O documento descreve a classificação dos seres vivos, desde os primeiros sistemas utilizados pelo homem primitivo até os sistemas atuais baseados nas relações evolutivas. A sistemática é a ciência que estuda as relações entre os organismos e inclui a classificação em diferentes categorias taxonômicas, como reino, filo, classe etc. O sistema binomial de Lineu, criado em 1758, é a base da nomenclatura científica utilizada atualmente.
1. Classificação dos seres vivos
Uma característica inerente ao ser humano é a tendência de reunir em grupos os objetos ou seres que apresentam
características semelhantes. O homem primitivo, por exemplo, já distribuía os seres vivos em dois grupos: comestíveis
e não comestíveis.
A distribuição de objetos ou seres em grupos, de acordo com suas semelhanças e diferenças, é o que se chama de
classificação.
O ramo da Biologia que trata da descrição, nomenclatura e classificação dos seres vivos denomina-se sistemática ou
taxonomia.
A tentativa de sistematizar o mundo vivo é muito antiga e os critérios empregados pelos naturalistas variavam muito.
Alguns classificavam em voadores e não-voadores, tomando por base a locomoção; outros os classificavam em
aquáticos, aéreos e terrestres, tomando por base o hábitat.
Esses sistemas de classificação que utilizam critérios arbitrários, são chamados sistemas artificiais. Eles são refletem
as semelhanças e diferenças fundamentais entre os seres vivos.
Atualmente, os sistemas de classificação consideram um conjunto de caracteres relevantes, os quais permitem verificar
as relações de parentesco evolutivo e estabelecer a filogenia dos diferentes grupos, ou seja, estabelecer as principais
linhas de evolução desses grupos. São conhecidas por sistemas naturais, pois ordenam naturalmente os organismos,
visando o estabelecimento das relações de parentesco evolutivo entre eles.
Árvore filogenética dos seres vivos.
Assim dentro das características evolutivas, ao falarmos de animais e plantas, por exemplo, podemos usar como
critério de classificação o tipo de nutrição: animais são seres heterótrofos; plantas seres autótrofos. Ao considerarmos
bactérias e animais, podemos usar como critério de classificação o número e o tipo de células: bactérias são
unicelulares e procariontes; animais são pluricelulares e eucariontes.
2. Espécie: a unidade de classificação dos seres vivos
Voce já viu a palavra "espécie" diversas vezes, mas o que ela realmente significa?
Pense, por exemplo, no cavalo e na égua. Eles podem acasalar-se e dar origem a um descendente fértil, isto é, que
também pode gerar seus próprios descendentes. Dizemos, por isso, que cavalos e éguas são animais que pertencem a
uma mesma espécie.
Podemos, então, definir: espécie é um conjunto de organismos semehantes entre si, capazes de se cruzar e gerar
descendentes férteis.
Espécies mais aparentadas entre si do que com quaisquer outras formam um gênero. O gato-do-mato, encontrado em
todas as florestas do Brasil, pertence a espécie Leopardus wiedii; a nossa jaguatirica, o maior entre os pequenos felinos
silvestres brasileiros, pertence à espécie Leopardus pardalis; e o gato-do-mato-pequeno, o menor dos pequenos felinos
silvestres brasileiros, pertence à espécie Leopardus tigrinus. Todos esse animais são de espécies diferentes, porque
NÃO são capazes de cruzar-se entre si gerando descendentes férteis. Mas como estas espécies são mais aparentadas
entre si do que com quaisquer outras, elas formam um gênero chamado Leopardus.
Além do gênero existem outros graus de classificação
Espécie - Gênero - Família - Ordem - Classe - Filo - Reino
Gêneros semelhantes formam um grupo maior: a família.
As famílias formam a ordem.
As ordens formam a classe.
As classes forma o filo
Os filos, finalmente formam o reino.
Para entendermos melhor as categorias taxonômicas, vamos utilizar como exemplo o reino Animal tendo como
referência o cão.
3. Do filo dos cordados fazem parte, entre outros, os animais que têm coluna vertebral, conhecidos como vertebrados (em
oposição aos não cordados, chamados de invertebrados). Dentre os cordados temos, os anfíbios, os peixes, os répteis,
as aves e os mamíferos.
O conjunto de filos de anomais cordados e não-cordados forma o reino dos animais - reino Animalia.
Reinos
É o grupo mais abrangente da classificação dos seres vivos. Grande parte dos pesquisadores aceitam, atualmente,
cinco reinos:
Monera -Seres unicelulares (formados por uma única célula), procariontes (células sem núcleo
organizado, o tipo mais simples de célula existente). São as bactérias e as algas cianofíceas ou
cianobactérias (algas azuis), antes consideradas vegetais primitivos.
Protista - Seres unicelulares eucariontes (que possuem núcleo individualizado) Apresentam características de vegetal e
animal. Representados por protozoários, como a ameba, o tripanossomo (causador do mal de Chagas) o plasmódio
(agente da malária), a euglena.
Fungi - Seres eucariontes uni e pluricelulares. Já foram classificados como vegetais, mas sua membrana possui quitina,
molécula típica dos insetos e que não se encontra entre as plantas. São heterótrofos (não produzem seu próprio
alimento), por não possuírem clorofila. Têm como representantes as leveduras, o mofo e os cogumelos.
Plantae ou Metafita -São os vegetais, desde as algas verdes até as plantas superiores.
Caracterizam-se por ter as células revestidas por uma membrana de celulose e por serem
autótrofas (sintetizam seu próprio alimento pela fotossíntese). Existem cerca de 400 mil
espécies de vegetais classificados.
Animali ou Metazoa - São organismos multicelulares e heterótrofos (não produzem seu próprio alimento), pois são
aclorofilados. Englobam desde as esponjas marinhas até o ser humano.
Uma observação deve ser feita: os VÍRUS são seres que são classificados à parte, sendo considerados como seres sem
reino. Isto acontece devido às características únicas que eles apresentam, como a ausência de organização celular,
ausência de metabolismo próprio para obter energia, reproduz-se somente em organismo hospedeiro, entre outras.
Mas eles possuem a faculdade de sofrer mutação, a fim de adaptar-se ao meio onde se encontram.
O nome dos seres vivos
Ao longo da história, os diversos povos criaram seus próprios nomes (códigos) para nomear o que viram a sua volta.
Com todas as linguas existentes no mundo, um mesmo ser - um gato por exemplo - é identificado por diferentes
nomes.
4. Katze (alemão) Cat (ingês)
Koshka (russo) Chat (frânces)
Neko (japonês) Gato (português)
Imagine esta situação: um cientista japonês escreve um artigo para divulgar uma descoberta referente ao neko. Como
um cientista brasileiro, sem conhecimento da lingua japonesa, poderia entender que ser vivo o cientista japonês está se
referindo?
Para evitar esse problema de comunicação, utiliza-se uma nomenclatura científica.
O nome científico do gato é Felis catus.
Escolheu-se uma lingua que fosse de conhecimento internacional e que não sofresse modificações - o latim, por ser
uma língua morta (não é usada por nenhuma nação atualmente e, portanto, não está sujeita a mudanças) e porque,
em muitos países, era estudada até nas escolas básicas, inclusive no Brasil.
Quando empregamos em textos, os nomes científicos das espécies vêm em destaque. Esse destaque, em geral, é feito
usando letras em itálico, isto é, letras inclinadas ou sublinhado.
Como se escreve o nome científico dos seres vivos?
Foi apenas em 1735 que se chegou a um sistema de classificação universal para os seres vivos: o sistema binomial de
nomenclatura, elaborado por Lineu. A espécie foi adotada como unidade básica de classificação.
No sistema binomial devem ser observadas algumas regras de nomenclatura:
O nome científico de uma espécie deve ser escrito em latim e deve estar destacado no texto (em Itálico ou
sublinado) como já vimos.
É obrigatório o uso de duas palavras para designar o nome científico de uma espécie, daí a expressão
sistema binomial de nomenclatura (a palavra binomial significa 'com dois nomes', 'com duas palavras'). A
primeira delas deve ser escrita com letra inicial maiúscula; a segunda, com letra inicial minúscula
A primeira palavra, com inicial maiúscula, indica o gênero a que pertence a espécie. A expressaõ formada
pela primeira palavra mais a segunda designa a espécie.
Veja os exemplos:
Equus caballus (cavalo)
Gênero: Equus
Espécie: Equus caballus
Note que o cavalo pertence ao gênero Equus e à espécie Equus caballus ( e não simplesmente à espécie caballus).
Nomenclatura popular
A nomeação dos seres vivos que compõe a biodiversidade constitui uma etapa do trabalho de classificação. Muitos
seres são "batizados" pela população com nomes denominados populares ou vulgares, pela comunidade científica.
Esses nomespodem designar um conjunto muito amplo de organismos, incluindo, algumas vezes, até grupos não
aparentados.
O mesmo nome popular pode ser atribuído a diferentes espécies, como neste exemplo:
5. ananas comosus
Ananas ananassoides
Estas duas espécies do gênero ananas são chamadas pelo mesmo nome popular Abacaxi.
Outro exemplo é o crustáceo de praia Emerita brasiliensis, que no Rio de Janeiro é denominado tatuí, e nos estados de
São Paulo e Paraná é chamado de tatuíra.
Em contra partida, animais de uma mesma espécie podem receber vários nomes, como ocorre com a onça-pintada,
cujo nome científico é Panthera onca.
6. Outros nomes populares:
canguçu, onça-canguçu, jaguar-canguçu
Um outro exemplo é a planta Manihot esculenta, cuja raiz é muito apreciada como alimento. Dependendo da região do
Brasil, ela é conhecida por vários nomes: aimpim, macaxeira ou mandioca.
Considerando os exemplo apresentados, podemos perceber que a nomenclatura popular varia bastante, mesmo num
país como o Brasil, em que a população fala um mesmo idioma, excetuando-se os idiomas indígenas. Imagine se
considerarmos o mundo todo, com tantos, com tantos idiomas e dialetos diferentes, a grande quantidade de nomes de
um memso ser vivo pode receber. Desse modo podemos entender a necessidade de existir uma nomenclatura padrão,
adotada internacionalmente, para facilitar a comunicação de diversos profissionais, como os médicos, os zoólogos, os
botânicos e todos aqueles que estudam os seres vivos.
Classificação dos Seres Vivos
A sistemática é a ciência dedicada a inventariar e descrever a biodiversidade e compreender as relações filogenéticas
entre os organismos. Inclui a taxonomia (ciência da descoberta, descrição e classificação das espécies e grupo de
espécies, com suas normas e princípios) e também a filogenia (relações evolutivas entre os organismos). Em geral, diz-
se que compreende a classificação dos diversos organismos vivos. Em biologia, os sistematas são os cientistas que
classificam as espécies em outros táxons a fim de definir o modo como eles se relacionam evolutivamente.
O objetivo da classificação dos seres vivos, chamada taxonomia, foi inicialmente o de organizar as plantas e animais
conhecidos em categorias que pudessem ser referidas. Posteriormente a classificação passou a respeitar as relações
evolutivas entre organismos, organização mais natural do que a baseada apenas em características externas. Para isso
se utilizam também características ecológicas, fisiológicas, e todas as outras que estiverem disponíveis para
os táxons em questão. É a esse conjunto de investigações a respeito dos táxons que se dá o nome de Sistemática.
Nos últimos anos têm sido tentadas classificações baseadas na semelhança entre genomas, com grandes avanços em
algumas áreas, especialmente quando se juntam a essas informações aquelas oriundas dos outros campos da Biologia.
A classificação dos seres vivos é parte da sistemática, ciência que estuda as relações entre organismos, e
que inclui a coleta, preservação e estudo de espécimes, e a análise dos dados vindos de várias áreas de
pesquisa biológica.
O primeiro sistema de classificação foi o de Aristóteles no século IV a.C., que ordenou os animais pelo tipo de
reprodução e por terem ou não sangue vermelho. O seu discípulo Teofrasto classificou as plantas por seu uso e forma
de cultivo.
Nos séculos XVII e XVIII os botânicos e zoólogos começaram a delinear o atual sistema de categorias, ainda baseados
em características anatômicas superficiais. No entanto, como a ancestralidade comum pode ser a causa de tais
semelhanças, este sistema demonstrou aproximar-se da natureza, e continua sendo a base da classificação atual. Lineu
fez o primeiro trabalho extenso de categorização, em 1758, criando a hierarquia atual.
A partir de Darwin a evolução passou a ser considerada como paradigma central da Biologia, e com isso evidências da
paleontologia sobre formas ancestrais, e da embriologia sobre semelhanças nos primeiros estágios de vida. No século
XX, a genética e a fisiologia tornaram-se importantes na classificação, como o uso recente da genética molecular na
comparação de códigos genéticos. Programas de computador específicos são usados na análise matemática dos dados.
Em fevereiro de 2005 Edward Osborne Wilson, professor aposentado da Universidade de Harvard, onde cunhou o termo
biodiversidade e participou da fundação da sociobiologia, ao defender um "projeto genoma" da biodiversidade da Terra,
propôs a criação de uma base de dados digital com fotos detalhadas de todas a espécies vivas e a finalização do projeto
Árvore da vida. Em contraposição a uma sistemática baseada na biologia celular e molecular, Wilson vê a necessidade
da sistemática descritiva para preservar a biodiversidade.
Do ponto de vista econômico, defendem Wilson, Peter Raven e Dan Brooks, a sistemática pode trazer conhecimentos
úteis na biotecnologia, e na contenção de doenças emergentes. Mais da metade das espécies do planeta é parasita, e a
maioria delas ainda é desconhecida.
De acordo com a classificação vigente as espécies descritas são agrupadas em gêneros. Os gêneros são reunidos, se
tiverem algumas características em comum, formando uma família. Famílias, por sua vez, são agrupadas em uma
ordem. Ordens são reunidas em uma classe. Classes de seres vivos são reunidas em filos. E os filos são, finalmente,
componentes de alguns dos cinco reinos (Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia).