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ECONOMIA
CRIATIVA
REVISTA BAHIA ANÁLISE E
DADOS
SEI-BA
O  reconhecimento da correlação entre cultura e
 desenvolvimento deriva da percepção de que as
 atividades     criativas   não     se    ancoram
 exclusivamente no valor do patrimônio material,
 nos acervos de museus tradicionais ou em recursos
 a fundo perdido. A atividade cultural/criativa se
 associa, rapidamente, ao uso de novos materiais,
 às    novas    tecnologias   de   informação    e
 telecomunicação e às mutações organizacionais
 na produção e distribuição de bens. Ela sai dos
 limites do Estado e do mecenato para interessar à
 empresa.
 Não  apenas à “indústria cultural”, nascida há
 mais de um século, mas a toda e qualquer firma
 interessada em agregar valor ao seu produto. Isso
 porque, na nova economia, a relação entre
 atividades econômicas e culturais não se resume
 apenas ao processo de mercantilização da
 cultura, mas principalmente ao fenômeno da
 culturalização da mercadoria. Vive-se numa
 economia em que o vestuário é moda, o
 mobiliário depende do design, e o turismo precisa
 do espetáculo.
 Esta culturalização da mercadoria, por sua vez,
 impõe a extensão do próprio conceito de indústria
 cultural. Desde o final do século XX, discute-se a
 importância das “indústrias criativas”, que
 ultrapassam as artes e indústrias culturais
 tradicionais para abarcar novas e antigas mídias, a
 indústria do entretenimento e atividades tão
 distintas quanto marketing e propaganda,
 produção de software, design e gastronomia.
   O duplo movimento de mercantilização da cultura e
    de culturalização da mercadoria amplia em muito o
    significado econômico das atividades culturais e atrai
    o interesse de um número crescente de economistas.
   A produção criativa – entendida também como
    output dos setores criativos – deixa de ser vista
    simplesmente como elemento de gasto ou custo para
    ser entendida como potencial embrião de um novo
    padrão de desenvolvimento sustentável – econômica,
    social, política, ambiental e culturalmente – que se
    coloque como alternativa efetiva ao modelo de
    desenvolvimento ainda hoje predominante no mundo.
   Esse modelo neoliberal tem sistematicamente levado o
    mundo a crises, desemprego, injustiças sociais,
    violência, guerras, ampliação das desigualdades de
    classe e regionais,       preconceitos,  competição
    desenfreada etc.
   De fato, a nova economia criativa é capaz de adotar
    modelos de "negócios" e formas de organização que
    parecem se situar fora dos limites tanto do mercado,
    quanto do Estado. Formas que se baseiam no
    compartilhamento do valor criado, mas que não
    envolvem a troca monetária ou financeira. São
    exemplos desse fenômeno o desenvolvimento dos
    softwares livres, os sites wiki, como a Wikipédia, a
    imprensa colaborativa e o crowdfunding de
    experiências inovadoras. Essa nova economia em
    redes, solidária, baseada na produção do
    conhecimento a partir do conhecimento, território da
    abundância e não da escassez, teria o potencial de
    se tornar hegemônica, abrindo espaço para um novo
    modo de produção assentado na elaboração e
    distribuição cooperativa
   Para responder a essa questão é preciso ir com
    cuidado. A economia criativa é afetada, no início do
    século XXI, pelas mesmas forças que transformam a
    economia em geral:
   (a) aceleração do progresso técnico, que modifica as
    formas de produzir, distribuir e de consumir e abala os
    alicerces dos tradicionais direitos de propriedade
    intelectual;
     (b) revolução organizacional, que impõe novas
    estruturas de produção, novos formatos de distribuição
    e circulação, novos modelos de negócios, novas
    configurações de mercados e novas relações de
    trabalho;
   (c) continuidade da concentração e centralização do
    capital;
   (d) globalização das trocas comerciais e financeiras; e
    (e) microssegmentação crescente dos mercados e do
    marketing.
 No  Brasil, tem sido utilizado o conceito de
 economia criativa, que engloba a criação,
 produção e distribuição de bens e serviços que
 usam o conhecimento, a criatividade e o ativo
 intelectual como principais recursos produtivos. A
 economia criativa é, portanto, a economia do
 intangível, do simbólico, a qual se alimenta dos
 talentos criativos, que se organizam individual ou
 coletivamente para produzir bens e serviços
 criativos. A essência e o valor do bem e do
 serviço criativo se encontram na capacidade
 humana de inventar, de imaginar, de criar, seja
 de forma individual ou coletiva.
 Nos últimos dez anos (2003-2012), no Ministério da
 Cultura, colocou-se a dimensão econômica da
 cultura como um elemento-chave da política
 cultural. A recente criação da Secretaria da
 Economia Criativa (SEC), com seu plano de
 ações para os anos 2011-2014, é uma clara
 manifestação do desejo das autoridades de dar
 maior atenção à implantação de políticas
 públicas que possam alavancar o setor no Brasil.
   O Ministério da Cultura define a economia
    criativa como a soma de todos os setores
    criativos cujas “atividades produtivas têm como
    processo principal um ato criativo gerador de
    valor simbólico, elemento central da formação
    do preço, e que resulta em produção de riqueza
    cultural e econômica”. Setores criativos vão além
    dos denominados como tipicamente culturais,
    ligados à produção artístico-cultural (música,
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    à publicidade, à moda, à gastronomia, entre
    outras. Com essa definição, o governo brasileiro
    mostra estar ciente da importância da economia
    criativa e do seu papel no desenvolvimento
    sustentável do país.
   A Bahia tem se destacado no que se refere à
    atividade cultural e criativa brasileira. O
    estado possui uma significativa produção nas
    áreas de música e publicidade. Nestes
    segmentos, os seus artistas, produtores
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Economia Criativa na Bahia

  • 2. O reconhecimento da correlação entre cultura e desenvolvimento deriva da percepção de que as atividades criativas não se ancoram exclusivamente no valor do patrimônio material, nos acervos de museus tradicionais ou em recursos a fundo perdido. A atividade cultural/criativa se associa, rapidamente, ao uso de novos materiais, às novas tecnologias de informação e telecomunicação e às mutações organizacionais na produção e distribuição de bens. Ela sai dos limites do Estado e do mecenato para interessar à empresa.
  • 3.  Não apenas à “indústria cultural”, nascida há mais de um século, mas a toda e qualquer firma interessada em agregar valor ao seu produto. Isso porque, na nova economia, a relação entre atividades econômicas e culturais não se resume apenas ao processo de mercantilização da cultura, mas principalmente ao fenômeno da culturalização da mercadoria. Vive-se numa economia em que o vestuário é moda, o mobiliário depende do design, e o turismo precisa do espetáculo.
  • 4.  Esta culturalização da mercadoria, por sua vez, impõe a extensão do próprio conceito de indústria cultural. Desde o final do século XX, discute-se a importância das “indústrias criativas”, que ultrapassam as artes e indústrias culturais tradicionais para abarcar novas e antigas mídias, a indústria do entretenimento e atividades tão distintas quanto marketing e propaganda, produção de software, design e gastronomia.
  • 5. O duplo movimento de mercantilização da cultura e de culturalização da mercadoria amplia em muito o significado econômico das atividades culturais e atrai o interesse de um número crescente de economistas.  A produção criativa – entendida também como output dos setores criativos – deixa de ser vista simplesmente como elemento de gasto ou custo para ser entendida como potencial embrião de um novo padrão de desenvolvimento sustentável – econômica, social, política, ambiental e culturalmente – que se coloque como alternativa efetiva ao modelo de desenvolvimento ainda hoje predominante no mundo.  Esse modelo neoliberal tem sistematicamente levado o mundo a crises, desemprego, injustiças sociais, violência, guerras, ampliação das desigualdades de classe e regionais, preconceitos, competição desenfreada etc.
  • 6. De fato, a nova economia criativa é capaz de adotar modelos de "negócios" e formas de organização que parecem se situar fora dos limites tanto do mercado, quanto do Estado. Formas que se baseiam no compartilhamento do valor criado, mas que não envolvem a troca monetária ou financeira. São exemplos desse fenômeno o desenvolvimento dos softwares livres, os sites wiki, como a Wikipédia, a imprensa colaborativa e o crowdfunding de experiências inovadoras. Essa nova economia em redes, solidária, baseada na produção do conhecimento a partir do conhecimento, território da abundância e não da escassez, teria o potencial de se tornar hegemônica, abrindo espaço para um novo modo de produção assentado na elaboração e distribuição cooperativa
  • 7. Para responder a essa questão é preciso ir com cuidado. A economia criativa é afetada, no início do século XXI, pelas mesmas forças que transformam a economia em geral:  (a) aceleração do progresso técnico, que modifica as formas de produzir, distribuir e de consumir e abala os alicerces dos tradicionais direitos de propriedade intelectual;  (b) revolução organizacional, que impõe novas estruturas de produção, novos formatos de distribuição e circulação, novos modelos de negócios, novas configurações de mercados e novas relações de trabalho;  (c) continuidade da concentração e centralização do capital;  (d) globalização das trocas comerciais e financeiras; e  (e) microssegmentação crescente dos mercados e do marketing.
  • 8.  No Brasil, tem sido utilizado o conceito de economia criativa, que engloba a criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam o conhecimento, a criatividade e o ativo intelectual como principais recursos produtivos. A economia criativa é, portanto, a economia do intangível, do simbólico, a qual se alimenta dos talentos criativos, que se organizam individual ou coletivamente para produzir bens e serviços criativos. A essência e o valor do bem e do serviço criativo se encontram na capacidade humana de inventar, de imaginar, de criar, seja de forma individual ou coletiva.
  • 9.  Nos últimos dez anos (2003-2012), no Ministério da Cultura, colocou-se a dimensão econômica da cultura como um elemento-chave da política cultural. A recente criação da Secretaria da Economia Criativa (SEC), com seu plano de ações para os anos 2011-2014, é uma clara manifestação do desejo das autoridades de dar maior atenção à implantação de políticas públicas que possam alavancar o setor no Brasil.
  • 10. O Ministério da Cultura define a economia criativa como a soma de todos os setores criativos cujas “atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural e econômica”. Setores criativos vão além dos denominados como tipicamente culturais, ligados à produção artístico-cultural (música, dança, teatro, ópera, circo, pintura, fotografia, cinema), compreendendo outras expressões ou atividades relacionadas às novas mídias, à indústria de conteúdos, ao design, à arquitetura, à publicidade, à moda, à gastronomia, entre outras. Com essa definição, o governo brasileiro mostra estar ciente da importância da economia criativa e do seu papel no desenvolvimento sustentável do país.
  • 11. A Bahia tem se destacado no que se refere à atividade cultural e criativa brasileira. O estado possui uma significativa produção nas áreas de música e publicidade. Nestes segmentos, os seus artistas, produtores profissionais e suas escolas de formação têm se sobressaído. Como promissoras e potenciais atividades criativas no estado, podem ser apontados os segmentos de design de moda e dos jogos eletrônicos. A cultura digital é outro vetor importante a se desenvolver e consolidar, pois parte da ideia de que a tecnologia digital é capaz de mudar comportamentos e criar novas formas de fazer arte