5. 5
SUMÁRIO
011
Apresentação
013
O
Livro
Final
013
Dedicatórias
015
Homenagens
PARTE
I
017
Agradecimentos
025
A
Potência
da
Leitura
PARTE
II
029
Resumo
031
Motivo
do
título
ARRANCANDO
RAÍZES
EM
LONDRINA
033
Enfrentamento
diante
da
vida
035
Introdução
PARTE
III
Capítulo
I
037
Origem
do
Livro
(Instalação
e
TCC)
037
As
fotografias
e
a
atração
038
A
Pesquisa
“Um
Nó
de
Nós”
039
O
Portal
041
A
Instalação
recuperando
memórias
resgatando
histórias
042
Nas
fotografias
estão
os
signos
–
Festa
e
Luto
043
Amélia
Instinto
Materno
044
Cinema
045
Fotografias
antigas
e
contemporâneas
de
Londrina
Capítulo
II
075
Bonecas
e
Brinquedos
-‐
resgate
de
histórias
e
de
valores
075
História
da
Boneca
075
A
Boneca
em
diversas
Culturas
077
A
Oficina
Memória
e
Arte
na
Construção
de
Bonecas
de
Pano
077
A
Costura
077
Oficina
de
Bonecas
de
Pano
na
Arte
Educação
077
Relação
da
Artista
Rosana
Paulino
com
a
Oficina
078
Projeto
da
Oficina
Memória
e
Arte
na
Construção
de
Bonecas
de
Pano
078
Resumo
da
Oficina
Memória
e
Arte
na
Construção
de
Bonecas
de
Pano
079
Artistas
apresentados
na
Oficina
079
Local
da
realização
das
Oficinas
080
Planos
de
aulas
para
a
Oficina
082
Conclusões
finais
sobre
a
Oficina
083
Brincadeiras
de
Bonecas
–
resgate
de
memórias
e
depoimentos
6. 6
Capítulo
III
087
Laboratório
da
Instalação
Arrancando
Raízes
em
Londrina
087
Reflexões
sobre
o
Laboratório
088
O
resgate
temporal
através
de
objetos
utilizados
no
laboratório
091
Vídeo
Instalação
Este
Espaço
Londrina
(complemento
da
Instalação)
092
Poema
de
Willian
“
O
Pioneiro”
Capítulo
IV
095
RETALHOS
095
Domingo
de
sol
095
Falando
de
princesas
096
Abelhas
Jataí
096
Exibida
096
O
Velho
que
sabe
tudo
096
Passarinhos
096
Cortina
de
Chitão
097
O
tarado
097
Rato
097
Carta
097
De
Algodão
e
Urubus
098
Menina-‐velha
098
A
Vila
098
Dona
Elisa
099
Colcha
de
Retalhos
099
Maquiagem
099
Dona
Judith
100
Cinema
100
Conselho
100
Voltar?
100
O
cavalo
do
pai
voltou
100
Bem-‐te-‐vi
101
Jogo
de
Letras
101
Pedra
de
anel
101
Kirigame
101
Torrador
de
Café
102
Terra
molhada
102
Vestígios
Indígenas
103
A
cama
com
número
de
patente
103
Ambulância
103
Sem
grades
103
Amélia
e
Zeca
104
Presença
105
Café
da
Tarde
105
Surra
no
Judas
105
Clube
de
Dança
7. 7
105
A
turca
106
Casinha
mictório
106
A
menina
e
o
pai
106
O
homem
que
amou
Londrina
107
Alerta
107
A
fuga
108
Cacique
108
Batizado
108
Casamento
109
A
flor
do
mal
109
Flor
de
Laranjeira
109
Todo
final
deveria
ser
feliz
111
Festa
Junina
112
Contemplação
112
Casamentos
e
não,
e
sim,
ou
arranjados.
113
Tabu
114
Acima
dos
tabus
114
O
nó
que
nos
une
115
Varais
115
Colar
de
pérolas
115
Pena
116
Passava
a
boiada
116
Deselegância
116
UEL
116
Vestibular
117
Foto-‐pintura
117
Maquetes
da
vida
118
Museu
118
1º
de
Maio
119
Pioneiro
desconhecido
119
A
Reserva
120
Quadro
de
Garças
121
Vitória
da
Samotrácia
121
Bonecas
de
Jornal
Tia
Odila?
121
Exostyles
Godoyenses
peroba-‐rosa
122
Árvore
símbolo
peroba-‐rosa
122
Casa
de
mata-‐junta
123
Exaltação
às
árvores
(Mãe,
Antonio
Correia
de
Oliveira)
123
As
Velhas
Árvores
(Olavo
Bilac)
123
A
Pátria
(Olavo
Bilac)
124
Patriota
124
A
Arte
é
o
espelho
da
Pátria...
(Chopin)
124
Última
Flor
do
Lácio
125
Rosalina
125
Noite
Louca
126
Visita
ao
Tio
126
Outro
dos
Tios
8. 8
127
Costurando
Colcha
127
Valsando
127
Memória
do
Arlanza
128
Memória
128
Trem
128
Pé
Vermelho
130
Extraordinário
o
Caminhão
de
Tora
131
O
Morro
dos
Ventos
Uivantes
131
Juritis
131
Hortências
131
Hercules
132
Questão
de
Profissão
132
Carta
de
1º
de
Abril
132
Tão
só
133
Faina
133
Brigou
com
a
morte
133
Vale
do
Rubi
das
Lavadeiras
134
Rainha
do
Abismo
134
Era
importante?
136
Viagem
difícil
136
Pau
de
Arara
138
Cartões
138
Chupeta
138
Igual
o
Presidente
Lula
139
Peças
Infantis
139
É
tecido,
é
pano,
é
carinho
139
Bucheiro
140
Verdureiro
140
Bijuzeiro
140
Carrocinha
de
prender
cachorro
141
Bananal
141
Sopa
de
bananas
141
Chiquinha
141
Enigma
142
Gatos
incríveis
142
Arte,
ciência
e
história
142
Os
olhos
desta
janela-‐
espelho
do
tempo
142
O
ninho
143
Eu
143
Vento
Travesso
144
Dona
Izolina
145
As
cores
da
alma
145
Gratidão
145
Rei
do
quintal
145
Bolinho
de
chuva
146
Quer
provar?
146
Padeiro
9. 9
146
Perfeitamente
146
Cortina
de
Chitão
e
Boneca
147
Apelidos
147
Alvina
e
a
Cobra
147
O
último
Natal
148
Jacú
148
Linhas
cruzadas
149
Usina
Três
Bocas
149
Chofer
149
Emblema
dos
Catarinos
150
O
trigo
150
Doze
irmãos,
papai
e
mamãe
150
Galo
Português
ou
Galo
de
Barcelos
151
A
rosa
151
Malhação
no
Judas
151
O
espantalho
e
Liete
151
Judas
e
Zenaide
151
No
Natal
de
Zenaide
152
Colcha
de
retalhos
da
Irma
152
O
fantasma
da
Figueira
153
Fantasma
da
Porteira
153
A
Figueira
e
seus
mistérios
153
Choronas
153
Poeira
no
Museu
154
Beija
flor
154
Maionese
154
Sutil
154
Liete
e
a
caveira
155
Cachorro
nervoso
155
Pioneiros
155
Raiva
155
Enxoval
155
Saliente
demais
156
Presentes
de
madrinha
156
Mula
sem
cabeça
157
Dinossauros
157
Trecho
de
carta
157
Este
espaço
chamado
Londrina
158
Falando
de
bonecas
(Dona
Zulmira)
158
Carta
ao
Zeca
160
Silhueta
Capítulo
V
Artistas
com
quem
relaciono
meus
trabalhos
161
Louise
Bourgeouis,
161
Bispo
do
Rosário,
161
Sophie
Calle
10. 10
163
Rachel
Withehead
165
A
Instalação
no
Museu
“Memória
e
Arte
Arrancando
Raízes
no
Museu
Histórico
de
Londrina”
165
Nota
no
Jornal
(matéria
no
site
de
notícias
da
Universidade
Estadual
de
Londrina).
167
Imagens
da
“Instalação
Memória
e
Arte
Arrancando
Raízes
no
Museu
Histórico
de
Londrina”
Capítulo
VI
183
História
sem
Fim
183
Registro
de
Comentários
do
Caderno
de
Registros
da
Instalação
no
Museu
Histórico
de
Londrina
185
A
caneta
do
Zeca
185
Inventário
dos
objetos
que
formaram
a
Instalação
Memória
e
Arte
Arrancando
Raízes
no
Museu
Histórico
de
Londrina.
187
Capítulo
Sem
Fim
187
Canção
da
Saudade
189
Ricos
e
Raros
Presentes
189
Almofada
de
crochê
feita
pela
Vovó
Alvina
Degraf
189
Pano
de
Copa
feito
pela
sogra
amiga
Dona
Izolina
Peruzo
Pelarim
190
Toalha
de
Mesa
feita
pela
Amélia
Degraf
Catarino
191
Referências
Bibliográficas
193
Referências
de
leituras
inspiradoras
193
Os
porquês
dos
artistas
com
os
quais
me
relaciono.
194
Algo
sobre
o
Livro
original
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
de
Licenciatura
em
Artes
Visuais.
195
A
Voz
de
Arlindo
Catharino
195
Expedição
na
Mata
195
Acampamento
196
Ao
Trabalho
196
Conclusão
Final
(a
autora,
Marcia
de
Fátima
Catarino
Pelarim).
11. Londrina,
julho
de
2014
LIVRO
“ARRANCANDO
RAÍZES
EM
LONDRINA”
Apresentação
Em
comemoração
aos
oitenta
anos
da
Cidade
de
Londrina,
este
livro
foi
extraído
de
partes
escolhidas
da
edição
de
meu
Trabalho
de
Conclusão
do
Curso
de
Licenciatura
em
Artes
Visuais
da
Universidade
Estadual
de
Londrina.
Estão
nele
reunidas
memórias
de
pessoas
encantadas
pela
Cidade
de
Londrina
e
juntamente,
imagens
de
trabalhos
artísticos
e
registros
referentes
a
esta
cidade,
salientando
histórias
e
situações
comuns
de
ontem
e
de
hoje,
num
contexto
que
venha
apresentar
o
modo
de
viver
de
seus
habitantes
com
seus
sentimentos
mais
puros.
Em
sua
versão
original
este
livro
foi
construído
em
papel
Fabriano
com
letras
impressas
em
pigmento
marrom,
contendo
fotografias
alinhavadas
a
mão
em
fio
dourado
e,
possuindo
um
anexo
de
últimas
páginas,
confeccionadas
em
tecido
de
algodão
sobre
as
quais
costurei
papéis
impressos
com
pequenas
histórias
chamadas
de
retalhos
de
memórias.
Todas
as
partes
recolhidas
no
livro
têm
também
sua
importância
pedagógica.
Todo
o
processo
teve
início
em
2012
com
estudos
de
fotografia,
depois
passou
por
um
laboratório
com
pesquisas
de
objetos
de
memórias
incluindo
também
uma
Oficina
de
Bonecas,
num
estudo
a
brinquedos
antigos.
Este
laboratório
transformou-‐se
numa
Instalação
de
Memória
e
Arte
que
migrou
para
uma
Exposição
no
Museu
Histórico
de
Londrina,
onde
permaneceu
por
duas
semanas
e
retornou
em
2013
para
a
Universidade
Estadual
de
Londrina,
culminando
no
meu
livro
de
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
para
a
avaliação
junto
a
Banca
Examinadora
composta
pelos
Professores
Doutores
Marcos
Rodrigues
Aulicino,
Tânia
Sugeta
e
Cláudio
Luiz
Garcia,
os
quais
gentilmente
aceitaram
meu
convite.
O
livro,
quase
totalmente
artesanal,
lembrava
um
velho
diário
de
menina,
prática
a
qual
podemos
dizer,
muitas
vezes
na
nossa
era
digital,
substituída
pelo
“facebook”,
embora
este
não
seja
nada
secreto.
Aquele
que
não
concordar
com
minhas
palavras,
lembre-‐se
que
escrevi
conforme
meus
olhos
viram,
meus
ouvidos
ouviram
e
meu
coração
sentiu.
13. 13
O
LIVRO
FINAL
“ARRANCANDO
RAÍZES
EM
LONDRINA”
Dedico
este
livro
aos
meus
queridos
netos,
Rafael,
Miguel,
Laura
e
aos
que
ainda
virão,
para
que
saibam
como
pulsava
o
coração
de
seus
parentes.
15. 15
EM
HOMENAGEM
Aos
meus
pais
Amélia
e
Zeca,
por
terem
me
protegido
como
faz
um
anjo
e
terem
tornado
bela
a
minha
existência.
Aos
meus
avós,
tios
e
tias,
por
enriquecerem
de
amor
a
minha
caminhada
e
demonstrarem
que
a
felicidade
é
uma
conquista.
17. 17
Parte
I
AGRADECIMENTOS
Esta
é
uma
parte
fundamental
do
livro
porque
ela
traz
para
dentro
da
história,
personalidades
exemplares
em
seu
modo
corajoso
de
conduzir
a
vida,
seu
compromisso
moral
e
seu
respeito
ao
próximo.
Meus
pais
me
ensinaram
que
a
gratidão
é
uma
virtude
que
promove
a
justiça
e
atrai
mais
bênçãos
de
Deus.
Agradeço:
Primeiramente
a
Deus,
meu
criador
que
me
surpreende
a
cada
instante,
com
seu
amor
providente.
Ao
meu
Anjo
da
Guarda,
não
os
muitos
que
encontrei
na
terra,
mas
ao
Espírito
de
Luz,
criado
por
Deus
especialmente
para
a
proteção
de
cada
ser,
e
que
tem
Ele,
me
provado
sua
existência
em
tantas
situações
relevantes
de
minha
vida,
protegendo-‐me,
inspirando-‐me,
intuindo-‐me
a
melhor
direção
nesta
já
tão
longa
caminhada.
Aos
meus
pais
Amélia
Degraf
e
José
Catarino
porque
seu
amor
extremoso
me
fez
superar
as
intempéries
da
vida
e
chegar
feliz
até
aqui.
Ao
meu
esposo
Irineu
Sérgio
Pelarim
que
abdicou
de
seus
melhores
momentos
para
me
apoiar
e
incentivar
na
realização
deste
sonho.
Aos
meus
amigos
colegas
de
Curso
por
me
adularem
desde
o
primeiro
dia,
me
ensinando
as
mídias
tecnológicas,
me
influenciando
a
pensar
de
modo
contemporâneo,
me
emprestando
livros
e
com
paciência,
dividiram
seu
espaço
jovem
comigo.
Daina
Crepaldi
Moreira,
Daniele
da
Silva
Milani,
Guilherme
de
Martino
Casado,
José
Leite
Bueno
Neto,
Juliana
Cordeiro
Domaneschi,
Kauana
Milozo,
Loana
Cristina
Takahashi,
Luciana
Finco
Mendonça,
Maria
Angelica
Cerezine
Mayla
Oliveira
Weber
Natália
Tardim
Teixeira,
18. 18
Giovana
Paolini
Letícia
Araújo
Chaves
Anderson
dos
Santos
Monteiro,
Carolina
Dellatorre
Sobreira
Luiz
Carlos
do
Couto
Junior
Tiago
Souza
Helen
Lopes
Joelma
Couto
Ao
Professor
Marcos
Rodrigues
Aulicino
que
foi
me
atraindo
aos
poucos
através
das
histórias
da
arte,
mostrando-‐me
a
própria
história
da
vida
humana.
Assim
foi
se
tornando
grande
amigo,
me
encorajou
a
abrir
as
janelas
de
meu
coração
e
atirou-‐me
para
o
voo
pleno,
enquanto
ele
ficou
ali,
esperando-‐me
pousar
de
volta,
trazendo
os
retalhos
das
minhas
melhores
memórias.
Ao
Professor
Cláudio
Luiz
Garcia
por
me
oferecer
suporte
para
a
viagem
de
busca
de
entendimento
interior,
e
oferecer
ainda
os
subsídios
de
afetos
das
tintas
aguadas,
escondidas
nos
porões
da
alma
e
as
fez
emergirem
pelos
livros
de
Lygia
A.
S.
Araújo
ou
de
Pedro
Nava
e
de
Josué
Montello.
A
Professora
Tânia
Sugeta,
dedicada,
amorosa,
me
entusiasmou
desvendando
quão
agradável
é
trabalhar
com
cerâmica
e
me
compreendeu
sendo
solidária
ao
meu
momento
“mulher
transição”.
A
Professora
Carla
Juliana
Warken
por
ser
a
primeira
a
me
receber
com
o
abraço
amigo.
A
professora
Maria
Carla
Guarinelo
de
Araújo,
sempre
atenta
à
minha
formação
e
aos
meus
sentimentos.
A
professora
Luli,
pois
é
verdade,
ao
lado
de
um
grande
homem
há
uma
grande
mulher.
A
Professora
Roberta
Puccini
por
me
ensinar
que
tantas
pessoas
consideradas
deficientes,
podem
ser
apenas,
diferentes.
E,
que
no
fundo
de
todo
poço,
existe
uma
mola
que
nos
impulsiona
para
cima.
A
Professora
Maria
Irene
Pellegrino
de
O.
Souza,
pela
atenção
com
que
me
apresentou
futuras
veredas
em
fotografia.
Ao
Professor
Ronaldo
por
me
mostrar
que
os
caminhos
da
memória,
quando
bem
pesquisados,
fazem
chegar
à
descoberta
da
arte.
19. Ao
Professor
André
Luiz
Onório
Coneglian,
tocando
tão
profundamente
meus
sentimentos
e
mostrando
a
importância
que
tem
um
Professor
na
nossa
formação
como
ser
humano.
Ao
Professor
Luiz
Carlos
Jeolás
pela
paciência
em
me
orientar
com
as
mídias
tecnológicas.
19
Ao
professor
Kennedy
Piau
sempre
me
incentivando
a
ser
mais
racional.
Ao
professor
Jardel
Dias
Cavalcanti,
por
ser
gentil
sempre
que
precisei.
Ao
professor
Juliano
Reis
Siqueira,
me
fez
descobrir
caminhos
tão
produtivos
e
de
encantamento
na
educação
através
de
oficinas.
A
professora
Vanessa
de
Oliveira,
com
muita
seriedade,
empenhada
em
transmitir
conhecimentos.
Ao
professor
Renan
dos
Santos
Silva
que
defende
com
paixão
a
ética
do
professor
e
já
no
primeiro
ano
do
curso,
mostrou-‐nos
essa
importância
e
responsabilidade
na
formação
dos
professores.
Ao
professor
Danillo
Gimenes
Villa,
dirigindo
suas
aulas
de
modo
descontraído,
alegre,
porém
sempre
atento
a
nossa
formação.
A
professora
Elke
Coelho
Pereira
Santana,
paradigma
no
modo
de
ministrar
uma
aula
e
pela
gentileza
ao
receber-‐me
em
cada
encontro.
A
professora
Carmem
Fabiana
Betiol,
por
conseguir
aplicar
a
aula
de
modo
tão
contemporâneo,
realista,
no
sentido
de
demonstrar
o
quanto
tudo
está
unido
à
vida
e
às
suas
consequências.
A
professora
Maria
Fernanda
Magalhães,
por
me
deslumbrar
com
o
universo
fantástico
da
fotografia.
Ao
professor
Ubirajara
Senatore,
que
de
maneira
simples
apresentou
a
potência
e
a
grande
influência
das
imagens
em
nossas
vidas
e
em
nossas
produções
artísticas.
A
professora
Cândida
Alayde
Bittencourt,
mais
um
exemplo
de
competência
e
referência
no
compromisso
atencioso
dispensado
às
pessoas.
Ao
professor
Marcos
Nalin
que
abordando
as
obras
de
Velazques,
me
fez
pensar
meus
próprios
espelhos
da
alma.
Ao
José
Marques
Neto,
ao
Manoel
Cavalcante
de
Souza
Neto,
Ao
Deusdito
Pereira
dos
Santos,
20. A
Sônia
Maria
Camargo
Lourenço,
A
Sônia
Aparecida
Pimenta
Tardin,
A
Eunice
Bianconi,
todos
os
quais
com
a
maior
simpatia
e
boa
vontade
fizeram
o
contato
amigo
entre
os
alunos
e
a
Universidade.
Enfim,
a
todos
os
queridos
amigos
professores
e
funcionários
do
Departamento
de
Artes
que
se
empenharam
com
alegria
e
incentivo,
me
apresentando
uma
dimensão
bem
melhor
do
Curso,
pois
como
me
dizia
o
Professor
Renan
dos
Santos:
-‐
Você
pensou
que
veio
aqui
para
brincar
de
massinha?
20
21. 21
SERVIDORES
E
PROFESSORES
DO
DEPARTAMENTO
DE
ARTE
VISUAL/
CECA
CÂNDIDA
ALAYDE
DE
CARVALHO
BITTENCOURT
CARLA
JULIANA
GALVÃO
ALVES
WARKEN
CARMEM
FABIANA
BETIOL
CLAUDIO
LUIZ
GARCIA
JARDEL
DIAS
CAVALCANTI
DANILLO
GIMENES
VILLA
ELKE
COELHO
PEREIRA
SANTANA
JULIANO
REIS
SIQUEIRA
KENNEDY
PIAU
FERREIRA
LOURIDES
APARECIDA
FRANCISCONI
LUIZ
CARLOS
SOLLBERGER
JEOLÁS
MARCOS
RODRIGUES
AULICINO
MARIA
CARLA
GUARINELLO
DE
ARAÚJO
MOREIRA
MARIA
FERNANDA
VILELA
DE
MAGALHÃES
MARIA
IRENE
PELLEGRINO
DE
OLIVEIRA
SOUZA
MARTA
DANTAS
DA
SILVA
RENAN
DOS
SANTOS
SILVA
ROBERTA
PUCCETTI
RONALDO
ALEXANDRE
DE
OLIVEIRA
TANIA
CRISTINA
RUMI
SUGETA
UBIRAJARA
DE
CARLO
SENATORE
VANESSA
TAVARES
DA
SILVA
DEUSDITO
PEREIRA
DOS
SANTOS
EUNICE
BIANCONI
JOSÉ
MARQUES
NETO
MANOEL
CAVALCANTE
DE
SOUZA
NETO
SÔNIA
APARECIDA
PIMENTA
TARDIM
SÔNIA
MARIA
CAMARGO
LOURENÇO
22. A
Profa.
Dra.
Regina
Célia
Alegro
por
abrir
as
portas
do
Museu
Histórico
de
Londrina,
para
a
minha
”Instalação
Memória
e
Arte
no
Museu”,
incentivando-‐me,
Apoiando-‐me
em
novos
projetos
e
me
recebendo
com
muita
simpatia.
Ao
Lucas
Gabriel
da
Mata
pelo
incentivo
e
entusiasmo
me
auxiliando
na
Instalação
que
aconteceu
no
Museu
Histórico
de
Londrina.
A
Gina
E.
Issberner,
que
me
tratou
com
gentileza
por
ocasião
da
Instalação
no
Museu
Histórico
de
Londrina.
22
Aos
amigos
e
amigas;
Guilherme
De
Martino
Casado,
por
me
ofertar
o
livro
de
Fotografias
de
José
Juliani.
Luiz
Couto
que
sempre
me
auxiliou
na
edição
de
vídeos.
Giovana
Paolini,
pela
boa
companhia
na
volta
das
aulas,
pela
amizade
leal
e
a
atenção,
dispensando
seu
tempo
comigo
e
com
meus
trabalhos.
Dani
Milani,
por
colocar
alegria
em
nossos
eventos
e
me
ensinar
mídias
contemporâneas.
Maria
Angélica,
se
fazendo
ouvir
pelo
respeito
que
impõe
com
sua
competência
e
amizade.
Natália
Tardin,
pela
delicadeza
em
passar-‐me
seus
saberes.
Mayla
Weber,
pelo
carinho
e
atenção
de
sempre.
Carolina
Sobreira,
que
parecia
fraquinha,
mas
carregou
até
vigas
de
madeira
para
ajudar
a
amiga
montar
o
Laboratório
e
ainda
fazer-‐me
virar
outra
vez
colegial
como
ela,
trocando
segredinhos
pelas
esquinas
dos
corredores
da
UEL.
Letícia
pelo
constante
sorriso
de
boas
vindas.
A
kauana
por
me
socorrer
em
meus
constrangimentos
e
me
mostrar
novos
horizontes.
A
Daina
pela
parceria
nos
trabalhos
e
a
companhia
carinhosa
quando
eu
ficava
triste.
A
Juliana
Domaneschi
por
ser
atenciosa
comigo
em
todo
encontro
e
rir
dos
desencontros.
Ao
Neto
Bueno,
ao
Tiago
Souza,
ao
Anderson
Monteiro,
por
serem
prestativos
para
comigo
em
todos
os
momentos
dispensando-‐me
seu
carinho
e
amizade.
A
Luciana
Mendonça
e
ao
Willian
Fernandes
por
se
tornarem
filhos
em
meu
lar.
23. Ao
Padre
Ozanilton
Batista
de
Abreu,
pela
oportunidade
e
consideração
para
com
meus
projetos.
A
Zenaide
de
OIiveira,
A
Inara
Regina
R.
Santana,
A
Irma
Bernardo
Vieira,
A
Liete
Brunelli
Araújo,
Pelo
entusiasmo
em
me
acompanharem
por
novos
atalhos
nas
artes,
me
dedicando
sua
amizade
e
confiança.
Ao
Cesar
Grade
pela
antiga
amizade,
por
me
respeitar
como
tia,
desde
que
ele
era
um
bebê
e
eu
uma
moça
bonita,
e
por
ele
me
presentear
com
tantos
materiais
artísticos.
A
Ana
Carolina
Binotti,
pelo
amor,
pelo
carinho
e
por
sempre
me
presentear
com
tantos
materiais
e
livros
de
artes.
A
Lenita
Mamprim
Pelarim,
pelo
exemplo
de
coragem
e
fé,
suportando
os
maiores
golpes
que
como
mulher
e
como
mãe
pode
receber,
e
mesmo
assim,
seguir
sorrindo,
distribuindo
a
sua
alegria
contagiante.
A
Andréa
Merighe
por
que
iluminou
minha
vida
trazendo-‐me
o
azul
celeste
em
forma
de
amor,
que
é
meu
neto
Miguel.
Ao
Jorge
Luiz
Catharino,
escultor,
pintor,
e
historiador
da
família,
pelo
respaldo
em
minhas
pesquisas
e
ainda
me
presenteou
com
a
cadeirinha
de
peroba
rosa,
a
qual
entrou
na
composição
da
maquete
“Quarto
da
Menina”.
Ao
Lourival
Figueiredo
Lula,
amigo
de
meu
marido
e
anjo
da
guarda
de
minha
família,
pela
dedicação
e
presença
nos
momentos
mais
significativos.
Ao
Hercules
Henrique
Catarino
e
a
Leonilde
Ortiz
Catarino
pela
presença
constante
e
por
me
apoiarem
e
levarem
em
turnês
de
pesquisas
pela
Cidade.
A
Luci
Pelarim
que
com
a
mesma
delicadeza
de
sua
mãe,
ajudou-‐me
na
recuperação
das
memórias
de
sua
família.
23
A
Ana
Marisa
Catarino
por
extrair
minhas
risadas
diante
do
seu
modo
divertido
de
encarar
a
vida
e
recuperar
memórias.
Carolina
de
Melo
por
fazer-‐se
terra
fértil
em
minha
vida
afortunando-‐me
com
meus
netos
Rafael
e
Laura.
Aos
meus
filhos
André,
Gisele
e
Rodrigo,
a
Carolina
de
Melo,
ao
José
Henrique
Catarino
a
Bruna,
ao
Tarcísio
Catarino
Tadeu,
que
embora
relutantes
por
eu
migrar
do
ambiente
doméstico
para
o
estudantil,
me
auxiliaram
com
a
tecnologia,
com
viagens
de
objetos
de
Instalações
e
na
coleta
de
materiais
de
memória
e
artes.
24. 24
A
Tia
Odila
Peron
Catharino
porque
abriu
seu
coração
para
mim
e
me
chama
de
Filha.
A
Tia
Inez
Delai
Catharino
que
me
contou
seus
dramas
de
mulher
e
me
chama
de
Sobrinha
Querida.
A
Tia
Eurides
Catarino
pela
grande
amizade
e
pela
alegria
de
cada
encontro.
A
Tia
Alice
Catarino
Monteiro
que
me
chamava
de
“santinha”
e
me
acolhia
com
beijos
em
minha
infância.
A
Tia
Maria
Catarino
Peralta
que
guarda
com
amor
as
memórias
da
família.
A
Tia
Olivia
Degraf
Catarino
por
ser
minha
segunda
mãe.
Tia
Faustina
Catarino
por
ser
amorosa
e
dedicada
madrinha.
A
Tia
Irene
Degraf
Netto,
madrinha
que
encheu
minha
infância
de
sonhos.
A
Tia
Nélida
Penãs
Catharino,
minha
(não
muito
mais)
“irmã
mais
velha”,
sempre
orientando
meus
passos.
A
Tia
Suely
Cândido
Catarino
exemplo
de
fortaleza
e
fé.
A
Tia
Cleide
Catarino,
delicada,
incansável
na
esperança.
A
Tia
Lurdes
Catarino,
amiga
da
mesma
idade
que
me
apoia
e
compreende.
A
Tia
Geni
Pelarim
por
me
confiar
histórias
de
sua
família
e
me
ofertar
uma
fotografia
importante,
como
prova
de
consideração
para
comigo.
Ao
Professor
Marcos
Aulicino,
porque
gentilmente
aceitou
ser
o
coordenador
do
meu
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
e
sabiamente
encorajou-‐me
a
expor
meus
sentimentos,
a
enfrentar
os
desafios
com
a
segurança
de
quem
tem
um
grande
mestre.
25. 25
A
POTÊNCIA
DA
LEITURA
É
um
capítulo
importante
porque
apresenta
a
leitura
como
meio
transcendental
do
tempo
e
como
meio
edificante
do
ser,
portanto
continuam
os
agradecimentos
aos
que
me
deram
acesso
aos
livros.
Agradeço:
Ao
Professor
Claudio
Luiz
Garcia,
O
professor
Cláudio
do
Curso
de
Artes
Visuais,
deixa
à
disposição
dos
alunos,
uma
pequena
biblioteca
em
sua
sala.
São
exemplares
variados,
incitando-‐nos
a
seguirmos
diversos
caminhos.
Assim
sendo,
entre
esses,
um
livro
diferente
me
chamou
a
atenção,
pois
ele
é
de
folhas
soltas
dentro
de
uma
caixa.
O
livro
conta
crônicas
de
Manoel
de
Barros,
cada
uma
numa
folha,
e
todas
juntas
sem
costura,
dentro
da
caixa.
Encontrei
outro
livro
bem
interessante,
acondicionado
em
pequena
caixa,
eram
páginas
mínimas,
de
minúsculas
gravuras,
arte
do
próprio
professor
Cláudio.
Achei
aquilo
lindo,
uma
verdadeira
caixinha
de
joias.
Descobri
então,
que
o
livro
pode
adquirir
diferentes
e
infinitos
formatos.
Por
isso
fui
convidada
por
minha
atenta
amiga
Luciana
Mendonça,
a
participar
de
uma
oficina
de
construção
de
livros.
Lá
conheci
a
artista
plástica
Adriana
Siqueira,
a
delicadeza
em
pessoa.
Nesse
grupo
conheci
outras
pessoas
gentis
e
inspiradas,
amantes
das
artes.
Na
primeira
aula,
a
Adriana
fez
uma
exposição
de
tantas
outras
possibilidades
de
se
construir
um
livro.
Finalmente
decidi
que
meu
trabalho
de
conclusão
de
curso,
poderia
ter
o
formato
de
um
livro
artístico
de
memórias.
À
minha
mãe
que
me
alfabetizou
e
me
ensinou
a
potência
da
leitura,
Quando
eu
era
criança,
não
existiam
pré-‐escolas
e
minha
mãe
achou
por
bem
me
ensinar
o
ABC,
e
facilitar
o
início
deste
meu
novo
caminho.
Ao
entrar
para
o
primeiro
ano
escolar,
ganhei
uma
cartilha,
seu
nome
era
“Caminho
Suave”.
Atualmente
esse
tipo
de
cartilhas
é
muito
criticado,
mas
no
meu
caso,
foi
realmente
um
caminho
suave,
parecia
um
jogo,
uma
matemática
de
letras,
e
me
entusiasmei
pelas
descobertas
do
mundo
de
símbolos
a
aprender.
O
primeiro
livro
mesmo,
eu
recebi
de
meus
pais,
e
era
muito
pequena.
Devia
ser
um
livro
de
histórias
de
princesas,
porém
guardei
na
memória
as
páginas
onde
vi
uma
revoada
de
pássaros
em
mil
cores.
Eram
pássaros
de
penachos
e
caudas
longas.
Tesourinhas,
canários,
galos
da
montanha,
todos
em
deslumbrante
carnaval,
e
o
mais
soberbo
de
todos,
era
o
pavão.
26. Depois,
deram-‐me
outros
livros.
Os
de
catequese
com
desenhos
delicados,
bonitos,
ensinando
as
virtudes,
sem
legendas,
mas
com
a
figura
do
“capêta”,
querendo
estragar
tudo.
Meus
padrinhos,
Irene
Degraf
e
José
Netto
me
presentearam
com
a
minha
primeira
bíblia
e
meus
tios
Olivia
Degraf
e
Antonio
Catarino,
nos
aniversários
me
trouxeram
Alice
no
País
das
Maravilhas
e
depois
as
fábulas
das
mil
e
Uma
Noites.
Estes
livros
vinham
com
gravuras
em
preto
e
branco
e
eu
as
coloria
a
lápis,
presenteados
por
meu
pai.
Chegaram
depois
os
livros
didáticos,
escolhidos
com
esmero
e
qualidade,
cuja
lista
indicada
pela
escola,
meu
pai
adquiria
de
maneira
impecável.
Minha
mãe
lhe
dizia
que
a
maior
herança
deixada
aos
filhos
é
a
boa
educação.
Ao
Zeca
meu
pai,
Mesmo
sendo
pobre,
sendo
motorista
de
caminhão,
começando
fazer
vida,
ele
juntamente
com
minha
mãe,
escolhiam
as
melhores
escolas
para
nós.
O
livro
tinha
presença
regular
em
nossa
rotina
do
lar.
Minha
mãe
sempre
contando
romances,
tragédias,
fábulas,
e
meu
pai,
descendente
de
portugueses,
gostava
de
literatura
de
Cordel,
principalmente
as
histórias
de
Pedro
Malasarte,
para
fazer-‐nos
darmos
risadas.
Aos
primos
Dilson
e
Ester,
Livro
perfumado
era
algo
que
eu
nunca
tinha
visto.
Certa
vez
encontrei
um
exemplar
em
minha
caixa
postal.
Tinha
a
dedicatória
de
meus
primos,
Dilson
e
Ester.
Não
me
encontrando
em
casa,
deixaram
lá
este
livro
maravilhoso
com
perfume
de
gardênias,
poesias
e
fotos
de
obras
de
pintores
diversos.
Ainda
guardo
encantada
este
livro
“As
Quatro
Estações”
e
me
enlevo
com
seu
visual,
seu
perfume,
suas
poesias
e
o
gesto
carinhoso
destes
primos.
Aos
amigos
Luciana
Mendonça
e
William
Fernandes,
Outra
mostra
de
sincera
amizade,
recebi
destes
queridos
e
dedicados
amigos,
Luciana
e
Willian
ao
me
presentearem
com
o
livro
“Arte
Contemporânea”,
ajudando-‐me
a
complementar
os
estudos
de
Artes
Visuais.
Ao
professor
Diamantino,
Numa
Escola
Pública,
no
período
do
ginásio,
o
professor
Diamantino,
intimamente
envolvido
pela
disciplina
que
pregava,
me
ensinou
a
interpretar
poesia,
a
amar
minha
própria
língua
pátria
e
a
descobrir
os
cheiros,
os
sons
e
as
cores
contidas
numa
palavra,
tudo
numa
única
aula,
através
da
poesia
“Última
Flor
do
Lácio”.
À
professora
Raimunda
Brito
que
me
fez
descobrir
a
fascinante
leitura
de
“Cordel”
26
e
também
abriu
a
porta
da
minha
memória.
Em
uma
aula
de
antropologia,
com
a
professora
Raimunda,
no
primeiro
ano
do
Curso
de
Artes
Visuais,
comentávamos
a
importância
que
certos
objetos
ou
situações
banais,
adquirem
quando
assumem
um
significado.
Um
objeto,
um
som,
um
cheiro,
uma
palavra,
uma
determinada
situação,
podem
acionar
nossa
memória,
e
por
seu
afeto,
nos
fazer
sentir
de
novo,
a
dor
ou
a
ternura
de
um
momento
passado.
A
professora
27. Raimunda
se
referiu
a
um
costume
antigo
de
levarem
maçãs
para
oferecerem
a
alguém
que
estivesse
doente.
Naquela
aula,
fui
assaltada
e
afetada
por
uma
lembrança
linda;
em
nossa
infância,
minha
irmã,
meu
irmão
e
eu,
quando
ficávamos
com
febre
ou
acamados,
víamos
nosso
pai
entrar
a
toda
hora
em
nosso
quarto,
perguntando;
-‐
Tá
melhor?
-‐
Já
melhorou?
Seu
rosto
ficava
branco,
os
olhos
grandes
de
preocupação
e
em
sua
mão
rústica,
a
enorme
e
vermelha
maçã,
cheirosa,
saborosa.
Chorei
nesta
aula,
porque
fazia
poucos
dias
que
meu
querido
pai
tinha
falecido.
27
A
todos
meus
professores
que
foram
porteiros,
Digo
que
professores
são
porteiros
porque
a
eles
compete
abrirem
as
portas
da
sabedoria
aos
estudantes.
Alguns
abrem
portas
sombrias
para
um
mundo
decepcionante,
criando
bloqueios
intransponíveis
nas
mentes
sensíveis
das
crianças
e
dos
jovens.
Outros
abrem
portas
de
luz,
e
mostram
um
mundo
maravilhoso,
alegre
e
rico,
convidativo
a
entrar
e
sentir
o
prazer
de
explorar,
que
será
sempre
buscado
novamente.
Tive
a
graça
em
minha
vida
de
encontrar
muitos
professores
apaixonados
pela
missão
de
ensinar.
Eles,
iluminados,
satisfeitos,
me
indicavam
estradas
por
eles
já
trilhadas
e
me
acompanharam
com
alegria
em
minhas
descobertas.
Foram
verdadeiros
porteiros
e
cicerones
do
saber.
Foram
muitos
e
foram
tantos
esses
bons
professores
e
entre
eles,
uma
linda
freira,
me
introduziu
no
universo
da
biblioteca.
Toda
semana
a
freirinha
professora
me
convidava
para
ir
às
tardes
na
biblioteca
do
colégio
de
minha
infância,
o
Colégio
Santa
Maria.
Enquanto
ela
corrigia
provas
e
tarefas,
me
deixava
desvendar
aquele
espaço
de
saberes.
Quando
minha
vista
cansava,
ela
me
mandava
correr
pelo
pátio
e
eu
pisava
na
grama
fofa,
sentindo
o
vento
nos
cabelos
e
no
rosto
de
menina.
Numa
destas
tardes
a
freirinha
me
pediu
para
ajudá-‐la
carregar
seus
cadernos
e
jogá-‐los
num
buraco
de
terra,
nos
fundos
do
colégio.
Tentei
impedir,
ela
não
poderia
jogar
fora
cadernos
tão
bonitos,
pintados
com
florzinhas
e
letras
desenhadas.
A
freirinha
minha
amiga,
explicou-‐me
que
um
dia
eu
a
entenderia,
pois
esse
período
de
sua
mocidade
religiosa
teria
que
ser
apagado
,
e
chorando,
pôs
fogo
em
tudo.
Menos
nas
fotos
de
seu
irmão
as
quais,
mostrou-‐me
para
eu
ver
como
ele
era
bonito.
Ela
não
podia
dar-‐me
nenhum
de
seus
cadernos
como
lembrança,
mas
sim
a
sua
pequena
coleção
de
moedas
antigas,
presente
de
seu
irmão.
Os
cadernos
juntamente
com
sua
vida
de
freira,
teriam
que
ficar
para
trás.
Muitos
anos
depois
fiquei
sabendo
que
a
linda
freirinha,
tinha
abandonado
a
Congregação,
voltado
para
Minas
Gerais
e
estava
trabalhando
no
Abatedouro
de
Aves
de
propriedade
de
seu
irmão.
Esta
freira
professora
tornou-‐se
um
paradigma
para
mim.
Suas
aulas
eram
criativas
e
inovadoras.
Nas
aulas
de
religião,
ela
organizava
as
carteiras
em
círculo.
No
centro
do
círculo,
uma
mesa
com
a
bíblia
e
uma
vela
acesa
e
enfeitada.
Cada
aluno
levantava,
lia
um
capítulo
ou
versículo
e
comentávamos
contextualizando
com
fatos
contemporâneos.
Em
Educação
Física,
mandou-‐nos
providenciar
um
pedaço
de
cabo
de
vassoura,
pintado
de
vermelho
e
de
azul,
e
com
este
bastão,
ensinou-‐nos
a
praticar
ginástica
rítmica.
Em
todas
as
matérias,
a
cada
nota
alta
que
tirássemos,
o
nosso
nome,
preso
a
um
fio,
ia
subindo
até
chegar
nas
mãos
de
Nossa
Senhora
das
Graças,
imagem
em
lugar
de
destaque
e
honra
em
nossa
sala
de
aulas.
Nas
festas
do
Colégio
ela
me
escolhia
como
oradora.
Fundou
um
Clube
Literário,
o
“Olavo
Bilac”,
nos
ensinou
assim
a
votarmos,
e
nisto
fui
escolhida
como
secretária
do
clube
e
tive
que
aprender
a
redigir
28. atas
e
discursos.
Ainda
hoje
quando
passo
em
frente
ao
antigo
colégio
na
Rua
Maringá,
vejo
o
pinheiro
que
plantamos
no
dia
da
árvore.
Ela
marcou
encontro
conosco
no
futuro
à
sombra
desta
árvore,
para
podermos
nos
abraçar
e
contarmos
em
quem,
nos
formamos.
28
29. 29
Parte
II
RESUMO
Arrancando
Raízes
em
Londrina
é
um
livro
de
contos,
história
oral,
memórias,
forma
de
registrar
afetos
e
criar
mais
memórias,
em
texto
poético
e
com
relação
a
imagens
fotográficas
coletadas
ou
produzidas.
Muitos
objetos
comuns
tornam-‐se
canais
da
memória
e
adquirem
significados,
trazidos
pelos
sentidos
humanos,
seja
pela
visão,
olfato,
paladar,
audição,
ou
pelo
tato.
Assim,
também
muitas
situações
se
tornam
recorrentes
a
outros
seres
humanos,
que
através
dos
sentidos
poderão
se
reportar
às
suas
memórias,
parecidas
ou
totalmente
diferentes.
Para
explorar
esses
afetos,
a
intenção
poética
desse
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso,
é
o
livro,
como
coletânea
de
contos,
fotografias
e
imagens,
costurados,
reunidos,
como
colcha
de
retalhos,
tudo
completado
por
imagens
de
uma
Instalação,
a
qual
composta
por
objetos
pertencentes
à
memória
daquele
tempo
ou
das
vozes
das
pessoas
que
se
manifestaram,
com
as
projeções
de
fotos
e
de
vídeos,
contendo,
imagens
antigas
e
contemporâneas,
porém
em
apresentação
aleatória,
para
que,
cada
espectador
junte
as
partes
que
lhe
interesse
e
possa
criar
a
sua
própria
colcha
de
retalhos.
Desse
modo
o
livro
de
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso,
transformou-‐se
no
Livro
Arrancando
Raízes
em
Londirna,
das
pequenas
histórias
e
da
imaginação
londrinense.
31. 31
Motivo
do
título
ARRANCANDO
RAÍZES
EM
LONDRINA:
(título
sugerido
pelo
Prof.
Dr.
Marcos
Rodrigues
Aulicino)
Marcia
de
Fátima
Catarino
Pelarim.
Cursar
uma
Universidade
é
repensar
os
valores.
O
meu
trabalho
de
conclusão
de
curso,
coincidiu
com
a
venda
de
minha
casa
da
infância.
Provocou
um
balanço,
remexeu,
revirou
dentro
de
mim.
Repensei,
me
remoí.
Eu
estou
agressiva,
eu
estou
revoltada,
eu
estou
ferida,
como
bicho
acuado,
estou
enlouquecida,
estou
em
ebulição.
Fez
derramar
meu
sangue,
verter
seiva,
até
eu
compreender
que
o
tempo
é
implacável
e
atropela
a
quem
fica.
Vou
escrever,
vou
virar
a
página
e
seguir
em
paz,
seguir
em
frente.
33. 33
Enfrentamento
diante
da
vida.
É,
preciso
ter
olhos
de
voar
e
olhos
de
pisar
o
chão.
Através
de
seus
olhos,
aprendi
a
enxergar
o
mundo;
O
meu
pai,
com
seus
olhos
na
cor
verde-‐mata
mostrou-‐me
ser
preciso
sonhar,
voando
acima
das
copas,
para
fazer
o
sonho
acontecer.
E
minha
mãe,
com
seus
olhos
cor
castanho-‐telúrico,
me
ensinou
a
por
os
pés
no
chão
e
não
errar
o
caminho
que
leva
à
realização
dos
sonhos.
35. 35
INTRODUÇÃO
Toda
pessoa
deveria
fazer
como
os
indígenas
e
ir
contando
a
história
de
sua
família
de
geração
em
geração,
perpetuando
lições
de
amor
e
superação.
Cada
família
é
formada
através
da
relação
com
outras
famílias.
Elas
crescem
se
mesclam
e
ocupam
determinados
espaços
e
épocas,
criando
cidades
como
a
de
Londrina.
São
vidas
que
se
entrelaçam
formando
uma
linda
teia
de
aranha
brilhando
ao
sol,
ou
parece
toalhinha
de
crochêt,
ligando
pontos,
amarrando
destinos,
ou
então,
pode
lembrar
uma
imensa
e
colorida
colcha
de
retalhos,
nos
pedaços
diferentes
de
vidas
juntadas
calculadamente,
para
compor
um
futuro
melhor.
Neste
trabalho
proponho
uma
coletânea
de
contos,
contos
que
são
lembranças
de
histórias
ouvidas
na
infância,
outras
ouvidas
recentemente,
histórias
de
famílias,
da
minha
família,
mas
também
de
vizinhos,
e
de
outras
famílias.
Oralidades
que
nascem
das
reminiscências
detonadas
por
imagens,
que
nascem
da
criação
inspirada
em
fotografias,
que
nascem
nas
conversas,
ouvir
e
contar
histórias.
Trazer
minhas
histórias
para
a
Universidade,
entre
meus
colegas,
a
maioria
de
outra
geração,
entrecruzar
histórias,
entrecruzar
oralidades
geracionais.
O
criar
textual
que
nasce
do
ouvir,
do
contar,
do
olhar.
Pesquisar
imagens,
histórias
e
por
trás
dessas
imagens,
as
minhas
histórias,
as
outras
histórias,
a
história
do
outro,
a
história
que
você
pode
agora
contar
vendo
as
minhas
imagens,
e
lendo
meus
contos.
A
partir
de
um
processo
de
pesquisa
proposto
pelo
professor
Ronaldo
A.
de
Oliveira,
escolhi
como
objeto
de
investigação,
uma
foto
antiga
que
mostrava
situação
incomum
e
por
isso
suscitava
tantas
questões.
Esta
fotografia
denominada
“O
Portal”,
em
especial
me
afetou
porque
despertou
em
minha
memória
uma
época
em
que
participei
e
agora
ainda
se
agita
dentro
de
mim,
pois,
pertence
a
um
mesmo
espaço,
agora
assumindo
formas
inusitadas,
surgidas
no
século
vinte
e
um.
Ao
investigar
aquela
fotografia
do
meu
próprio
Tio
Antonio
Henrique
Catharino,
posando
orgulhoso
no
caminhão
que
carregava
uma
tora
gigantesca
de
peroba-‐rosa,
comecei
buscar
respostas
para
entender
aqueles
dias
dos
primórdios
da
cidade
de
Londrina.
Fui
desvendando
histórias
de
pessoas,
de
famílias,
de
costumes,
de
tradições,
de
modos
diferentes
de
resolver
situações,
até
mesmo,
a
criatividade
de
uma
população
em
seus
envolvimentos
sociais.
As
histórias
e
os
fatos
eram
tão
diversos,
mas,
de
algum
modo,
se
ligavam
por
que
diziam
de
pessoas
se
envolvendo
dentro
do
mesmo
espaço
e
mesmo
tempo.
Embora
fossem
de
culturas
distintas,
essas
pessoas
se
uniram
para
formarem
uma
nova
sociedade,
como
acontece
com
pedaços
diferentes
de
tecidos,
mas
costurados,
unidos
uns
aos
outros,
formam
lindas
colchas
de
retalhos.
Por
isso,
para
o
resgate
da
história,
fui
correndo
atrás
do
tempo
como
quem
corre
atrás
de
um
trem,
para
colher
as
vozes
daqueles
que
partem,
levando
consigo
o
testemunho
vivo
do
embate
do
homem
com
o
espaço
rústico
e
que
culminou
na
extinção
de
uma
paisagem
que
emerge
agora
através
de
uma
fotografia
e
da
fala
das
pessoas.
37. 37
Parte
III
CAPÍTULO
I
ORIGEM
DO
LIVRO
A
INSTALAÇÃO
E
O
TRABALHO
DE
CONCLUSÃO
DO
CURSO
DE
LICENCIATURA
EM
ARTES
VISUAIS
A
origem
deste
Livro
é
um
Trabalho
de
Conclusão
do
Curso
de
Licenciatura
em
Artes
Visuais
da
Universidade
Estadual
de
Londrina,
conforme
segue
a
sua
primeira
apresentação
como
TCC.
(ver
em
anexos
deste
livro).
Este
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
com
o
título
Arrancando
Raízes
constitui-‐se
por
textos,
depoimentos,
imagens,
fotografias
antigas
e
recentes,
e
vídeos,
numa
instalação
para
resgatar
histórias,
memórias
e
inventivas
deste
lugar
chamado
Londrina.
O
processo
acontece
através
da
memória
e
da
visão
particular
de
pessoas
comuns,
cujos
nomes
não
constam
nos
registros
históricos
convencionais.
Reuni
vozes
de
anônimos,
compondo
um
retrato
realista
da
sociedade
londrinense
no
que
compete
a
força
de
trabalho
formando
o
alicerce
do
progresso.
Esse
resgate
vem
por
via
de
objetos
impregnados
de
significados
temporais
que
reavivam
a
minha
memória
e
a
de
pessoas
ligadas
por
um
espaço
comum
a
todas.
É
uma
busca
de
nossas
identidades,
onde
consequentemente
surge
a
identidade
da
Cidade,
formada
nas
camadas
do
tempo.
Vidas
tão
distintas
entrelaçadas
no
mesmo
objetivo
de
realizar
seus
sonhos
num
lugar
que
sempre
promete
o
sucesso.
Até
os
dias
atuais,
indivíduos
culturalmente
diversos,
continuam
chegando
e
assumindo
o
lema:
“Londrina
é
Progresso”,
mas
descobrem
o
seu
sinônimo:
“Trabalho”.
Dessa
maneira,
pautadas
no
trabalho
e
no
sonho,
vão
construindo
a
cidade
com
sua
força
de
trabalho
que
é
a
alavanca
do
progresso.
Mas
as
histórias
destes
anônimos
mostra
que
o
sucesso
tem
outro
lado,
o
sofrido,
aquele
que
exigiu
a
renúncia
de
outros
lugares,
outros
tempos,
onde
ficaram
as
suas
raízes.
É
preciso
coragem
para
se
adaptar
ao
espaço
estranho,
burlar
a
saudade,
um
olhar
de
boa
vontade
para
conhecer
o
outro
e
transitar
entre
passado
e
presente,
sem
deixar
de
vislumbrar
o
futuro.
Assim,
em
contato
com
esse
material
o
espectador
e
visitante
será
tocado
em
suas
próprias
lembranças
e
se
reconhecerá
como
parte
dessa
história
de
amor,
de
superação,
de
saudade,
de
amizade.
São
sentimentos
e
situações
recorrentes
e
sujeitas
a
mudanças
constantes.
O
livro
e
a
Instalação
procuram
afetar
os
sentidos
e
os
sentimentos
para
levantar
a
seguinte
questão:
A
Arte
pode
mostrar
a
força
de
Chronos
na
transformação
do
espaço
e
das
pessoas
dentro
dele?
AS
FOTOGRAFIAS
E
A
ATRAÇÃO
Compreendi
minha
atração
por
fotografias,
por
esse
seu
caráter
de
se
tornarem
um
objeto
artístico
e
de
investigação.
Nelas
fazemos
uma
leitura
da
realidade
como
faz
um
detetive
ao
reconstituir
a
verdade,
ou
ainda,
podermos,
inventar,
criar
situações,
compor
histórias.
38. (Inspirei-‐me
no
trabalho
de
Sophie
Calle,
O
Quarto
de
Hotel,
A
Caderneta,
O
38
Detetive.
Ela
se
utiliza
das
imagens
e
se
apoia
em
palavras
para
reforçar
os
signos).
Para
meu
trabalho,
faço
apropriação
de
fotografias
antigas,
mas
também
capturo
sons
e
imagens
antigas
e
contemporâneas,
em
fotografias
e
vídeos,
para
salientar
que
na
diversidade
cultural
encontramos
muitos
pontos
de
intersecção
onde
nos
reconhecemos
como
seres
humanos
sujeitos
a
sofrimentos,
mas
capazes
de
superação
e
vitória.
Reúno,
portanto,
na
instalação
e
no
livro,
fotografias,
várias
histórias
diversas,
como
retalhos
de
vidas
e
as
costuro,
e
alinhavo
sobre
retalhos
de
tecidos,
como
se
faziam
as
antigas
colchas
das
vovós.
A
PESQUISA
Um
nó
de
nós
“Um
nó
de
nós”
foi
o
nome
dado
a
Pesquisa
que
gerou
o
livro
Trabalho
de
Conclusão
do
meu
curso
de
Licenciatura
em
Artes
Visuais
o
qual
depois
recebeu
o
título
“Arrancando
Raízes”.
A
Pesquisa
se
iniciou
em
2012
e
assim
foi
nomeada,
pois
representa
o
encontro
de
pessoas
em
situações
e
sentimentos
recorrentes
a
todo
ser
humano.
Por
isso,
em
algum
momento
da
leitura,
o
apreciador
será
tocado
em
suas
próprias
memórias
e
aí,
nesse
ponto,
se
estabelecerá
o
vínculo,
o
nó
que
nos
une.
Este
título
foi
sugestão
de
meus
amigos
dedicados,
a
Luciana
Mendonça
e
o
Willian
Fernandes,
falando-‐me
de
uma
lenda
celta,
a
qual
se
referia
ao
encontro
de
destinos,
formando
um
tecido
e
isto
me
fez
entender
esta
atração
por
retalhos
de
tecidos
diferentes
que
também
são
unidos
por
pontos
e
nós.
A
orientação
para
a
possibilidade
de
resgatar
a
memória,
veio
por
parte
do
professor
Marcos
Aulicino,
quando
logo
no
primeiro
ano
do
curso
de
Artes
Visuais,
percebeu
meu
interesse
por
vivências
do
passado,
e
me
indicou
a
leitura
do
Artigo
sobre
memórias
de
José
Rufino.
Mas,
como
reunir
histórias
tão
distintas
umas
das
outras
e
ainda
manter
uma
integridade
compreensiva?
A
apresentação
das
minhas
memórias
foi
baseada
em
duas
leituras
indicadas
pelo
professor
Cláudio
Garcia,
pelas
quais
compreendi
que
se
podem
registrar
fatos
reais,
esquecidos
no
tempo,
apenas
restaurando-‐os
pela
mente,
como
é
o
caso
da
obra
de
Pedro
Nava,
“O
Círio
Perfeito”.
Quanto
à
segunda
leitura,
o
livro
de
Josué
Monteiro,
“Noite
em
Alcântara”,
me
fez
entender
ser
possível
através
de
alternâncias
as
quais
não
obedecem
a
uma
linearidade
ao
juntar
histórias
diferentes
entre
si,
mas
que
finalmente
se
transformarão
numa
composição
digna
de
apreciação.
Recortes
tão
diferentes,
ao
serem
reunidos
calculadamente,
me
remetem
a
este
tema
ultimamente
muito
explorado,
que
é
a
colcha
de
retalhos
de
nossas
avós.
Os
pedaços
de
retalhos
de
tecidos,
impregnados
do
estilo
de
cada
pessoa
que
os
usou,
ao
serem
unidos
uns
aos
outros
e
estendidos
sobre
a
cama,
tinha
ali
retratado
a
cara
daquela
família.
Por
isso,
na
costura
que
se
faz
de
tecidos
ou
de
histórias,
encontramos
sempre
um
nó,
algo
de
nós
mesmos
e
de
outro,
tecendo
uma
trama
social,
tão
bonita
quanto
for
o
seu
meticuloso
colorido.
Esta
pesquisa
então
se
transformou
no
livro
Arrancando
Raízes
em
Londrina,
o
qual
tem
forma
poética
e
tem
alma
poética,
pois
mostra
a
herança
de
um
povo
amoroso
39. e
melancólico.
A
melancolia
vem
da
saudade
dos
entes
queridos,
que
ficaram
para
trás,
na
terra-‐
natal
que
o
tempo
engoliu.
Especialmente
aqui,
a
terra
natal
pertence
à
outra
dimensão
de
um
mesmo
espaço,
do
qual
a
memória
se
apropria
para
assistir
transitarem
em
sua
frente,
a
Londrina
com
os
tatus,
macacos,
quatis,
jacus,
cobras,
onças,
a
estrada
de
ferro,
casas
de
“madeira
peroba”,
vendinhas
de
secos
e
molhados;
homens
e
mulheres
em
trajes
respeitosos,
com
suas
crenças
e
costumes,
igualmente
respeitosos
e
solidários
entre
si.
As
diversidades
das
histórias
e
das
pessoas
oriundas
de
diferentes
culturas
foram
entrelaçando-‐se
para
criar
um
novo
sistema
social,
gerado
por
um
tipo
de
gente
ousada,
que
aprendeu
a
superar
obstáculos
incríveis
e
doar
seu
sangue
e
suor
na
certeza
de
que
poderia
fazer
acontecer
um
sonho.
Esta
sociedade
se
manteve
sem
tradição,
pois
sempre
esteve
aberta
a
negociações,
receptiva
a
qualquer
pessoa
entusiasta,
num
frenesi
de
transformação
e
progresso
onde
o
relógio
do
tempo
não
pode
parar.
Ao
observarmos
os
remotos
acontecimentos,
podemos
entender
o
pensamento
39
dessa
sociedade,
e
ver
o
retrato
da
história,
tirado
da
arte
de
viver.
(In,
Caminhos
do
Campo,
Martim
Heidegger,
A
Morada
do
Homem
“...
o
apelo
nos
faz
morar
de
novo
uma
Origem
distante
onde
a
terra
natal
nos
é
restituída.”).
Fiquei
pensando;
nós
sempre
retornamos
à
nossa
terra
natal
quando
nos
voltamos
para
as
profundezas
de
nossas
lembranças.
O
PORTAL
(fotografia
da
contra
capa
do
livro)
Caminhão
de
tora:
Antonio
Henriques
Catharino,
1947.
Londrina-‐PR
40. 40
Ao
me
deparar
com
esta
foto
me
senti
mergulhada
num
ambiente
tão
familiar,
tão
conhecido,
numa
identificação
com
aquele
rosto
amigo.
Tive
o
grande
privilégio
de
conviver
com
personagens
dessa
história
e
poder
transitar
entre
dois
tempos,
cujos
costumes
e
as
relações
se
transformaram
tanto.
Olhando
o
chofer
do
caminhão
de
toras,
com
aquele
ar
de
orgulho
vitorioso,
de
quem
reconhecia
ter
conquistado
um
grande
feito,
a
menina
voltou
no
tempo,
e
lembrou-‐se
do
sorriso
de
alguém
muito
amado
e
esperado
por
ela,
que
era
a
“pequena
bailarina”
dele.
Era
assim
que
ele
a
chamava
toda
vez
que
colocava
seus
pezinhos
entre
a
mão
direita
dele,
para
erguê-‐la
até
a
sua
mãozinha,
esticada,
tocar
o
forro
da
sala.
O
forro
era
de
madeiras
pregadas
em
diagonal
e
tinha
canaletinhas
nos
encaixes
das
tábuas
e
isto
formava
um
desenho
listrado.
O
toque
dos
dedinhos
era
breve,
mas
criava
uma
sensação
ambígua;
alegria
por
conquistar
as
alturas
e
medo
de
cair,
invadindo
o
coração
da
menininha.
Sempre
ao
ouvir
o
tio
chegar,
ela
corria
encontrá-‐lo,
pisando
somente
na
ponta
dos
pés,
para
ele
chamá-‐la
de
bailarina,
novamente.
Tantas
vezes
ela
presenciou
o
sorriso
de
satisfação
naquele
rosto
de
homem
que
fazia
as
coisas,
acontecerem.
Ele
estava
sempre
procurando
novidades,
buscando
sucesso
nas
empreitadas.
Mas,
nem
por
isso
deixava
de
dar
atenção
às
crianças,
incentivando-‐as
a
descobrirem
o
mundo,
provocando-‐lhes
desafios.
Assim
eram
todos
os
outros
tios
e
o
pai
da
menina.
A
infância
tinha
muita
importância
para
eles,
sabiam
que
a
formação
de
um
indivíduo
começa
cedo.
Eram
tantas
as
brincadeiras,
um
cuidado
carinhoso,
gestos
de
dedicação,
sempre
almejando
lições
de
vida
e
valores
da
família.
Aquela
fotografia
se
tornou
um
portal
para
o
passado
e
provocou
também
várias
reflexões.
Será
que
as
pessoas
que
moram
ou
circulam
por
Londrina
hoje,
pisando
sofisticados
pavimentos,
largas
avenidas,
entre
lojas,
bancos,
universidades,
aeroporto,
Lago
Igapó,
grandes
hospitais
e
altas
tecnologias,
com
todo
o
burburinho
e
rapidez
de
metrópole,
podem
parar
e
imaginar
que
estão
pisando
o
solo
onde
jaz
uma
exuberante
floresta?
Quanto
àquela
tora
de
árvore,
como
conseguiram
pô-‐la
sobre
o
caminhão?
Que
árvore
era
aquela,
quase
do
tamanho
do
caminhão?
Onde
foi
isso?
Em
que
ano?
Quem
era
o
motorista?
Estas
indagações
me
levaram
a
transpor
a
porta
do
meu
passado.
Por
isso,
chamo
esta
fotografia
de
“Portal”
porque
foi
através
dela
que
iniciei
todas
as
pesquisas
para
compor
o
meu
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
em
Artes
Visuais
na
Universidade
Estadual
de
Londrina.
Esta
fotografia
eu
já
conhecia,
porém
o
que
eu
via
nela
era
o
rosto
querido
de
meu
tio,
e
as
lembranças
de
minha
infância
feliz.
Mas
um
meu
novo
olhar,
denunciou
meu
tio
como
um
transformador
do
espaço,
me
fez
ver
nossas
ações
enquanto
agentes
atuantes
também
no
tempo
e
no
espaço.
Esta
fotografia
me
introduziu
no
caminho
de
volta
às
minhas
raízes,
me
fez
refletir
sobre
as
dimensões
temporais
e
a
transformação
que
isso
provoca
no
espaço
e
nas
pessoas
que
nele
habitam.
Fez-‐me
buscar
a
compreensão
de
quem
somos
nós
como
seres
sociais
e
quais
são
os
nossos
valores
como
seres
humanos.
41. Não
só
a
fotografia,
mas
qualquer
objeto
impregnado
de
significado
faz
entrarmos
profundamente
para
dentro
de
nós,
e
nos
reconhecermos
como
indivíduo,
carregado
de
sentimentos.
Procurei
então,
por
meio
da
arte,
dividir
essas
questões
com
as
outras
pessoas.
A
INSTALAÇÃO
RECUPERANDO
MEMÓRIAS
RESGATANDO
HISTÓRIAS
41
Idealizei
uma
Instalação,
onde
reuni
objetos
meus
e
outros
emprestados
dos
amigos,
objetos
do
cotidiano,
atual,
ou
do
passado,
que
remetessem
a
lembranças
e
sensações.
Foram
elementos
de
comparação
que
produziram
um
trânsito
entre
dois
tempos,
o
de
ontem
e
o
de
hoje.
Os
objetos
de
memória
detonaram
uma
avalanche
de
histórias,
e
as
pessoas
foram
juntando
lembranças,
potencializando
um
reconhecimento
de
seu
próprio
universo,
vendo-‐se
como
indivíduo
participante
de
um
contexto
que
lhe
dá
valor.
Faço
ainda
uso
de
objetos
de
memória
para
resgatar
valores
perdidos,
é
preciso
recuperar
a
identidade
pessoal,
para
gerar
um
espírito
crítico,
que
nos
defenda
das
manobras
do
mundo
consumista
no
qual
estamos
envolvidos.
Nas
imagens
fotográficas
estão
contidos
os
significados
e
as
intenções
daqueles
que
as
produzem.
Nelas
viajamos
no
tempo,
através
delas,
ao
observarmos
o
vestuário,
a
pose,
a
ocasião,
o
sentimento,
um
monumento,
compreendemos
a
intenção
e
ao
operá-‐las
construímos
o
nosso
significado
próprio.
Reuni
então,
na
instalação
e
num
livro,
imagens
e
histórias
diversas,
como
retalhos
de
vidas.
Os
visitantes
da
Instalação
e
os
leitores
deste
trabalho
farão
a
composição
conforme
suas
próprias
lembranças
ou
desejo,
para
imaginarem
então,
a
sua
pessoal
colcha
de
retalhos.
42. 42
NAS
FOTOGRAFIAS
ESTÃO
OS
SIGNOS,
CULTURA,
SENTIMENTOS,
RECUPERAÇÃO,
MEMÓRIA,
IMAGINAÇÃO.
FESTA
E
LUTO
O
casal
do
meio,
em
lugar
de
honra,
são
os
padrinhos
de
batismo
da
criança,
conforme
podemos
constatar
através
do
vestido
de
batizado
da
menina,
no
colo
da
madrinha
(Olivia
Degraf),
ao
lado
de
seu
esposo
(Antonio
H.
Catharino)
ambos
também
em
trajes
de
dia
festivo.
Ao
lado
da
mulher
madrinha,
está
a
mãe
da
criança
(Faustina
Catharino
da
Costa),
com
traje
negro,
de
luto,
e
se
seu
esposo
não
está
ao
seu
lado,
é
ele
o
falecido
(Argemiro
da
Costa).
Por
isso,
um
de
seus
irmãos,
posando
ao
lado
do
padrinho,
veio
acompanhar
a
irmã
na
cerimônia
de
batismo
da
filhinha
dela,
que
nasceu
seis
meses
após
a
morte
do
pai.
Esse
pai
de
família
perdeu
a
vida
em
acidente
com
caminhão
de
toras
e
deixou
a
jovem
esposa
com
quatro
filhos
para
criar.
O
casal
de
padrinhos
tinha
ainda
apenas
seu
primeiro
filho
e
o
rapaz
(Júlio
Catharino)
que
substituiu
o
pai
da
batizada,
era
ainda
solteiro.
Esta
família
está
posando
compenetrada,
para
registrar
a
importante
data,
mas
eles
não
estão,
em
ares
de
festa
devido
à
fatalidade,
a
ausência
de
um
ente
querido.
Ao
fundo
como
imponente
cenário,
está
a
famosa
Figueira
na
Praça
da
Catedral
da
Cidade,
onde
todas
as
pessoas
costumavam
posar
para
serem
fotografadas.
A
alegria
desta
época,
aqui,
pode
ser
percebida
apenas
na
ingenuidade
das
crianças,
cada
qual
por
seus
trajes
e
acessórios,
mostra
um
pouco
de
suas
características
pessoais.
A
Cecília
vivia
dançando
com
a
ponta
da
saia.
O
Flávio,
com
os
bracinhos
para
trás,
de
peito
aberto
para
a
vida.
A
Sirlene
era
ainda
quase
um
bebê,
bonequinha
de
chupeta.
O
Darlei,
menino
desconfiado,
querendo
entender
aquele
aparelho
à
sua
frente.
Suas
lindas
roupinhas
eram
confeccionadas
com
amor
e
arte,
por
suas
mães
e
em
breve,
durante
as
43. traquinagens,
logo
estariam
integradas
a
terra,
assim
como
seus
pezinhos,
as
raízes
da
Figueira
e
seus
destinos.
No
verso
da
fotografia,
o
retrato
é
da
saudade,
pois
Olivia
envia-‐o,
como
recordação,
juntamente
com
uma
carta
de
notícias,
para
seu
querido
pai
Guilherme
Degraf,
que
morava
tão
distante,
percurso
hoje,
vencido
em
três
horas
de
carro,
quando
eles
levavam
um
dia
todo
em
viagem
de
ônibus
ou
de
trem.
43
AMÉLIA
–
Instinto
materno
O
instinto
maternal
faz
a
menina
feliz
porque,
enquanto
segura
carinhosamente
a
boneca,
simula
a
vivência
de
ser
mãe
no
papel
de
mulher.
No
meu
sentir
esta
fotografia
é
a
mais
significativa
do
meu
álbum
de
recordações,
pois,
é
uma
espécie
de
meu
autorretrato.
Esta
menina
não
sou
eu,
pois
o
meu
lugar
aí
é
o
da
boneca.
A
menina
de
sorriso
rasgado,
inteligente,
é
a
avó
de
meus
filhos
e
a
bisavó
de
meus
netos,
porque
um
dia
a
boneca
também
virou
mãe.
O
tempo
determinado,
irreverente
como
ele
só,
passa
e
não
para,
vira
tudo
do
avesso
e
como
o
rastro
de
um
arado
vai
sulcando
a
vida
da
gente.
A
menina
desta
fotografia
não
tinha
cabelos
crespos,
não
era
a
babá
das
crianças,
e
nem
elas
eram
suas
irmãzinhas.
Foi
apenas
um
momento
descontraído
de
vizinhas
brincando
no
quintal.
A
dona
da
boneca,
a
menina
Amélia,
doze
anos,
havia
ganhado
a
boneca
de
presente
de
sua
irmã
Irene
que
fez
o
vestidinho
dela
em
tafetá,
com
lacinhos
de
fitas
em
cor
rosamaravilha,
tudo
para
agradar
a
irmãzinha
órfã
desde
os
cinco
aninhos.
-‐
QUE
IRONIA!
Brincando
de
mamãe
sem
ter
mais
a
própria
mãe...
Este
vazio
em
seu
coração
ela
transformou
em
amor
materno
extremoso.
A
herança
maior
que
deseja
nos
deixar
é
o
exemplo
de
como
ser
boa
mãe.
Como
sua
filha,
ainda
44. que
eu
vivesse
infinitas
vezes,
infinitamente
não
conseguiria
retribuir
tanto
amor
e
dedicação.
Num
dia
crítico,
quando
meu
pai
partiu,
tomei
o
lugar
de
minha
avó,
para
dar
o
abraço
de
aconchego
materno
que
ela
a
menina
órfã,
reclamava
nunca
ter
recebido.
Choramos
unidas,
abraçadas,
e
intensamente
de
alguma
forma,
o
encontro
de
três
gerações
aconteceu.
44
Cinema
Quando
a
Tia
Odila
era
mocinha
e
trabalhava
num
açougue,
seu
patrão
contou-‐lhe
que
no
primeiro
cinema
de
Londrina,
ao
assistir
uma
cena
de
duelo
num
filme,
um
dos
espectadores,
empolgado,
descarregou
seu
revólver
na
tela.
Era
comum
no
início
de
Londrina,
homens
andarem
armados
pela
cidade,
igualmente
aos
“farwests”
de
filmes
norte-‐americanos.
Era
comum
tirarem
fotografias
das
pessoas
saindo
das
sessões
cinematográficas
ou
passeando
na
Avenida
Paraná.
Edite,
Ciro
e
Edson
com
os
pais
Irene
Degraf
e
José
Netto
Amélia
Degraf
e
José
Catarino
com
as
filhas
45. 45
Fotografias
Antigas
e
Contemporâneas
de
Londrina
Manoel
Henriques
Catharino,
em
pé,
na
cabine
em
seu
1º
caminhão
e
o
motorista
que
lhe
vendeu
este
caminhão
e
o
ensinou
choferar.
Manoel
H.
Catharino
com
seu
primeiro
neto,
caminhões,
filhos
e
ajudantes
trabalhando
juntos,
registrando
a
chegada
de
mais
uma
expedição
madeireira.
46. A
esquerda
dois
irmãos
Antonio
e
Eurípedes
Mattos,
acima
deles
em
pé
é
o
Júlio
Catharino,
sentado
na
tora,
é
o
Jordão
motorista
ajudante.
Em
pé
de
branco
é
o
João
Mattos,
depois
Manoel
Catharino
em
pé.
Em
frente
a
roda
é
o
José
Catarino
e
a
criança
é
o
Nelson
Catharino.
46
José
Catarino
(Zeca)
e
seu
1º
caminhão
de
transportar
gasolina.
47. 47
Zeca,
na
Rua
Maringá.
Era
assim
que
ele
praticava
musculação.
Zeca,
em
frente
ao
cafezal
da
Rua
Maringá.
“Zeca”
era
o
modo
carinhoso
que
os
irmãos
chamavam
ao
José
Catarino.
48. 48
Amélia
Degraf
e
José
Catarino
-‐
Grávidos.
O
Zeca
teve
orgulho
de
ser
motorista
no
Exército.
53. Familia
Pelarim
em
visita
a
São
Paulo.
À
direita,
Arineu
Pelarim,
sua
esposa
Izolina
Peruzzo
com
Irineu
ao
colo,
no
dia
do
batizado
de
Regina
no
colo
da
madrinha
Otília,
o
padrinho
Jorge
Mattar
e
sua
filha
Leila,
a
cunhada
Geny
Pelarim
e
o
esposo
Antonio
Carlos
Gama
Durante,
tendo
ao
colo
seu
filho
Luiz
Carlos.
Esta
fotografia
foi-‐me
gentilmente
cedida
pela
Tia
Geny
porque
compreendeu
o
apreço
que
tenho
pelas
famílias
e
por
suas
histórias
de
bravuras.
53
54. 54
01
02
03
01
-‐
Minha
Casa
Minha
Vida.
(ou
dívida)
02
-‐
Pensionato
Japonês.
(da
Rua
Travessa
Belém).
QUEM
LEMBRA?
03
-‐
Brasão
de
Londrina.
(painel
de
azulejo
na
Universidade
Estadual
de
Londrina)
69. 69
Izolina
Peruzzo
Pelarim
e
seus
filhos,
Luci,
Carlos,
Lenita,
Irineu,
Regina
e
Luiz.
70. 70
Dilsinho,
irmão
menor
da
Amélia,
morreu
três
meses
após
o
falecimento
de
sua
mãe
Alvina
Degraf.
No
dia
do
velório,
ele
passava
em
baixo
da
mesa
onde
colocaram
o
caixão
dela
e
brincava
de
“cuca”,
procurando-‐a.
“-‐
Cuca
mamãe...”
72. 72
LUISA
E
HENRIQUE
DEGRAF
FAMÍLIA
HENRIQUES
CATHARINO.
73. Fotografia
tirada
em
frente
a
sua
casa
da
Rua
Maringá
esquina
com
Paranavaí,
por
ocasião
das
Bodas
de
Prata
do
casal,
Rosalina
e
Manoel
com
seus
doze
filhos.
Em
pé,
da
esquerda
para
a
direita
estão;
Nelson,
José,
Arlindo
Manoel,
Júlio,
Antonio
e
Alice.
Sentados
da
esquerda
para
a
direita
estão;
Maria
com
o
casal
e
Faustina,
os
irmãos
menores,
Roberto,
Carlos
e
Abílio.
73
Foto
Pintura
do
jovem
José
Catarino
As
pessoas
que
amamos
não
morrem,
Elas
ficam
encantadas.
(Guimarães
Rosa)
74. 74
Capítulo
II
BONECAS
E
BRINQUEDOS
como
resgate
de
memória
e
de
valores
A
HISTÓRIA
DA
BONECA,
SUA
ORIGEM
E
SEUS
SIGNIFICADOS.
Boneca
(do
espanhol
“muñeca”)
é
um
dos
brinquedos
mais
antigos
do
mundo.
Reproduz
as
formas
humanas,
predominantemente
a
feminina
e
a
infantil
e
pode
ser
considerada
como
um
brinquedo
que
prepara
para
maternidade.
Podem
ser
confeccionadas
com
diferentes
materiais,
acompanhando
a
evolução
dos
mesmos
e
das
novas
tecnologias.
As
bonecas
mais
antigas
encontradas;
Na
civilização
babilônica
arqueólogos
encontraram
uma
boneca
com
braços
articulados
feita
em
alabastro
e
também
em
túmulos
de
crianças
do
Antigo
Egito,
datáveis
do
período
3000
e
2000
a.C.,
feitas
de
madeira.
Na
Grécia
antiga,
fazia
parte
dos
rituais
que
antecediam
ao
casamento,
a
entrega
por
parte
da
noiva
à
Deusa
Ártemis
das
suas
bonecas
e
de
outros
brinquedos
simbolizando
o
fim
da
infância.
Prática
semelhante
existia
em
Roma.
A
criação
de
bonecas
com
objetivos
comerciais
estruturou-‐se
na
Alemanha
no
século
XV,
nas
localidades
de
Nuremberg,
Augsburgo
e
Sonnenberg,
onde
nasceram
os
Dochenmacher
(fabricadores
de
bonecas).
Foi
também
na
Alemanha
que
se
criaram
as
casas
de
bonecas.
Na
mesma
época,
Paris
também
começou
a
se
afirmar
como
centro
de
fabricação
de
bonecas.
Eles
produziam
as
bonecas
com
aspecto
das
mulheres
locais
cujos
materiais
empregados
eram
a
terracota,
a
madeira
e
o
alabastro.
No
século
XVII,
apareceram
na
Holanda,
bonecas
com
os
olhos
de
vidro
e
perucas
feitas
de
cabelos
humanos.
O
maior
esplendor
na
fabricação
de
bonecas
aconteceu
no
final
do
século
XIX
e
início
do
século
XX,
mas
as
bonecas
eram
produzidas
especialmente
para
os
adultos,
pois
reproduziam
as
figuras
da
corte
e
da
sociedade.
Estas
peças
eram
geralmente
de
madeira,
com
rosto
de
porcelana
e
vestidas
com
trajes
da
época.
Como
produto,
voltado
às
classes
mais
abastadas,
fizeram
surgir
roupinhas
feitas
por
grandes
costureiros
e
pessoas
interessadas
na
fabricação
artesanal.
Thomas
Edison
criou
a
ideia
de
uma
boneca
falante,
que
foi
aproveitada
pela
indústria
e
os
fabricantes
criaram
bonecas
que
recitavam
orações
ou
cantavam.
Com
o
advento
do
cinema
e
desenvolvimento
do
desenho
animado
e
a
popularização
da
televisão,
no
século
XX,
pessoas
e
personagens
passaram
a
ter
seus
equivalentes
em
forma
de
bonecas.
BONECA
EM
DIVERSAS
CULTURAS
No
Japão
as
bonecas
são
chamadas
de
ninjyoo
e
também
são,
um
símbolo
da
história
dos
costumes
daquele
país.
Em
datas
específicas
elas
são
tema
da
ornamentação
das
residências.
No
dia
13
de
março
se
comemora
o
Dia
das
Meninas,
então
as
bonecas
são
expostas
na
sala
de
visitas
em
um
altar
de
cinco
andares
onde
as
figuras
do
casal
imperial
estão
no
topo
do
altar.
O
dia
5
de
maio
é
o
Dia
dos
Meninos,
cujos
bonecos
guerreiros
simbolizam
força
e
bravura
Os
primeiros
bonecos
japoneses
foram
os
Haniwa,
75. estatuetas
encontradas
em
tumbas
pré-‐históricas.
Inicialmente
eram
moldadas
em
palha
ou
papel.
Posteriormente
passaram
a
ser
feitas
em
madeira,
cerâmica,
mármore
e
argila.
No
período
Heian
(794-‐1185)
as
bonecas
eram
usadas
para
afastarem
demônios.
No
período
Nara
(710-‐794)
as
bonecas
sofreram
a
influência
chinesa
e
passaram
a
ter
roupas
de
seda,
usar
dourado
e
tinham
o
penteado
Sokei,
que
se
caracterizava
pelo
excesso
de
adereços.
No
período
Kamakura
(1192-‐1333),
por
causa
das
constantes
guerras,
as
mulheres
substituíram
os
pesados
quimonos
por
trajes
mais
simples,
e
isso
se
refletiu
também
nas
bonecas.
No
período
Edo
(1603-‐1868),
surgiram
as
karakuri,
bonecas
que
tocavam
instrumentos
e
dançavam
através
de
um
sistema
simples
de
cordas
retorcidas,
roldanas
e
fios.
As
bonecas
foram
usadas
no
teatro
Noh
em
45
d.C.,
para
homenagear
os
atores
e
personagens
de
maior
destaque.
Assim
também
no
teatro
Kabuki,
com
as
bonecas
criadas
com
os
mínimos
detalhes
de
vestimenta
e
maquiagem.
Os
bonecos
Gosho,
representam
bebês
homens,
roliços,
de
pele
muito
clara,
cabeça
grande
e
que
carregam
um
peixe.
As
bonecas
de
Quioto
são
as
mais
tradicionais
e
belas
do
Japão,
verdadeiras
peças
de
75
enxoval.
Também
são
tradicionais
as
bonecas
de
madeira
conhecidas
como
Kokeshi.
Na
África
do
Sul
o
povo
Mfengu,
tem
como
tradição
oferecer
a
cada
jovem,
uma
boneca
que
esta
reserva
para
o
primeiro
filho
que
tiver.
Após
o
nascimento
de
seu
filho,
a
mãe
recebe
outra
boneca
para
oferecer
a
seu
segundo
filho.
Como
ritual
de
ancestralidade
e
valores,
as
bonecas
produzidas
tradicionalmente
na
África
são
utilizadas
para
representar
pessoas
falecidas
e
entes
queridos.
São
também
utilizadas
para
agradecer
aos
Deuses
pela
boa
saúde,
riqueza,
as
boas
colheitas
e
incentivar
a
fertilidade.
Existe
uma
boneca
para
cada
ciclo
da
vida;
nascimento,
infância,
casamento
e
óbito.
No
caso
de
incêndio
na
moradia,
o
boneco
ou
boneca
é
o
primeiro
objeto
que
o
morador
tente
salvar,
pois
representa
a
sorte
e
a
vida
dessé
usada
como
representação
da
pessoa
ou
divindade.
Em
alguns
rituais
de
magia
a
boneca
era
a
representação
da
pessoa
ou
divindade
e
adquiria
a
força
dos
seus
ancestrais
e
disseminava
o
mal.
As
bonecas
abayomis
são
bonecas
de
origem
afro-‐brasileiras
feitas
de
retalhos
amarrados
e
esse
procedimento
segundo
alguns
estudiosos
da
cultura
afro-‐brasileira,
teve
sua
origem
nos
navios
negreiros,
as
mães
provavelmente
rasgavam
suas
vestes
para
fazerem
essas
bonecas
sem
costuras,
apenas
amarrando
retalhos.
Porém
a
origem
documentada
da
boneca
abayomi
começa
com
a
artesã
Lena
Martins
em
1988,
que
é
militante
da
causa
negra
no
Rio
de
Janeiro.
Ela
fundou
uma
cooperativa
de
mulheres
a
fim
de
dar
ênfase
ao
resgate
da
identidade
negra.
Sua
cooperativa
tem
reconhecimento
do
Ministério
da
Cultura,
a
Fundação
Palmares.
A
boneca
na
Itália
renascentista
era
frequentemente
listada
como
parte
do
dote
da
noiva.
Na
Rússia
as
bonecas
matrioshkas
ou
babuchkas
formam
um
conjunto
de
bonecas
de
tamanhos
decrescentes,
geralmente
feitas
em
madeira
de
Tília
e
muito
coloridas,
e
que
são
guardadas
umas
dentro
das
outras.
Já
em
Portugal
as
bonecas
de
pano
ou
palha,
são
um
tipo
de
artesanato
representativo
da
cultura
popular.
Na
Alemanha,
é
uma
tradição
do
país,
a
produção
artesanal
dos
bonecos
quebra-‐
nozes,
os
quais
são
largamente
utilizados
como
enfeites
natalinos
e
é
uma
importante
manifestação
cultural.
76. No
Vietnã
existe
o
tradicional
Teatro
Aquático
de
Fantoches,
secular
apresentação
com
bonecos,
que
“atuam”
sobre
a
água
e
com
pequena
orquestra
cuja
existência
esteve
ameaçada
de
desaparecimento
e
foi
resgatada
na
década
de
1980.
A
boneca
pela
força
da
cultura
de
massas
(ADORNO,2000)
é
um
objeto
que
ficou
subvertido
no
seu
processo
ritualístico,
pois
foi
perdendo
para
a
nossa
sociedade
todo
o
seu
sentido
mítico
e
lúdico
e
de
criação
pessoal
que
nele
se
encontrava.
Pela
cultura
ocidental
hoje,
uma
boneca
é
somente
um
objeto
de
brinquedo
ou
de
decoração.
76
A
OFICINA
“MEMÓRIA
E
ARTE
NA
CONSTRUÇÃO
DE
BONECAS
DE
PANO”
A
COSTURA
A
linha
salta
do
desenho
bidimensional
Para
o
tridimensional
no
desígnio
da
agulha,
Se
impondo
no
pano.
É
sempre
ainda
a
mão
e
o
corpo
no
empenho,
na
peleja.
Por
que
tanta
satisfação?
(Marcia)
OFICINA
DE
BONECAS
DE
PANO
NA
ARTE
EDUCAÇÃO
Para
a
Arte
Educação,
o
pensar
a
arte
como
expressão
e
leitura
de
mundo,
os
trabalhos
dos
artistas,
propõem
uma
reflexão
de
quem
a
pessoa
é
como
sujeito
na
sociedade,
dando
voz
à
suas
paixões,
anseios,
opressões,
preconceitos
e
afetos.
O
ensino
da
arte
pode
contribuir
então,
na
construção
de
um
cidadão
crítico,
engajado
em
combater
a
intolerância
às
diferenças,
que
saiba
questionar
as
imagens
que
lhe
são
oferecidas
pelas
mídias
e
que
possa
compreender-‐se
como
igual
ao
outro,
compreender
que
somos
todos,
seres
humanos.
Relação
da
Artista
Rosana
Paulino
com
a
Oficina.
Em
sua
arte,
influenciada
pelos
afetos
da
memória,
aparece
o
embate
com
as
referências
que
ela
tinha
de
suas
bonecas
“Susi”,
enquanto
ela
mesma
era
uma
menina
negra,
e
a
boneca
tinha
características
de
etnia
branca.
Seu
trabalho
também
traz
as
referências
com
o
universo
da
costura
e
dos
tecidos.
“A
minha
infância
está
presente
em
meus
trabalhos.
Perceber-‐se
negra
e
não
ter
nenhuma
boneca
com
a
qual
pudesse
me
identificar.
Olhar
as
heroínas
e
princesas
e
ver
que
entre
elas,
não
havia
nenhuma
negra.”
(voz
de
Rosana
Paulino).
77. Projeto
da
Oficina
Memória
e
Arte
na
Construção
de
Bonecas
de
Pano
RESUMO
Ao
buscar
subsídios
para
o
meu
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
que
trata
de
memórias,
constatei
o
encantamento
das
mulheres
pelo
brinquedo
tão
antigo
e
artesanal,
a
“boneca
de
pano”.
Ao
mesmo
tempo,
deu
para
perceber-‐se
a
força
desse
contato
infantil
sobre
a
formação
delas
como
pessoas.
Ao
me
aprofundar
na
pesquisa
sobre
bonecas
e
brinquedos,
descobri
o
quanto
esse
objeto
pode
ser
importante
como
instrumento
de
arte-‐educação
e
todas
as
suas
implicações,
sociais,
históricas
e
artísticas.
Recorri
então
à
oficina
de
construção
de
bonecas
de
panos
para
explorar
todas
essas
questões
e
levar
a
arte
para
outros
grupos
de
indivíduos
fora
da
Escola
convencional.
Portanto,
a
“Construção
de
Bonecas
de
Pano”
é
uma
oficina
que
visa
o
resgate
de
memórias,
a
busca
da
identidade
pessoal
das
participantes,
bem
como
a
recuperação
de
sua
cultura
e
de
sua
autoestima.
Ao
promover
a
interação
do
grupo
e
a
troca
de
saberes,
esta
oficina
estimula
a
criatividade.
Como
objeto
de
arte
educação,
fomenta
o
conhecimento
do
universo
da
arte,
da
história
e
provoca
reflexões
sobre
a
vida.
A
oficina
mostra
que
a
arte
contemporânea
pode
tratar
de
micro
políticas,
ou
seja,
remexe
nas
situações
de
inclusão,
gênero,
etnia,
e
outros.
A
boneca,
entre
adultos
e
crianças,
é
uma
espécie
de
alter-‐ego,
assim
adquire
características
próprias
de
cada
participante
e
trabalha
o
respeito
às
diferenças
e
à
diversidade
humana.
Ao
reunir
na
oficina
essas
diferenças
sociais,
promove
a
interação,
a
criatividade,
o
conhecimento
e
harmoniza
o
convívio
em
sociedade.
OBJETIVO
ESPECÍFICO
Desvendar
o
universo
artístico
e
a
arte
contemporânea
como
fator
de
humanização
e
conhecimento.
77
78. OBJETIVO
GERAL
Promover
a
troca
de
saberes
e
de
conhecimentos,
resgatar
a
memória,
e
pela
alteridade
a
descoberta
da
identidade
pessoal.
Estimular
a
autoestima,
a
criatividade
e
promover
a
interação
social.
METODOLOGIA
Construção
de
bonecas
de
panos
e
apresentação
de
seminários
de
artistas
ligados
a
questões
de
micro
políticas,
à
costura
e
à
memória.
Provocar
debates
e
reflexões
sobre
a
arte.
Registrar
entrevistas
sobre
a
memória,
cultura
e
arte.
Mediar
feira
e
exposição
de
bonecas,
fotos
e
vídeos
sobre
a
Oficina.
78
ARTISTAS
APRESENTADOS
NA
OFICINA
Rosana
Paulino
Betty
Moisés
Bispo
do
Rosário
Sophie
Calle
Marina
Abramovic
LOCAL
DE
REALIZAÇÃO
Centro
Social
e
Cultural
Nossa
Senhora
da
Glória
(Padre
Ozanilton
Batista
de
Abreu)
Rua
Togo,
60,
Parque
Ouro
Verde
Londrina
–
PR
Museu
Histórico
de
Londrina
Profa.
Dra.
Regina
Célia
Alegro
Exposição
de
Bonecas
de
Pano
“Memória
e
Arte
no
Museu”,
Exposição
de
Bonecas,
Fotos
e
Vídeos
da
Oficina.
Rua
Benjamim
Constant,
900.
(Centro)
Londrina
–
PR
79. 79
PLANOS
DE
AULAS
PARA
A
OFICINA
DE
BONECAS
DE
PANO
1º
ENCONTRO
OBJETIVO:
Apresentação
das
participantes
e
das
proponentes
(Marcia
Catarino
e
Daina
Crepaldi),
bem
como
das
intenções
e
objetivos
do
grupo
e
definição
dos
horários,
espaço
e
materiais
a
serem
utilizados.
METODOLOGIA:
mostrar
a
história
da
boneca
ao
longo
do
tempo,
as
suas
origens,
a
mitologia,
seu
uso
nas
diversas
culturas,
a
transformação,
consequências
e
influências
no
mundo
contemporâneo.
2º
ENCONTRO
OBJETIVO:
Mostrar
como
a
arte
contemporânea
se
expande
do
bidimensional
para
o
tridimensional
e
a
diversidade
de
temas
que
pode
abordar.
METODOLOGIA:
Apresentação
de
seminário
sobre
a
poética
de
Bispo
do
Rosário,
que
abrange
obras
tridimensionais
e
obras
ligadas
ao
universo
da
costura.
Prática:
desenhar
e
recortar
molde
de
bonecas.
3º
ENCONTRO
OBJETIVO:
Promover
o
respeito
às
diversidades
através
da
confecção
de
bonecas
com
características
de
etnias
diferentes.
MÉTODO:
Apresentação
de
seminário
sobre
a
poética
de
Rosana
Paulino
a
qual
trabalha
questões
de
opressão
e
exploração
da
mulher,
especialmente
da
mulher
negra.
Discussão
e
registro
de
depoimentos
das
participantes.
PRÁTICA:
desenhar
e
cortar
moldes
de
bonecas
com
características
da
etnia
afro
descendente.
4º
ENCONTRO
OBJETIVO:
continuar
a
confecção
das
bonecas
e
proporcionar
o
acesso
a
pontos
de
costura
à
mão
(ponto
alinhavo,
ponto
caseado).
METODOLOGIA:
enquanto
costurar,
ir
discutindo
assuntos
relacionados
à
costura
e
memória.
80. 5º
ENCONTRO
OBJETIVO:
discutir
a
compreensão
da
vestimenta
como
divisora
dos
inúmeros
papéis
sociais,
e
sua
representação
das
hierarquias
e
símbolos
sociais.
METODOLOGIA:
apresentação
do
seminário
de
Sophie
Calle
e
sua
poética
que
investiga
as
identidades
que
as
pessoas
adquirem
em
determinadas
situações
ou
espaços.
PRÁTICA:
construção
de
um
boneco
com
roupa
de
Frade.
6º
ENCONTRO
OBJETIVO:
Apresentar
a
boneca
como
brinquedo
educativo
na
formação
e
na
humanização
da
criança,
e
sua
importância
como
instrumento
para
a
compreensão
da
inclusão
social
e
combate
aos
preconceitos.
METODOLOGIA:
seminário
sobre
a
filosofia
de
Rudolf
Steiner
e
a
Escola
Waldorf.
Discutir
sobre
a
importância
da
criança
em
manipular
as
roupas
das
bonecas,
em
excitar
sua
imaginação,
imitando
a
vida.
Debater
a
questão
de
gênero
e
a
necessidade
dos
meninos
terem
também
bonecos,
para
brincando,
exercitarem
o
alter
ego,
bem
como
as
tantas
situações
do
mundo
dos
adultos.
PRÁTICA:
preencher
as
bonecas
com
estopa
de
algodão
e
proceder
aos
acabamentos
como
cabelos,
roupas
e
sapatinhos.
7º
ENCONTRO
OBJETIVO:
Apresentar
como
a
arte
pode
discutir
a
opressão
e
a
violência
contra
as
mulheres.
METODOLOGIA:
Apresentar
seminário
sobre
a
poética
de
Betty
Moisés
e
a
forma
como
ela
trabalha
a
estética
da
dor.
PRÁTICA:
propor
a
criação
de
uma
poética
relacionada
a
essa
questão.
8º
ENCONTRO
OBJETIVO:
Mostrar
a
potência
da
arte
na
superação
da
dor
e
das
frustrações
humanas.
METODOLOGIA:
apresentar
a
poética
de
Marina
Abramovic
que
trabalha
a
memória,
os
conflitos
femininos,
sociais,
culturais,
infantis,
de
gênero
etc.
PRÁTICA:
registrar
depoimentos
das
participantes.
Fotografar
as
participantes
e
as
bonecas.
80
81. 81
CONCLUSÕES
FINAIS
SOBRE
A
OFICINA
“MEMÓRIA
E
ARTE
NA
CONSTRUÇÃO
DE
BONECAS
DE
PANO”
Não
houve
grande
de
número
de
pessoas
inscritas.
As
que
frequentaram
tiveram
muita
satisfação
em
contar
suas
memórias
e
experiências,
as
quais
iam
surgindo
conforme
apresentávamos
os
artistas.
Houve
uma
demora
na
confecção
das
bonecas
porque
as
participantes
escolheram
fazer
os
trabalhos
à
mão
em
vez
de
usar
máquinas
de
costura.
Com
isso
desejavam
executar
um
objeto
artístico,
pessoal.
As
participantes
não
tinham
experiência
anterior
com
confecção
de
bonecas
e
nem
com
costura
à
mão
ou
bordados.
Elas
procuraram
a
oficina
por
sentirem
solidão,
incompreensão
e
desejo
de
auto
afirmarem-‐se,
socialmente.
Demonstraram
apego
aos
seus
trabalhos.
Executaram
seus
trabalhos
com
muito
esmero.
Houve
grande
interação
entre
as
ministrantes
e
participantes
onde
aconteceram
trocas
de
saberes
e
modos
diferentes
de
fazer.
Cada
encontro
se
tornava
mais
satisfatório
que
o
anterior
e
começamos
a
pensar
em
aumentar
a
produção.
Uma
das
alunas,
a
Irma
Bernardo
Vieira,
desenvolveu
um
tipo
de
escultura
no
rosto
de
suas
bonecas,
e
com
pequenos
pontos
ligando
o
tecido
externo
ao
enchimento,
foi
construindo
contornos
faciais.
Além
de
criar
sua
boneca
com
características
afrodescendentes,
também
criou
uma
boneca
loira,
para
provar
que
não
tem
preconceito
racial.
As
participantes
solicitaram
uma
segunda
etapa
da
oficina.
As
participantes
demonstraram
maior
interesse
em
construir
um
objeto
artístico
mesmo,
do
que
propriamente
uma
produção
com
fins
lucrativos.
Isto
foi
um
fator
positivo
conforme
o
propósito
maior
da
oficina
que
era
levar
um
entendimento
artístico
a
grupos
de
estudos
não
convencionais.
82. O
Padre
Ozanilton
anunciava
a
Oficina
em
todos
os
finais
de
missas
e
para
nos
incentivar,
pediu
a
construção
de
um
boneco
vestido
de
Padre.
O
Padre
ofereceu
o
mesmo
Espaço
Sócio
Cultural
para
repetirmos
a
Oficina
no
próximo
ano.
82
BRINCADEIRAS
DE
BONECAS
Resgate
das
histórias
de
mulheres
e
suas
bonecas:
impressões
e
depoimentos.
Amélia
Degraf
(77
anos)
A
boneca
da
Amélia,
ela
a
ganhou
aos
seus
10
anos
de
idade.
Foi
um
presente
de
sua
irmã
mais
velha,
Irene,
que
também
fez
para
a
boneca,
um
vestidinho
de
tafetá
branco,
com
fitinhas
cor
“rosa
maravilha”.
Era
de
louça,
porém,
o
corpinho
não,
este
era
de
tecido,
com
enchimento
de
flocos
de
algodão.
“
–
O
sapatinho
dela
era
lindo!
Lindo!
Branco!”
(fala
da
Amélia).
O
nome
Florisbela,
foi
escolhido
por
sugestão
da
madrasta
da
Amélia.
Não
querendo
ofendê-‐la,
a
enteada
aceitou
o
nome,
o
qual,
ela
achava
horrível
e
gostaria
de
ter
posto
outro
nome
na
sua
linda
boneca.
A
frustração
da
Amélia
não
era
só
com
o
nome
da
boneca
Florisbela,
mas
com
todas
as
outras
bonecas
suas,
porque
elas
tinham
os
olhos
pintados,
ficavam
sempre
“arregalados”.
Suas
bonecas
nunca
dormiam.
Leonilde
Ortiz
(53
anos)
A
boneca
mais
desejada,
não
era
sua,
mas
de
sua
irmã
Ironilde.
Como
Ironilde,
mesmo
com
seus
dez
anos,
ainda
usava
chupeta,
sua
madrinha
Lázara,
sugeriu
dar-‐lhe
uma
boneca
no
lugar
da
chupeta.
Ironilde
jogou
fora
a
chupeta,
ganhou
a
boneca,
mas
foi
sua
irmãzinha
de
c
incoanos,
quem
se
apaixonou
pela
boneca.
Assim
sendo,
o
dia
todo
Leonilde,
pedia
emprestado
aquela
boneca.
“-‐
Linda,
de
plástico,
mas
com
laço
vermelho
nos
cabelos,
e
estes,
pintados
em
forma
de
cachos
marrons,
e
a
boca,
bem
vermelha.
Nas
costas
havia
um
apito,
e
quando
deitava-‐se
a
boneca,
ela
chorava,
como
miado
de
gato.”
(fala
da
Leonilde).
A
verdadeira
dona
da
boneca
regulava
o
brinquedo
e
não
emprestava
facilmente,
então,
Leonilde
chorava,
sapateava,
fazia
birra,
até
a
mãe
delas,
obrigar
Ironilde
a
ceder
a
boneca
para
Leonilde.
Marisa
Catarino
(57
anos)
Lúcia
foi
o
nome
escolhido
para
sua
boneca,
inteirinha
de
borracha.
Tinha
cabelos
castanhos
escuro,
em
nylon
e
olhos
de
vidro
com
longos
cílios,
mas
não
fechavam,
eram
colados,
os
olhos.
A
mãe
fez
roupinhas
novas
para
a
boneca
e
o
pai
fez
pulseirinhas
de
dadinhos
(cubos)
bem
pequenos
e
coloridos.
Por
incrível
que
pareça,
a
Marisa
ainda
conserva
sua
boneca.
Tirou-‐a
do
baú
para
me
provar.
Pude
constatar
as
marcas
das
“experiências”,
feitas
com
a
boneca.
Querendo
desvendar
o
porquê
dos
olhos
da
boneca
não
pestanejarem,
a
Marisa
arrancou-‐lhe
a
cabeça,
o
que
deu
trabalho
ao
pai
para
83. consertar
o
brinquedo.
Há
furos
em
volta
do
umbigo
da
boneca,
pois
a
menina
o
furava
todo
dia,
imitando
a
tia
Odila,
que
contava
estar
levando
o
seu
filhinho
para
vacinar
contra
a
hidrofobia,
pois
ele
havia
sido
mordido
por
um
cachorro
de
comportamento
estranho.
Na
boca
da
boneca
também
tem
um
furo
feito
com
prego,
porque
ela
insistia
em
enfiar-‐lhe
uma
chupeta.
Os
cabelos
da
boneca
estão
desgrenhados,
já
que
era
moda
as
mulheres
usarem
penteados
desfiados
e
a
Marisa
então,
desfiava
os
cabelos
da
Lúcia,
para
ela
ficar
mais
bonita.
A
boneca
foi
feita
com
muito
boa
qualidade,
ainda
está
perfeita,
embora
os
experimentos
de
sua
dona.
Natalí
(26
anos)
Minhas
bonecas
eram
industrializadas,
elas
não
eram
“top”,
mas
também
não
eram
“rebas”.
Havia
uma
desigualdade
relevante
nas
bonecas
das
meninas:
bonecas
ricas
e
bonecas
pobres,
comparando-‐se
pela
qualidade
e
conforme
as
condições
financeiras
dos
pais.
A
diferença
era
notável,
pelos
bairros
de
moradias
das
meninas,
as
de
bairro
ricos
tinham
bonecas
melhores.
Eu
colecionava
roupinhas
e
bonecas
“Barbies”,
falsificadas,
não
se
considerava
a
qualidade,
mas
a
quantidade
e
o
que
eu
queria
era
brincar
e
ter
mais
bonecas
que
minhas
amigas.
Giovana
Paoline
(22
anos)
“–
Nas
férias,
na
casa
de
minha
avó
em
Presidente
Prudente,
interior,
minha
avó
83
nos
ensinou
a
brincarmos
com
bonecas
de
espigas
de
milho.
–
A
gente
segurava
no
colo
as
espigas
de
milho,
imaginando
as
palhas
verdes,
como
se
fossem
vestidinhos
e
os
cabelos
do
milho,
eram
os
cabelos
das
bonecas.
Na
época
de
minha
avó,
quase
não
se
encontrava
bonecas
de
cabelos,
então
era
grande
vantagem
brincar
com
as
espigas
de
milho,
pois
tinham
cabelos
parecidos
com
os
naturais,
das
pessoas.
No
quintal
de
minha
avó
tinha
pé
de
mamão
e
outras
frutas
e
até
o
milharal.
Minha
mãe
ensinava
a
cortar
bonecas
de
papel.
Ela
recortava
um
desenho
de
corpo
de
boneca,
com
cabeça,
braços,
pernas,
etc.
e
depois
desenhava
as
roupinhas
e
as
prendia
por
pedaços
de
fitas
do
papel
dobrados
para
trás
deste
corpo.
Mas,
essas
brincadeiras
só
nas
férias,
porque
em
São
Paulo,
não
se
tem
tempo
como
no
interior.
–
Me
lembro
de
que
em
São
Paulo,
tínhamos
a
boneca
careca.
Ela
foi
de
minha
mãe,
depois
de
minha
irmã
e
depois
foi
minha.
A
boneca
era
careca
de
tanto
pentearmos
seus
cabelos.
Tem
até
foto
de
minha
irmã
e
eu
com
a
boneca.
Vou
te
enviar
por
email
quando
eu
voltar
para
São
Paulo.
A
boneca
careca
tinha
olho
que
pestanejava,
e
no
final,
enquanto
um
abria,
o
outro
ficava
fechado.
“Já
estava
gasta,
a
boneca
careca...”.
Juliana
Domaneschi
–
Meu
pai
me
deu
uma
boneca
moreninha,
de
olhos
verdes
e
disse;
-‐
Essa
é
a
sua
boneca
certa,
é
mais
parecida
com
você!
–
Ah!
Dessa
boneca
eu
gostava!
–
Eu
odiava
a
boneca
“Barbie”,
industrializada...
–
Eu
gostava
também
de
colecionar
aquelas
bonequinhas
de...
e
ainda
preferia
as
bonequinhas
que
pareciam
bebezinhos,
gostava
de
brincar
com
elas.
84. –
Mas
a
minha
mãe
também
apreciava
bonecas.
Um
dia
ela
comprou
uma
boneca
bebê
que
engatinhava,
pôs
no
meio
da
sala
e
quando
eu
ia
tocá-‐la,
ela
gritava
para
não
pegar
que
eu
ia
quebrá-‐la.
–
Um
belo
dia,
quando
minha
mãe
saiu
de
casa,
subi
em
algum
móvel,
tirei
a
caixa
da
boneca
de
cima
do
guarda
roupas
e
aproveitei
brincar
com
ela
até
que
realmente
quebrei-‐lhe
um
braço.
Aí
sim,
foi
um
grande
berreiro,
das
duas,
da
filha
e
da
mãe.
Maria
Angélica
Ceresine
–
Tive
bonecas
de
coleção,
Moranguinho,
Uvinha...,
mas
eu
gostava
mesmo
era
de
84
brincar
de
“casinhas”
de
bonecas.
Eram
miniaturas
de
interiores
de
casas.
Angélica
disse
que
as
montava
sobre
a
penteadeira
ao
lado
da
qual
havia
uma
cômoda
mais
alta.
Então
ela
estendia
sua
cama
para
cima,
para
a
cômoda,
e,
em
sua
doce
imaginação,
a
sua
casinha
adquiria
outro
piso,
o
superior,
como
nas
casas
dos
ricos.
Para
Angélica
montar
a
sua
casinha,
ela
tinha
um
longo
trabalho.
Durante
dias,
ia
acumulando
materiais
domésticos
descartáveis,
como
tampinhas
de
garrafas,
vidrinhos,
coisas
que
lhe
pareciam
ter
formato
de
móveis.
Olhava
os
pequenos
objetos
e
pensava;
-‐
Isto
parece
um
sofá,
aquele
outro
lembra
uma
cama
ou
uma
mesa.
Depois,
por
horas
a
fio
a
Angélica
arquitetava
e
construía
a
sua
casa.
Quando
a
casa
ficava
completamente
pronta,
terminava
o
jogo.
Acabava
a
graça,
mas
tinha
que
ficar
lá,
pronta.
Porém,
que
ninguém
tocasse
ou
desmanchasse
sua
linda
casinha,
ali
parada,
intocada
por
uns
bons
dias.
Daina
Crepaldi
“
–
Se
eu
fizer
uma
boneca
na
oficina,
ela
será
sem
cabeça,
pois
todas
minhas
bonecas
eram
assim.
Meu
irmão
arrancava
a
cabeça
delas.”
Luci
Pelarim
Minha
mãe
tirava
algodão
do
colchão
para
encher
minhas
bonecas
que
ela
mesma
fazia.
Naquela
época
os
colchões
eram
como
acolchoados
duros,
pesados.
Meu
pai,
que
tinha
fábrica
de
móveis,
trocava
negócios
com
o
dono
da
fábrica
de
colchões
e
de
acolchoados,
perto
de
casa.
O
dono
era
o
Sr.
Ibérico.
O
algodão
vinha
das
plantações
de
Jataizinho
e
de
Uraí
e
era
revestido
de
um
tecido
também
algodão,
ralinho,
azul
claro
com
listinhas
cor
de
rosa.
Depois
o
Sr
Ibérico
começou
a
vender
os
colchões
Probel,
de
molas.
Maria
Luisa
G.
Catarino
–
Eu
tive
uma
boneca
que
se
chamava
“Amiguinha”,
ela
tinha
o
meu
tamanho.
Mas,
tive
também
outra
boneca
enorme,
linda,
de
porcelana
que
minha
irmã
quebrou.
–
Ah,
mais
eu
chorei
tanto,
tanto!
85. 85
Cora
Coralina
“...
perdi
meu
pai,
muito
novinha.
Meus
brinquedos
eram
coquinhos
de
palmeiras,
caquinhos
de
louça,
bonecas
de
pano.”
(Publicação
no
Jornal
do
Brasil)
Marcia
Eu
conheci
uma
menina
de
80
anos
que
nunca
teve
uma
boneca.
Naquela
tarde
quando
ela
me
contou
isso,
seu
rosto
não
demonstrou
nenhuma
expressão,
estava
estático
como
ficou
também
seu
corpo
diante
daquela
constatação
em
que
ela
pareceu
em
segundos,
viajar
pelo
passado.
Porém
percebi,
em
seu
olhar
enuviado,
uma
imensa
e
avassaladora
tristeza.
86. 86
Capítulo
III
LABORATÓRIO
DA
INSTALAÇÃO
(Antes
da
Instalação,
ser
apresentada
no
Museu
Histórico
de
Londrina,
foi
feito
um
laboratório
preparativo
com
orientação
dos
Professores
Cláudio
Luiz
Garcia
e
Marcos
Rodrigues
Aulicino,
no
espaço
da
Galeria
de
Artes
do
Departamento
de
Artes
Visuais
da
Universidade
Estadual
de
Londrina.
VÍDEO
INSTALAÇÃO,
“ESTE
ESPAÇO
LONDRINO”.
(53min.)
(em
DVD,
imagens
e
áudio
comparativos
da
Londrina
antiga
com
a
Londrina
contemporânea
e
suas
memórias).
Este
DVD
foi
parte
integrante
do
laboratório
e
posteriormente,
ele
ficou
em
exposição
na
Casa
de
Cultura
da
Universidade
Estadual
de
Londrina.)
REFLEXÕES
SOBRE
O
LABORATÓRIO
...minhas
reflexões
sobre
a
instalação
no
laboratório
de
setembro
de
2013.
Foi
um
presente
para
nós
estudantes
de
arte,
o
professor
Cláudio
disponibilizar
aquele
espaço
da
galeria
para
nossas
experimentações
em
arte
e
educação.
Importante
principalmente
pela
autonomia
e
liberdade,
deixando-‐nos
agirmos
a
nosso
critério
exclusivo.
Cada
qual
exercitou
como
achou
que
deveria
ser
seu
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso,
e
nisso,
trocamos
ideias,
opiniões,
conhecemos
os
trabalhos
uns
dos
outros
e
foi
satisfatório
ver
como
cada
qual
sentiu
esse
universo
da
arte.
Juntos,
analisamos
a
autenticidade
de
cada
um
e
o
que
realmente
seria
interessante
dali
para
ser
apresentado
à
banca
julgadora
do
TCC.
O
mais
legal
desses
laboratórios
foi,
a
intimidade
e
a
interação
entre
nós,
momento
de
amizade,
de
aprendermos
a
nos
conhecermos,
de
nos
gostarmos
e
nos
apreciarmos
como
colegas
de
jornada
e
de
vida.
Ali,
nós
não
precisamos
representar
conforme
pede
a
burocracia
necessária,
nem
apresentar
referências
teóricas
ou
poéticas,
mas,
apenas
brincar.
E
foi
isto
que
eu
fiz.
Brinquei
de
artista!
Mesmo
assim
achei
por
bem
entregar
ao
professor
Marcos
e
ao
professor
Cláudio,
um
texto
de
um
crítico,
citando
José
Rufino,
por
este
lidar
com
a
memória,
porém
o
meu
trabalho
busca
no
dele,
referências
no
período
em
que
ele
levanta
lembranças
de
seu
avô
e
de
espaços
de
sua
infância
no
interior,
na
fazenda,
de
cartas
de
família
e
fala
de
relações
antropológicas,
sociais,
de
um
lugar
ligado
a
embarcações
e
vida
rude.
Rufino
se
atira
sobre
objetos
de
lembranças
e
os
subverte,
os
transforma.
No
dia
11
de
setembro
de
2013
foi
a
minha
vez
de
experimentar
o
laboratório
e
articular
minha
Instalação.
Especialmente
nesta
Instalação,
usei
objetos
afetivos
de
família,
alguns
até
mesmo
emprestados,
por
isso
não
podia
desestruturá-‐los
em
seu
caráter
de
registro
histórico
e
até
de
peça
de
museu.
Assim
sendo,
manipulei
as
peças
até
onde
não
agredia
sua
forma
original.
Transgredi
apenas
seu
lugar
comum,
colocando-‐as
em
ambiente
avesso
ao
seu
uso,
mas
inteirando-‐as
com
elementos
que
provocassem
nas
Pessoas,
lembranças
delas
próprias
entre
dois
tempos
de
um
mesmo
espaço,
em
pauta,
a
cidade
de
Londrina.
Quanto
à
disposição
da
instalação,
foi
construído
propositalmente