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9º ano
• O que será que este título quer dizer?
• Sobre o que este texto falará? Qual será o
assunto do mesmo?
• Quando é que fazemos uma PAUSA em
nossa vida? Alguém aqui já deu uma pausa
em sua vida?
Aqui trabalha-se o levantamento de hipóteses, ativação do conhecimento prévio,
antecipação...
?? PAUSA ??
Apresentação do texto para o aluno
 PAUSA
 Às sete horas o despertador tocou. Samuel
saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a
barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem
ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches,
quando a mulher apareceu, bocejando:
 —Vais sair de novo, Samuel?
 Fez que sim com a cabeça. Embora jovem,
tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram
espessas, a barba, embora recém-feita, deixava
ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto
era uma máscara escura.
 —Todos os domingos tu sais cedo – observou
a mulher com azedume na voz.
 —Temos muito trabalho no escritório – disse o
marido, secamente.
 Ela olhou os sanduíches:
 —Por que não vens almoçar?
 —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo.
Levo um lanche.
 A mulher coçava a axila esquerda. Antes que
voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:
 —Volto de noite.
 As ruas ainda estavam úmidas de cerração.
Samuel tirou o carro da garagem. Guiava
vagarosamente, ao longo do cais, olhando os
guindastes, as barcaças atracadas.
 Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o
pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou
apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a
um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou
furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão,
acordando um homenzinho que dormia sentado numa
poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos,
pôs-se de pé:
 —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho
bom este, não é? A gente...
 —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
 — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre -
Estendeu a chave.
 Samuel subiu quatro lanços de uma escada
vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres
gordas, de chambre floreado, olharam-no com
curiosidade:
 —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo
curto.
 Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a
porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de
casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma
bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as
cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de
viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de
cabeceira.
 Puxou a colcha e examinou os lençóis com o
cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e
os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama,
comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os
dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os
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 Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade
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um círculo luminoso no chão carcomido.
 Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma
planície imensa, perseguido por um índio montado
o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No
planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale
entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e
resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma
dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os
olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-
lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando
de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito
soturno de um vapor. Depois, silêncio.
 Às sete horas o despertador tocou. Samuel
saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se.
Vestiu-se rapidamente e saiu.
 Sentado numa poltrona, o gerente lia uma
revista.
 — Já vai, seu Isidoro?
 —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou,
conferiu o troco em silêncio.
 —Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o
gerente.
 —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando
pela porta; a noite caia.
 —O senhor diz isto, mas volta sempre –
observou o homem, rindo.
 Samuel saiu.
 Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou
um instante, ficou olhando os guindastes
recortados contra o céu avermelhado. Depois,
seguiu. Para casa.

 (in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro
contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)
Feita a leitura, que se realizará de maneira coletiva, os alunos
trabalharão o vocabulário do texto (com o auxílio do dicionário), a
fim de melhorarem e ampliarem o entendimento do mesmo.
Discutindo sobre o texto:
1- Nesse conto, o narrador é observador. Ele narra o que acontece na vida da
personagem Samuel/Isidoro.
 a) Quanto tempo transcorre entre o início e o final do conto?
 b) Como o narrador informa o leitor sobre o tempo decorrido?
2- O tempo e o espaço são elementos importantes para a construção do sentido das
narrativas. No conto “Pausa”:
 a) Onde ocorrem os fatos?
 b) Qual deles é mais destacado? Justifique sua resposta.
 c) Como se caracteriza esse lugar?
 d) Que relação há entre o título, o lugar onde ocorre a maioria dos fatos e o
tempo em que acontece a história?
 e) O trajeto que Samuel faz até o hotel, nos traz informações a respeito do
espaço onde acontece a narrativa. Através delas é possível determinar qual o tipo
de cidade que a personagem vive? Ela se parece com a sua?
Aqui será trabalhada a localização e comparações de informações, a generalização e a produção de
inferências.
AO VER ESTAS IMAGENS...É POSSÍVEL PERCEBER ALGUMA SEMELHANÇA COM
O TEXTO? OU ELAS SÃO TOTALMENTE DIFERENTES?
O que o filme tem em comum com o texto Pausa ?
Como as personagens de ambos os gêneros (conto e filme) fogem da realidade
em que se encontram?
Existe algum ou alguns momentos no filme que assim como no conto sugerem
uma mudança na vida de suas personagens?
A mudança acontece somente no cenário(visual) ou ela ocorre também no
textual (falas/linguagens) ? E esta mudança afeta o seu psicológico, sua
personalidade?
Pausa
– Mario Quintana -
Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas
próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa.
Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?
Com algum ciclista tombado?
Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?
E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns
óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos
sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa e, portanto
mais verdadeira…
E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais
vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
E agora?
Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti: “Io
sonno um poeta o sonno um imbecile?”
Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia…
A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não
pensar por ele.
E daí?
– Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança – , o melhor é repor depressa
os óculos no nariz.
A vaca e o hipogrifo. © by Elena Quintana. São Paulo, Globo.
 Será que esta pausa relatada por Mario Quintana é a
mesma relatada por Moacyr?
 “...E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita
imagem-poema, a inquietação perdurará...”
A inquietação que toma conta do autor é semelhante a que percebe-se
na vida de Isidoro/Samuel?
História de passarinho
Lygia Fagundes Telles
 Um ano depois os moradores do bairro ainda se lembravam do homem de cabelo ruivo que enlouqueceu e sumiu de casa.
 Ele era um santo, disse a mulher abrindo os braços. E as pessoas em redor não perguntaram nada e nem era preciso,
perguntar o que se todos já sabiam que era um bom homem que de repente abandonou casa, emprego no cartório, o filho
único, tudo. E se mandou Deus sabe para onde.
 Só pode ter enlouquecido, sussurrou a mulher, e as pessoas tinham que se aproximar inclinando a cabeça para ouvir melhor.
Mas de uma coisa estou certa, tudo começou com aquele passarinho, começou com o passarinho.
Que o homem ruivo não sabia se era um canário ou um pintassilgo. Ô, Pai! caçoava o filho, que raio de passarinho é esse que
você foi arrumar?!
 O homem ruivo introduzia o dedo entre as grades da gaiola e ficava acariciando a cabeça do passarinho que por essa época
era um filhote todo arrepiado, escassa a plumangem de um amarelo-pálido com algumas peninhas de um cinza-claro.
 Não sei, filho, deve ter caído de algum ninho, peguei ele na rua, não sei que passarinho é esse.
 O menino mascava chicle. Você não sabe nada mesmo, Pai, nem marca de carro, nem marca de cigarro, nem marca de
passarinho, você não sabe nada.
 Em verdade, o homem ruivo sabia bem poucas coisas. Mas de uma coisa ele estava certo, é que naquele instante gostaria de
estar em qualquer parte do mundo, mas em qualquer parte mesmo, menos ali. Mais tarde, quando o passarinho cresceu, o
homem ruivo ficou sabendo também o quanto ambos se pareciam, o passarinho e ele.
 Ai!, o canto desse passarinho, queixava-se a mulher. Você quer mesmo me atormentar, Velho. O menino esticava os beiços,
tentando fazer rodinhas com a fumaça do cigarro que subia para o teto, Bicho mais chato, Pai, solta ele.
 Antes de sair para o trabalho, o homem ruivo costumava ficar algum tempo olhando o passarinho que desatava a cantar, as
asas trêmulas ligeiramente abertas, ora pousando num pé ora noutro e cantando como se não pudesse parar nunca mais. O
homem então enfiava a ponta do dedo entre as grades, era a despedida e o passarinho, emudecido, vinha meio encolhido
oferecer-lhe a cabeça para a carícia. Enquanto o homem se afastava, o passarinho se atirava meio às cegas contra as grades,
fugir, fugir. Algumas vezes, o homem assistiu a essas tentativas que deixavam o passarinho tão cansado, o peito palpitante,
o bico ferido. Eu sei, você quer ir embora, você quer ir embora mas não pode ir, lá fora é diferente e agora é tarde demais.
 A mulher punha-se então a falar, e falava uns cinqüenta minutos sobre as coisas todas que quisera ter e que o homem ruivo
não lhe dera, não esquecer aquela viagem para Pocinhos do Rio Verde e o trem prateado descendo pela noite até o mar. Esse
mar que, se não fosse o pai (que Deus o tenha!), ela jamais teria conhecido, porque em negra hora se casara com um homem
que não prestava para nada, Não sei mesmo onde estava com a cabeça quando me casei com você, Velho.
 Ele continuava com o livro aberto no peito, gostava muito de ler. Quando a mulher baixava o tom de voz, ainda furiosa (mas
sem saber mais a razão de tanta fúria), o homem ruivo fechava o livro e ia conversar com o
passarinho que se punha tão manso que se abrisse a portinhola poderia colhê-lo na palma da mão. Decorridos os cinqüenta
minutos das queixas, e como ele não respondia mesmo, ela se calava, exausta. Puxava-o pela manga,
afetuosa, Vai, Velho, o café está esfriando, nunca pensei que nesta idade avançada eu fosse trabalhar tanto assim. O homem
ia tomar o café. Numa dessas vezes, esqueceu de fechar a portinhola e quando voltou com o pano preto para cobrir a gaiola
(era noite) a gaiola estava vazia. Ele então sentou-se no degrau de pedra da escada e ali ficou pela madrugada, fixo na
escuridão. Quando amanheceu, o gato da vizinha desceu o muro, aproximou-se da escada onde estava o homem ruivo e
ficou ali estirado, a se espreguiçar sonolento de tão feliz. Por entre o pêlo negro do gato desprendeu-se uma pequenina pena
amarelho-acinzentada que o vento delicadamente fez voar. O homem inclinou-se para colher a pena entre o polegar e o
indicador. Mas não disse nada, nem mesmo quando o menino, que presenciara a cena, desatou a rir, Passarinho burro! Fugiu
e acabou aí, na boca do gato?
 Calmamente, sem a menor pressa, o homem ruivo guardou a pena no bolso do casaco e levantou-se com uma expressão tão
estranha que o menino parou de rir para ficar olhando. Repetiria depois à Mãe, Mas ele até que parecia contente, Mãe, juro
que o Pai parecia contente, juro!
 A mulher então interrompeu o filho num sussurro, Ele ficou louco.
 Quando formou-se a roda de vizinhos , o menino voltou a contar isso tudo, mas não achou importante contar aquela coisa
que descobriu de repente: o Pai era um homem alto, nunca tinha reparado antes como ele era alto. Não contou também que
estranhou o andar do Pai, firme e reto, mas por que ele andava agora desse jeito? E repetiu o que todos já sabiam, que
quando o Pai saiu, deixou o portão aberto e não olhou para trás.


 In “Cadernos de Literatura Brasileira nº. 5”,
 editados pelo Instituto Moreira Salles, 1998
 Quais as semelhanças existentes entre as
obras de Mário Quintana e Lygia Fagundes
Telles?
 Nos dois contos os protagonistas parecem
insatisfeitos com o seu cotidiano, mas
acabam tomando atitudes distintas. Com
qual dessas atitudes, você mais se identifica?
Aqui será trabalhado a percepção de intertextualidade e de outras linguagens,
bem como a comparação existente entre os gêneros e a capacidade de apreciação
réplica do leitor em relação aos gêneros.

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Pausa - Moacyr Scliar

  • 2. • O que será que este título quer dizer? • Sobre o que este texto falará? Qual será o assunto do mesmo? • Quando é que fazemos uma PAUSA em nossa vida? Alguém aqui já deu uma pausa em sua vida? Aqui trabalha-se o levantamento de hipóteses, ativação do conhecimento prévio, antecipação... ?? PAUSA ??
  • 3. Apresentação do texto para o aluno  PAUSA  Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:  —Vais sair de novo, Samuel?  Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.  —Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.  —Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.  Ela olhou os sanduíches:  —Por que não vens almoçar?  —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.  A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:  —Volto de noite.  As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.  Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:  —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...  —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.  — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.  Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:  —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.  Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
  • 4.  Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.  Dormir.  Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.  Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.  Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá- lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.  Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.  Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.  — Já vai, seu Isidoro?  —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.  —Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.  —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.  —O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.  Samuel saiu.  Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.   (in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)
  • 5. Feita a leitura, que se realizará de maneira coletiva, os alunos trabalharão o vocabulário do texto (com o auxílio do dicionário), a fim de melhorarem e ampliarem o entendimento do mesmo.
  • 6. Discutindo sobre o texto: 1- Nesse conto, o narrador é observador. Ele narra o que acontece na vida da personagem Samuel/Isidoro.  a) Quanto tempo transcorre entre o início e o final do conto?  b) Como o narrador informa o leitor sobre o tempo decorrido? 2- O tempo e o espaço são elementos importantes para a construção do sentido das narrativas. No conto “Pausa”:  a) Onde ocorrem os fatos?  b) Qual deles é mais destacado? Justifique sua resposta.  c) Como se caracteriza esse lugar?  d) Que relação há entre o título, o lugar onde ocorre a maioria dos fatos e o tempo em que acontece a história?  e) O trajeto que Samuel faz até o hotel, nos traz informações a respeito do espaço onde acontece a narrativa. Através delas é possível determinar qual o tipo de cidade que a personagem vive? Ela se parece com a sua? Aqui será trabalhada a localização e comparações de informações, a generalização e a produção de inferências.
  • 7. AO VER ESTAS IMAGENS...É POSSÍVEL PERCEBER ALGUMA SEMELHANÇA COM O TEXTO? OU ELAS SÃO TOTALMENTE DIFERENTES?
  • 8. O que o filme tem em comum com o texto Pausa ? Como as personagens de ambos os gêneros (conto e filme) fogem da realidade em que se encontram? Existe algum ou alguns momentos no filme que assim como no conto sugerem uma mudança na vida de suas personagens? A mudança acontece somente no cenário(visual) ou ela ocorre também no textual (falas/linguagens) ? E esta mudança afeta o seu psicológico, sua personalidade?
  • 9. Pausa – Mario Quintana - Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa. Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas? Com algum ciclista tombado? Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo? E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará. E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa e, portanto mais verdadeira… E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida. Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor. E agora? Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti: “Io sonno um poeta o sonno um imbecile?” Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia… A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele. E daí? – Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança – , o melhor é repor depressa os óculos no nariz. A vaca e o hipogrifo. © by Elena Quintana. São Paulo, Globo.
  • 10.  Será que esta pausa relatada por Mario Quintana é a mesma relatada por Moacyr?  “...E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará...” A inquietação que toma conta do autor é semelhante a que percebe-se na vida de Isidoro/Samuel?
  • 11. História de passarinho Lygia Fagundes Telles  Um ano depois os moradores do bairro ainda se lembravam do homem de cabelo ruivo que enlouqueceu e sumiu de casa.  Ele era um santo, disse a mulher abrindo os braços. E as pessoas em redor não perguntaram nada e nem era preciso, perguntar o que se todos já sabiam que era um bom homem que de repente abandonou casa, emprego no cartório, o filho único, tudo. E se mandou Deus sabe para onde.  Só pode ter enlouquecido, sussurrou a mulher, e as pessoas tinham que se aproximar inclinando a cabeça para ouvir melhor. Mas de uma coisa estou certa, tudo começou com aquele passarinho, começou com o passarinho. Que o homem ruivo não sabia se era um canário ou um pintassilgo. Ô, Pai! caçoava o filho, que raio de passarinho é esse que você foi arrumar?!  O homem ruivo introduzia o dedo entre as grades da gaiola e ficava acariciando a cabeça do passarinho que por essa época era um filhote todo arrepiado, escassa a plumangem de um amarelo-pálido com algumas peninhas de um cinza-claro.  Não sei, filho, deve ter caído de algum ninho, peguei ele na rua, não sei que passarinho é esse.  O menino mascava chicle. Você não sabe nada mesmo, Pai, nem marca de carro, nem marca de cigarro, nem marca de passarinho, você não sabe nada.  Em verdade, o homem ruivo sabia bem poucas coisas. Mas de uma coisa ele estava certo, é que naquele instante gostaria de estar em qualquer parte do mundo, mas em qualquer parte mesmo, menos ali. Mais tarde, quando o passarinho cresceu, o homem ruivo ficou sabendo também o quanto ambos se pareciam, o passarinho e ele.  Ai!, o canto desse passarinho, queixava-se a mulher. Você quer mesmo me atormentar, Velho. O menino esticava os beiços, tentando fazer rodinhas com a fumaça do cigarro que subia para o teto, Bicho mais chato, Pai, solta ele.  Antes de sair para o trabalho, o homem ruivo costumava ficar algum tempo olhando o passarinho que desatava a cantar, as asas trêmulas ligeiramente abertas, ora pousando num pé ora noutro e cantando como se não pudesse parar nunca mais. O homem então enfiava a ponta do dedo entre as grades, era a despedida e o passarinho, emudecido, vinha meio encolhido oferecer-lhe a cabeça para a carícia. Enquanto o homem se afastava, o passarinho se atirava meio às cegas contra as grades, fugir, fugir. Algumas vezes, o homem assistiu a essas tentativas que deixavam o passarinho tão cansado, o peito palpitante, o bico ferido. Eu sei, você quer ir embora, você quer ir embora mas não pode ir, lá fora é diferente e agora é tarde demais.
  • 12.  A mulher punha-se então a falar, e falava uns cinqüenta minutos sobre as coisas todas que quisera ter e que o homem ruivo não lhe dera, não esquecer aquela viagem para Pocinhos do Rio Verde e o trem prateado descendo pela noite até o mar. Esse mar que, se não fosse o pai (que Deus o tenha!), ela jamais teria conhecido, porque em negra hora se casara com um homem que não prestava para nada, Não sei mesmo onde estava com a cabeça quando me casei com você, Velho.  Ele continuava com o livro aberto no peito, gostava muito de ler. Quando a mulher baixava o tom de voz, ainda furiosa (mas sem saber mais a razão de tanta fúria), o homem ruivo fechava o livro e ia conversar com o passarinho que se punha tão manso que se abrisse a portinhola poderia colhê-lo na palma da mão. Decorridos os cinqüenta minutos das queixas, e como ele não respondia mesmo, ela se calava, exausta. Puxava-o pela manga, afetuosa, Vai, Velho, o café está esfriando, nunca pensei que nesta idade avançada eu fosse trabalhar tanto assim. O homem ia tomar o café. Numa dessas vezes, esqueceu de fechar a portinhola e quando voltou com o pano preto para cobrir a gaiola (era noite) a gaiola estava vazia. Ele então sentou-se no degrau de pedra da escada e ali ficou pela madrugada, fixo na escuridão. Quando amanheceu, o gato da vizinha desceu o muro, aproximou-se da escada onde estava o homem ruivo e ficou ali estirado, a se espreguiçar sonolento de tão feliz. Por entre o pêlo negro do gato desprendeu-se uma pequenina pena amarelho-acinzentada que o vento delicadamente fez voar. O homem inclinou-se para colher a pena entre o polegar e o indicador. Mas não disse nada, nem mesmo quando o menino, que presenciara a cena, desatou a rir, Passarinho burro! Fugiu e acabou aí, na boca do gato?  Calmamente, sem a menor pressa, o homem ruivo guardou a pena no bolso do casaco e levantou-se com uma expressão tão estranha que o menino parou de rir para ficar olhando. Repetiria depois à Mãe, Mas ele até que parecia contente, Mãe, juro que o Pai parecia contente, juro!  A mulher então interrompeu o filho num sussurro, Ele ficou louco.  Quando formou-se a roda de vizinhos , o menino voltou a contar isso tudo, mas não achou importante contar aquela coisa que descobriu de repente: o Pai era um homem alto, nunca tinha reparado antes como ele era alto. Não contou também que estranhou o andar do Pai, firme e reto, mas por que ele andava agora desse jeito? E repetiu o que todos já sabiam, que quando o Pai saiu, deixou o portão aberto e não olhou para trás.    In “Cadernos de Literatura Brasileira nº. 5”,  editados pelo Instituto Moreira Salles, 1998
  • 13.  Quais as semelhanças existentes entre as obras de Mário Quintana e Lygia Fagundes Telles?  Nos dois contos os protagonistas parecem insatisfeitos com o seu cotidiano, mas acabam tomando atitudes distintas. Com qual dessas atitudes, você mais se identifica? Aqui será trabalhado a percepção de intertextualidade e de outras linguagens, bem como a comparação existente entre os gêneros e a capacidade de apreciação réplica do leitor em relação aos gêneros.