1. O GATO MALHADO
E
A ANDORINHA SINHÁ
UMA HISTÓRIA DE AMOR
Português – 8.º Ano
Prof.ª Margarida Santos
2.
3.
4. SOBRE O AUTOR
Jorge Amado nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, a sul do Estado
da Bahia. Filho do fazendeiro de cacau João Amado de Faria de Eulália Leal
Amado. Formou-se pela Faculdade Nacional de Direito, com a licenciatura, no Rio
de Janeiro, em 1935. Militante comunista, foi obrigado a exilar-se na Argentina e no
Uruguai entre 1941 e 1942, período em que fez longa viagem pela América Latina.
Ao voltar, em 1944, separou-se de Matilde Garcia Rosa, com quem tinha casado.
5. SOBRE O AUTOR
Em 1945, foi eleito membro da Assembleia Nacional Constituinte, pelo
Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal mais
votado do Estado de São Paulo. Jorge Amado foi o autor da lei, ainda hoje
em vigor, que assegura o direito à liberdade de culto religioso. Nesse
mesmo ano, casou-se com Zélia Gattai.
6. SOBRE O AUTOR
Em 1947, ano do nascimento do seu filho João
Jorge, o PCB foi declarado ilegal e os seus membros
perseguidos e presos. Jorge Amado teve que se exilar
com a família em França, onde ficou até 1950, quando foi
expulso. Em 1949, morreu no Rio de Janeiro a sua filha
Lila (do 1.º casamento). Entre 1950 e 1952, viveu na
Checoslováquia, onde nasceu a sua filha Paloma.
De volta ao Brasil, Jorge Amado afastou-se, em 1955, da
militância política, sem, no entanto, deixar o Partido
Comunista. Dedicou-se, a partir de então, inteiramente à
literatura.
Morreu em S. Salvador da Baía, no dia 6 de agosto de
2001, tendo a sua morte sido noticiada pelos jornais de
todo o mundo.
7. SOBRE O AUTOR
A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras
adaptações para cinema, teatro e televisão. Os seus livros
foram traduzidos em 55 países, em 49 línguas.
8.
9. PREFÁCIO
A história de amor do Gato e da Andorinha
Sinhá foi escrita com o objetivo de ser
oferecida ao filho João Jorge, quando este
completasse um ano de idade, para que a
lesse, quando conseguisse.
O autor nunca pensou em publicá-la, mas
quando o livro foi encontrado em 1976, tendo
sido dado a ler ao famoso artista Carybé, este
ilustrou-o com belas imagens que levaram
Jorge Amado a aceder à publicação.
10. DEDICATÓRIA
A quem é dedicada a obra?
• Ao seu filho: João Jorge
• Ao resto da família: mulher, afilhado, netos
• A Carybé
• A um leitor anónimo
• Aos seus leitores espalhados por todo o
mundo
11. POEMA / TROVA
DE ESTÊVÃO DA ESCUNA
«O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e dona Andorinha.»
Segundo a sua mensagem, quando é que o mundo
valerá a pena? E o que significa isso para os seres
humanos?
12. POEMA / TROVA
DE ESTÊVÃO DA ESCUNA
Segundo a mensagem do poema, o
mundo só valerá a pena quando for
possível ultrapassar todos os preconceitos
e juntar, naturalmente, espécies de raças
diferentes.
Moralidade da história
13. PARÊNTESIS
Indica a intencionalidade deste
capítulo.
Este capítulo tem como objetivo dar aos leitores
algumas informações:
Os narradores e os narratários
VENTO
MANHÃ
SAPO
NARRADOR
MANHÃ/SAPO
TEMPO
NARRADOR
LEITORES
15. “Quando a primavera chegou, vestida de luz,…”
1. Quem é a primeira personagem que aparece neste capítulo?
A primeira personagem é o Gato Malhado.
O ANTI-HERÓI: aquele que é a causa de todos os males e que, no fim,
se transforma em HERÓI. Personagem que atrai os leitores porque é
o marginal, o provocador (vontade inconsciente de sermos diferentes e
prevaricadores).
CARACTERIZAÇÃO
FÍSICA
Um gato feio, gordo, forte, às
riscas amarelas e negras, gato de
meia-idade, com olhos que
transmitiam maldade, e tinha
grandes bigodes.
CARACTERIZAÇÃO
PSICOLÓGICA
Solitário, egoísta, mal humorado,
antipático, desagradável,
convencido e insensível.
TIPO DE
CARACTERIZAÇÃO
Direta.
16. “Do Gato Malhado ninguém se aproximava”
O Gato era a causa de todo os males acontecidos no
parque:
• “as flores fechavam-se se ele vinha em sua direção” por
ele ter derrubado “um tímido lírio branco”;
• Os pássaros fugiam dele, pois constava que tinha
roubado o pequeno sabiá do seu ninho;
• Matou para comer “a mais linda pomba-rola do pombal”
• As galinhas ensinavam os filhos a evitá-lo, pois já matara
pintos e roubara ovos para comer.
Nenhum destes factos estava provado…
Apenas a Coruja costumava dizer que o gato não era tão mau assim,
talvez isso tudo não passasse de incompreensão geral…
17. “O Gato Malhado dormia quando a primavera irrompeu, repentina e poderosa.”
O Gato acorda, espreguiça-se e sorri, provocando espanto, de tal modo
que:
• O Pato Negro quase caiu
• A Pata Branca pôs a mão no coração
• A Galinha Carijó desmaiou
• O Galo D. Juan engasgou-se
SILÊNCIO TOTAL NO PARQUE
• O Gato sorri de novo e todos os animais fogem
• O Gato não percebe por que motivo fogem dele, mas é-lhe indiferente
Será que a Cobra voltou, como da outra vez, e foi ela que cometeu
todos os crimes?
O Gato, apresentado como VILÃO, aparece agora como o HERÓI que
defende os outros.
18. “Todos haviam fugido. Não, todos não.”
A Andorinha não fugiu como os outros, lá estava ela
num ramo a sorrir. INOCENTE DESAFIO
CONTRA A DISCRIMINAÇÃO.
“De longe os seus pais a chamavam em
gritos nervosos. E, dos seus esconderijos,
todos os habitantes do parque miravam
espantados a Andorinha que sorria para
o Gato Malhado.”
É aqui que o milagre se dá, talvez trazido pela primavera:
O Gato abandonado e desprezado por todos encontra alguém
capaz de enfrentar o desafio.
O AMOR ACONTECE À REVELIA DE TUDO E DE TODOS!
19. Exercícios
1. Indica se são verdadeiras ou falsas as afirmações seguintes:
Frases
(A) A primavera chegou triste e sombria.
(B) O Gato Malhado continuou a dormir.
(C) O Gato era mal visto pelos habitantes do parque.
(D) Todos se afastavam do Gato com medo dele.
(E) Não havia provas das malvadezas do gato.
(F) A velha Coruja não gostava do Gato Malhado.
(G) Com a chegada da primavera, o gato sorriu para tudo e
todos.
(H) Os outros habitantes alvoroçaram-se ao vê-lo sorrir.
(I) O gato não compreendeu o motivo da debandada geral.
(J) A Andorinha não fugiu e sorriu-lhe.
F
F
V
V
V
F
V
V
F
V
20. Exercícios
2. Dos vários sentimentos, escolhe os que o Gato inspirava nos outros
habitantes do parque:
Medo e antipatia
3. Qual terá sido a intenção do narrador ao encaixar na narrativa o
episódio ocorrido entre o Gato e a Goiabeira?
O narrador pretendia demonstrar que o Gato Malhado nunca se tinha
apaixonado por ninguém.
orgulho respeito curiosidade medo
antipatia indiferença ternura
simpatia amizade
21. Exercícios
4. Por que razão as opiniões da Coruja eram
muito respeitadas pelos habitantes do parque?
As opiniões da Coruja eram muito respeitadas devido à sua
idade e sabedoria que dela advém.
5. Por que razão não teria a Andorinha Sinhá fugido
como os outros?
A Andorinha Sinhá gostava dele e não concordava com as
opiniões e as atitudes dos outros habitantes do parque. Além
disso, ela esperava uma oportunidade para falar com o Gato
e para conhecê-lo melhor.
22. Exercícios
6. Indica as várias sensações presentes nos
excertos seguintes:
EXCERTOS
(A) “(...) vestida de luz, de cores e de alegria, olorosa
de perfumes sutis, desabrochando as flores e
vestindo as árvores de roupagens verdes...”
(B) “ (...) um belo espetáculo, a vida em torno, agitada
ou mansa. Botões que nasciam perfumados (...) flores
radiosas (...) trinados alegres (...) água clara do lago.”
(p. 30)
(C) “ Cores alegres, aromas de entontecer, sonoras
melodias.”
Visuais
Olfativas
Olfativas
Visuais
Auditivas
Visuais
Olfativas
Auditivas
24. NOVO PARÊNTESIS
• Justamente, por ser um parêntesis, surge graficamente entre
parêntesis e em itálico.
OBJETIVO DESTE CAPÍTULO:
Apresentar e caracterizar a heroína desta história
- Bela CARÁTER EXCECIONAL
- Gentil
- Simpática “No dizer geral não existia, em
- Sorridente nenhum dos parques por ali
- Jovem espalhados, andorinha tão
- Inocente bela nem tão gentil quanto a
- Suscita paixões Andorinha Sinhá.”
- Romântica
25. NOVO PARÊNTESIS
• Por onde passava suscitava paixões e “não
havia pássaro em idade casadoira que não
suspirasse”.
• A Andorinha dava-se com todos mas não
amava nenhum, nem mesmo o Rouxinol que
vinha “ao clarão da lua cantar à sua janela.”
Temos então duas personagens, ANDORINHA e
GATO, aparentemente distantes um do outro
pelas distintas personalidades e pela própria
natureza, e que, num momento de magia, se
encontram para viverem uma realidade feliz,
vestida de fantasia.
27. “Em torno era a primavera, sonho de um poeta”
• O Gato Malhado, afinal, é um poeta:
- É herói romântico
- Sensível, imaginativo, inadaptado à vida
- Modifica-se pelo amor e, regenerado, vive pelo sonho
e emoção
Salienta-se a irreverência da Andorinha face a uma
personagem que era temida por todos.
28. “A própria Andorinha sentiu que exagerara…”
A Andorinha desafia a autoridade familiar
e social na sua atitude provocadora:
• O Reverendo papagaio temeu e rezou pela alma da
Andorinha Sinhá
• Os pais interromperam a conversa e levaram-na consigo,
“ralhando com ela”
• Mas a maior provocação e o maior desafio foi feito ao Gato,
chamando-lhe tolo e feio, o que o ofendeu na medida em
que “se achava lindo”
29. “(…) resta-me apenas suspender mais uma vez a ação e voltar atrás.”
O narrador lembra-se de que ainda não apresentou nenhum
dado referente à Andorinha e, por conseguinte, vai fazê-lo
agora, suspendendo a ação e voltando atrás.
TEMPO DA NARRATIVA: momentos em que decorre a ação.
ANALEPSE PROLEPSE
recuo no tempo avanço no tempo
31. “A Andorinha Sinhá, além de bela, era um pouco louca.”
• O atrevimento da Andorinha em enfrentar o Gato é explicado pelo
facto de ser “um pouco louca”.
• Algo ensombra a sua felicidade: o facto de nunca ter conseguido
falar com o Gato. Há muito que o perseguia, voando ares fora ou
escondendo-se nas árvores, pregando-lhe partidas.
• A Vaca Mocha, figura importante do parque e em tempos injuriada
pelo Gato, dá lições de compostura social:
OS GATOS NÃO PODEM ESTABELECER RELAÇÕES COM
ANDORINHAS, pois isso contaria a LEI.
Além disso, muitas andorinhas já tinham sucumbido
às garras de felinos como aquele…
32. “- É um gato, e ainda por cima, malhado!”
• A Andorinha jurou à Vaca Mocha que nunca mais
atiraria gravetos ao gato, mas jovem como era, a
proibição só lhe suscitou mais curiosidade.
• A jura cumpriu-a: nunca mais atirou gravetos..
Contudo, de espírito aventureiro, continuou a espiá-lo
até que as palavras se soltaram, mais fortes que
todas as convenções do mundo, num bulício de
juventude e atiçadas ao vento pela chegada da
primavera.
Foi assim que se deu aquele diálogo entre a
Sinhá e o Malhado.
33. Exercícios
1. Identifica quem poderia afirmar as seguintes frases:
(A) Os meus pais não me deixam sair sozinha à noite.
ANDORINHA SINHÁ
(B) O vento adora brincar e pregar partidas. Já aprendi a não correr atrás dele
para me vingar.
GATO MALHADO
(C) Na catequese ensino o que aprendi no seminário.
REVERENDO PAPAGAIO
(D) No parque, quem eu mais detesto é o Gato Malhado.
VACA MOCHA
(E) Eu apenas desejava conversar com o Gato Malhado.
ANDORINHA SINHÁ
(F) Uma Andorinha não pode estabelecer qualquer tipo de relação com gatos.
VACA MOCHA
(G) Eu prometo nunca mais provocar o Gato.
ANDORINHA SINHÁ
34. Exercícios
2. Completa a caracterização da Vaca Mocha, recorrendo a elementos
do texto:
A Vaca Mocha era __(1)__ , __(2)__ e descendente de um __(3)__
argentino. De temperamento __(4) __, era brusca e de __(5)__ __(6)__.
Era dada à __(7)__. Falava __(8)__ e __(9)__ com uma voz __(10)__ e
__(11)__.
SOLUÇÕES:
(1) tranquila (6) variável
(2) respeitada (7) português
(3) touro (8) português
(4) vingativo (9) espanhol
(5) humor (10) empostada
(11) nobre
35. Exercícios
3. Na tua opinião, qual seria o objetivo do narrador ao descrever a
conversa entre a Vaca Mocha e a Andorinha?
O narrador pretendia relembrar a impossibilidade da relação entre a
Andorinha e o Gato, servindo-se da Vaca Mocha, uma das figuras mais
prestigiadas e solenes do parque, para transmitir as opiniões de todos os
habitantes, ou seja, de toda a sociedade.
4. “Mas juramento de andorinha não vale muito, não se lhe deve dar
crédito exagerado. Muito menos a juramento de andorinha jovem, de
cabeça ardente e espírito um pouco aventureiro.” Como interpretas estas
afirmações?
A Andorinha era decidida, corajosa e deixava-se guiar pelo seu coração.
A sua juventude ajudava a uma certa rebeldia relativamente ao
cumprimento de normas e regras. Por isso o narrador indicia o reatar do
relacionamento entre ela e o Gato.
37. “Assim aconteceu na primavera.”
• Os pais de Sinhá ralham com ela pela sua imprudência e
proíbem-na de o fazer de novo.
• Esta proibição faz com que a jovem sinta mais vontade de o
rever.
• O Gato, impressionado com a Andorinha e tendo sonhado com
ela nessa noite, sentia-se febril estava APAIXONADO.
• Algo viera perturbar a sua paz: a Andorinha. Não consegue
sossegar, procura-a na árvore onde pousara no dia anterior mas,
como ela não aparecera, resolve caminhar até ao outro lado do
parque onde ela mora. Os pais não estavam – pretexto suficiente
para retomarem o diálogo.
38. “_ Não me diz bom dia,
seu mal-educado?”
• Ao princípio, o gato irrita-se com a Andorinha, que insiste em chamar-
-lhe feio.
• Depois, ambos suavizam a conversa e o Gato já se ri, contente por
falar com aquela linda adolescente palradora.
• Quando o pai dela chega, Sinhá marca um encontro na ameixoeira e o
gato afasta-se, recordando aquele diálogo e perspetivando o encontro
futuro.
Este foi o primeiro de muitos encontros de amor entre o gato e a
Andorinha que, primavera fora, descobriram a alegria da natureza em
consonância com a harmonia da sua relação.
Sonhavam um com o outro e riam, riam muito…
39. Exercícios
1. Indica o recurso presente na frase seguinte e refere qual a sua
expressividade:
“O Gato fez a cara mais triste do mundo.”
O recurso expressivo presente na frase é a hipérbole e pretende
reforçar a grande tristeza sentida pelo Gato Malhado ao deparar-se
com a incompatibilidade natural entre ambas as raças. Talvez se
tenha apercebido da iminente e irremediável separação.
2. Classifica as orações subordinadas presentes nas frases:
(A) “Ia alta a noite quando conseguiu dormir.”
Oração subordinada adverbial temporal
40. Exercícios
(B) “(…) até teve vontade de correr com os cães. E teria feito, com
certeza, se os cachorros não se houvessem afastado.“
Oração subordinada adverbial condicional
(C) “Deitado, como sempre, ao comprido para que o sol gostoso da
primavera o envolva por inteiro.”
Oração subordinada adverbial final
(D) “Eu não te conto o meu porque sonhei com uma pessoa muito feia.”
Oração subordinada adverbial causal
(E) “Quero acrescentar, finalmente, que já não se tratavam de você.”
Oração subordinada substantiva completiva