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2
3 
Márcia 
de 
Fátima 
Catarino 
Pelarim 
Arrancando 
Raízes 
em 
Londrina 
Londrina 
Edição 
do 
Autor 
2014
4 
__________________________________________________________________________ 
Pelarim, 
Márcia 
de 
Fátima 
Catarino 
Arrancando 
raízes 
em 
Londrina 
/ 
Márcia 
de 
Fátima 
Catarino 
Pelarim. 
Londrina 
: 
Edição 
do 
Autor, 
2014. 
ISBN: 
__________________________________________________________________________
5 
SUMÁRIO 
011 
Apresentação 
013 
O 
Livro 
Final 
013 
Dedicatórias 
015 
Homenagens 
PARTE 
I 
017 
Agradecimentos 
025 
A 
Potência 
da 
Leitura 
PARTE 
II 
029 
Resumo 
031 
Motivo 
do 
título 
ARRANCANDO 
RAÍZES 
EM 
LONDRINA 
033 
Enfrentamento 
diante 
da 
vida 
035 
Introdução 
PARTE 
III 
Capítulo 
I 
037 
Origem 
do 
Livro 
(Instalação 
e 
TCC) 
037 
As 
fotografias 
e 
a 
atração 
038 
A 
Pesquisa 
“Um 
Nó 
de 
Nós” 
039 
O 
Portal 
041 
A 
Instalação 
recuperando 
memórias 
resgatando 
histórias 
042 
Nas 
fotografias 
estão 
os 
signos 
– 
Festa 
e 
Luto 
043 
Amélia 
Instinto 
Materno 
044 
Cinema 
045 
Fotografias 
antigas 
e 
contemporâneas 
de 
Londrina 
Capítulo 
II 
075 
Bonecas 
e 
Brinquedos 
-­‐ 
resgate 
de 
histórias 
e 
de 
valores 
075 
História 
da 
Boneca 
075 
A 
Boneca 
em 
diversas 
Culturas 
077 
A 
Oficina 
Memória 
e 
Arte 
na 
Construção 
de 
Bonecas 
de 
Pano 
077 
A 
Costura 
077 
Oficina 
de 
Bonecas 
de 
Pano 
na 
Arte 
Educação 
077 
Relação 
da 
Artista 
Rosana 
Paulino 
com 
a 
Oficina 
078 
Projeto 
da 
Oficina 
Memória 
e 
Arte 
na 
Construção 
de 
Bonecas 
de 
Pano 
078 
Resumo 
da 
Oficina 
Memória 
e 
Arte 
na 
Construção 
de 
Bonecas 
de 
Pano 
079 
Artistas 
apresentados 
na 
Oficina 
079 
Local 
da 
realização 
das 
Oficinas 
080 
Planos 
de 
aulas 
para 
a 
Oficina 
082 
Conclusões 
finais 
sobre 
a 
Oficina 
083 
Brincadeiras 
de 
Bonecas 
– 
resgate 
de 
memórias 
e 
depoimentos
6 
Capítulo 
III 
087 
Laboratório 
da 
Instalação 
Arrancando 
Raízes 
em 
Londrina 
087 
Reflexões 
sobre 
o 
Laboratório 
088 
O 
resgate 
temporal 
através 
de 
objetos 
utilizados 
no 
laboratório 
091 
Vídeo 
Instalação 
Este 
Espaço 
Londrina 
(complemento 
da 
Instalação) 
092 
Poema 
de 
Willian 
“ 
O 
Pioneiro” 
Capítulo 
IV 
095 
RETALHOS 
095 
Domingo 
de 
sol 
095 
Falando 
de 
princesas 
096 
Abelhas 
Jataí 
096 
Exibida 
096 
O 
Velho 
que 
sabe 
tudo 
096 
Passarinhos 
096 
Cortina 
de 
Chitão 
097 
O 
tarado 
097 
Rato 
097 
Carta 
097 
De 
Algodão 
e 
Urubus 
098 
Menina-­‐velha 
098 
A 
Vila 
098 
Dona 
Elisa 
099 
Colcha 
de 
Retalhos 
099 
Maquiagem 
099 
Dona 
Judith 
100 
Cinema 
100 
Conselho 
100 
Voltar? 
100 
O 
cavalo 
do 
pai 
voltou 
100 
Bem-­‐te-­‐vi 
101 
Jogo 
de 
Letras 
101 
Pedra 
de 
anel 
101 
Kirigame 
101 
Torrador 
de 
Café 
102 
Terra 
molhada 
102 
Vestígios 
Indígenas 
103 
A 
cama 
com 
número 
de 
patente 
103 
Ambulância 
103 
Sem 
grades 
103 
Amélia 
e 
Zeca 
104 
Presença 
105 
Café 
da 
Tarde 
105 
Surra 
no 
Judas 
105 
Clube 
de 
Dança
7 
105 
A 
turca 
106 
Casinha 
mictório 
106 
A 
menina 
e 
o 
pai 
106 
O 
homem 
que 
amou 
Londrina 
107 
Alerta 
107 
A 
fuga 
108 
Cacique 
108 
Batizado 
108 
Casamento 
109 
A 
flor 
do 
mal 
109 
Flor 
de 
Laranjeira 
109 
Todo 
final 
deveria 
ser 
feliz 
111 
Festa 
Junina 
112 
Contemplação 
112 
Casamentos 
e 
não, 
e 
sim, 
ou 
arranjados. 
113 
Tabu 
114 
Acima 
dos 
tabus 
114 
O 
nó 
que 
nos 
une 
115 
Varais 
115 
Colar 
de 
pérolas 
115 
Pena 
116 
Passava 
a 
boiada 
116 
Deselegância 
116 
UEL 
116 
Vestibular 
117 
Foto-­‐pintura 
117 
Maquetes 
da 
vida 
118 
Museu 
118 
1º 
de 
Maio 
119 
Pioneiro 
desconhecido 
119 
A 
Reserva 
120 
Quadro 
de 
Garças 
121 
Vitória 
da 
Samotrácia 
121 
Bonecas 
de 
Jornal 
Tia 
Odila? 
121 
Exostyles 
Godoyenses 
peroba-­‐rosa 
122 
Árvore 
símbolo 
peroba-­‐rosa 
122 
Casa 
de 
mata-­‐junta 
123 
Exaltação 
às 
árvores 
(Mãe, 
Antonio 
Correia 
de 
Oliveira) 
123 
As 
Velhas 
Árvores 
(Olavo 
Bilac) 
123 
A 
Pátria 
(Olavo 
Bilac) 
124 
Patriota 
124 
A 
Arte 
é 
o 
espelho 
da 
Pátria... 
(Chopin) 
124 
Última 
Flor 
do 
Lácio 
125 
Rosalina 
125 
Noite 
Louca 
126 
Visita 
ao 
Tio 
126 
Outro 
dos 
Tios
8 
127 
Costurando 
Colcha 
127 
Valsando 
127 
Memória 
do 
Arlanza 
128 
Memória 
128 
Trem 
128 
Pé 
Vermelho 
130 
Extraordinário 
o 
Caminhão 
de 
Tora 
131 
O 
Morro 
dos 
Ventos 
Uivantes 
131 
Juritis 
131 
Hortências 
131 
Hercules 
132 
Questão 
de 
Profissão 
132 
Carta 
de 
1º 
de 
Abril 
132 
Tão 
só 
133 
Faina 
133 
Brigou 
com 
a 
morte 
133 
Vale 
do 
Rubi 
das 
Lavadeiras 
134 
Rainha 
do 
Abismo 
134 
Era 
importante? 
136 
Viagem 
difícil 
136 
Pau 
de 
Arara 
138 
Cartões 
138 
Chupeta 
138 
Igual 
o 
Presidente 
Lula 
139 
Peças 
Infantis 
139 
É 
tecido, 
é 
pano, 
é 
carinho 
139 
Bucheiro 
140 
Verdureiro 
140 
Bijuzeiro 
140 
Carrocinha 
de 
prender 
cachorro 
141 
Bananal 
141 
Sopa 
de 
bananas 
141 
Chiquinha 
141 
Enigma 
142 
Gatos 
incríveis 
142 
Arte, 
ciência 
e 
história 
142 
Os 
olhos 
desta 
janela-­‐ 
espelho 
do 
tempo 
142 
O 
ninho 
143 
Eu 
143 
Vento 
Travesso 
144 
Dona 
Izolina 
145 
As 
cores 
da 
alma 
145 
Gratidão 
145 
Rei 
do 
quintal 
145 
Bolinho 
de 
chuva 
146 
Quer 
provar? 
146 
Padeiro
9 
146 
Perfeitamente 
146 
Cortina 
de 
Chitão 
e 
Boneca 
147 
Apelidos 
147 
Alvina 
e 
a 
Cobra 
147 
O 
último 
Natal 
148 
Jacú 
148 
Linhas 
cruzadas 
149 
Usina 
Três 
Bocas 
149 
Chofer 
149 
Emblema 
dos 
Catarinos 
150 
O 
trigo 
150 
Doze 
irmãos, 
papai 
e 
mamãe 
150 
Galo 
Português 
ou 
Galo 
de 
Barcelos 
151 
A 
rosa 
151 
Malhação 
no 
Judas 
151 
O 
espantalho 
e 
Liete 
151 
Judas 
e 
Zenaide 
151 
No 
Natal 
de 
Zenaide 
152 
Colcha 
de 
retalhos 
da 
Irma 
152 
O 
fantasma 
da 
Figueira 
153 
Fantasma 
da 
Porteira 
153 
A 
Figueira 
e 
seus 
mistérios 
153 
Choronas 
153 
Poeira 
no 
Museu 
154 
Beija 
flor 
154 
Maionese 
154 
Sutil 
154 
Liete 
e 
a 
caveira 
155 
Cachorro 
nervoso 
155 
Pioneiros 
155 
Raiva 
155 
Enxoval 
155 
Saliente 
demais 
156 
Presentes 
de 
madrinha 
156 
Mula 
sem 
cabeça 
157 
Dinossauros 
157 
Trecho 
de 
carta 
157 
Este 
espaço 
chamado 
Londrina 
158 
Falando 
de 
bonecas 
(Dona 
Zulmira) 
158 
Carta 
ao 
Zeca 
160 
Silhueta 
Capítulo 
V 
Artistas 
com 
quem 
relaciono 
meus 
trabalhos 
161 
Louise 
Bourgeouis, 
161 
Bispo 
do 
Rosário, 
161 
Sophie 
Calle
10 
163 
Rachel 
Withehead 
165 
A 
Instalação 
no 
Museu 
“Memória 
e 
Arte 
Arrancando 
Raízes 
no 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina” 
165 
Nota 
no 
Jornal 
(matéria 
no 
site 
de 
notícias 
da 
Universidade 
Estadual 
de 
Londrina). 
167 
Imagens 
da 
“Instalação 
Memória 
e 
Arte 
Arrancando 
Raízes 
no 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina” 
Capítulo 
VI 
183 
História 
sem 
Fim 
183 
Registro 
de 
Comentários 
do 
Caderno 
de 
Registros 
da 
Instalação 
no 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina 
185 
A 
caneta 
do 
Zeca 
185 
Inventário 
dos 
objetos 
que 
formaram 
a 
Instalação 
Memória 
e 
Arte 
Arrancando 
Raízes 
no 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina. 
187 
Capítulo 
Sem 
Fim 
187 
Canção 
da 
Saudade 
189 
Ricos 
e 
Raros 
Presentes 
189 
Almofada 
de 
crochê 
feita 
pela 
Vovó 
Alvina 
Degraf 
189 
Pano 
de 
Copa 
feito 
pela 
sogra 
amiga 
Dona 
Izolina 
Peruzo 
Pelarim 
190 
Toalha 
de 
Mesa 
feita 
pela 
Amélia 
Degraf 
Catarino 
191 
Referências 
Bibliográficas 
193 
Referências 
de 
leituras 
inspiradoras 
193 
Os 
porquês 
dos 
artistas 
com 
os 
quais 
me 
relaciono. 
194 
Algo 
sobre 
o 
Livro 
original 
Trabalho 
de 
Conclusão 
de 
Curso 
de 
Licenciatura 
em 
Artes 
Visuais. 
195 
A 
Voz 
de 
Arlindo 
Catharino 
195 
Expedição 
na 
Mata 
195 
Acampamento 
196 
Ao 
Trabalho 
196 
Conclusão 
Final 
(a 
autora, 
Marcia 
de 
Fátima 
Catarino 
Pelarim).
Londrina, 
julho 
de 
2014 
LIVRO 
“ARRANCANDO 
RAÍZES 
EM 
LONDRINA” 
Apresentação 
Em 
comemoração 
aos 
oitenta 
anos 
da 
Cidade 
de 
Londrina, 
este 
livro 
foi 
extraído 
de 
partes 
escolhidas 
da 
edição 
de 
meu 
Trabalho 
de 
Conclusão 
do 
Curso 
de 
Licenciatura 
em 
Artes 
Visuais 
da 
Universidade 
Estadual 
de 
Londrina. 
Estão 
nele 
reunidas 
memórias 
de 
pessoas 
encantadas 
pela 
Cidade 
de 
Londrina 
e 
juntamente, 
imagens 
de 
trabalhos 
artísticos 
e 
registros 
referentes 
a 
esta 
cidade, 
salientando 
histórias 
e 
situações 
comuns 
de 
ontem 
e 
de 
hoje, 
num 
contexto 
que 
venha 
apresentar 
o 
modo 
de 
viver 
de 
seus 
habitantes 
com 
seus 
sentimentos 
mais 
puros. 
Em 
sua 
versão 
original 
este 
livro 
foi 
construído 
em 
papel 
Fabriano 
com 
letras 
impressas 
em 
pigmento 
marrom, 
contendo 
fotografias 
alinhavadas 
a 
mão 
em 
fio 
dourado 
e, 
possuindo 
um 
anexo 
de 
últimas 
páginas, 
confeccionadas 
em 
tecido 
de 
algodão 
sobre 
as 
quais 
costurei 
papéis 
impressos 
com 
pequenas 
histórias 
chamadas 
de 
retalhos 
de 
memórias. 
Todas 
as 
partes 
recolhidas 
no 
livro 
têm 
também 
sua 
importância 
pedagógica. 
Todo 
o 
processo 
teve 
início 
em 
2012 
com 
estudos 
de 
fotografia, 
depois 
passou 
por 
um 
laboratório 
com 
pesquisas 
de 
objetos 
de 
memórias 
incluindo 
também 
uma 
Oficina 
de 
Bonecas, 
num 
estudo 
a 
brinquedos 
antigos. 
Este 
laboratório 
transformou-­‐se 
numa 
Instalação 
de 
Memória 
e 
Arte 
que 
migrou 
para 
uma 
Exposição 
no 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina, 
onde 
permaneceu 
por 
duas 
semanas 
e 
retornou 
em 
2013 
para 
a 
Universidade 
Estadual 
de 
Londrina, 
culminando 
no 
meu 
livro 
de 
Trabalho 
de 
Conclusão 
de 
Curso 
para 
a 
avaliação 
junto 
a 
Banca 
Examinadora 
composta 
pelos 
Professores 
Doutores 
Marcos 
Rodrigues 
Aulicino, 
Tânia 
Sugeta 
e 
Cláudio 
Luiz 
Garcia, 
os 
quais 
gentilmente 
aceitaram 
meu 
convite. 
O 
livro, 
quase 
totalmente 
artesanal, 
lembrava 
um 
velho 
diário 
de 
menina, 
prática 
a 
qual 
podemos 
dizer, 
muitas 
vezes 
na 
nossa 
era 
digital, 
substituída 
pelo 
“facebook”, 
embora 
este 
não 
seja 
nada 
secreto. 
Aquele 
que 
não 
concordar 
com 
minhas 
palavras, 
lembre-­‐se 
que 
escrevi 
conforme 
meus 
olhos 
viram, 
meus 
ouvidos 
ouviram 
e 
meu 
coração 
sentiu.
12
13 
O 
LIVRO 
FINAL 
“ARRANCANDO 
RAÍZES 
EM 
LONDRINA” 
Dedico 
este 
livro 
aos 
meus 
queridos 
netos, 
Rafael, 
Miguel, 
Laura 
e 
aos 
que 
ainda 
virão, 
para 
que 
saibam 
como 
pulsava 
o 
coração 
de 
seus 
parentes.
14
15 
EM 
HOMENAGEM 
Aos 
meus 
pais 
Amélia 
e 
Zeca, 
por 
terem 
me 
protegido 
como 
faz 
um 
anjo 
e 
terem 
tornado 
bela 
a 
minha 
existência. 
Aos 
meus 
avós, 
tios 
e 
tias, 
por 
enriquecerem 
de 
amor 
a 
minha 
caminhada 
e 
demonstrarem 
que 
a 
felicidade 
é 
uma 
conquista.
16
17 
Parte 
I 
AGRADECIMENTOS 
Esta 
é 
uma 
parte 
fundamental 
do 
livro 
porque 
ela 
traz 
para 
dentro 
da 
história, 
personalidades 
exemplares 
em 
seu 
modo 
corajoso 
de 
conduzir 
a 
vida, 
seu 
compromisso 
moral 
e 
seu 
respeito 
ao 
próximo. 
Meus 
pais 
me 
ensinaram 
que 
a 
gratidão 
é 
uma 
virtude 
que 
promove 
a 
justiça 
e 
atrai 
mais 
bênçãos 
de 
Deus. 
Agradeço: 
Primeiramente 
a 
Deus, 
meu 
criador 
que 
me 
surpreende 
a 
cada 
instante, 
com 
seu 
amor 
providente. 
Ao 
meu 
Anjo 
da 
Guarda, 
não 
os 
muitos 
que 
encontrei 
na 
terra, 
mas 
ao 
Espírito 
de 
Luz, 
criado 
por 
Deus 
especialmente 
para 
a 
proteção 
de 
cada 
ser, 
e 
que 
tem 
Ele, 
me 
provado 
sua 
existência 
em 
tantas 
situações 
relevantes 
de 
minha 
vida, 
protegendo-­‐me, 
inspirando-­‐me, 
intuindo-­‐me 
a 
melhor 
direção 
nesta 
já 
tão 
longa 
caminhada. 
Aos 
meus 
pais 
Amélia 
Degraf 
e 
José 
Catarino 
porque 
seu 
amor 
extremoso 
me 
fez 
superar 
as 
intempéries 
da 
vida 
e 
chegar 
feliz 
até 
aqui. 
Ao 
meu 
esposo 
Irineu 
Sérgio 
Pelarim 
que 
abdicou 
de 
seus 
melhores 
momentos 
para 
me 
apoiar 
e 
incentivar 
na 
realização 
deste 
sonho. 
Aos 
meus 
amigos 
colegas 
de 
Curso 
por 
me 
adularem 
desde 
o 
primeiro 
dia, 
me 
ensinando 
as 
mídias 
tecnológicas, 
me 
influenciando 
a 
pensar 
de 
modo 
contemporâneo, 
me 
emprestando 
livros 
e 
com 
paciência, 
dividiram 
seu 
espaço 
jovem 
comigo. 
Daina 
Crepaldi 
Moreira, 
Daniele 
da 
Silva 
Milani, 
Guilherme 
de 
Martino 
Casado, 
José 
Leite 
Bueno 
Neto, 
Juliana 
Cordeiro 
Domaneschi, 
Kauana 
Milozo, 
Loana 
Cristina 
Takahashi, 
Luciana 
Finco 
Mendonça, 
Maria 
Angelica 
Cerezine 
Mayla 
Oliveira 
Weber 
Natália 
Tardim 
Teixeira,
18 
Giovana 
Paolini 
Letícia 
Araújo 
Chaves 
Anderson 
dos 
Santos 
Monteiro, 
Carolina 
Dellatorre 
Sobreira 
Luiz 
Carlos 
do 
Couto 
Junior 
Tiago 
Souza 
Helen 
Lopes 
Joelma 
Couto 
Ao 
Professor 
Marcos 
Rodrigues 
Aulicino 
que 
foi 
me 
atraindo 
aos 
poucos 
através 
das 
histórias 
da 
arte, 
mostrando-­‐me 
a 
própria 
história 
da 
vida 
humana. 
Assim 
foi 
se 
tornando 
grande 
amigo, 
me 
encorajou 
a 
abrir 
as 
janelas 
de 
meu 
coração 
e 
atirou-­‐me 
para 
o 
voo 
pleno, 
enquanto 
ele 
ficou 
ali, 
esperando-­‐me 
pousar 
de 
volta, 
trazendo 
os 
retalhos 
das 
minhas 
melhores 
memórias. 
Ao 
Professor 
Cláudio 
Luiz 
Garcia 
por 
me 
oferecer 
suporte 
para 
a 
viagem 
de 
busca 
de 
entendimento 
interior, 
e 
oferecer 
ainda 
os 
subsídios 
de 
afetos 
das 
tintas 
aguadas, 
escondidas 
nos 
porões 
da 
alma 
e 
as 
fez 
emergirem 
pelos 
livros 
de 
Lygia 
A. 
S. 
Araújo 
ou 
de 
Pedro 
Nava 
e 
de 
Josué 
Montello. 
A 
Professora 
Tânia 
Sugeta, 
dedicada, 
amorosa, 
me 
entusiasmou 
desvendando 
quão 
agradável 
é 
trabalhar 
com 
cerâmica 
e 
me 
compreendeu 
sendo 
solidária 
ao 
meu 
momento 
“mulher 
transição”. 
A 
Professora 
Carla 
Juliana 
Warken 
por 
ser 
a 
primeira 
a 
me 
receber 
com 
o 
abraço 
amigo. 
A 
professora 
Maria 
Carla 
Guarinelo 
de 
Araújo, 
sempre 
atenta 
à 
minha 
formação 
e 
aos 
meus 
sentimentos. 
A 
professora 
Luli, 
pois 
é 
verdade, 
ao 
lado 
de 
um 
grande 
homem 
há 
uma 
grande 
mulher. 
A 
Professora 
Roberta 
Puccini 
por 
me 
ensinar 
que 
tantas 
pessoas 
consideradas 
deficientes, 
podem 
ser 
apenas, 
diferentes. 
E, 
que 
no 
fundo 
de 
todo 
poço, 
existe 
uma 
mola 
que 
nos 
impulsiona 
para 
cima. 
A 
Professora 
Maria 
Irene 
Pellegrino 
de 
O. 
Souza, 
pela 
atenção 
com 
que 
me 
apresentou 
futuras 
veredas 
em 
fotografia. 
Ao 
Professor 
Ronaldo 
por 
me 
mostrar 
que 
os 
caminhos 
da 
memória, 
quando 
bem 
pesquisados, 
fazem 
chegar 
à 
descoberta 
da 
arte.
Ao 
Professor 
André 
Luiz 
Onório 
Coneglian, 
tocando 
tão 
profundamente 
meus 
sentimentos 
e 
mostrando 
a 
importância 
que 
tem 
um 
Professor 
na 
nossa 
formação 
como 
ser 
humano. 
Ao 
Professor 
Luiz 
Carlos 
Jeolás 
pela 
paciência 
em 
me 
orientar 
com 
as 
mídias 
tecnológicas. 
19 
Ao 
professor 
Kennedy 
Piau 
sempre 
me 
incentivando 
a 
ser 
mais 
racional. 
Ao 
professor 
Jardel 
Dias 
Cavalcanti, 
por 
ser 
gentil 
sempre 
que 
precisei. 
Ao 
professor 
Juliano 
Reis 
Siqueira, 
me 
fez 
descobrir 
caminhos 
tão 
produtivos 
e 
de 
encantamento 
na 
educação 
através 
de 
oficinas. 
A 
professora 
Vanessa 
de 
Oliveira, 
com 
muita 
seriedade, 
empenhada 
em 
transmitir 
conhecimentos. 
Ao 
professor 
Renan 
dos 
Santos 
Silva 
que 
defende 
com 
paixão 
a 
ética 
do 
professor 
e 
já 
no 
primeiro 
ano 
do 
curso, 
mostrou-­‐nos 
essa 
importância 
e 
responsabilidade 
na 
formação 
dos 
professores. 
Ao 
professor 
Danillo 
Gimenes 
Villa, 
dirigindo 
suas 
aulas 
de 
modo 
descontraído, 
alegre, 
porém 
sempre 
atento 
a 
nossa 
formação. 
A 
professora 
Elke 
Coelho 
Pereira 
Santana, 
paradigma 
no 
modo 
de 
ministrar 
uma 
aula 
e 
pela 
gentileza 
ao 
receber-­‐me 
em 
cada 
encontro. 
A 
professora 
Carmem 
Fabiana 
Betiol, 
por 
conseguir 
aplicar 
a 
aula 
de 
modo 
tão 
contemporâneo, 
realista, 
no 
sentido 
de 
demonstrar 
o 
quanto 
tudo 
está 
unido 
à 
vida 
e 
às 
suas 
consequências. 
A 
professora 
Maria 
Fernanda 
Magalhães, 
por 
me 
deslumbrar 
com 
o 
universo 
fantástico 
da 
fotografia. 
Ao 
professor 
Ubirajara 
Senatore, 
que 
de 
maneira 
simples 
apresentou 
a 
potência 
e 
a 
grande 
influência 
das 
imagens 
em 
nossas 
vidas 
e 
em 
nossas 
produções 
artísticas. 
A 
professora 
Cândida 
Alayde 
Bittencourt, 
mais 
um 
exemplo 
de 
competência 
e 
referência 
no 
compromisso 
atencioso 
dispensado 
às 
pessoas. 
Ao 
professor 
Marcos 
Nalin 
que 
abordando 
as 
obras 
de 
Velazques, 
me 
fez 
pensar 
meus 
próprios 
espelhos 
da 
alma. 
Ao 
José 
Marques 
Neto, 
ao 
Manoel 
Cavalcante 
de 
Souza 
Neto, 
Ao 
Deusdito 
Pereira 
dos 
Santos,
A 
Sônia 
Maria 
Camargo 
Lourenço, 
A 
Sônia 
Aparecida 
Pimenta 
Tardin, 
A 
Eunice 
Bianconi, 
todos 
os 
quais 
com 
a 
maior 
simpatia 
e 
boa 
vontade 
fizeram 
o 
contato 
amigo 
entre 
os 
alunos 
e 
a 
Universidade. 
Enfim, 
a 
todos 
os 
queridos 
amigos 
professores 
e 
funcionários 
do 
Departamento 
de 
Artes 
que 
se 
empenharam 
com 
alegria 
e 
incentivo, 
me 
apresentando 
uma 
dimensão 
bem 
melhor 
do 
Curso, 
pois 
como 
me 
dizia 
o 
Professor 
Renan 
dos 
Santos: 
-­‐ 
Você 
pensou 
que 
veio 
aqui 
para 
brincar 
de 
massinha? 
20
21 
SERVIDORES 
E 
PROFESSORES 
DO 
DEPARTAMENTO 
DE 
ARTE 
VISUAL/ 
CECA 
CÂNDIDA 
ALAYDE 
DE 
CARVALHO 
BITTENCOURT 
CARLA 
JULIANA 
GALVÃO 
ALVES 
WARKEN 
CARMEM 
FABIANA 
BETIOL 
CLAUDIO 
LUIZ 
GARCIA 
JARDEL 
DIAS 
CAVALCANTI 
DANILLO 
GIMENES 
VILLA 
ELKE 
COELHO 
PEREIRA 
SANTANA 
JULIANO 
REIS 
SIQUEIRA 
KENNEDY 
PIAU 
FERREIRA 
LOURIDES 
APARECIDA 
FRANCISCONI 
LUIZ 
CARLOS 
SOLLBERGER 
JEOLÁS 
MARCOS 
RODRIGUES 
AULICINO 
MARIA 
CARLA 
GUARINELLO 
DE 
ARAÚJO 
MOREIRA 
MARIA 
FERNANDA 
VILELA 
DE 
MAGALHÃES 
MARIA 
IRENE 
PELLEGRINO 
DE 
OLIVEIRA 
SOUZA 
MARTA 
DANTAS 
DA 
SILVA 
RENAN 
DOS 
SANTOS 
SILVA 
ROBERTA 
PUCCETTI 
RONALDO 
ALEXANDRE 
DE 
OLIVEIRA 
TANIA 
CRISTINA 
RUMI 
SUGETA 
UBIRAJARA 
DE 
CARLO 
SENATORE 
VANESSA 
TAVARES 
DA 
SILVA 
DEUSDITO 
PEREIRA 
DOS 
SANTOS 
EUNICE 
BIANCONI 
JOSÉ 
MARQUES 
NETO 
MANOEL 
CAVALCANTE 
DE 
SOUZA 
NETO 
SÔNIA 
APARECIDA 
PIMENTA 
TARDIM 
SÔNIA 
MARIA 
CAMARGO 
LOURENÇO
A 
Profa. 
Dra. 
Regina 
Célia 
Alegro 
por 
abrir 
as 
portas 
do 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina, 
para 
a 
minha 
”Instalação 
Memória 
e 
Arte 
no 
Museu”, 
incentivando-­‐me, 
Apoiando-­‐me 
em 
novos 
projetos 
e 
me 
recebendo 
com 
muita 
simpatia. 
Ao 
Lucas 
Gabriel 
da 
Mata 
pelo 
incentivo 
e 
entusiasmo 
me 
auxiliando 
na 
Instalação 
que 
aconteceu 
no 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina. 
A 
Gina 
E. 
Issberner, 
que 
me 
tratou 
com 
gentileza 
por 
ocasião 
da 
Instalação 
no 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina. 
22 
Aos 
amigos 
e 
amigas; 
Guilherme 
De 
Martino 
Casado, 
por 
me 
ofertar 
o 
livro 
de 
Fotografias 
de 
José 
Juliani. 
Luiz 
Couto 
que 
sempre 
me 
auxiliou 
na 
edição 
de 
vídeos. 
Giovana 
Paolini, 
pela 
boa 
companhia 
na 
volta 
das 
aulas, 
pela 
amizade 
leal 
e 
a 
atenção, 
dispensando 
seu 
tempo 
comigo 
e 
com 
meus 
trabalhos. 
Dani 
Milani, 
por 
colocar 
alegria 
em 
nossos 
eventos 
e 
me 
ensinar 
mídias 
contemporâneas. 
Maria 
Angélica, 
se 
fazendo 
ouvir 
pelo 
respeito 
que 
impõe 
com 
sua 
competência 
e 
amizade. 
Natália 
Tardin, 
pela 
delicadeza 
em 
passar-­‐me 
seus 
saberes. 
Mayla 
Weber, 
pelo 
carinho 
e 
atenção 
de 
sempre. 
Carolina 
Sobreira, 
que 
parecia 
fraquinha, 
mas 
carregou 
até 
vigas 
de 
madeira 
para 
ajudar 
a 
amiga 
montar 
o 
Laboratório 
e 
ainda 
fazer-­‐me 
virar 
outra 
vez 
colegial 
como 
ela, 
trocando 
segredinhos 
pelas 
esquinas 
dos 
corredores 
da 
UEL. 
Letícia 
pelo 
constante 
sorriso 
de 
boas 
vindas. 
A 
kauana 
por 
me 
socorrer 
em 
meus 
constrangimentos 
e 
me 
mostrar 
novos 
horizontes. 
A 
Daina 
pela 
parceria 
nos 
trabalhos 
e 
a 
companhia 
carinhosa 
quando 
eu 
ficava 
triste. 
A 
Juliana 
Domaneschi 
por 
ser 
atenciosa 
comigo 
em 
todo 
encontro 
e 
rir 
dos 
desencontros. 
Ao 
Neto 
Bueno, 
ao 
Tiago 
Souza, 
ao 
Anderson 
Monteiro, 
por 
serem 
prestativos 
para 
comigo 
em 
todos 
os 
momentos 
dispensando-­‐me 
seu 
carinho 
e 
amizade. 
A 
Luciana 
Mendonça 
e 
ao 
Willian 
Fernandes 
por 
se 
tornarem 
filhos 
em 
meu 
lar.
Ao 
Padre 
Ozanilton 
Batista 
de 
Abreu, 
pela 
oportunidade 
e 
consideração 
para 
com 
meus 
projetos. 
A 
Zenaide 
de 
OIiveira, 
A 
Inara 
Regina 
R. 
Santana, 
A 
Irma 
Bernardo 
Vieira, 
A 
Liete 
Brunelli 
Araújo, 
Pelo 
entusiasmo 
em 
me 
acompanharem 
por 
novos 
atalhos 
nas 
artes, 
me 
dedicando 
sua 
amizade 
e 
confiança. 
Ao 
Cesar 
Grade 
pela 
antiga 
amizade, 
por 
me 
respeitar 
como 
tia, 
desde 
que 
ele 
era 
um 
bebê 
e 
eu 
uma 
moça 
bonita, 
e 
por 
ele 
me 
presentear 
com 
tantos 
materiais 
artísticos. 
A 
Ana 
Carolina 
Binotti, 
pelo 
amor, 
pelo 
carinho 
e 
por 
sempre 
me 
presentear 
com 
tantos 
materiais 
e 
livros 
de 
artes. 
A 
Lenita 
Mamprim 
Pelarim, 
pelo 
exemplo 
de 
coragem 
e 
fé, 
suportando 
os 
maiores 
golpes 
que 
como 
mulher 
e 
como 
mãe 
pode 
receber, 
e 
mesmo 
assim, 
seguir 
sorrindo, 
distribuindo 
a 
sua 
alegria 
contagiante. 
A 
Andréa 
Merighe 
por 
que 
iluminou 
minha 
vida 
trazendo-­‐me 
o 
azul 
celeste 
em 
forma 
de 
amor, 
que 
é 
meu 
neto 
Miguel. 
Ao 
Jorge 
Luiz 
Catharino, 
escultor, 
pintor, 
e 
historiador 
da 
família, 
pelo 
respaldo 
em 
minhas 
pesquisas 
e 
ainda 
me 
presenteou 
com 
a 
cadeirinha 
de 
peroba 
rosa, 
a 
qual 
entrou 
na 
composição 
da 
maquete 
“Quarto 
da 
Menina”. 
Ao 
Lourival 
Figueiredo 
Lula, 
amigo 
de 
meu 
marido 
e 
anjo 
da 
guarda 
de 
minha 
família, 
pela 
dedicação 
e 
presença 
nos 
momentos 
mais 
significativos. 
Ao 
Hercules 
Henrique 
Catarino 
e 
a 
Leonilde 
Ortiz 
Catarino 
pela 
presença 
constante 
e 
por 
me 
apoiarem 
e 
levarem 
em 
turnês 
de 
pesquisas 
pela 
Cidade. 
A 
Luci 
Pelarim 
que 
com 
a 
mesma 
delicadeza 
de 
sua 
mãe, 
ajudou-­‐me 
na 
recuperação 
das 
memórias 
de 
sua 
família. 
23 
A 
Ana 
Marisa 
Catarino 
por 
extrair 
minhas 
risadas 
diante 
do 
seu 
modo 
divertido 
de 
encarar 
a 
vida 
e 
recuperar 
memórias. 
Carolina 
de 
Melo 
por 
fazer-­‐se 
terra 
fértil 
em 
minha 
vida 
afortunando-­‐me 
com 
meus 
netos 
Rafael 
e 
Laura. 
Aos 
meus 
filhos 
André, 
Gisele 
e 
Rodrigo, 
a 
Carolina 
de 
Melo, 
ao 
José 
Henrique 
Catarino 
a 
Bruna, 
ao 
Tarcísio 
Catarino 
Tadeu, 
que 
embora 
relutantes 
por 
eu 
migrar 
do 
ambiente 
doméstico 
para 
o 
estudantil, 
me 
auxiliaram 
com 
a 
tecnologia, 
com 
viagens 
de 
objetos 
de 
Instalações 
e 
na 
coleta 
de 
materiais 
de 
memória 
e 
artes.
24 
A 
Tia 
Odila 
Peron 
Catharino 
porque 
abriu 
seu 
coração 
para 
mim 
e 
me 
chama 
de 
Filha. 
A 
Tia 
Inez 
Delai 
Catharino 
que 
me 
contou 
seus 
dramas 
de 
mulher 
e 
me 
chama 
de 
Sobrinha 
Querida. 
A 
Tia 
Eurides 
Catarino 
pela 
grande 
amizade 
e 
pela 
alegria 
de 
cada 
encontro. 
A 
Tia 
Alice 
Catarino 
Monteiro 
que 
me 
chamava 
de 
“santinha” 
e 
me 
acolhia 
com 
beijos 
em 
minha 
infância. 
A 
Tia 
Maria 
Catarino 
Peralta 
que 
guarda 
com 
amor 
as 
memórias 
da 
família. 
A 
Tia 
Olivia 
Degraf 
Catarino 
por 
ser 
minha 
segunda 
mãe. 
Tia 
Faustina 
Catarino 
por 
ser 
amorosa 
e 
dedicada 
madrinha. 
A 
Tia 
Irene 
Degraf 
Netto, 
madrinha 
que 
encheu 
minha 
infância 
de 
sonhos. 
A 
Tia 
Nélida 
Penãs 
Catharino, 
minha 
(não 
muito 
mais) 
“irmã 
mais 
velha”, 
sempre 
orientando 
meus 
passos. 
A 
Tia 
Suely 
Cândido 
Catarino 
exemplo 
de 
fortaleza 
e 
fé. 
A 
Tia 
Cleide 
Catarino, 
delicada, 
incansável 
na 
esperança. 
A 
Tia 
Lurdes 
Catarino, 
amiga 
da 
mesma 
idade 
que 
me 
apoia 
e 
compreende. 
A 
Tia 
Geni 
Pelarim 
por 
me 
confiar 
histórias 
de 
sua 
família 
e 
me 
ofertar 
uma 
fotografia 
importante, 
como 
prova 
de 
consideração 
para 
comigo. 
Ao 
Professor 
Marcos 
Aulicino, 
porque 
gentilmente 
aceitou 
ser 
o 
coordenador 
do 
meu 
Trabalho 
de 
Conclusão 
de 
Curso 
e 
sabiamente 
encorajou-­‐me 
a 
expor 
meus 
sentimentos, 
a 
enfrentar 
os 
desafios 
com 
a 
segurança 
de 
quem 
tem 
um 
grande 
mestre.
25 
A 
POTÊNCIA 
DA 
LEITURA 
É 
um 
capítulo 
importante 
porque 
apresenta 
a 
leitura 
como 
meio 
transcendental 
do 
tempo 
e 
como 
meio 
edificante 
do 
ser, 
portanto 
continuam 
os 
agradecimentos 
aos 
que 
me 
deram 
acesso 
aos 
livros. 
Agradeço: 
Ao 
Professor 
Claudio 
Luiz 
Garcia, 
O 
professor 
Cláudio 
do 
Curso 
de 
Artes 
Visuais, 
deixa 
à 
disposição 
dos 
alunos, 
uma 
pequena 
biblioteca 
em 
sua 
sala. 
São 
exemplares 
variados, 
incitando-­‐nos 
a 
seguirmos 
diversos 
caminhos. 
Assim 
sendo, 
entre 
esses, 
um 
livro 
diferente 
me 
chamou 
a 
atenção, 
pois 
ele 
é 
de 
folhas 
soltas 
dentro 
de 
uma 
caixa. 
O 
livro 
conta 
crônicas 
de 
Manoel 
de 
Barros, 
cada 
uma 
numa 
folha, 
e 
todas 
juntas 
sem 
costura, 
dentro 
da 
caixa. 
Encontrei 
outro 
livro 
bem 
interessante, 
acondicionado 
em 
pequena 
caixa, 
eram 
páginas 
mínimas, 
de 
minúsculas 
gravuras, 
arte 
do 
próprio 
professor 
Cláudio. 
Achei 
aquilo 
lindo, 
uma 
verdadeira 
caixinha 
de 
joias. 
Descobri 
então, 
que 
o 
livro 
pode 
adquirir 
diferentes 
e 
infinitos 
formatos. 
Por 
isso 
fui 
convidada 
por 
minha 
atenta 
amiga 
Luciana 
Mendonça, 
a 
participar 
de 
uma 
oficina 
de 
construção 
de 
livros. 
Lá 
conheci 
a 
artista 
plástica 
Adriana 
Siqueira, 
a 
delicadeza 
em 
pessoa. 
Nesse 
grupo 
conheci 
outras 
pessoas 
gentis 
e 
inspiradas, 
amantes 
das 
artes. 
Na 
primeira 
aula, 
a 
Adriana 
fez 
uma 
exposição 
de 
tantas 
outras 
possibilidades 
de 
se 
construir 
um 
livro. 
Finalmente 
decidi 
que 
meu 
trabalho 
de 
conclusão 
de 
curso, 
poderia 
ter 
o 
formato 
de 
um 
livro 
artístico 
de 
memórias. 
À 
minha 
mãe 
que 
me 
alfabetizou 
e 
me 
ensinou 
a 
potência 
da 
leitura, 
Quando 
eu 
era 
criança, 
não 
existiam 
pré-­‐escolas 
e 
minha 
mãe 
achou 
por 
bem 
me 
ensinar 
o 
ABC, 
e 
facilitar 
o 
início 
deste 
meu 
novo 
caminho. 
Ao 
entrar 
para 
o 
primeiro 
ano 
escolar, 
ganhei 
uma 
cartilha, 
seu 
nome 
era 
“Caminho 
Suave”. 
Atualmente 
esse 
tipo 
de 
cartilhas 
é 
muito 
criticado, 
mas 
no 
meu 
caso, 
foi 
realmente 
um 
caminho 
suave, 
parecia 
um 
jogo, 
uma 
matemática 
de 
letras, 
e 
me 
entusiasmei 
pelas 
descobertas 
do 
mundo 
de 
símbolos 
a 
aprender. 
O 
primeiro 
livro 
mesmo, 
eu 
recebi 
de 
meus 
pais, 
e 
era 
muito 
pequena. 
Devia 
ser 
um 
livro 
de 
histórias 
de 
princesas, 
porém 
guardei 
na 
memória 
as 
páginas 
onde 
vi 
uma 
revoada 
de 
pássaros 
em 
mil 
cores. 
Eram 
pássaros 
de 
penachos 
e 
caudas 
longas. 
Tesourinhas, 
canários, 
galos 
da 
montanha, 
todos 
em 
deslumbrante 
carnaval, 
e 
o 
mais 
soberbo 
de 
todos, 
era 
o 
pavão.
Depois, 
deram-­‐me 
outros 
livros. 
Os 
de 
catequese 
com 
desenhos 
delicados, 
bonitos, 
ensinando 
as 
virtudes, 
sem 
legendas, 
mas 
com 
a 
figura 
do 
“capêta”, 
querendo 
estragar 
tudo. 
Meus 
padrinhos, 
Irene 
Degraf 
e 
José 
Netto 
me 
presentearam 
com 
a 
minha 
primeira 
bíblia 
e 
meus 
tios 
Olivia 
Degraf 
e 
Antonio 
Catarino, 
nos 
aniversários 
me 
trouxeram 
Alice 
no 
País 
das 
Maravilhas 
e 
depois 
as 
fábulas 
das 
mil 
e 
Uma 
Noites. 
Estes 
livros 
vinham 
com 
gravuras 
em 
preto 
e 
branco 
e 
eu 
as 
coloria 
a 
lápis, 
presenteados 
por 
meu 
pai. 
Chegaram 
depois 
os 
livros 
didáticos, 
escolhidos 
com 
esmero 
e 
qualidade, 
cuja 
lista 
indicada 
pela 
escola, 
meu 
pai 
adquiria 
de 
maneira 
impecável. 
Minha 
mãe 
lhe 
dizia 
que 
a 
maior 
herança 
deixada 
aos 
filhos 
é 
a 
boa 
educação. 
Ao 
Zeca 
meu 
pai, 
Mesmo 
sendo 
pobre, 
sendo 
motorista 
de 
caminhão, 
começando 
fazer 
vida, 
ele 
juntamente 
com 
minha 
mãe, 
escolhiam 
as 
melhores 
escolas 
para 
nós. 
O 
livro 
tinha 
presença 
regular 
em 
nossa 
rotina 
do 
lar. 
Minha 
mãe 
sempre 
contando 
romances, 
tragédias, 
fábulas, 
e 
meu 
pai, 
descendente 
de 
portugueses, 
gostava 
de 
literatura 
de 
Cordel, 
principalmente 
as 
histórias 
de 
Pedro 
Malasarte, 
para 
fazer-­‐nos 
darmos 
risadas. 
Aos 
primos 
Dilson 
e 
Ester, 
Livro 
perfumado 
era 
algo 
que 
eu 
nunca 
tinha 
visto. 
Certa 
vez 
encontrei 
um 
exemplar 
em 
minha 
caixa 
postal. 
Tinha 
a 
dedicatória 
de 
meus 
primos, 
Dilson 
e 
Ester. 
Não 
me 
encontrando 
em 
casa, 
deixaram 
lá 
este 
livro 
maravilhoso 
com 
perfume 
de 
gardênias, 
poesias 
e 
fotos 
de 
obras 
de 
pintores 
diversos. 
Ainda 
guardo 
encantada 
este 
livro 
“As 
Quatro 
Estações” 
e 
me 
enlevo 
com 
seu 
visual, 
seu 
perfume, 
suas 
poesias 
e 
o 
gesto 
carinhoso 
destes 
primos. 
Aos 
amigos 
Luciana 
Mendonça 
e 
William 
Fernandes, 
Outra 
mostra 
de 
sincera 
amizade, 
recebi 
destes 
queridos 
e 
dedicados 
amigos, 
Luciana 
e 
Willian 
ao 
me 
presentearem 
com 
o 
livro 
“Arte 
Contemporânea”, 
ajudando-­‐me 
a 
complementar 
os 
estudos 
de 
Artes 
Visuais. 
Ao 
professor 
Diamantino, 
Numa 
Escola 
Pública, 
no 
período 
do 
ginásio, 
o 
professor 
Diamantino, 
intimamente 
envolvido 
pela 
disciplina 
que 
pregava, 
me 
ensinou 
a 
interpretar 
poesia, 
a 
amar 
minha 
própria 
língua 
pátria 
e 
a 
descobrir 
os 
cheiros, 
os 
sons 
e 
as 
cores 
contidas 
numa 
palavra, 
tudo 
numa 
única 
aula, 
através 
da 
poesia 
“Última 
Flor 
do 
Lácio”. 
À 
professora 
Raimunda 
Brito 
que 
me 
fez 
descobrir 
a 
fascinante 
leitura 
de 
“Cordel” 
26 
e 
também 
abriu 
a 
porta 
da 
minha 
memória. 
Em 
uma 
aula 
de 
antropologia, 
com 
a 
professora 
Raimunda, 
no 
primeiro 
ano 
do 
Curso 
de 
Artes 
Visuais, 
comentávamos 
a 
importância 
que 
certos 
objetos 
ou 
situações 
banais, 
adquirem 
quando 
assumem 
um 
significado. 
Um 
objeto, 
um 
som, 
um 
cheiro, 
uma 
palavra, 
uma 
determinada 
situação, 
podem 
acionar 
nossa 
memória, 
e 
por 
seu 
afeto, 
nos 
fazer 
sentir 
de 
novo, 
a 
dor 
ou 
a 
ternura 
de 
um 
momento 
passado. 
A 
professora
Raimunda 
se 
referiu 
a 
um 
costume 
antigo 
de 
levarem 
maçãs 
para 
oferecerem 
a 
alguém 
que 
estivesse 
doente. 
Naquela 
aula, 
fui 
assaltada 
e 
afetada 
por 
uma 
lembrança 
linda; 
em 
nossa 
infância, 
minha 
irmã, 
meu 
irmão 
e 
eu, 
quando 
ficávamos 
com 
febre 
ou 
acamados, 
víamos 
nosso 
pai 
entrar 
a 
toda 
hora 
em 
nosso 
quarto, 
perguntando; 
-­‐ 
Tá 
melhor? 
-­‐ 
Já 
melhorou? 
Seu 
rosto 
ficava 
branco, 
os 
olhos 
grandes 
de 
preocupação 
e 
em 
sua 
mão 
rústica, 
a 
enorme 
e 
vermelha 
maçã, 
cheirosa, 
saborosa. 
Chorei 
nesta 
aula, 
porque 
fazia 
poucos 
dias 
que 
meu 
querido 
pai 
tinha 
falecido. 
27 
A 
todos 
meus 
professores 
que 
foram 
porteiros, 
Digo 
que 
professores 
são 
porteiros 
porque 
a 
eles 
compete 
abrirem 
as 
portas 
da 
sabedoria 
aos 
estudantes. 
Alguns 
abrem 
portas 
sombrias 
para 
um 
mundo 
decepcionante, 
criando 
bloqueios 
intransponíveis 
nas 
mentes 
sensíveis 
das 
crianças 
e 
dos 
jovens. 
Outros 
abrem 
portas 
de 
luz, 
e 
mostram 
um 
mundo 
maravilhoso, 
alegre 
e 
rico, 
convidativo 
a 
entrar 
e 
sentir 
o 
prazer 
de 
explorar, 
que 
será 
sempre 
buscado 
novamente. 
Tive 
a 
graça 
em 
minha 
vida 
de 
encontrar 
muitos 
professores 
apaixonados 
pela 
missão 
de 
ensinar. 
Eles, 
iluminados, 
satisfeitos, 
me 
indicavam 
estradas 
por 
eles 
já 
trilhadas 
e 
me 
acompanharam 
com 
alegria 
em 
minhas 
descobertas. 
Foram 
verdadeiros 
porteiros 
e 
cicerones 
do 
saber. 
Foram 
muitos 
e 
foram 
tantos 
esses 
bons 
professores 
e 
entre 
eles, 
uma 
linda 
freira, 
me 
introduziu 
no 
universo 
da 
biblioteca. 
Toda 
semana 
a 
freirinha 
professora 
me 
convidava 
para 
ir 
às 
tardes 
na 
biblioteca 
do 
colégio 
de 
minha 
infância, 
o 
Colégio 
Santa 
Maria. 
Enquanto 
ela 
corrigia 
provas 
e 
tarefas, 
me 
deixava 
desvendar 
aquele 
espaço 
de 
saberes. 
Quando 
minha 
vista 
cansava, 
ela 
me 
mandava 
correr 
pelo 
pátio 
e 
eu 
pisava 
na 
grama 
fofa, 
sentindo 
o 
vento 
nos 
cabelos 
e 
no 
rosto 
de 
menina. 
Numa 
destas 
tardes 
a 
freirinha 
me 
pediu 
para 
ajudá-­‐la 
carregar 
seus 
cadernos 
e 
jogá-­‐los 
num 
buraco 
de 
terra, 
nos 
fundos 
do 
colégio. 
Tentei 
impedir, 
ela 
não 
poderia 
jogar 
fora 
cadernos 
tão 
bonitos, 
pintados 
com 
florzinhas 
e 
letras 
desenhadas. 
A 
freirinha 
minha 
amiga, 
explicou-­‐me 
que 
um 
dia 
eu 
a 
entenderia, 
pois 
esse 
período 
de 
sua 
mocidade 
religiosa 
teria 
que 
ser 
apagado 
, 
e 
chorando, 
pôs 
fogo 
em 
tudo. 
Menos 
nas 
fotos 
de 
seu 
irmão 
as 
quais, 
mostrou-­‐me 
para 
eu 
ver 
como 
ele 
era 
bonito. 
Ela 
não 
podia 
dar-­‐me 
nenhum 
de 
seus 
cadernos 
como 
lembrança, 
mas 
sim 
a 
sua 
pequena 
coleção 
de 
moedas 
antigas, 
presente 
de 
seu 
irmão. 
Os 
cadernos 
juntamente 
com 
sua 
vida 
de 
freira, 
teriam 
que 
ficar 
para 
trás. 
Muitos 
anos 
depois 
fiquei 
sabendo 
que 
a 
linda 
freirinha, 
tinha 
abandonado 
a 
Congregação, 
voltado 
para 
Minas 
Gerais 
e 
estava 
trabalhando 
no 
Abatedouro 
de 
Aves 
de 
propriedade 
de 
seu 
irmão. 
Esta 
freira 
professora 
tornou-­‐se 
um 
paradigma 
para 
mim. 
Suas 
aulas 
eram 
criativas 
e 
inovadoras. 
Nas 
aulas 
de 
religião, 
ela 
organizava 
as 
carteiras 
em 
círculo. 
No 
centro 
do 
círculo, 
uma 
mesa 
com 
a 
bíblia 
e 
uma 
vela 
acesa 
e 
enfeitada. 
Cada 
aluno 
levantava, 
lia 
um 
capítulo 
ou 
versículo 
e 
comentávamos 
contextualizando 
com 
fatos 
contemporâneos. 
Em 
Educação 
Física, 
mandou-­‐nos 
providenciar 
um 
pedaço 
de 
cabo 
de 
vassoura, 
pintado 
de 
vermelho 
e 
de 
azul, 
e 
com 
este 
bastão, 
ensinou-­‐nos 
a 
praticar 
ginástica 
rítmica. 
Em 
todas 
as 
matérias, 
a 
cada 
nota 
alta 
que 
tirássemos, 
o 
nosso 
nome, 
preso 
a 
um 
fio, 
ia 
subindo 
até 
chegar 
nas 
mãos 
de 
Nossa 
Senhora 
das 
Graças, 
imagem 
em 
lugar 
de 
destaque 
e 
honra 
em 
nossa 
sala 
de 
aulas. 
Nas 
festas 
do 
Colégio 
ela 
me 
escolhia 
como 
oradora. 
Fundou 
um 
Clube 
Literário, 
o 
“Olavo 
Bilac”, 
nos 
ensinou 
assim 
a 
votarmos, 
e 
nisto 
fui 
escolhida 
como 
secretária 
do 
clube 
e 
tive 
que 
aprender 
a 
redigir
atas 
e 
discursos. 
Ainda 
hoje 
quando 
passo 
em 
frente 
ao 
antigo 
colégio 
na 
Rua 
Maringá, 
vejo 
o 
pinheiro 
que 
plantamos 
no 
dia 
da 
árvore. 
Ela 
marcou 
encontro 
conosco 
no 
futuro 
à 
sombra 
desta 
árvore, 
para 
podermos 
nos 
abraçar 
e 
contarmos 
em 
quem, 
nos 
formamos. 
28
29 
Parte 
II 
RESUMO 
Arrancando 
Raízes 
em 
Londrina 
é 
um 
livro 
de 
contos, 
história 
oral, 
memórias, 
forma 
de 
registrar 
afetos 
e 
criar 
mais 
memórias, 
em 
texto 
poético 
e 
com 
relação 
a 
imagens 
fotográficas 
coletadas 
ou 
produzidas. 
Muitos 
objetos 
comuns 
tornam-­‐se 
canais 
da 
memória 
e 
adquirem 
significados, 
trazidos 
pelos 
sentidos 
humanos, 
seja 
pela 
visão, 
olfato, 
paladar, 
audição, 
ou 
pelo 
tato. 
Assim, 
também 
muitas 
situações 
se 
tornam 
recorrentes 
a 
outros 
seres 
humanos, 
que 
através 
dos 
sentidos 
poderão 
se 
reportar 
às 
suas 
memórias, 
parecidas 
ou 
totalmente 
diferentes. 
Para 
explorar 
esses 
afetos, 
a 
intenção 
poética 
desse 
Trabalho 
de 
Conclusão 
de 
Curso, 
é 
o 
livro, 
como 
coletânea 
de 
contos, 
fotografias 
e 
imagens, 
costurados, 
reunidos, 
como 
colcha 
de 
retalhos, 
tudo 
completado 
por 
imagens 
de 
uma 
Instalação, 
a 
qual 
composta 
por 
objetos 
pertencentes 
à 
memória 
daquele 
tempo 
ou 
das 
vozes 
das 
pessoas 
que 
se 
manifestaram, 
com 
as 
projeções 
de 
fotos 
e 
de 
vídeos, 
contendo, 
imagens 
antigas 
e 
contemporâneas, 
porém 
em 
apresentação 
aleatória, 
para 
que, 
cada 
espectador 
junte 
as 
partes 
que 
lhe 
interesse 
e 
possa 
criar 
a 
sua 
própria 
colcha 
de 
retalhos. 
Desse 
modo 
o 
livro 
de 
Trabalho 
de 
Conclusão 
de 
Curso, 
transformou-­‐se 
no 
Livro 
Arrancando 
Raízes 
em 
Londirna, 
das 
pequenas 
histórias 
e 
da 
imaginação 
londrinense.
30
31 
Motivo 
do 
título 
ARRANCANDO 
RAÍZES 
EM 
LONDRINA: 
(título 
sugerido 
pelo 
Prof. 
Dr. 
Marcos 
Rodrigues 
Aulicino) 
Marcia 
de 
Fátima 
Catarino 
Pelarim. 
Cursar 
uma 
Universidade 
é 
repensar 
os 
valores. 
O 
meu 
trabalho 
de 
conclusão 
de 
curso, 
coincidiu 
com 
a 
venda 
de 
minha 
casa 
da 
infância. 
Provocou 
um 
balanço, 
remexeu, 
revirou 
dentro 
de 
mim. 
Repensei, 
me 
remoí. 
Eu 
estou 
agressiva, 
eu 
estou 
revoltada, 
eu 
estou 
ferida, 
como 
bicho 
acuado, 
estou 
enlouquecida, 
estou 
em 
ebulição. 
Fez 
derramar 
meu 
sangue, 
verter 
seiva, 
até 
eu 
compreender 
que 
o 
tempo 
é 
implacável 
e 
atropela 
a 
quem 
fica. 
Vou 
escrever, 
vou 
virar 
a 
página 
e 
seguir 
em 
paz, 
seguir 
em 
frente.
32
33 
Enfrentamento 
diante 
da 
vida. 
É, 
preciso 
ter 
olhos 
de 
voar 
e 
olhos 
de 
pisar 
o 
chão. 
Através 
de 
seus 
olhos, 
aprendi 
a 
enxergar 
o 
mundo; 
O 
meu 
pai, 
com 
seus 
olhos 
na 
cor 
verde-­‐mata 
mostrou-­‐me 
ser 
preciso 
sonhar, 
voando 
acima 
das 
copas, 
para 
fazer 
o 
sonho 
acontecer. 
E 
minha 
mãe, 
com 
seus 
olhos 
cor 
castanho-­‐telúrico, 
me 
ensinou 
a 
por 
os 
pés 
no 
chão 
e 
não 
errar 
o 
caminho 
que 
leva 
à 
realização 
dos 
sonhos.
34
35 
INTRODUÇÃO 
Toda 
pessoa 
deveria 
fazer 
como 
os 
indígenas 
e 
ir 
contando 
a 
história 
de 
sua 
família 
de 
geração 
em 
geração, 
perpetuando 
lições 
de 
amor 
e 
superação. 
Cada 
família 
é 
formada 
através 
da 
relação 
com 
outras 
famílias. 
Elas 
crescem 
se 
mesclam 
e 
ocupam 
determinados 
espaços 
e 
épocas, 
criando 
cidades 
como 
a 
de 
Londrina. 
São 
vidas 
que 
se 
entrelaçam 
formando 
uma 
linda 
teia 
de 
aranha 
brilhando 
ao 
sol, 
ou 
parece 
toalhinha 
de 
crochêt, 
ligando 
pontos, 
amarrando 
destinos, 
ou 
então, 
pode 
lembrar 
uma 
imensa 
e 
colorida 
colcha 
de 
retalhos, 
nos 
pedaços 
diferentes 
de 
vidas 
juntadas 
calculadamente, 
para 
compor 
um 
futuro 
melhor. 
Neste 
trabalho 
proponho 
uma 
coletânea 
de 
contos, 
contos 
que 
são 
lembranças 
de 
histórias 
ouvidas 
na 
infância, 
outras 
ouvidas 
recentemente, 
histórias 
de 
famílias, 
da 
minha 
família, 
mas 
também 
de 
vizinhos, 
e 
de 
outras 
famílias. 
Oralidades 
que 
nascem 
das 
reminiscências 
detonadas 
por 
imagens, 
que 
nascem 
da 
criação 
inspirada 
em 
fotografias, 
que 
nascem 
nas 
conversas, 
ouvir 
e 
contar 
histórias. 
Trazer 
minhas 
histórias 
para 
a 
Universidade, 
entre 
meus 
colegas, 
a 
maioria 
de 
outra 
geração, 
entrecruzar 
histórias, 
entrecruzar 
oralidades 
geracionais. 
O 
criar 
textual 
que 
nasce 
do 
ouvir, 
do 
contar, 
do 
olhar. 
Pesquisar 
imagens, 
histórias 
e 
por 
trás 
dessas 
imagens, 
as 
minhas 
histórias, 
as 
outras 
histórias, 
a 
história 
do 
outro, 
a 
história 
que 
você 
pode 
agora 
contar 
vendo 
as 
minhas 
imagens, 
e 
lendo 
meus 
contos. 
A 
partir 
de 
um 
processo 
de 
pesquisa 
proposto 
pelo 
professor 
Ronaldo 
A. 
de 
Oliveira, 
escolhi 
como 
objeto 
de 
investigação, 
uma 
foto 
antiga 
que 
mostrava 
situação 
incomum 
e 
por 
isso 
suscitava 
tantas 
questões. 
Esta 
fotografia 
denominada 
“O 
Portal”, 
em 
especial 
me 
afetou 
porque 
despertou 
em 
minha 
memória 
uma 
época 
em 
que 
participei 
e 
agora 
ainda 
se 
agita 
dentro 
de 
mim, 
pois, 
pertence 
a 
um 
mesmo 
espaço, 
agora 
assumindo 
formas 
inusitadas, 
surgidas 
no 
século 
vinte 
e 
um. 
Ao 
investigar 
aquela 
fotografia 
do 
meu 
próprio 
Tio 
Antonio 
Henrique 
Catharino, 
posando 
orgulhoso 
no 
caminhão 
que 
carregava 
uma 
tora 
gigantesca 
de 
peroba-­‐rosa, 
comecei 
buscar 
respostas 
para 
entender 
aqueles 
dias 
dos 
primórdios 
da 
cidade 
de 
Londrina. 
Fui 
desvendando 
histórias 
de 
pessoas, 
de 
famílias, 
de 
costumes, 
de 
tradições, 
de 
modos 
diferentes 
de 
resolver 
situações, 
até 
mesmo, 
a 
criatividade 
de 
uma 
população 
em 
seus 
envolvimentos 
sociais. 
As 
histórias 
e 
os 
fatos 
eram 
tão 
diversos, 
mas, 
de 
algum 
modo, 
se 
ligavam 
por 
que 
diziam 
de 
pessoas 
se 
envolvendo 
dentro 
do 
mesmo 
espaço 
e 
mesmo 
tempo. 
Embora 
fossem 
de 
culturas 
distintas, 
essas 
pessoas 
se 
uniram 
para 
formarem 
uma 
nova 
sociedade, 
como 
acontece 
com 
pedaços 
diferentes 
de 
tecidos, 
mas 
costurados, 
unidos 
uns 
aos 
outros, 
formam 
lindas 
colchas 
de 
retalhos. 
Por 
isso, 
para 
o 
resgate 
da 
história, 
fui 
correndo 
atrás 
do 
tempo 
como 
quem 
corre 
atrás 
de 
um 
trem, 
para 
colher 
as 
vozes 
daqueles 
que 
partem, 
levando 
consigo 
o 
testemunho 
vivo 
do 
embate 
do 
homem 
com 
o 
espaço 
rústico 
e 
que 
culminou 
na 
extinção 
de 
uma 
paisagem 
que 
emerge 
agora 
através 
de 
uma 
fotografia 
e 
da 
fala 
das 
pessoas.
36
37 
Parte 
III 
CAPÍTULO 
I 
ORIGEM 
DO 
LIVRO 
A 
INSTALAÇÃO 
E 
O 
TRABALHO 
DE 
CONCLUSÃO 
DO 
CURSO 
DE 
LICENCIATURA 
EM 
ARTES 
VISUAIS 
A 
origem 
deste 
Livro 
é 
um 
Trabalho 
de 
Conclusão 
do 
Curso 
de 
Licenciatura 
em 
Artes 
Visuais 
da 
Universidade 
Estadual 
de 
Londrina, 
conforme 
segue 
a 
sua 
primeira 
apresentação 
como 
TCC. 
(ver 
em 
anexos 
deste 
livro). 
Este 
Trabalho 
de 
Conclusão 
de 
Curso 
com 
o 
título 
Arrancando 
Raízes 
constitui-­‐se 
por 
textos, 
depoimentos, 
imagens, 
fotografias 
antigas 
e 
recentes, 
e 
vídeos, 
numa 
instalação 
para 
resgatar 
histórias, 
memórias 
e 
inventivas 
deste 
lugar 
chamado 
Londrina. 
O 
processo 
acontece 
através 
da 
memória 
e 
da 
visão 
particular 
de 
pessoas 
comuns, 
cujos 
nomes 
não 
constam 
nos 
registros 
históricos 
convencionais. 
Reuni 
vozes 
de 
anônimos, 
compondo 
um 
retrato 
realista 
da 
sociedade 
londrinense 
no 
que 
compete 
a 
força 
de 
trabalho 
formando 
o 
alicerce 
do 
progresso. 
Esse 
resgate 
vem 
por 
via 
de 
objetos 
impregnados 
de 
significados 
temporais 
que 
reavivam 
a 
minha 
memória 
e 
a 
de 
pessoas 
ligadas 
por 
um 
espaço 
comum 
a 
todas. 
É 
uma 
busca 
de 
nossas 
identidades, 
onde 
consequentemente 
surge 
a 
identidade 
da 
Cidade, 
formada 
nas 
camadas 
do 
tempo. 
Vidas 
tão 
distintas 
entrelaçadas 
no 
mesmo 
objetivo 
de 
realizar 
seus 
sonhos 
num 
lugar 
que 
sempre 
promete 
o 
sucesso. 
Até 
os 
dias 
atuais, 
indivíduos 
culturalmente 
diversos, 
continuam 
chegando 
e 
assumindo 
o 
lema: 
“Londrina 
é 
Progresso”, 
mas 
descobrem 
o 
seu 
sinônimo: 
“Trabalho”. 
Dessa 
maneira, 
pautadas 
no 
trabalho 
e 
no 
sonho, 
vão 
construindo 
a 
cidade 
com 
sua 
força 
de 
trabalho 
que 
é 
a 
alavanca 
do 
progresso. 
Mas 
as 
histórias 
destes 
anônimos 
mostra 
que 
o 
sucesso 
tem 
outro 
lado, 
o 
sofrido, 
aquele 
que 
exigiu 
a 
renúncia 
de 
outros 
lugares, 
outros 
tempos, 
onde 
ficaram 
as 
suas 
raízes. 
É 
preciso 
coragem 
para 
se 
adaptar 
ao 
espaço 
estranho, 
burlar 
a 
saudade, 
um 
olhar 
de 
boa 
vontade 
para 
conhecer 
o 
outro 
e 
transitar 
entre 
passado 
e 
presente, 
sem 
deixar 
de 
vislumbrar 
o 
futuro. 
Assim, 
em 
contato 
com 
esse 
material 
o 
espectador 
e 
visitante 
será 
tocado 
em 
suas 
próprias 
lembranças 
e 
se 
reconhecerá 
como 
parte 
dessa 
história 
de 
amor, 
de 
superação, 
de 
saudade, 
de 
amizade. 
São 
sentimentos 
e 
situações 
recorrentes 
e 
sujeitas 
a 
mudanças 
constantes. 
O 
livro 
e 
a 
Instalação 
procuram 
afetar 
os 
sentidos 
e 
os 
sentimentos 
para 
levantar 
a 
seguinte 
questão: 
A 
Arte 
pode 
mostrar 
a 
força 
de 
Chronos 
na 
transformação 
do 
espaço 
e 
das 
pessoas 
dentro 
dele? 
AS 
FOTOGRAFIAS 
E 
A 
ATRAÇÃO 
Compreendi 
minha 
atração 
por 
fotografias, 
por 
esse 
seu 
caráter 
de 
se 
tornarem 
um 
objeto 
artístico 
e 
de 
investigação. 
Nelas 
fazemos 
uma 
leitura 
da 
realidade 
como 
faz 
um 
detetive 
ao 
reconstituir 
a 
verdade, 
ou 
ainda, 
podermos, 
inventar, 
criar 
situações, 
compor 
histórias.
(Inspirei-­‐me 
no 
trabalho 
de 
Sophie 
Calle, 
O 
Quarto 
de 
Hotel, 
A 
Caderneta, 
O 
38 
Detetive. 
Ela 
se 
utiliza 
das 
imagens 
e 
se 
apoia 
em 
palavras 
para 
reforçar 
os 
signos). 
Para 
meu 
trabalho, 
faço 
apropriação 
de 
fotografias 
antigas, 
mas 
também 
capturo 
sons 
e 
imagens 
antigas 
e 
contemporâneas, 
em 
fotografias 
e 
vídeos, 
para 
salientar 
que 
na 
diversidade 
cultural 
encontramos 
muitos 
pontos 
de 
intersecção 
onde 
nos 
reconhecemos 
como 
seres 
humanos 
sujeitos 
a 
sofrimentos, 
mas 
capazes 
de 
superação 
e 
vitória. 
Reúno, 
portanto, 
na 
instalação 
e 
no 
livro, 
fotografias, 
várias 
histórias 
diversas, 
como 
retalhos 
de 
vidas 
e 
as 
costuro, 
e 
alinhavo 
sobre 
retalhos 
de 
tecidos, 
como 
se 
faziam 
as 
antigas 
colchas 
das 
vovós. 
A 
PESQUISA 
Um 
nó 
de 
nós 
“Um 
nó 
de 
nós” 
foi 
o 
nome 
dado 
a 
Pesquisa 
que 
gerou 
o 
livro 
Trabalho 
de 
Conclusão 
do 
meu 
curso 
de 
Licenciatura 
em 
Artes 
Visuais 
o 
qual 
depois 
recebeu 
o 
título 
“Arrancando 
Raízes”. 
A 
Pesquisa 
se 
iniciou 
em 
2012 
e 
assim 
foi 
nomeada, 
pois 
representa 
o 
encontro 
de 
pessoas 
em 
situações 
e 
sentimentos 
recorrentes 
a 
todo 
ser 
humano. 
Por 
isso, 
em 
algum 
momento 
da 
leitura, 
o 
apreciador 
será 
tocado 
em 
suas 
próprias 
memórias 
e 
aí, 
nesse 
ponto, 
se 
estabelecerá 
o 
vínculo, 
o 
nó 
que 
nos 
une. 
Este 
título 
foi 
sugestão 
de 
meus 
amigos 
dedicados, 
a 
Luciana 
Mendonça 
e 
o 
Willian 
Fernandes, 
falando-­‐me 
de 
uma 
lenda 
celta, 
a 
qual 
se 
referia 
ao 
encontro 
de 
destinos, 
formando 
um 
tecido 
e 
isto 
me 
fez 
entender 
esta 
atração 
por 
retalhos 
de 
tecidos 
diferentes 
que 
também 
são 
unidos 
por 
pontos 
e 
nós. 
A 
orientação 
para 
a 
possibilidade 
de 
resgatar 
a 
memória, 
veio 
por 
parte 
do 
professor 
Marcos 
Aulicino, 
quando 
logo 
no 
primeiro 
ano 
do 
curso 
de 
Artes 
Visuais, 
percebeu 
meu 
interesse 
por 
vivências 
do 
passado, 
e 
me 
indicou 
a 
leitura 
do 
Artigo 
sobre 
memórias 
de 
José 
Rufino. 
Mas, 
como 
reunir 
histórias 
tão 
distintas 
umas 
das 
outras 
e 
ainda 
manter 
uma 
integridade 
compreensiva? 
A 
apresentação 
das 
minhas 
memórias 
foi 
baseada 
em 
duas 
leituras 
indicadas 
pelo 
professor 
Cláudio 
Garcia, 
pelas 
quais 
compreendi 
que 
se 
podem 
registrar 
fatos 
reais, 
esquecidos 
no 
tempo, 
apenas 
restaurando-­‐os 
pela 
mente, 
como 
é 
o 
caso 
da 
obra 
de 
Pedro 
Nava, 
“O 
Círio 
Perfeito”. 
Quanto 
à 
segunda 
leitura, 
o 
livro 
de 
Josué 
Monteiro, 
“Noite 
em 
Alcântara”, 
me 
fez 
entender 
ser 
possível 
através 
de 
alternâncias 
as 
quais 
não 
obedecem 
a 
uma 
linearidade 
ao 
juntar 
histórias 
diferentes 
entre 
si, 
mas 
que 
finalmente 
se 
transformarão 
numa 
composição 
digna 
de 
apreciação. 
Recortes 
tão 
diferentes, 
ao 
serem 
reunidos 
calculadamente, 
me 
remetem 
a 
este 
tema 
ultimamente 
muito 
explorado, 
que 
é 
a 
colcha 
de 
retalhos 
de 
nossas 
avós. 
Os 
pedaços 
de 
retalhos 
de 
tecidos, 
impregnados 
do 
estilo 
de 
cada 
pessoa 
que 
os 
usou, 
ao 
serem 
unidos 
uns 
aos 
outros 
e 
estendidos 
sobre 
a 
cama, 
tinha 
ali 
retratado 
a 
cara 
daquela 
família. 
Por 
isso, 
na 
costura 
que 
se 
faz 
de 
tecidos 
ou 
de 
histórias, 
encontramos 
sempre 
um 
nó, 
algo 
de 
nós 
mesmos 
e 
de 
outro, 
tecendo 
uma 
trama 
social, 
tão 
bonita 
quanto 
for 
o 
seu 
meticuloso 
colorido. 
Esta 
pesquisa 
então 
se 
transformou 
no 
livro 
Arrancando 
Raízes 
em 
Londrina, 
o 
qual 
tem 
forma 
poética 
e 
tem 
alma 
poética, 
pois 
mostra 
a 
herança 
de 
um 
povo 
amoroso
e 
melancólico. 
A 
melancolia 
vem 
da 
saudade 
dos 
entes 
queridos, 
que 
ficaram 
para 
trás, 
na 
terra-­‐ 
natal 
que 
o 
tempo 
engoliu. 
Especialmente 
aqui, 
a 
terra 
natal 
pertence 
à 
outra 
dimensão 
de 
um 
mesmo 
espaço, 
do 
qual 
a 
memória 
se 
apropria 
para 
assistir 
transitarem 
em 
sua 
frente, 
a 
Londrina 
com 
os 
tatus, 
macacos, 
quatis, 
jacus, 
cobras, 
onças, 
a 
estrada 
de 
ferro, 
casas 
de 
“madeira 
peroba”, 
vendinhas 
de 
secos 
e 
molhados; 
homens 
e 
mulheres 
em 
trajes 
respeitosos, 
com 
suas 
crenças 
e 
costumes, 
igualmente 
respeitosos 
e 
solidários 
entre 
si. 
As 
diversidades 
das 
histórias 
e 
das 
pessoas 
oriundas 
de 
diferentes 
culturas 
foram 
entrelaçando-­‐se 
para 
criar 
um 
novo 
sistema 
social, 
gerado 
por 
um 
tipo 
de 
gente 
ousada, 
que 
aprendeu 
a 
superar 
obstáculos 
incríveis 
e 
doar 
seu 
sangue 
e 
suor 
na 
certeza 
de 
que 
poderia 
fazer 
acontecer 
um 
sonho. 
Esta 
sociedade 
se 
manteve 
sem 
tradição, 
pois 
sempre 
esteve 
aberta 
a 
negociações, 
receptiva 
a 
qualquer 
pessoa 
entusiasta, 
num 
frenesi 
de 
transformação 
e 
progresso 
onde 
o 
relógio 
do 
tempo 
não 
pode 
parar. 
Ao 
observarmos 
os 
remotos 
acontecimentos, 
podemos 
entender 
o 
pensamento 
39 
dessa 
sociedade, 
e 
ver 
o 
retrato 
da 
história, 
tirado 
da 
arte 
de 
viver. 
(In, 
Caminhos 
do 
Campo, 
Martim 
Heidegger, 
A 
Morada 
do 
Homem 
“... 
o 
apelo 
nos 
faz 
morar 
de 
novo 
uma 
Origem 
distante 
onde 
a 
terra 
natal 
nos 
é 
restituída.”). 
Fiquei 
pensando; 
nós 
sempre 
retornamos 
à 
nossa 
terra 
natal 
quando 
nos 
voltamos 
para 
as 
profundezas 
de 
nossas 
lembranças. 
O 
PORTAL 
(fotografia 
da 
contra 
capa 
do 
livro) 
Caminhão 
de 
tora: 
Antonio 
Henriques 
Catharino, 
1947. 
Londrina-­‐PR
40 
Ao 
me 
deparar 
com 
esta 
foto 
me 
senti 
mergulhada 
num 
ambiente 
tão 
familiar, 
tão 
conhecido, 
numa 
identificação 
com 
aquele 
rosto 
amigo. 
Tive 
o 
grande 
privilégio 
de 
conviver 
com 
personagens 
dessa 
história 
e 
poder 
transitar 
entre 
dois 
tempos, 
cujos 
costumes 
e 
as 
relações 
se 
transformaram 
tanto. 
Olhando 
o 
chofer 
do 
caminhão 
de 
toras, 
com 
aquele 
ar 
de 
orgulho 
vitorioso, 
de 
quem 
reconhecia 
ter 
conquistado 
um 
grande 
feito, 
a 
menina 
voltou 
no 
tempo, 
e 
lembrou-­‐se 
do 
sorriso 
de 
alguém 
muito 
amado 
e 
esperado 
por 
ela, 
que 
era 
a 
“pequena 
bailarina” 
dele. 
Era 
assim 
que 
ele 
a 
chamava 
toda 
vez 
que 
colocava 
seus 
pezinhos 
entre 
a 
mão 
direita 
dele, 
para 
erguê-­‐la 
até 
a 
sua 
mãozinha, 
esticada, 
tocar 
o 
forro 
da 
sala. 
O 
forro 
era 
de 
madeiras 
pregadas 
em 
diagonal 
e 
tinha 
canaletinhas 
nos 
encaixes 
das 
tábuas 
e 
isto 
formava 
um 
desenho 
listrado. 
O 
toque 
dos 
dedinhos 
era 
breve, 
mas 
criava 
uma 
sensação 
ambígua; 
alegria 
por 
conquistar 
as 
alturas 
e 
medo 
de 
cair, 
invadindo 
o 
coração 
da 
menininha. 
Sempre 
ao 
ouvir 
o 
tio 
chegar, 
ela 
corria 
encontrá-­‐lo, 
pisando 
somente 
na 
ponta 
dos 
pés, 
para 
ele 
chamá-­‐la 
de 
bailarina, 
novamente. 
Tantas 
vezes 
ela 
presenciou 
o 
sorriso 
de 
satisfação 
naquele 
rosto 
de 
homem 
que 
fazia 
as 
coisas, 
acontecerem. 
Ele 
estava 
sempre 
procurando 
novidades, 
buscando 
sucesso 
nas 
empreitadas. 
Mas, 
nem 
por 
isso 
deixava 
de 
dar 
atenção 
às 
crianças, 
incentivando-­‐as 
a 
descobrirem 
o 
mundo, 
provocando-­‐lhes 
desafios. 
Assim 
eram 
todos 
os 
outros 
tios 
e 
o 
pai 
da 
menina. 
A 
infância 
tinha 
muita 
importância 
para 
eles, 
sabiam 
que 
a 
formação 
de 
um 
indivíduo 
começa 
cedo. 
Eram 
tantas 
as 
brincadeiras, 
um 
cuidado 
carinhoso, 
gestos 
de 
dedicação, 
sempre 
almejando 
lições 
de 
vida 
e 
valores 
da 
família. 
Aquela 
fotografia 
se 
tornou 
um 
portal 
para 
o 
passado 
e 
provocou 
também 
várias 
reflexões. 
Será 
que 
as 
pessoas 
que 
moram 
ou 
circulam 
por 
Londrina 
hoje, 
pisando 
sofisticados 
pavimentos, 
largas 
avenidas, 
entre 
lojas, 
bancos, 
universidades, 
aeroporto, 
Lago 
Igapó, 
grandes 
hospitais 
e 
altas 
tecnologias, 
com 
todo 
o 
burburinho 
e 
rapidez 
de 
metrópole, 
podem 
parar 
e 
imaginar 
que 
estão 
pisando 
o 
solo 
onde 
jaz 
uma 
exuberante 
floresta? 
Quanto 
àquela 
tora 
de 
árvore, 
como 
conseguiram 
pô-­‐la 
sobre 
o 
caminhão? 
Que 
árvore 
era 
aquela, 
quase 
do 
tamanho 
do 
caminhão? 
Onde 
foi 
isso? 
Em 
que 
ano? 
Quem 
era 
o 
motorista? 
Estas 
indagações 
me 
levaram 
a 
transpor 
a 
porta 
do 
meu 
passado. 
Por 
isso, 
chamo 
esta 
fotografia 
de 
“Portal” 
porque 
foi 
através 
dela 
que 
iniciei 
todas 
as 
pesquisas 
para 
compor 
o 
meu 
Trabalho 
de 
Conclusão 
de 
Curso 
em 
Artes 
Visuais 
na 
Universidade 
Estadual 
de 
Londrina. 
Esta 
fotografia 
eu 
já 
conhecia, 
porém 
o 
que 
eu 
via 
nela 
era 
o 
rosto 
querido 
de 
meu 
tio, 
e 
as 
lembranças 
de 
minha 
infância 
feliz. 
Mas 
um 
meu 
novo 
olhar, 
denunciou 
meu 
tio 
como 
um 
transformador 
do 
espaço, 
me 
fez 
ver 
nossas 
ações 
enquanto 
agentes 
atuantes 
também 
no 
tempo 
e 
no 
espaço. 
Esta 
fotografia 
me 
introduziu 
no 
caminho 
de 
volta 
às 
minhas 
raízes, 
me 
fez 
refletir 
sobre 
as 
dimensões 
temporais 
e 
a 
transformação 
que 
isso 
provoca 
no 
espaço 
e 
nas 
pessoas 
que 
nele 
habitam. 
Fez-­‐me 
buscar 
a 
compreensão 
de 
quem 
somos 
nós 
como 
seres 
sociais 
e 
quais 
são 
os 
nossos 
valores 
como 
seres 
humanos.
Não 
só 
a 
fotografia, 
mas 
qualquer 
objeto 
impregnado 
de 
significado 
faz 
entrarmos 
profundamente 
para 
dentro 
de 
nós, 
e 
nos 
reconhecermos 
como 
indivíduo, 
carregado 
de 
sentimentos. 
Procurei 
então, 
por 
meio 
da 
arte, 
dividir 
essas 
questões 
com 
as 
outras 
pessoas. 
A 
INSTALAÇÃO 
RECUPERANDO 
MEMÓRIAS 
RESGATANDO 
HISTÓRIAS 
41 
Idealizei 
uma 
Instalação, 
onde 
reuni 
objetos 
meus 
e 
outros 
emprestados 
dos 
amigos, 
objetos 
do 
cotidiano, 
atual, 
ou 
do 
passado, 
que 
remetessem 
a 
lembranças 
e 
sensações. 
Foram 
elementos 
de 
comparação 
que 
produziram 
um 
trânsito 
entre 
dois 
tempos, 
o 
de 
ontem 
e 
o 
de 
hoje. 
Os 
objetos 
de 
memória 
detonaram 
uma 
avalanche 
de 
histórias, 
e 
as 
pessoas 
foram 
juntando 
lembranças, 
potencializando 
um 
reconhecimento 
de 
seu 
próprio 
universo, 
vendo-­‐se 
como 
indivíduo 
participante 
de 
um 
contexto 
que 
lhe 
dá 
valor. 
Faço 
ainda 
uso 
de 
objetos 
de 
memória 
para 
resgatar 
valores 
perdidos, 
é 
preciso 
recuperar 
a 
identidade 
pessoal, 
para 
gerar 
um 
espírito 
crítico, 
que 
nos 
defenda 
das 
manobras 
do 
mundo 
consumista 
no 
qual 
estamos 
envolvidos. 
Nas 
imagens 
fotográficas 
estão 
contidos 
os 
significados 
e 
as 
intenções 
daqueles 
que 
as 
produzem. 
Nelas 
viajamos 
no 
tempo, 
através 
delas, 
ao 
observarmos 
o 
vestuário, 
a 
pose, 
a 
ocasião, 
o 
sentimento, 
um 
monumento, 
compreendemos 
a 
intenção 
e 
ao 
operá-­‐las 
construímos 
o 
nosso 
significado 
próprio. 
Reuni 
então, 
na 
instalação 
e 
num 
livro, 
imagens 
e 
histórias 
diversas, 
como 
retalhos 
de 
vidas. 
Os 
visitantes 
da 
Instalação 
e 
os 
leitores 
deste 
trabalho 
farão 
a 
composição 
conforme 
suas 
próprias 
lembranças 
ou 
desejo, 
para 
imaginarem 
então, 
a 
sua 
pessoal 
colcha 
de 
retalhos.
42 
NAS 
FOTOGRAFIAS 
ESTÃO 
OS 
SIGNOS, 
CULTURA, 
SENTIMENTOS, 
RECUPERAÇÃO, 
MEMÓRIA, 
IMAGINAÇÃO. 
FESTA 
E 
LUTO 
O 
casal 
do 
meio, 
em 
lugar 
de 
honra, 
são 
os 
padrinhos 
de 
batismo 
da 
criança, 
conforme 
podemos 
constatar 
através 
do 
vestido 
de 
batizado 
da 
menina, 
no 
colo 
da 
madrinha 
(Olivia 
Degraf), 
ao 
lado 
de 
seu 
esposo 
(Antonio 
H. 
Catharino) 
ambos 
também 
em 
trajes 
de 
dia 
festivo. 
Ao 
lado 
da 
mulher 
madrinha, 
está 
a 
mãe 
da 
criança 
(Faustina 
Catharino 
da 
Costa), 
com 
traje 
negro, 
de 
luto, 
e 
se 
seu 
esposo 
não 
está 
ao 
seu 
lado, 
é 
ele 
o 
falecido 
(Argemiro 
da 
Costa). 
Por 
isso, 
um 
de 
seus 
irmãos, 
posando 
ao 
lado 
do 
padrinho, 
veio 
acompanhar 
a 
irmã 
na 
cerimônia 
de 
batismo 
da 
filhinha 
dela, 
que 
nasceu 
seis 
meses 
após 
a 
morte 
do 
pai. 
Esse 
pai 
de 
família 
perdeu 
a 
vida 
em 
acidente 
com 
caminhão 
de 
toras 
e 
deixou 
a 
jovem 
esposa 
com 
quatro 
filhos 
para 
criar. 
O 
casal 
de 
padrinhos 
tinha 
ainda 
apenas 
seu 
primeiro 
filho 
e 
o 
rapaz 
(Júlio 
Catharino) 
que 
substituiu 
o 
pai 
da 
batizada, 
era 
ainda 
solteiro. 
Esta 
família 
está 
posando 
compenetrada, 
para 
registrar 
a 
importante 
data, 
mas 
eles 
não 
estão, 
em 
ares 
de 
festa 
devido 
à 
fatalidade, 
a 
ausência 
de 
um 
ente 
querido. 
Ao 
fundo 
como 
imponente 
cenário, 
está 
a 
famosa 
Figueira 
na 
Praça 
da 
Catedral 
da 
Cidade, 
onde 
todas 
as 
pessoas 
costumavam 
posar 
para 
serem 
fotografadas. 
A 
alegria 
desta 
época, 
aqui, 
pode 
ser 
percebida 
apenas 
na 
ingenuidade 
das 
crianças, 
cada 
qual 
por 
seus 
trajes 
e 
acessórios, 
mostra 
um 
pouco 
de 
suas 
características 
pessoais. 
A 
Cecília 
vivia 
dançando 
com 
a 
ponta 
da 
saia. 
O 
Flávio, 
com 
os 
bracinhos 
para 
trás, 
de 
peito 
aberto 
para 
a 
vida. 
A 
Sirlene 
era 
ainda 
quase 
um 
bebê, 
bonequinha 
de 
chupeta. 
O 
Darlei, 
menino 
desconfiado, 
querendo 
entender 
aquele 
aparelho 
à 
sua 
frente. 
Suas 
lindas 
roupinhas 
eram 
confeccionadas 
com 
amor 
e 
arte, 
por 
suas 
mães 
e 
em 
breve, 
durante 
as
traquinagens, 
logo 
estariam 
integradas 
a 
terra, 
assim 
como 
seus 
pezinhos, 
as 
raízes 
da 
Figueira 
e 
seus 
destinos. 
No 
verso 
da 
fotografia, 
o 
retrato 
é 
da 
saudade, 
pois 
Olivia 
envia-­‐o, 
como 
recordação, 
juntamente 
com 
uma 
carta 
de 
notícias, 
para 
seu 
querido 
pai 
Guilherme 
Degraf, 
que 
morava 
tão 
distante, 
percurso 
hoje, 
vencido 
em 
três 
horas 
de 
carro, 
quando 
eles 
levavam 
um 
dia 
todo 
em 
viagem 
de 
ônibus 
ou 
de 
trem. 
43 
AMÉLIA 
– 
Instinto 
materno 
O 
instinto 
maternal 
faz 
a 
menina 
feliz 
porque, 
enquanto 
segura 
carinhosamente 
a 
boneca, 
simula 
a 
vivência 
de 
ser 
mãe 
no 
papel 
de 
mulher. 
No 
meu 
sentir 
esta 
fotografia 
é 
a 
mais 
significativa 
do 
meu 
álbum 
de 
recordações, 
pois, 
é 
uma 
espécie 
de 
meu 
autorretrato. 
Esta 
menina 
não 
sou 
eu, 
pois 
o 
meu 
lugar 
aí 
é 
o 
da 
boneca. 
A 
menina 
de 
sorriso 
rasgado, 
inteligente, 
é 
a 
avó 
de 
meus 
filhos 
e 
a 
bisavó 
de 
meus 
netos, 
porque 
um 
dia 
a 
boneca 
também 
virou 
mãe. 
O 
tempo 
determinado, 
irreverente 
como 
ele 
só, 
passa 
e 
não 
para, 
vira 
tudo 
do 
avesso 
e 
como 
o 
rastro 
de 
um 
arado 
vai 
sulcando 
a 
vida 
da 
gente. 
A 
menina 
desta 
fotografia 
não 
tinha 
cabelos 
crespos, 
não 
era 
a 
babá 
das 
crianças, 
e 
nem 
elas 
eram 
suas 
irmãzinhas. 
Foi 
apenas 
um 
momento 
descontraído 
de 
vizinhas 
brincando 
no 
quintal. 
A 
dona 
da 
boneca, 
a 
menina 
Amélia, 
doze 
anos, 
havia 
ganhado 
a 
boneca 
de 
presente 
de 
sua 
irmã 
Irene 
que 
fez 
o 
vestidinho 
dela 
em 
tafetá, 
com 
lacinhos 
de 
fitas 
em 
cor 
rosamaravilha, 
tudo 
para 
agradar 
a 
irmãzinha 
órfã 
desde 
os 
cinco 
aninhos. 
-­‐ 
QUE 
IRONIA! 
Brincando 
de 
mamãe 
sem 
ter 
mais 
a 
própria 
mãe... 
Este 
vazio 
em 
seu 
coração 
ela 
transformou 
em 
amor 
materno 
extremoso. 
A 
herança 
maior 
que 
deseja 
nos 
deixar 
é 
o 
exemplo 
de 
como 
ser 
boa 
mãe. 
Como 
sua 
filha, 
ainda
que 
eu 
vivesse 
infinitas 
vezes, 
infinitamente 
não 
conseguiria 
retribuir 
tanto 
amor 
e 
dedicação. 
Num 
dia 
crítico, 
quando 
meu 
pai 
partiu, 
tomei 
o 
lugar 
de 
minha 
avó, 
para 
dar 
o 
abraço 
de 
aconchego 
materno 
que 
ela 
a 
menina 
órfã, 
reclamava 
nunca 
ter 
recebido. 
Choramos 
unidas, 
abraçadas, 
e 
intensamente 
de 
alguma 
forma, 
o 
encontro 
de 
três 
gerações 
aconteceu. 
44 
Cinema 
Quando 
a 
Tia 
Odila 
era 
mocinha 
e 
trabalhava 
num 
açougue, 
seu 
patrão 
contou-­‐lhe 
que 
no 
primeiro 
cinema 
de 
Londrina, 
ao 
assistir 
uma 
cena 
de 
duelo 
num 
filme, 
um 
dos 
espectadores, 
empolgado, 
descarregou 
seu 
revólver 
na 
tela. 
Era 
comum 
no 
início 
de 
Londrina, 
homens 
andarem 
armados 
pela 
cidade, 
igualmente 
aos 
“farwests” 
de 
filmes 
norte-­‐americanos. 
Era 
comum 
tirarem 
fotografias 
das 
pessoas 
saindo 
das 
sessões 
cinematográficas 
ou 
passeando 
na 
Avenida 
Paraná. 
Edite, 
Ciro 
e 
Edson 
com 
os 
pais 
Irene 
Degraf 
e 
José 
Netto 
Amélia 
Degraf 
e 
José 
Catarino 
com 
as 
filhas
45 
Fotografias 
Antigas 
e 
Contemporâneas 
de 
Londrina 
Manoel 
Henriques 
Catharino, 
em 
pé, 
na 
cabine 
em 
seu 
1º 
caminhão 
e 
o 
motorista 
que 
lhe 
vendeu 
este 
caminhão 
e 
o 
ensinou 
choferar. 
Manoel 
H. 
Catharino 
com 
seu 
primeiro 
neto, 
caminhões, 
filhos 
e 
ajudantes 
trabalhando 
juntos, 
registrando 
a 
chegada 
de 
mais 
uma 
expedição 
madeireira.
A 
esquerda 
dois 
irmãos 
Antonio 
e 
Eurípedes 
Mattos, 
acima 
deles 
em 
pé 
é 
o 
Júlio 
Catharino, 
sentado 
na 
tora, 
é 
o 
Jordão 
motorista 
ajudante. 
Em 
pé 
de 
branco 
é 
o 
João 
Mattos, 
depois 
Manoel 
Catharino 
em 
pé. 
Em 
frente 
a 
roda 
é 
o 
José 
Catarino 
e 
a 
criança 
é 
o 
Nelson 
Catharino. 
46 
José 
Catarino 
(Zeca) 
e 
seu 
1º 
caminhão 
de 
transportar 
gasolina.
47 
Zeca, 
na 
Rua 
Maringá. 
Era 
assim 
que 
ele 
praticava 
musculação. 
Zeca, 
em 
frente 
ao 
cafezal 
da 
Rua 
Maringá. 
“Zeca” 
era 
o 
modo 
carinhoso 
que 
os 
irmãos 
chamavam 
ao 
José 
Catarino.
48 
Amélia 
Degraf 
e 
José 
Catarino 
-­‐ 
Grávidos. 
O 
Zeca 
teve 
orgulho 
de 
ser 
motorista 
no 
Exército.
49 
Inês 
Delai 
e 
Júlio 
Catharino
50 
A 
“menina” 
e 
o 
terrível 
papai-­‐noel
Irene 
Degraf 
no 
dia 
de 
seu 
casamento 
e 
a 
irmãzinha 
Amélia, 
de 
dama 
de 
alianças. 
51
52 
As 
bonecas 
da 
Amélia 
e 
do 
Zeca
Familia 
Pelarim 
em 
visita 
a 
São 
Paulo. 
À 
direita, 
Arineu 
Pelarim, 
sua 
esposa 
Izolina 
Peruzzo 
com 
Irineu 
ao 
colo, 
no 
dia 
do 
batizado 
de 
Regina 
no 
colo 
da 
madrinha 
Otília, 
o 
padrinho 
Jorge 
Mattar 
e 
sua 
filha 
Leila, 
a 
cunhada 
Geny 
Pelarim 
e 
o 
esposo 
Antonio 
Carlos 
Gama 
Durante, 
tendo 
ao 
colo 
seu 
filho 
Luiz 
Carlos. 
Esta 
fotografia 
foi-­‐me 
gentilmente 
cedida 
pela 
Tia 
Geny 
porque 
compreendeu 
o 
apreço 
que 
tenho 
pelas 
famílias 
e 
por 
suas 
histórias 
de 
bravuras. 
53
54 
01 
02 
03 
01 
-­‐ 
Minha 
Casa 
Minha 
Vida. 
(ou 
dívida) 
02 
-­‐ 
Pensionato 
Japonês. 
(da 
Rua 
Travessa 
Belém). 
QUEM 
LEMBRA? 
03 
-­‐ 
Brasão 
de 
Londrina. 
(painel 
de 
azulejo 
na 
Universidade 
Estadual 
de 
Londrina)
55 
UAU! 
É 
A 
UEL! 
É 
O 
PEROBAL!
56 
José 
Catarino 
brincando 
de 
Visconde 
no 
túnel 
do 
tempo.
Londrina 
tinha 
somente 
um 
cemitério, 
o 
São 
Pedro. 
Na 
dor 
suprema, 
entrega-­‐se 
o 
ente 
querido 
a 
um 
Amor 
maior. 
57
58 
Foi 
VISUAL 
DA 
UEL.
59 
Faça 
um 
trava-­‐ 
línguas 
com 
os 
“paralelepípedos” 
da 
Estação 
Ferroviária.
60 
UÉ!?
61 
Manoel 
Catharino 
Filho 
Júlio 
Catharino 
Irineu 
Sérgio 
Pelarim 
Meus 
queridos 
heróis
62 
Neto, 
Letícia 
e 
Luciana 
desvendando 
a 
“Janela 
Contemporânea”.
63 
No 
Museu... 
Londrina, 
Km. 
209.916,50. 
Altitude-­‐ 
mts. 
576,20 
RAINHA 
DO 
ABISMO
64
65 
COLCHA 
DE 
RETALHOS
66 
Em 
Londrina 
Contemporânea 
tem 
Arte 
de 
Rua. 
Grafitar 
ou 
Pichar?
Amélia 
Degraf, 
formatura 
em 
Corte 
e 
Costura 
de 
Roupas 
e 
Trajes. 
67 
Parabéns 
mamãe!
68 
“Retrato 
de 
Irene 
Degraf”
69 
Izolina 
Peruzzo 
Pelarim 
e 
seus 
filhos, 
Luci, 
Carlos, 
Lenita, 
Irineu, 
Regina 
e 
Luiz.
70 
Dilsinho, 
irmão 
menor 
da 
Amélia, 
morreu 
três 
meses 
após 
o 
falecimento 
de 
sua 
mãe 
Alvina 
Degraf. 
No 
dia 
do 
velório, 
ele 
passava 
em 
baixo 
da 
mesa 
onde 
colocaram 
o 
caixão 
dela 
e 
brincava 
de 
“cuca”, 
procurando-­‐a. 
“-­‐ 
Cuca 
mamãe...”
71 
Olivia 
Degraf 
e 
Antonio 
Henriques 
Catharino.
72 
LUISA 
E 
HENRIQUE 
DEGRAF 
FAMÍLIA 
HENRIQUES 
CATHARINO.
Fotografia 
tirada 
em 
frente 
a 
sua 
casa 
da 
Rua 
Maringá 
esquina 
com 
Paranavaí, 
por 
ocasião 
das 
Bodas 
de 
Prata 
do 
casal, 
Rosalina 
e 
Manoel 
com 
seus 
doze 
filhos. 
Em 
pé, 
da 
esquerda 
para 
a 
direita 
estão; 
Nelson, 
José, 
Arlindo 
Manoel, 
Júlio, 
Antonio 
e 
Alice. 
Sentados 
da 
esquerda 
para 
a 
direita 
estão; 
Maria 
com 
o 
casal 
e 
Faustina, 
os 
irmãos 
menores, 
Roberto, 
Carlos 
e 
Abílio. 
73 
Foto 
Pintura 
do 
jovem 
José 
Catarino 
As 
pessoas 
que 
amamos 
não 
morrem, 
Elas 
ficam 
encantadas. 
(Guimarães 
Rosa)
74 
Capítulo 
II 
BONECAS 
E 
BRINQUEDOS 
como 
resgate 
de 
memória 
e 
de 
valores 
A 
HISTÓRIA 
DA 
BONECA, 
SUA 
ORIGEM 
E 
SEUS 
SIGNIFICADOS. 
Boneca 
(do 
espanhol 
“muñeca”) 
é 
um 
dos 
brinquedos 
mais 
antigos 
do 
mundo. 
Reproduz 
as 
formas 
humanas, 
predominantemente 
a 
feminina 
e 
a 
infantil 
e 
pode 
ser 
considerada 
como 
um 
brinquedo 
que 
prepara 
para 
maternidade. 
Podem 
ser 
confeccionadas 
com 
diferentes 
materiais, 
acompanhando 
a 
evolução 
dos 
mesmos 
e 
das 
novas 
tecnologias. 
As 
bonecas 
mais 
antigas 
encontradas; 
Na 
civilização 
babilônica 
arqueólogos 
encontraram 
uma 
boneca 
com 
braços 
articulados 
feita 
em 
alabastro 
e 
também 
em 
túmulos 
de 
crianças 
do 
Antigo 
Egito, 
datáveis 
do 
período 
3000 
e 
2000 
a.C., 
feitas 
de 
madeira. 
Na 
Grécia 
antiga, 
fazia 
parte 
dos 
rituais 
que 
antecediam 
ao 
casamento, 
a 
entrega 
por 
parte 
da 
noiva 
à 
Deusa 
Ártemis 
das 
suas 
bonecas 
e 
de 
outros 
brinquedos 
simbolizando 
o 
fim 
da 
infância. 
Prática 
semelhante 
existia 
em 
Roma. 
A 
criação 
de 
bonecas 
com 
objetivos 
comerciais 
estruturou-­‐se 
na 
Alemanha 
no 
século 
XV, 
nas 
localidades 
de 
Nuremberg, 
Augsburgo 
e 
Sonnenberg, 
onde 
nasceram 
os 
Dochenmacher 
(fabricadores 
de 
bonecas). 
Foi 
também 
na 
Alemanha 
que 
se 
criaram 
as 
casas 
de 
bonecas. 
Na 
mesma 
época, 
Paris 
também 
começou 
a 
se 
afirmar 
como 
centro 
de 
fabricação 
de 
bonecas. 
Eles 
produziam 
as 
bonecas 
com 
aspecto 
das 
mulheres 
locais 
cujos 
materiais 
empregados 
eram 
a 
terracota, 
a 
madeira 
e 
o 
alabastro. 
No 
século 
XVII, 
apareceram 
na 
Holanda, 
bonecas 
com 
os 
olhos 
de 
vidro 
e 
perucas 
feitas 
de 
cabelos 
humanos. 
O 
maior 
esplendor 
na 
fabricação 
de 
bonecas 
aconteceu 
no 
final 
do 
século 
XIX 
e 
início 
do 
século 
XX, 
mas 
as 
bonecas 
eram 
produzidas 
especialmente 
para 
os 
adultos, 
pois 
reproduziam 
as 
figuras 
da 
corte 
e 
da 
sociedade. 
Estas 
peças 
eram 
geralmente 
de 
madeira, 
com 
rosto 
de 
porcelana 
e 
vestidas 
com 
trajes 
da 
época. 
Como 
produto, 
voltado 
às 
classes 
mais 
abastadas, 
fizeram 
surgir 
roupinhas 
feitas 
por 
grandes 
costureiros 
e 
pessoas 
interessadas 
na 
fabricação 
artesanal. 
Thomas 
Edison 
criou 
a 
ideia 
de 
uma 
boneca 
falante, 
que 
foi 
aproveitada 
pela 
indústria 
e 
os 
fabricantes 
criaram 
bonecas 
que 
recitavam 
orações 
ou 
cantavam. 
Com 
o 
advento 
do 
cinema 
e 
desenvolvimento 
do 
desenho 
animado 
e 
a 
popularização 
da 
televisão, 
no 
século 
XX, 
pessoas 
e 
personagens 
passaram 
a 
ter 
seus 
equivalentes 
em 
forma 
de 
bonecas. 
BONECA 
EM 
DIVERSAS 
CULTURAS 
No 
Japão 
as 
bonecas 
são 
chamadas 
de 
ninjyoo 
e 
também 
são, 
um 
símbolo 
da 
história 
dos 
costumes 
daquele 
país. 
Em 
datas 
específicas 
elas 
são 
tema 
da 
ornamentação 
das 
residências. 
No 
dia 
13 
de 
março 
se 
comemora 
o 
Dia 
das 
Meninas, 
então 
as 
bonecas 
são 
expostas 
na 
sala 
de 
visitas 
em 
um 
altar 
de 
cinco 
andares 
onde 
as 
figuras 
do 
casal 
imperial 
estão 
no 
topo 
do 
altar. 
O 
dia 
5 
de 
maio 
é 
o 
Dia 
dos 
Meninos, 
cujos 
bonecos 
guerreiros 
simbolizam 
força 
e 
bravura 
Os 
primeiros 
bonecos 
japoneses 
foram 
os 
Haniwa,
estatuetas 
encontradas 
em 
tumbas 
pré-­‐históricas. 
Inicialmente 
eram 
moldadas 
em 
palha 
ou 
papel. 
Posteriormente 
passaram 
a 
ser 
feitas 
em 
madeira, 
cerâmica, 
mármore 
e 
argila. 
No 
período 
Heian 
(794-­‐1185) 
as 
bonecas 
eram 
usadas 
para 
afastarem 
demônios. 
No 
período 
Nara 
(710-­‐794) 
as 
bonecas 
sofreram 
a 
influência 
chinesa 
e 
passaram 
a 
ter 
roupas 
de 
seda, 
usar 
dourado 
e 
tinham 
o 
penteado 
Sokei, 
que 
se 
caracterizava 
pelo 
excesso 
de 
adereços. 
No 
período 
Kamakura 
(1192-­‐1333), 
por 
causa 
das 
constantes 
guerras, 
as 
mulheres 
substituíram 
os 
pesados 
quimonos 
por 
trajes 
mais 
simples, 
e 
isso 
se 
refletiu 
também 
nas 
bonecas. 
No 
período 
Edo 
(1603-­‐1868), 
surgiram 
as 
karakuri, 
bonecas 
que 
tocavam 
instrumentos 
e 
dançavam 
através 
de 
um 
sistema 
simples 
de 
cordas 
retorcidas, 
roldanas 
e 
fios. 
As 
bonecas 
foram 
usadas 
no 
teatro 
Noh 
em 
45 
d.C., 
para 
homenagear 
os 
atores 
e 
personagens 
de 
maior 
destaque. 
Assim 
também 
no 
teatro 
Kabuki, 
com 
as 
bonecas 
criadas 
com 
os 
mínimos 
detalhes 
de 
vestimenta 
e 
maquiagem. 
Os 
bonecos 
Gosho, 
representam 
bebês 
homens, 
roliços, 
de 
pele 
muito 
clara, 
cabeça 
grande 
e 
que 
carregam 
um 
peixe. 
As 
bonecas 
de 
Quioto 
são 
as 
mais 
tradicionais 
e 
belas 
do 
Japão, 
verdadeiras 
peças 
de 
75 
enxoval. 
Também 
são 
tradicionais 
as 
bonecas 
de 
madeira 
conhecidas 
como 
Kokeshi. 
Na 
África 
do 
Sul 
o 
povo 
Mfengu, 
tem 
como 
tradição 
oferecer 
a 
cada 
jovem, 
uma 
boneca 
que 
esta 
reserva 
para 
o 
primeiro 
filho 
que 
tiver. 
Após 
o 
nascimento 
de 
seu 
filho, 
a 
mãe 
recebe 
outra 
boneca 
para 
oferecer 
a 
seu 
segundo 
filho. 
Como 
ritual 
de 
ancestralidade 
e 
valores, 
as 
bonecas 
produzidas 
tradicionalmente 
na 
África 
são 
utilizadas 
para 
representar 
pessoas 
falecidas 
e 
entes 
queridos. 
São 
também 
utilizadas 
para 
agradecer 
aos 
Deuses 
pela 
boa 
saúde, 
riqueza, 
as 
boas 
colheitas 
e 
incentivar 
a 
fertilidade. 
Existe 
uma 
boneca 
para 
cada 
ciclo 
da 
vida; 
nascimento, 
infância, 
casamento 
e 
óbito. 
No 
caso 
de 
incêndio 
na 
moradia, 
o 
boneco 
ou 
boneca 
é 
o 
primeiro 
objeto 
que 
o 
morador 
tente 
salvar, 
pois 
representa 
a 
sorte 
e 
a 
vida 
dessé 
usada 
como 
representação 
da 
pessoa 
ou 
divindade. 
Em 
alguns 
rituais 
de 
magia 
a 
boneca 
era 
a 
representação 
da 
pessoa 
ou 
divindade 
e 
adquiria 
a 
força 
dos 
seus 
ancestrais 
e 
disseminava 
o 
mal. 
As 
bonecas 
abayomis 
são 
bonecas 
de 
origem 
afro-­‐brasileiras 
feitas 
de 
retalhos 
amarrados 
e 
esse 
procedimento 
segundo 
alguns 
estudiosos 
da 
cultura 
afro-­‐brasileira, 
teve 
sua 
origem 
nos 
navios 
negreiros, 
as 
mães 
provavelmente 
rasgavam 
suas 
vestes 
para 
fazerem 
essas 
bonecas 
sem 
costuras, 
apenas 
amarrando 
retalhos. 
Porém 
a 
origem 
documentada 
da 
boneca 
abayomi 
começa 
com 
a 
artesã 
Lena 
Martins 
em 
1988, 
que 
é 
militante 
da 
causa 
negra 
no 
Rio 
de 
Janeiro. 
Ela 
fundou 
uma 
cooperativa 
de 
mulheres 
a 
fim 
de 
dar 
ênfase 
ao 
resgate 
da 
identidade 
negra. 
Sua 
cooperativa 
tem 
reconhecimento 
do 
Ministério 
da 
Cultura, 
a 
Fundação 
Palmares. 
A 
boneca 
na 
Itália 
renascentista 
era 
frequentemente 
listada 
como 
parte 
do 
dote 
da 
noiva. 
Na 
Rússia 
as 
bonecas 
matrioshkas 
ou 
babuchkas 
formam 
um 
conjunto 
de 
bonecas 
de 
tamanhos 
decrescentes, 
geralmente 
feitas 
em 
madeira 
de 
Tília 
e 
muito 
coloridas, 
e 
que 
são 
guardadas 
umas 
dentro 
das 
outras. 
Já 
em 
Portugal 
as 
bonecas 
de 
pano 
ou 
palha, 
são 
um 
tipo 
de 
artesanato 
representativo 
da 
cultura 
popular. 
Na 
Alemanha, 
é 
uma 
tradição 
do 
país, 
a 
produção 
artesanal 
dos 
bonecos 
quebra-­‐ 
nozes, 
os 
quais 
são 
largamente 
utilizados 
como 
enfeites 
natalinos 
e 
é 
uma 
importante 
manifestação 
cultural.
No 
Vietnã 
existe 
o 
tradicional 
Teatro 
Aquático 
de 
Fantoches, 
secular 
apresentação 
com 
bonecos, 
que 
“atuam” 
sobre 
a 
água 
e 
com 
pequena 
orquestra 
cuja 
existência 
esteve 
ameaçada 
de 
desaparecimento 
e 
foi 
resgatada 
na 
década 
de 
1980. 
A 
boneca 
pela 
força 
da 
cultura 
de 
massas 
(ADORNO,2000) 
é 
um 
objeto 
que 
ficou 
subvertido 
no 
seu 
processo 
ritualístico, 
pois 
foi 
perdendo 
para 
a 
nossa 
sociedade 
todo 
o 
seu 
sentido 
mítico 
e 
lúdico 
e 
de 
criação 
pessoal 
que 
nele 
se 
encontrava. 
Pela 
cultura 
ocidental 
hoje, 
uma 
boneca 
é 
somente 
um 
objeto 
de 
brinquedo 
ou 
de 
decoração. 
76 
A 
OFICINA 
“MEMÓRIA 
E 
ARTE 
NA 
CONSTRUÇÃO 
DE 
BONECAS 
DE 
PANO” 
A 
COSTURA 
A 
linha 
salta 
do 
desenho 
bidimensional 
Para 
o 
tridimensional 
no 
desígnio 
da 
agulha, 
Se 
impondo 
no 
pano. 
É 
sempre 
ainda 
a 
mão 
e 
o 
corpo 
no 
empenho, 
na 
peleja. 
Por 
que 
tanta 
satisfação? 
(Marcia) 
OFICINA 
DE 
BONECAS 
DE 
PANO 
NA 
ARTE 
EDUCAÇÃO 
Para 
a 
Arte 
Educação, 
o 
pensar 
a 
arte 
como 
expressão 
e 
leitura 
de 
mundo, 
os 
trabalhos 
dos 
artistas, 
propõem 
uma 
reflexão 
de 
quem 
a 
pessoa 
é 
como 
sujeito 
na 
sociedade, 
dando 
voz 
à 
suas 
paixões, 
anseios, 
opressões, 
preconceitos 
e 
afetos. 
O 
ensino 
da 
arte 
pode 
contribuir 
então, 
na 
construção 
de 
um 
cidadão 
crítico, 
engajado 
em 
combater 
a 
intolerância 
às 
diferenças, 
que 
saiba 
questionar 
as 
imagens 
que 
lhe 
são 
oferecidas 
pelas 
mídias 
e 
que 
possa 
compreender-­‐se 
como 
igual 
ao 
outro, 
compreender 
que 
somos 
todos, 
seres 
humanos. 
Relação 
da 
Artista 
Rosana 
Paulino 
com 
a 
Oficina. 
Em 
sua 
arte, 
influenciada 
pelos 
afetos 
da 
memória, 
aparece 
o 
embate 
com 
as 
referências 
que 
ela 
tinha 
de 
suas 
bonecas 
“Susi”, 
enquanto 
ela 
mesma 
era 
uma 
menina 
negra, 
e 
a 
boneca 
tinha 
características 
de 
etnia 
branca. 
Seu 
trabalho 
também 
traz 
as 
referências 
com 
o 
universo 
da 
costura 
e 
dos 
tecidos. 
“A 
minha 
infância 
está 
presente 
em 
meus 
trabalhos. 
Perceber-­‐se 
negra 
e 
não 
ter 
nenhuma 
boneca 
com 
a 
qual 
pudesse 
me 
identificar. 
Olhar 
as 
heroínas 
e 
princesas 
e 
ver 
que 
entre 
elas, 
não 
havia 
nenhuma 
negra.” 
(voz 
de 
Rosana 
Paulino).
Projeto 
da 
Oficina 
Memória 
e 
Arte 
na 
Construção 
de 
Bonecas 
de 
Pano 
RESUMO 
Ao 
buscar 
subsídios 
para 
o 
meu 
Trabalho 
de 
Conclusão 
de 
Curso 
que 
trata 
de 
memórias, 
constatei 
o 
encantamento 
das 
mulheres 
pelo 
brinquedo 
tão 
antigo 
e 
artesanal, 
a 
“boneca 
de 
pano”. 
Ao 
mesmo 
tempo, 
deu 
para 
perceber-­‐se 
a 
força 
desse 
contato 
infantil 
sobre 
a 
formação 
delas 
como 
pessoas. 
Ao 
me 
aprofundar 
na 
pesquisa 
sobre 
bonecas 
e 
brinquedos, 
descobri 
o 
quanto 
esse 
objeto 
pode 
ser 
importante 
como 
instrumento 
de 
arte-­‐educação 
e 
todas 
as 
suas 
implicações, 
sociais, 
históricas 
e 
artísticas. 
Recorri 
então 
à 
oficina 
de 
construção 
de 
bonecas 
de 
panos 
para 
explorar 
todas 
essas 
questões 
e 
levar 
a 
arte 
para 
outros 
grupos 
de 
indivíduos 
fora 
da 
Escola 
convencional. 
Portanto, 
a 
“Construção 
de 
Bonecas 
de 
Pano” 
é 
uma 
oficina 
que 
visa 
o 
resgate 
de 
memórias, 
a 
busca 
da 
identidade 
pessoal 
das 
participantes, 
bem 
como 
a 
recuperação 
de 
sua 
cultura 
e 
de 
sua 
autoestima. 
Ao 
promover 
a 
interação 
do 
grupo 
e 
a 
troca 
de 
saberes, 
esta 
oficina 
estimula 
a 
criatividade. 
Como 
objeto 
de 
arte 
educação, 
fomenta 
o 
conhecimento 
do 
universo 
da 
arte, 
da 
história 
e 
provoca 
reflexões 
sobre 
a 
vida. 
A 
oficina 
mostra 
que 
a 
arte 
contemporânea 
pode 
tratar 
de 
micro 
políticas, 
ou 
seja, 
remexe 
nas 
situações 
de 
inclusão, 
gênero, 
etnia, 
e 
outros. 
A 
boneca, 
entre 
adultos 
e 
crianças, 
é 
uma 
espécie 
de 
alter-­‐ego, 
assim 
adquire 
características 
próprias 
de 
cada 
participante 
e 
trabalha 
o 
respeito 
às 
diferenças 
e 
à 
diversidade 
humana. 
Ao 
reunir 
na 
oficina 
essas 
diferenças 
sociais, 
promove 
a 
interação, 
a 
criatividade, 
o 
conhecimento 
e 
harmoniza 
o 
convívio 
em 
sociedade. 
OBJETIVO 
ESPECÍFICO 
Desvendar 
o 
universo 
artístico 
e 
a 
arte 
contemporânea 
como 
fator 
de 
humanização 
e 
conhecimento. 
77
OBJETIVO 
GERAL 
Promover 
a 
troca 
de 
saberes 
e 
de 
conhecimentos, 
resgatar 
a 
memória, 
e 
pela 
alteridade 
a 
descoberta 
da 
identidade 
pessoal. 
Estimular 
a 
autoestima, 
a 
criatividade 
e 
promover 
a 
interação 
social. 
METODOLOGIA 
Construção 
de 
bonecas 
de 
panos 
e 
apresentação 
de 
seminários 
de 
artistas 
ligados 
a 
questões 
de 
micro 
políticas, 
à 
costura 
e 
à 
memória. 
Provocar 
debates 
e 
reflexões 
sobre 
a 
arte. 
Registrar 
entrevistas 
sobre 
a 
memória, 
cultura 
e 
arte. 
Mediar 
feira 
e 
exposição 
de 
bonecas, 
fotos 
e 
vídeos 
sobre 
a 
Oficina. 
78 
ARTISTAS 
APRESENTADOS 
NA 
OFICINA 
Rosana 
Paulino 
Betty 
Moisés 
Bispo 
do 
Rosário 
Sophie 
Calle 
Marina 
Abramovic 
LOCAL 
DE 
REALIZAÇÃO 
Centro 
Social 
e 
Cultural 
Nossa 
Senhora 
da 
Glória 
(Padre 
Ozanilton 
Batista 
de 
Abreu) 
Rua 
Togo, 
60, 
Parque 
Ouro 
Verde 
Londrina 
– 
PR 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina 
Profa. 
Dra. 
Regina 
Célia 
Alegro 
Exposição 
de 
Bonecas 
de 
Pano 
“Memória 
e 
Arte 
no 
Museu”, 
Exposição 
de 
Bonecas, 
Fotos 
e 
Vídeos 
da 
Oficina. 
Rua 
Benjamim 
Constant, 
900. 
(Centro) 
Londrina 
– 
PR
79 
PLANOS 
DE 
AULAS 
PARA 
A 
OFICINA 
DE 
BONECAS 
DE 
PANO 
1º 
ENCONTRO 
OBJETIVO: 
Apresentação 
das 
participantes 
e 
das 
proponentes 
(Marcia 
Catarino 
e 
Daina 
Crepaldi), 
bem 
como 
das 
intenções 
e 
objetivos 
do 
grupo 
e 
definição 
dos 
horários, 
espaço 
e 
materiais 
a 
serem 
utilizados. 
METODOLOGIA: 
mostrar 
a 
história 
da 
boneca 
ao 
longo 
do 
tempo, 
as 
suas 
origens, 
a 
mitologia, 
seu 
uso 
nas 
diversas 
culturas, 
a 
transformação, 
consequências 
e 
influências 
no 
mundo 
contemporâneo. 
2º 
ENCONTRO 
OBJETIVO: 
Mostrar 
como 
a 
arte 
contemporânea 
se 
expande 
do 
bidimensional 
para 
o 
tridimensional 
e 
a 
diversidade 
de 
temas 
que 
pode 
abordar. 
METODOLOGIA: 
Apresentação 
de 
seminário 
sobre 
a 
poética 
de 
Bispo 
do 
Rosário, 
que 
abrange 
obras 
tridimensionais 
e 
obras 
ligadas 
ao 
universo 
da 
costura. 
Prática: 
desenhar 
e 
recortar 
molde 
de 
bonecas. 
3º 
ENCONTRO 
OBJETIVO: 
Promover 
o 
respeito 
às 
diversidades 
através 
da 
confecção 
de 
bonecas 
com 
características 
de 
etnias 
diferentes. 
MÉTODO: 
Apresentação 
de 
seminário 
sobre 
a 
poética 
de 
Rosana 
Paulino 
a 
qual 
trabalha 
questões 
de 
opressão 
e 
exploração 
da 
mulher, 
especialmente 
da 
mulher 
negra. 
Discussão 
e 
registro 
de 
depoimentos 
das 
participantes. 
PRÁTICA: 
desenhar 
e 
cortar 
moldes 
de 
bonecas 
com 
características 
da 
etnia 
afro 
descendente. 
4º 
ENCONTRO 
OBJETIVO: 
continuar 
a 
confecção 
das 
bonecas 
e 
proporcionar 
o 
acesso 
a 
pontos 
de 
costura 
à 
mão 
(ponto 
alinhavo, 
ponto 
caseado). 
METODOLOGIA: 
enquanto 
costurar, 
ir 
discutindo 
assuntos 
relacionados 
à 
costura 
e 
memória.
5º 
ENCONTRO 
OBJETIVO: 
discutir 
a 
compreensão 
da 
vestimenta 
como 
divisora 
dos 
inúmeros 
papéis 
sociais, 
e 
sua 
representação 
das 
hierarquias 
e 
símbolos 
sociais. 
METODOLOGIA: 
apresentação 
do 
seminário 
de 
Sophie 
Calle 
e 
sua 
poética 
que 
investiga 
as 
identidades 
que 
as 
pessoas 
adquirem 
em 
determinadas 
situações 
ou 
espaços. 
PRÁTICA: 
construção 
de 
um 
boneco 
com 
roupa 
de 
Frade. 
6º 
ENCONTRO 
OBJETIVO: 
Apresentar 
a 
boneca 
como 
brinquedo 
educativo 
na 
formação 
e 
na 
humanização 
da 
criança, 
e 
sua 
importância 
como 
instrumento 
para 
a 
compreensão 
da 
inclusão 
social 
e 
combate 
aos 
preconceitos. 
METODOLOGIA: 
seminário 
sobre 
a 
filosofia 
de 
Rudolf 
Steiner 
e 
a 
Escola 
Waldorf. 
Discutir 
sobre 
a 
importância 
da 
criança 
em 
manipular 
as 
roupas 
das 
bonecas, 
em 
excitar 
sua 
imaginação, 
imitando 
a 
vida. 
Debater 
a 
questão 
de 
gênero 
e 
a 
necessidade 
dos 
meninos 
terem 
também 
bonecos, 
para 
brincando, 
exercitarem 
o 
alter 
ego, 
bem 
como 
as 
tantas 
situações 
do 
mundo 
dos 
adultos. 
PRÁTICA: 
preencher 
as 
bonecas 
com 
estopa 
de 
algodão 
e 
proceder 
aos 
acabamentos 
como 
cabelos, 
roupas 
e 
sapatinhos. 
7º 
ENCONTRO 
OBJETIVO: 
Apresentar 
como 
a 
arte 
pode 
discutir 
a 
opressão 
e 
a 
violência 
contra 
as 
mulheres. 
METODOLOGIA: 
Apresentar 
seminário 
sobre 
a 
poética 
de 
Betty 
Moisés 
e 
a 
forma 
como 
ela 
trabalha 
a 
estética 
da 
dor. 
PRÁTICA: 
propor 
a 
criação 
de 
uma 
poética 
relacionada 
a 
essa 
questão. 
8º 
ENCONTRO 
OBJETIVO: 
Mostrar 
a 
potência 
da 
arte 
na 
superação 
da 
dor 
e 
das 
frustrações 
humanas. 
METODOLOGIA: 
apresentar 
a 
poética 
de 
Marina 
Abramovic 
que 
trabalha 
a 
memória, 
os 
conflitos 
femininos, 
sociais, 
culturais, 
infantis, 
de 
gênero 
etc. 
PRÁTICA: 
registrar 
depoimentos 
das 
participantes. 
Fotografar 
as 
participantes 
e 
as 
bonecas. 
80
81 
CONCLUSÕES 
FINAIS 
SOBRE 
A 
OFICINA 
“MEMÓRIA 
E 
ARTE 
NA 
CONSTRUÇÃO 
DE 
BONECAS 
DE 
PANO” 
Não 
houve 
grande 
de 
número 
de 
pessoas 
inscritas. 
As 
que 
frequentaram 
tiveram 
muita 
satisfação 
em 
contar 
suas 
memórias 
e 
experiências, 
as 
quais 
iam 
surgindo 
conforme 
apresentávamos 
os 
artistas. 
Houve 
uma 
demora 
na 
confecção 
das 
bonecas 
porque 
as 
participantes 
escolheram 
fazer 
os 
trabalhos 
à 
mão 
em 
vez 
de 
usar 
máquinas 
de 
costura. 
Com 
isso 
desejavam 
executar 
um 
objeto 
artístico, 
pessoal. 
As 
participantes 
não 
tinham 
experiência 
anterior 
com 
confecção 
de 
bonecas 
e 
nem 
com 
costura 
à 
mão 
ou 
bordados. 
Elas 
procuraram 
a 
oficina 
por 
sentirem 
solidão, 
incompreensão 
e 
desejo 
de 
auto 
afirmarem-­‐se, 
socialmente. 
Demonstraram 
apego 
aos 
seus 
trabalhos. 
Executaram 
seus 
trabalhos 
com 
muito 
esmero. 
Houve 
grande 
interação 
entre 
as 
ministrantes 
e 
participantes 
onde 
aconteceram 
trocas 
de 
saberes 
e 
modos 
diferentes 
de 
fazer. 
Cada 
encontro 
se 
tornava 
mais 
satisfatório 
que 
o 
anterior 
e 
começamos 
a 
pensar 
em 
aumentar 
a 
produção. 
Uma 
das 
alunas, 
a 
Irma 
Bernardo 
Vieira, 
desenvolveu 
um 
tipo 
de 
escultura 
no 
rosto 
de 
suas 
bonecas, 
e 
com 
pequenos 
pontos 
ligando 
o 
tecido 
externo 
ao 
enchimento, 
foi 
construindo 
contornos 
faciais. 
Além 
de 
criar 
sua 
boneca 
com 
características 
afrodescendentes, 
também 
criou 
uma 
boneca 
loira, 
para 
provar 
que 
não 
tem 
preconceito 
racial. 
As 
participantes 
solicitaram 
uma 
segunda 
etapa 
da 
oficina. 
As 
participantes 
demonstraram 
maior 
interesse 
em 
construir 
um 
objeto 
artístico 
mesmo, 
do 
que 
propriamente 
uma 
produção 
com 
fins 
lucrativos. 
Isto 
foi 
um 
fator 
positivo 
conforme 
o 
propósito 
maior 
da 
oficina 
que 
era 
levar 
um 
entendimento 
artístico 
a 
grupos 
de 
estudos 
não 
convencionais.
O 
Padre 
Ozanilton 
anunciava 
a 
Oficina 
em 
todos 
os 
finais 
de 
missas 
e 
para 
nos 
incentivar, 
pediu 
a 
construção 
de 
um 
boneco 
vestido 
de 
Padre. 
O 
Padre 
ofereceu 
o 
mesmo 
Espaço 
Sócio 
Cultural 
para 
repetirmos 
a 
Oficina 
no 
próximo 
ano. 
82 
BRINCADEIRAS 
DE 
BONECAS 
Resgate 
das 
histórias 
de 
mulheres 
e 
suas 
bonecas: 
impressões 
e 
depoimentos. 
Amélia 
Degraf 
(77 
anos) 
A 
boneca 
da 
Amélia, 
ela 
a 
ganhou 
aos 
seus 
10 
anos 
de 
idade. 
Foi 
um 
presente 
de 
sua 
irmã 
mais 
velha, 
Irene, 
que 
também 
fez 
para 
a 
boneca, 
um 
vestidinho 
de 
tafetá 
branco, 
com 
fitinhas 
cor 
“rosa 
maravilha”. 
Era 
de 
louça, 
porém, 
o 
corpinho 
não, 
este 
era 
de 
tecido, 
com 
enchimento 
de 
flocos 
de 
algodão. 
“ 
– 
O 
sapatinho 
dela 
era 
lindo! 
Lindo! 
Branco!” 
(fala 
da 
Amélia). 
O 
nome 
Florisbela, 
foi 
escolhido 
por 
sugestão 
da 
madrasta 
da 
Amélia. 
Não 
querendo 
ofendê-­‐la, 
a 
enteada 
aceitou 
o 
nome, 
o 
qual, 
ela 
achava 
horrível 
e 
gostaria 
de 
ter 
posto 
outro 
nome 
na 
sua 
linda 
boneca. 
A 
frustração 
da 
Amélia 
não 
era 
só 
com 
o 
nome 
da 
boneca 
Florisbela, 
mas 
com 
todas 
as 
outras 
bonecas 
suas, 
porque 
elas 
tinham 
os 
olhos 
pintados, 
ficavam 
sempre 
“arregalados”. 
Suas 
bonecas 
nunca 
dormiam. 
Leonilde 
Ortiz 
(53 
anos) 
A 
boneca 
mais 
desejada, 
não 
era 
sua, 
mas 
de 
sua 
irmã 
Ironilde. 
Como 
Ironilde, 
mesmo 
com 
seus 
dez 
anos, 
ainda 
usava 
chupeta, 
sua 
madrinha 
Lázara, 
sugeriu 
dar-­‐lhe 
uma 
boneca 
no 
lugar 
da 
chupeta. 
Ironilde 
jogou 
fora 
a 
chupeta, 
ganhou 
a 
boneca, 
mas 
foi 
sua 
irmãzinha 
de 
c 
incoanos, 
quem 
se 
apaixonou 
pela 
boneca. 
Assim 
sendo, 
o 
dia 
todo 
Leonilde, 
pedia 
emprestado 
aquela 
boneca. 
“-­‐ 
Linda, 
de 
plástico, 
mas 
com 
laço 
vermelho 
nos 
cabelos, 
e 
estes, 
pintados 
em 
forma 
de 
cachos 
marrons, 
e 
a 
boca, 
bem 
vermelha. 
Nas 
costas 
havia 
um 
apito, 
e 
quando 
deitava-­‐se 
a 
boneca, 
ela 
chorava, 
como 
miado 
de 
gato.” 
(fala 
da 
Leonilde). 
A 
verdadeira 
dona 
da 
boneca 
regulava 
o 
brinquedo 
e 
não 
emprestava 
facilmente, 
então, 
Leonilde 
chorava, 
sapateava, 
fazia 
birra, 
até 
a 
mãe 
delas, 
obrigar 
Ironilde 
a 
ceder 
a 
boneca 
para 
Leonilde. 
Marisa 
Catarino 
(57 
anos) 
Lúcia 
foi 
o 
nome 
escolhido 
para 
sua 
boneca, 
inteirinha 
de 
borracha. 
Tinha 
cabelos 
castanhos 
escuro, 
em 
nylon 
e 
olhos 
de 
vidro 
com 
longos 
cílios, 
mas 
não 
fechavam, 
eram 
colados, 
os 
olhos. 
A 
mãe 
fez 
roupinhas 
novas 
para 
a 
boneca 
e 
o 
pai 
fez 
pulseirinhas 
de 
dadinhos 
(cubos) 
bem 
pequenos 
e 
coloridos. 
Por 
incrível 
que 
pareça, 
a 
Marisa 
ainda 
conserva 
sua 
boneca. 
Tirou-­‐a 
do 
baú 
para 
me 
provar. 
Pude 
constatar 
as 
marcas 
das 
“experiências”, 
feitas 
com 
a 
boneca. 
Querendo 
desvendar 
o 
porquê 
dos 
olhos 
da 
boneca 
não 
pestanejarem, 
a 
Marisa 
arrancou-­‐lhe 
a 
cabeça, 
o 
que 
deu 
trabalho 
ao 
pai 
para
consertar 
o 
brinquedo. 
Há 
furos 
em 
volta 
do 
umbigo 
da 
boneca, 
pois 
a 
menina 
o 
furava 
todo 
dia, 
imitando 
a 
tia 
Odila, 
que 
contava 
estar 
levando 
o 
seu 
filhinho 
para 
vacinar 
contra 
a 
hidrofobia, 
pois 
ele 
havia 
sido 
mordido 
por 
um 
cachorro 
de 
comportamento 
estranho. 
Na 
boca 
da 
boneca 
também 
tem 
um 
furo 
feito 
com 
prego, 
porque 
ela 
insistia 
em 
enfiar-­‐lhe 
uma 
chupeta. 
Os 
cabelos 
da 
boneca 
estão 
desgrenhados, 
já 
que 
era 
moda 
as 
mulheres 
usarem 
penteados 
desfiados 
e 
a 
Marisa 
então, 
desfiava 
os 
cabelos 
da 
Lúcia, 
para 
ela 
ficar 
mais 
bonita. 
A 
boneca 
foi 
feita 
com 
muito 
boa 
qualidade, 
ainda 
está 
perfeita, 
embora 
os 
experimentos 
de 
sua 
dona. 
Natalí 
(26 
anos) 
Minhas 
bonecas 
eram 
industrializadas, 
elas 
não 
eram 
“top”, 
mas 
também 
não 
eram 
“rebas”. 
Havia 
uma 
desigualdade 
relevante 
nas 
bonecas 
das 
meninas: 
bonecas 
ricas 
e 
bonecas 
pobres, 
comparando-­‐se 
pela 
qualidade 
e 
conforme 
as 
condições 
financeiras 
dos 
pais. 
A 
diferença 
era 
notável, 
pelos 
bairros 
de 
moradias 
das 
meninas, 
as 
de 
bairro 
ricos 
tinham 
bonecas 
melhores. 
Eu 
colecionava 
roupinhas 
e 
bonecas 
“Barbies”, 
falsificadas, 
não 
se 
considerava 
a 
qualidade, 
mas 
a 
quantidade 
e 
o 
que 
eu 
queria 
era 
brincar 
e 
ter 
mais 
bonecas 
que 
minhas 
amigas. 
Giovana 
Paoline 
(22 
anos) 
“– 
Nas 
férias, 
na 
casa 
de 
minha 
avó 
em 
Presidente 
Prudente, 
interior, 
minha 
avó 
83 
nos 
ensinou 
a 
brincarmos 
com 
bonecas 
de 
espigas 
de 
milho. 
– 
A 
gente 
segurava 
no 
colo 
as 
espigas 
de 
milho, 
imaginando 
as 
palhas 
verdes, 
como 
se 
fossem 
vestidinhos 
e 
os 
cabelos 
do 
milho, 
eram 
os 
cabelos 
das 
bonecas. 
Na 
época 
de 
minha 
avó, 
quase 
não 
se 
encontrava 
bonecas 
de 
cabelos, 
então 
era 
grande 
vantagem 
brincar 
com 
as 
espigas 
de 
milho, 
pois 
tinham 
cabelos 
parecidos 
com 
os 
naturais, 
das 
pessoas. 
No 
quintal 
de 
minha 
avó 
tinha 
pé 
de 
mamão 
e 
outras 
frutas 
e 
até 
o 
milharal. 
Minha 
mãe 
ensinava 
a 
cortar 
bonecas 
de 
papel. 
Ela 
recortava 
um 
desenho 
de 
corpo 
de 
boneca, 
com 
cabeça, 
braços, 
pernas, 
etc. 
e 
depois 
desenhava 
as 
roupinhas 
e 
as 
prendia 
por 
pedaços 
de 
fitas 
do 
papel 
dobrados 
para 
trás 
deste 
corpo. 
Mas, 
essas 
brincadeiras 
só 
nas 
férias, 
porque 
em 
São 
Paulo, 
não 
se 
tem 
tempo 
como 
no 
interior. 
– 
Me 
lembro 
de 
que 
em 
São 
Paulo, 
tínhamos 
a 
boneca 
careca. 
Ela 
foi 
de 
minha 
mãe, 
depois 
de 
minha 
irmã 
e 
depois 
foi 
minha. 
A 
boneca 
era 
careca 
de 
tanto 
pentearmos 
seus 
cabelos. 
Tem 
até 
foto 
de 
minha 
irmã 
e 
eu 
com 
a 
boneca. 
Vou 
te 
enviar 
por 
email 
quando 
eu 
voltar 
para 
São 
Paulo. 
A 
boneca 
careca 
tinha 
olho 
que 
pestanejava, 
e 
no 
final, 
enquanto 
um 
abria, 
o 
outro 
ficava 
fechado. 
“Já 
estava 
gasta, 
a 
boneca 
careca...”. 
Juliana 
Domaneschi 
– 
Meu 
pai 
me 
deu 
uma 
boneca 
moreninha, 
de 
olhos 
verdes 
e 
disse; 
-­‐ 
Essa 
é 
a 
sua 
boneca 
certa, 
é 
mais 
parecida 
com 
você! 
– 
Ah! 
Dessa 
boneca 
eu 
gostava! 
– 
Eu 
odiava 
a 
boneca 
“Barbie”, 
industrializada... 
– 
Eu 
gostava 
também 
de 
colecionar 
aquelas 
bonequinhas 
de... 
e 
ainda 
preferia 
as 
bonequinhas 
que 
pareciam 
bebezinhos, 
gostava 
de 
brincar 
com 
elas.
– 
Mas 
a 
minha 
mãe 
também 
apreciava 
bonecas. 
Um 
dia 
ela 
comprou 
uma 
boneca 
bebê 
que 
engatinhava, 
pôs 
no 
meio 
da 
sala 
e 
quando 
eu 
ia 
tocá-­‐la, 
ela 
gritava 
para 
não 
pegar 
que 
eu 
ia 
quebrá-­‐la. 
– 
Um 
belo 
dia, 
quando 
minha 
mãe 
saiu 
de 
casa, 
subi 
em 
algum 
móvel, 
tirei 
a 
caixa 
da 
boneca 
de 
cima 
do 
guarda 
roupas 
e 
aproveitei 
brincar 
com 
ela 
até 
que 
realmente 
quebrei-­‐lhe 
um 
braço. 
Aí 
sim, 
foi 
um 
grande 
berreiro, 
das 
duas, 
da 
filha 
e 
da 
mãe. 
Maria 
Angélica 
Ceresine 
– 
Tive 
bonecas 
de 
coleção, 
Moranguinho, 
Uvinha..., 
mas 
eu 
gostava 
mesmo 
era 
de 
84 
brincar 
de 
“casinhas” 
de 
bonecas. 
Eram 
miniaturas 
de 
interiores 
de 
casas. 
Angélica 
disse 
que 
as 
montava 
sobre 
a 
penteadeira 
ao 
lado 
da 
qual 
havia 
uma 
cômoda 
mais 
alta. 
Então 
ela 
estendia 
sua 
cama 
para 
cima, 
para 
a 
cômoda, 
e, 
em 
sua 
doce 
imaginação, 
a 
sua 
casinha 
adquiria 
outro 
piso, 
o 
superior, 
como 
nas 
casas 
dos 
ricos. 
Para 
Angélica 
montar 
a 
sua 
casinha, 
ela 
tinha 
um 
longo 
trabalho. 
Durante 
dias, 
ia 
acumulando 
materiais 
domésticos 
descartáveis, 
como 
tampinhas 
de 
garrafas, 
vidrinhos, 
coisas 
que 
lhe 
pareciam 
ter 
formato 
de 
móveis. 
Olhava 
os 
pequenos 
objetos 
e 
pensava; 
-­‐ 
Isto 
parece 
um 
sofá, 
aquele 
outro 
lembra 
uma 
cama 
ou 
uma 
mesa. 
Depois, 
por 
horas 
a 
fio 
a 
Angélica 
arquitetava 
e 
construía 
a 
sua 
casa. 
Quando 
a 
casa 
ficava 
completamente 
pronta, 
terminava 
o 
jogo. 
Acabava 
a 
graça, 
mas 
tinha 
que 
ficar 
lá, 
pronta. 
Porém, 
que 
ninguém 
tocasse 
ou 
desmanchasse 
sua 
linda 
casinha, 
ali 
parada, 
intocada 
por 
uns 
bons 
dias. 
Daina 
Crepaldi 
“ 
– 
Se 
eu 
fizer 
uma 
boneca 
na 
oficina, 
ela 
será 
sem 
cabeça, 
pois 
todas 
minhas 
bonecas 
eram 
assim. 
Meu 
irmão 
arrancava 
a 
cabeça 
delas.” 
Luci 
Pelarim 
Minha 
mãe 
tirava 
algodão 
do 
colchão 
para 
encher 
minhas 
bonecas 
que 
ela 
mesma 
fazia. 
Naquela 
época 
os 
colchões 
eram 
como 
acolchoados 
duros, 
pesados. 
Meu 
pai, 
que 
tinha 
fábrica 
de 
móveis, 
trocava 
negócios 
com 
o 
dono 
da 
fábrica 
de 
colchões 
e 
de 
acolchoados, 
perto 
de 
casa. 
O 
dono 
era 
o 
Sr. 
Ibérico. 
O 
algodão 
vinha 
das 
plantações 
de 
Jataizinho 
e 
de 
Uraí 
e 
era 
revestido 
de 
um 
tecido 
também 
algodão, 
ralinho, 
azul 
claro 
com 
listinhas 
cor 
de 
rosa. 
Depois 
o 
Sr 
Ibérico 
começou 
a 
vender 
os 
colchões 
Probel, 
de 
molas. 
Maria 
Luisa 
G. 
Catarino 
– 
Eu 
tive 
uma 
boneca 
que 
se 
chamava 
“Amiguinha”, 
ela 
tinha 
o 
meu 
tamanho. 
Mas, 
tive 
também 
outra 
boneca 
enorme, 
linda, 
de 
porcelana 
que 
minha 
irmã 
quebrou. 
– 
Ah, 
mais 
eu 
chorei 
tanto, 
tanto!
85 
Cora 
Coralina 
“... 
perdi 
meu 
pai, 
muito 
novinha. 
Meus 
brinquedos 
eram 
coquinhos 
de 
palmeiras, 
caquinhos 
de 
louça, 
bonecas 
de 
pano.” 
(Publicação 
no 
Jornal 
do 
Brasil) 
Marcia 
Eu 
conheci 
uma 
menina 
de 
80 
anos 
que 
nunca 
teve 
uma 
boneca. 
Naquela 
tarde 
quando 
ela 
me 
contou 
isso, 
seu 
rosto 
não 
demonstrou 
nenhuma 
expressão, 
estava 
estático 
como 
ficou 
também 
seu 
corpo 
diante 
daquela 
constatação 
em 
que 
ela 
pareceu 
em 
segundos, 
viajar 
pelo 
passado. 
Porém 
percebi, 
em 
seu 
olhar 
enuviado, 
uma 
imensa 
e 
avassaladora 
tristeza.
86 
Capítulo 
III 
LABORATÓRIO 
DA 
INSTALAÇÃO 
(Antes 
da 
Instalação, 
ser 
apresentada 
no 
Museu 
Histórico 
de 
Londrina, 
foi 
feito 
um 
laboratório 
preparativo 
com 
orientação 
dos 
Professores 
Cláudio 
Luiz 
Garcia 
e 
Marcos 
Rodrigues 
Aulicino, 
no 
espaço 
da 
Galeria 
de 
Artes 
do 
Departamento 
de 
Artes 
Visuais 
da 
Universidade 
Estadual 
de 
Londrina. 
VÍDEO 
INSTALAÇÃO, 
“ESTE 
ESPAÇO 
LONDRINO”. 
(53min.) 
(em 
DVD, 
imagens 
e 
áudio 
comparativos 
da 
Londrina 
antiga 
com 
a 
Londrina 
contemporânea 
e 
suas 
memórias). 
Este 
DVD 
foi 
parte 
integrante 
do 
laboratório 
e 
posteriormente, 
ele 
ficou 
em 
exposição 
na 
Casa 
de 
Cultura 
da 
Universidade 
Estadual 
de 
Londrina.) 
REFLEXÕES 
SOBRE 
O 
LABORATÓRIO 
...minhas 
reflexões 
sobre 
a 
instalação 
no 
laboratório 
de 
setembro 
de 
2013. 
Foi 
um 
presente 
para 
nós 
estudantes 
de 
arte, 
o 
professor 
Cláudio 
disponibilizar 
aquele 
espaço 
da 
galeria 
para 
nossas 
experimentações 
em 
arte 
e 
educação. 
Importante 
principalmente 
pela 
autonomia 
e 
liberdade, 
deixando-­‐nos 
agirmos 
a 
nosso 
critério 
exclusivo. 
Cada 
qual 
exercitou 
como 
achou 
que 
deveria 
ser 
seu 
Trabalho 
de 
Conclusão 
de 
Curso, 
e 
nisso, 
trocamos 
ideias, 
opiniões, 
conhecemos 
os 
trabalhos 
uns 
dos 
outros 
e 
foi 
satisfatório 
ver 
como 
cada 
qual 
sentiu 
esse 
universo 
da 
arte. 
Juntos, 
analisamos 
a 
autenticidade 
de 
cada 
um 
e 
o 
que 
realmente 
seria 
interessante 
dali 
para 
ser 
apresentado 
à 
banca 
julgadora 
do 
TCC. 
O 
mais 
legal 
desses 
laboratórios 
foi, 
a 
intimidade 
e 
a 
interação 
entre 
nós, 
momento 
de 
amizade, 
de 
aprendermos 
a 
nos 
conhecermos, 
de 
nos 
gostarmos 
e 
nos 
apreciarmos 
como 
colegas 
de 
jornada 
e 
de 
vida. 
Ali, 
nós 
não 
precisamos 
representar 
conforme 
pede 
a 
burocracia 
necessária, 
nem 
apresentar 
referências 
teóricas 
ou 
poéticas, 
mas, 
apenas 
brincar. 
E 
foi 
isto 
que 
eu 
fiz. 
Brinquei 
de 
artista! 
Mesmo 
assim 
achei 
por 
bem 
entregar 
ao 
professor 
Marcos 
e 
ao 
professor 
Cláudio, 
um 
texto 
de 
um 
crítico, 
citando 
José 
Rufino, 
por 
este 
lidar 
com 
a 
memória, 
porém 
o 
meu 
trabalho 
busca 
no 
dele, 
referências 
no 
período 
em 
que 
ele 
levanta 
lembranças 
de 
seu 
avô 
e 
de 
espaços 
de 
sua 
infância 
no 
interior, 
na 
fazenda, 
de 
cartas 
de 
família 
e 
fala 
de 
relações 
antropológicas, 
sociais, 
de 
um 
lugar 
ligado 
a 
embarcações 
e 
vida 
rude. 
Rufino 
se 
atira 
sobre 
objetos 
de 
lembranças 
e 
os 
subverte, 
os 
transforma. 
No 
dia 
11 
de 
setembro 
de 
2013 
foi 
a 
minha 
vez 
de 
experimentar 
o 
laboratório 
e 
articular 
minha 
Instalação. 
Especialmente 
nesta 
Instalação, 
usei 
objetos 
afetivos 
de 
família, 
alguns 
até 
mesmo 
emprestados, 
por 
isso 
não 
podia 
desestruturá-­‐los 
em 
seu 
caráter 
de 
registro 
histórico 
e 
até 
de 
peça 
de 
museu. 
Assim 
sendo, 
manipulei 
as 
peças 
até 
onde 
não 
agredia 
sua 
forma 
original. 
Transgredi 
apenas 
seu 
lugar 
comum, 
colocando-­‐as 
em 
ambiente 
avesso 
ao 
seu 
uso, 
mas 
inteirando-­‐as 
com 
elementos 
que 
provocassem 
nas 
Pessoas, 
lembranças 
delas 
próprias 
entre 
dois 
tempos 
de 
um 
mesmo 
espaço, 
em 
pauta, 
a 
cidade 
de 
Londrina. 
Quanto 
à 
disposição 
da 
instalação, 
foi 
construído 
propositalmente
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  • 2. 2
  • 3. 3 Márcia de Fátima Catarino Pelarim Arrancando Raízes em Londrina Londrina Edição do Autor 2014
  • 4. 4 __________________________________________________________________________ Pelarim, Márcia de Fátima Catarino Arrancando raízes em Londrina / Márcia de Fátima Catarino Pelarim. Londrina : Edição do Autor, 2014. ISBN: __________________________________________________________________________
  • 5. 5 SUMÁRIO 011 Apresentação 013 O Livro Final 013 Dedicatórias 015 Homenagens PARTE I 017 Agradecimentos 025 A Potência da Leitura PARTE II 029 Resumo 031 Motivo do título ARRANCANDO RAÍZES EM LONDRINA 033 Enfrentamento diante da vida 035 Introdução PARTE III Capítulo I 037 Origem do Livro (Instalação e TCC) 037 As fotografias e a atração 038 A Pesquisa “Um Nó de Nós” 039 O Portal 041 A Instalação recuperando memórias resgatando histórias 042 Nas fotografias estão os signos – Festa e Luto 043 Amélia Instinto Materno 044 Cinema 045 Fotografias antigas e contemporâneas de Londrina Capítulo II 075 Bonecas e Brinquedos -­‐ resgate de histórias e de valores 075 História da Boneca 075 A Boneca em diversas Culturas 077 A Oficina Memória e Arte na Construção de Bonecas de Pano 077 A Costura 077 Oficina de Bonecas de Pano na Arte Educação 077 Relação da Artista Rosana Paulino com a Oficina 078 Projeto da Oficina Memória e Arte na Construção de Bonecas de Pano 078 Resumo da Oficina Memória e Arte na Construção de Bonecas de Pano 079 Artistas apresentados na Oficina 079 Local da realização das Oficinas 080 Planos de aulas para a Oficina 082 Conclusões finais sobre a Oficina 083 Brincadeiras de Bonecas – resgate de memórias e depoimentos
  • 6. 6 Capítulo III 087 Laboratório da Instalação Arrancando Raízes em Londrina 087 Reflexões sobre o Laboratório 088 O resgate temporal através de objetos utilizados no laboratório 091 Vídeo Instalação Este Espaço Londrina (complemento da Instalação) 092 Poema de Willian “ O Pioneiro” Capítulo IV 095 RETALHOS 095 Domingo de sol 095 Falando de princesas 096 Abelhas Jataí 096 Exibida 096 O Velho que sabe tudo 096 Passarinhos 096 Cortina de Chitão 097 O tarado 097 Rato 097 Carta 097 De Algodão e Urubus 098 Menina-­‐velha 098 A Vila 098 Dona Elisa 099 Colcha de Retalhos 099 Maquiagem 099 Dona Judith 100 Cinema 100 Conselho 100 Voltar? 100 O cavalo do pai voltou 100 Bem-­‐te-­‐vi 101 Jogo de Letras 101 Pedra de anel 101 Kirigame 101 Torrador de Café 102 Terra molhada 102 Vestígios Indígenas 103 A cama com número de patente 103 Ambulância 103 Sem grades 103 Amélia e Zeca 104 Presença 105 Café da Tarde 105 Surra no Judas 105 Clube de Dança
  • 7. 7 105 A turca 106 Casinha mictório 106 A menina e o pai 106 O homem que amou Londrina 107 Alerta 107 A fuga 108 Cacique 108 Batizado 108 Casamento 109 A flor do mal 109 Flor de Laranjeira 109 Todo final deveria ser feliz 111 Festa Junina 112 Contemplação 112 Casamentos e não, e sim, ou arranjados. 113 Tabu 114 Acima dos tabus 114 O nó que nos une 115 Varais 115 Colar de pérolas 115 Pena 116 Passava a boiada 116 Deselegância 116 UEL 116 Vestibular 117 Foto-­‐pintura 117 Maquetes da vida 118 Museu 118 1º de Maio 119 Pioneiro desconhecido 119 A Reserva 120 Quadro de Garças 121 Vitória da Samotrácia 121 Bonecas de Jornal Tia Odila? 121 Exostyles Godoyenses peroba-­‐rosa 122 Árvore símbolo peroba-­‐rosa 122 Casa de mata-­‐junta 123 Exaltação às árvores (Mãe, Antonio Correia de Oliveira) 123 As Velhas Árvores (Olavo Bilac) 123 A Pátria (Olavo Bilac) 124 Patriota 124 A Arte é o espelho da Pátria... (Chopin) 124 Última Flor do Lácio 125 Rosalina 125 Noite Louca 126 Visita ao Tio 126 Outro dos Tios
  • 8. 8 127 Costurando Colcha 127 Valsando 127 Memória do Arlanza 128 Memória 128 Trem 128 Pé Vermelho 130 Extraordinário o Caminhão de Tora 131 O Morro dos Ventos Uivantes 131 Juritis 131 Hortências 131 Hercules 132 Questão de Profissão 132 Carta de 1º de Abril 132 Tão só 133 Faina 133 Brigou com a morte 133 Vale do Rubi das Lavadeiras 134 Rainha do Abismo 134 Era importante? 136 Viagem difícil 136 Pau de Arara 138 Cartões 138 Chupeta 138 Igual o Presidente Lula 139 Peças Infantis 139 É tecido, é pano, é carinho 139 Bucheiro 140 Verdureiro 140 Bijuzeiro 140 Carrocinha de prender cachorro 141 Bananal 141 Sopa de bananas 141 Chiquinha 141 Enigma 142 Gatos incríveis 142 Arte, ciência e história 142 Os olhos desta janela-­‐ espelho do tempo 142 O ninho 143 Eu 143 Vento Travesso 144 Dona Izolina 145 As cores da alma 145 Gratidão 145 Rei do quintal 145 Bolinho de chuva 146 Quer provar? 146 Padeiro
  • 9. 9 146 Perfeitamente 146 Cortina de Chitão e Boneca 147 Apelidos 147 Alvina e a Cobra 147 O último Natal 148 Jacú 148 Linhas cruzadas 149 Usina Três Bocas 149 Chofer 149 Emblema dos Catarinos 150 O trigo 150 Doze irmãos, papai e mamãe 150 Galo Português ou Galo de Barcelos 151 A rosa 151 Malhação no Judas 151 O espantalho e Liete 151 Judas e Zenaide 151 No Natal de Zenaide 152 Colcha de retalhos da Irma 152 O fantasma da Figueira 153 Fantasma da Porteira 153 A Figueira e seus mistérios 153 Choronas 153 Poeira no Museu 154 Beija flor 154 Maionese 154 Sutil 154 Liete e a caveira 155 Cachorro nervoso 155 Pioneiros 155 Raiva 155 Enxoval 155 Saliente demais 156 Presentes de madrinha 156 Mula sem cabeça 157 Dinossauros 157 Trecho de carta 157 Este espaço chamado Londrina 158 Falando de bonecas (Dona Zulmira) 158 Carta ao Zeca 160 Silhueta Capítulo V Artistas com quem relaciono meus trabalhos 161 Louise Bourgeouis, 161 Bispo do Rosário, 161 Sophie Calle
  • 10. 10 163 Rachel Withehead 165 A Instalação no Museu “Memória e Arte Arrancando Raízes no Museu Histórico de Londrina” 165 Nota no Jornal (matéria no site de notícias da Universidade Estadual de Londrina). 167 Imagens da “Instalação Memória e Arte Arrancando Raízes no Museu Histórico de Londrina” Capítulo VI 183 História sem Fim 183 Registro de Comentários do Caderno de Registros da Instalação no Museu Histórico de Londrina 185 A caneta do Zeca 185 Inventário dos objetos que formaram a Instalação Memória e Arte Arrancando Raízes no Museu Histórico de Londrina. 187 Capítulo Sem Fim 187 Canção da Saudade 189 Ricos e Raros Presentes 189 Almofada de crochê feita pela Vovó Alvina Degraf 189 Pano de Copa feito pela sogra amiga Dona Izolina Peruzo Pelarim 190 Toalha de Mesa feita pela Amélia Degraf Catarino 191 Referências Bibliográficas 193 Referências de leituras inspiradoras 193 Os porquês dos artistas com os quais me relaciono. 194 Algo sobre o Livro original Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Artes Visuais. 195 A Voz de Arlindo Catharino 195 Expedição na Mata 195 Acampamento 196 Ao Trabalho 196 Conclusão Final (a autora, Marcia de Fátima Catarino Pelarim).
  • 11. Londrina, julho de 2014 LIVRO “ARRANCANDO RAÍZES EM LONDRINA” Apresentação Em comemoração aos oitenta anos da Cidade de Londrina, este livro foi extraído de partes escolhidas da edição de meu Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Estadual de Londrina. Estão nele reunidas memórias de pessoas encantadas pela Cidade de Londrina e juntamente, imagens de trabalhos artísticos e registros referentes a esta cidade, salientando histórias e situações comuns de ontem e de hoje, num contexto que venha apresentar o modo de viver de seus habitantes com seus sentimentos mais puros. Em sua versão original este livro foi construído em papel Fabriano com letras impressas em pigmento marrom, contendo fotografias alinhavadas a mão em fio dourado e, possuindo um anexo de últimas páginas, confeccionadas em tecido de algodão sobre as quais costurei papéis impressos com pequenas histórias chamadas de retalhos de memórias. Todas as partes recolhidas no livro têm também sua importância pedagógica. Todo o processo teve início em 2012 com estudos de fotografia, depois passou por um laboratório com pesquisas de objetos de memórias incluindo também uma Oficina de Bonecas, num estudo a brinquedos antigos. Este laboratório transformou-­‐se numa Instalação de Memória e Arte que migrou para uma Exposição no Museu Histórico de Londrina, onde permaneceu por duas semanas e retornou em 2013 para a Universidade Estadual de Londrina, culminando no meu livro de Trabalho de Conclusão de Curso para a avaliação junto a Banca Examinadora composta pelos Professores Doutores Marcos Rodrigues Aulicino, Tânia Sugeta e Cláudio Luiz Garcia, os quais gentilmente aceitaram meu convite. O livro, quase totalmente artesanal, lembrava um velho diário de menina, prática a qual podemos dizer, muitas vezes na nossa era digital, substituída pelo “facebook”, embora este não seja nada secreto. Aquele que não concordar com minhas palavras, lembre-­‐se que escrevi conforme meus olhos viram, meus ouvidos ouviram e meu coração sentiu.
  • 12. 12
  • 13. 13 O LIVRO FINAL “ARRANCANDO RAÍZES EM LONDRINA” Dedico este livro aos meus queridos netos, Rafael, Miguel, Laura e aos que ainda virão, para que saibam como pulsava o coração de seus parentes.
  • 14. 14
  • 15. 15 EM HOMENAGEM Aos meus pais Amélia e Zeca, por terem me protegido como faz um anjo e terem tornado bela a minha existência. Aos meus avós, tios e tias, por enriquecerem de amor a minha caminhada e demonstrarem que a felicidade é uma conquista.
  • 16. 16
  • 17. 17 Parte I AGRADECIMENTOS Esta é uma parte fundamental do livro porque ela traz para dentro da história, personalidades exemplares em seu modo corajoso de conduzir a vida, seu compromisso moral e seu respeito ao próximo. Meus pais me ensinaram que a gratidão é uma virtude que promove a justiça e atrai mais bênçãos de Deus. Agradeço: Primeiramente a Deus, meu criador que me surpreende a cada instante, com seu amor providente. Ao meu Anjo da Guarda, não os muitos que encontrei na terra, mas ao Espírito de Luz, criado por Deus especialmente para a proteção de cada ser, e que tem Ele, me provado sua existência em tantas situações relevantes de minha vida, protegendo-­‐me, inspirando-­‐me, intuindo-­‐me a melhor direção nesta já tão longa caminhada. Aos meus pais Amélia Degraf e José Catarino porque seu amor extremoso me fez superar as intempéries da vida e chegar feliz até aqui. Ao meu esposo Irineu Sérgio Pelarim que abdicou de seus melhores momentos para me apoiar e incentivar na realização deste sonho. Aos meus amigos colegas de Curso por me adularem desde o primeiro dia, me ensinando as mídias tecnológicas, me influenciando a pensar de modo contemporâneo, me emprestando livros e com paciência, dividiram seu espaço jovem comigo. Daina Crepaldi Moreira, Daniele da Silva Milani, Guilherme de Martino Casado, José Leite Bueno Neto, Juliana Cordeiro Domaneschi, Kauana Milozo, Loana Cristina Takahashi, Luciana Finco Mendonça, Maria Angelica Cerezine Mayla Oliveira Weber Natália Tardim Teixeira,
  • 18. 18 Giovana Paolini Letícia Araújo Chaves Anderson dos Santos Monteiro, Carolina Dellatorre Sobreira Luiz Carlos do Couto Junior Tiago Souza Helen Lopes Joelma Couto Ao Professor Marcos Rodrigues Aulicino que foi me atraindo aos poucos através das histórias da arte, mostrando-­‐me a própria história da vida humana. Assim foi se tornando grande amigo, me encorajou a abrir as janelas de meu coração e atirou-­‐me para o voo pleno, enquanto ele ficou ali, esperando-­‐me pousar de volta, trazendo os retalhos das minhas melhores memórias. Ao Professor Cláudio Luiz Garcia por me oferecer suporte para a viagem de busca de entendimento interior, e oferecer ainda os subsídios de afetos das tintas aguadas, escondidas nos porões da alma e as fez emergirem pelos livros de Lygia A. S. Araújo ou de Pedro Nava e de Josué Montello. A Professora Tânia Sugeta, dedicada, amorosa, me entusiasmou desvendando quão agradável é trabalhar com cerâmica e me compreendeu sendo solidária ao meu momento “mulher transição”. A Professora Carla Juliana Warken por ser a primeira a me receber com o abraço amigo. A professora Maria Carla Guarinelo de Araújo, sempre atenta à minha formação e aos meus sentimentos. A professora Luli, pois é verdade, ao lado de um grande homem há uma grande mulher. A Professora Roberta Puccini por me ensinar que tantas pessoas consideradas deficientes, podem ser apenas, diferentes. E, que no fundo de todo poço, existe uma mola que nos impulsiona para cima. A Professora Maria Irene Pellegrino de O. Souza, pela atenção com que me apresentou futuras veredas em fotografia. Ao Professor Ronaldo por me mostrar que os caminhos da memória, quando bem pesquisados, fazem chegar à descoberta da arte.
  • 19. Ao Professor André Luiz Onório Coneglian, tocando tão profundamente meus sentimentos e mostrando a importância que tem um Professor na nossa formação como ser humano. Ao Professor Luiz Carlos Jeolás pela paciência em me orientar com as mídias tecnológicas. 19 Ao professor Kennedy Piau sempre me incentivando a ser mais racional. Ao professor Jardel Dias Cavalcanti, por ser gentil sempre que precisei. Ao professor Juliano Reis Siqueira, me fez descobrir caminhos tão produtivos e de encantamento na educação através de oficinas. A professora Vanessa de Oliveira, com muita seriedade, empenhada em transmitir conhecimentos. Ao professor Renan dos Santos Silva que defende com paixão a ética do professor e já no primeiro ano do curso, mostrou-­‐nos essa importância e responsabilidade na formação dos professores. Ao professor Danillo Gimenes Villa, dirigindo suas aulas de modo descontraído, alegre, porém sempre atento a nossa formação. A professora Elke Coelho Pereira Santana, paradigma no modo de ministrar uma aula e pela gentileza ao receber-­‐me em cada encontro. A professora Carmem Fabiana Betiol, por conseguir aplicar a aula de modo tão contemporâneo, realista, no sentido de demonstrar o quanto tudo está unido à vida e às suas consequências. A professora Maria Fernanda Magalhães, por me deslumbrar com o universo fantástico da fotografia. Ao professor Ubirajara Senatore, que de maneira simples apresentou a potência e a grande influência das imagens em nossas vidas e em nossas produções artísticas. A professora Cândida Alayde Bittencourt, mais um exemplo de competência e referência no compromisso atencioso dispensado às pessoas. Ao professor Marcos Nalin que abordando as obras de Velazques, me fez pensar meus próprios espelhos da alma. Ao José Marques Neto, ao Manoel Cavalcante de Souza Neto, Ao Deusdito Pereira dos Santos,
  • 20. A Sônia Maria Camargo Lourenço, A Sônia Aparecida Pimenta Tardin, A Eunice Bianconi, todos os quais com a maior simpatia e boa vontade fizeram o contato amigo entre os alunos e a Universidade. Enfim, a todos os queridos amigos professores e funcionários do Departamento de Artes que se empenharam com alegria e incentivo, me apresentando uma dimensão bem melhor do Curso, pois como me dizia o Professor Renan dos Santos: -­‐ Você pensou que veio aqui para brincar de massinha? 20
  • 21. 21 SERVIDORES E PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE ARTE VISUAL/ CECA CÂNDIDA ALAYDE DE CARVALHO BITTENCOURT CARLA JULIANA GALVÃO ALVES WARKEN CARMEM FABIANA BETIOL CLAUDIO LUIZ GARCIA JARDEL DIAS CAVALCANTI DANILLO GIMENES VILLA ELKE COELHO PEREIRA SANTANA JULIANO REIS SIQUEIRA KENNEDY PIAU FERREIRA LOURIDES APARECIDA FRANCISCONI LUIZ CARLOS SOLLBERGER JEOLÁS MARCOS RODRIGUES AULICINO MARIA CARLA GUARINELLO DE ARAÚJO MOREIRA MARIA FERNANDA VILELA DE MAGALHÃES MARIA IRENE PELLEGRINO DE OLIVEIRA SOUZA MARTA DANTAS DA SILVA RENAN DOS SANTOS SILVA ROBERTA PUCCETTI RONALDO ALEXANDRE DE OLIVEIRA TANIA CRISTINA RUMI SUGETA UBIRAJARA DE CARLO SENATORE VANESSA TAVARES DA SILVA DEUSDITO PEREIRA DOS SANTOS EUNICE BIANCONI JOSÉ MARQUES NETO MANOEL CAVALCANTE DE SOUZA NETO SÔNIA APARECIDA PIMENTA TARDIM SÔNIA MARIA CAMARGO LOURENÇO
  • 22. A Profa. Dra. Regina Célia Alegro por abrir as portas do Museu Histórico de Londrina, para a minha ”Instalação Memória e Arte no Museu”, incentivando-­‐me, Apoiando-­‐me em novos projetos e me recebendo com muita simpatia. Ao Lucas Gabriel da Mata pelo incentivo e entusiasmo me auxiliando na Instalação que aconteceu no Museu Histórico de Londrina. A Gina E. Issberner, que me tratou com gentileza por ocasião da Instalação no Museu Histórico de Londrina. 22 Aos amigos e amigas; Guilherme De Martino Casado, por me ofertar o livro de Fotografias de José Juliani. Luiz Couto que sempre me auxiliou na edição de vídeos. Giovana Paolini, pela boa companhia na volta das aulas, pela amizade leal e a atenção, dispensando seu tempo comigo e com meus trabalhos. Dani Milani, por colocar alegria em nossos eventos e me ensinar mídias contemporâneas. Maria Angélica, se fazendo ouvir pelo respeito que impõe com sua competência e amizade. Natália Tardin, pela delicadeza em passar-­‐me seus saberes. Mayla Weber, pelo carinho e atenção de sempre. Carolina Sobreira, que parecia fraquinha, mas carregou até vigas de madeira para ajudar a amiga montar o Laboratório e ainda fazer-­‐me virar outra vez colegial como ela, trocando segredinhos pelas esquinas dos corredores da UEL. Letícia pelo constante sorriso de boas vindas. A kauana por me socorrer em meus constrangimentos e me mostrar novos horizontes. A Daina pela parceria nos trabalhos e a companhia carinhosa quando eu ficava triste. A Juliana Domaneschi por ser atenciosa comigo em todo encontro e rir dos desencontros. Ao Neto Bueno, ao Tiago Souza, ao Anderson Monteiro, por serem prestativos para comigo em todos os momentos dispensando-­‐me seu carinho e amizade. A Luciana Mendonça e ao Willian Fernandes por se tornarem filhos em meu lar.
  • 23. Ao Padre Ozanilton Batista de Abreu, pela oportunidade e consideração para com meus projetos. A Zenaide de OIiveira, A Inara Regina R. Santana, A Irma Bernardo Vieira, A Liete Brunelli Araújo, Pelo entusiasmo em me acompanharem por novos atalhos nas artes, me dedicando sua amizade e confiança. Ao Cesar Grade pela antiga amizade, por me respeitar como tia, desde que ele era um bebê e eu uma moça bonita, e por ele me presentear com tantos materiais artísticos. A Ana Carolina Binotti, pelo amor, pelo carinho e por sempre me presentear com tantos materiais e livros de artes. A Lenita Mamprim Pelarim, pelo exemplo de coragem e fé, suportando os maiores golpes que como mulher e como mãe pode receber, e mesmo assim, seguir sorrindo, distribuindo a sua alegria contagiante. A Andréa Merighe por que iluminou minha vida trazendo-­‐me o azul celeste em forma de amor, que é meu neto Miguel. Ao Jorge Luiz Catharino, escultor, pintor, e historiador da família, pelo respaldo em minhas pesquisas e ainda me presenteou com a cadeirinha de peroba rosa, a qual entrou na composição da maquete “Quarto da Menina”. Ao Lourival Figueiredo Lula, amigo de meu marido e anjo da guarda de minha família, pela dedicação e presença nos momentos mais significativos. Ao Hercules Henrique Catarino e a Leonilde Ortiz Catarino pela presença constante e por me apoiarem e levarem em turnês de pesquisas pela Cidade. A Luci Pelarim que com a mesma delicadeza de sua mãe, ajudou-­‐me na recuperação das memórias de sua família. 23 A Ana Marisa Catarino por extrair minhas risadas diante do seu modo divertido de encarar a vida e recuperar memórias. Carolina de Melo por fazer-­‐se terra fértil em minha vida afortunando-­‐me com meus netos Rafael e Laura. Aos meus filhos André, Gisele e Rodrigo, a Carolina de Melo, ao José Henrique Catarino a Bruna, ao Tarcísio Catarino Tadeu, que embora relutantes por eu migrar do ambiente doméstico para o estudantil, me auxiliaram com a tecnologia, com viagens de objetos de Instalações e na coleta de materiais de memória e artes.
  • 24. 24 A Tia Odila Peron Catharino porque abriu seu coração para mim e me chama de Filha. A Tia Inez Delai Catharino que me contou seus dramas de mulher e me chama de Sobrinha Querida. A Tia Eurides Catarino pela grande amizade e pela alegria de cada encontro. A Tia Alice Catarino Monteiro que me chamava de “santinha” e me acolhia com beijos em minha infância. A Tia Maria Catarino Peralta que guarda com amor as memórias da família. A Tia Olivia Degraf Catarino por ser minha segunda mãe. Tia Faustina Catarino por ser amorosa e dedicada madrinha. A Tia Irene Degraf Netto, madrinha que encheu minha infância de sonhos. A Tia Nélida Penãs Catharino, minha (não muito mais) “irmã mais velha”, sempre orientando meus passos. A Tia Suely Cândido Catarino exemplo de fortaleza e fé. A Tia Cleide Catarino, delicada, incansável na esperança. A Tia Lurdes Catarino, amiga da mesma idade que me apoia e compreende. A Tia Geni Pelarim por me confiar histórias de sua família e me ofertar uma fotografia importante, como prova de consideração para comigo. Ao Professor Marcos Aulicino, porque gentilmente aceitou ser o coordenador do meu Trabalho de Conclusão de Curso e sabiamente encorajou-­‐me a expor meus sentimentos, a enfrentar os desafios com a segurança de quem tem um grande mestre.
  • 25. 25 A POTÊNCIA DA LEITURA É um capítulo importante porque apresenta a leitura como meio transcendental do tempo e como meio edificante do ser, portanto continuam os agradecimentos aos que me deram acesso aos livros. Agradeço: Ao Professor Claudio Luiz Garcia, O professor Cláudio do Curso de Artes Visuais, deixa à disposição dos alunos, uma pequena biblioteca em sua sala. São exemplares variados, incitando-­‐nos a seguirmos diversos caminhos. Assim sendo, entre esses, um livro diferente me chamou a atenção, pois ele é de folhas soltas dentro de uma caixa. O livro conta crônicas de Manoel de Barros, cada uma numa folha, e todas juntas sem costura, dentro da caixa. Encontrei outro livro bem interessante, acondicionado em pequena caixa, eram páginas mínimas, de minúsculas gravuras, arte do próprio professor Cláudio. Achei aquilo lindo, uma verdadeira caixinha de joias. Descobri então, que o livro pode adquirir diferentes e infinitos formatos. Por isso fui convidada por minha atenta amiga Luciana Mendonça, a participar de uma oficina de construção de livros. Lá conheci a artista plástica Adriana Siqueira, a delicadeza em pessoa. Nesse grupo conheci outras pessoas gentis e inspiradas, amantes das artes. Na primeira aula, a Adriana fez uma exposição de tantas outras possibilidades de se construir um livro. Finalmente decidi que meu trabalho de conclusão de curso, poderia ter o formato de um livro artístico de memórias. À minha mãe que me alfabetizou e me ensinou a potência da leitura, Quando eu era criança, não existiam pré-­‐escolas e minha mãe achou por bem me ensinar o ABC, e facilitar o início deste meu novo caminho. Ao entrar para o primeiro ano escolar, ganhei uma cartilha, seu nome era “Caminho Suave”. Atualmente esse tipo de cartilhas é muito criticado, mas no meu caso, foi realmente um caminho suave, parecia um jogo, uma matemática de letras, e me entusiasmei pelas descobertas do mundo de símbolos a aprender. O primeiro livro mesmo, eu recebi de meus pais, e era muito pequena. Devia ser um livro de histórias de princesas, porém guardei na memória as páginas onde vi uma revoada de pássaros em mil cores. Eram pássaros de penachos e caudas longas. Tesourinhas, canários, galos da montanha, todos em deslumbrante carnaval, e o mais soberbo de todos, era o pavão.
  • 26. Depois, deram-­‐me outros livros. Os de catequese com desenhos delicados, bonitos, ensinando as virtudes, sem legendas, mas com a figura do “capêta”, querendo estragar tudo. Meus padrinhos, Irene Degraf e José Netto me presentearam com a minha primeira bíblia e meus tios Olivia Degraf e Antonio Catarino, nos aniversários me trouxeram Alice no País das Maravilhas e depois as fábulas das mil e Uma Noites. Estes livros vinham com gravuras em preto e branco e eu as coloria a lápis, presenteados por meu pai. Chegaram depois os livros didáticos, escolhidos com esmero e qualidade, cuja lista indicada pela escola, meu pai adquiria de maneira impecável. Minha mãe lhe dizia que a maior herança deixada aos filhos é a boa educação. Ao Zeca meu pai, Mesmo sendo pobre, sendo motorista de caminhão, começando fazer vida, ele juntamente com minha mãe, escolhiam as melhores escolas para nós. O livro tinha presença regular em nossa rotina do lar. Minha mãe sempre contando romances, tragédias, fábulas, e meu pai, descendente de portugueses, gostava de literatura de Cordel, principalmente as histórias de Pedro Malasarte, para fazer-­‐nos darmos risadas. Aos primos Dilson e Ester, Livro perfumado era algo que eu nunca tinha visto. Certa vez encontrei um exemplar em minha caixa postal. Tinha a dedicatória de meus primos, Dilson e Ester. Não me encontrando em casa, deixaram lá este livro maravilhoso com perfume de gardênias, poesias e fotos de obras de pintores diversos. Ainda guardo encantada este livro “As Quatro Estações” e me enlevo com seu visual, seu perfume, suas poesias e o gesto carinhoso destes primos. Aos amigos Luciana Mendonça e William Fernandes, Outra mostra de sincera amizade, recebi destes queridos e dedicados amigos, Luciana e Willian ao me presentearem com o livro “Arte Contemporânea”, ajudando-­‐me a complementar os estudos de Artes Visuais. Ao professor Diamantino, Numa Escola Pública, no período do ginásio, o professor Diamantino, intimamente envolvido pela disciplina que pregava, me ensinou a interpretar poesia, a amar minha própria língua pátria e a descobrir os cheiros, os sons e as cores contidas numa palavra, tudo numa única aula, através da poesia “Última Flor do Lácio”. À professora Raimunda Brito que me fez descobrir a fascinante leitura de “Cordel” 26 e também abriu a porta da minha memória. Em uma aula de antropologia, com a professora Raimunda, no primeiro ano do Curso de Artes Visuais, comentávamos a importância que certos objetos ou situações banais, adquirem quando assumem um significado. Um objeto, um som, um cheiro, uma palavra, uma determinada situação, podem acionar nossa memória, e por seu afeto, nos fazer sentir de novo, a dor ou a ternura de um momento passado. A professora
  • 27. Raimunda se referiu a um costume antigo de levarem maçãs para oferecerem a alguém que estivesse doente. Naquela aula, fui assaltada e afetada por uma lembrança linda; em nossa infância, minha irmã, meu irmão e eu, quando ficávamos com febre ou acamados, víamos nosso pai entrar a toda hora em nosso quarto, perguntando; -­‐ Tá melhor? -­‐ Já melhorou? Seu rosto ficava branco, os olhos grandes de preocupação e em sua mão rústica, a enorme e vermelha maçã, cheirosa, saborosa. Chorei nesta aula, porque fazia poucos dias que meu querido pai tinha falecido. 27 A todos meus professores que foram porteiros, Digo que professores são porteiros porque a eles compete abrirem as portas da sabedoria aos estudantes. Alguns abrem portas sombrias para um mundo decepcionante, criando bloqueios intransponíveis nas mentes sensíveis das crianças e dos jovens. Outros abrem portas de luz, e mostram um mundo maravilhoso, alegre e rico, convidativo a entrar e sentir o prazer de explorar, que será sempre buscado novamente. Tive a graça em minha vida de encontrar muitos professores apaixonados pela missão de ensinar. Eles, iluminados, satisfeitos, me indicavam estradas por eles já trilhadas e me acompanharam com alegria em minhas descobertas. Foram verdadeiros porteiros e cicerones do saber. Foram muitos e foram tantos esses bons professores e entre eles, uma linda freira, me introduziu no universo da biblioteca. Toda semana a freirinha professora me convidava para ir às tardes na biblioteca do colégio de minha infância, o Colégio Santa Maria. Enquanto ela corrigia provas e tarefas, me deixava desvendar aquele espaço de saberes. Quando minha vista cansava, ela me mandava correr pelo pátio e eu pisava na grama fofa, sentindo o vento nos cabelos e no rosto de menina. Numa destas tardes a freirinha me pediu para ajudá-­‐la carregar seus cadernos e jogá-­‐los num buraco de terra, nos fundos do colégio. Tentei impedir, ela não poderia jogar fora cadernos tão bonitos, pintados com florzinhas e letras desenhadas. A freirinha minha amiga, explicou-­‐me que um dia eu a entenderia, pois esse período de sua mocidade religiosa teria que ser apagado , e chorando, pôs fogo em tudo. Menos nas fotos de seu irmão as quais, mostrou-­‐me para eu ver como ele era bonito. Ela não podia dar-­‐me nenhum de seus cadernos como lembrança, mas sim a sua pequena coleção de moedas antigas, presente de seu irmão. Os cadernos juntamente com sua vida de freira, teriam que ficar para trás. Muitos anos depois fiquei sabendo que a linda freirinha, tinha abandonado a Congregação, voltado para Minas Gerais e estava trabalhando no Abatedouro de Aves de propriedade de seu irmão. Esta freira professora tornou-­‐se um paradigma para mim. Suas aulas eram criativas e inovadoras. Nas aulas de religião, ela organizava as carteiras em círculo. No centro do círculo, uma mesa com a bíblia e uma vela acesa e enfeitada. Cada aluno levantava, lia um capítulo ou versículo e comentávamos contextualizando com fatos contemporâneos. Em Educação Física, mandou-­‐nos providenciar um pedaço de cabo de vassoura, pintado de vermelho e de azul, e com este bastão, ensinou-­‐nos a praticar ginástica rítmica. Em todas as matérias, a cada nota alta que tirássemos, o nosso nome, preso a um fio, ia subindo até chegar nas mãos de Nossa Senhora das Graças, imagem em lugar de destaque e honra em nossa sala de aulas. Nas festas do Colégio ela me escolhia como oradora. Fundou um Clube Literário, o “Olavo Bilac”, nos ensinou assim a votarmos, e nisto fui escolhida como secretária do clube e tive que aprender a redigir
  • 28. atas e discursos. Ainda hoje quando passo em frente ao antigo colégio na Rua Maringá, vejo o pinheiro que plantamos no dia da árvore. Ela marcou encontro conosco no futuro à sombra desta árvore, para podermos nos abraçar e contarmos em quem, nos formamos. 28
  • 29. 29 Parte II RESUMO Arrancando Raízes em Londrina é um livro de contos, história oral, memórias, forma de registrar afetos e criar mais memórias, em texto poético e com relação a imagens fotográficas coletadas ou produzidas. Muitos objetos comuns tornam-­‐se canais da memória e adquirem significados, trazidos pelos sentidos humanos, seja pela visão, olfato, paladar, audição, ou pelo tato. Assim, também muitas situações se tornam recorrentes a outros seres humanos, que através dos sentidos poderão se reportar às suas memórias, parecidas ou totalmente diferentes. Para explorar esses afetos, a intenção poética desse Trabalho de Conclusão de Curso, é o livro, como coletânea de contos, fotografias e imagens, costurados, reunidos, como colcha de retalhos, tudo completado por imagens de uma Instalação, a qual composta por objetos pertencentes à memória daquele tempo ou das vozes das pessoas que se manifestaram, com as projeções de fotos e de vídeos, contendo, imagens antigas e contemporâneas, porém em apresentação aleatória, para que, cada espectador junte as partes que lhe interesse e possa criar a sua própria colcha de retalhos. Desse modo o livro de Trabalho de Conclusão de Curso, transformou-­‐se no Livro Arrancando Raízes em Londirna, das pequenas histórias e da imaginação londrinense.
  • 30. 30
  • 31. 31 Motivo do título ARRANCANDO RAÍZES EM LONDRINA: (título sugerido pelo Prof. Dr. Marcos Rodrigues Aulicino) Marcia de Fátima Catarino Pelarim. Cursar uma Universidade é repensar os valores. O meu trabalho de conclusão de curso, coincidiu com a venda de minha casa da infância. Provocou um balanço, remexeu, revirou dentro de mim. Repensei, me remoí. Eu estou agressiva, eu estou revoltada, eu estou ferida, como bicho acuado, estou enlouquecida, estou em ebulição. Fez derramar meu sangue, verter seiva, até eu compreender que o tempo é implacável e atropela a quem fica. Vou escrever, vou virar a página e seguir em paz, seguir em frente.
  • 32. 32
  • 33. 33 Enfrentamento diante da vida. É, preciso ter olhos de voar e olhos de pisar o chão. Através de seus olhos, aprendi a enxergar o mundo; O meu pai, com seus olhos na cor verde-­‐mata mostrou-­‐me ser preciso sonhar, voando acima das copas, para fazer o sonho acontecer. E minha mãe, com seus olhos cor castanho-­‐telúrico, me ensinou a por os pés no chão e não errar o caminho que leva à realização dos sonhos.
  • 34. 34
  • 35. 35 INTRODUÇÃO Toda pessoa deveria fazer como os indígenas e ir contando a história de sua família de geração em geração, perpetuando lições de amor e superação. Cada família é formada através da relação com outras famílias. Elas crescem se mesclam e ocupam determinados espaços e épocas, criando cidades como a de Londrina. São vidas que se entrelaçam formando uma linda teia de aranha brilhando ao sol, ou parece toalhinha de crochêt, ligando pontos, amarrando destinos, ou então, pode lembrar uma imensa e colorida colcha de retalhos, nos pedaços diferentes de vidas juntadas calculadamente, para compor um futuro melhor. Neste trabalho proponho uma coletânea de contos, contos que são lembranças de histórias ouvidas na infância, outras ouvidas recentemente, histórias de famílias, da minha família, mas também de vizinhos, e de outras famílias. Oralidades que nascem das reminiscências detonadas por imagens, que nascem da criação inspirada em fotografias, que nascem nas conversas, ouvir e contar histórias. Trazer minhas histórias para a Universidade, entre meus colegas, a maioria de outra geração, entrecruzar histórias, entrecruzar oralidades geracionais. O criar textual que nasce do ouvir, do contar, do olhar. Pesquisar imagens, histórias e por trás dessas imagens, as minhas histórias, as outras histórias, a história do outro, a história que você pode agora contar vendo as minhas imagens, e lendo meus contos. A partir de um processo de pesquisa proposto pelo professor Ronaldo A. de Oliveira, escolhi como objeto de investigação, uma foto antiga que mostrava situação incomum e por isso suscitava tantas questões. Esta fotografia denominada “O Portal”, em especial me afetou porque despertou em minha memória uma época em que participei e agora ainda se agita dentro de mim, pois, pertence a um mesmo espaço, agora assumindo formas inusitadas, surgidas no século vinte e um. Ao investigar aquela fotografia do meu próprio Tio Antonio Henrique Catharino, posando orgulhoso no caminhão que carregava uma tora gigantesca de peroba-­‐rosa, comecei buscar respostas para entender aqueles dias dos primórdios da cidade de Londrina. Fui desvendando histórias de pessoas, de famílias, de costumes, de tradições, de modos diferentes de resolver situações, até mesmo, a criatividade de uma população em seus envolvimentos sociais. As histórias e os fatos eram tão diversos, mas, de algum modo, se ligavam por que diziam de pessoas se envolvendo dentro do mesmo espaço e mesmo tempo. Embora fossem de culturas distintas, essas pessoas se uniram para formarem uma nova sociedade, como acontece com pedaços diferentes de tecidos, mas costurados, unidos uns aos outros, formam lindas colchas de retalhos. Por isso, para o resgate da história, fui correndo atrás do tempo como quem corre atrás de um trem, para colher as vozes daqueles que partem, levando consigo o testemunho vivo do embate do homem com o espaço rústico e que culminou na extinção de uma paisagem que emerge agora através de uma fotografia e da fala das pessoas.
  • 36. 36
  • 37. 37 Parte III CAPÍTULO I ORIGEM DO LIVRO A INSTALAÇÃO E O TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS A origem deste Livro é um Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Estadual de Londrina, conforme segue a sua primeira apresentação como TCC. (ver em anexos deste livro). Este Trabalho de Conclusão de Curso com o título Arrancando Raízes constitui-­‐se por textos, depoimentos, imagens, fotografias antigas e recentes, e vídeos, numa instalação para resgatar histórias, memórias e inventivas deste lugar chamado Londrina. O processo acontece através da memória e da visão particular de pessoas comuns, cujos nomes não constam nos registros históricos convencionais. Reuni vozes de anônimos, compondo um retrato realista da sociedade londrinense no que compete a força de trabalho formando o alicerce do progresso. Esse resgate vem por via de objetos impregnados de significados temporais que reavivam a minha memória e a de pessoas ligadas por um espaço comum a todas. É uma busca de nossas identidades, onde consequentemente surge a identidade da Cidade, formada nas camadas do tempo. Vidas tão distintas entrelaçadas no mesmo objetivo de realizar seus sonhos num lugar que sempre promete o sucesso. Até os dias atuais, indivíduos culturalmente diversos, continuam chegando e assumindo o lema: “Londrina é Progresso”, mas descobrem o seu sinônimo: “Trabalho”. Dessa maneira, pautadas no trabalho e no sonho, vão construindo a cidade com sua força de trabalho que é a alavanca do progresso. Mas as histórias destes anônimos mostra que o sucesso tem outro lado, o sofrido, aquele que exigiu a renúncia de outros lugares, outros tempos, onde ficaram as suas raízes. É preciso coragem para se adaptar ao espaço estranho, burlar a saudade, um olhar de boa vontade para conhecer o outro e transitar entre passado e presente, sem deixar de vislumbrar o futuro. Assim, em contato com esse material o espectador e visitante será tocado em suas próprias lembranças e se reconhecerá como parte dessa história de amor, de superação, de saudade, de amizade. São sentimentos e situações recorrentes e sujeitas a mudanças constantes. O livro e a Instalação procuram afetar os sentidos e os sentimentos para levantar a seguinte questão: A Arte pode mostrar a força de Chronos na transformação do espaço e das pessoas dentro dele? AS FOTOGRAFIAS E A ATRAÇÃO Compreendi minha atração por fotografias, por esse seu caráter de se tornarem um objeto artístico e de investigação. Nelas fazemos uma leitura da realidade como faz um detetive ao reconstituir a verdade, ou ainda, podermos, inventar, criar situações, compor histórias.
  • 38. (Inspirei-­‐me no trabalho de Sophie Calle, O Quarto de Hotel, A Caderneta, O 38 Detetive. Ela se utiliza das imagens e se apoia em palavras para reforçar os signos). Para meu trabalho, faço apropriação de fotografias antigas, mas também capturo sons e imagens antigas e contemporâneas, em fotografias e vídeos, para salientar que na diversidade cultural encontramos muitos pontos de intersecção onde nos reconhecemos como seres humanos sujeitos a sofrimentos, mas capazes de superação e vitória. Reúno, portanto, na instalação e no livro, fotografias, várias histórias diversas, como retalhos de vidas e as costuro, e alinhavo sobre retalhos de tecidos, como se faziam as antigas colchas das vovós. A PESQUISA Um nó de nós “Um nó de nós” foi o nome dado a Pesquisa que gerou o livro Trabalho de Conclusão do meu curso de Licenciatura em Artes Visuais o qual depois recebeu o título “Arrancando Raízes”. A Pesquisa se iniciou em 2012 e assim foi nomeada, pois representa o encontro de pessoas em situações e sentimentos recorrentes a todo ser humano. Por isso, em algum momento da leitura, o apreciador será tocado em suas próprias memórias e aí, nesse ponto, se estabelecerá o vínculo, o nó que nos une. Este título foi sugestão de meus amigos dedicados, a Luciana Mendonça e o Willian Fernandes, falando-­‐me de uma lenda celta, a qual se referia ao encontro de destinos, formando um tecido e isto me fez entender esta atração por retalhos de tecidos diferentes que também são unidos por pontos e nós. A orientação para a possibilidade de resgatar a memória, veio por parte do professor Marcos Aulicino, quando logo no primeiro ano do curso de Artes Visuais, percebeu meu interesse por vivências do passado, e me indicou a leitura do Artigo sobre memórias de José Rufino. Mas, como reunir histórias tão distintas umas das outras e ainda manter uma integridade compreensiva? A apresentação das minhas memórias foi baseada em duas leituras indicadas pelo professor Cláudio Garcia, pelas quais compreendi que se podem registrar fatos reais, esquecidos no tempo, apenas restaurando-­‐os pela mente, como é o caso da obra de Pedro Nava, “O Círio Perfeito”. Quanto à segunda leitura, o livro de Josué Monteiro, “Noite em Alcântara”, me fez entender ser possível através de alternâncias as quais não obedecem a uma linearidade ao juntar histórias diferentes entre si, mas que finalmente se transformarão numa composição digna de apreciação. Recortes tão diferentes, ao serem reunidos calculadamente, me remetem a este tema ultimamente muito explorado, que é a colcha de retalhos de nossas avós. Os pedaços de retalhos de tecidos, impregnados do estilo de cada pessoa que os usou, ao serem unidos uns aos outros e estendidos sobre a cama, tinha ali retratado a cara daquela família. Por isso, na costura que se faz de tecidos ou de histórias, encontramos sempre um nó, algo de nós mesmos e de outro, tecendo uma trama social, tão bonita quanto for o seu meticuloso colorido. Esta pesquisa então se transformou no livro Arrancando Raízes em Londrina, o qual tem forma poética e tem alma poética, pois mostra a herança de um povo amoroso
  • 39. e melancólico. A melancolia vem da saudade dos entes queridos, que ficaram para trás, na terra-­‐ natal que o tempo engoliu. Especialmente aqui, a terra natal pertence à outra dimensão de um mesmo espaço, do qual a memória se apropria para assistir transitarem em sua frente, a Londrina com os tatus, macacos, quatis, jacus, cobras, onças, a estrada de ferro, casas de “madeira peroba”, vendinhas de secos e molhados; homens e mulheres em trajes respeitosos, com suas crenças e costumes, igualmente respeitosos e solidários entre si. As diversidades das histórias e das pessoas oriundas de diferentes culturas foram entrelaçando-­‐se para criar um novo sistema social, gerado por um tipo de gente ousada, que aprendeu a superar obstáculos incríveis e doar seu sangue e suor na certeza de que poderia fazer acontecer um sonho. Esta sociedade se manteve sem tradição, pois sempre esteve aberta a negociações, receptiva a qualquer pessoa entusiasta, num frenesi de transformação e progresso onde o relógio do tempo não pode parar. Ao observarmos os remotos acontecimentos, podemos entender o pensamento 39 dessa sociedade, e ver o retrato da história, tirado da arte de viver. (In, Caminhos do Campo, Martim Heidegger, A Morada do Homem “... o apelo nos faz morar de novo uma Origem distante onde a terra natal nos é restituída.”). Fiquei pensando; nós sempre retornamos à nossa terra natal quando nos voltamos para as profundezas de nossas lembranças. O PORTAL (fotografia da contra capa do livro) Caminhão de tora: Antonio Henriques Catharino, 1947. Londrina-­‐PR
  • 40. 40 Ao me deparar com esta foto me senti mergulhada num ambiente tão familiar, tão conhecido, numa identificação com aquele rosto amigo. Tive o grande privilégio de conviver com personagens dessa história e poder transitar entre dois tempos, cujos costumes e as relações se transformaram tanto. Olhando o chofer do caminhão de toras, com aquele ar de orgulho vitorioso, de quem reconhecia ter conquistado um grande feito, a menina voltou no tempo, e lembrou-­‐se do sorriso de alguém muito amado e esperado por ela, que era a “pequena bailarina” dele. Era assim que ele a chamava toda vez que colocava seus pezinhos entre a mão direita dele, para erguê-­‐la até a sua mãozinha, esticada, tocar o forro da sala. O forro era de madeiras pregadas em diagonal e tinha canaletinhas nos encaixes das tábuas e isto formava um desenho listrado. O toque dos dedinhos era breve, mas criava uma sensação ambígua; alegria por conquistar as alturas e medo de cair, invadindo o coração da menininha. Sempre ao ouvir o tio chegar, ela corria encontrá-­‐lo, pisando somente na ponta dos pés, para ele chamá-­‐la de bailarina, novamente. Tantas vezes ela presenciou o sorriso de satisfação naquele rosto de homem que fazia as coisas, acontecerem. Ele estava sempre procurando novidades, buscando sucesso nas empreitadas. Mas, nem por isso deixava de dar atenção às crianças, incentivando-­‐as a descobrirem o mundo, provocando-­‐lhes desafios. Assim eram todos os outros tios e o pai da menina. A infância tinha muita importância para eles, sabiam que a formação de um indivíduo começa cedo. Eram tantas as brincadeiras, um cuidado carinhoso, gestos de dedicação, sempre almejando lições de vida e valores da família. Aquela fotografia se tornou um portal para o passado e provocou também várias reflexões. Será que as pessoas que moram ou circulam por Londrina hoje, pisando sofisticados pavimentos, largas avenidas, entre lojas, bancos, universidades, aeroporto, Lago Igapó, grandes hospitais e altas tecnologias, com todo o burburinho e rapidez de metrópole, podem parar e imaginar que estão pisando o solo onde jaz uma exuberante floresta? Quanto àquela tora de árvore, como conseguiram pô-­‐la sobre o caminhão? Que árvore era aquela, quase do tamanho do caminhão? Onde foi isso? Em que ano? Quem era o motorista? Estas indagações me levaram a transpor a porta do meu passado. Por isso, chamo esta fotografia de “Portal” porque foi através dela que iniciei todas as pesquisas para compor o meu Trabalho de Conclusão de Curso em Artes Visuais na Universidade Estadual de Londrina. Esta fotografia eu já conhecia, porém o que eu via nela era o rosto querido de meu tio, e as lembranças de minha infância feliz. Mas um meu novo olhar, denunciou meu tio como um transformador do espaço, me fez ver nossas ações enquanto agentes atuantes também no tempo e no espaço. Esta fotografia me introduziu no caminho de volta às minhas raízes, me fez refletir sobre as dimensões temporais e a transformação que isso provoca no espaço e nas pessoas que nele habitam. Fez-­‐me buscar a compreensão de quem somos nós como seres sociais e quais são os nossos valores como seres humanos.
  • 41. Não só a fotografia, mas qualquer objeto impregnado de significado faz entrarmos profundamente para dentro de nós, e nos reconhecermos como indivíduo, carregado de sentimentos. Procurei então, por meio da arte, dividir essas questões com as outras pessoas. A INSTALAÇÃO RECUPERANDO MEMÓRIAS RESGATANDO HISTÓRIAS 41 Idealizei uma Instalação, onde reuni objetos meus e outros emprestados dos amigos, objetos do cotidiano, atual, ou do passado, que remetessem a lembranças e sensações. Foram elementos de comparação que produziram um trânsito entre dois tempos, o de ontem e o de hoje. Os objetos de memória detonaram uma avalanche de histórias, e as pessoas foram juntando lembranças, potencializando um reconhecimento de seu próprio universo, vendo-­‐se como indivíduo participante de um contexto que lhe dá valor. Faço ainda uso de objetos de memória para resgatar valores perdidos, é preciso recuperar a identidade pessoal, para gerar um espírito crítico, que nos defenda das manobras do mundo consumista no qual estamos envolvidos. Nas imagens fotográficas estão contidos os significados e as intenções daqueles que as produzem. Nelas viajamos no tempo, através delas, ao observarmos o vestuário, a pose, a ocasião, o sentimento, um monumento, compreendemos a intenção e ao operá-­‐las construímos o nosso significado próprio. Reuni então, na instalação e num livro, imagens e histórias diversas, como retalhos de vidas. Os visitantes da Instalação e os leitores deste trabalho farão a composição conforme suas próprias lembranças ou desejo, para imaginarem então, a sua pessoal colcha de retalhos.
  • 42. 42 NAS FOTOGRAFIAS ESTÃO OS SIGNOS, CULTURA, SENTIMENTOS, RECUPERAÇÃO, MEMÓRIA, IMAGINAÇÃO. FESTA E LUTO O casal do meio, em lugar de honra, são os padrinhos de batismo da criança, conforme podemos constatar através do vestido de batizado da menina, no colo da madrinha (Olivia Degraf), ao lado de seu esposo (Antonio H. Catharino) ambos também em trajes de dia festivo. Ao lado da mulher madrinha, está a mãe da criança (Faustina Catharino da Costa), com traje negro, de luto, e se seu esposo não está ao seu lado, é ele o falecido (Argemiro da Costa). Por isso, um de seus irmãos, posando ao lado do padrinho, veio acompanhar a irmã na cerimônia de batismo da filhinha dela, que nasceu seis meses após a morte do pai. Esse pai de família perdeu a vida em acidente com caminhão de toras e deixou a jovem esposa com quatro filhos para criar. O casal de padrinhos tinha ainda apenas seu primeiro filho e o rapaz (Júlio Catharino) que substituiu o pai da batizada, era ainda solteiro. Esta família está posando compenetrada, para registrar a importante data, mas eles não estão, em ares de festa devido à fatalidade, a ausência de um ente querido. Ao fundo como imponente cenário, está a famosa Figueira na Praça da Catedral da Cidade, onde todas as pessoas costumavam posar para serem fotografadas. A alegria desta época, aqui, pode ser percebida apenas na ingenuidade das crianças, cada qual por seus trajes e acessórios, mostra um pouco de suas características pessoais. A Cecília vivia dançando com a ponta da saia. O Flávio, com os bracinhos para trás, de peito aberto para a vida. A Sirlene era ainda quase um bebê, bonequinha de chupeta. O Darlei, menino desconfiado, querendo entender aquele aparelho à sua frente. Suas lindas roupinhas eram confeccionadas com amor e arte, por suas mães e em breve, durante as
  • 43. traquinagens, logo estariam integradas a terra, assim como seus pezinhos, as raízes da Figueira e seus destinos. No verso da fotografia, o retrato é da saudade, pois Olivia envia-­‐o, como recordação, juntamente com uma carta de notícias, para seu querido pai Guilherme Degraf, que morava tão distante, percurso hoje, vencido em três horas de carro, quando eles levavam um dia todo em viagem de ônibus ou de trem. 43 AMÉLIA – Instinto materno O instinto maternal faz a menina feliz porque, enquanto segura carinhosamente a boneca, simula a vivência de ser mãe no papel de mulher. No meu sentir esta fotografia é a mais significativa do meu álbum de recordações, pois, é uma espécie de meu autorretrato. Esta menina não sou eu, pois o meu lugar aí é o da boneca. A menina de sorriso rasgado, inteligente, é a avó de meus filhos e a bisavó de meus netos, porque um dia a boneca também virou mãe. O tempo determinado, irreverente como ele só, passa e não para, vira tudo do avesso e como o rastro de um arado vai sulcando a vida da gente. A menina desta fotografia não tinha cabelos crespos, não era a babá das crianças, e nem elas eram suas irmãzinhas. Foi apenas um momento descontraído de vizinhas brincando no quintal. A dona da boneca, a menina Amélia, doze anos, havia ganhado a boneca de presente de sua irmã Irene que fez o vestidinho dela em tafetá, com lacinhos de fitas em cor rosamaravilha, tudo para agradar a irmãzinha órfã desde os cinco aninhos. -­‐ QUE IRONIA! Brincando de mamãe sem ter mais a própria mãe... Este vazio em seu coração ela transformou em amor materno extremoso. A herança maior que deseja nos deixar é o exemplo de como ser boa mãe. Como sua filha, ainda
  • 44. que eu vivesse infinitas vezes, infinitamente não conseguiria retribuir tanto amor e dedicação. Num dia crítico, quando meu pai partiu, tomei o lugar de minha avó, para dar o abraço de aconchego materno que ela a menina órfã, reclamava nunca ter recebido. Choramos unidas, abraçadas, e intensamente de alguma forma, o encontro de três gerações aconteceu. 44 Cinema Quando a Tia Odila era mocinha e trabalhava num açougue, seu patrão contou-­‐lhe que no primeiro cinema de Londrina, ao assistir uma cena de duelo num filme, um dos espectadores, empolgado, descarregou seu revólver na tela. Era comum no início de Londrina, homens andarem armados pela cidade, igualmente aos “farwests” de filmes norte-­‐americanos. Era comum tirarem fotografias das pessoas saindo das sessões cinematográficas ou passeando na Avenida Paraná. Edite, Ciro e Edson com os pais Irene Degraf e José Netto Amélia Degraf e José Catarino com as filhas
  • 45. 45 Fotografias Antigas e Contemporâneas de Londrina Manoel Henriques Catharino, em pé, na cabine em seu 1º caminhão e o motorista que lhe vendeu este caminhão e o ensinou choferar. Manoel H. Catharino com seu primeiro neto, caminhões, filhos e ajudantes trabalhando juntos, registrando a chegada de mais uma expedição madeireira.
  • 46. A esquerda dois irmãos Antonio e Eurípedes Mattos, acima deles em pé é o Júlio Catharino, sentado na tora, é o Jordão motorista ajudante. Em pé de branco é o João Mattos, depois Manoel Catharino em pé. Em frente a roda é o José Catarino e a criança é o Nelson Catharino. 46 José Catarino (Zeca) e seu 1º caminhão de transportar gasolina.
  • 47. 47 Zeca, na Rua Maringá. Era assim que ele praticava musculação. Zeca, em frente ao cafezal da Rua Maringá. “Zeca” era o modo carinhoso que os irmãos chamavam ao José Catarino.
  • 48. 48 Amélia Degraf e José Catarino -­‐ Grávidos. O Zeca teve orgulho de ser motorista no Exército.
  • 49. 49 Inês Delai e Júlio Catharino
  • 50. 50 A “menina” e o terrível papai-­‐noel
  • 51. Irene Degraf no dia de seu casamento e a irmãzinha Amélia, de dama de alianças. 51
  • 52. 52 As bonecas da Amélia e do Zeca
  • 53. Familia Pelarim em visita a São Paulo. À direita, Arineu Pelarim, sua esposa Izolina Peruzzo com Irineu ao colo, no dia do batizado de Regina no colo da madrinha Otília, o padrinho Jorge Mattar e sua filha Leila, a cunhada Geny Pelarim e o esposo Antonio Carlos Gama Durante, tendo ao colo seu filho Luiz Carlos. Esta fotografia foi-­‐me gentilmente cedida pela Tia Geny porque compreendeu o apreço que tenho pelas famílias e por suas histórias de bravuras. 53
  • 54. 54 01 02 03 01 -­‐ Minha Casa Minha Vida. (ou dívida) 02 -­‐ Pensionato Japonês. (da Rua Travessa Belém). QUEM LEMBRA? 03 -­‐ Brasão de Londrina. (painel de azulejo na Universidade Estadual de Londrina)
  • 55. 55 UAU! É A UEL! É O PEROBAL!
  • 56. 56 José Catarino brincando de Visconde no túnel do tempo.
  • 57. Londrina tinha somente um cemitério, o São Pedro. Na dor suprema, entrega-­‐se o ente querido a um Amor maior. 57
  • 58. 58 Foi VISUAL DA UEL.
  • 59. 59 Faça um trava-­‐ línguas com os “paralelepípedos” da Estação Ferroviária.
  • 61. 61 Manoel Catharino Filho Júlio Catharino Irineu Sérgio Pelarim Meus queridos heróis
  • 62. 62 Neto, Letícia e Luciana desvendando a “Janela Contemporânea”.
  • 63. 63 No Museu... Londrina, Km. 209.916,50. Altitude-­‐ mts. 576,20 RAINHA DO ABISMO
  • 64. 64
  • 65. 65 COLCHA DE RETALHOS
  • 66. 66 Em Londrina Contemporânea tem Arte de Rua. Grafitar ou Pichar?
  • 67. Amélia Degraf, formatura em Corte e Costura de Roupas e Trajes. 67 Parabéns mamãe!
  • 68. 68 “Retrato de Irene Degraf”
  • 69. 69 Izolina Peruzzo Pelarim e seus filhos, Luci, Carlos, Lenita, Irineu, Regina e Luiz.
  • 70. 70 Dilsinho, irmão menor da Amélia, morreu três meses após o falecimento de sua mãe Alvina Degraf. No dia do velório, ele passava em baixo da mesa onde colocaram o caixão dela e brincava de “cuca”, procurando-­‐a. “-­‐ Cuca mamãe...”
  • 71. 71 Olivia Degraf e Antonio Henriques Catharino.
  • 72. 72 LUISA E HENRIQUE DEGRAF FAMÍLIA HENRIQUES CATHARINO.
  • 73. Fotografia tirada em frente a sua casa da Rua Maringá esquina com Paranavaí, por ocasião das Bodas de Prata do casal, Rosalina e Manoel com seus doze filhos. Em pé, da esquerda para a direita estão; Nelson, José, Arlindo Manoel, Júlio, Antonio e Alice. Sentados da esquerda para a direita estão; Maria com o casal e Faustina, os irmãos menores, Roberto, Carlos e Abílio. 73 Foto Pintura do jovem José Catarino As pessoas que amamos não morrem, Elas ficam encantadas. (Guimarães Rosa)
  • 74. 74 Capítulo II BONECAS E BRINQUEDOS como resgate de memória e de valores A HISTÓRIA DA BONECA, SUA ORIGEM E SEUS SIGNIFICADOS. Boneca (do espanhol “muñeca”) é um dos brinquedos mais antigos do mundo. Reproduz as formas humanas, predominantemente a feminina e a infantil e pode ser considerada como um brinquedo que prepara para maternidade. Podem ser confeccionadas com diferentes materiais, acompanhando a evolução dos mesmos e das novas tecnologias. As bonecas mais antigas encontradas; Na civilização babilônica arqueólogos encontraram uma boneca com braços articulados feita em alabastro e também em túmulos de crianças do Antigo Egito, datáveis do período 3000 e 2000 a.C., feitas de madeira. Na Grécia antiga, fazia parte dos rituais que antecediam ao casamento, a entrega por parte da noiva à Deusa Ártemis das suas bonecas e de outros brinquedos simbolizando o fim da infância. Prática semelhante existia em Roma. A criação de bonecas com objetivos comerciais estruturou-­‐se na Alemanha no século XV, nas localidades de Nuremberg, Augsburgo e Sonnenberg, onde nasceram os Dochenmacher (fabricadores de bonecas). Foi também na Alemanha que se criaram as casas de bonecas. Na mesma época, Paris também começou a se afirmar como centro de fabricação de bonecas. Eles produziam as bonecas com aspecto das mulheres locais cujos materiais empregados eram a terracota, a madeira e o alabastro. No século XVII, apareceram na Holanda, bonecas com os olhos de vidro e perucas feitas de cabelos humanos. O maior esplendor na fabricação de bonecas aconteceu no final do século XIX e início do século XX, mas as bonecas eram produzidas especialmente para os adultos, pois reproduziam as figuras da corte e da sociedade. Estas peças eram geralmente de madeira, com rosto de porcelana e vestidas com trajes da época. Como produto, voltado às classes mais abastadas, fizeram surgir roupinhas feitas por grandes costureiros e pessoas interessadas na fabricação artesanal. Thomas Edison criou a ideia de uma boneca falante, que foi aproveitada pela indústria e os fabricantes criaram bonecas que recitavam orações ou cantavam. Com o advento do cinema e desenvolvimento do desenho animado e a popularização da televisão, no século XX, pessoas e personagens passaram a ter seus equivalentes em forma de bonecas. BONECA EM DIVERSAS CULTURAS No Japão as bonecas são chamadas de ninjyoo e também são, um símbolo da história dos costumes daquele país. Em datas específicas elas são tema da ornamentação das residências. No dia 13 de março se comemora o Dia das Meninas, então as bonecas são expostas na sala de visitas em um altar de cinco andares onde as figuras do casal imperial estão no topo do altar. O dia 5 de maio é o Dia dos Meninos, cujos bonecos guerreiros simbolizam força e bravura Os primeiros bonecos japoneses foram os Haniwa,
  • 75. estatuetas encontradas em tumbas pré-­‐históricas. Inicialmente eram moldadas em palha ou papel. Posteriormente passaram a ser feitas em madeira, cerâmica, mármore e argila. No período Heian (794-­‐1185) as bonecas eram usadas para afastarem demônios. No período Nara (710-­‐794) as bonecas sofreram a influência chinesa e passaram a ter roupas de seda, usar dourado e tinham o penteado Sokei, que se caracterizava pelo excesso de adereços. No período Kamakura (1192-­‐1333), por causa das constantes guerras, as mulheres substituíram os pesados quimonos por trajes mais simples, e isso se refletiu também nas bonecas. No período Edo (1603-­‐1868), surgiram as karakuri, bonecas que tocavam instrumentos e dançavam através de um sistema simples de cordas retorcidas, roldanas e fios. As bonecas foram usadas no teatro Noh em 45 d.C., para homenagear os atores e personagens de maior destaque. Assim também no teatro Kabuki, com as bonecas criadas com os mínimos detalhes de vestimenta e maquiagem. Os bonecos Gosho, representam bebês homens, roliços, de pele muito clara, cabeça grande e que carregam um peixe. As bonecas de Quioto são as mais tradicionais e belas do Japão, verdadeiras peças de 75 enxoval. Também são tradicionais as bonecas de madeira conhecidas como Kokeshi. Na África do Sul o povo Mfengu, tem como tradição oferecer a cada jovem, uma boneca que esta reserva para o primeiro filho que tiver. Após o nascimento de seu filho, a mãe recebe outra boneca para oferecer a seu segundo filho. Como ritual de ancestralidade e valores, as bonecas produzidas tradicionalmente na África são utilizadas para representar pessoas falecidas e entes queridos. São também utilizadas para agradecer aos Deuses pela boa saúde, riqueza, as boas colheitas e incentivar a fertilidade. Existe uma boneca para cada ciclo da vida; nascimento, infância, casamento e óbito. No caso de incêndio na moradia, o boneco ou boneca é o primeiro objeto que o morador tente salvar, pois representa a sorte e a vida dessé usada como representação da pessoa ou divindade. Em alguns rituais de magia a boneca era a representação da pessoa ou divindade e adquiria a força dos seus ancestrais e disseminava o mal. As bonecas abayomis são bonecas de origem afro-­‐brasileiras feitas de retalhos amarrados e esse procedimento segundo alguns estudiosos da cultura afro-­‐brasileira, teve sua origem nos navios negreiros, as mães provavelmente rasgavam suas vestes para fazerem essas bonecas sem costuras, apenas amarrando retalhos. Porém a origem documentada da boneca abayomi começa com a artesã Lena Martins em 1988, que é militante da causa negra no Rio de Janeiro. Ela fundou uma cooperativa de mulheres a fim de dar ênfase ao resgate da identidade negra. Sua cooperativa tem reconhecimento do Ministério da Cultura, a Fundação Palmares. A boneca na Itália renascentista era frequentemente listada como parte do dote da noiva. Na Rússia as bonecas matrioshkas ou babuchkas formam um conjunto de bonecas de tamanhos decrescentes, geralmente feitas em madeira de Tília e muito coloridas, e que são guardadas umas dentro das outras. Já em Portugal as bonecas de pano ou palha, são um tipo de artesanato representativo da cultura popular. Na Alemanha, é uma tradição do país, a produção artesanal dos bonecos quebra-­‐ nozes, os quais são largamente utilizados como enfeites natalinos e é uma importante manifestação cultural.
  • 76. No Vietnã existe o tradicional Teatro Aquático de Fantoches, secular apresentação com bonecos, que “atuam” sobre a água e com pequena orquestra cuja existência esteve ameaçada de desaparecimento e foi resgatada na década de 1980. A boneca pela força da cultura de massas (ADORNO,2000) é um objeto que ficou subvertido no seu processo ritualístico, pois foi perdendo para a nossa sociedade todo o seu sentido mítico e lúdico e de criação pessoal que nele se encontrava. Pela cultura ocidental hoje, uma boneca é somente um objeto de brinquedo ou de decoração. 76 A OFICINA “MEMÓRIA E ARTE NA CONSTRUÇÃO DE BONECAS DE PANO” A COSTURA A linha salta do desenho bidimensional Para o tridimensional no desígnio da agulha, Se impondo no pano. É sempre ainda a mão e o corpo no empenho, na peleja. Por que tanta satisfação? (Marcia) OFICINA DE BONECAS DE PANO NA ARTE EDUCAÇÃO Para a Arte Educação, o pensar a arte como expressão e leitura de mundo, os trabalhos dos artistas, propõem uma reflexão de quem a pessoa é como sujeito na sociedade, dando voz à suas paixões, anseios, opressões, preconceitos e afetos. O ensino da arte pode contribuir então, na construção de um cidadão crítico, engajado em combater a intolerância às diferenças, que saiba questionar as imagens que lhe são oferecidas pelas mídias e que possa compreender-­‐se como igual ao outro, compreender que somos todos, seres humanos. Relação da Artista Rosana Paulino com a Oficina. Em sua arte, influenciada pelos afetos da memória, aparece o embate com as referências que ela tinha de suas bonecas “Susi”, enquanto ela mesma era uma menina negra, e a boneca tinha características de etnia branca. Seu trabalho também traz as referências com o universo da costura e dos tecidos. “A minha infância está presente em meus trabalhos. Perceber-­‐se negra e não ter nenhuma boneca com a qual pudesse me identificar. Olhar as heroínas e princesas e ver que entre elas, não havia nenhuma negra.” (voz de Rosana Paulino).
  • 77. Projeto da Oficina Memória e Arte na Construção de Bonecas de Pano RESUMO Ao buscar subsídios para o meu Trabalho de Conclusão de Curso que trata de memórias, constatei o encantamento das mulheres pelo brinquedo tão antigo e artesanal, a “boneca de pano”. Ao mesmo tempo, deu para perceber-­‐se a força desse contato infantil sobre a formação delas como pessoas. Ao me aprofundar na pesquisa sobre bonecas e brinquedos, descobri o quanto esse objeto pode ser importante como instrumento de arte-­‐educação e todas as suas implicações, sociais, históricas e artísticas. Recorri então à oficina de construção de bonecas de panos para explorar todas essas questões e levar a arte para outros grupos de indivíduos fora da Escola convencional. Portanto, a “Construção de Bonecas de Pano” é uma oficina que visa o resgate de memórias, a busca da identidade pessoal das participantes, bem como a recuperação de sua cultura e de sua autoestima. Ao promover a interação do grupo e a troca de saberes, esta oficina estimula a criatividade. Como objeto de arte educação, fomenta o conhecimento do universo da arte, da história e provoca reflexões sobre a vida. A oficina mostra que a arte contemporânea pode tratar de micro políticas, ou seja, remexe nas situações de inclusão, gênero, etnia, e outros. A boneca, entre adultos e crianças, é uma espécie de alter-­‐ego, assim adquire características próprias de cada participante e trabalha o respeito às diferenças e à diversidade humana. Ao reunir na oficina essas diferenças sociais, promove a interação, a criatividade, o conhecimento e harmoniza o convívio em sociedade. OBJETIVO ESPECÍFICO Desvendar o universo artístico e a arte contemporânea como fator de humanização e conhecimento. 77
  • 78. OBJETIVO GERAL Promover a troca de saberes e de conhecimentos, resgatar a memória, e pela alteridade a descoberta da identidade pessoal. Estimular a autoestima, a criatividade e promover a interação social. METODOLOGIA Construção de bonecas de panos e apresentação de seminários de artistas ligados a questões de micro políticas, à costura e à memória. Provocar debates e reflexões sobre a arte. Registrar entrevistas sobre a memória, cultura e arte. Mediar feira e exposição de bonecas, fotos e vídeos sobre a Oficina. 78 ARTISTAS APRESENTADOS NA OFICINA Rosana Paulino Betty Moisés Bispo do Rosário Sophie Calle Marina Abramovic LOCAL DE REALIZAÇÃO Centro Social e Cultural Nossa Senhora da Glória (Padre Ozanilton Batista de Abreu) Rua Togo, 60, Parque Ouro Verde Londrina – PR Museu Histórico de Londrina Profa. Dra. Regina Célia Alegro Exposição de Bonecas de Pano “Memória e Arte no Museu”, Exposição de Bonecas, Fotos e Vídeos da Oficina. Rua Benjamim Constant, 900. (Centro) Londrina – PR
  • 79. 79 PLANOS DE AULAS PARA A OFICINA DE BONECAS DE PANO 1º ENCONTRO OBJETIVO: Apresentação das participantes e das proponentes (Marcia Catarino e Daina Crepaldi), bem como das intenções e objetivos do grupo e definição dos horários, espaço e materiais a serem utilizados. METODOLOGIA: mostrar a história da boneca ao longo do tempo, as suas origens, a mitologia, seu uso nas diversas culturas, a transformação, consequências e influências no mundo contemporâneo. 2º ENCONTRO OBJETIVO: Mostrar como a arte contemporânea se expande do bidimensional para o tridimensional e a diversidade de temas que pode abordar. METODOLOGIA: Apresentação de seminário sobre a poética de Bispo do Rosário, que abrange obras tridimensionais e obras ligadas ao universo da costura. Prática: desenhar e recortar molde de bonecas. 3º ENCONTRO OBJETIVO: Promover o respeito às diversidades através da confecção de bonecas com características de etnias diferentes. MÉTODO: Apresentação de seminário sobre a poética de Rosana Paulino a qual trabalha questões de opressão e exploração da mulher, especialmente da mulher negra. Discussão e registro de depoimentos das participantes. PRÁTICA: desenhar e cortar moldes de bonecas com características da etnia afro descendente. 4º ENCONTRO OBJETIVO: continuar a confecção das bonecas e proporcionar o acesso a pontos de costura à mão (ponto alinhavo, ponto caseado). METODOLOGIA: enquanto costurar, ir discutindo assuntos relacionados à costura e memória.
  • 80. 5º ENCONTRO OBJETIVO: discutir a compreensão da vestimenta como divisora dos inúmeros papéis sociais, e sua representação das hierarquias e símbolos sociais. METODOLOGIA: apresentação do seminário de Sophie Calle e sua poética que investiga as identidades que as pessoas adquirem em determinadas situações ou espaços. PRÁTICA: construção de um boneco com roupa de Frade. 6º ENCONTRO OBJETIVO: Apresentar a boneca como brinquedo educativo na formação e na humanização da criança, e sua importância como instrumento para a compreensão da inclusão social e combate aos preconceitos. METODOLOGIA: seminário sobre a filosofia de Rudolf Steiner e a Escola Waldorf. Discutir sobre a importância da criança em manipular as roupas das bonecas, em excitar sua imaginação, imitando a vida. Debater a questão de gênero e a necessidade dos meninos terem também bonecos, para brincando, exercitarem o alter ego, bem como as tantas situações do mundo dos adultos. PRÁTICA: preencher as bonecas com estopa de algodão e proceder aos acabamentos como cabelos, roupas e sapatinhos. 7º ENCONTRO OBJETIVO: Apresentar como a arte pode discutir a opressão e a violência contra as mulheres. METODOLOGIA: Apresentar seminário sobre a poética de Betty Moisés e a forma como ela trabalha a estética da dor. PRÁTICA: propor a criação de uma poética relacionada a essa questão. 8º ENCONTRO OBJETIVO: Mostrar a potência da arte na superação da dor e das frustrações humanas. METODOLOGIA: apresentar a poética de Marina Abramovic que trabalha a memória, os conflitos femininos, sociais, culturais, infantis, de gênero etc. PRÁTICA: registrar depoimentos das participantes. Fotografar as participantes e as bonecas. 80
  • 81. 81 CONCLUSÕES FINAIS SOBRE A OFICINA “MEMÓRIA E ARTE NA CONSTRUÇÃO DE BONECAS DE PANO” Não houve grande de número de pessoas inscritas. As que frequentaram tiveram muita satisfação em contar suas memórias e experiências, as quais iam surgindo conforme apresentávamos os artistas. Houve uma demora na confecção das bonecas porque as participantes escolheram fazer os trabalhos à mão em vez de usar máquinas de costura. Com isso desejavam executar um objeto artístico, pessoal. As participantes não tinham experiência anterior com confecção de bonecas e nem com costura à mão ou bordados. Elas procuraram a oficina por sentirem solidão, incompreensão e desejo de auto afirmarem-­‐se, socialmente. Demonstraram apego aos seus trabalhos. Executaram seus trabalhos com muito esmero. Houve grande interação entre as ministrantes e participantes onde aconteceram trocas de saberes e modos diferentes de fazer. Cada encontro se tornava mais satisfatório que o anterior e começamos a pensar em aumentar a produção. Uma das alunas, a Irma Bernardo Vieira, desenvolveu um tipo de escultura no rosto de suas bonecas, e com pequenos pontos ligando o tecido externo ao enchimento, foi construindo contornos faciais. Além de criar sua boneca com características afrodescendentes, também criou uma boneca loira, para provar que não tem preconceito racial. As participantes solicitaram uma segunda etapa da oficina. As participantes demonstraram maior interesse em construir um objeto artístico mesmo, do que propriamente uma produção com fins lucrativos. Isto foi um fator positivo conforme o propósito maior da oficina que era levar um entendimento artístico a grupos de estudos não convencionais.
  • 82. O Padre Ozanilton anunciava a Oficina em todos os finais de missas e para nos incentivar, pediu a construção de um boneco vestido de Padre. O Padre ofereceu o mesmo Espaço Sócio Cultural para repetirmos a Oficina no próximo ano. 82 BRINCADEIRAS DE BONECAS Resgate das histórias de mulheres e suas bonecas: impressões e depoimentos. Amélia Degraf (77 anos) A boneca da Amélia, ela a ganhou aos seus 10 anos de idade. Foi um presente de sua irmã mais velha, Irene, que também fez para a boneca, um vestidinho de tafetá branco, com fitinhas cor “rosa maravilha”. Era de louça, porém, o corpinho não, este era de tecido, com enchimento de flocos de algodão. “ – O sapatinho dela era lindo! Lindo! Branco!” (fala da Amélia). O nome Florisbela, foi escolhido por sugestão da madrasta da Amélia. Não querendo ofendê-­‐la, a enteada aceitou o nome, o qual, ela achava horrível e gostaria de ter posto outro nome na sua linda boneca. A frustração da Amélia não era só com o nome da boneca Florisbela, mas com todas as outras bonecas suas, porque elas tinham os olhos pintados, ficavam sempre “arregalados”. Suas bonecas nunca dormiam. Leonilde Ortiz (53 anos) A boneca mais desejada, não era sua, mas de sua irmã Ironilde. Como Ironilde, mesmo com seus dez anos, ainda usava chupeta, sua madrinha Lázara, sugeriu dar-­‐lhe uma boneca no lugar da chupeta. Ironilde jogou fora a chupeta, ganhou a boneca, mas foi sua irmãzinha de c incoanos, quem se apaixonou pela boneca. Assim sendo, o dia todo Leonilde, pedia emprestado aquela boneca. “-­‐ Linda, de plástico, mas com laço vermelho nos cabelos, e estes, pintados em forma de cachos marrons, e a boca, bem vermelha. Nas costas havia um apito, e quando deitava-­‐se a boneca, ela chorava, como miado de gato.” (fala da Leonilde). A verdadeira dona da boneca regulava o brinquedo e não emprestava facilmente, então, Leonilde chorava, sapateava, fazia birra, até a mãe delas, obrigar Ironilde a ceder a boneca para Leonilde. Marisa Catarino (57 anos) Lúcia foi o nome escolhido para sua boneca, inteirinha de borracha. Tinha cabelos castanhos escuro, em nylon e olhos de vidro com longos cílios, mas não fechavam, eram colados, os olhos. A mãe fez roupinhas novas para a boneca e o pai fez pulseirinhas de dadinhos (cubos) bem pequenos e coloridos. Por incrível que pareça, a Marisa ainda conserva sua boneca. Tirou-­‐a do baú para me provar. Pude constatar as marcas das “experiências”, feitas com a boneca. Querendo desvendar o porquê dos olhos da boneca não pestanejarem, a Marisa arrancou-­‐lhe a cabeça, o que deu trabalho ao pai para
  • 83. consertar o brinquedo. Há furos em volta do umbigo da boneca, pois a menina o furava todo dia, imitando a tia Odila, que contava estar levando o seu filhinho para vacinar contra a hidrofobia, pois ele havia sido mordido por um cachorro de comportamento estranho. Na boca da boneca também tem um furo feito com prego, porque ela insistia em enfiar-­‐lhe uma chupeta. Os cabelos da boneca estão desgrenhados, já que era moda as mulheres usarem penteados desfiados e a Marisa então, desfiava os cabelos da Lúcia, para ela ficar mais bonita. A boneca foi feita com muito boa qualidade, ainda está perfeita, embora os experimentos de sua dona. Natalí (26 anos) Minhas bonecas eram industrializadas, elas não eram “top”, mas também não eram “rebas”. Havia uma desigualdade relevante nas bonecas das meninas: bonecas ricas e bonecas pobres, comparando-­‐se pela qualidade e conforme as condições financeiras dos pais. A diferença era notável, pelos bairros de moradias das meninas, as de bairro ricos tinham bonecas melhores. Eu colecionava roupinhas e bonecas “Barbies”, falsificadas, não se considerava a qualidade, mas a quantidade e o que eu queria era brincar e ter mais bonecas que minhas amigas. Giovana Paoline (22 anos) “– Nas férias, na casa de minha avó em Presidente Prudente, interior, minha avó 83 nos ensinou a brincarmos com bonecas de espigas de milho. – A gente segurava no colo as espigas de milho, imaginando as palhas verdes, como se fossem vestidinhos e os cabelos do milho, eram os cabelos das bonecas. Na época de minha avó, quase não se encontrava bonecas de cabelos, então era grande vantagem brincar com as espigas de milho, pois tinham cabelos parecidos com os naturais, das pessoas. No quintal de minha avó tinha pé de mamão e outras frutas e até o milharal. Minha mãe ensinava a cortar bonecas de papel. Ela recortava um desenho de corpo de boneca, com cabeça, braços, pernas, etc. e depois desenhava as roupinhas e as prendia por pedaços de fitas do papel dobrados para trás deste corpo. Mas, essas brincadeiras só nas férias, porque em São Paulo, não se tem tempo como no interior. – Me lembro de que em São Paulo, tínhamos a boneca careca. Ela foi de minha mãe, depois de minha irmã e depois foi minha. A boneca era careca de tanto pentearmos seus cabelos. Tem até foto de minha irmã e eu com a boneca. Vou te enviar por email quando eu voltar para São Paulo. A boneca careca tinha olho que pestanejava, e no final, enquanto um abria, o outro ficava fechado. “Já estava gasta, a boneca careca...”. Juliana Domaneschi – Meu pai me deu uma boneca moreninha, de olhos verdes e disse; -­‐ Essa é a sua boneca certa, é mais parecida com você! – Ah! Dessa boneca eu gostava! – Eu odiava a boneca “Barbie”, industrializada... – Eu gostava também de colecionar aquelas bonequinhas de... e ainda preferia as bonequinhas que pareciam bebezinhos, gostava de brincar com elas.
  • 84. – Mas a minha mãe também apreciava bonecas. Um dia ela comprou uma boneca bebê que engatinhava, pôs no meio da sala e quando eu ia tocá-­‐la, ela gritava para não pegar que eu ia quebrá-­‐la. – Um belo dia, quando minha mãe saiu de casa, subi em algum móvel, tirei a caixa da boneca de cima do guarda roupas e aproveitei brincar com ela até que realmente quebrei-­‐lhe um braço. Aí sim, foi um grande berreiro, das duas, da filha e da mãe. Maria Angélica Ceresine – Tive bonecas de coleção, Moranguinho, Uvinha..., mas eu gostava mesmo era de 84 brincar de “casinhas” de bonecas. Eram miniaturas de interiores de casas. Angélica disse que as montava sobre a penteadeira ao lado da qual havia uma cômoda mais alta. Então ela estendia sua cama para cima, para a cômoda, e, em sua doce imaginação, a sua casinha adquiria outro piso, o superior, como nas casas dos ricos. Para Angélica montar a sua casinha, ela tinha um longo trabalho. Durante dias, ia acumulando materiais domésticos descartáveis, como tampinhas de garrafas, vidrinhos, coisas que lhe pareciam ter formato de móveis. Olhava os pequenos objetos e pensava; -­‐ Isto parece um sofá, aquele outro lembra uma cama ou uma mesa. Depois, por horas a fio a Angélica arquitetava e construía a sua casa. Quando a casa ficava completamente pronta, terminava o jogo. Acabava a graça, mas tinha que ficar lá, pronta. Porém, que ninguém tocasse ou desmanchasse sua linda casinha, ali parada, intocada por uns bons dias. Daina Crepaldi “ – Se eu fizer uma boneca na oficina, ela será sem cabeça, pois todas minhas bonecas eram assim. Meu irmão arrancava a cabeça delas.” Luci Pelarim Minha mãe tirava algodão do colchão para encher minhas bonecas que ela mesma fazia. Naquela época os colchões eram como acolchoados duros, pesados. Meu pai, que tinha fábrica de móveis, trocava negócios com o dono da fábrica de colchões e de acolchoados, perto de casa. O dono era o Sr. Ibérico. O algodão vinha das plantações de Jataizinho e de Uraí e era revestido de um tecido também algodão, ralinho, azul claro com listinhas cor de rosa. Depois o Sr Ibérico começou a vender os colchões Probel, de molas. Maria Luisa G. Catarino – Eu tive uma boneca que se chamava “Amiguinha”, ela tinha o meu tamanho. Mas, tive também outra boneca enorme, linda, de porcelana que minha irmã quebrou. – Ah, mais eu chorei tanto, tanto!
  • 85. 85 Cora Coralina “... perdi meu pai, muito novinha. Meus brinquedos eram coquinhos de palmeiras, caquinhos de louça, bonecas de pano.” (Publicação no Jornal do Brasil) Marcia Eu conheci uma menina de 80 anos que nunca teve uma boneca. Naquela tarde quando ela me contou isso, seu rosto não demonstrou nenhuma expressão, estava estático como ficou também seu corpo diante daquela constatação em que ela pareceu em segundos, viajar pelo passado. Porém percebi, em seu olhar enuviado, uma imensa e avassaladora tristeza.
  • 86. 86 Capítulo III LABORATÓRIO DA INSTALAÇÃO (Antes da Instalação, ser apresentada no Museu Histórico de Londrina, foi feito um laboratório preparativo com orientação dos Professores Cláudio Luiz Garcia e Marcos Rodrigues Aulicino, no espaço da Galeria de Artes do Departamento de Artes Visuais da Universidade Estadual de Londrina. VÍDEO INSTALAÇÃO, “ESTE ESPAÇO LONDRINO”. (53min.) (em DVD, imagens e áudio comparativos da Londrina antiga com a Londrina contemporânea e suas memórias). Este DVD foi parte integrante do laboratório e posteriormente, ele ficou em exposição na Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina.) REFLEXÕES SOBRE O LABORATÓRIO ...minhas reflexões sobre a instalação no laboratório de setembro de 2013. Foi um presente para nós estudantes de arte, o professor Cláudio disponibilizar aquele espaço da galeria para nossas experimentações em arte e educação. Importante principalmente pela autonomia e liberdade, deixando-­‐nos agirmos a nosso critério exclusivo. Cada qual exercitou como achou que deveria ser seu Trabalho de Conclusão de Curso, e nisso, trocamos ideias, opiniões, conhecemos os trabalhos uns dos outros e foi satisfatório ver como cada qual sentiu esse universo da arte. Juntos, analisamos a autenticidade de cada um e o que realmente seria interessante dali para ser apresentado à banca julgadora do TCC. O mais legal desses laboratórios foi, a intimidade e a interação entre nós, momento de amizade, de aprendermos a nos conhecermos, de nos gostarmos e nos apreciarmos como colegas de jornada e de vida. Ali, nós não precisamos representar conforme pede a burocracia necessária, nem apresentar referências teóricas ou poéticas, mas, apenas brincar. E foi isto que eu fiz. Brinquei de artista! Mesmo assim achei por bem entregar ao professor Marcos e ao professor Cláudio, um texto de um crítico, citando José Rufino, por este lidar com a memória, porém o meu trabalho busca no dele, referências no período em que ele levanta lembranças de seu avô e de espaços de sua infância no interior, na fazenda, de cartas de família e fala de relações antropológicas, sociais, de um lugar ligado a embarcações e vida rude. Rufino se atira sobre objetos de lembranças e os subverte, os transforma. No dia 11 de setembro de 2013 foi a minha vez de experimentar o laboratório e articular minha Instalação. Especialmente nesta Instalação, usei objetos afetivos de família, alguns até mesmo emprestados, por isso não podia desestruturá-­‐los em seu caráter de registro histórico e até de peça de museu. Assim sendo, manipulei as peças até onde não agredia sua forma original. Transgredi apenas seu lugar comum, colocando-­‐as em ambiente avesso ao seu uso, mas inteirando-­‐as com elementos que provocassem nas Pessoas, lembranças delas próprias entre dois tempos de um mesmo espaço, em pauta, a cidade de Londrina. Quanto à disposição da instalação, foi construído propositalmente