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Capítulo três
O garoto agia com graciosidade, apesar de não saber arremessar facas ele controlava o
vento para que elas chegassem onde queria.
Damon estava no quintal de Sebastian, ele dava saltos incríveis, subia nas árvores e
pulava delas como se flutuasse, – e na verdade, estava – ele lutava contra Sebastian, mas é
claro que ele estava com uma enorme vantagem, afinal Sebastian não era mais dominador.
– Lento! Quando você apoia o pé na árvore para dar o impulso demora demais para
chegar até mim, você me dá tempo de sacar uma arma e desferir um golpe, – ele fez uma
pausa. – mas agora chega de treinar domínio, vamos treinar luta com armas.
Sebastian sacou uma espada e jogou para Damon, que deixou cair no chão.
– Ninguém luta com espadas. – protestou Damon, se abaixando para recolher a espada.
– Eu luto com espadas.
– Ninguém como você me desafiaria.
– Se tivesse que lutar contra mim sem o domínio, certamente morreria. Eu estou te
desafiando.
A espada girou e Sebastian investiu contra Damon. Ele manuseava a espada com
facilidade, diferente de Damon que mal conseguia segurá-la na mão.
– Quando eu atacar assim, – Sebastian demonstrou. – você investe para a direita e se
apoia com o pé esquerdo. Gire, sempre girando.
Os dois percorriam o gramado, as espadas emitiam um ruído metálico quando se
batiam. No fim do treino, ambos estavam suados e esgotados.
– Eu não tenho mais o folego de um dominador, mas você... Você está bem fora de
forma. – Sebastian riu, mas de repente uma sombra de preocupação passou pelo seu rosto.
Os dois se assustaram quando ouviram o barulho de portas de carro batendo e o som de
vários carros freando, recolheram as armas e ficaram em posição de defesa.
– Você. – Sebastian gesticulou para a porta. – Eu. – ele apontou para cima.
Os dois entraram juntos na casa fazendo o mínimo de barulho possível, Damon foi para
a janela e Sebastian subiu as escadas. Chegando ao andar de cima, Sebastian pegou várias
adagas e prendeu no cinto, olhou o quarto todo e enxergou seu arco e uma aljava, ele o
recolheu. Mais uma escada desembocava no telhado, ele subiu com suavidade nos pés, mas a
madeira rangia a cada passo e não havia nada que pudesse fazer.
Deitado de frente, Sebastian começou a se arrastar pelo telhado até a borda onde viu
quatro carros do mesmo modelo e um homem de terno preto parado na frente de casa, a
postura era impecável e ameaçadora, mas ele não sentiu medo. O homem de preto olhou
para cima, e gritou uma ordem que ele não entendeu, mas Sebastian foi mais rápido, ele já
estava de joelhos sobre as telhas, com o arco em punho e a aljava nas costas. A primeira
flecha pegou no ombro do homem que cambaleou para trás e arrancou a flecha sem
expressão nenhuma no rosto. A segunda, no entanto, se alojou no coração do homem
fazendo o cair para trás.
Sebastian disparava flechas com facilidade e rapidez, agora Damon estava em seu lado.
– Princípios, Damon, não demonstre seu poder até que ele seja realmente necessário.
Mais homens saíam de dentro dos carros, tinham em punho armas de fogo, mas antes
de atirarem já tinham uma flecha cravada no coração.
Sebastian dificilmente errava.
A escuridão da noite dificultava a visão, mas não era bem um problema, eles eram alvos
mais difíceis dos que estavam atirando.
Aí que Damon começou a agir, ele estava com suas facas de pé no telhado e as atirava
sem piedade, o efeito que ele tinha sobre as facas era quase imperceptível, mas Sebastian via
quando ele usava o domínio para direciona-las. Em pouco tempo, cerca de dez a quinze
homens estavam no chão.
– Consegui. – disse Sebastian arfando.
– Conseguimos, – retrucou Damon. – essa é a palavra certa.
– Se eu dominasse o ar seria bem mais fácil, dominador. – Sebastian olhou para Damon,
mas desviou o olhar abruptamente quando ouviu o barulho do motor de um carro ligando, em
segundos o carro já tinha ido embora. – Droga!
Depois de comer a pizza, os dois voltaram para o sofá, passaram um tempo em silêncio,
tempo o suficiente para Alex fechar os olhos e dormir. Sam percebeu e segurou a cabeça dela
até sair do sofá.
Ele a pegou nos braços, conhecia a casa dela e foi direto para o quarto no andar de
baixo. O quarto era improvisado, ele sempre dormia ali quando ela o convidava para passar a
noite com ela. Chegou lá e colocou-a sobre a cama, tirou as botas e a jaqueta preta que ela
vestia, mas parou quando ela abriu os olhos.
– Você vai embora? – disse ela com a voz sonolenta.
Alex estava virada para o lado oposto de Sam e isso impedia com que ele visse se ela
estava realmente acordada ou falando sozinha, como fazia quando dormia na casa dele.
– Eu não gosto de ficar sozinha em casa, e tem toda essa coisa de fogo...
– Tudo bem, eu fico, – Sam fez uma pausa, respirou fundo e continuou. – eu sempre
quis te dizer tudo o que eu sinto, eu te amo tanto e sempre te amei, eu queria te dizer isso a
tanto tempo, mas... Alex?
Alex tinha voltado a dormir, Sam sorriu, deu a volta na cama e se sentou. Ele ficou
olhando-a dormir, lentamente sentiu os olhos pesando.
– Boa noite.
As ondas quebravam ao longe, Sam sentia a brisa do mar no rosto, o braço dele estava
sobre os ombros de Alexia, que parecia estranhamente distante. Ela vestia um vestido,
longo e claro que destacava o cabelo ruivo solto nos ombros, os pés descalços mexiam
na areia.
– Quer saber? Eu vou nadar. – Sam tirou a camisa, ficou só de bermuda e correu para o
mar.
Ele mergulhou, estava cada vez mais fundo, olhava em direção a areia as vezes
procurando Alex. Toda vez que a via, ela estava parada com a cabeça baixa, olhando
para os pés.
As ondas começaram a aumentar, ele era levado pela correnteza e já não tocava o solo
com os pés. Ele tentava nadar de volta, mas o repuxo era forte. Tentou ver Alex, mas
agora a praia desapareceu e tudo o que via era agua por todos os lados. Gritou, gritou
o nome de Alex desesperadamente, gritava por mais que parecesse inútil, gritava
porque estava sozinho e com medo, medo de perder ela.
Na confusão de nadar contra correnteza, Sam viu um corpo boiando, e parou de
respirar na mesma hora. O cabelo ruivo, flutuando, o vestido branco. Alex.
Ele nadou até ela que era levada pelo repuxo forte, conseguiu a puxar contra o corpo.
Uma voz sussurrou na sua cabeça, suave, não como a de Alex, uma voz mais
encantadora.
“Você saberá quem sou”.
Sam, que estava com os olhos fechados com força, os abriu, e a menina que estava ali
com certeza não era Alex, mas tinha o rosto estranhamente familiar.
A menina usava o mesmo vestido, o cabelo era ruivo mais suave, mais natural, os olhos
abertos e vidrados no céu eram azuis. Ela tinha sardas, diferente de Alex, ela desviou os
olhos do céu e olhou para Sam, passou as costas da mão em seu rosto, o mar pareceu
menos revoltado, mais calmo.
– Irmão.
– Sam? – era a voz de Alex – Sam, sou eu, estou aqui.
O corpo de Sam sofria espasmos, ele abriu os olhos e se obrigou a enxergar a realidade,
era um sonho.
– Você gritou meu nome várias vezes, e se debatia na cama... – continuou Alex.
– Era só um sonho. – explicou ele, saltando para fora da cama.
– Você não parece estar bem, – Ela caminhou até a frente dele – sonhou com o que?
– Água, eu já me acostumei, – ele sorriu, encostou as costas da mão na bochecha de
Alex e continuou. – não avisei minha mãe que ia dormir aqui, vou embora.
– Minha mãe só chega de noite, ela trabalha sábado também, esqueceu? – ela se virou e
saiu do quarto. – a não ser que você queira deixar uma dama em apuros sozinha.
Ele sorriu ao mesmo tempo em que se ouviram batidas na porta da frente, Alex foi
correndo atender.
– Acho que descobriram. – A voz de Sebastian era ofegante, e logo atrás dele estava um
Damon perdido.
– Entrem. – ordenou Alex.
Sebastian e Damon entraram, mas não sentaram, ficaram em pé ambos assustados.
– Ontem de noite apareceram quatro carros na frente da minha casa, e se eles são o que
eu penso que são, sabem que Damon é dominador. Agora quando acordamos, um carro
estava parado na frente de casa, tivemos que escapar, – ele suspirou. – por isso estamos
assim.
– E quem eles são?
– São criaturas extremamente parecidas com os humanos, as chamam de Oleums, que
vem do latim “perfume”. Os Oleums tem o olfato muito apurado, pelo seu cheiro ele já sabe o
que você é, se é humano, dominador, ou sei lá o que. – Sebastian foi até a janela e olhou para
fora durante alguns segundos, depois voltou para o centro da sala. – Eles inclusive são ótimos
sedutores, manipulam seu próprio cheiro, mas não que isso importe... Eles foram atrás de nós
porque Damon estava treinando, sentiram o cheiro, que fica mais forte. – ele limpou a
garganta. – Se é que eram eles que estavam nos seguindo.
– E quem mais poderia ser?
– Existem várias criaturas no mundo, Alex, coisas que eu nem conheço ou nunca ouvi
falar, mas essa é uma das hipóteses.
– E o que eles podem fazer contra nós?
– Muitos deles lutam, mas nada que vocês não deem conta. – Sebastian passou os olhos
por Sam, Damon e pouso em Alex. – Isso se vocês treinarem, como eu disse.
Todos balançaram a cabeça em confirmação.
– Eles são fortes, mas existem seres infinitamente mais fortes. – Sebastian continuava
olhando para Alex. – Amanhã nos encontramos, cedo.
Sebastian e Damon saíram da casa, Alex fechou a porta atrás deles.
– Nossa! – comentou Sam.
– O que foi?
– Eles realmente querem que a gente lute.
– E você acha que eu vou? Mais fácil eu começar a chorar e sair correndo. – ela riu.
– Seria muito homossexual eu fazer o mesmo?
– Muito, vai por mim.
Eles riram e se sentaram no sofá, passaram a tarde por ali mesmo, até Michelle chegar.
Michelle era uma mulher de meia idade, cabelo castanho claro e pele clara com sardas,
Sam a achava linda, assim como a filha, por mais que não fossem muito parecidas fisicamente,
– os olhos cor de mel da mãe não chegavam perto do tom de verde do da filha, muito menos
o cabelo ruivo-avermelhado de Alex era parecido com o castanho claro da mãe, havia muitos
tons de diferença – mas de personalidade eram praticamente iguais.
– Boa noite Sam... – disse Michelle, encarando os dois no sofá. – Avisou a sua mãe que
está aqui?
– Eu... Na verdade não. – respondeu. – Ia ligar para ela, mas como chegou é melhor eu ir
para casa.
– Pode ficar o tempo que quiser Sam, mas precisa avisar ela, me ligou três vezes hoje.
– Muito obrigado, mas vou ir, até amanhã Alex. – Sam se levantou e saiu da casa.
O silêncio tomou conta da sala, Alex queria conversar com a mãe, ver se ela sabia do
porão que encontrara, se ela sabia alguma coisa do pai importante, mas as palavras não
saiam.
– Mãe... Eu preciso conversar.
– Pode falar. – Michelle andava de um lado para o outro na casa, recolhendo coisas
espalhadas como sempre fazia quando chegava em casa.
– É sobre meu pai.
Michelle largou as coisas que tinha na mão sobre a mesa da cozinha, e caminhou até
Alex.
– Alexia... Nós já conversamos muito sobre isso. – um tom de preocupação atingiu a voz
dela.
– Mãe, eu sei, mas não é nada que eu tenha perguntado antes... Preciso que você me
ouça e responda as perguntas diretamente, nada de enrolar, tudo bem?
– Ok.
– Meu pai tinha algum lugar onde gostava de ficar? Aqui em casa mesmo...
– Joseph gostava de ficar no quarto, as vezes ele ficava bravo e trancava a porta, mas
que eu lembre é só lá mesmo.
– Acho que isso explica. – resmungou Alex – E nunca notou uma cor diferente no cabelo
dele?
– O cabelo dele era ruivo, mas pintava... Não se lembra? – ela riu, achando alguma coisa
engraçada. – É por isso que eu não estranhei seu ruivo repentino.
– Lembrar? – fez-se uma pausa, Alex continuou. – Agora falando sério, você sabia o que
ele era?
A mãe forçou um sorriso nervoso.
– Como assim “o que ele era”?
– Sabe do que eu estou falando, sei quando me esconde alguma coisa.
– Eu não estou... – a Alex interrompeu.
– Sabia que ele era um dominador, não sabia? Soube também que quando ele morreu
naquele acidente eu virei dominadora.
– Você está bem? Isso não faz sentido. Dominadora? Filha...
– Não sabia?
– Alex, se eu soubesse de alguma coisa teria te contado...
– Bom, esqueça essa conversa.
Alex deu as costas e ouviu Michelle alguma coisa como “adolescentes” e foi para o
quarto. A cama estava desarrumada dos dois lados, onde Sam e ela dormiram.
Ela se jogou de costas na cama, e ficou encarando o teto diante dos olhos, pensou em
certas coisas que ela ainda teria de descobrir sobre esse mundo fantástico em que entrara,
pensou em como era estranho e inexplicável o poder que ela tinha, e como ainda não tinha
testado ele até agora.
Era Fevereiro em Edimburgo, a neve caia na rua, Alex se levantou e agora encarava a
janela, os pés dela não pareciam obedece-la. Ela já tinha de levantado e caminhava até a
janela, abriu-a e colocou as mãos para fora, assim que a neve caiu sobre suas mãos, emitiu um
som como jogar agua gelada em algo quente, e a neve se derreteu instantaneamente.
Os flocos de neve que caiam derretiam em suas mãos, ela não sentia frio apesar da
blusa fina que vestia e o jeans. Alex convenceu-se que deveria testar aquilo outra hora, não
sabia o tamanho do seu poder, e caso fosse grande ela provocaria um incêndio.
Ela deitou sobre a cama e adormeceu.
Era de madrugada quando Alex acordou assustada, tinha combinado de cedo se
encontrar com Sebastian, Damon e Sam na frente de casa, escondida da mãe.
Alex trocou de roupa rapidamente, vestiu uma calça jeans, uma bota confortável, uma
blusa fina e um moletom comprido até os quadris que Sam deu para ela de aniversário. Ela foi
até a sala e ficou lendo um livro durante mais ou menos duas horas, até o sol se levantar e os
pássaros começarem a cantar. Ela saiu para rua e sentou nos degraus da escada em frente a
casa.
Ela viu Sam saindo de casa, e viu Sebastian e Damon saltando de um taxi a poucos
metros dali.
– Pronta? – perguntou Sebastian.
– Sim, só que minha mãe não sabe que eu vou sair, pode falar baixo. – sussurrou Alex.
Nos próximos minutos, os quatro pegaram um taxi até uma praça – Sebastian disse que
muita gente treinava lá, e não notariam a nossa presença em especial, já que íamos fazer um
treino diferenciado, sem o domínio– que ficava há uns quinze minutos dali, mas Alex nem
percebeu se demorou ou não, conversou com os três tanto que não viu o tempo passar.
Chegando à praça, todos saíram do carro e observaram: homens já treinavam arco e
flecha, outros manuseavam uma espécie de madeira como espada, e outros andavam sobre
cordas bambas amarradas em árvores.
Sebastian se aproximou de Alex e apoio a mão no ombro dela.
– Olhe ali, – com a outra mão ele indicou uma menina que pulava cordas, e outro grupo
de meninas que andavam sobre a corda bamba – converse com ela, eu a conheço, ela sempre
treinou aqui, o equilíbrio e força é fundamental. – Alex fez que sim com a cabeça e se afastou.
Damon já tinha ido até o arco e flecha, onde encontrou o que parecia ser uns amigos e
começou a treinar, se saindo bem até demais aos olhos de Sam. Claro, ele dominava o ar.
– Você... – Sebastian fez uma pausa esperando Sam olhar para ele. – Eu faria um treino
com espadas, mas não as trouxe, então, treinaremos o domínio.
– Mas nós estamos numa praça pública, não sei se você percebeu...
Sebastian riu.
– Existem criaturas da água que fazem favores, talvez pudesse pedir um para elas.
– Sereias?
– Não como as tradicionais, elas não cantam, e também não são bonitas, não atraem os
marinheiros pela beleza, elas prometem a eles um desejo em troca de um beijo, aí você sabe.
– E quer que eu a beije?
– Não, vocês tem uma conexão pela água, se pedir algo ela não vai se custar para te dar.
– Tem certeza? Como eu falo com ela?
– “Vai saber o que dizer quando ela aparecer.”, li isso num livro.
Sebastian e Sam pararam a frente do lago, observaram a agua se movendo e de repente
a figura de uma mulher começou a aparecer. Sam se ajoelhou perto da água, arqueou as
costas e se apoiou nas mãos, com os joelhos e as palmas na grama. A sereia estava com água
nos ombros, o cabelo preto grudava na pele azul clara, os olhos eram completamente pretos,
a boca se curvava num sorriso macabro em uma linha fina. Ela não era bonita, mas Sam via
certo encanto nela.
Uma voz – talvez o instinto – dizia a Sam o que ele deveria dizer, e se impressionou com
a linguagem que utilizou, como se não fosse realmente ele falando.
– Dama das águas, – ele fez um gesto com a cabeça. – peço que me dê proteção, um
feitiço que cubra os olhos dos humanos aos meus poderes.
– É esperto o seu jeito de se referir a mim, dominador, – ela sorriu e os cantos dos lábios
alcançaram a orelha e fez Sam estremecer. – mas suponho que saiba o favor que terá de me
fazer em troca.
– Eu sei, minha dama, mas somos unidos pela água e sei que pode sentir isso, dê a mim
e a meu amigo a proteção do feitiço, e eu serei grato.
– Sua gratidão não vale nada para mim, mas talvez eu possa ver o seu amigo mudar de
opinião.
Sebastian, que estava logo atrás escutando a conversa, ajoelhou-se do lado de Sam
imediatamente.
– Vejo que era dominador também, Sebastian. – continuou a sereia. – Gostei de você,
mas tem algo que possa me oferecer.
– Veja bem, minha rainha, sabemos do que você faz a quem aceita seu beijo...
Sebastian foi interrompido por uma gargalhada alta de uma outra sereia se
aproximando.
– Já chega Sona. – disse a sereia recém-chegada.
Sona, a sereia com quem conversavam emitiu um ruído parecido com um choro triste e
afundou no lago.
– Interessante o que vejo aqui, dois dominadores. – Sebastian revirou os olhos. – Oh, me
desculpe, um dominador e um treinador.
Ela sorriu, seu olhar perverso alterou de Sebastian para Sam diversas vezes. Diferente da
sereia Sona, os olhos dessa sereia eram azuis como os de um humano, a pele era branca
rosada e o cabelo era verde.
– Sou a rainha das sereias, muito prazer, podem me chamar de Johanna.
Ela fez um aceno com a cabeça e em seguida Sam e Sebastian imitaram.
– Prazer rainha, eu sou... – começou Sam.
– Sei quem és. Vou realizar o seu desejo, não liguem para Sona, a próxima vez que
precisarem de algum favor, chamem por mim. – Johanna se virou e mergulhou no lago.
Sam e Sebastian se olharam e levantaram abruptamente. Sona podia ser assustadora e
superior, mas Johanna era mais ainda. Sam pensou se eles viram o mesmo em relação a
sereia, definitivamente o que Sebastian disse sobre sereias não serem bonitas, não se aplicava
a rainha.
– Eu nunca vi uma sereia tão... – Sebastian respirou fundo e continuou. – linda e
assustadora.
– Sei que não. – respondeu Sam, concordando com a cabeça.
– Não fique pensando nisso, o bom é que ela gostou de nós, e se precisarmos de outro
favor ela certamente aceitará, – Sebastian esfregou as palmas da mão uma na outra. – hora
de trabalhar.
Sebastian ensinou a Sam como fazer a água flutuar como se estivesse numa tigela
invisível pairando no ar, como colocar força ao arremessar a água em algum alvo, a ter
equilíbrio e o mais importante: ensinou como controlar cada movimento para que tivesse
precisão em cada ataque.
– Preciso que você se concentre agora, mais do que nunca, quero que imagine que
precise se proteger, proteger alguém que ama. – involuntariamente Sam pensou em Alex. –
Quero que coloque toda a atenção nisso, levante paredes em volta de si, paredes de agua,
gire-a.
Sam cerrou os olhos, tentando imaginar a agua se erguendo em torna dele, se movendo,
girando e protegendo como se fosse um casulo.
– Estou pronto. – disse com os olhos agora fechados.
– Quando quiser.
Ele respirou fundo e a água começou a se erguer, vinda do lago, se movia em um
redemoinho em torno de si subindo, até os joelhos, cintura, pescoço e por fim tapando sua
visão, a água girava com força para que qualquer coisa jogada contra ele não passasse pela
barreira. Ele se surpreendeu com a própria capacidade, admirou as próprias mãos e deixou a
água desabar.
Sam estava tão impressionado com si mesmo que não percebera Alex olhando para ele,
perplexa.
– Como fez isso? – disse ela.
Sebastian se colocou entre os dois.
– Johanna mentiu. – ele colocou a mão na boca e começou a olhar para os lados. – A
gente precisa sair daqui.
Pessoas tinham se acumulado em grupos para assistir Sam.
– Vão buscar Damon, agora! – ordenou Sebastian, virou de costas e disparou a correr
para algum lugar.
Alex segurou a mão de Sam assim que ele estendeu, saíram correndo juntos a tropeços,
atravessando a praça. Damon surgiu correndo na direção deles, ele esbarrou em alguns
curiosos que tinham seguido Sam até ali e parou.
– Eles já estão chegando, temos pouco tempo. – disse Damon, arfando.
– E como você sabe? – perguntou Alex.
– Por favor, não acho que tenhamos tempo para desconfiança.
Os três seguiram de volta para a orla do lago, Sebastian estava encostado numa árvore,
conferindo os bolsos.
– Alex, tem alguma coisa com que possa se defender? – o olho de Sebastian brilhava, e
Alex pensou se era sempre assim quando estava em ação.
– Na verdade não. – respondeu.
– Alexia, preste atenção em mim, – ele estava ofegante. – não tive tempo de te treinar,
vem cá.
Sebastian fez um gesto para Damon, que balançou a cabeça em afirmação, pegou o
pulso de Alex e a puxou para trás, uns quatro metros de onde estavam.
– Para dominar, é preciso imaginar, estenda sua mão. – ela estendeu, ele respirou fundo
como sempre fazia e continuou. – Imagine as chamas, como se estivessem limitadas a uma
bola, imagine que elas tem que caber em algum lugar, que estão sendo pressionadas.
Ele parou de falar e ela se concentrou unicamente naquilo, assim como viu Sam fazer.
De repente as chamas apareceram, como quando estivera no porão, ela fechava a mão e as
chamas cessavam, quando abria, retornavam, a menos que ela não quisesse.
– Para soltar, só empurrar a mão, como se estivesse largando algo, jogando alguma
coisa na parede. – explicou Sebastian, e ela fez que sim com a cabeça.
Ele voltou para onde Sam e Damon estavam, e ela o seguiu.
– Damon sabe o que fazer, já Sam e Alex não se arrisquem muito, fiquem atrás sempre.
– disse Sebastian com a voz firme e controlada.
Sam e Alex fizeram que sim com a cabeça.
– Já era para terem chegado. – resmungou Damon.
– Você sabia que eles viriam? – Sebastian lançou para Damon um olhar acusatório –
Porque acha que eles estão demorando?
– Claro que eu não sei, mas faz tempo que vocês estavam treinando, e até agora eles
não chegaram.
Sebastian não disse nada, em vez disso colocou uma adaga no cinto e agarrou um arco
caído no chão, assim como uma aljava.
– Eu não tenho ideia do que fazer. – Alex falou baixo, para que só Sam escutasse.
– Eu também não, e é impossível me tornar um dominador nato de uma hora para
outra, mas também não vou ficar parado. – ele disse igualmente baixo e deu um sorriso.
– Não banque o suicida.
– Não banque a heroína.
– Acho bem provável eu sair correndo. – eles riram baixo, tomando cuidado para nem
Sebastian e nem Damon escutarem.
– Sabe Alex, isso não é brincadeira...
O barulho de pneus deslizando na rua fez com que Sam parasse de falar, ele abraçou
Alex forte contra seu peito, passou a mão sobre a cabeça dela fazendo-a se lembrar de
quando eles eram crianças. Sam sempre a abraçou daquele jeito, e aquilo tinha o poder se
confortá-la em qualquer situação, até mesmo quando seu pai morreu.
Cerca de dez a quinze carros como os que estavam na casa de Sebastian estacionaram
na rua, saltaram deles vários homens – Oleums – e junto com eles uma figura feminina,
primeiro Alex viu os tênis vermelhos escuros, depois a calça preta e justa, em seguida a blusa
branca que dizia “PAZ E AMOR”.
Então Alex congelou.
Era a menina dos seus sonhos, e em outro carro, o garoto com quem também tinha
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Capítulo três

  • 1. Capítulo três O garoto agia com graciosidade, apesar de não saber arremessar facas ele controlava o vento para que elas chegassem onde queria. Damon estava no quintal de Sebastian, ele dava saltos incríveis, subia nas árvores e pulava delas como se flutuasse, – e na verdade, estava – ele lutava contra Sebastian, mas é claro que ele estava com uma enorme vantagem, afinal Sebastian não era mais dominador. – Lento! Quando você apoia o pé na árvore para dar o impulso demora demais para chegar até mim, você me dá tempo de sacar uma arma e desferir um golpe, – ele fez uma pausa. – mas agora chega de treinar domínio, vamos treinar luta com armas. Sebastian sacou uma espada e jogou para Damon, que deixou cair no chão. – Ninguém luta com espadas. – protestou Damon, se abaixando para recolher a espada. – Eu luto com espadas. – Ninguém como você me desafiaria. – Se tivesse que lutar contra mim sem o domínio, certamente morreria. Eu estou te desafiando. A espada girou e Sebastian investiu contra Damon. Ele manuseava a espada com facilidade, diferente de Damon que mal conseguia segurá-la na mão. – Quando eu atacar assim, – Sebastian demonstrou. – você investe para a direita e se apoia com o pé esquerdo. Gire, sempre girando. Os dois percorriam o gramado, as espadas emitiam um ruído metálico quando se batiam. No fim do treino, ambos estavam suados e esgotados. – Eu não tenho mais o folego de um dominador, mas você... Você está bem fora de forma. – Sebastian riu, mas de repente uma sombra de preocupação passou pelo seu rosto. Os dois se assustaram quando ouviram o barulho de portas de carro batendo e o som de vários carros freando, recolheram as armas e ficaram em posição de defesa. – Você. – Sebastian gesticulou para a porta. – Eu. – ele apontou para cima. Os dois entraram juntos na casa fazendo o mínimo de barulho possível, Damon foi para a janela e Sebastian subiu as escadas. Chegando ao andar de cima, Sebastian pegou várias adagas e prendeu no cinto, olhou o quarto todo e enxergou seu arco e uma aljava, ele o recolheu. Mais uma escada desembocava no telhado, ele subiu com suavidade nos pés, mas a madeira rangia a cada passo e não havia nada que pudesse fazer. Deitado de frente, Sebastian começou a se arrastar pelo telhado até a borda onde viu quatro carros do mesmo modelo e um homem de terno preto parado na frente de casa, a postura era impecável e ameaçadora, mas ele não sentiu medo. O homem de preto olhou para cima, e gritou uma ordem que ele não entendeu, mas Sebastian foi mais rápido, ele já estava de joelhos sobre as telhas, com o arco em punho e a aljava nas costas. A primeira flecha pegou no ombro do homem que cambaleou para trás e arrancou a flecha sem expressão nenhuma no rosto. A segunda, no entanto, se alojou no coração do homem fazendo o cair para trás. Sebastian disparava flechas com facilidade e rapidez, agora Damon estava em seu lado.
  • 2. – Princípios, Damon, não demonstre seu poder até que ele seja realmente necessário. Mais homens saíam de dentro dos carros, tinham em punho armas de fogo, mas antes de atirarem já tinham uma flecha cravada no coração. Sebastian dificilmente errava. A escuridão da noite dificultava a visão, mas não era bem um problema, eles eram alvos mais difíceis dos que estavam atirando. Aí que Damon começou a agir, ele estava com suas facas de pé no telhado e as atirava sem piedade, o efeito que ele tinha sobre as facas era quase imperceptível, mas Sebastian via quando ele usava o domínio para direciona-las. Em pouco tempo, cerca de dez a quinze homens estavam no chão. – Consegui. – disse Sebastian arfando. – Conseguimos, – retrucou Damon. – essa é a palavra certa. – Se eu dominasse o ar seria bem mais fácil, dominador. – Sebastian olhou para Damon, mas desviou o olhar abruptamente quando ouviu o barulho do motor de um carro ligando, em segundos o carro já tinha ido embora. – Droga! Depois de comer a pizza, os dois voltaram para o sofá, passaram um tempo em silêncio, tempo o suficiente para Alex fechar os olhos e dormir. Sam percebeu e segurou a cabeça dela até sair do sofá. Ele a pegou nos braços, conhecia a casa dela e foi direto para o quarto no andar de baixo. O quarto era improvisado, ele sempre dormia ali quando ela o convidava para passar a noite com ela. Chegou lá e colocou-a sobre a cama, tirou as botas e a jaqueta preta que ela vestia, mas parou quando ela abriu os olhos. – Você vai embora? – disse ela com a voz sonolenta. Alex estava virada para o lado oposto de Sam e isso impedia com que ele visse se ela estava realmente acordada ou falando sozinha, como fazia quando dormia na casa dele. – Eu não gosto de ficar sozinha em casa, e tem toda essa coisa de fogo... – Tudo bem, eu fico, – Sam fez uma pausa, respirou fundo e continuou. – eu sempre quis te dizer tudo o que eu sinto, eu te amo tanto e sempre te amei, eu queria te dizer isso a tanto tempo, mas... Alex? Alex tinha voltado a dormir, Sam sorriu, deu a volta na cama e se sentou. Ele ficou olhando-a dormir, lentamente sentiu os olhos pesando. – Boa noite. As ondas quebravam ao longe, Sam sentia a brisa do mar no rosto, o braço dele estava sobre os ombros de Alexia, que parecia estranhamente distante. Ela vestia um vestido, longo e claro que destacava o cabelo ruivo solto nos ombros, os pés descalços mexiam na areia. – Quer saber? Eu vou nadar. – Sam tirou a camisa, ficou só de bermuda e correu para o mar.
  • 3. Ele mergulhou, estava cada vez mais fundo, olhava em direção a areia as vezes procurando Alex. Toda vez que a via, ela estava parada com a cabeça baixa, olhando para os pés. As ondas começaram a aumentar, ele era levado pela correnteza e já não tocava o solo com os pés. Ele tentava nadar de volta, mas o repuxo era forte. Tentou ver Alex, mas agora a praia desapareceu e tudo o que via era agua por todos os lados. Gritou, gritou o nome de Alex desesperadamente, gritava por mais que parecesse inútil, gritava porque estava sozinho e com medo, medo de perder ela. Na confusão de nadar contra correnteza, Sam viu um corpo boiando, e parou de respirar na mesma hora. O cabelo ruivo, flutuando, o vestido branco. Alex. Ele nadou até ela que era levada pelo repuxo forte, conseguiu a puxar contra o corpo. Uma voz sussurrou na sua cabeça, suave, não como a de Alex, uma voz mais encantadora. “Você saberá quem sou”. Sam, que estava com os olhos fechados com força, os abriu, e a menina que estava ali com certeza não era Alex, mas tinha o rosto estranhamente familiar. A menina usava o mesmo vestido, o cabelo era ruivo mais suave, mais natural, os olhos abertos e vidrados no céu eram azuis. Ela tinha sardas, diferente de Alex, ela desviou os olhos do céu e olhou para Sam, passou as costas da mão em seu rosto, o mar pareceu menos revoltado, mais calmo. – Irmão. – Sam? – era a voz de Alex – Sam, sou eu, estou aqui. O corpo de Sam sofria espasmos, ele abriu os olhos e se obrigou a enxergar a realidade, era um sonho. – Você gritou meu nome várias vezes, e se debatia na cama... – continuou Alex. – Era só um sonho. – explicou ele, saltando para fora da cama. – Você não parece estar bem, – Ela caminhou até a frente dele – sonhou com o que? – Água, eu já me acostumei, – ele sorriu, encostou as costas da mão na bochecha de Alex e continuou. – não avisei minha mãe que ia dormir aqui, vou embora. – Minha mãe só chega de noite, ela trabalha sábado também, esqueceu? – ela se virou e saiu do quarto. – a não ser que você queira deixar uma dama em apuros sozinha. Ele sorriu ao mesmo tempo em que se ouviram batidas na porta da frente, Alex foi correndo atender. – Acho que descobriram. – A voz de Sebastian era ofegante, e logo atrás dele estava um Damon perdido. – Entrem. – ordenou Alex. Sebastian e Damon entraram, mas não sentaram, ficaram em pé ambos assustados. – Ontem de noite apareceram quatro carros na frente da minha casa, e se eles são o que eu penso que são, sabem que Damon é dominador. Agora quando acordamos, um carro
  • 4. estava parado na frente de casa, tivemos que escapar, – ele suspirou. – por isso estamos assim. – E quem eles são? – São criaturas extremamente parecidas com os humanos, as chamam de Oleums, que vem do latim “perfume”. Os Oleums tem o olfato muito apurado, pelo seu cheiro ele já sabe o que você é, se é humano, dominador, ou sei lá o que. – Sebastian foi até a janela e olhou para fora durante alguns segundos, depois voltou para o centro da sala. – Eles inclusive são ótimos sedutores, manipulam seu próprio cheiro, mas não que isso importe... Eles foram atrás de nós porque Damon estava treinando, sentiram o cheiro, que fica mais forte. – ele limpou a garganta. – Se é que eram eles que estavam nos seguindo. – E quem mais poderia ser? – Existem várias criaturas no mundo, Alex, coisas que eu nem conheço ou nunca ouvi falar, mas essa é uma das hipóteses. – E o que eles podem fazer contra nós? – Muitos deles lutam, mas nada que vocês não deem conta. – Sebastian passou os olhos por Sam, Damon e pouso em Alex. – Isso se vocês treinarem, como eu disse. Todos balançaram a cabeça em confirmação. – Eles são fortes, mas existem seres infinitamente mais fortes. – Sebastian continuava olhando para Alex. – Amanhã nos encontramos, cedo. Sebastian e Damon saíram da casa, Alex fechou a porta atrás deles. – Nossa! – comentou Sam. – O que foi? – Eles realmente querem que a gente lute. – E você acha que eu vou? Mais fácil eu começar a chorar e sair correndo. – ela riu. – Seria muito homossexual eu fazer o mesmo? – Muito, vai por mim. Eles riram e se sentaram no sofá, passaram a tarde por ali mesmo, até Michelle chegar. Michelle era uma mulher de meia idade, cabelo castanho claro e pele clara com sardas, Sam a achava linda, assim como a filha, por mais que não fossem muito parecidas fisicamente, – os olhos cor de mel da mãe não chegavam perto do tom de verde do da filha, muito menos o cabelo ruivo-avermelhado de Alex era parecido com o castanho claro da mãe, havia muitos tons de diferença – mas de personalidade eram praticamente iguais. – Boa noite Sam... – disse Michelle, encarando os dois no sofá. – Avisou a sua mãe que está aqui? – Eu... Na verdade não. – respondeu. – Ia ligar para ela, mas como chegou é melhor eu ir para casa. – Pode ficar o tempo que quiser Sam, mas precisa avisar ela, me ligou três vezes hoje. – Muito obrigado, mas vou ir, até amanhã Alex. – Sam se levantou e saiu da casa. O silêncio tomou conta da sala, Alex queria conversar com a mãe, ver se ela sabia do porão que encontrara, se ela sabia alguma coisa do pai importante, mas as palavras não saiam.
  • 5. – Mãe... Eu preciso conversar. – Pode falar. – Michelle andava de um lado para o outro na casa, recolhendo coisas espalhadas como sempre fazia quando chegava em casa. – É sobre meu pai. Michelle largou as coisas que tinha na mão sobre a mesa da cozinha, e caminhou até Alex. – Alexia... Nós já conversamos muito sobre isso. – um tom de preocupação atingiu a voz dela. – Mãe, eu sei, mas não é nada que eu tenha perguntado antes... Preciso que você me ouça e responda as perguntas diretamente, nada de enrolar, tudo bem? – Ok. – Meu pai tinha algum lugar onde gostava de ficar? Aqui em casa mesmo... – Joseph gostava de ficar no quarto, as vezes ele ficava bravo e trancava a porta, mas que eu lembre é só lá mesmo. – Acho que isso explica. – resmungou Alex – E nunca notou uma cor diferente no cabelo dele? – O cabelo dele era ruivo, mas pintava... Não se lembra? – ela riu, achando alguma coisa engraçada. – É por isso que eu não estranhei seu ruivo repentino. – Lembrar? – fez-se uma pausa, Alex continuou. – Agora falando sério, você sabia o que ele era? A mãe forçou um sorriso nervoso. – Como assim “o que ele era”? – Sabe do que eu estou falando, sei quando me esconde alguma coisa. – Eu não estou... – a Alex interrompeu. – Sabia que ele era um dominador, não sabia? Soube também que quando ele morreu naquele acidente eu virei dominadora. – Você está bem? Isso não faz sentido. Dominadora? Filha... – Não sabia? – Alex, se eu soubesse de alguma coisa teria te contado... – Bom, esqueça essa conversa. Alex deu as costas e ouviu Michelle alguma coisa como “adolescentes” e foi para o quarto. A cama estava desarrumada dos dois lados, onde Sam e ela dormiram. Ela se jogou de costas na cama, e ficou encarando o teto diante dos olhos, pensou em certas coisas que ela ainda teria de descobrir sobre esse mundo fantástico em que entrara, pensou em como era estranho e inexplicável o poder que ela tinha, e como ainda não tinha testado ele até agora. Era Fevereiro em Edimburgo, a neve caia na rua, Alex se levantou e agora encarava a janela, os pés dela não pareciam obedece-la. Ela já tinha de levantado e caminhava até a janela, abriu-a e colocou as mãos para fora, assim que a neve caiu sobre suas mãos, emitiu um som como jogar agua gelada em algo quente, e a neve se derreteu instantaneamente.
  • 6. Os flocos de neve que caiam derretiam em suas mãos, ela não sentia frio apesar da blusa fina que vestia e o jeans. Alex convenceu-se que deveria testar aquilo outra hora, não sabia o tamanho do seu poder, e caso fosse grande ela provocaria um incêndio. Ela deitou sobre a cama e adormeceu. Era de madrugada quando Alex acordou assustada, tinha combinado de cedo se encontrar com Sebastian, Damon e Sam na frente de casa, escondida da mãe. Alex trocou de roupa rapidamente, vestiu uma calça jeans, uma bota confortável, uma blusa fina e um moletom comprido até os quadris que Sam deu para ela de aniversário. Ela foi até a sala e ficou lendo um livro durante mais ou menos duas horas, até o sol se levantar e os pássaros começarem a cantar. Ela saiu para rua e sentou nos degraus da escada em frente a casa. Ela viu Sam saindo de casa, e viu Sebastian e Damon saltando de um taxi a poucos metros dali. – Pronta? – perguntou Sebastian. – Sim, só que minha mãe não sabe que eu vou sair, pode falar baixo. – sussurrou Alex. Nos próximos minutos, os quatro pegaram um taxi até uma praça – Sebastian disse que muita gente treinava lá, e não notariam a nossa presença em especial, já que íamos fazer um treino diferenciado, sem o domínio– que ficava há uns quinze minutos dali, mas Alex nem percebeu se demorou ou não, conversou com os três tanto que não viu o tempo passar. Chegando à praça, todos saíram do carro e observaram: homens já treinavam arco e flecha, outros manuseavam uma espécie de madeira como espada, e outros andavam sobre cordas bambas amarradas em árvores. Sebastian se aproximou de Alex e apoio a mão no ombro dela. – Olhe ali, – com a outra mão ele indicou uma menina que pulava cordas, e outro grupo de meninas que andavam sobre a corda bamba – converse com ela, eu a conheço, ela sempre treinou aqui, o equilíbrio e força é fundamental. – Alex fez que sim com a cabeça e se afastou. Damon já tinha ido até o arco e flecha, onde encontrou o que parecia ser uns amigos e começou a treinar, se saindo bem até demais aos olhos de Sam. Claro, ele dominava o ar. – Você... – Sebastian fez uma pausa esperando Sam olhar para ele. – Eu faria um treino com espadas, mas não as trouxe, então, treinaremos o domínio. – Mas nós estamos numa praça pública, não sei se você percebeu... Sebastian riu. – Existem criaturas da água que fazem favores, talvez pudesse pedir um para elas. – Sereias? – Não como as tradicionais, elas não cantam, e também não são bonitas, não atraem os marinheiros pela beleza, elas prometem a eles um desejo em troca de um beijo, aí você sabe. – E quer que eu a beije? – Não, vocês tem uma conexão pela água, se pedir algo ela não vai se custar para te dar. – Tem certeza? Como eu falo com ela? – “Vai saber o que dizer quando ela aparecer.”, li isso num livro.
  • 7. Sebastian e Sam pararam a frente do lago, observaram a agua se movendo e de repente a figura de uma mulher começou a aparecer. Sam se ajoelhou perto da água, arqueou as costas e se apoiou nas mãos, com os joelhos e as palmas na grama. A sereia estava com água nos ombros, o cabelo preto grudava na pele azul clara, os olhos eram completamente pretos, a boca se curvava num sorriso macabro em uma linha fina. Ela não era bonita, mas Sam via certo encanto nela. Uma voz – talvez o instinto – dizia a Sam o que ele deveria dizer, e se impressionou com a linguagem que utilizou, como se não fosse realmente ele falando. – Dama das águas, – ele fez um gesto com a cabeça. – peço que me dê proteção, um feitiço que cubra os olhos dos humanos aos meus poderes. – É esperto o seu jeito de se referir a mim, dominador, – ela sorriu e os cantos dos lábios alcançaram a orelha e fez Sam estremecer. – mas suponho que saiba o favor que terá de me fazer em troca. – Eu sei, minha dama, mas somos unidos pela água e sei que pode sentir isso, dê a mim e a meu amigo a proteção do feitiço, e eu serei grato. – Sua gratidão não vale nada para mim, mas talvez eu possa ver o seu amigo mudar de opinião. Sebastian, que estava logo atrás escutando a conversa, ajoelhou-se do lado de Sam imediatamente. – Vejo que era dominador também, Sebastian. – continuou a sereia. – Gostei de você, mas tem algo que possa me oferecer. – Veja bem, minha rainha, sabemos do que você faz a quem aceita seu beijo... Sebastian foi interrompido por uma gargalhada alta de uma outra sereia se aproximando. – Já chega Sona. – disse a sereia recém-chegada. Sona, a sereia com quem conversavam emitiu um ruído parecido com um choro triste e afundou no lago. – Interessante o que vejo aqui, dois dominadores. – Sebastian revirou os olhos. – Oh, me desculpe, um dominador e um treinador. Ela sorriu, seu olhar perverso alterou de Sebastian para Sam diversas vezes. Diferente da sereia Sona, os olhos dessa sereia eram azuis como os de um humano, a pele era branca rosada e o cabelo era verde. – Sou a rainha das sereias, muito prazer, podem me chamar de Johanna. Ela fez um aceno com a cabeça e em seguida Sam e Sebastian imitaram. – Prazer rainha, eu sou... – começou Sam. – Sei quem és. Vou realizar o seu desejo, não liguem para Sona, a próxima vez que precisarem de algum favor, chamem por mim. – Johanna se virou e mergulhou no lago. Sam e Sebastian se olharam e levantaram abruptamente. Sona podia ser assustadora e superior, mas Johanna era mais ainda. Sam pensou se eles viram o mesmo em relação a sereia, definitivamente o que Sebastian disse sobre sereias não serem bonitas, não se aplicava a rainha.
  • 8. – Eu nunca vi uma sereia tão... – Sebastian respirou fundo e continuou. – linda e assustadora. – Sei que não. – respondeu Sam, concordando com a cabeça. – Não fique pensando nisso, o bom é que ela gostou de nós, e se precisarmos de outro favor ela certamente aceitará, – Sebastian esfregou as palmas da mão uma na outra. – hora de trabalhar. Sebastian ensinou a Sam como fazer a água flutuar como se estivesse numa tigela invisível pairando no ar, como colocar força ao arremessar a água em algum alvo, a ter equilíbrio e o mais importante: ensinou como controlar cada movimento para que tivesse precisão em cada ataque. – Preciso que você se concentre agora, mais do que nunca, quero que imagine que precise se proteger, proteger alguém que ama. – involuntariamente Sam pensou em Alex. – Quero que coloque toda a atenção nisso, levante paredes em volta de si, paredes de agua, gire-a. Sam cerrou os olhos, tentando imaginar a agua se erguendo em torna dele, se movendo, girando e protegendo como se fosse um casulo. – Estou pronto. – disse com os olhos agora fechados. – Quando quiser. Ele respirou fundo e a água começou a se erguer, vinda do lago, se movia em um redemoinho em torno de si subindo, até os joelhos, cintura, pescoço e por fim tapando sua visão, a água girava com força para que qualquer coisa jogada contra ele não passasse pela barreira. Ele se surpreendeu com a própria capacidade, admirou as próprias mãos e deixou a água desabar. Sam estava tão impressionado com si mesmo que não percebera Alex olhando para ele, perplexa. – Como fez isso? – disse ela. Sebastian se colocou entre os dois. – Johanna mentiu. – ele colocou a mão na boca e começou a olhar para os lados. – A gente precisa sair daqui. Pessoas tinham se acumulado em grupos para assistir Sam. – Vão buscar Damon, agora! – ordenou Sebastian, virou de costas e disparou a correr para algum lugar. Alex segurou a mão de Sam assim que ele estendeu, saíram correndo juntos a tropeços, atravessando a praça. Damon surgiu correndo na direção deles, ele esbarrou em alguns curiosos que tinham seguido Sam até ali e parou. – Eles já estão chegando, temos pouco tempo. – disse Damon, arfando. – E como você sabe? – perguntou Alex. – Por favor, não acho que tenhamos tempo para desconfiança. Os três seguiram de volta para a orla do lago, Sebastian estava encostado numa árvore, conferindo os bolsos.
  • 9. – Alex, tem alguma coisa com que possa se defender? – o olho de Sebastian brilhava, e Alex pensou se era sempre assim quando estava em ação. – Na verdade não. – respondeu. – Alexia, preste atenção em mim, – ele estava ofegante. – não tive tempo de te treinar, vem cá. Sebastian fez um gesto para Damon, que balançou a cabeça em afirmação, pegou o pulso de Alex e a puxou para trás, uns quatro metros de onde estavam. – Para dominar, é preciso imaginar, estenda sua mão. – ela estendeu, ele respirou fundo como sempre fazia e continuou. – Imagine as chamas, como se estivessem limitadas a uma bola, imagine que elas tem que caber em algum lugar, que estão sendo pressionadas. Ele parou de falar e ela se concentrou unicamente naquilo, assim como viu Sam fazer. De repente as chamas apareceram, como quando estivera no porão, ela fechava a mão e as chamas cessavam, quando abria, retornavam, a menos que ela não quisesse. – Para soltar, só empurrar a mão, como se estivesse largando algo, jogando alguma coisa na parede. – explicou Sebastian, e ela fez que sim com a cabeça. Ele voltou para onde Sam e Damon estavam, e ela o seguiu. – Damon sabe o que fazer, já Sam e Alex não se arrisquem muito, fiquem atrás sempre. – disse Sebastian com a voz firme e controlada. Sam e Alex fizeram que sim com a cabeça. – Já era para terem chegado. – resmungou Damon. – Você sabia que eles viriam? – Sebastian lançou para Damon um olhar acusatório – Porque acha que eles estão demorando? – Claro que eu não sei, mas faz tempo que vocês estavam treinando, e até agora eles não chegaram. Sebastian não disse nada, em vez disso colocou uma adaga no cinto e agarrou um arco caído no chão, assim como uma aljava. – Eu não tenho ideia do que fazer. – Alex falou baixo, para que só Sam escutasse. – Eu também não, e é impossível me tornar um dominador nato de uma hora para outra, mas também não vou ficar parado. – ele disse igualmente baixo e deu um sorriso. – Não banque o suicida. – Não banque a heroína. – Acho bem provável eu sair correndo. – eles riram baixo, tomando cuidado para nem Sebastian e nem Damon escutarem. – Sabe Alex, isso não é brincadeira... O barulho de pneus deslizando na rua fez com que Sam parasse de falar, ele abraçou Alex forte contra seu peito, passou a mão sobre a cabeça dela fazendo-a se lembrar de quando eles eram crianças. Sam sempre a abraçou daquele jeito, e aquilo tinha o poder se confortá-la em qualquer situação, até mesmo quando seu pai morreu. Cerca de dez a quinze carros como os que estavam na casa de Sebastian estacionaram na rua, saltaram deles vários homens – Oleums – e junto com eles uma figura feminina,
  • 10. primeiro Alex viu os tênis vermelhos escuros, depois a calça preta e justa, em seguida a blusa branca que dizia “PAZ E AMOR”. Então Alex congelou. Era a menina dos seus sonhos, e em outro carro, o garoto com quem também tinha sonhado.