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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE 2016 Economia B3
Com nova regulamentação e economia mais estável, aplicações no exterior se tornam ótima opção de diversificação
Mudança de regras tira obstáculos para a compra
de ativos no mercado global
POR QUE INVESTIR APENAS LOCALMENTE?
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litante da permanência do país no bloco,
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A CVM (Comissão de Valores Mobiliá-
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dor brasileiro a compra de ativos globais
no próprio País e em moeda local.
Adiversificaçãoéoprincipalbenefício
das novas regras, segundo Mauro Mo-
relli, estrategista-chefe de investimentos
do Citi. “Elas possibilitaram que o brasi-
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mães, italianos. Por que o investimento
tem que ser local?”, questiona.
Outra vantagem da regulamentação
é a melhora da transparência na relação
entre cliente e gestor, já que as novas re-
grasfacilitaramoacessoàinformaçãopor
parte do investidor. “O cliente hoje tem
muito mais ciência do que está fazendo.
Ele consegue entender melhor os riscos e
os custos envolvidos”, conta Morelli.
Além de melhorar a transparência
da relação investidor-banco e propor-
cionar uma diversificação maior com
os investimentos no exterior, os cus-
tos dos fundos foram reduzidos com a
nova instrução.
Segundo Morelli, o mercado brasi-
leiro demandava há alguns anos uma
regulamentação para se tornar mais
aberto e flexibilizar as regras para in-
vestimentos mundo afora.
Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão, sob patrocínio do Citi.
Aldo Luiz Mendes,doutoremeconomia
Marcelo Kfoury, superintendente
do departamento econômico do Citi
Roberto Luis Troster,João Fária e Marcelo Ventre participam de debate sobre investimento
Fotos:AlanTeixeira
Com as duas normativas da Co-
missão de Valores Mobiliários (CVM)
aprovadas no ano passado, os investi-
mentos no exterior por brasileiros se
tornaram mais fáceis. As resoluções
554 e 555 têm como objetivo popula-
rizar as aplicações no mercado global.
O cenário econômico mundial e in-
vestimentos no exterior foram os as-
suntos discutidos no segundo progra-
ma “Invista Melhor o seu Dinheiro”,
da Rádio Estadão. Participaram desta
edição Marcelo Kfoury, superintenden-
te do departamento econômico do Citi,
Aldo Luiz Mendes, doutor em econo-
mia e ex-diretor de política monetá-
ria do Banco Central, Marcelo Ventre,
superintendente-adjunto de produtos
estruturados do Citi, e Roberto Luis
Troster, doutor em economia pela FE-
A-USP e ex-economista-chefe da Febra-
ban (Federação Brasileira dos Bancos).
O programa foi comandado pelo jorna-
lista João Faria.
Com as perspectivas de melhora no
ambiente político-econômico no Brasil,
pode estar voltando o período de inves-
tir mais no País, na opinião de Marcelo
Kfoury. “Com a mudança política, e se
forem verificados os progressos na área
fiscal, o Brasil volta a ser um lugar atra-
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O investidor que tem em sua carteira
ações de gigantes globais se benefi-
cia de diversas formas, especialmente
pela diversificação e pelo retorno que
essas companhias trazem. É impor-
tante ter ações de empresas de dife-
rentes portes, porque o que importa
é o potencial, e não o tamanho delas.
Mas grandes companhias mundiais
tendem a ter rendimentos maiores e
suas ações se desvalorizam menos em
épocas de baixa.
“Ações de empresas globais permitem
aoinvestidorgerirseuportfóliocomum
grau de especialização e sofisticação que
o mercado brasileiro não lhe permite.
Hoje esse investidor tem acesso a esses
mercados via produtos estruturados”,
afirmaMauroMorelli,estrategista-chefe
de investimentos do Citi.
Simpatizar com diferentes marcas ou
gostar de utilizar o produto de uma
determinada companhia pode ajudar
o cliente na hora de comprar produtos
de investimento. Mas isso não é uma
condição. “Se eu gosto dos produtos
da Apple, por que não investir nessa
empresa?”, questiona.
Morelli afirma ainda que algumas
corporações são muito fortes e reco-
nhecidas no exterior, porém, o inves-
tidor brasileiro não as conhece. “Não é
necessário dizer ao cliente, por exem-
plo, o que é a Amazon. Mas o site de
vendas Alibaba, da China, nem todo
mundo conhece, mas é uma empresa
que está indo muito bem.”
Durante a escolha dos melhores
produtos e apresentação das ações
que estão em alta, apesar de as em-
tivo para investimentos por causa das
taxas de juros altas e apetitosas para os
investidores”, explica Kfoury. Para ele, a
situação nos principais países domundo
édebaixaliquidez,“entãoaspessoaspo-
dem, ao diversificar seus investimentos,
procurar lugares com rendimentos mais
baixos, mas com maior segurança”.
“De fato, já há algum tempo, a CVM
vem facilitando que brasileiros invis-
tam no exterior. Isso é muito positivo
porque gera a possibilidade de maior
diversificação de portfólio”, declara
Aldo Luiz Mendes. Apesar disso, se-
gundo Mendes, o investidor tem que
ter em mente que, ao fazer um investi-
mento fora do País, fará aplicações em
outra moeda, correndo risco cambial.
Para Roberto Troster, ao deixar de
aplicar no exterior, o investidor evita o
risco cambial, mas corre o risco Brasil.
“O risco Brasil é baixo, mas ele existe.
Acho que temos que pensar cada vez
mais no que fazer para que os investi-
dorestragamseudinheiroparaoPaís de
maneira mais fácil. E investir fora hoje
é para os grandes investidores, é preciso
facilitar isso para os pequenos”, afirma.
Mas, segundo Marcelo Ventre, as
resoluções da CVM facilitaram o aces-
so aos mercados internacionais, an-
teriormente destinados tão somente
a investidores com maiores recursos.
“Hoje existem produtos para qualquer
tipo de investidor, desde aquele com
grandes volumes até o menos provido
de recursos. E há a possibilidade de in-
vestir com 100% do capital protegido,
evitando riscos”, esclarece Ventre.
PRODUZIDO POR
Mauro Morelli, estrategista-chefe
de investimentos do Citi
presas não serem tão populares entre
os clientes, é fundamental que a ins-
tituição financeira tenha um departa-
mento de pesquisa sólido.
Por isso é importante que a insti-
tuição tenha peso no mercado e for-
te presença global. “No nosso caso,
quando o banco emite uma opinião
sobre a China, é um analista de lá que
está emitindo. Quando a gente vende
um fundo dos Estados Unidos, é um
gestor que está naquele país gerindo o
fundo. Essa característica local é im-
portante”, diz Morelli.
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