Aula proferida para o curso de Engenharia, no intuito de apresentar e debater a realidade do mercado de trabalho para engenheiros nas últimas décadas e de como poderiam trabalhar o conceito de empregabilidade no atual mercado.
A Importância dos EPI's no trabalho e no dia a dia laboral
Engenharia e Mercado de Trabalho no Brasil
1. FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU
Curso de Engenharia Civil e Mecânica
Disciplina: Desenvolvimento Pessoal e
Empregabilidade
Profa. Dra. Marcela Montalvão Teti
Engenharia e Mercado de Trabalho
2. SURGIMENTO DA ENGENHARIA
NO BRASIL
Nos últimos anos, houve um crescimento
significativo no PIB (Produto Interno Bruto)
brasileiro:
A partir de dados provenientes do Banco Mundial
(2013).
Entre 2005 e 2006, o país era a 10ª economia
mundial.
Em 2011, o país chegou a alcançar a 6ª posição, e
em 2012, a 7ª. Ficou atrás do Reino Unido, França,
Alemanha, Japão, China e Estados Unidos.
Em termos de PIB Per capita:
Em 2011, ocupou a 58ª posição e em 2012 a 53ª.
Nesse momento, a crise europeia alcançava os
mais altos índices de desemprego e por isso o
Brasil subiu de posição.
3. PIB BRASILEIRO
Em 2012, os setor de Serviços foi o de maior
responsabiliadde pela composição do Produto
Interno Bruto.
O Setor Industrial é o que emprega mais
diretamente o desenvolvimento e a tecnologia.
Os Setores de Serviço e de Agropecuária são os
que mais usam os produtos decorrentes da
tecnologia.
O Setor Industrial responde por menos de ¼.
O setor de Transformação é o que maior demanda
desenvolvimento tecnológico.
O Setor de Transformação corresponde a 11,3%
do PIB.
4. Quadro Geral da Engenharia
11,3% do PIB para o setor de transformação é muito
baixo, se comparado com os “países do primeiro
mundo”.
O Brasil não tem produtos nacionais eletrônicos e
metaeletrônicos com inserção internacional
significativa.
O que implica dizer que a continuidade do
crescimento do país tem relação com crescimento
tecnológico.
Necessita, para tanto, de mais pessoas com
formação na área de Tecnologia e de Engenharia.
Por essas razões e por razões históricas, nos
últimos 15 anos, as instituições formadoras de
engenheiros cresceram significativamente.
5. CRESCIMENTO DOS CURSOS DE
ENGENHARIA
O crescimento dos cursos está intrinsecamente
ligado ao desenvolvimento da indústria e da
tecnologia, condições econômicas, políticas e
sociais do país e suas relações internacionais.
Os primeiros cursos de Engenharia foram criados
em instituições isoladas, conhecidas por Escolas
de Engenharia.
Até 1950, existiam apenas 16 instituições de
Educação Superior, com 62 cursos de Engenharia
no total.
No geral, as escolas de Engenharia foram criadas
nas capitais.
No estado de Minas, além de BH, foram criados
cursos em Juiz de Fora, Itajubá. A cidade de Ouro
Preto já tinha curso desde o sec. 18.
6. 1950 – DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO
Retomada do desenvolvimento dos países
envolvidos na 1ª Guerra Mundial.
Os reflexos deste desenvolvimento chegaram
ao Brasil, com o governo Juscelino
Kubitschek.
A partir desta década surgiram cursos de
Engenharia nos interiores de São Paulo, Rio
de Janeiro, Rio Grande do sul, Minas Gerais e
Paraíba.
Final da década de 1950, havia 28 Escolas de
Engenharia, distribuídas em 14 estados. A
maioria destas concentradas no Sudeste.
Sergipe só teve seu primeiro curso em 1970.
7. 1960 – EXPANSÃO DOS
CURSOS
O processo de Industrialização iniciado com
Kubitschek deu oportunidade de abertura de
novos cursos de Engenharia.
1962 – o Conselho Federal de Educação fixou
currículos mínimos para os cursos de Engenharia
Civil, Mecânica, Elétrica, de Minas, Metalurgia,
Química e Naval.
1966 – É aprovada a Lei n. 5.194 que regulava o
exercício da profissão do engenheiro.
Até o início desta década mais de 80% dos cursos
eram de escolas públicas.
No decorrer de 1960, houve um crescimento de
escolas privadas.
8. 1970 – MILAGRE ECONÔMICO
1973 – Aprovada a resolução n. 218 do CONFEA,
discriminando as diferentes atividades nas
modalidades profissionais da Engenharia.
1976 – Entrou em vigor a Resolução n. 50/76 que
admitiu ênfases e habilitações nos cursos.
A partir desta década as escolas públicas
passaram a oferecer mais cursos por Instituição.
No entanto, as escolas privadas cresceram e
passaram a praticamente metade dos cursos
existentes.
Com o boom do Milagre Econômico, uma média
de 17 cursos de Engenharia era criado a cada
ano.
9. 1980 – DÉCADA PERDIDA
Foram registradas altas taxas de inflação,
crise fiscal, grande crescimento da dívida
pública e estagnação no desenvolvimento do
país.
O crescimento arrefeceu e voltou aos índices
da década de 1950.
Houve ainda crescimento do setor privado.
No entanto, de 17 cursos criados ao ano, este
número baixou para somente 5
10. 1990 – CRISE POLÍTICA
Advento do Governo Collor e o “Fora Collor”.
Retomada do crescimento só se sedimentou
na metade da década.
Advento do fenômeno Globalização:
[...] entre outras coisas, acirrou a necessidade de
melhorias na produção em termos de produtividade e
competitividade, o que só pôde ocorrer com a
qualificação dos recursos humanos, notadamente na
área de Engenharia” (p. 8).
1996 – Aprovada nova LDB que revogou a
Resolução 48/76 que estabelecia currículo
mínimo para os cursos de Engenharia.
A partir de 1997, detectamos um crescimento
sem precedentes da Educação brasileira.
11. EXPANSÃO DOS CURSOS DE
ENGENHARIA
Década de 2000 – Expansão das IES existentes e
criação de outras novas, especialmente no setor
privado.
A média anual passou a ser de aproximadamente 80
novos cursos.
Entre 1989 e 1996, essa média era de 12 novos cursos.
A partir da década de 2005, a média passou a ser de
100 cursos.
Nos últimos 3 anos esse número subiu para 200.
São Paulo, como é o estado mais rico, congrega 1/4
dos cursos no país.
A Zona Franca de Manaus e incentivos fiscais foram
responsáveis pelo crescimento de cursos no
Amazonas e Pará.
O Petróleo impulsionou os estados do Espírito Santo,
Bahia e Sergipe.
12. MAS COMO ANDA A
ATUALIDADE DA
EDUCAÇÃO PARA O
UNIVERSO DAS
ENGENHARIAS?
13. EDUCAÇÃO E
GLOBALIZAÇÃO
Na atualidade a educação formal, ou
educação profissional passa a concorrer com
outras exigências do mercado de trabalho:
Mundialização dos processos modernos de
produção.
Intercomunicação dos diferentes povos e culturas.
Influência dos fatores econômicos e culturais em
escala planetária.
Tal mudança afeta a educação, em especial a
de Engenharia.
Novas tecnologias põem em cheque as
políticas tradicionais de regulação do trabalho
e mesmo da noção de empregabilidade.
14. REALIDADE ATUAL
A oposição escola fechada em seus próprios valores e
métodos e a escola aberta, conectada à realidade
externa, flexível e adaptável, foi ultrapassada.
A escola deixou de estar à frente das modificações
tecnológicas ou sociais.
Deve agora adaptar-se, sob pena de tornar-se
irrelevante às formações complementares externas.
Conhecimento passa a ser estratégico economica e
politicamente.
Cabe aos cursos ministrar conhecimento em mutação,
mas também:
Preparar os alunos para acompanhar o crescimento/mutação,
capacitando-os de forma crítica e ética, no sentido de torná-los
cidadãos de um mundo com fronteiras tênues.
15. EDUCAÇÃO NO
DESENVOLVIMENTO
Educação é um instrumento estratégico da
reprodução social, mas também de promoção
das populações.
Associada às tecnologias, consegue dar um
grande salto nas formas de organização e de
conteúdo.
Recursos que podem ser utilizados:
Informática, multimídia, telecomunicações,
banco de dados e conteúdo da educação.
Não é mais o caso de pensar propostas de
modernização da educação.
Mas, de repensar a dinâmica do
conhecimento no seu sentido mais amplo.
16. ATUAÇÃO SOCIAL EXTRA-
MUROS
Não basta pensar a educação intra-muros.
Mas como integrar formação e atuação social, de modo
que se atue na realidade para além dos muros
institucionais?
A faculdade, a universidade, é um dos locais de
produção de conhecimento, mas deve estar
conectada às preocupações sociais.
É necessário por isso repensar a tarefa do
engenheiro.
Trabalhando mais o conceito de si e os serviços.
A antiga definição de engenharia como o
planejamento e gerenciamento da produção de
materiais (considerando custos) deve ceder
espaço a uma definição mais abrangente do
ponto de vista tecnológico e político.
17. POR QUE BUSCA-SE
ENGENHEIROS?
Estão integradas às atividades de engenharia:
atividades normativas, informáticas,
gerenciais e mercadológicas.
Engenheiros são preparados para modelar e
descrever dentro de quadros formais
(matemáticos ou não) os mais diferenciados
tipos de fenômenos, a enxergar as questões
como problemas a serem resolvidos, e a
comprometer-se com sua resolução.
18. COMO FORMAR O
ENGENHEIRO?
Na atualidade, modificando a estrutura formal
da escola.
disciplinar compartimentada, com aumento do
número de disciplinas e gerando novas
especialidades?
As novas tecnologias devem ser utilizadas,
mas...
O conhecimento relevante aumento e sua
posição mudou.
Ele tem um valor econômico e social, quando
orientado para as necessidades sociais e para
o aumento do bem-estar e do conforto, não só
relacionado à geração de riquezas.
19. CONCEITO DE
CONECTIVIDADE
Conectividade local e global.
É um movimento duplo da universidade para
a sociedade.
Consiste em redes de interesses entre
escolas, comunidades locais e comunidade
internacional.
A faculdade e a universidade aparece como
articuladora central desta relação.
A nova sociedade do conhecimento é gerada
dentro e fora da universidade.
Para tanto, é necessário a existência de
parceria entre Universidade e Sociedade.
20. CONECTIVIDADE GLOBAL
Necessidade de estar a par das descobertas,
invenções científicas e tecnológicas e da
ciência.
Estar a par de mudanças sociais e econômicas
planetárias, da cultura internacional, tanto
porque é gerado por uma sociedade do
conhecimento, como porque provém das
diferentes culturas onde o engenheiro poderá
trabalhar.
Sub-temas a pensar: educação associada à
pesquisa; formação internacional; uso intensivo
da Internet e das redes de comunicação.
Interligar as relações através de redes internas à
universidade ampliando seu escopo, praticando
21. CONECTIVIDADE LOCAL
Necessidade de servir à sociedade local.
Sentir a realidade das intervenções em práticas
sociais.
Aproximar alunos e professores do mercado de
trabalho e de suas necessidades.
Para tanto, a escola deve criar uma rede local de
relações e interesses, associando-se a escolas de
níveis fundamental e médio, circunvizinhas.
Mas observar também, as necessidades
empresariais regionais e a sociedade organizada à
sua volta (os governos e as ONG’S).
A escola talvez venha a se tornar a organização das
redes culturais interativas que colocam novos
desafios para a educação.
22. REPENSANDO ATITUDES
Como realizar uma formação apropriada?
Em um primeiro momento, observar a tradição e a
história da formação da qual faz parte, do ambiente
socioeconômico em que se está inserido, das
estruturas de conexão construídas e dos meios
disponíveis.
Buscar alianças e parcerias comunitárias social e de
conhecimento.
Buscar desenvolver: projetos e convênios com escolas
de ensino médio e fundamental, em torno da formação
de professores; ensino de ciências para o secundário,
interação direta com secundárias, consultorias a
sindicatos, atuação conjunta com ONG’s, sindicatos e
com a indústria do conhecimento.
Buscar intercâmbios e estágios.
23. SOCIEDADE DO
CONHECIMENTO
Envolve a Universidades, Faculdades, Centros
Universitários, ONG’S, Sindicatos, Conselhos
Regulamentadores, Revistas Especializadas, Grupos
de Pesquisa e Extensão, Sociedade Civil, Empresas,
Consumidores, etc.
Para fazer parte dela, é preciso mais que ficar horas
em um dedicado a um computador, a uma lousa
branca ou em frente de um professor.
É preciso pensar em seu envolvimento com o material
a ser aprendido.
Participar de atividades de interesse global e
comunitário.
É preciso reorganizar a educação ou o percurso
educativo em torno destas atividades para além da
24. REFERÊNCIAS
BILBIOGRÁFICAS
Oliveira, V. F. de; Almeida, N. N. de; Carvalho, D.
M. de; Pereira, F. A. A. (2013). Um estudo sobre
a expansão da formação em engenharia no
Brasil. Revista de Ensino de Engenharia da
ABENGE, v. 32, n. 3, pp. 37-56. Disponível em:
http://www.abenge.org.br/revista/index.php/abeng
e/article/view/235/161.
Silveira, M. A. da; Scavarda-do-Carmo, L. C.;
Parise, J. A. dos R. (2001). Conectividade local e
conectividade global no caso de escolas de
engenharia. Disponível em:
http://www.pp.ufu.br/ASIBEI/trabalhos/707.pdf