Este documento apresenta as estatísticas e conceitos básicos sobre o uso de drogas no Brasil e no mundo, incluindo dados demográficos sobre usuários de drogas no Brasil de acordo com uma pesquisa nacional de 2001. Também discute as taxas de consumo de diferentes drogas como álcool, tabaco, maconha, cocaína e ansiolíticos no Brasil em comparação com outros países. Finalmente, analisa características sociodemográficas de pacientes em tratamento para dependência química no Brasil.
2. 2
Drogas e Bioquímica
Qual é o barato?
Departamento de Bioquímica - Instituto de Química
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão
Professores
Alexandre Dermargos Oliveira (dermargos@iq.usp.br)
Elaine Cristina Favaro (ecfavaro@iq.usp.br)
Flávia Riso Rocha (flaviarr@iq.usp.br)
Larissa Martins Gonçalves (larissa@iq.usp.br)
Luiz Eduardo Cabral von Dannecker (luizcvd@iq.usp.br)
Maria Clara Maia Ceolin (mcceolin@uol.com.br)
Paromita Majumder (majumder@iq.usp.br)
Sérgio de Paula Moura (spmoura@yahoo.com)
Silvia Lopes de Menezes (slmenez@iq.usp.br)
Supervisor
Bayardo B. Torres (bayardo@iq.usp.br)
3. 3
USP 2003
Cronograma
Dia Período Tema abordado
Apresentação do curso
Manhã Estatísticas sobre o uso de drogas
06/01/03 Conceitos básicos
Introdução ao sistema nervoso
Tarde
Alucinógenos
Cocaína
Manhã
07/01/03 Cafeína
Tarde Anfetaminas
Manhã Heroína
08/01/03 Álcool
Tarde
Inalantes
Manhã Tabaco
09/01/03
Tarde Maconha
Manhã Debate sobre legalização
Palestra sobre tratamento e detecção
10/01/03
Tarde Avaliação do curso
Encerramento
4. Índice
CRONOGRAMA...........................................................................................................................3
ESTATÍSTICAS E CONCEITOS BÁSICOS.............................................................................6
I LEVANTAMENTO DOMICILIAR SOBRE O USO DE DROGAS NO BRASIL.........................................................6
COCAÍNA....................................................................................................................................15
POTENCIAL DE ABUSO DA COCAÍNA....................................................................................................15
MODO DE AÇÃO NO SNC (SISTEMA NERVOSO CENTRAL)......................................................................16
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DA COCAÍNA...............................................................................................16
METABOLISMO...............................................................................................................................17
CAFEÍNA.....................................................................................................................................19
ANFETAMINAS..........................................................................................................................23
ATIVIDADE 1.................................................................................................................................23
ATIVIDADE 2.................................................................................................................................24
BIOSSÍNTESE DA ADRENALINA..........................................................................................................25
COMPARAÇÃO DAS ESTRUTURAS.......................................................................................................26
MODO DE AÇÃO DAS ANFETAMINAS.................................................................................................26
ÁLCOOL......................................................................................................................................27
INALANTES................................................................................................................................32
TOLUENO......................................................................................................................................32
BROMOPROPANOS...........................................................................................................................34
N-HEXANO...............................................................................................................................35
BENZENO......................................................................................................................................35
NITRITOS......................................................................................................................................37
TABACO......................................................................................................................................39
ATIVIDADE 1.................................................................................................................................39
ATIVIDADE 2.................................................................................................................................40
ATIVIDADE-3.................................................................................................................................42
ATIVIDADE-4.................................................................................................................................44
MACONHA..................................................................................................................................47
5. APOPTOSE ....................................................................................................................................54
QUANDO A MÍDIA FALA SOBRE A MACONHA........................................................................................62
DETECÇÃO DE CANABINÓIDES EM AMOSTRAS BIOLÓGICAS .....................................................................64
APÊNDICES................................................................................................................................66
ESTATÍSTICAS E CONCEITOS BÁSICOS...........................................................................67
DADOS ESTATÍSTICOS.....................................................................................................................67
I LEVANTAMENTO DOMICILIAR SOBRE O USO DE DROGAS NO BRASIL (OUTROS DADOS)..............................68
CUSTOS SOCIAIS DECORRENTES DO USO ABUSIVO DE DROGAS.................................................................70
USO DE DROGAS ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES.............................................................................70
DROGAS E VIOLÊNCIA......................................................................................................................71
DROGAS E TRÂNSITO.......................................................................................................................73
DROGAS E TRABALHO......................................................................................................................74
DROGAS E AIDS...........................................................................................................................75
CONCLUSÕES.................................................................................................................................77
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................77
CONCEITOS GERAIS: DEPENDÊNCIA, ABSTINÊNCIA, TOLERÂNCIA.............................................................78
OUTROS ALUCINÓGENOS..................................................................................................................88
PARA PESQUISAR MAIS.....................................................................................................................90
ÁLCOOL......................................................................................................................................92
O ÁLCOOL NO ORGANISMO...............................................................................................................92
ÁLCOOL E DOENÇAS........................................................................................................................95
SÍNDROMES AGUDAS DE ABSTINÊNCIA..............................................................................................101
INALANTES..............................................................................................................................102
EFEITOS DOS INALANTES NO CÉREBRO.............................................................................................104
ENTREVISTA................................................................................................................................105
MORTE CARDÍACA SÚBITA E SUBSTÂNCIAS DE ABUSO......................................................................107
6. Estatísticas e Conceitos Básicos
I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas no Brasil
Realizado com 8589 pessoas, 12 a 65 anos, outubro a dezembro de 2001, em 107 municípios com
mais de 200 mil habitantes.
Fonte: http://noticias.ul.com.br/inter/reuters/2002/09/04/ult27u25577.jhtm
Usuários de drogas (%) Consumo de Ansiolíticos (%)
Álcool 68,7 EUA 5,8
Tabaco 41,1 Brasil 3,3
Maconha 6,9
Solventes 5,8
Orexígenos 4,3 Consumo de Cocaína (%)
Ansiolíticos 3,3 EUA 11,2
Cocaína 2,3 Holanda 3,7
Xaropes (codeína) 2,0 Dinamarca 3,1
Estimulantes 1,5 Reino Unido 3,0
Anticolinérgicos 1,1 Espanha 3,0
Alucinógenos 0,6 Brasil 2,3
Crack 0,4
Merla 0,2 Consumo de Anorexígenos
Heroína 0,1 ou Estimulantes (%)
EUA 6,6
Consumo de drogas na vida, Holanda 2,0
exceto tabaco e álcool (%) Alemanha 2,0
EUA 38,9 Suécia 2,0
Brasil 19,4 Brasil 1,5
Chile 17,1
Consumo de Heroína (%)
Consumo de Maconha (%) EUA 1,2
EUA 34,2 Brasil 0,1
Reino Unido 25,0
Dinamarca 24,3 Pessoas que se
Espanha 22,2 consideram dependentes (%)
Chile 16,6 Álcool 11,2
Brasil 6,9 Tabaco 9,0
Bélgica 5,8 Maconha 1,0
Colômbia 5,4
Pessoas que se consideram
Consumo de Solventes (%) dependentes de álcool (%), por faixa
EUA 7,5 etária
Brasil 5,8 12 A 17 ANOS 5,2
Espanha 4,0 18 a 24 15,5
Colômbia 1,4 25 a 34 13,5
> 35 10,3
TOTAL 11,2
7. Primeira Análise
Bom, este é o panorama das drogas no Brasil, segundo a pesquisa da SENAD
(Secretária Nacional Anti-Drogas). Você concorda com os resultados obtidos nesta
pesquisa? Eles são similares aos que você encontra a sua volta, no seu bairro, na sua
escola, etc...
Distribuição das prevalências de consumo de substâncias psicoativas na vida, por ano
e localidade. Amostra com adolescentes em idade escolar (Dados em porcentagem)
Ribeirão
Local EUA Londres Ontário Paris México Brasil
Preto
Ano de coleta 1985 1988 1987 1977 1978 1989 1990
Faixa etária 14 – 18 11 –16 14 – 18 14 – 18 14 – 18 13 – 18 13-19
N 17000 3073 4267 499 3408 12335 1025
Álcool 92,0 63,3 68,1 80,0 57, 80,5 88,9
Tabaco 69,0 18,7 24,0 82,0 46,6 29,8 37,7
Maconha 54,0 11,7 15,9 23,0 3,0 3,6 6,2
Anfetaminas 26,0 3,2 3,1 4,0 3,7 4,1 **
Solventes 18,0 11,0 6,1 - 4,4 18,6 31,1
Cocaína 17,0 1,9 3,8 - - 0,8 2,7
Barbitúricos 12,0 - 3,3 6,0 1,5 2,2 --
Tranqüilizantes 12,0 2,7 3,0 6,0 2,2 7,8 --
Alucinógenos 12,0 1,9 - - - 0,7 1,6
Opiáceos 10,0 - - - - 0,5 0,3
** Corresponde aos medicamentos (anfetaminas, tranqüilizantes, xaropes, barbitúricos e anticolinérgicos)
= 10,5 %
Fonte: Muza, GM; Bettiol, H; Barbieri, MA Consumo de substâncias psicoativas por
adolescentes escolares de Ribeirão Preto, SP (Brasil). I - Prevalência do consumo por
sexo, idade e tipo de substância Rev. Saúde Pública, 31 (1): 21-9, 1997
8. Segunda Análise
Há diferença entre o consumo de drogas nos paises desenvolvidos quando
comparado com os paises em desenvolvimento?
Porcentagem de uso de drogas psicotrópicas por adolescentes de escolas com
segundo grau, das redes pública e particular, de acordo com as categorias de usuários
(dados ponderados). Pelotas, RS, 1998. N=2.410
Faixa etária (anos) Sexo
Drogas
10 a 12 13 a 15 16 a 18 19 Masculino Feminino
Álcool 48,9 84 95 92 86,6 87,6
Tabaco 10,1 43 46 47,7 40,1 43
Maconha 1,1 9,8 18,1 17,7 16,6 12,4
Solventes 6,9 11,8 13,5 8,2 14,6 9,9
Cocaína 0,5 1,6 4,2 6,6 4,5 2,4
Ansiolíticos 2,1 7,6 9,9 7,1 5,7 10,1
Anfetamínicos 0,5 2,4 5,3 9,5 2,9 5,5
Outros * 3,8 3,5 2,8 1,9 4,2 2,1
Alucinógenos 0,5 1,8 1,8 1,3 2,1 1,3
Opiáceos 1,1 0,4 0,7 1,2 0,7 0,7
* Xaropes, barbituricos, orexígenos, anticolinérgicos
Fonte: Tavares, BF; Bériab, JU e Lima, MS Prevalência do uso de drogas e
desempenho escolar entre adolescentes Rev Saúde Pública 2001;35(2):150-158
9. Terceira Análise
Nota-se alguma diferença no consumo de drogas, analisando-se por faixa etária
e sexo? Observe as drogas licitas e ilícitas. E explique porque há um consumo maior
de ansiolíticos e anfetamínicos em adolescentes do sexo feminino.
Características sociodemográficas dos Variável %
pacientes de um centro de tratamento
para dependência de drogas do
NEPAD/UERJ, 1986-1993 (N = 468)
Variável %
Sexo
Masculino 87,7
Feminino 12,3
Idade
10 - 20 anos 23,7
21 -30 anos 54,8
> 30 anos 21,1
Situação marital
solteiro 62
casado 26,3
separado 11,7
Raça
Brancos 65,7
Pardos 24,6
Negros 9,8
Situação ocupacional
Trabalham e/ou estudam 58,4
Não trabalham e nem
estudam 41,4
Fonte: Passos, SRL, Camacho, LAB
Características da clientela de um centro de
tratamento para dependência de drogas, Rev.
Saúde Pública, 32 (1): 64-71, 1998.
Características da historia pessoal dos
pacientes de um centro de tratamento
para dependência de drogas do
NEPAD/UERJ, 1986-1993 (N = 468)
10. Pais separados 35,9
Pais com companheiro 16
Adotado 4,6
Abandonado 13,6
Pai ausente 49,6
Rendimento escolar
Repetição de ano 49,8
Expulsão 4,2
Abuso físico 16
Morte dos pais 14
Relacionamento sexual
Nenhum parceiro 54,2
Parceiro único 37,4
Múltiplos parceiros 7,1
Procura ao serviço
Espontânea 85,4
Não espontânea 14,6
11. Quarta Análise
Existe uma associação muito forte entre drogas e sexo. A maior evidencia disso
estaria em filmes (por exemplo, Kids, Cristiane F, entre outros), em propagandas
(Campanha contra AIDS do governo) e em “jargões”, como: Sexo, drogas e rock´n roll.
Analisados os dados estatísticos você concorda com esta afirmação?
Quinta Análise
A Holanda, uma monarquia parlamentar e majoritariamente cristã é o país mais
permissivo e tolerante do planeta, em matéria de sexo, drogas e suicídio. Lá é
permitida a união civil de homossexuais, há uma legislação que controla o
funcionamento de bordéis e, recentemente, o Parlamento aprovou a eutanásia.
Já o consumo de drogas não é definido pela legislação. Em contrapartida, é
admitido pela polícia e pelos tribunais. A tolerância abrange apenas a maconha e
alguns alucinógenos, classificados de “drogas leves” pelas autoridades holandesas.
Cocaína e heroína, ao contrário, são “drogas pesadas” e estão proibidas.
A oferta de Cannabis, nome científico da maconha, consta dos cardápios de
1.500 bares e cafés (coffee shops) da Holanda. Cada consumidor pode comprar no
12. máximo 5 gramas por dia para uso próprio, afastando assim os consumidores das
“drogas leves” do mercado negro.
Algumas pessoas contrárias à legalização de drogas leves, utilizam o argumento
de que sem punição, o uso vai aumentar e usam alguns dados como este: “a Holanda
liberou o uso de maconha e ele subiu 400%. Nos Estados Unidos, o uso de álcool caiu
50% com a Lei Seca (1920-33) e só voltou ao nível anterior em 1970.”1. Comparando
com o gráfico acima, você concorda com estas afirmações? Como é o consumo de
drogas (maconha e cocaína) na Holanda comparada com os seus vizinhos europeus e
com o nosso Brasil?
Conceitos Gerais: Dependência, Abstinência, Tolerância
"Entre meus 16 e 23 anos, fiz de tudo que um drogado pode fazer. Fumei maconha,
usei cocaína e crack. Depois que meu pai morreu, torrei uma poupança que ele havia
deixado e fui vendendo tudo o que havia em casa. Minha mãe internou-me em uma
clínica, mas eu fugi - eles apenas trocavam a dependência da droga pela dos
remédios. Mergulhei de novo na droga e certa vez fiquei oito dias praticamente sem
dormir, acordando e fumando sem parar. Via minha mãe chorando e não sentia nada.
Em maio de 1997, aceitei ir para o Recanto de Vida, porque não era uma clínica.
Acordava às 6 da manhã, fazia educação física, cuidava de plantas, aprendia a
cozinhar. Acabei gostando de cumprir as tarefas de todo dia. Quando saí, achando que
estava bom, tive uma recaída; ironicamente, esta foi a melhor coisa que me aconteceu,
pois me fez perceber que apenas eu, ninguém mais, poderia mudar a minha vida.
Nesta segunda vez, internado por convicção, melhorei de verdade. Aprendi os meios
de me defender. Fiz um curso de consultor terapêutico e trabalho na própria Revim, a
comunidade onde estive. Sei, hoje, que a grande alegria não é receber, mas ajudar".
André Luiz G. Ribeiro, 29 anos, monitor.
1
Texto adaptado da Revista Época (Edição 152 de 16/04/2001) e dos sites
http://www.antidrogas.com.br/legislacao.asp e http://www.terravista.pt/Meco/1185/pshol2.html.
13. André com certeza conhece histórias de pessoas que foram dados como
perdidos no mundo das drogas. Alguns melhoraram, outros pioraram, uma porção
retornaram seguidas vezes para uma clínica e, por fim, passaram a viver uma vida
praticamente normal.
Passaram? Então por que há tanta gente que não volta? Por que outros morrem
de overdose? E quem garante que no futuro o dependente não vai voltar a consumir?
São perguntas desafiadoras, numa sociedade onde meninos começam a consumir
cola, crack e maconha antes dos 12 anos e onde parece não ter fim o drama de figuras
como o ex-Polegar, Rafael Ilha Pereira, que com 26 anos de idade e dez de
dependência, vive saindo de uma crise para entrar em outra. Não é preciso ser
especialista para saber que, para cada Dinei (o jogador de futebol do Corinthians, que
se safou da cocaína - ver depoimentos na próxima página) há um Maradona (o jogador
argentino que não consegue livrar-se dela); que para um Zé Ramalho (o cantor de
MPB, outro a vencer a dependência), ou um Eric Clapton (que também se curou e até
abriu uma clínica para ajudar outros dependentes), há uma Elis Regina (a cantora que
morreu de overdose em 1982), ou um Chet Baker (o trompetista que se matou ao fim
de uma longa dependência). Enfim, nesse campo é preciso ter cautela antes de se
cantar vitória.
‘As drogas de abuso constituem um grupo farmacológico
extremamente heterogêneo, pouco existe em comum entre a
morfina, a cocaína e os barbitúricos. O único elemento que os une
é o fato das pessoas derivarem prazer da sensação produzida por
essas substancia e tenderem a querer a repetir a mesma
experiência. Isto se torna problemático, quando o desejo e tão
intenso que passa a dominar a vida do individuo, impedindo de
viver uma vida aceita pela sociedade e quando o próprio hábito
causa danos ao individuo e ou a comunidade” .
Você acabou de ler dois textos. O primeiro foi adaptado da Revista Galileu e o segundo
de um livro (Farmacologia Aplicada, Rang e Dale). Com base nos relatos acima, nos
gráficos a seguir e com os seus conhecimentos prévios, como você definiria:
• Dependência
• Tolerância
• Abstinência
14. Usuarios que se tornam dependentes, em % nos EUA
Inalantes
Tranquilizantes
Alcool
Aluciongenos
Maconha
Estimulantes
Sedativos
Cocaina
Heroina
Nicotina (1996)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Fonte: The Economist/EMCDDA 2000 Annual Report, FDA, SAMHSA
Intensidade de tolerâncias farmacocinética e farmacodinâmica e dependências
psíquica e física induzidas por fármacos de uso não médico
Fármaco Tolerância Dependênci Dependênci
a psíquica a física
Etanol ++ +++ +++
Barbitúricos ++ +++ +++
Opióides ++++ ++++ ++++
Anfetaminas +++ +++ +
Cocaína + +++ +
LSD +++ + ++
Maconha + +
Solventes voláteis ++ +
Nicotina ++ ++ ++
OBS.: A intensidade da dependência física é ilustrada pela magnitude da síndrome de
abstinência correspondente.
15. Cocaína
Potencial de abuso da cocaína
Observe a figura abaixo, ilustrando um dos experimentos clássicos utilizado em
toxicologia de drogas de abuso. Neste experimento, o animal tem à sua disposição
uma alavanca que, quando pressionada leva à aplicação de um estímulo elétrico em
determinada região do seu cérebro, mais especificamente, na região do sistema
límbico. Este experimento é feito variando-se a freqüência (ou seja, a intensidade)
destes estímulos.
Utilizando-se esta metodologia, foi obtida a curva em linha cheia (vide gráfico
abaixo). Como poderia ser explicado o perfil desta curva?
A curva em linha tracejada mostra uma outra situação: neste caso, o animal,
antes de ser submetido à condição descrita acima, recebe uma injeção intraperitoneal
de cocaína e observa-se uma alteração no seu comportamento em relação aos
“apertões” na alavanca. Como foi alterado o seu comportamento? Como isto poderia
ser explicado? Como você imagina o comportamento do animal no máximo de resposta
16. alcançada (y ~ 70)? Qual seria a explicação para em ambos os casos ser atingido um
máximo de resposta (platô)?
Avaliação de reforço primário da cocaína
Camundongo (+) administração de
cocaína
Camundongo (-) administração de cocaína
90
80
70
"Apertões"/ min
60
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100
Frequência do estímulo (Hz)
Adaptado de: Wise et al,1992. Self-stimulation and drug reward mechanisms. Ann N Y
Acad Sci. 1992 Jun 28;654:192-8.
Modo de ação no SNC (sistema nervoso central)
1. Apresentação da animação do efeito da cocaína no SNC no computador (peça
auxílio a um dos professores).
2. Volte ao exercício anterior. Sabendo agora qual o mecanismo de ação da
cocaína no SNC (sistema nervoso central), você teria hipóteses adicionais que
pudessem explicar o perfil dos gráficos apresentados?
Vias de administração da cocaína
A cocaína pode ser administrada de diferentes modos: pela via oral (através do
chá de coca ou mascando as folhas de coca), por via intravenosa, pulmonar (quando
fumada) e nasal (aspiração do pó de cloridrato de cocaína). Abaixo temos um gráfico
que relaciona os níveis plasmáticos de cocaína no passar do tempo para as diferentes
17. vias de administração apresentadas. A partir destes dados, descreva cada via de
administração com relação a:
-Pico de concentração plasmática
-Duração dos efeitos da cocaína
-Tempo para iniciar o efeito
-Intensidade do efeito
Relembrando o conceito de reforço primário de uma droga: qual via de
administração da cocaína faz com que o usuário experimente um reforço maior para
voltar a usar a droga?
Para responder, leve em conta também as seguintes informações:
Concentração
Plasmática
Via Pureza % (teor de cocaína)
Oral Mascar folha de coca: 0,5-1
Intranasal 20-80
i.v. 7-100
Pasta de coca: 40-85
Intrapulmonar
Base livre: 90-100
(fumada)
Crack 50-95
Metabolismo
Além do efeito central da cocaína, responsável pelo efeito prazeroso decorrente
do uso da droga, ocorrem também efeitos periféricos decorrentes do seu uso, como
midríase, hipertermia, taquicardia, aumento da pressão arterial, tremores e arritmias.
Sabemos também que a cocaína possui uma meia-vida de ~50 minutos.
18. OBS: t1/2 =meia-vida= tempo que leva para diminuir à metade o nível de uma
substância no organismo em decorrência de sua metabolização.
Diferentes metabólitos podem ser formados a partir da cocaína. Dentre estes, o
principal é a benzoilecgonina, que pode ser encontrada na urina 2 a 5 dias após o uso
da droga (ou após 10 dias para altas doses) e é usada para detecção de usuários.
Observe abaixo a reação que gera a benzoilecgonina.
Cocaína Cocaína Benzoilecgonina
Os usuários de cocaína muitas vezes costumam associar esta droga com
outras. Dentre estas associações, podemos citar como exemplo o bazuco, quando
maconha e cocaína são fumadas juntas, ou mesmo os speedballs, combinação de
cocaína com heroína. Contudo, a associação mais freqüente é a com o álcool, um
depressor do sistema nervoso central. Entretanto, tal associação gera, mediante
reação entre a cocaína e o etanol, o metabólito denominado cocaetileno (estrutura
abaixo), que é eqüipotente à cocaína e que possui meia-vida de ~ 2 h.
Cocaetileno
1. Como você explicaria a razão para se associar a cocaína com o etanol?
2. Quais devem ser as conseqüências da geração de cocaetileno no organismo?
19. Cafeína
Figura 1: Conteúdo de cafeína em alimentos populares, bebidas, refrigerantes e energéticos (Slavin &
Joensen. Caffeine and sport performance. The Physician and Sports Medicine, 13:191-193, 1995).
Produtos Cafeína (mg) Produtos Cafeína (mg)
Café (xícara de 150 mL) Produtos com chá
De máquina 110-150 Chá instantâneo 12-28
De coador 64-124 (Xícara de 150 mL)
Instantâneo 40-108 Chá gelado 22-36
Descafeinado inst. 2-5 (Xícara de 350 mL)
Chá Chocolate
(Granel ou Saquinhos)
(xícara de 150 mL) Feito a partir de mistura 6
Chocolate ao leite
(28g) 6
Chocolate de conf.
Infusão de 1 minuto 9-33 (28g) 35
Infusão de 3 minutos 20-46
Energéticos
Infusão de 5 minutos 20-50 (mg/250mL)
Refrigerantes
(mg/350mL) Flash Power 80
Red Bull 80
Coca-Cola 46
Medicamentos
Diet Coke 46 (mg/cápsula)
Pepsi Cola 38.4
Diet Pepsi 36 Vivarin 200
Guaraná 30 Tylenol 0-30
Soda/Sprite 0 Aspirina 0-30
Figura 2: Classificação do usuário em relação à ingestão diária de cafeína (Adaptado
de Daniels et al., 1998; Graham & Spriet, 1991; Van Soeren et al., 1993).
Quantidade de cafeína (mg/dia) Possibilidade de Habilitação Tipo de Usuário
>720 Sim Usuário intencional
450-720 Sim Usuário moderado
120-150 Sim Usuário habitual
20. 30-100 Não Usuário não habitual
<20 Não Não usuário
Escreva nesta página as suas perguntas sobre a cafeína que você acha que
possam vir a serem esclarecidas nesta aula de bioquímica - alguma dúvida ou
curiosidade que você sempre quis ver respondida sobre a cafeína, seus efeitos e
sensações.
21. Mecani
Mecanismo de
Mecani
1) o hormônio se l
2) a Proteína G é a
3) a Proteína G ati
Funcionamen
4) a adenilato cicla
receptores de
Efeitos
de AMPc (adenosi
cíclico)
Os receptores d
22. Efeitos
Efeitos na fad
Efeitos
receptores de
localizados n
cafeína: estim
Efeitos na pe
Efeitos
receptores de
23. Anfetaminas
Atividade 1
Elaborar em grupo um esquema a partir do texto “Anfetamina e Doping”
utilizando cartolina, canetas coloridas e régua.
Apresentar a montagem do esquema para a classe.
Texto 1: Anfetamina e o Doping
A anfetamina, a metanfetamina, a dextroanfetamina e outras, por induzirem
estimulação do SNC, propiciam maior quantidade de trabalho físico, e estão incluídas
como substâncias proibidas em competições esportivas. Essas drogas liberam grandes
quantidades de adrenalina dos neurônios. A adrenalina, transportada pela corrente
sangüínea até as células musculares, liga-se a sítios receptores específicos na
membrana celular do músculo e ativa a proteína G. Assim que estes sítios na
membrana plasmática são ocupados, a adenilato ciclase é convertida de um estado de
repouso inativo a um estado de atividade máxima. A adenilato ciclase produz o AMP
cíclico (AMPc) a partir de ATP. O AMP cíclico está no interior da célula e fica
aumentado no músculo de 100 vezes ou mais. O AMP cíclico ativa a proteína quinase
e esse é o primeiro passo numa amplificação em cascata que converte a proteína
quinase de sua forma inativa em ativa. Esta por sua vez transforma a fosforilase b
(inativa) em fosforilase a (ativa) e esta estimulação da fosforilase promove a quebra do
glicogênio produzindo grandes quantidades de glicose1-fosfato e, a partir dessa,
glicose-6-fosfato. A conversão da fosforilase b a fosforilase a é considerada como
mecanismo para aumentar a velocidade da glicogenólise. Por outro lado, não só a
fosforilase é ativada por uma elevação na concentração de AMP cíclico, mas também a
proteína-quinase ativa converte a glicogênio-sintase ativa em sua forma inativa. Assim,
o desdobramento e a síntese de glicogênio não ocorrem simultaneamente, um aspecto
importante do controle metabólico do glicogênio.
Embora o músculo esquelético contenha pouca quantidade de glicogênio,
quando comparado ao fígado, o glicogênio muscular é essencial ao organismo porque
sua quebra pela fosforilase ativa fornece uma fonte imediata de glicose 6-fosfato para
24. ser metabolizada na glicólise até ácido lático e para produção de ATP, fornecendo
energia para as atividades violentas e rápidas.
Atividade 2
Os professores receberam um crachá contendo parte de uma frase de dois
textos: “Rebite e Ecstasy”. O grupo deve se organizar de modo a colocar as frases em
uma seqüência lógica. Em seguida cada grupo deve apresentar as frases para o
restante da classe. O outro grupo fará a leitura do texto e se julgar necessário deverá
fazer alguma alteração na ordem das frases.
Texto 2: Rebite
• a pessoa tem insônia, inapetência, sente-se cheia de energia fala mais rápido
ficando “ligada”
• anfetaminas afetam os comportamentos humanos
• ao parar de tomar a pessoa sente astenia ficando deprimida
• bastante aumentado e excessivamente prolongado e a pessoa “apaga” de repente
• caminhoneiros ingerem comprimidos conhecidos como rebites
• doses exageradas provocam paranóia e alucinações
• já imaginou as conseqüências se isso ocorre quando se está dirigindo?
• o cansaço aparece horas mais tarde quando a droga já se foi do organismo
• o principal fator de risco é quando passa o efeito, podendo acontecer antes do
esperado
• o sono vem mais rapidamente do que o habitual
• o tempo de ação não é inteiramente previsível
• os efeitos dependem da dose, do peso, da personalidade e da sensibilidade de
cada um
• produzem dilatação da pupila deixando os motoristas ofuscados pelos faróis à noite
• provocam taquicardia, hipertensão, broncodilatação
• se uma nova dose for tomada as energias voltam, mas com menos intensidade
25. Texto 3: Ecstasy
• a liberação excessiva danifica terminações nervosas interferindo na tomada de
decisão, julgamento e memória
• a serotonina acaba e a biossíntese não atende a demanda
• associado a bebidas alcoólicas pode provocar choques cardiorespiratórios
• chega-se ao estado de depressão e esgotamento entre 6 e 8 horas após ingestão
da droga
• conhecido como ecstasy, X, E, XTC, Adam e tem intensa atividade psicotrópica
• é o mesmo sítio ativado por drogas psicodélicas
• é vendida na forma de pó, drágeas ou em cápsulas
• está associado ao humor, euforia, as sensações amorosas
• facilita a comunicação devido à supressão do medo e da insegurança
• interfere nos neurônios que contém serotonina
• liberando todo o seu estoque mesmo sem impulso nervoso
• MDMA em 1912 foi sintetizado e patenteado pela Merck
• nas raves os usuários costumam ingerir litros de água
• por dificultar a sua recaptação e estimular sua liberação pelos neurônios pré-
sinápticos
• provoca espasmo muscular, elevação da temperatura até 42 ºC e intensa
desidratação
Biossíntese da Adrenalina
27. Álcool
MAPA I
ALIM TO
EN S
POLISSA RÍD S
CA IO PROTEÍN S
A LIPÍD S
IO
Glicose A inoácidos
m Ácido Graxo
CO 2
N D
A + N D
A H
FAD FA H
D 2
A P+P
D i
O2
H2O
ATP
MAPA II
POLISSACARÍDIOS PROTEÍNAS LIPÍDIOS
GLICOSE AMINOÁCIDOS ÁCIDOS GRAXOS
Asp Gly Leu Glu
Ala Ile
Ser Lys
Cys Phe
NAD+ NADH
Lactato Piruvato (3)
CO2
Acetil-CoA (2)
CO2
Asp – aspartato Oxaloacetato (4) Citrato (6)
Gly – glicina
Ala – alanina
Malato (4) Isocitrato (6)
Ser – serina
Cys – cisteína CO2
Leu – leucina Fumarato (4) α Cetoglutarato (5)
Ile – isoleucina
CO2
Succinato (4)
28. O metabolismo do etanol inicia-se com as seguintes reações:
OH O
Enzima 1
H3C CH2 + NAD+ H3C C H + NADH + H+
Etanol Acetaldeído
O O
Enzima 2
H3C C H + H2O + NAD+ H3C C O- + NADH + 2 H+
Acetato
O O
Enzima 3
H3C C O- + ATP + CoA H3C C CoA + AMP + PPi
Acetil-Coenzima A
Questões para Estudo
1. Quatro indivíduos, da mesma idade, peso e altura, fizeram adições à sua dieta. O
indivíduo A adicionou 63 g de carboidrato; B, 28 g de lipídio; C, 63 g de proteína e
D, 36 g de etanol. Consultando a tabela seguinte, prever qual dos indivíduos
ganhará mais peso.
Alimento Valor calórico (kcal/g)
Carboidrato 4
Lipídio 9
Proteína 4
Etanol 7
2. Usando o Mapa II, estabelecer entre carboidratos, proteínas e lipídios, quais são
as interconversões possíveis.
3. A quantidade celular de [NAD+ + NADH] é pequena e constante. Se houver uma
ingestão de grandes quantidades de etanol, qual forma da coenzima deve
predominar?
4. Que conseqüência acarreta a ingestão de grande quantidade de etanol sobre o
equilíbrio entre piruvato e lactato?
5. Na condição descrita em 3 e 4, é possível converter glicina, alanina, serina e
cisteína a glicose?
29. 6. Sabendo que a conversão de aminoácidos a glicose (gliconeogênese) é um
processo importante para a manutenção da glicemia (concentração plasmática de
glicose) durante os períodos de jejum, qual a conseqüência da alta ingestão de
etanol sobre o nível glicêmico?
7. Indivíduos em pré-coma alcoólico são habitualmente tratados por administração
intravenosa de glicose. Este procedimento é justificável?
8. A maior parte dos efeitos da embriaguez (náuseas, vômitos aumento da pressão
arterial, rubor facial e desconforto geral) é provocada por níveis elevados de
acetaldeído. Com base nas seguintes informações, comparar a sensibilidade a
etanol entre as populações ocidental e oriental:
a. A atividade da enzima 1 é maior nos orientais do que nos ocidentais.
b. A atividade da enzima 2 é maior nos ocidentais do que nos orientais.
9. O medicamento Dissulfiram inibe a enzima 2. Por que sua administração é
utilizada na tentativa de recuperação de alcoólatras?
10. Observe as reações de metabolização do etanol e indique qual metabólito do
Mapa II terá sua concentração aumentada.
11. As concentrações dos metabólitos do Ciclo de Krebs são sempre constantes. Com
base na sua resposta da questão anterior e nos equilíbrios do Mapa II, o que pode
acontecer com as células hepáticas de um consumidor crônico de álcool
(alcoolismo).
12. Sabendo que os lipídios precisam de proteínas para ser transportados do fígado
para o tecido adiposo, que conseqüência terá a alta ingestão de etanol?
Etanol no sistema nervoso
Efeitos diretos na membrana:
Da mesma forma que os hipnóticos, sedativos e agentes anestésicos gerais, o
álcool é solúvel nos lipídios das membranas celulares, o que a torna mais densa e
mecanicamente estável. Este fato interfere em inúmeros processos que exigem
mudanças rápidas e reversíveis na estrutura da membrana.
As mudanças rápidas nos fluxos de Na+ e K+ que são as bases do potencial de
ação, sofrem redução. A condução do impulso nervoso e a contração muscular
(músculos lisos, esqueléticos e cardíacos) são, portanto, deprimidas frente à
30. concentração de álcool relativamente alta. Quanto menor o diâmetro da fibra nervosa,
maior será o efeito de uma dada quantidade de etanol.
O transporte ativo de Na+, K+ e aminoácidos diminui em decorrência da inibição
da ATPase da membrana. Esta inibição diminui processos como, por exemplo,
recaptura de noradrenalina nas terminações nervosas simpáticas, que é relacionada
com canais de Na+.
O álcool fluidifica as membranas, dissolvendo o componente lipídico e
diminuindo a viscosidade. Com o tempo, a membrana celular torna-se mais rígida e
menos sensível ao efeito fluidificante do álcool. Estas alterações seriam consistentes
com o desenvolvimento de tolerância (devido à menor sensibilidade da membrana,
precisar-se-ia maior quantidade de álcool) e na ausência de álcool, o desarranjo da
membrana pode contribuir para o aparecimento dos sintomas de abstinência. De fato,
as membranas de células sinápticas de animais tolerantes ao álcool mostram
resistência aos efeitos do etanol. Todavia este mecanismo é incapaz de explicar toda a
complexidade dos fenômenos de tolerância e dependência física.
Etanol x GABA
Para entender a ação do álcool é preciso examinar o papel dos
neurotransmissores – moléculas que fazem a comunicação entre as células nervosas
na altura das sinapses. A molécula de GABA (ácido gama-aminobutanóico), sintetizado
a partir do aminoácido glutamato, normalmente age ligando-se num sítio específico dos
canais iônicos da célula nervosa de uma sinapse, inibindo a atividade celular. Essa
inibição resulta da distorção causada pelo GABA na estrutura local da membrana da
célula, alargando na essência os canais através dos quais os íons Cl- podem passar
em direção à célula.
A concentração interna mais alta desses ânions modifica a diferença de
potencial através da membrana e a célula torna-se incapaz de disparar
(hiperpolarização). O neurotransmissor GABA é responsável pela maior parte da
inibição de sinapses do Sistema Nervoso Central.
A molécula de etanol liga-se à mesma proteína que a molécula de GABA, mas
numa posição vizinha, e a distorce ligeiramente. Em conseqüência, o GABA pode se
ligar mais facilmente à proteína. Portanto, a presença de etanol no fluido que circunda
a sinapse influencia indiretamente o disparo e a voltagem graças à membrana da
31. célula nervosa, através do fortalecimento da ligação da molécula de GABA e da
abertura dos canais de Cl-.
Outro efeito fisiológico que acompanha a ingestão de bebidas alcoólicas é a sua
interferência na produção de alguns hormônios antidiuréticos, o que conduz à secreção
exacerbada de água. O álcool também causa a dilatação dos vasos sangüíneos,
resultando num aumento da do fluxo de sangue através dos capilares subcutâneos, o
que dá coloração rosada à face, juntamente com a sensação de calor.
Questões para Estudo
1. 1 A partir do texto acima, explique se o álcool é depressor ou estimulante do
SNC.
2. A figura abaixo mostra um esquema do canal de cloreto estimulado por GABA e
os sítios de ligação para diversas drogas.
Explique o que pode ocorrer se um indivíduo consumir álcool em associação
com as seguintes drogas: Aspirina, Valium (benzodiazepínico), Fenobarbital
(antiepilético).
32. Inalantes
Tolueno
Figura 1. Danos ao cérebro de uma pessoa que abusava de tolueno
As imagens acima demonstram visivelmente atrofia (encolhimento) do cérebro
de uma pessoa que abusava de tolueno (B), comparado ao cérebro uma pessoa
normal (A). Nota-se o tamanho menor e o grande espaço vazio (preto) no cérebro da
pessoa que abusava de tolueno (O círculo externo branco, em ambas as imagens, é o
crânio). (site: http://www.nida.nih.gov/DrugPages/Inhalants.html)
33. Figura 2. Deterioração das Fibras Nervosas em uma pessoa que abusava de inalantes
As regiões coradas mais escuras mostram áreas onde as fibras nervosas
perderam a sua camada isolante, essa porção de tecido foi removida do cérebro de
uma pessoa que abusava de inalantes.
(site: http://www.nida.nih.gov/DrugPages/Inhalants.html)
Figura 3
34. Bromopropanos
Foi realizado um estudo com ratos expostos a 1000 ppm de 2-bromopropano e
1-bromopropano. Durante as 5 primeiras semanas de exposição, ratos do grupo de 1-
bromopropano começaram a andar com dificuldade, com o seu membro inferior sendo
arrastado pelo chão com a pata virada para cima. Esses membros acabaram sofrendo
paralisia. Os outros ratos demonstraram os mesmos sinais após 6 semanas de
exposição. O peso corpóreo dos ratos paralisados diminuiu drasticamente e eles
chegaram a emagrecer seriamente. Então, eles foram sacrificados para estudo
histopatológico.
O estudo histopatológico consiste em fazer lâminas com as células dos ratos e
verificar se houve alguma mudança nos seus tecidos e células. No caso desses ratos
foram feitas lâminas dos neurônios e foi observado que no caso dos ratos controles,
não expostos a bromopropanos, esses neurônios estavam normais. Porém, quando
foram analisados os neurônios dos ratos expostos a 1000 ppm de 2-bromopropano foi
verificado o acúmulo de neurofilamentos nos nódulos de Ranvier, formando estruturas
aumentadas como bolas (figura 4.). Além disso, também foi observado, nos ratos
expostos a 1-bromopropano, a destruição do axônio e da mielina dessas regiões
afetadas. (Environmental Research Section A 85, 48-52, 2001)
Figura 4.
PERGUNTA:
1. O que é anatomicamente a camada isolante?
2. O nosso corpo funciona através de sinais que chegam no nosso cérebro através
dos neurônios, o que você esperaria se esses sinais fossem bloqueados ou
simplesmente diminuíssem?
35. n-HEXANO
O termo neuropatia (danos ao neurônio) por hexacarbonetos tem sido aplicado
para uma síndrome que induz quimicamente axonopatia, danos ao axônio, porque os
agentes conhecidos por produzir essa axonopatia possuem todos 6 carbonos na sua
estrutura. n-pentano, com 5 carbonos, e n-heptano, com 7 carbonos, não
demonstraram indução a neuropatias nem distúrbios na velocidade de condução do
nervo. A exposição a n-hexano, com 6 carbonos, gera metabólitos como 2-hexadiona,
5-hidroxi 2-hexadiona, 2,5-hexadiona, que são os responsáveis por esse efeito. (J.
Toxicol. Environ. Health 6:621-31 1980)
Assim como no exercício anterior, já está bem estabelecido que a neuropatia é
precedida de acúmulo neurofilamentos nos nódulos de Ranvier, no axônio. Esse
acúmulo de neurofilamentos tem sido associado ao bloqueio da rapidez no transporte
axonal. Em resumo, a reunião de proteínas filamentares presentes no neurônio
próximas aos nódulos de Ranvier resultam na agregação neurofilamentar, levando a
obstrução do transporte do impulso nervoso no axônio, e assim, causando a
degeneração do neurônio. (Brain Res, 133:107-18)
Uma diminuição da energia do metabolismo também tem sido proposta para
explicar o mecanismo de ação neurotóxica desses compostos com 6 carbonos.
Estudos levam a hipótese de que esses compostos inibem as enzimas da via
glicolítica, dependendo da dose. A inibição dessas enzimas também tem demonstrado
bloqueio na velocidade de condução no axônio. (Brain Res. 202:131-42, Ann. Rev. Pharmacol.
Toxicol. 22: 145-66)
PERGUNTAS:
1. Um fabricante de cola lançou a seguinte campanha: “Não é tóxica por não conter
tolueno”, mas na sua formulação essa cola contém n-hexano. Será que a informação
passada pelo fabricante é verdadeira?
2. Qual é a implicação da inibição das enzimas da via glicolítica?
Benzeno
Assistir ao software – RADICAIS LIVRES
36. A grande produção de metabólitos de benzeno no fígado é demonstrada pelo
seu transporte na medula óssea e outros órgãos.
Figura 5.
Aumento na Produção Dano ao DNA
Benzeno HQ, HB e HT
de Radicais Livres
Tabela 1. Impacto dos metabólitos do benzeno: a hidroquinona (HQ), a p-
benzoquinona (BQ) e a 1,2,4-benzenotriol (BT), na produção de radicais livres e fatores
antioxidantes em células (Environmental Health Perspectives 104(6), 1996).
Fator HQ BQ BT
Superóxido ↑ ↑ ↑
Óxido Nítrico ↑ ↑ =
Peróxido de Hidrogênio ↑ ↑ ↑
Catalase ↓ ↓ =
SOD ↓ = ↓
Vitamina C = = =
Glutationa (GSH) ↓ = ↓
Legenda: (=) sem mudança, (↓ diminuição, (↑) aumento
)
Tabela 2. Número de linfócitos B (x 106/baço) em ratos que inalaram 0, 1, 10, 100 e
200 ppm de benzeno por até 8 semanas (média de 3 ratos) (Toxicology 118: 137-148, 1997).
Ar Benzeno
Semanas de Exposição
(controle) 1 ppm 10 ppm 100 ppm 200 ppm
1 semana 70 ± 2 78 ± 9 63 ± 2 45 ± 8 31 ± 3
2 semanas 68 ± 6 62 ± 7 44 ± 6 27 ± 1 10 ± 2
4 semanas 68 ± 7 72 ± 6 63 ± 2 17 ± 7 5± 2
8 semanas 86 ± 1 82 ± 1 93 ± 9 27 ± 1 7 ± 0.2
PERGUNTAS:
1. De acordo com o esquema e a tabela mostrados o que se pode dizer do
potencial efeito tóxico do benzeno?
37. 2. Além dos efeitos neurológicos e ao DNA, a análise da tabela leva a outras
implicações no organismo?
Nitritos
Figura 6. Gráfico demonstrando a viabilidade de macrófagos tratados in vitro com
nitritos.
Figura 7. Viabilidade in vitro de nitritos inalantes. Macrófagos, células de defesa, foram
expostos por 45 minutos a 0, 1,5, 3 ou 6 mM de isobutil, isoamil ou butil nitrito. Células
viáveis foram contadas usando exclusão por trypan blue (substância azul que penetra
em células mortas, mas não consegue penetrar em células vivas).
Várias concentrações de isobutil, isoamil, butil nitrito e peroxinitrito foram
adicionados a culturas de células. Depois de 45 min. as preparações mitocondriais
foram testadas quanto à respiração celular, os resultados estão demonstrados no
gráfico acima. (Toxicology Letters 132, 2002, 37-45)
38. PERGUNTA:
Descubra as palavras omitidas e encontre o texto relacionado às figuras anteriores.
Esse estudo demonstrou uma dramática _____________ de células viáveis,
macrófagos em cultura. Sugerindo que os ____________ __________ podem matar
diretamente ____________ em cultura. A ________ significante da respiração (%)
ocorreu em _________ concentrações de agente.
39. Tabaco
Atividade 1
Interprete, com ajuda da legenda, o mecanismo de ação da acetilcolina no
“centro da recompensa".
Legenda:
1. Neurônio periférico que “conversa” com neurônios do “centro da recompensa” através da liberação de
acetilcolina. O local onde ocorre essa “conversa” (onde são liberados os neurotransmissores) é a fenda
sináptica.
2. População de receptores de acetilcolina na membrana dos neurônios que formam “centro da
recompensa”
3. Receptor de acetilcolina: proteína situada na membrana da célula neuronal composta de 5
subunidades. Essa estrutura funciona como um canal, permitindo a passagem de cátions quando
estimulada por acetilcolina.
4. Acetilcolina: neurotransmissor que se liga ao receptor de acetilcolina promovendo mudanças na
estrutura do mesmo, levando à abertura do canal.
5/6. Cátions (ex: Sódio): com o canal aberto, podem “entrar” na célula promovendo formação de corrente
elétrica nos neurônios.
Após ter compreendido o mecanismo de ação da acetilcolina, você seria capaz
de interpretar a animação do “mecanismo de ação da nicotina”?
Receptor
Copyright 1996 Gayle Gross de Nunez and SAVANTES
Molécula de
http://www.neuroguide.com/nicotine.html
Nicotina
40. Atividade 2
Como visto na animação, a nicotina atua no mesmo receptor da acetilcolina,
ocasionando sua abertura e consequente passagem de cátions para dentro do
neurônio, promovendo a formação da corrente elétrica. Entretanto, diferenças na
ativação desse “canal” determinam efeitos característicos dos dois compostos, o que
explica parte do mecanismo responsável pela dependência por nicotina, como
veremos:
“Pesquisas recentes mostram que a corrente elétrica gerada pela ligação de
acetilcolina em seus receptores é de grande intensidade mas de curto espaço de
tempo, ou seja, no caso do funcionamento normal do cérebro, há uma grande
estimulação do neurônio durante pouco tempo. Ao contrário, a nicotina estimula esses
neurônios gerando corrente de pouca intensidade mas durante longo intervalo de
tempo, o que em parte poderia explicar o processo de dependência gerado pela
nicotina.”
Adaptado de: Dani et al, 2001. Cellular mechanisms of nicotine addiction. Pharmacology, Biochemistry,
and Behavior. 70, 439-446
As questões abaixo visam esclarecer o trecho acima:
1. Sabendo que na fenda sináptica existem várias enzimas com atividade de
estearase (enzimas que quebram ésteres) qual composto, nicotina ou
acetilcolina, permaneceria por mais tempo na fenda sináptica?
Observe as estruturas abaixo para responder a questão.
N
N O
N Acetilcolina
Nicotina O
41. 2. Em um experimento (visando diferenciar a ação da nicotina/acetilcolina) foram
isolados neurônios que possuíam os reptores de acetilcolina, como os
mostrados no esquema anterior. A resposta desses neurônios, frente aos dois
compostos, pôde ser determinada através do uso de eletrodos que mediram a
corrente gerada devido à entrada de cátions. Os resultados obtidos foram os
seguintes:
Estimulação dos neurônios com: Medida da corrente
neuronal ( após última
adição de Acetilcolina )
Acetilcolina durante 3 min +++++
Acetilcolina durante 3 min + reforço de +++++
Acetilcolina durante 3 min
Nicotina durante 3 min + reforço de Acetilcolina +
durante 3 min
Analisando os dados da tabela, qual a diferença na função desses receptores
quando os mesmos são pré-tratados com nicotina ou acetilcolina?
Você poderia propor a causa de tal diferença?
3. Um dos fatos mais marcantes em relação à dependência de nicotina é o
aumento do número de receptores de acetilcolina nos neurônios das pessoas
que fumam. Baseando-se nas respostas anteriores, qual seria a razão de tal
aumento observado nos fumantes?
Preencha a tabela abaixo, utilizando a mesma notação da Questão-2, sugerindo
qual seria a “resposta” desse aumento do número de receptores na corrente de
neurônios provenientes de um grupo de fumantes regulares e um grupo de fumantes
que permaneceram em estado de abstinência durante 1 semana?
Estimulação dos neurônios com acetilcolina Medida da corrente neuronal
Fumantes regulares
Fumantes em abstinência durante 1 semana
4. O grupo de fumantes que permaneceram sem fumar durante 1 semana
apresentaram comportamentos muito característicos da “Síndrome de
Abstinência” provocada pela retirada de nicotina do organismo. Baseando-se na
42. diferença da “medida da corrente neuronal” proposto no exercício anterior, você
conseguiria imaginar a causa dos comportamentos mostrados no desenho
abaixo?
Atividade-3
“Foi-se o tempo em que cigarro na mão era sinônimo de bad boy ou
desajustado, uma imagem sedutora para os que sofriam os revezes das explosões
hormonais. Hoje, a nicotina é mais democrática, atinge todas as tribos: playboys,
patricinhas, a galera do fundão, nerds e skatistas. “O cigarro já pegou todo mundo” diz
Ronaldo Pelazari*,16, fumante desde os 14 que está tentando parar por ordem médica-
ele sofre de asma e já teve uma parada respiratória. Segundo especialistas, a adesão
dos adolescentes ao tabaco é facilitada por duas características: eles subestimam a
dependência e se iludem que podem parar quando quiserem. De acordo com dados da
OMS (Organização Mundial da Saúde) 90% dos adultos fumantes começaram a fumar
entre 5 e 18 anos, sem perceber o efeito viciante da nicotina.”
Adaptado de “Fumaça na Matinê” in Revista da Folha, 15 de Setembro, 2002. *nome fictício.
O tabaco, por ser uma droga lícita e “socialmente aceita”, é muitas vezes tido
como menos perigoso do que as substâncias ilícitas, levando a impressões erradas,
principalmente por parte dos adolescentes. A nicotina é o componente do cigarro
43. responsável pela dependência do ato de fumar e seu poder viciante já foi testado como
mostra esse estudo utilizando a mesma metodologia do experimento de auto-
administração em animais visto no exercício para cocaína.
Assim como já descrito, um eletrodo é adaptado na cabeça do camundongo
permitindo a estimulação elétrica específica da região do cérebro denominada “centro
da recompensa”. O camundongo é acondicionado em uma gaiola contendo uma
alavanca que, se pressionada, permite a descarga elétrica de freqüência controlada
nessa região cerebral do camundongo.
Para cada ajuste de freqüência do eletrodo (0Hz / 10Hz / 20Hz....90Hz / 100Hz)
foi anotada a quantidade de vezes por minuto que o camundongo pressionava a
alavanca nos moldes do experimento já mostrado. Entretanto, nesse experimento, foi
administrada ao camundongo, ao invés de cocaína, uma injeção de nicotina, sendo os
resultados resumidos no seguinte gráfico:
Adaptado de: Wise et al,1992.Self-stimulation and drug reward mechanisms. Ann N Y Acad Sci. 1992
Jun 28;654:192-8.
1. Comparando o perfil de resposta a diferentes estímulos elétricos nos dois grupos
de camundongos (tratados ou não com injeção de nicotina), verificamos
claramente que os tratados com nicotina apresentam um comportamento de
A valiação de r e fo r ço pr im ár io d a nicotina
Camundongo (+) administração de
nic otina
Camundongo (-) adminis traç ão de
nic otina
80
70
60
"Apertões"/ min
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100
Frequência do estímulo (Hz)
“múltiplos apertões/min” em freqüências de estímulo elétrico baixas, que ainda
não eram capazes de promover resposta no grupo de camundongos controle.
44. Considerando o “mecanismo de ação” da nicotina qual seria a causa de tal
diferença nos dois grupos?
2. Comparando esse experimento com visto para cocaína é possível o cigarro de
tabaco (nicotina) ser considerado uma droga que causa “menos dependência”
do que outras drogas?
3. Recorde as seguintes definições e responda a pergunta a seguir:
Reforço primário: efeitos farmacológicos agradáveis decorrentes de ação de uma
substância no “centro da recompensa” do cérebro, que condicionam sua auto-
administração contínua.
Reforço secundário: atitudes sociais ou estímulos ambientais que contribuem para
fortalecer um padrão de comportamento de auto-administração da droga inteiramente
independente de seus efeitos farmacológicos.
Quais os “prós” e os “contras” que podem ser levantados em relação a esse tipo
de experimentos com animais que estabelecem o “poder viciante” de uma droga?
Atividade-4
A folha de tabaco, além da nicotina, possui em sua constituição mais de 500
compostos químicos. Entretanto, durante o ato de fumar, cerca de 5000 compostos
diferentes são formados sendo que 80 deles já foram descritos como tendo potencial
carcinogênico. O alcatrão é uma mistura destes compostos formada por
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nitrosaminas, íons metálicos entre muitos
outros.
Em 1979, Bruce Ames criou um teste bastante sensível para a rápida
determinação do potencial carcinogênico de compostos químicos. O teste, conhecido
como “Teste de Ames”, consiste no uso de bactérias para determinar o risco de certas
substâncias em causar câncer.
45. Basicamente, os agentes carcinogênicos são capazes de alterar o material
genético dessas bactérias permitindo que elas cresçam em um meio carente de
nutrientes. Isso porque essa “alteração no material genético” permite que a bactéria
produza o nutriente que não está disponível no meio de cultura, podendo assim se
multiplicar com facilidade. Observe esquema abaixo:
Agente com potencial
carcinogênico Agente não
carcinogênico
Meio carente de nutrientes
Adaptado de: Ames, B.N.,1979. Identifying environmental chemicals causing mutations and cancer.
Science. 204: 587-593.
Um aluno utilizou o “teste de Ames” para determinar o potencial carcinogênico
da nicotina e do alcatrão. Eles “semearam” uma mesma quantidade de “bactérias de
Ames” em diferentes placas contendo meio carente de nutrientes e verificaram o
crescimento das bactérias após 2 dias (tempo suficiente para verificar se houve
crescimento) nas diferentes condições, conforme esquema seguinte:
Resultados observados (obs: Cada “bolinha” presente na placa representa uma colônia de bactérias
constituída de milhares de indivíduos):
Placa 1: bactérias de Ames (+) aplicação de água no centro da placa.
Placa 2: bactérias de Ames (+) aplicação de nicotina no centro da placa.
Placa 3: bactérias de Ames (+) aplicação de alcatrão no centro da placa.
Placa 4: bactérias de Ames (+) aplicação de alcatrão no centro da placa (+) extrato de fígado de
camundongo.
Placa 5: bactérias de Ames (+) aplicação de alcatrão no centro da placa (+) extrato de fígado de
camundongo exposto cronicamente à ingestão de etanol.
46. 1. Através dos resultados observados nas placas 2 e 3, o que pode ser dito sobre o
potencial carcinogênico da nicotina e do alcatrão?
As placas 3, 4 e 5 representam condições diferentes de teste do potencial
carcinogênico do alcatrão. Com base nessas diferenças, responda as questões abaixo:
2. Qual seria a razão da diferença dos resultados encontrados nas placas 3 e 4?
Qual dos experimentos, placas (3 ou 4), deve correlacionar melhor com o que
realmente ocorre no organismo humano?
3. Utilizando extrato de fígado de rato submetido cronicamente à ingestão de álcool
(placa 5) verificamos o maior crescimento das bactérias de todo o experimento!
Você poderia propor uma causa provável de tal resultado? Qual seria o perigo
da associação entre álcool e nicotina no que se refere ao risco de câncer?
47. Maconha
Texto 1 – O Uso da Cannabis
(http://www.quimica.matrix.com.br/artigos/maconha/planta.html)
“A espécie mais consumida é a Cannabis sativa (hemp): uma planta da família
Cannabaceae, que há séculos tem sido cultivada por causa de sua fibra, suas
sementes e seu poder narcótico: das folhas e flores, duas drogas são extraídas: a
marijuana e o hashish. Ao contrário do que muitos podem acreditar, o uso desta
planta como narcótico é, de longe, ultrapassado por suas fibras e sementes.
O cultivo do hemp teve origem na Ásia central; na China, por exemplo, existem
registros do uso das fibras de hemp mesmo antes do ano 2800 A.C.. O hemp é uma
planta que cresce em zonas temperadas e é cortada anualmente. Pode atingir 5 metros
de altura, mas a altura média oscila entre 2 a 3 metros. As folhas são digitadas e as
flores são pequenas e amareladas.
As fibras são obtidas através de uma série de operações, incluindo o
desfolhamento, a secagem, esmagamento e agitação, que separam as fibras da
madeira, resultando em longas e finas fibras, de cerca de 1,8 metros. Estas fibras são
fortes e duráveis, e são utilizadas para a fabricação de cordas, cabos, esponjas,
tecidos (similar ao linho) e fios. O óleo é obtido das sementes (cerca de 30% em peso)
e é utilizado para o preparo de tintas, vernizes, sabões e óleo comestível. O maior uso
das sementes, entretanto, é para a alimentação de pássaros domésticos. Os maiores
consumidores das sementes de hemp são a Itália, UK, Bélgica, Alemanha e França.
Também da China vem o primeiro registro do uso da Cannabis sativa por seus
efeitos narcóticos: no ano 2700 A.C. a cannabis era utilizada na medicina chinesa
como um analgésico, anestésico, antidepressivo, antibiótico e sedativo. No decorrer da
história, vários povos encontraram usos medicinais para a cannabis. Mais
recentemente, no século XIX, a planta era indicada para o tratamento da gonorréia e
da angina! O principal ingrediente ativo na Cannabis sativa é o tetrahidrocannabinol
(THC), que está presente em praticamente todas as partes da planta, mas
principalmente nas flores e na resina das fêmeas.
O uso como narcótico para fins não medicinais, entretanto, é bastante difundido
no mundo inteiro, através de várias formas de preparto e consumo da erva. Marijuana,
hashish, charas, ghanja, bhang, kef e dagga são algumas das maneiras que a
48. cannabis pode ser consumida. Hashish - o nome deriva da secção dos Mohammedan
conhecidos como Hashishin ou "assassinos", que, liderados pelo Persa Hasan-e
Sabba, combateram as Cruzadas nos séculos XI e XII - é a forma mais potente do
consumo de cannabis (contém cerca de 15% de THC!), sendo cerca de 12 vezes mais
forte do que a marijuana. Consiste, basicamente, na resina liberada pelas plantas
(cannabin). Usuários africanos comem (misturado com bolos ou biscoitos) ou fumam o
hashish; muitas vezes, utilizam o "cachimbo-d'água" - bong ou narguilé - para suavizar
a forte fumaça. Poucas regiões, entretanto, produzem plantas ricas em resinas o
suficiente para a preparação do hashish. Esta droga foi introduzida na Europa durante
o período de Napoleão, e ainda hoje é bastante utilizada, sendo uma das formas mais
comuns na França e Inglaterra da cannabis. Na Índia, o hashish é preparado de uma
maneira ligeiramente diferente e é chamado de charas.
Ghanja é uma forma menos popular da cannabis; ao contrário do hashish e
charas, que contém somente a resina das plantas, a ghanja é preparada também com
as flores, folhas e alguns galhos da cannabis. Mesmo assim, a ghanja é
particularmente potente, pois é preparada com plantas selecionadas, generosamente
ricas em resina. Muito comum na Índia, a ghanja é fumada em cachimbos ou em
cigarros. Também da Índia vem o bhang, uma preparação parecida com a ghanja mas
isenta das flores da cannabis. Por isso, contém menos resina e é menos potente.
Muitas vezes, o bhang é também transformado em uma bebida: as folhas são
reduzidas a um fino pó que é macerado com água. Após a ebulição, obtém-se um
líquido bastante narcótico, que também é utilizado em vários rituais Hindus. É,
literalmente, um chá de cannabis.
A marijuana é a forma preferencial do consumo da cannabis no hemisfério
ocidental. Consiste na mistura de várias partes da planta seca: folhas, galhos, flores e
sementes. É uma forma bem branda de consumo, tal como o bhang da Índia.
Tipicamente, é fumada em cigarros (baseados) ou cachimbos. Ocasionalmente,
entretanto, é ingerida sob a forma de chás ou cozida na forma de bolos. A potência da
marijuana varia muito, em função da planta utilizada.
O uso milenar da planta por suas sementes e fibras vem sido dificultado: em
muitos lugares o cultivo da cannabis é proibido, mesmo que para fins não narcóticos.
Algumas variedades geneticamente modificadas - incapazes de produzirem
quantidades apreciáveis de cannabinóides - foram introduzidas na agricultura. Hoje,
mesmo no Brasil, é possível se encontrar roupas e outros artefatos produzidos com
fibras de cânhamo.”
49. Texto 2 – Maconha e a Ciência
(http://www.quimica.matrix.com.br/artigos/maconha/ciencia.html)
“Tudo começou com um grande erro. Em 1855, a Sociedade Farmacêutica de
Paris ofereceu um prêmio para o primeiro cientista capaz de isolar o princípio ativo da
Cannabis sativa. O contemplado foi J. Personee (J. Pharm. Chim. 1855, 28, 461–463),
um químico francês. Nem um mês se passou para que a comunidade científica da
época constatasse o equívoco: o óleo extraído por Personee não era ativo! Não
continha nenhum componente com atividade fisiológica - ao contrário da cannabis. Foi
Vignolo, um químico italiano, que descobriu o erro: o óleo de Personee era rico em
sesquiterpenos, substâncias abundantes na cannabis, mas sem atividade biológica.
Durante várias décadas, a busca pelo princípio ativo da cannabis continuou, em todo o
mundo. Enquanto que a morfina, a cocaína, a estricnina, a cafeína e outros
alcalóides eram isolados e caracterizados, nenhuma novidade aconteceu com a
cannabis. Isto porque, ao contrário dos alcalóides - que são facilmente isolados na
forma de sais - os terpenóides (tal como o THC) requerem técnicas químicas mais
apuradas, inexistentes até 80 anos atrás. O primeiro químico a obter um extrato ativo
da cannabis foi Wood, em 1896, na Cambridge University (J. Chem. Soc. 1899, 75, 20-
36). Segundo palavras do próprio autor: "O óleo vermelho é extremamente ativo e,
tomado em doses de 0,05 g induz intoxicação seguida de sono. Os sintomas
produzidos por ele são característicos da Cannabis indica e, como nenhum dos outros
produtos parece apresentar esta ação, esta substância deve ser considerada como o
componente ativo da planta.”
A história do THC na química é ainda mais bizarra: tivemos conhecimento da
versão sintética antes de isolarmos a versão natural! Em 1930, Cahn isolou o
cannabinol - extraído a partir do óleo de Wood. Na época, acreditava-se que o
cannabinol fosse o principal ingrediente ativo da cannabis. O químico americano
Adams e o britânico Todd, na década de 1940, desenvolveram várias rotas sintéticas
para análogos do cannabinol. Para sua surpresa, uma das rotas levou a um composto
com intensa atividade biológica, muito maior do que o cannabinol. Era o ∆ -9-THC (J.
Amer. Chem. Soc. 1949, 71, 1624-1628). Dentre os vários derivados preparados, o ∆ -
9-THC era o mais ativo. Os químicos da época, então, desconfiaram que a cannabis
deveria ter, também, este terpenóide. Entretanto, foi somente em 1964 que a primeira
isolação do ∆ -9-THC na forma pura ocorreu. Os químicos Gaoni and Mechoulam
50. obtiveram, de uma extração com hexano de uma amostra de hashish, vários
cannabinóides, entre ele o ∆ -9-THC, na forma cristalina.
Maior até do que dos usuários, o interesse dos cientistas pela marijuana está
sempre se renovando: todos ficam fascinados pelo poder que as substâncias contidas
nesta planta exercem sobre o homem. Entretanto, foi somente em 1988 que a pesquisa
sobre a maconha deu um grande salto: Howlett et al. (Mol. Pharmacol. 33, 297-302)
descobriram a existência de neurorecpetores para os compostos cannabinóides: isto é,
determinados grupos de proteínas existentes em alguns neurônios cujo objetivo era
unicamente o de se ligar a compostos com estrutura química semelhante a dos
cannabinóides. Howlett chamou estes receptores de CB1; em 1993, outro grupo de
receptores para cannabinóides foi descoberto, desta vez por Munro et at. (Nature
1993;365:61). Munro chamou este novo grupo de receptores como CB2.
Receptores cannabinóides CB1 e CB2, sequenciados pelo GenBank. Ambos receptores são
polipeptídeos com sete a-hélices transmenbrana e possuem N-terminais extracelulares glicosilados e C-
terminais intracelulares. O receptor CB1 é maior do que o receptor CB2, nas regiões intra e extra celular.
Na região transmembrana os dois receptores tem 78% de similaridade.
Diversas pesquisas, desde então, mostraram que os efeitos farmacológicos
da marijuana são mediados por estes dois receptores. Ambos ativam mecanismos
de transdução similares, incluindo a inibição da adenilato ciclase e de canais de Ca 2+
do tipo N. O CB1 ocorre no cérebro, onde é responsável por efeitos característicos da
cannabis (relaxação, bem-estar, analgesia, aumento da percepção áudio-visual,
depressão da atividade motora, analgesia e catalapsia) e também no sistema nervoso
periférico. Aí, os receptores CB1 são localizados pressinapticamente e sua ativação
51. pode produzir uma supressão da liberação de neurotransmitores. Os principais
sintomas da ativação destes receptores são a estimulação do apetite, vasodilatação
(particularmente dos vasos conjuntivos), taquicardia e inibição da mobilidade intestinal.
Os receptores CB2, até agora, somente foram localizados fora do SNC (sistema
nervoso central), principalmente em células do sistema imunológico. Muitos autores
relacionam a ativação destes receptores com imunosupressão, efeitos anti-
inflamatórios e analgesia associada a processos inflamatórios. Ao contrário dos
receptores CB1, pouco se sabe, ainda, sobre este grupo de receptores.
Era quase inconcebível para a maior parte dos neurologistas que o cérebro
animal fosse gastar parte de seus nutrientes e mecanismos simplesmente para
elaborar um receptor para uma substância provinda de uma planta. Tal como com a
morfina, a descoberta de receptores biológicos para cannabinóides exógenos levantou
a possibilidade para a existência de cannabinóides endógenos. Muitos químicos e
bioquímicos, então, focaram seus esforços no sentido de descobrir candidatos a
ocupar esta posição: cannabinóides endógenos.
O primeiro ligante cannabinóide endógeno a ser isolado foi a etanolamida da
araquidonila, chamada de anandamida. O nome vem da palavra "ananda", cujo
significa em sânscrito é "prazer". Tão logo esta descoberta foi anunciada, centenas de
veículos de comunicação publicaram manchetes como "Descoberta a molécula do
prazer", ou "Cérebro produz maconha". Obviamente, um péssimo jornalismo científico,
como sempre. Na verdade, a anandamida tem poucos efeitos similares ao THC, além
de ser facilmente hidrolisada quando em contato com o receptor. Porém, várias
situações estimulam o organismo a despejar grandes quantidades de anandamida nas
fendas sinápticas: autores sugerem que esta droga esteja relacionada a momentos de
relaxamento, prazer e calma. Um derivado sintético da anandamida - a metanandamida
- possui uma potência mais elevada e maior estabilidade e mostrou-se portadora de
grande efeito fisiológico. Outros derivados eicosanóides capazes de se ligarem aos
receptores cannabinóides já foram isolados dos mais distintos tecidos humanos. Entre
estes, o 2-arachidoniglicerol, considerado um dos mais potentes cannabinóides
endógenos.
(...) Tão logo se fez a descoberta dos receptores cannabinóides e dos
cannabinóides endógenos, cientistas do mundo todo passaram a brincar de química
orgânica e sintetizar os mais variados agonistas e antagonistas cannabinóides
possíveis, para estudar as suas atividades biológicas. Embora o número seja imenso,
os agonistas cannabinóides (incluindo os sintéticos) podem ser separados em 4
52. grandes grupos: não-clássicos, clássicos, aminoalquilindols e eicosanóides. O
grupo clássico são os derivados do dibenzopirano - tal como o THC. O grupo não-
clássico consiste em substâncias bicíclicas ou tricíclicas, similares ao THC, mas sem o
anel pirano. O mais comum é o agonista sintético CP55940. Os demais grupos têm
estruturas bastante distintas da do THC.
Os cannabinóides antagonistas exercem um efeito completamente oposto nos
receptores CB1 e CB2 do que o dos agonistas. O composto SR141716A (patenteado
pela empresa francesa Sanofi Recherche), por exemplo, é um dos antagonistas mais
estudados. Seus efeitos, em ratos, incluem a supressão do apetite, o incremento da
53. mobilidade intestinal, a melhora da memória recente e aumenta a liberação de
neurotransmissores por neurônios centrais e periféricos.
Enquanto o debate sobre a liberação da maconha para uso medicinal continua,
vários cannabinóides sintéticos já estão sendo utilizados pela indústria
farmacêutica ou estão prestes a entrar no mercado. A tabela abaixo mostra algumas
aplicações terapêuticas para agonistas e antagonistas do sistema cannabinóide
endógeno.
Uso terapêutico para drogas cannabinóides
Drogas Uso
agonistas do CB1 • Tratamento do câncer
• Dor pós cirúrgica
• Anticonvulsivo
• Antispástico em escleroses
múltiplas
agonistas do CB1 periférico • Incrementador do apetite
• Disfunções glandulares
agonistas do CB2 • Dor inflamatória periférica
• Immunosupressão
antagonistas do CB1 • Deficiência de memória
• Tratamento da obesidade
• Dependência alcoólica
antagonistas do CB1 periférico • Disfunções glandulares
Desde a sua descoberta, os endocannabinóides e os exocannabinóides têm sido
foco de centenas de trabalhos de química e bioquímica. Os receptores CB1 e CB2 já
são considerados alvos para muitas terapias farmacêuticas. E é este, agora, o campo
de ação para os pesquisadores e cientistas que trabalham com temas relacionados à
cannabis. Isto prova que, de fato (como proclamam aos quatro ventos os defensores
da liberação da marijuana) a natureza nos deu a maconha com um objetivo: o de
54. nos tornar cientes da existência dos receptores cannabinóides em nossos próprios
organismos!”
Questões para discussão
1. De acordo com as informações do texto, o que é mais relevante, o uso da
Cannabis como narcótico ou como fonte de fibras e sementes? Por quê? E na
sua opinião, o que é mais importante? Justifique sua escolha.
2. Qual a relação de tempo entre o uso da Cannabis e a pesquisa científica a ela
relacionada? No que estava focalizado o interesse dos cientistas pela planta?
Por quê?
3. Como se desenvolveu a pesquisa sobre a maconha (tempo, linearidade, etc.)?
Isto é comum na pesquisa científica?
Apoptose
55. Os gráficos abaixo foram todos retirados de artigos científicos que tratam dos
efeitos da maconha ou do THC em células. Faça uma análise e procure identificar se
há evidências de apoptose.
Artigo 1 – Campbell, V. A. (2001) Neuropharm. 40, 702-709.
Tipo celular estudado: cultura primária de neurônios do córtex de ratos
% de neurônios em degeneração
Fig. 1. (a) Porcentagem de neurônios
em degeneração: neurônios expostos a
THC (5 µ M) por 30-160 min. Os
resultados foram expressos como
média para 5 observações, *,**
estatisticamente relevantes. (b)
Porcentagem de células com
fragmentação de DNA: pré-incubação
de neurônios com o antagonista do
receptor CB1 AM251 (10 µ M) por 30
min. Os resultados foram expressos
como média para 7 observações, **
estatisticamente relevantes.
56. Artigo 2 – Ruiz, L. R., Miguel, A., Díaz-Laviada, I. (1999) FEBS Lett.. 458, 400-404.
Tipo celular estudado: cultura de células de próstata humanas
Fig. 1. Metabolismo oxidativo
mitocondrial. A: células cultivadas em
meio sem soro e na presença de
concentrações crescentes de THC por 3
dias. B: células cultivadas em meio sem
soro na ausência (°) e na presença (•)
de 1 µ M THC pelos tempos indicados.
Cada ponto representa determinações
em triplicata e os resultados são
baseados em pelo menos 3
experimentos independentes.
Fig. 4. Porcentagem de células
apoptóticas. B: análise quantitativa de 3
experimentos independentes.
Significantemente diferentes (*,**
estatisticamente relevantes) versus
incubação com veículo.
57. Artigo 3 – Sarafian, T. A., Tashkin, D. P., Roth, M. D. (2001) Toxicol. Applied
Pharm. 174, 264-272.
Tipo celular estudado: cultura de células de câncer de pulmão humanas
Citação – “Ensaios TUNEL realizados 12 e 24 h depois da exposição à fumaça de
maconha revelaram que menos de 1 % das células mortas foram coradas
positivamente para fragmentação de DNA característica de apoptose (dados não
mostrados).”
Fig. 1. Porcentagem de viabilidade
celular. Curso de tempo para a morte de
células A549 que segue a exposição
por 20 min à fumaça de cigarros de
maconha (MJ), placebo (Plac) ou
tabaco (Tob) de massa equivalente. (...)
os valores representam médias de 4
determinações; o experimento foi
repetido 2 vezes com resultados
similares.
Fig. 8. Porcentagem de células mortas.
A concentração de THC indicada foi
adicionada e as células foram mantidas
em um incubador de CO2 a 37 ºC por 24
h. Os resultados mostrados são
representativos de 3 experimentos com
resultados semelhantes.
58. Artigo 4 – Chan, G. C., Hinds, T. R., Impey, S., Storm, D. R. (1998) J. Neurosci..
18(14), 5322-5332.
Tipo celular estudado: cultura primária de neurônios do hipocampo de ratos
Citação – “Os neurônios corticais em cultura foram muito menos sensíveis ao THC do
que neurônios de hipocampo (dados não mostrados).”
Fig. 1. Porcentagem de viabilidade
celular. Os neurônios foram tratados
com várias concentrações de THC a
altas doses (A) (em µ M): quadrados
abertos, 3,5; triângulos abertos, 5,0;
círculos cheios, 7,5; triângulos cheios,
10; quadrados cheios, 20; ou baixas
doses (B) (em µ M): quadrados abertos,
0,20; triângulos abertos, 0,38; círculos
cheios, 0,50; triângulos cheios, 1,0;
quadrados cheios, 2,0. Em C, os
neurônios foram tratados com 3,5 µ M
THC pelos períodos indicados (15, 30
ou 45 min ou 20 h), seguidos pela
remoção da droga e reincubação em
meio condicionado overnight.
59. Artigo 5 – Zhu, W., Friedman, H., Klein, T. W. (1998) J. Pharm. Exp. Therapeutics
286, 1103-1109.
Tipo celular estudado: cultura primária de macrófagos peritoneais e linfócitos do baço
de camundongos
Fig. 3. Porcentagem de fragmentação de DNA e viabilidade celular. As células de baço
foram incubadas por 2, 4 e 24 h com THC ou DMSO. Um total de 900 células foi
contado por amostra. Os dados são representativos de 4 experimentos.
Artigo 6 – Sánchez, C., Galve-Roperh, I., Canova, C., Brachet, P., Guzmán, M.
(1998) FEBS Lett.. 436, 6-10.
Tipo celular estudado: cultura de células de glioma
Fig. 1. Metabolismo oxidativo mitocondrial. A: as células foram cultivadas em meio sem
soro na ausência (°) e na presença (•) de 1µ M THC pelos tempos indicados. B: as
células foram cultivadas em meio sem soro na presença das concentrações indicadas
de THC por 5 dias. Os resultados correspondem a 4 experimentos diferentes.
60. Fig. 3. Fragmentação de DNA. As
células foram tratadas com e sem 1 µ M
THC por 5 dias as como na Fig. 1. Um
gel representativo está sendo mostrado.
Resultados similares foram obtidos em
2 outros experimentos.
Fig. 5. (...) Células de glioma C6.9,
astrocitoma U373 MG, neuroblastoma
N18TG2, astrócitos primários e
neurônios primários foram cultivados
com 1 µ M THC por 5 (glioma C6.9) ou
10 dias (...). Os resultados estão
expressos como uma porcentagem de
células sobreviventes com respeito a
incubações do respectivo controle (...) e
correspondem a 4 diferentes culturas
para cada tipo celular. *
significativamente diferentes (p<0,01)
versus incubações sem adição.
61. Artigo 7 – Mckallip, R. J., Lombard, C., Martin, B. R., Nagarkatti, M., Nagarkatti, P.
S. (2002) J. Pharm. Exp. Therapeutics 302, 451-465.
Tipo celular estudado: suspensão de baço e timo de camundongos
Fig. 7. Porcentagem de células viáveis in vitro. Os timócitos foram cultivados por 16 h.
Em A, os dados foram expressos como porcentagem de decréscimo na viabilidade
celular quando comparado com o controle. Os dados são uma média de culturas em
triplicata. Asteriscos indicam diferenças estatisticamente significantes entre os grupos
de tratamento THC e THC + SR144528.
Fig. 8. Viabilidade celular in vivo. Camundongos foram injetados com veículo ou várias
concentrações de THC (1, 5, 10, 20 e 50 mg/kg massa corpórea) intraperitonealmente.
O timo e o baço foram armazenados 24h depois e a viabilidade foi determinada. Os
dados representam uma média de grupos de 4 camundongos.