aos atores sociais estar mais
conectados. Isso significa que há um aumento da visibilidade social
desses nós. A visibilidade é constituída enquanto um valor porque
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proporciona que os nós sejam mais visíveis na rede. Com isso, um
determinado nó pode amplificar os valores que são obtidos através
dessas conexões, tais como suporte social e as informações.”
(RECUERO, 2009, pg 108)
Dessa maneira, essas manifestações, como fenômenos sociais,“(...) representam
aquilo que está mudando profundamente as formas de organização, identidade,
conversação e mobilização social: o advento da comunicação mediada pelo
computador.” (RECUERO, 2009, p. 16)
A comparação entre as manifestações ocorridas no ano de 2013 com as que
aconteceram em uma época em que o advento da internet ainda não existia ou ainda não
era utilizado com tanta freqüência, e consequentemente não estava conectada nas redes
sociais, é de extrema importância para observar como a cibercultura e as redes sociais,
como um exemplo de mídias digitais, estão transformando a sociedade em suas práticas
mais antigas, além de estar sendo utilizada pelos internautas de maneiras que ainda não
haviam sido descobertas, colaborando para que a sociedade mude a sua maneira de se
expressar e, no caso, exigir seus direitos.
CONCLUSÃO
Para concluir, nota-se que nas manifestações ocorridas em 2013, com a
utilização de redes sociais, foi possível organizar e promover a manifestação em menos
de uma semana, em diversas capitais do Brasil. Assim, as manifestações não só
atingiram mais de 250 mil manifestantes só em São Paulo, mas sim outros milhares em
outros estados brasileiros, ocorrendo de forma simultânea. Além disso, com as redes
sociais à seu favor e, consequentemente, a internet, as manifestações rapidamente
viraram notícia no mundo inteiro, provando a imediatização em alta velocidade das
informações digitais, de modo que o problema ficou conhecido mundialmente,
favorecendo os manifestantes.
Assim, pode-se afirmar que as mídias digitais estão modificando costumes e
hábitos da sociedade, como o exemplo das manifestações, onde, nos dias atuais, a
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sociedade exige seus direitos com a ajuda de redes sociais, proporcionando uma
transmissão de mensagem mais eficaz e completa, de uma maneira que deixa ser
possível afirmar que essas mídias digitais transformaram e ainda irão transformar
muitos aspectos na nossa sociedade, e transformar para melhor.
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11
Referências Bibliográficas
ARAÚJO NETO, Jefferson Garrido. A Utilização das Mídias Digitais na Sociedade
Midiatizada. 2009.
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e
a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2003.
CRUZ, Dulce. A digitalização das mídias e as mudanças no cotidiano do trabalho, das
relações humanas e do conhecimento. Santa Catarina, SC. Revista Linguagem em (Dis)curso,
vol. 1, n. 02, 2001.
FAPCOM. Redes Sociais x Manifestações. 2013. Disponível em:
<http://fapcom.edu.br/blog/redes-sociais-x-manifestacoes/> Acesso em: 13 set. 2013.
KOTSCHO, Ricardo. Explode um novo Brasil: Diário de Campanha das Diretas. São Paulo,
SP. Editora Brasiliense. 1984.
LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo, SP. Editora 34. 1999
LIMA, Alice. Mídias Digitais no Processo de Produção de Textos em Diferentes Gêneros.
Campo Grande, MS. Web revista Página de Debates. 2011.
LOMBARDI, Ricardo. Entenda o Contexto das Manifestações de Junho. Disponível em:
<http://ligadonafacul.com.br/noticias/4321-
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Mundo Sutentável. Infográfico: Entenda as Manifestações Populares de Junho 2013.
Disponível em: <http://www.mundosustentavel.com.br/2013/08/infografico-entenda-as-
manifestacoes-populares-de-junho2013/> Acesso em: 12 set. 2013.
QUEIROZ, Michel. Saiba o que é a Pec 37. 2013. Disponível em:
<http://www.opovo.com.br/app/politica/2013/06/24/noticiaspoliticas,3079943/saiba-o-que-e-a-
pec-37.shtml> Acesso em: 13 set. 2013.
REBOUÇAS, Edgard. O Papel das Mídias nas Manifestações. 2013. Disponível em:
<http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed756_o_papel_das_midias_nas_man
ifestacoes> Acesso em: 12 set. 2013.
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre. Sulina, 2009.
SOUSA, Rainer. Diretas Já. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiab/direta-
ja.htm> Acesso em: 12 set. 2013.
Tec Triade. O Poder das Mídias Sociais nas Manifestações Populares. Disponíel em:
<http://tectriadebrasil.com.br/blog/o-poder-das-midias-sociais-nas-manifestacoes-populares/>
Acesso em: 11 set. 2013
Veja. Se não são apenas os 20 centavos, qual a razão das manifestações pelo Brasil?
Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/se-nao-sao-apenas-os-20-centavos-
qual-a-razao-das-manifestacoes-pelo-brasil Acesso em: 14 jan 2014.

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  • 1. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 1 A Utilização das Mídias Digitais nas Manifestações Ocorridas no Brasil em 20131 Marina AMÂNCIO2 Leandro DE PAULA3 Centro Universitário do Estado do Pará – CESUPA RESUMO Das muitas mudanças provocadas pela internet na sociedade atual, as manifestações ocorridas no Brasil no mês de junho do ano de 2013 tiveram características únicas, justamente pelo contato da sociedade com o ciberespaço, como a grande velocidade da informação a partir da utilização das mídias digitais e assim a visibilidade mundial dos acontecimentos. O presente artigo analisa o papel das mídias digitais durante a organização e realização da manifestação, onde suas características fizeram-na ser a primeira organizada inteiramente através da internet, diferentemente de outras manifestações ocorridas no país, sendo um exemplo de como a internet está modificando os hábitos da sociedade. PALAVRAS-CHAVES: Mídias Digitais; Manifestações; Redes Sociais; Brasil; Cibercultura. INTRODUÇÃO Nos dias de hoje, não é novidade ouvir-se falar em mídias digitais, já que a sociedade atual tem seus principais costumes envolvidos com essas mídias, que são definidas como todo conteúdo produzido e distribuído em formato digital, assim como é toda mídia eletrônica, ou os meios de veiculação baseados em tecnologia digital. Este artigo é um exercício de análise do papel da comunicação em um fenômeno social, tendo como base a forma com que as manifestações que ocorreram no Brasil em junho de 2013 utilizaram as mídias digitais para se organizar, promover e inclusive realizar os protestos. 1 Trabalho apresentado na Divisão Temática Comunicação, Espaço e Cidadania, da Intercom Júnior – X Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação 2 Estudante de Graduação 8º semestre do curso de Publicidade e Propaganda do CESUPA, e-mail: mariina.amancio@hotmail.com 3 Orientador do trabalho. Professor do curso de Publicidade e Propaganda do CESUPA, e-mail: leandro.paula@cesupa.br
  • 2. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 2 “(...) mídias digitais referem-se a um conjunto de veículos de comunicação baseados em tecnologia digital, dentre eles podemos citar softwares, internet, intranet, MSN. Também a web é uma importante ferramenta, e talvez o mais importante instrumento das mídias digitais (...)” (LIMA, 2011, p. 9) Antes de aprofundar a discussão sobre mídias digitais façamos um breve percurso sobre a história da internet. A rede mundial de computadores, conhecida hoje como Internet, foi criada no período da Guerra Fria, com o nome de ArphaNet, para fins comunicacionais entre as bases militares e forças armadas norte-americanas, apenas como uma opção reserva de comunicação, caso os meios convencionais mais utilizados na época, fossem destruídos pelos inimigos. Em 1970, com o fim da guerra e caindo em desuso pelos militares, foi dada a permissão do uso da internet para universidades e instituições que cooperavam com trabalhos relacionados à defesa. Os mesmos acabaram por cedê-la a cientistas em universidades, que logo forneceram aos alunos, para ajudar com seus estudos e pesquisas para trabalhos. No fim dos anos 1970, o uso da internet cresceu tanto que seu protocolo de computação de pacotes original não deu conta e se tornou inadequado para uso. Outro foi criado para substituí-lo, com a vantagem de permitir um crescimento praticamente ilimitado da rede e muitas outras. Mas foi somente nos anos 1990 que a internet, de fato, começou a sair das universidades e de seus alunos para alcançar o restante da população. Com a criação do World Wide Web, pelo engenheiro Tim Bernes-Lee, que possibilitava à criação de uma interface gráfica que permitia a customização de sites mais dinâmicos e visualmente mais bonitos, com a possibilidade de inserir imagens e sons, e também com a oportunidade de criar endereços únicos para cada informação, à internet cresceu de maneira desenfreada. Com isso, surgiram vários navegadores, como por exemplo, o Internet Explorer da Microsoft, assim como provedores e portais de acesso, difundindo cada vez mais e facilitando também a utilização da internet para o restante da população. Logo, os alunos das escolas e universidades pesquisavam sobre seus trabalhos e inúmeros outros assuntos pelo computador, salas de bate-papo eram
  • 3. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 3 encontros frequentes, trabalhos e currículos enviados por e-mail e a descoberta da internet como um vantajoso ponto de venda para empresas e marcas. Atualmente, a Internet é composta de mais de 50.000 redes internacionais, sendo que mais ou menos a metade delas nos Estados Unidos. A partir de julho de 1995, dados afirmam que existiam mais de 6 milhões de computadores permanentemente conectados à Internet, além de muitos sistemas portáteis e de desktop que ficavam online por apenas alguns momentos.(informações obtidas no Network Wizard Internet Domain Survey, http://www.nw.com). Entende-se que a digitalização da comunicação começou em meados do início do século XXI, quando ocorreu um boom tecnológico, alem de grandes mudanças econômicas no mundo, dando abertura para que novas mídias fossem criadas, assim como a digitalização das mídias já existentes (CRUZ, 2001). Essa digitalização ocorreu por causa dessas mudanças, mas desde então vem provocando as suas próprias na sociedade, e principalmente, na forma de se comunicar. As mídias digitais trazem consigo o aumento e a rapidez na criação e propagação das informações, ou seja, mais informações sendo difundidas em curtos espaços de tempo e isso influencia e transforma diretamente a forma que a sociedade se comunica, e já que se comunicar é apenas uma das necessidades do cotidiano das pessoas, suas vidas inteiras se modificam. A inserção tecnológica das pessoas passa a ser uma necessidade para pertencer de alguma forma a um grupo da sociedade, estar antenado e por dentro das novidades diárias e entender situações que ocorrem em diferentes lugares do mundo, virou de estrema importância. A internet está se difundindo sobre as mídias e se tornando o destino final da maioria delas, dessa maneira para ser uma mídia digital de fato, é necessário estar ligada de alguma maneira à internet (CRUZ, 2001). Essa ligação direta das mídias digitais com a internet cria o chamado Ciberespaço, definido por Pierre Levy como um novo meio, o universo onde as informações se encontram e onde as pessoas navegam e se comunicam, alimentando cada vez mais esse espaço.
  • 4. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 4 Insisto na decodificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluido, calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo e, resumindo, virtual da informação que é, parece-me a marca distintiva do ciberespaço. A perspectiva da digitalização geral das informações provavelmente tornará o ciberespaço o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade. (LEVY, 1999, p.93) Resumidamente, mídias digitais são qualquer produção que utiliza o ciberespaço para sua dissipação, ou seja, praticamente tudo que é utilizado hoje em dia. Em centros globalizados conectados em computadores, tablets e smartphones, a internet sempre vai ser a catalisadora dessa conectividade. AS REDES SOCIAIS Dentro da internet, as plataformas de comunicação mais utilizadas pelos internautas são as redes sociais, que conectam as pessoas de maneira que nem mesmo o contato ao vivo permite. A rede social é definida como um grupo de pessoas, conectadas pela internet, que possuem um interesse comum, que formam uma estrutura de relacionamentos direta entre seus usuários. “O advento da internet trouxe diversas mudanças para a sociedade. Entre essas mudanças, temos algumas fundamentais. A mais significativa, (...) é a possibilidade de expressão e sociabilização através das ferramentas de comunicação mediada pelo computador.” (RECUERO, 2009, p. 24) A utilização dessas redes sociais já é parte do cotidiano da sociedade atual, onde 72% dos internautas brasileiros participam de alguma rede social (IBOPE). As principais redes sociais da atualidade, e as mais utilizadas, são o Facebook e o Twitter, onde o primeiro funciona como uma plataforma onde você pode encontrar os seus amigos, criar um perfil com seus interesses e dados pessoais, assim como participar de grupos e perfis sobre seus assuntos preferidos, e o segundo consiste em um blog que tem a função de enviar e ler informações em tempo real. “(...) O desenvolvimento das redes digitais interativas favorece outros movimentos de virtualização que não o da informação propriamente dita. (...) Contudo, apenas as particularidades técnicas do ciberespaço
  • 5. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 5 permitem que um grupo humano (que podem ser tantos quanto se quiser) se coordenem, cooperem, alimentem e consultem uma memória comum, e isto quase em tempo real, apesar da distribuição geográfica e diferença de horários.” (LEVY, 1999, p. 49) A ascensão da cibercultura e esse desenvolvimento das redes sociais, como exemplo de mídias digitais, colaboraram para que certas mudanças ocorressem na sociedade, no caso desse estudo, essas mudanças foram reconhecidas nas formas de organizar manifestações, já que antigamente, sem a conectividade de hoje em dia, era mais difícil coordenar os agrupamentos de pessoas, locais a serem utilizados e etc. Mas em manifestações notou-se uma maior facilidade de organização, ao utilizar essas redes sociais, em manifestações brasileiras que ocorreram no ano de 2013. ANÁLISE BRASIL, JUNHO DE 2013 As manifestações ocorridas no Brasil em junho de 2013, em variadas cidades do país, chamaram a atenção da mídia, não só por ter sido o primeiro movimento populacional feito por jovens depois de 20 anos, desde o Impeachment de Fernando Collor, mas por ter sido o primeiro movimento feito na era digital, que foi todo organizado, discutido e difundido com a utilização, não das mídias tradicionais, como nas manifestações passadas, mas sim a partir da internet e suas mídias digitais. “A internet encerra um potencial extraordinário para a expressão dos direitos dos cidadãos e a comunicação de valores humanos. Certamente não pode substituir a mudança social ou a reforma política. Contudo, ao nivelar-se relativamente ao terreno da manipulação simbólica, e ao ampliar as fontes de comunicação, contribui de fato para a democratização. A Internet põe as pessoas em contato numa ágora pública, para expressar suas inquietações e partilhar suas esperanças.” (CASTELLS, 2003, pg 135) O conjunto de manifestações que levou jovens brasileiros para as ruas de suas cidades reuniu mais de 250 mil pessoas, em onze capitais, fazendo o país parar no dia
  • 6. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 6 17 de junho de 2013 e o motivo principal dessa revolução foi a Proposta da Emenda à Constituição (PEC) 37, que confere mais poderes ao Congresso e atribui, com exclusividade, a competência para a apuração criminal para as polícias Civil e Federal, além de retirar a maior parte dos poderes do Ministério Público, permitindo que exista uma maior omissão de corrupção existente no governo, negando à sociedade o direito que a mesma tem à efetividade penal contra a criminalidade dos políticos. Contudo, o estopim das manifestações, isso é, o que realmente motivou as pessoas a saírem do conforto de suas casas e protestar nas ruas brasileiras, foi o aumento da tarifa do transporte público, de R$ 3,00 para R$ 3,20, que foi considerado um abuso, já que a taxa inicial já era bastante elevada. Além disso, não é um preço justo em relação à precariedade do transporte público oferecido para a população, em comparação com outros países, onde o transporte é de boa qualidade e com o preço menor. Porém, apesar de esse ter sido o estopim, a frase característica das manifestações foi “Não são só 20 centavos”, uma vez que o aumento da tarifa só colaborou para que os manifestantes passassem a protestar por outros motivos que julgassem importante, afirmando que existem muitas outras razões para o descontentamento e assim, a manifestação. Com essa frase, os protestos foram contra a grande quantidade de dinheiro investida na Copa do Mundo, por exemplo, onde os manifestantes deixavam claro que esse dinheiro poderia ser utilizado para melhorias na infraestrutura básica das cidades do país, como construção de hospitais e escolas. Dessa maneira, mais motivos para protestar eram apresentados, como a violência, corrupção, falta de investimentos, etc. Mas a característica da manifestação que mais chamou a atenção foi o fato da mesma ter sido organizada, combinada e difundida nas redes sociais, por esse motivo que foi possível que se reunisse o grande número de pessoas em um espaço de tempo curto. A principal rede social utilizada foi o Facebook, que é a mais utilizada no mundo, sendo que 74 milhões de brasileiros estão conectados nessa rede. Assim, pode-se imaginar a dimensão que uma mensagem propagada nessa rede pode assumir. “A informação digitalizada pode ser processada automaticamente, com um grau de precisão quase absoluto, muito rapidamente e em
  • 7. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 7 grande escala quantitativa. Nenhum outro processo digital reúne, ao mesmo tempo, essas quatro qualidades. A digitalização permite o controle da informação (...).” (LEVY, 1999, p. 52) Atualmente o Facebook marca uma geração de jovens, que estão constantemente conectados nessa rede, onde convites de festa de aniversário são criados, fornecendo horário e inclusive verificar quantos amigos já confirmaram a presença na festa. Com a manifestação não poderia ser diferente, já que a mesma foi criada como “evento” na rede social, onde as pessoas poderiam confirmar sua presença e assim, teve-se noção da dimensão da manifestação. Logo, por marcar a atual geração de jovens, era muito comum, durante a manifestação encontrar placas (Imagem nº1) com mensagens que representassem essa conectividade, justificando que apesar dela existir, essa geração de jovens não apenas a utiliza como forma de lazer, mas como uma ferramenta para lutar por seus direitos. Imagem nº1: Manifestante em São Paulo. Fonte: Google Images A partir disso, entende-se como foi possível a confirmação de mais de 280 mil pessoas no evento oficial criado no Facebook, chamado “Quinto grande ato contra o aumento das passagens!”, para a participação nos manifestos, assim como a organização para com o horário e o local onde os manifestantes se encontrariam, além da segurança e pedidos de que a manifestação fosse, de fato, pacífica. A imediatização da informação
  • 8. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 8 proporcionada pelas redes, além do grande alcance que essa informação pode atingir fica explícita e mostra a proporção que a revolução atingiu por ter utilizado essas plataformas digitais para se difundir. As manifestações posteriores às que ocorreram no ano de 2013, servem para exemplificar a diferença que as mídias digitais proporcionaram para essas últimas e quais os seus reflexos na manifestação. DIRETAS JÁ A manifestação que ocorreu no ano de 1983, conhecida como “Diretas Já”, reivindicava eleições diretas no Brasil e teve sua primeira manifestação em Pernambuco no dia 31 de março com uma quantidade pequena de participantes. Outras manifestações ocorreram, mas as proporções só aumentaram na manifestação feita em São Paulo, nove meses depois, que teve participação de 15.000 pessoas. Nota-se que foi preciso um bom espaço de tempo entre as manifestações para que um número significativo de pessoas participasse. Mas somente em 16 de fevereiro de 1984, quase um ano depois da primeira manifestação registrada, que a primeira passeata oficial das “Diretas Já” aconteceu, com 60.000 manifestantes e apenas dois meses depois que a manifestação atingiu um milhão de manifestantes (KOTSCHO, 1984). Mais uma vez, fica explícita como a utilização das mídias digitais aumentou a proporção e organização da manifestação que ocorreu em 2013, principalmente na questão da visibilidade, não só atingindo os brasileiros, mas também o mundo inteiro, diferentemente das manifestações pelas “Diretas Já”, que demoraram mais de um ano para conseguir atingir um grande número de participantes e ter uma grande visibilidade tanto no Brasil quanto no exterior. A grande visibilidade é uma das características mais básicas da internet, que com a velocidade de informações e compartilhamentos das mesmas, acabam levando a notícia por toda a rede, de forma que todos os internautas estão sujeitos a ter contato com a informação. “Os sites de redes sociais permitem aos atores sociais estar mais conectados. Isso significa que há um aumento da visibilidade social desses nós. A visibilidade é constituída enquanto um valor porque
  • 9. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 9 proporciona que os nós sejam mais visíveis na rede. Com isso, um determinado nó pode amplificar os valores que são obtidos através dessas conexões, tais como suporte social e as informações.” (RECUERO, 2009, pg 108) Dessa maneira, essas manifestações, como fenômenos sociais,“(...) representam aquilo que está mudando profundamente as formas de organização, identidade, conversação e mobilização social: o advento da comunicação mediada pelo computador.” (RECUERO, 2009, p. 16) A comparação entre as manifestações ocorridas no ano de 2013 com as que aconteceram em uma época em que o advento da internet ainda não existia ou ainda não era utilizado com tanta freqüência, e consequentemente não estava conectada nas redes sociais, é de extrema importância para observar como a cibercultura e as redes sociais, como um exemplo de mídias digitais, estão transformando a sociedade em suas práticas mais antigas, além de estar sendo utilizada pelos internautas de maneiras que ainda não haviam sido descobertas, colaborando para que a sociedade mude a sua maneira de se expressar e, no caso, exigir seus direitos. CONCLUSÃO Para concluir, nota-se que nas manifestações ocorridas em 2013, com a utilização de redes sociais, foi possível organizar e promover a manifestação em menos de uma semana, em diversas capitais do Brasil. Assim, as manifestações não só atingiram mais de 250 mil manifestantes só em São Paulo, mas sim outros milhares em outros estados brasileiros, ocorrendo de forma simultânea. Além disso, com as redes sociais à seu favor e, consequentemente, a internet, as manifestações rapidamente viraram notícia no mundo inteiro, provando a imediatização em alta velocidade das informações digitais, de modo que o problema ficou conhecido mundialmente, favorecendo os manifestantes. Assim, pode-se afirmar que as mídias digitais estão modificando costumes e hábitos da sociedade, como o exemplo das manifestações, onde, nos dias atuais, a
  • 10. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 10 sociedade exige seus direitos com a ajuda de redes sociais, proporcionando uma transmissão de mensagem mais eficaz e completa, de uma maneira que deixa ser possível afirmar que essas mídias digitais transformaram e ainda irão transformar muitos aspectos na nossa sociedade, e transformar para melhor.
  • 11. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu – 2 a 5/9/2014 11 Referências Bibliográficas ARAÚJO NETO, Jefferson Garrido. A Utilização das Mídias Digitais na Sociedade Midiatizada. 2009. CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2003. CRUZ, Dulce. A digitalização das mídias e as mudanças no cotidiano do trabalho, das relações humanas e do conhecimento. Santa Catarina, SC. Revista Linguagem em (Dis)curso, vol. 1, n. 02, 2001. FAPCOM. Redes Sociais x Manifestações. 2013. Disponível em: <http://fapcom.edu.br/blog/redes-sociais-x-manifestacoes/> Acesso em: 13 set. 2013. KOTSCHO, Ricardo. Explode um novo Brasil: Diário de Campanha das Diretas. São Paulo, SP. Editora Brasiliense. 1984. LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo, SP. Editora 34. 1999 LIMA, Alice. Mídias Digitais no Processo de Produção de Textos em Diferentes Gêneros. Campo Grande, MS. Web revista Página de Debates. 2011. LOMBARDI, Ricardo. Entenda o Contexto das Manifestações de Junho. Disponível em: <http://ligadonafacul.com.br/noticias/4321- entenda_o_contexto_das_manifestaes_de_junho_.html> Acesso em: 12 set. 2013. Mundo Sutentável. Infográfico: Entenda as Manifestações Populares de Junho 2013. Disponível em: <http://www.mundosustentavel.com.br/2013/08/infografico-entenda-as- manifestacoes-populares-de-junho2013/> Acesso em: 12 set. 2013. QUEIROZ, Michel. Saiba o que é a Pec 37. 2013. Disponível em: <http://www.opovo.com.br/app/politica/2013/06/24/noticiaspoliticas,3079943/saiba-o-que-e-a- pec-37.shtml> Acesso em: 13 set. 2013. REBOUÇAS, Edgard. O Papel das Mídias nas Manifestações. 2013. Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed756_o_papel_das_midias_nas_man ifestacoes> Acesso em: 12 set. 2013. RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre. Sulina, 2009. SOUSA, Rainer. Diretas Já. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiab/direta- ja.htm> Acesso em: 12 set. 2013. Tec Triade. O Poder das Mídias Sociais nas Manifestações Populares. Disponíel em: <http://tectriadebrasil.com.br/blog/o-poder-das-midias-sociais-nas-manifestacoes-populares/> Acesso em: 11 set. 2013 Veja. Se não são apenas os 20 centavos, qual a razão das manifestações pelo Brasil? Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/se-nao-sao-apenas-os-20-centavos- qual-a-razao-das-manifestacoes-pelo-brasil Acesso em: 14 jan 2014.