1. NÃO precisa procurar muito pela internet para encontrarmos as mais
variadas críticas ao prodigioso escritor Paulo Coelho. Mas, será que o autor
mais lido no Brasil, um dos 10 escritores vivos mais lidos no mundo, com
mais de 70 prêmios, traduzido em 76 línguas e lido em 160 países é mesmo
um grande apedeuta como asseveram alguns desconhecidos eruditos
rancorosos?
Logo quando terminei meu primeiro livro, embevecido pelas letras e com
intento de escrever ficção, resolvi – estupidamente desnorteado – estudar mais
literatura. Enquanto os “pseudos-letrados” Kafkanianos e Flaubertianos
afirmavam que Paulo Coelho era apenas um néscio charlatão, eu forjava ser
um elitista que nunca serei e lia Madame Bovary, o Processo e a
Metamorfose. Contudo, eu queria mesmo era que eles me deixassem ler o
mago.
E assim, ao passo em que alguns promitentes escritores (que nunca foram
senão promessas) emprestavam-me Dante, Shakespeare, Dostoyevsky, Balzac
2. e Cervantes, eu começava a questionar minha cegueira “auto-alienante”: como
seria possível dos 100 títulos mais vendidos no Brasil na década de 90, 48
pertencerem aos autores nacionais sendo 20 deles apenas do burro mago?
Depois, quando os menos xenofóbicos disfarçados de eruditos patrióticos
diziam que literatura de verdade era Machado de Assis e Guimarães Rosa, eu
já não queria mais saber se foi Dom Casmurro ou Memórias Póstumas de
Brás Cubas que tornou Machado de Assis o especialista na literatura em
primeira pessoa, nem se a primeira “elipse” em Grande Sertão: Veredas, seria
ou não gramatical. Eu estava completamente apaixonado por Veronika decide
morrer.
De repente, comecei a enxergar adiante dos muros de limitação dos sábios
tolos que me rodeavam: quanto mais eu ficava aprisionado as regras, normas,
estilos e técnicas literárias menos eu conseguia escrever. Sabia o que era
quebra de paralelismo semântico, Eufemismo, Onomatopeia, Prosopopeia,
Perífrase, Epístrofe, Hipérbato, Pleonasmo De Reforço, Estilístico Ou
Semântico etc. Enfim! Quase todas essas besteiras que os idiotas versados
acham que são suficientes para ser genial.
No entanto, foi quando uma docente posada disse com jeito de troça que as
obras de Paulo Coelho eram escritas para jovens carentes depressivos que
acreditam em duendes e pensam em suicídio, que eu retruquei na mesma
hora: NÃO QUERO MAIS FAZER LITERATURA, QUERO FAZER
PAULO COELHO! Pois diferentemente de Virgínia Woolf, Paulo Coelho não
escreve só com os dedos, nem com a pessoa inteira; ele escreve com a alma
sem subserviência gramatical!
3. Mas, sabem o que seria pior do que 1 (UM) fracassado autor iracundo
escrevendo um livro enredado apenas para externar sua incapacidade
contida? 2 (DOIS) autores frustrados com esse mesmo propósito. O estafeta
sem recado, DIOGO MAINARDI sem desfrutar da verve que nutri os grandes
autores, escreveu o monotemático livro, LULA É MINHA
ANTA (sua Magnum Opus); reunindo suas crônicas enfadonhas e repetitivas
sobre o homem que ele queria ser. E seguindo o mesmo caminho irregressível
da mediocridade, o ilustríssimo desconhecido, Janilto Andrade escreveu o
impopular Best-Seller POR QUE NÃO LER PAULO COELHO; onde ele
define o mago como um excitante vulgar procurando qualificar-se como arte
sofisticada. Inobstante como vociferou John Steinbeck:
“De todos os animais da criação, o homem é o único que bebe sem ter
sede, come sem ter fome e fala sem ter nada que dizer”.
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Por que ler Paulo Coelho? (Marcus Deminco)