O documento descreve a infância de Jesus em Nazaré, na região da Galileia. Narra como José e Maria fugiram para o Egito com Jesus para escapar de Herodes, que queria matar o menino, e depois retornaram para Nazaré. Também fornece detalhes sobre a beleza natural da Galileia e como era um lugar ideal para a infância de Jesus.
1. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida
Jovem, ao encontro de Jesus!
a desconhecida
nfância
de
Luzum olhar na história
rastros 2017
nº 2
janeiro
I
Despretensioso convite para o
retorno às coisas simples, belas
e profundas do Evangelho.
2. 3
Os
magosdo
Tendo, pois, nascido Jesus em
Belém da Judeia, no tempo do
rei Herodes, eis que vieram
do oriente a Jerusalém uns
magos... (S. Mateus 2:1)
oriente
3. 4 5RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA
aApós o nascimento de Jesus, eis que vieram do
oriente à Jerusalém uns magos procurando por ele,
perguntando: onde está o rei dos judeus, recém-
nascido?
Conforme narrativa de S. Mateus(2:1-7)
, o rei Herodes,
ouvindo isso, perturbou-se e chamou os magos para
deles obter maiores informações, principalmente
quando ele havia nascido.
Recomendou que fossem em busca do menino
e quando o encontrassem que o avisassem, pois
desejava ir também ter com ele.
Partiram os magos e logo lhes reapareceu a estrela
conduzindo-os até o lugar estava o menino.
Encontraram-no com sua mãe, Maria, e alegraram-
se imensamente, presenteando-o com ouro, incenso e
mirra.
Passagem bem conhecida de todos nós.
Mas a história prossegue.
Ainda com S. Mateus(2:12)
lemos: Avisados em sonho
que não voltassem a Herodes, regressaram por outro
caminho para a sua região.
E assim os magos retornaram, sem darem satisfações a Herodes.
E novamente vem a providência orientativa através de um anjo, que apareceu a
José em sonho, dizendo(S. Mateus 2:13 e 14)
: Levanta-te, toma o menino e a mãe e foge
para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino
para o matar.
De imediato, ainda durante aquela noite, José partiu para o Egito, com Maria e
Jesus.
Aconteceu conforme predito pelo anjo.
O rei Herodes, receando que aquele que veio para ostentar uma coroa celeste,
lhe roubasse a sua coroa de ouropel, ou seja, de ouro falso, liga de cobre e zinco
que imita o ouro.
4. 6 7RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA
Vendo que fora iludido pelos
magos, conforme S. Mateus(2:16)
,
descontrolado pela ira e medo,
mandou matar todos os meninos
de dois anos para baixo que havia
em Belém, e em todos os seus
arredores, segundo idade que ele
considerava ter Jesus.
O tempo passa, estima-se que
de 2 a 6 anos (não se tem esse
tempo com precisão) depois dessa
triste e fatídica página da História,
e Herodes, vitimado de hidropisia,
febre e úlcera, veio a falecer. Isso era
o ano 4 d.C.
Com a desencarnação de Herodes,
a Casa de Israel, por testamento,
foi dividida entre os seus três filhos:
Herodes-Filipe II, Herodes-Ântipas e
Arquelau.
Conforme prometera o anjo, tendo
morrido Herodes, ele aparece em
sonho a José, no Egito, dizendo-
lhe(S. Mateus 2:19 a 23)
: Levanta-te, toma o
menino e a mãe e vai para a terra de
Israel, pois os que buscavam tirar a
vida ao menino já morreram.
José agiu segundo orientado.
Durante a viagem, José ouviu
dizer que Arquelau reinava na Judeia
em lugar de seu pai Herodes, e
temeu ir para lá.
Novamente em sonho, lhe foi
indicado fosse então para as regiões
da Galileia, retornando a Nazaré.
Herodes, com seus temores e
conflitos, teve como certo que Jesus
seria um Rei político, e não aquele que
regeria os corações, como portador de
um reino diferente, baseado no amor.
5. 9
sobre
anjose
ANJO: A palavra deriva
do Grego ANGELOS,
“mensageiro”, possivelmente
relacionada a ANGAROS,
“correio a cavalo”, de uma
fonte oriental desconhecida.
SONHOS
6. 10 11RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA
e
Encontramos em O livro dos médiuns,
de Allan Kardec, Cap. I, item 2, os
seguintes conceitos:
Os Espíritos não são senão as almas
dos homens, despojadas do invólucro
corpóreo (corpo físico).
Os anjos são almas que galgaram o
último grau da escala...
Os anjos são os mensageiros de
Deus, encarregados de velar pela
execução de seus desígnios em todo o
Universo.
Jesus também explicou sobre o
Espírito, em S. Lucas(24:39)
: Apalpai-me e
entendei que um espírito não tem carne,
nem ossos, como estais vendo que eu
tenho.
Observa-se ao longo da Bíblia
constante presença de Espíritos, quer
sejam chamados anjos ou demônios, ou
outro nome que se lhe designe.
Tal foi a relação direta de Jesus com
Espíritos (anjos e demônios), que era
designado como Senhor dos Espíritos.
Assim, sabendo-se que os anjos são
almas evoluídas (Espíritos evoluídos),
podemos concluir que os ditos demônios
(expressão encontrada na quase maioria
das traduções da Bíblia) nada mais são
do que almas (Espíritos) momentânea
e equivocadamente voltados ao mal.
Ressalte-se que, mais tempo, menos
tempo, esse Espírito maldoso, segundo
as Leis Divinas do progresso e evolução,
deixará paulatinamente de assim ser.
Aceite o convite e leia “O livro
dos Espíritos”, de Allan Kardec, das
perguntas 776 a 802, para melhor
entender sobre a Lei do Progresso. Você
vai se comprazer com essa leitura e a
lógica da evolução ali apresentada.
Etimologicamente, a palavra
Anjo significa criatura, de natureza
puramente espiritual. Pessoa muito
virtuosa.
Sobre Anjos
Sobre Sonhos
Os sonhos são fenômenos naturais,
com a preponderância do fator
espiritual, ao invés de mero e puro
efeito psicológico.
É um meio de nos relacionarmos
periodicamente com o mundo espiritual
(o nosso mundo de origem e para onde
retornaremos após a morte do corpo
físico) e com os Espíritos, inerente a
todos os seres humanos.
Leiamos alguns esclarecimentos que
extraímos de “O livro dos Espíritos”, de
Allan Kardec, capítulo correspondente ao
assunto ‘Sonhos’ (Da emancipação da
alma – Cap. VIII, Parte 2ª). Ao tempo
em que fica a sugestão de leitura de
todo o livro.
401. Durante o sono, a alma repousa
como o corpo?
“Não, o Espírito jamais está inativo.
Durante o sono, afrouxam-se os
laços que o prendem ao corpo e, não
precisando este então da sua presença,
ele se lança pelo espaço e entra em
relação mais direta com os outros
Espíritos. ”
402. Como podemos julgar da
liberdade do Espírito durante o sono?
“Pelos sonhos, Quando o corpo
repousa, acredita-o, tem o Espírito
mais faculdades do que no estado
de vigília. Lembra-se do passado e
algumas vezes prevê o futuro. Adquire
maior potencialidade e pode pôr-se em
comunicação com os demais Espíritos,
quer deste mundo, quer do outro.
[...]
“Graças ao sono, os Espíritos
encarnados estão sempre em relação
com o mundo dos
Espíritos.
[...]
“O sonho é a lembrança do que
o Espírito viu durante o sono. Notai,
porém, que nem sempre sonhais. Que
quer isso dizer? Que nem sempre vos
lembrais do que vistes, ou de tudo o
que haveis visto, enquanto dormíeis. É
que não tendes então a alma no pleno
desenvolvimento de suas faculdades.
Muitas vezes, apenas vos fica a
lembrança da perturbação que o vosso
Espírito experimenta à sua partida ou no
seu regresso, acrescida da que resulta
do que fizestes ou do que vos preocupa
quando despertos.
[...]
“Em suma, dentro em pouco vereis
vulgarizar-se outra espécie de sonhos.
Conquanto tão antiga como a de
que vimos falando, vós a desconheceis.
Refiro-me aos sonhos de Joana, ao de
Jacob, aos dos profetas judeus e aos de
alguns adivinhos indianos.
São recordações guardadas por almas
que se desprendem quase inteiramente
do corpo, recordações dessa segunda
vida a que ainda há pouco aludíamos.
Por sua vez, o profeta Joel, em O
Velho Testamento, capítulo 3, versículo
1, citou: Depois disso derramarei meu
espírito sobre toda a carne. Vossos filhos
e vossas filhas profetizarão, vossos
anciãos terão sonhos.
7. 13
Para alguns escritores, a
Galileia, por ela mesma, por
sua beleza natural e pelos
belos e puros acontecimentos
relativos a Jesus que guarda
em sua história, chamam-na
de O Quinto Evangelho.
a
regiãoda Galileia
8. 14 15RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA
aAssim Amélia Rodrigues1
descreve a
Galileia:
A Galileia era o lugar ideal!
Região feliz e verde, suas gentes
simples confiavam de coração.
Vivendo das gentilezas da terra e da
fartura piscosa do seu mar, era rica de
ternura e de ingenuidade.
O processo da cultura vã ainda não
lhe chegara, não lhe pervertera os
hábitos despertando os apetites, as
paixões amesquinhantes.
O mar, que é um lago de água
doce, medindo doze milhas e meia de
comprimentos (cerca de 20 km) e sete
milhas e meia de largura (cerca de 12
km), no seu espaço mais aberto, parece
uma turquesa imensa encravada nas
montanhas, a refletir o céu.
1 FRANCO, Divaldo. Pelos caminhos de Jesus. Amélia Ro-
drigues. Cap. 2.
Suas praias eram salpicadas de
povoados e lugares alegres, onde viviam
os puros sentimentos, confiando nas
bênçãos de Deus.
Já Ernesto Renan2
, assim a descreve :
As redondezas, aliás, são
encantadoras e lugar algum do mundo
foi mais bem-criado para os sonhos de
absoluta felicidade. Mesmo hoje em
dia, é uma excelente estada, talvez
o único lugar da Palestina em que a
alma se sinta um pouco aliviada do
fardo que a oprime no meio dessa
desolação sem igual. A população é
amável e sorridente; os jardins são
2 RENAN, Ernesto. Vida de Jesus. Cap. II
frescos e verdes. Antonino Mártir, no fim do século VI, fez um quadro encantador
da fertilidade das redondezas, que ele compara ao paraíso. Alguns vales do lado
oeste justificam plenamente sua descrição. A fonte em que outrora se concentrava
a vida e a alegria da cidadezinha está destruída; seus canais rachados dão apenas
água turva. Mas a beleza das mulheres que se reúnem à tarde, essa beleza já
observada no século IV e na qual se via um dom da Virgem Maria, conservou-se de
maneira impressionante. É o tipo sírio em toda a sua graça, cheia de languidez. Não
há dúvida de que Maria tenha estado ali quase todos os dias e, com a jarra sobre
o ombro, tenha tomado lugar na fila de suas compatriotas, que permaneceram
obscuras. Antonino Mártir observa que as mulheres judias de outras partes
desdenham os cristãos, mas as dali são cheias de afabilidade. Ainda hoje, os ódios
religiosos são mais brandos em Nazaré.
O horizonte da cidade é estreito, mas, por pouco que se suba e que se atinja o
planalto, fustigado por uma brisa perpétua, que se estende das casas mais altas,
a perspectiva é esplêndida. A oeste, se desdobram as belas linhas do Carmelo,
terminadas por uma ponta abrupta que parece mergulhar no mar. Depois se
9. 16 RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA 17
desenrolam o cume duplo que domina Macedo,
as montanhas da terra de Siquém, com seus
lugares santos do tempo patriarcal; os montes
Gelboé, o pequeno conjunto pitoresco ao qual
se ligam as lembranças graciosas e terríveis
de Sulém e Endor; o Tabor, com sua forma
arredondada, que a Antiguidade comparava a
um seio. Por uma depressão entre a montanha
de Solem e o Tabor se entrevê o vale do Jordão
e as altas planícies de Pereia, que formam
uma linha contínua do lado leste. Ao Norte,
as montanhas de Safed, inclinando - se para
o mar, escondem São João de Acre, mas
revelam o golfo de Calfa. Tal foi o horizonte
de Jesus. Esse círculo encantador, berço do
reino de Deus, representou para ele o mundo
durante anos. Sua infância não foi muito além
dos limites familiares. Porque além, do lado
norte, quase se entrevia,
sobre os flancos de Hermon,
Cesaréia de Filipe, sua ponta
mais avançada para o mundo
dos gentios e, do lado sul,
pressente - se, por trás
dessas montanhas já menos
risonhas da Samaria, a triste
Judéia, ressecada como que
por um vento abrasador de
abstração e morte.
Se por acaso o mundo que
permanecer cristão — mas
com uma melhor noção do
que constitui o respeito às
origens — quiser substituir
por autênticos lugares
santos os santuários apócrifos e mesquinhos a que se apegava a piedade de eras
rudes, é sobre essa altura de Nazaré que ele constituirá seu templo. Ali, no, lugar
do surgimento do cristianismo e no centro de onde se irradia a atividade de seu
fundador, deveria se erguer a grande igreja em que todos os cristãos pudessem
rezar. Ali também, sobre essa terra em que repousa o carpinteiro José e milhares
de nazarenos esquecidos, que não cruzaram o horizonte de seu vale, o filósofo
estaria mais bem situado do que em qualquer lugar do mundo, para contemplar,
o curso das coisas humanas, consolar - se das contradições que elas infligem aos
nossos mais caros instintos, consolidar – se no objetivo divino que o mundo busca
em meio a incontáveis fraquezas e apesar da vaidade universal.
11. 20 21RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA
aA história de Israel se perde na
história da própria antiguidade oriental.
Como lido no primeiro fascículo, as
rivalidades e disputas existentes entre
o Reino Setentrional (Israel) e os povos
circunvizinhos, perduravam no tempo.
Jerusalém, por ser o centro político e
religioso, foi roubada, sucessivamente,
por Filisteus, Árabes e povos errantes do
deserto.
Nabucodonosor II, da Babilônia,
destruiu-a por volta do VI século a.C. e,
nos séculos seguintes, voltou a sofrer
o peso e o jugo de Alexandre Magno,
dos Ptolomeus, dos Selêucidas, dos
Romanos...
Agrupemos nessa paisagem
dessas épocas, o constante e intenso
intercâmbio comercial entre Israel e os
outros povos, independente de quem
fosse o dominador.
Isso configurou em Israel um País de
contrastes de usos, costumes, idiomas.
Nazaré, de modo particular, é descrita por Sholem Asch, em seu magistral livro “O Nazareno”, no
Capítulo XVI, como situada estrategicamente na estrada das caravanas que pelo vale do Jezreel, ia do
Mar Grande a Damasco, e por ali passava. Sita à beira da grande estrada real das caravanas abundava
Nazaré em poços d’água para os animais, com ranchos para pouso ao lado. Carpinteiros especializados
em carretas e rodas tinham sempre muito serviço com as caravanas que passavam, e também com os
agricultores locais, sempre necessitados de charruas de madeira ancinhos, pás e outros implementos.
Jesus ali viveu, nesse meio, quer como menino, quer como adolescente, quer como adulto, quer
como artesão-carpinteiro, Ele e seu pai, José.
Pelo óbvio, sua relação com caravaneiros era constante.
Num outro ângulo da reflexão, muito cedo se manifestou o seu caráter singular.
Considerando o que narra S. Lucas, capítulo 2, versículos 41 e seguintes:
As estradas principais desempenharam um papel
muito importante na história da Terra Santa. As
povoações da Palestina se localizam nas encruzi-
lhadas do Antigo Oriente.
Desde os primeiros tempos as caravanas comer-
ciais viajavam pelas principais estradas, levando
seus produtos, objetos preciosos e artigos de
luxo. Prover as necessidades das caravanas e a
sua segurança tornou-se uma fonte constante de
renda. Essas estradas, porém, não eram abertas
apenas pura o comércio: campanhas e conquistas
militares também as palmilharam no decurso
da História, deixando na sua esteira destruição
e desolação. Na maioria dos períodos, a Terra
Santa foi dominada por poderes estrangeiros, do
norte ou do sul, que procuravam principalmente
tomar posse dessas rotas.
O relevo montanhoso da Palestina dita o curso
das estradas. A principal rota internacional que
liga o Egito com o norte da Síria e a Mesopotâ-
mia, atravessa a Palestina de sul a norte, seguin-
do a linha costeira ao sul até alcançar a barreira
de Nahal Kanah (Nahr el-’Auja), onde era
obrigada a se desviar para o leste, a fim de rodear
Afeque. A seguir, circundava a extremidade leste
da Planície de Sarom ao norte e passava para o
vale de Jezreel, pelo vale de Aruna em direção
a Megido, ou via vale de Dotã. Dali, ela prova-
velmente passava por Bete-Seã, seguindo para o
norte até Azor e o Beca Libanês, ou atravessava o
Jordão até Damasco.
A segunda grande rota era a estrada Real (Nm
21.22), que passa pelo país montanhoso da
Transjordãnia, junto ao deserto. É uma rota se-
cundária que vai de Damasco ao Egito, estando
a sua importância no fato de as estradas para a
Arábia serem ramificações suas.
12. 22 23RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA
Seus pais iam todos os anos a Jerusalém
para a festa da Páscoa. Quando o menino
completou doze anos, segundo o costume,
subiram para a festa. Terminados os
dias, eles voltaram, mas o menino Jesus
ficou em Jerusalém, sem que seus pais o
notassem. Pensando que ele estivesse na
caravana, andaram o caminho de um dia, e
puseram-se a procurá-lo entre os parentes
e conhecidos. E não o encontrando,
voltaram a Jerusalém à sua procura. Três
dias depois, eles o encontraram no Templo,
sentado em meio aos doutores, ouvindo-os
e interrogando-os; e todos os que o ouviam
ficavam extasiados com sua inteligência e
com suas respostas.
Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe
lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim
conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te
procurávamos”. Ele respondeu: “Por que
me procuráveis? Não sabíeis que devo
estar na casa de meu Pai?” Eles, porém,
não compreenderam a palavra que ele lhes
dissera.
Após essa passagem, a narrativa de S.
Lucas continua e sintetiza a existência de
Jesus nos anos seguintes, assim(2:52)
:
E Jesus crescia em sabedoria, em
estatura e em graça, diante de Deus e
diante dos homens.
Mais outra passagem evangélica em que
se destacam aspectos singulares de Jesus,
que, por certo, apresentaram-se-lhe desde
a tenra idade.
Trata-se de S. Marcos, capítulo 6,
versículos 2 a 6, que registrou o que se
passou em Nazaré:
Vindo o sábado, começou Ele a ensinar
na sinagoga e numerosos ouvintes ficavam
maravilhados, dizendo: “De onde lhe vem
tudo isto? E que sabedoria é esta que lhe
foi dada? E como se fazem tais milagres
por suas mãos? Não é este o carpinteiro,
o filho de Maria, irmão
de Tiago, José, Judas e
Simão? E as suas irmãs não
estão aqui entre nós? ” E
escandalizavam-se dEle. E
Jesus lhes dizia: “Um profeta
só é desprezado em sua
pátria, em sua parentela e
em sua casa”. E não podia
realizar ali nenhum milagre,
a não ser algumas curas
de enfermos, impondo-lhes
as mãos. E admirou-se da
incredulidade deles.
Os textos fundamentam
que bem cedo manifestara-
se-lhe faculdades pessoais
excepcionais: sabedoria
ímpar que extasiava os
ouvintes, dons (um dos significados para o termo Graça... “Jesus crescia em
sabedoria, em estatura e em graça...”) para prestar socorro (curas e outros
atendimentos) às almas, e consciência de sua missão: Não sabíeis que devo estar
na casa de meu Pai? Perguntou Ele à sua mãe.
Jesus, enquanto homem, estava sujeito a todas as leis que regulam o
crescimento humano, bem como as tradições e costumes de seu povo e da sua
época. Atendeu aos preceitos religiosos de sua família, frequentou a sinagoga
regularmente, alimentou-se e vestiu-se como de costume. Estudou, como todas as
demais crianças, tendo como mestre-escola o hazzan ou leitor das sinagogas, como
se dava nas pequenas cidades judaicas.
No entanto, com plena ciência das suas razões de existir, como Ele mesmo
revelou aos 12 anos de idade, com a extasiante sabedoria que então já
demonstrava e com os dons que manifestava, sua infância e mocidade e até os 30
anos – quando mais se apresentou ao povo em geral em várias outras cidades –
conclui-se que sua infância e juventude não foi a de uma criança e de um jovem
comum de sua época, no sentido restrito dos termos, quanto a maneira de pensar
e agir de todos, nem foi um período existencial obscuro e inexpressivo, em face da
sua natural pujança espiritual.
13. 24 25RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA
A grandeza deste Espírito não teria como passar despercebida, estivesse Ele
onde e com quem estivesse e em qualquer idade que fosse.
Ele era e é um Ser Sublime. Filho de Deus. Nosso Grande Irmão.
Não teria como se esconder um Sol de Primeira Grandeza num singelo vilarejo
no interior de Israel.
Diante disso, me permito reunir o sabido até aqui sobre Nazaré, seus costumes,
suas atividades, sua época, sobre os constantes peregrinos e caravaneiros ali
passando e ali acampando; sobre a cotidiana relação pessoal e sobre atuação
de Jesus e seu pai, como artesãos-carpinteiros, junto à todos esses viajantes
– além dos seus vizinhos e conterrâneos; e, por conseguinte, sendo Jesus esse
personagem especial que já demonstrava ser, não conseguindo passar anônimo
por onde caminhasse; e pelo que Ele se revelou através de seus feitos inigualáveis
e de seus ensinos imorredouros no tempo que se seguiu, de tal modo significativo
e único foram todos que Ele se tornou marco divisor da História; não deixando de
relembrar que ficou reconhecido como o amor por excelência encarnado na Terra;
e, com base nisso tudo, me permito tecer uma tese pessoal sobre esse período
infância/juventude de Jesus.
As incontáveis caravanas e seus inumeráveis membros, homens, mulheres e
crianças, das mais diversas origens e para os mais variados países de destino, ao
permanecerem em Nazaré por um certo tempo, mantiveram contato com aquela
criança prodigiosa e depois jovem excepcional, que, prestando ou não serviços
de artesão-carpinteiro, ali estava Ele sempre orientando, consolando, alegrando,
falando de Deus, curando, socorrendo.
À exemplo de seu encontro no Templo em Jerusalém, podemos imaginar tardes-
noites em derredor de Nazaré, as barracas armadas, os animais guardados, aqui
e ali crianças brincando sorridentes, uma ou mais fogueiras acesas ao longo do
acampamento, o aroma dos alimentos em cozimento, homens e mulheres sentados
ao derredor, ouvindo palavras de reconforto e esperança, trazidas por aquele Jovem
Amigo e Grande Irmão, cuja fala era um manancial de bênçãos e luzes, como a
reproduzir um cântico celestial.
Momentos inesquecíveis.
Seus ditos e seus feitos tidos como milagres, foram então levados por esses
corações gratos e divulgados nos mais variados países e nas mais distantes
comunidades, ao longo dos anos que Ele permaneceu em Nazaré e redondezas.
Não causaria estranheza supor que, de um tempo em diante, várias caravanas
até desviassem sua rota original para por ali passarem e poderem estar junto de
Jesus, colhendo de suas bênçãos.
Aquele Homem Incomum quando afirmou certa feita, conforme se lê em S. João,
capítulo 5, versículo 17: Meu Pai trabalha sempre e eu também trabalho, explicitou
sua têmpera. Seu ininterrupto trabalho de amor ao próximo, rompendo tabus e
costumes, inclusive de socorrer quem necessitasse num dia de sábado – o que não
era tolerado então -, testificou sua dinâmica de vida. Logo, diante da grandeza de
sua lucidez sobre sua missão na Terra, de sua sabedoria, de seus prodigiosos dons,
não é concebível imaginá-lo apagado, inativo, inoperante, quieto, recluso, sem nada
falar e nada fazer, por 30 anos seguidos, para somente depois revelar-se e agir
somente por 3 anos de messianato.
Messias era desde o seu nascimento. Messias foi durante infância e juventude.
Messias se apresentou ao mundo, intencionalmente como tal, depois dos 30 anos.
Morto pela intolerância e maldade, aos 33 anos.
Sim, muito cedo se manifestou o seu caráter singular. Ele viveu sua natureza
espiritual excepcional com espontaneidade e humildade que Lhe demarcaram a
vida. Foi diuturnamente Ele próprio: Jesus – o Cristo de Deus.
Ora, se a História de então somente Lhe dedicou poucas linhas, depois de tudo o
que Ele fez e ensinou, por que haveria maiores informações sobre quando criança e
jovem?
Mesmo os Evangelistas, com a exceção de Lucas, não se detiveram no período
anterior ao do chamado “público” – dos 30 aos 33 anos -, por entenderem que
esse período de atuação pública, inclusive em Jerusalém, foi o que efetivamente
demarcou os embates entre os dois reinos – o da Terra e o do Céu -, os quais
tinham bem definidas suas finalidades, perfeitamente delineados seus roteiros.
O reino da Terra estava marcado pelas traições, pelo terror, pelo ódio, pela
devastação, pelo não valor a vida e ao homem.
O reino dos Céus, é o reino de paz e justiça, onde a sabedoria sublima as
aspirações. É o reino além-da-terra, cujos alicerces, entretanto, se consubstanciam
na argamassa da terra, no coração das pessoas.
No comentário de Amélia Rodrigues, Espírito, nas páginas psicografadas por
Divaldo Franco e constantes no Prólogo do livro Primícias do Reino, assim fica
retratado o Reino (figura de linguagem) apresentado por Jesus:
Augusto reinava; Ele, porém viera ter com os homens para oferecer as primícias
do Reino que lentamente conquistaria os amargurados e desiludidos espíritos
humanos, após os insucessos e frustrações no reino fantasista dos triunfos
passageiros.
A saga do Celeste Amigo começou numa gruta cavada na encosta do monte, em
suas paredes rochosas, na árida região do entorno de Belém da Judéia, com farta
semeadura de ensinos e bânçãos nos anos seguintes, inclusive durante infância e
mocidade, constando latente no germe de cada semente o mapa para o Norte da
Paz Verdadeira, com a demarcação das coordenadas de luz do Caminho, da Verdade
e da Vida.
A Aurora Nascente não interrompeu sua marcha até se fazer o Sempre Sol do
Meio Dia para a Humanidade.
14. 27
juventude
Jesuse
Tu que estás palmilhando
as rotas da juventude com
que o Criador homenageia-
te as horas, pensa no bem
que podes operar sob o olhar
sublime de Jesus, o Mestre e o
Amor de nossas vidas.
15. 28 29RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA
aAmigo,
Tu que estás palmilhando as rotas da juventude com que o Criador homenageia-
te as horas, pensa no bem que podes operar sob o olhar sublime de Jesus, o Mestre
e o Amor de nossas vidas.
Detém-te, um pouco, ante os mais multiplicados episódios por Ele vividos, e
forja teu caráter de tal modo que possas segui-Lo, sentindo-O mais próximo de ti e
sentindo-te, por outro lado, mais junto do Seu coração.
É na vida do Celeste Amigo, Juventude, que identificamos a Tolerância sem
conivência, a Humildade sem subserviência, a Energia sem violência, a Verdade
sem presunção, a Orientação sem empáfia, o Amor total sem pieguismo…
Observa, meu jovem companheiro, o que tanto há faltado nas relações
humanas, e medita nas razões de tanto sofrimento, de tantos dramas: decisão
firme para o esforço do autoaprimoramento; fidelidade aos compromissos com
Deus; coragem de viver a verdade conhecida; disposição de testemunhar o amor
ao próximo, sem quaisquer temores.
Sendo assim, não negligencies perante teus deveres. Não te retardes. Atende,
por amor.
Quando, Juventude, puderes participar da vida com os valores que o Cristo
exemplificou, sobejamente, terás alcançado os mais felizes objetivos com relação
aos propósitos dos teus dias moços, no mundo.
Ele, pulcro, esteve entre os jovens, concitando-os ao Reino dos Céus; caminhou
entre os adúlteros de todos os tipos, chamando-os à vida digna; falou aos doutores,
convidando-os à real humildade; trabalhou, suportando o mau humor e a antipatia
de tantos e deixou a Terra sob o abandono de quase todos, a todos envolvendo
e conclamando à vitória sobre si mesmos, sobre o mundo moral deficiente e
equivocado.
Juventude e Jesus!
Quando estas duas forças estiverem integradas à daqueles que tudo desejam
realizar, com audácia nem sempre refletida, mas honesta, com a Daquele que
tudo podia operar e limitou-se a cumprir a vontade do Pai, que O enviara,
então, teremos conquistado, com base nos Códigos Supremos da vida da alma,
o eloquente progresso, desde há tanto anelado. A Juventude, vitalizada pela
mensagem de Jesus, será imbatível e incorruptível força progressista, dirigindo
para a perene ventura todos quantos tiverem aproveitado os tempos juvenis para
a sementeira, nos seus próprios rumos, das luzes do trabalho e do amor, como Ele
ensinou.
Ivan de Albuquerque
Psicografia do médium Raul Teixeira, em 04.06.2010.
16. 30 RASTROS DE LUZ | A DESCONHECIDA INFÂNCIA
de
Luzum olhar na história
rastros
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João, o que batizava
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