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Nuno Tinoco 1104 Nº22
  E saio. A noite pesa, esmaga. Nos                E a vossa palidez romântica e lunar!
 Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
  Ó moles hospitais! Sai das embocaduras                Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
 Um sopro que arrepia os ombros quase nus.        Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo!
                                                    Sua excelência atrai, magnética, entre luxo,
   Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso          Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.
    Ver círios laterais, ver filas de capelas,
  Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,           E aquela velha, de bandós! Por vezes,
Em uma catedral de um comprimento imenso.           A sua traîne imita um leque antigo, aberto,
                                                     Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,
         As burguesinhas do Catolicismo           Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.
    Resvalam pelo chão minado pelos canos;
 E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,             Desdobram-se tecidos estrangeiros;
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.     Plantas ornamentais secam nos mostradores;
                                                     Flocos de pós de arroz pairam sufocadores,
     Num cutileiro, de avental, ao torno,         E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.
 Um forjador maneja um malho, rubramente;
  E de uma padaria exala-se, inda quente,             Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
 Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.       Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
                                                      Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
   E eu que medito um livro que exacerbe,          Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
  Quisera que o real e a análise mo dessem;
 Casas de confecções e modas resplandecem;            "Dó da miséria!... Compaixão de mim!..."
  Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.         E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
                                                  Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,
     Longas descidas! Não poder pintar                Meu velho professor nas aulas de Latim!
  Com versos magistrais, salubres e sinceros,
   A esguia difusão dos vossos reverberos,
   Apóstrofe- “Ó moles hospitais! Sai das embocaduras”
   Enumeração- “Com santos e fieis, andores, ramos, velas,”
   Ironia- “Em uma catedral de um comprimento imenso.”
   Sinestesia- “Um cheiro salutar e honesto a pão forno”
   Tripla adjetivação- “Com versos magistrais, salubres e sinceros”
   Metáfora- “Que grande cobra, a lúbrica pessoa”
   Dupla Adjetivação- “E nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso”
   E saio. A noite pesa, esmaga. Nos            A
    Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.   B
    Ó moles hospitais! Sai das embocaduras       B
    Um sopro que arrepia os ombros quase nus     A
     A terceira parte de “O Sentimento dum Ocidental” inicia se com o retomar da digressão noturna do sujeito
      poético, interrompida, no final de “Noite Fechada”, com a entrada numa cervejaria.

     1- Apresenta uma explicação para o subtítulo desta secção do poema.
     2- Na sua deambulação, o sujeito poético continua a sofrer os efeitos opressivos do ambiente da cidade.
    2.1- Transcreve os verbos que, nas duas primeiras estrofes, os mencionam.
     3- Destaca a importância de que se reveste a quarta estrofe, atendendo à oposição temática que estabelece com
      as restantes quadras do texto.
     4- Face às circunstâncias presentes, o sujeito poético deseja concretizar uma obra com um objetivo particular.
    4.1- Refere-o
    4.2- Indica os meios que lhe permitirão atingi-lo
     5- Assim como em “Ave Marias”, em “Ao Gás” o mundo citadino é descrito através de processos linguísticos e
      estilísticos que aproximam a poesia de Cesário Verde da pintura impressionista.                 5.1- Identifica
      no poema exemplos de cada um dos recursos expressivos usados para representar a realidade de forma
      fragmentária e dela apresentar, em primeiro lugar, a impressão que provoca.
          a- metáfora
          b- sinestesia
          c- hipálage
          d- expressões de cariz sensitivo
     6- Refere os processos fonológicos que se verificam na evolução de cada uma das palavras seguintes, do latim
      para o português
          a- PLANUM > chão
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Ao gas

  • 2.  E saio. A noite pesa, esmaga. Nos E a vossa palidez romântica e lunar! Passeios de lajedo arrastam-se as impuras. Ó moles hospitais! Sai das embocaduras Que grande cobra, a lúbrica pessoa, Um sopro que arrepia os ombros quase nus. Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo! Sua excelência atrai, magnética, entre luxo, Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa. Ver círios laterais, ver filas de capelas, Com santos e fiéis, andores, ramos, velas, E aquela velha, de bandós! Por vezes, Em uma catedral de um comprimento imenso. A sua traîne imita um leque antigo, aberto, Nas barras verticais, a duas tintas. Perto, As burguesinhas do Catolicismo Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses. Resvalam pelo chão minado pelos canos; E lembram-me, ao chorar doente dos pianos, Desdobram-se tecidos estrangeiros; As freiras que os jejuns matavam de histerismo. Plantas ornamentais secam nos mostradores; Flocos de pós de arroz pairam sufocadores, Num cutileiro, de avental, ao torno, E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros. Um forjador maneja um malho, rubramente; E de uma padaria exala-se, inda quente, Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes Um cheiro salutar e honesto a pão no forno. Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco; Da solidão regouga um cauteleiro rouco; E eu que medito um livro que exacerbe, Tornam-se mausoléus as armações fulgentes. Quisera que o real e a análise mo dessem; Casas de confecções e modas resplandecem; "Dó da miséria!... Compaixão de mim!..." Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe. E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso, Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso, Longas descidas! Não poder pintar Meu velho professor nas aulas de Latim! Com versos magistrais, salubres e sinceros, A esguia difusão dos vossos reverberos,
  • 3. Apóstrofe- “Ó moles hospitais! Sai das embocaduras”  Enumeração- “Com santos e fieis, andores, ramos, velas,”  Ironia- “Em uma catedral de um comprimento imenso.”  Sinestesia- “Um cheiro salutar e honesto a pão forno”  Tripla adjetivação- “Com versos magistrais, salubres e sinceros”  Metáfora- “Que grande cobra, a lúbrica pessoa”  Dupla Adjetivação- “E nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso”
  • 4. E saio. A noite pesa, esmaga. Nos A Passeios de lajedo arrastam-se as impuras. B Ó moles hospitais! Sai das embocaduras B Um sopro que arrepia os ombros quase nus A
  • 5. A terceira parte de “O Sentimento dum Ocidental” inicia se com o retomar da digressão noturna do sujeito poético, interrompida, no final de “Noite Fechada”, com a entrada numa cervejaria.  1- Apresenta uma explicação para o subtítulo desta secção do poema.  2- Na sua deambulação, o sujeito poético continua a sofrer os efeitos opressivos do ambiente da cidade. 2.1- Transcreve os verbos que, nas duas primeiras estrofes, os mencionam.  3- Destaca a importância de que se reveste a quarta estrofe, atendendo à oposição temática que estabelece com as restantes quadras do texto.  4- Face às circunstâncias presentes, o sujeito poético deseja concretizar uma obra com um objetivo particular. 4.1- Refere-o 4.2- Indica os meios que lhe permitirão atingi-lo  5- Assim como em “Ave Marias”, em “Ao Gás” o mundo citadino é descrito através de processos linguísticos e estilísticos que aproximam a poesia de Cesário Verde da pintura impressionista. 5.1- Identifica no poema exemplos de cada um dos recursos expressivos usados para representar a realidade de forma fragmentária e dela apresentar, em primeiro lugar, a impressão que provoca. a- metáfora b- sinestesia c- hipálage d- expressões de cariz sensitivo  6- Refere os processos fonológicos que se verificam na evolução de cada uma das palavras seguintes, do latim para o português a- PLANUM > chão b- PLORARE > chorar
  • 6. Fim