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Ano 2 nº 10                                                   MÚSICA .FILME .HQ .SHOW                                          João Pessoa, setembro 2012
Distribuição gratuita




                        No processo de fabricação do vinho, existem várias etapas: colheita, esmagamento, fermentação, afinamento, envelhecimento e engarrafamento.
                        Aí você me pergunta: “E daí? O que isso tem a ver com os Comedores de Lixo?” Eu respondo: Tudo! Nos confins do conjunto habitacional, Presi-
                        dente Costa e Silva, assistindo aos ensaios da Rotten Flies, três moleques sem grana e com muita força de vontade deram início a uma jornada
                        que já dura 16 anos. Com o passar do tempo, a banda foi mudando de formação, chegando ao ponto que culmina na sua melhor fase, o lança-
                        mento do seu debut, intitulado Aos mortos. Aqui você confere um bate-papo no qual a banda nos brinda com sua persistência e honestidade. Saúde!

                                         Comedores de Lixo - Aos Mortos e Aos Vivos
                        Como está essa formação nova? É como começar           Lawrence - A Comedores de Lixo foi criada da se-       As letras eram sexistas, e a gente nem sabia o que
                        de novo?                                               guinte maneira: ensaiava na serigrafia de Jader, na    era isso na época (risos)! Tinha uma letra que dizia:
                        Lawrence - Da formação mais antiga, só tem eu e        Rua da Areia, a Rotten Flies. Quase toda semana, ía-   Glória era a puta mais gostosa da cidade. As letras
                        Beto. Não é começar de novo, é continuar. Cada for-    mos assistir ao ensaio. Já conhecia a banda do Costa   eram do Jader. Nessa época, não tinha o lance do
                        mação é um aperfeiçoamento, cada componente que        e Silva, ainda com Neto na guitarra. Eu era muito      movimento punk caindo em cima dessas coisas, de-
                        entra vem com uma influência diferente, mas a gente    amigo de Jorge, estudava na Escola Técnica, e con-     pois começou a ficar mais forte aqui em João Pessoa,
                        mantém a nossa linha de som.                           hecemos Jader através de Beto. Daí a gente resolveu    e começou o policiamento. Depois disso, deu uma es-
                                                                               formar uma banda comigo no vocal, Jorge no baixo,      friada, e resolvemos formar outra banda. Dessa vez,
                        Marcel, você já conhecia a banda, mas como foi ter     Edvan na bateria e Jader na guitarra, a Ugly Duck.     seria hardcore com letras politizadas, sem sexismos,
                        que pegar todas as músicas em tão pouco tempo?         Nosso primeiro show foi no II Escarro Sonoro...        que tava com todo caralho aqui, o pessoal criticava
                        Marcel - Até agora, ainda estou no processo de pegar                                                          muito o Matalamão (PE), que tinha vindo tocar aqui,
                        as músicas! É música pra caramba! (risos). Tem hora    Vi vocês tocando pela primeira vez no Vox Odiun,       caiu de pau.
                        que dá um branco e esqueço, mas é normal. Isso é só    no Cilaio Ribeiro...
                        com tempo, mas, quando começam a dizer que vão         Lawrence - A gente passou um ano tocando com essa      A Comedores de Lixo existe há 16 anos. O que fa-
                        chamar Anselmo de volta, só falto ter um ataque!       formação...                                            cilita e o que dificulta? Qual a ressonância do trab-
                        (risos).                                                                                                      alho da banda depois de tanto tempo?
                                                                               Ugly Duck já era hardcore?                             Lawrence - O que facilita é saber que já temos uma
                        Foi você que criou a Comedores de Lixo?                Lawrence - Sim, mas não tinha ideologia nenhuma.       estrada, uma trajetória. É ter seu trabalho valorizado.
    Foto: Olga Costa




                        O que dificulta é a questão de espaço...               ...onde fiz uma entrevista com a Comedores, e você     em baixa que não tinha show, não tinha porra
                        Defina valorizado...                                   falou assim: atualmente João Pessoa está muito         nenhuma! Principalmente porque se valorizava mui-
                        Lawrence - Valorizado pela galera da cidade, compa-    parada... às vezes o pessoal vai aos shows, mas não    to as bandas que faziam cover, isso foi uma merda!
                        recer nos shows...                                     entra, arruma dinheiro pra beber, mas não paga         Teve um show uma vez que tinha três Nirvana cover
                                                                               três reais num show... talvez seja o momento, deu      numa noite só!
                        Você disse no Informativo da Cactus Discos em          uma decrescida e vai crescer de novo.
                        2000...                                                Lawrence - De 2000 até 2009, piorou muito.             “Aos Mortos” é um apanhado do que a banda já
                        Lawrence - Você está parecendo Ana Hickman: Você       Começou a melhorar de 2010 pra cá. Teve tempo que      fez ou é tudo inédito?
                        falou para a revista Contigo... (risos).               a gente tocou apenas uma vez no ano! Tava tudo tão     Lawrence - Não é um disco conceitual. É uma
2                                                                                                                                             MICROFONIA
evolução... a nossa primeira demo tape foi Fator de                                                               Quais os planos futuros?
Repressão num estúdio que tinha Williard, Wilhelm                                                                 Roninho – De imediato, tocar para divulgar o CD!
e Peixe nos Bancários. O primeiro CD foi a Velha                                                                  E, quando chegarmos aos vinte anos, estamos pen-
Seca em CD-r, depois veio a coletânea Farinha,                                                                    sando em fazer umas regravações.
Hardcore e Rapadura, primeiro material prensado da
banda. Depois veio De Deus e dos Homens, já com                                                                   O que você acha que a Comedores de Lixo não
Klaton na guitarra. Nos créditos desse novo CD, tem                                                               deveria ter feito?
todas as músicas compostas pela Comedores e Kla-                                                                  Lawrence - Nada, acho que tudo o que a banda fez
ton Lins, porque ele compôs todas as músicas desse                                                                foi bem feito. Não tenho nenhum arrependimento.
CD antes de deixar a banda. Roninho assumiu a gui-                                                                Já teve atitudes pessoais que hoje eu me arrependo,
tarra, e começamos a procurar um baixista, e Ansel-                                                               mas, quando a gente é imaturo, faz algumas coisas
mo veio gravou as músicas e depois foi embora para                                                                nada a ver...
Portugal. Só fez gravar o CD e saiu! Nada antigo foi
aproveitado, só tem músicas inéditas.

Por que “Aos Mortos”?                                    isso acontece, sai uma merda! (risos).
Lawrence - Não se faz disco ao vivo? Então, re-
solvemos fazer um disco chamado “Aos Mortos”.            Você já pensou em sair desse tema contestatório?
Junto com Nildo, a gente foi criando as ideias, a pla-   Lawrence - Não. Até mesmo porque eu acho que o
teia toda de caveiras e por aí foi. É uma espécie de     hardcore tem a ver com isso, de você expor a sua
antônimo.                                                indignação. Tenho meu trabalho, mas não é por conta
                                                         disso que vou deixar de ter a minha visão da reali-
Nildo Gonzales fez a diferença na produção do            dade que é fudida! E eu não acho bom não, velho!
CD Aos Mortos?                                           Tem até uma letra que escrevi uma vez, mas nunca
Lawrence - Sim! Nildo acompanhou os ensaios, a           usei, que é assim: quando um dia estiver tudo mara-
pré-gravação, a gravação. Até nas letras ele também      vilhoso/vou falar de amor. Mas não dá pra falar de
ajudou, discutiu comigo, entonações, etc. Ajudou         amor agora, não, tem muita coisa triste. O hardcore
muito Beto na bateria... a presença de Nildo foi mui-    está totalmente ligado a isso aí, não tem como se des-
                                                                                                                  EDITORIAL
to forte nesse nosso trabalho.                           vincular.
Roninho - No underground, não estamos acostuma-                                                                   Sorrisos amarelos, concessões – não
dos com a figura do produtor. Muitas vezes, achamos      Se alguém chegasse pra você e afirmasse que, ape-        fazemos isso, nós fazemos aquilo em que
ser irrelevante, mas foi bem legal. Foi a primeira vez   sar de fazer um som rápido, pesado, com letras           acreditamos. E acreditamos no veículo im-
que trabalhei com um produtor!                           politizadas, vocês não são hardcore. Em que isso         presso que se encontra em sua mão. Como
                                                         afetaria?                                                não temos nenhuma amarra governamental,
A capa é bem Misfits... quem foi que fez a arte          Lawrence - Eu perguntaria: o que é hardcore pra          escrevemos e publicamos o que nos dá na
da capa?                                                 você? O hardcore está na minha cabeça. É meu jeito       telha, só seguimos a regra do português. Em
Lawrence - Foi Jansen Baracho, de Natal, ele de-         de viver, de pensar. Não tem nada a ver com questão      outras palavras, não desaportuguesamos a
senha muito bem! Além de gostar de hardcore e des-       social ou financeira. Não adianta você falar um mon-     língua pátria porque agora nós temos uma
sas paradas meio “walking dead”.                         te de coisa e viver justamente o contrário. Eu vivo      revisora que usa métodos de correção que
                                                         dentro do sistema, não posso dizer que sou contra,       a própria aprendeu em Guantánamo... Neste
Como foi fazer Aos Mortos?                               mas vou ter a minha maneira de viver.                    número, a prata da casa e também a mais
Lawrence - A gente estava sem gravar desde 2008.                                                                  nova aquisição do selo Jornal Microfonia,
Daí paramos para compor o CD novo, não tínhamos          Quem você destaca no cenário de bandas hoje?             Comedores de Lixo. Joelson Nascimento
capa, nada ainda. Foi quando Klaton foi para Natal, e    Lawrence - Aqui tem muita banda legal! Aqui              entra para o time do Jornal Microfonia em
aí ficávamos eu, Beto e Roninho fazendo as músicas.      ainda tem uma cena forte nessa linha de som pesado.      grande estilo e fala dos heróis Marvel zumbi-
Beto – No início, a gente deixou nas mãos dele, mas      Tanto no metal como no hardcore. Destaco a banda         ficados no Zumbilândia. A família Jornal Mi-
teve uma hora que foi preciso chegar no cara. No fi-     E.R.R.O., gosto muito da Fucinho de Porco, Disacu-       crofonia está crescendo também com novos
nal, deu tudo certo.                                     sia, No One Answers, Noskill, Madrecita.                 parceiros, e isso é só o começo! Boa leitura!
Roninho - Tem um lance engraçado: é que Lawrence
fazia as músicas no beatbox. Ele gravava no trabalho     O que você espera dessa fase nova da Comedores
dele e trazia pra gente ouvir e passar pra guitarra      de Lixo?
(risos).                                                 Lawrence - Aos Mortos é o primeiro disco oficial.        EXPEDIENTE
Lawrence – Já penso numa base. Hoje em dia, como         Provavelmente, a gente não vai tirar o que investiu,
tem o celular, gravo a ideia cantando a base. Um cara                                                             Editores Responsáveis:
                                                         mas era algo que a gente esperava muito. O interes-
que estava lá no estúdio disse: “Meu amigo, quando       sante é você poder lançar um material pelo que os        Adriano Stevenson
faço isso a galera diz que sou abestalhado!” Pois eu     outros acreditam! A música é a nossa válvula de es-      Olga Costa(DRT – 60/85)
faço direto, já deve ter umas dez músicas gravadas       cape! Não queremos viver de música. O mais in-
nesse celular. É muito bom, principalmente porque        teressante da música é poder criar. Quando pensamos      Colaboradores:Josival Fonseca/Beto
não tenho um violão em casa...                           em lançar o CD, não pensamos em tirar o investi-         L./Erivan Silva/Joelson Nascimento
                                                         mento, mas a questão de criar é que é foda e dizer:
Qual foi a música que deu mais dor de cabeça             isso aqui quem fez fomos nós! Goste quem gostar!
nesse disco?                                                                                                      Editoração:Olga Costa
                                                         Não foi outra pessoa que fez, foi a gente. Isso é o
Beto – Fins Lucrativos...                                mais importante. E, muitas vezes, quando o estresse      Ilustração:Josival Fonseca
Lawrence – A gente gravou e acabou descartando...        bate, fazer música é isso...
Roninho – Não gravamos com metrônomo.                                                                             Revisão: Juliene Osias
                                                         Se vocês não fossem lançar Aos Mortos prensado,          Anúncios:(83)3512 2330
Quais as que vocês gostam mais?                          seria um problema lançar em CD-r?
Roninho – Inimigos, acho muito foda!                                                                              E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com
                                                         Beto – Quando a gente ficou sem selo, pensamos o
Lawrence – Herança, Alianças do Medo e Criança           seguinte: vamos arrumar três selos. Pensamos em          Facebook.com/jornalmicrofonia
Soldado, gosto muito dessas três músicas.                Klaton, Jorge... e vamos lançar em CD-r. Daí eu
Marcel – Herói e Criança Soldado.                        falei: eu prefiro que a gente faça um envelope com       Twitter:@jmicrofonia
                                                         o CD prensado do que ter uma capa fuderosa e um          Tiragem:3.000 exemplares
A criação é um lampejo ou é um trabalho braçal?          CD-r dentro.
Lawrence - Na maioria das vezes, a ideia vem quan-       Lawrence – A gente fez um investimento nesse CD
do estou dentro de um ônibus, no trabalho... quando      e lançar em CD-r seria o mesmo que morrer na praia!      Todos os textos dos nossos colabora-
vem uma ideia, escrevo. Nesse CD agora, muitas le-                                                                dores são assinados e não necessari-
                                                         Roninho – Tem o lance da durabilidade também. O          amente refletem a opinião da redação.
tras escrevi pensando na base que já tava pronta, mas    CD-r, com um ano, ele começa a descascar, o CD
a maioria das músicas anteriores veio do nada! É raro    prensado tem um tempo de vida maior.
conseguir parar para pensar num tema, e, quando
MICROFONIA                                                                                                                                                          3

                              Zumbilândia - Com grandes poderes vem grande fome
                            A série Zumbis Marvel surgiu aqui no Brasil      como série de TV. Este cara é considerado         Homem-Aranha “morrendo” de remorso por
                            na finada revista Marvel Max. Mas, antes dis-    por muitos admiradores do gênero, o George        ter literalmente comido Mary Jane e a tia
                            to, uma história publicada na também finada      Romero atual dos zumbis. Os desenhos são de       May! O Capitão América passa toda a série
                            Marvel Millennium Homem-Aranha (Ulti-            Sean Philips, e as capas, de Arthur Suydam.       faltando metade da cabeça, e o Hulk, que de-
                            mate Fantastic four 21, lançada em 2003), o      Na série zumbis Marvel, praticamente todos        vora tudo que vê pela frente, ao voltar a ser
                            quarteto Fantástico em sua versão Ultimate,      os heróis são transformados em zumbis. Tudo       Banner, não comporta na barriga tudo que
                            encontram a terra em 2149 (isso mesmo, a         começa quando a Sentinela (finado herói tam-      comeu. A fome dos heróis é tão grande que
                            Marvel também tem suas terras paralelas,         bém) é atingida por um clarão no céu. E, ao       eles chegam a comer o próprio Galactus. A
                            assim como a DC) e encontram uma versão          voltar para a Terra, infecta os vingadores e os   saga dos zumbis Marvel foi tão bem aceita
                            zumbificada do universo Marvel. A história       transforma em zumbis. A partir daí, os heróis     que chegaram a ser produzidas cinco séries,
                            foi escrita por Mark Millar, e a ideia foi bem   começam a devorar todo o universo Marvel.         inclusive um encontro entre os “heróis” e
                            aceita pela Marvel, surgindo, assim, a série     Este é apenas o início de toda a loucura. Um      Ash (Isso mesmo, aquele interpretado por
                            “Marvel Zombies”. Desta vez, escrita por         dos pontos altos da série é o humor negro         Bruce Campbell no clássico The Evil Dead de
                            Robert Kirkman, criador e escritor da série      e as belas capas que fazem referências às         Sam Raimi). Sem sobra de dúvidas, Marvel
                            The Walking Dead, publicada pela Imagecom-       grandes sagas do universo Marvel e a filmes       Zumbis é uma das séries mais legais que a
                            ics desde 2003 e que hoje faz grande sucesso     famosos. Pra se ter ideia, tenta Imaginar o       Marvel já produziu nos últimos tempos!J.N.


  El Mariachi
GUERRA URBANA D-BEAT - EXTERMINIO, GANÂNCIA                              com o Hair Metal com laquê é latente. Mas, é claro, as influên-
E PODER CD (PE) Se eu não tivesse visto a ficha técnica, juraria         cias não se limitam ao estilo citado, a bagagem sonora da banda
que esse CD foi gravado em 1986, pois o som é aquele hardcore            se faz presente em cada riff, que, mesmo sendo alguns clichês,
cru, bateria seca, guitarra a La barbeador elétrico e baixo grave, o     não compromete o resultado final, por sinal, pouco explorado
que não compromete de forma alguma o CD. Pois do que adianta             dentro dessa seara. No EP de estreia, apenas com quatro músicas,
uma gravação magistral se você não tem boas músicas? As letras           o entrosamento é evidente, apesar do pouco tempo de formação.
são metralhadoras giratórias, descrevendo todos os problemas             Destaques para Shine On e Spellbound, que tem passagens bem
que esse povo brasileiro sofrido enfrenta. O legal do som hardcore       ao estilo do Whitesnake. A.S. www.myspace.com/albasavage
é que você pode até se enganar, mas você não vai enganar quem
realmente gosta do estilo. Formada por Fernanda (vocal), André           NÃO CONFORMISMO – BASTA! CD (RJ) Falar do Não
(vocal), Netto (guitarra), Flávio baixo e Allan bateria, os vocais são   Conformismo é falar de hardcore old school e ouvir coros unís-
bem comuns, incluindo até a bela desafinada de Fernanda em algu-         sonos, dedos apontados para o alto, como se a indignação fosse
mas passagens. Os destaques ficam por conta de “Prisão Domicili-         sair pelas mãos! Sim, caro leitor, essa banda consegue fazer o
ar” e “Guerra Urbana. B.L. www.myspace.com/guerraurbana12                ouvinte não ficar parado, mesmo que seja com um leve balan-
                                                                         çado de cabeça. Esse quinteto de Macaé-RJ começou nos anos
MADALENA MOOG PHILIPEIA EP CD (PB) Uma singe-                            90, lançaram a demo tape Famintos por Liberdade e depois de
la homenagem pop a Jampa. Um belo retrato musical do cantor,             um tempo, que durou aproximadamente uns dezoito anos, a banda
compositor e multi-instrumentista Antônio Patativa. Percorreu            voltou e gravou o CD Basta! Formada por Alex (guitarra), Fe-
o caminho batido desde suas descobertas college rock até a foz           lipe (baixo), Fred (vocal), Marlon (guitarra), Sidarta (bateria),
do mar imenso da música popular brasuca. Um evidente amadu-              nos presenteia com um petardo com letras e som que a muito
recimento partilhado com Valter Pedroza (guitarras), Jansen              se faz falta, produzido pelo ex-Dead Fish, Hóspede, que segun-
Carvalho(baixo) e Emerson Pimenta (bateria) que dão definição            do Alex em entrevista para o FMZ (www.feiramodernazine.
à banda como agulha e linha fiando no colorido tecido. Esse EP,          com) disse que ele “é o cara!” Se você gosta de Sociedade Ar-
composto por sete faixas, é uma extensão do trabalho anterior. Foi       mada, Ação Direta, Lobotomia, essa é uma banda que vai en-
produzido e gravado no estúdio Peixe-Boi com destaques para as           trar na sua lista. A.S. www.facebook.com/NaoConformismo
músicas “Ela só pensa em namorar”, com a levada mais samba-
rock de todas; fez de “Bifurcação” uma versão clean e curta,             KOPOS SUJUS - OS TÍMIDOS MENINOS DO UNDER-
emprestada da banda rock Musa Junkie. O fato conclusivo: seu             GROUND EP CD (RJ) Impossível não associar Kopos Sujus
namoro com o samba rock virou casamento. Ou será com o rock              com birita, o nome de cara entrega, e pra a coisa ficar mais api-
samba?! Enfim, a Madalena Moog despiu-se da inocência e botou            mentada, a diluição é feita com punk rock. São quatro músicas, na
o seu melhor vestido de passeio. Despojada, faceira e melindrosa,        qual a ultima, I kill spies é um cover do Agent Orange do disco
com caras e com bocas. J.O. www.myspace.com/madalenamoog8                This is the voice de 1986. A primeira, Sujeito Homem, tem uma
                                                                         influencia oitentista, que lembra uma banda paulista chamada
ALBA SAVAGE S/T EP VIRTUAL (PB) Com uma capa                             Crime, Os Tímidos Meninos Do Underground, a terceira do ál-
mais carnavalesca do que glam, a nova empreitada dos irmãos              bum é rockabilly no tutano. Alexandre bolinho (voz e guitarra),
Wilhelm Hansen e Williard Scorpion tem a alcunha de Alba                 Davi Duarte (bateria) e Marcelo Ramones (Baixo e backing vo-
Savage. Oriundos de bandas como Medicine Death, Bona Dea                 cal), sacam a manha de fazer punk rock pra beber e dançar, segun-
e Dissidium (apenas Williard era membro), eles se juntaram a             do alguns informantes, quando forem lançar o próximo CD, eles
Diego Nobrega (guitarra/backing vocals) e Jr. Punk (bateria).            irão pagar bebidas para todos. Faz jus ao nome da banda, então
Dessa feita, o quarteto difere de suas antecessoras, pois o flerte       que venha o próximo. Amém! A.S. http://kopossujus.com.br

 Quase Famosos
                                  E.R.R.O. - Um erro que culmina no rock & roll. É assim Extreme Rock & Roll Over – um dos
                                  significados para a junção das letras E.R.R.O. – o mais novo projeto que surge dentro do cenário
                                  musical de João Pessoa, criado e idealizado por Adriano Stevenson (guitarra), conhecido por seu
                                  trabalho junto à Rotten Flies, como também, nas bandas de sua cidade de origem (Natal), como
                                  a Devastação e Discarga Violenta, nos anos 80/90. Além de Adriano, a banda conta com André
                                  Livramento (vocal), que, em passado recente, representou a Paraíba em alguns festivais fora do
                                  Estado, com a sua banda Psicocedim e contribui na percussão do Nação Maracatu Pé de Elefante
                                  desde 2007; Degner (baixo), de currículo extenso, tocou em diversas bandas, como Dead Nomads,
                                  Caronas do Opala e La Gambiaja, além de ter diversos projetos musicais com os quais se apre-
                                  senta na noite, tocando clássicos do rock; Elmon (bateria), o fundador da banda Elmon, que, du-
                                  rante cinco anos, tocou em diversos locais e em cidades vizinhas, registrou composições próprias
                                  num CD lançado em 2010 e atualmente toca na Retroline. Todas essas influências e experiên-
                                  cias dos integrantes conspiram para que o som da E.R.R.O. tenha personalidade já no primeiro
                                  momento de sua existência, criando uma sonoridade que oscila entre o punk rock e o hardcore.                  (83) 3042 3212
4                                                                                                                              MICROFONIA

  Atrás da Porta Verde              Amor à Queima Roupa                                                 E o Vento Levou
CONFISSÕES AO TAXIS-
TA (DRIVE) 2006 VIVID
VIDEO.Se tem uma produ-
tora que lança filmes bons, é                                      Sanitário # 01 –
essa! Estrelado por Savanna                                          Independente
Samson (que fez a refilma-
gem de O Diabo na Carne de                                            16,5x25,0 cm,
Miss Jones, tendo arrebatado o                                      40 págs. Preto &
AVN de 2006 de melhor atriz),
esse filme se destaca por ser                                      Branco, R$ 10,00
leve, cuja história poderia
acontecer em qualquer lugar.
O filme trata da vida de uma      Disseram que o mundo iria acabar em 2012, certo?!
mulher dedicada à família que,    Não. Errado! “O mundo ainda não acabou.” É com esta
ao chegar em casa, encontra       premissa que o Coletivo WC (http://coletivowc.com.br)
seu marido com uma garota
                                  lançou, no último dia 21 de julho, a “Sanitário # 01”. Co-   - Baixa essa porcaria, menino, senão, chamo seu
de programa, mas, com muita
                                  letânea de HQs inéditas dos quadrinistas que participam      pai. Esse era o mantra que escutava minha mãe dizer
insistência, o marido con-
vence a esposa a participar da    do blog. A edição de estreia conta com nove destes e tem     quando colocava, no som 3 em 1 da sala, o disco da
brincadeira. Depois disso, ela    como convidado especial o cartunista mineiro Ryot, cujos     famigerada banda punk oi, Garotos Podres, formada
pega um táxi e, no de correr      trabalhos podem ser conferidos em http://ryotiras.com.       no final de 1982 na cidade de Mauá, cidade que faz
da viagem, começa a relatar       Formado por paraibanos nascidos ou radicados no              parte do grande ABC paulista. Mais Podres do que
ao taxista o que aconteceu.       Estado, o Coletivo WC iniciou as atividades em 24            Nunca, lançado em 1985 pelo selo Rocker, foi o disco
Depois de todo o ocorrido, ela    de julho de 2010, com HQs e tiras na grande rede. O          que entortou minha vida. Quando escutei, foi como
se torna uma taxista, que, ao     nome faz alusão à sigla norte-americana para banhei-         eletricidade! Vi ali uma oportunidade de fazer algo...
pegar uma corrida com duas        ro (water closet) e, ao mesmo tempo, define-se como          pensava: se eles conseguem, eu também consigo. A
garotas, presencia uma cena de                                                                 guitarra som de campainha era o chama, e as letras,
                                  web comics, suporte no qual se iniciou a jornada,
sexo entre as duas. O filme tem                                                                uma ingênua e sincera ode ao inconformismo, ao con-
                                  surgindo, dois anos depois, a nova cria, agora impressa.
uma surpresa no final, mas só                                                                  trário das produções pasteurizadas do ano. Foram ini-
                                  Embora seus autores tenham seus blogs particulares,
assistindo pra descobrir. B.L.                                                                 cialmente prensadas 4000 cópias, e, em 1985, o disco
                                  iniciativas como esta com grupos de quadrinistas já é        começou a ser distribuído pelo selo Lupsom, atingindo
                                  bem comum na internet e tem dado certo mundo afora,          a marca de 50.000 cópias vendidas (um recorde para
                                  onde o conjunto tem mais poder de interação e divulga-       um LP independente). Acredito que hoje, com o CD,
                                  ção. A proliferação dos “blogspots” e “wordpress” vem        já vendemos 250.000 cópias, disse o baixista da banda
                                  como ferramentas facilitadoras de acesso e manuseio,         Michel Stamatopoulos, também conhecido como Suka-
                                  servindo como um cartão de visitas para os novos artis-      ta. O disco também impulsionou o movimento punk oi:
                                  tas, que, de certa forma, começam amadoramente e, ao         mesmo que os garotos dissessem que não faziam oi mu-
                                  longo do tempo, consolidam-se na criação e amadureci-        sic, e sim rock de subúrbio, O LP, na verdade, era uma
                                  mento de suas ideias. Fazendo uma comparação, o blog         demo tape de 14 músicas, tendo sido 11 aproveitadas,
                                  de forma virtual funciona hoje como os fanzines xeroca-      e as três restantes não entraram por falta de qualidade.
                                  dos de antigamente e ainda existentes, mas que anterior-     Outro causo que existe No Mais Podres Do Que Nunca:
                                  mente tinham maior poder antes do advento da internet.       para burlar a censura, a banda modificava o título das
                                  A Sanitário está programada pra ser anual, mas o             músicas. Papai Noel Filho Da Puta virou Papai Noel
                                                                                               Velho Batuta, e Maldita Polícia virou Maldita Preguiça.
                                  coletivo pretende outras ações no sentido de [ Tro-
                                                                                               Mais uma música ainda entrou na lista da censura,
                                  quei “para” por “no sentido de” apenas para evitar a
                                                                                               Johnny, que, aliás, virou título de um livro lançado pelo
                                  repetição excessiva que havia da palavra “para” neste
                                                                                               baixista da banda. Hoje, raramente, um disco me emo-
                                  parágrafo.] difundir os quadrinhos paraibanos. Ponto
                                                                                               ciona tanto! Um clássico do punk rock brasileiro.A.S.
                                  mais do que [ Troquei “pra lá de” por “mais do que”
                                  apenas para evitar a repetição excessiva que havia da
                                  palavra “para” neste parágrafo.] positivo para que des-
                                  pertem novos talentos e novas propostas, ampliando
                                  o leque de novos autores. Para adquirir a revista, o
                                  contato pode ser através do blog, Facebook ou pelo e-
                                  mail thaisliberto@gmail.com. E que venha a próxima
                                  Sanitário! Alguém arriscaria o próximo tema? Zumbis,
                                  mensalão, planeta Marte? Façam suas apostas.J.F.


 Selo jornal microfonia
                    Apresenta:




                                   Enquanto isso, na redação...

          Rotten Flies
        Comedores de Lixo

  Estamos apenas começando...

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Aos Mortos e Aos Vivos: Comedores de Lixo lançam primeiro álbum após 16 anos

  • 1. Ano 2 nº 10 MÚSICA .FILME .HQ .SHOW João Pessoa, setembro 2012 Distribuição gratuita No processo de fabricação do vinho, existem várias etapas: colheita, esmagamento, fermentação, afinamento, envelhecimento e engarrafamento. Aí você me pergunta: “E daí? O que isso tem a ver com os Comedores de Lixo?” Eu respondo: Tudo! Nos confins do conjunto habitacional, Presi- dente Costa e Silva, assistindo aos ensaios da Rotten Flies, três moleques sem grana e com muita força de vontade deram início a uma jornada que já dura 16 anos. Com o passar do tempo, a banda foi mudando de formação, chegando ao ponto que culmina na sua melhor fase, o lança- mento do seu debut, intitulado Aos mortos. Aqui você confere um bate-papo no qual a banda nos brinda com sua persistência e honestidade. Saúde! Comedores de Lixo - Aos Mortos e Aos Vivos Como está essa formação nova? É como começar Lawrence - A Comedores de Lixo foi criada da se- As letras eram sexistas, e a gente nem sabia o que de novo? guinte maneira: ensaiava na serigrafia de Jader, na era isso na época (risos)! Tinha uma letra que dizia: Lawrence - Da formação mais antiga, só tem eu e Rua da Areia, a Rotten Flies. Quase toda semana, ía- Glória era a puta mais gostosa da cidade. As letras Beto. Não é começar de novo, é continuar. Cada for- mos assistir ao ensaio. Já conhecia a banda do Costa eram do Jader. Nessa época, não tinha o lance do mação é um aperfeiçoamento, cada componente que e Silva, ainda com Neto na guitarra. Eu era muito movimento punk caindo em cima dessas coisas, de- entra vem com uma influência diferente, mas a gente amigo de Jorge, estudava na Escola Técnica, e con- pois começou a ficar mais forte aqui em João Pessoa, mantém a nossa linha de som. hecemos Jader através de Beto. Daí a gente resolveu e começou o policiamento. Depois disso, deu uma es- formar uma banda comigo no vocal, Jorge no baixo, friada, e resolvemos formar outra banda. Dessa vez, Marcel, você já conhecia a banda, mas como foi ter Edvan na bateria e Jader na guitarra, a Ugly Duck. seria hardcore com letras politizadas, sem sexismos, que pegar todas as músicas em tão pouco tempo? Nosso primeiro show foi no II Escarro Sonoro... que tava com todo caralho aqui, o pessoal criticava Marcel - Até agora, ainda estou no processo de pegar muito o Matalamão (PE), que tinha vindo tocar aqui, as músicas! É música pra caramba! (risos). Tem hora Vi vocês tocando pela primeira vez no Vox Odiun, caiu de pau. que dá um branco e esqueço, mas é normal. Isso é só no Cilaio Ribeiro... com tempo, mas, quando começam a dizer que vão Lawrence - A gente passou um ano tocando com essa A Comedores de Lixo existe há 16 anos. O que fa- chamar Anselmo de volta, só falto ter um ataque! formação... cilita e o que dificulta? Qual a ressonância do trab- (risos). alho da banda depois de tanto tempo? Ugly Duck já era hardcore? Lawrence - O que facilita é saber que já temos uma Foi você que criou a Comedores de Lixo? Lawrence - Sim, mas não tinha ideologia nenhuma. estrada, uma trajetória. É ter seu trabalho valorizado. Foto: Olga Costa O que dificulta é a questão de espaço... ...onde fiz uma entrevista com a Comedores, e você em baixa que não tinha show, não tinha porra Defina valorizado... falou assim: atualmente João Pessoa está muito nenhuma! Principalmente porque se valorizava mui- Lawrence - Valorizado pela galera da cidade, compa- parada... às vezes o pessoal vai aos shows, mas não to as bandas que faziam cover, isso foi uma merda! recer nos shows... entra, arruma dinheiro pra beber, mas não paga Teve um show uma vez que tinha três Nirvana cover três reais num show... talvez seja o momento, deu numa noite só! Você disse no Informativo da Cactus Discos em uma decrescida e vai crescer de novo. 2000... Lawrence - De 2000 até 2009, piorou muito. “Aos Mortos” é um apanhado do que a banda já Lawrence - Você está parecendo Ana Hickman: Você Começou a melhorar de 2010 pra cá. Teve tempo que fez ou é tudo inédito? falou para a revista Contigo... (risos). a gente tocou apenas uma vez no ano! Tava tudo tão Lawrence - Não é um disco conceitual. É uma
  • 2. 2 MICROFONIA evolução... a nossa primeira demo tape foi Fator de Quais os planos futuros? Repressão num estúdio que tinha Williard, Wilhelm Roninho – De imediato, tocar para divulgar o CD! e Peixe nos Bancários. O primeiro CD foi a Velha E, quando chegarmos aos vinte anos, estamos pen- Seca em CD-r, depois veio a coletânea Farinha, sando em fazer umas regravações. Hardcore e Rapadura, primeiro material prensado da banda. Depois veio De Deus e dos Homens, já com O que você acha que a Comedores de Lixo não Klaton na guitarra. Nos créditos desse novo CD, tem deveria ter feito? todas as músicas compostas pela Comedores e Kla- Lawrence - Nada, acho que tudo o que a banda fez ton Lins, porque ele compôs todas as músicas desse foi bem feito. Não tenho nenhum arrependimento. CD antes de deixar a banda. Roninho assumiu a gui- Já teve atitudes pessoais que hoje eu me arrependo, tarra, e começamos a procurar um baixista, e Ansel- mas, quando a gente é imaturo, faz algumas coisas mo veio gravou as músicas e depois foi embora para nada a ver... Portugal. Só fez gravar o CD e saiu! Nada antigo foi aproveitado, só tem músicas inéditas. Por que “Aos Mortos”? isso acontece, sai uma merda! (risos). Lawrence - Não se faz disco ao vivo? Então, re- solvemos fazer um disco chamado “Aos Mortos”. Você já pensou em sair desse tema contestatório? Junto com Nildo, a gente foi criando as ideias, a pla- Lawrence - Não. Até mesmo porque eu acho que o teia toda de caveiras e por aí foi. É uma espécie de hardcore tem a ver com isso, de você expor a sua antônimo. indignação. Tenho meu trabalho, mas não é por conta disso que vou deixar de ter a minha visão da reali- Nildo Gonzales fez a diferença na produção do dade que é fudida! E eu não acho bom não, velho! CD Aos Mortos? Tem até uma letra que escrevi uma vez, mas nunca Lawrence - Sim! Nildo acompanhou os ensaios, a usei, que é assim: quando um dia estiver tudo mara- pré-gravação, a gravação. Até nas letras ele também vilhoso/vou falar de amor. Mas não dá pra falar de ajudou, discutiu comigo, entonações, etc. Ajudou amor agora, não, tem muita coisa triste. O hardcore muito Beto na bateria... a presença de Nildo foi mui- está totalmente ligado a isso aí, não tem como se des- EDITORIAL to forte nesse nosso trabalho. vincular. Roninho - No underground, não estamos acostuma- Sorrisos amarelos, concessões – não dos com a figura do produtor. Muitas vezes, achamos Se alguém chegasse pra você e afirmasse que, ape- fazemos isso, nós fazemos aquilo em que ser irrelevante, mas foi bem legal. Foi a primeira vez sar de fazer um som rápido, pesado, com letras acreditamos. E acreditamos no veículo im- que trabalhei com um produtor! politizadas, vocês não são hardcore. Em que isso presso que se encontra em sua mão. Como afetaria? não temos nenhuma amarra governamental, A capa é bem Misfits... quem foi que fez a arte Lawrence - Eu perguntaria: o que é hardcore pra escrevemos e publicamos o que nos dá na da capa? você? O hardcore está na minha cabeça. É meu jeito telha, só seguimos a regra do português. Em Lawrence - Foi Jansen Baracho, de Natal, ele de- de viver, de pensar. Não tem nada a ver com questão outras palavras, não desaportuguesamos a senha muito bem! Além de gostar de hardcore e des- social ou financeira. Não adianta você falar um mon- língua pátria porque agora nós temos uma sas paradas meio “walking dead”. te de coisa e viver justamente o contrário. Eu vivo revisora que usa métodos de correção que dentro do sistema, não posso dizer que sou contra, a própria aprendeu em Guantánamo... Neste Como foi fazer Aos Mortos? mas vou ter a minha maneira de viver. número, a prata da casa e também a mais Lawrence - A gente estava sem gravar desde 2008. nova aquisição do selo Jornal Microfonia, Daí paramos para compor o CD novo, não tínhamos Quem você destaca no cenário de bandas hoje? Comedores de Lixo. Joelson Nascimento capa, nada ainda. Foi quando Klaton foi para Natal, e Lawrence - Aqui tem muita banda legal! Aqui entra para o time do Jornal Microfonia em aí ficávamos eu, Beto e Roninho fazendo as músicas. ainda tem uma cena forte nessa linha de som pesado. grande estilo e fala dos heróis Marvel zumbi- Beto – No início, a gente deixou nas mãos dele, mas Tanto no metal como no hardcore. Destaco a banda ficados no Zumbilândia. A família Jornal Mi- teve uma hora que foi preciso chegar no cara. No fi- E.R.R.O., gosto muito da Fucinho de Porco, Disacu- crofonia está crescendo também com novos nal, deu tudo certo. sia, No One Answers, Noskill, Madrecita. parceiros, e isso é só o começo! Boa leitura! Roninho - Tem um lance engraçado: é que Lawrence fazia as músicas no beatbox. Ele gravava no trabalho O que você espera dessa fase nova da Comedores dele e trazia pra gente ouvir e passar pra guitarra de Lixo? (risos). Lawrence - Aos Mortos é o primeiro disco oficial. EXPEDIENTE Lawrence – Já penso numa base. Hoje em dia, como Provavelmente, a gente não vai tirar o que investiu, tem o celular, gravo a ideia cantando a base. Um cara Editores Responsáveis: mas era algo que a gente esperava muito. O interes- que estava lá no estúdio disse: “Meu amigo, quando sante é você poder lançar um material pelo que os Adriano Stevenson faço isso a galera diz que sou abestalhado!” Pois eu outros acreditam! A música é a nossa válvula de es- Olga Costa(DRT – 60/85) faço direto, já deve ter umas dez músicas gravadas cape! Não queremos viver de música. O mais in- nesse celular. É muito bom, principalmente porque teressante da música é poder criar. Quando pensamos Colaboradores:Josival Fonseca/Beto não tenho um violão em casa... em lançar o CD, não pensamos em tirar o investi- L./Erivan Silva/Joelson Nascimento mento, mas a questão de criar é que é foda e dizer: Qual foi a música que deu mais dor de cabeça isso aqui quem fez fomos nós! Goste quem gostar! nesse disco? Editoração:Olga Costa Não foi outra pessoa que fez, foi a gente. Isso é o Beto – Fins Lucrativos... mais importante. E, muitas vezes, quando o estresse Ilustração:Josival Fonseca Lawrence – A gente gravou e acabou descartando... bate, fazer música é isso... Roninho – Não gravamos com metrônomo. Revisão: Juliene Osias Se vocês não fossem lançar Aos Mortos prensado, Anúncios:(83)3512 2330 Quais as que vocês gostam mais? seria um problema lançar em CD-r? Roninho – Inimigos, acho muito foda! E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com Beto – Quando a gente ficou sem selo, pensamos o Lawrence – Herança, Alianças do Medo e Criança seguinte: vamos arrumar três selos. Pensamos em Facebook.com/jornalmicrofonia Soldado, gosto muito dessas três músicas. Klaton, Jorge... e vamos lançar em CD-r. Daí eu Marcel – Herói e Criança Soldado. falei: eu prefiro que a gente faça um envelope com Twitter:@jmicrofonia o CD prensado do que ter uma capa fuderosa e um Tiragem:3.000 exemplares A criação é um lampejo ou é um trabalho braçal? CD-r dentro. Lawrence - Na maioria das vezes, a ideia vem quan- Lawrence – A gente fez um investimento nesse CD do estou dentro de um ônibus, no trabalho... quando e lançar em CD-r seria o mesmo que morrer na praia! Todos os textos dos nossos colabora- vem uma ideia, escrevo. Nesse CD agora, muitas le- dores são assinados e não necessari- Roninho – Tem o lance da durabilidade também. O amente refletem a opinião da redação. tras escrevi pensando na base que já tava pronta, mas CD-r, com um ano, ele começa a descascar, o CD a maioria das músicas anteriores veio do nada! É raro prensado tem um tempo de vida maior. conseguir parar para pensar num tema, e, quando
  • 3. MICROFONIA 3 Zumbilândia - Com grandes poderes vem grande fome A série Zumbis Marvel surgiu aqui no Brasil como série de TV. Este cara é considerado Homem-Aranha “morrendo” de remorso por na finada revista Marvel Max. Mas, antes dis- por muitos admiradores do gênero, o George ter literalmente comido Mary Jane e a tia to, uma história publicada na também finada Romero atual dos zumbis. Os desenhos são de May! O Capitão América passa toda a série Marvel Millennium Homem-Aranha (Ulti- Sean Philips, e as capas, de Arthur Suydam. faltando metade da cabeça, e o Hulk, que de- mate Fantastic four 21, lançada em 2003), o Na série zumbis Marvel, praticamente todos vora tudo que vê pela frente, ao voltar a ser quarteto Fantástico em sua versão Ultimate, os heróis são transformados em zumbis. Tudo Banner, não comporta na barriga tudo que encontram a terra em 2149 (isso mesmo, a começa quando a Sentinela (finado herói tam- comeu. A fome dos heróis é tão grande que Marvel também tem suas terras paralelas, bém) é atingida por um clarão no céu. E, ao eles chegam a comer o próprio Galactus. A assim como a DC) e encontram uma versão voltar para a Terra, infecta os vingadores e os saga dos zumbis Marvel foi tão bem aceita zumbificada do universo Marvel. A história transforma em zumbis. A partir daí, os heróis que chegaram a ser produzidas cinco séries, foi escrita por Mark Millar, e a ideia foi bem começam a devorar todo o universo Marvel. inclusive um encontro entre os “heróis” e aceita pela Marvel, surgindo, assim, a série Este é apenas o início de toda a loucura. Um Ash (Isso mesmo, aquele interpretado por “Marvel Zombies”. Desta vez, escrita por dos pontos altos da série é o humor negro Bruce Campbell no clássico The Evil Dead de Robert Kirkman, criador e escritor da série e as belas capas que fazem referências às Sam Raimi). Sem sobra de dúvidas, Marvel The Walking Dead, publicada pela Imagecom- grandes sagas do universo Marvel e a filmes Zumbis é uma das séries mais legais que a ics desde 2003 e que hoje faz grande sucesso famosos. Pra se ter ideia, tenta Imaginar o Marvel já produziu nos últimos tempos!J.N. El Mariachi GUERRA URBANA D-BEAT - EXTERMINIO, GANÂNCIA com o Hair Metal com laquê é latente. Mas, é claro, as influên- E PODER CD (PE) Se eu não tivesse visto a ficha técnica, juraria cias não se limitam ao estilo citado, a bagagem sonora da banda que esse CD foi gravado em 1986, pois o som é aquele hardcore se faz presente em cada riff, que, mesmo sendo alguns clichês, cru, bateria seca, guitarra a La barbeador elétrico e baixo grave, o não compromete o resultado final, por sinal, pouco explorado que não compromete de forma alguma o CD. Pois do que adianta dentro dessa seara. No EP de estreia, apenas com quatro músicas, uma gravação magistral se você não tem boas músicas? As letras o entrosamento é evidente, apesar do pouco tempo de formação. são metralhadoras giratórias, descrevendo todos os problemas Destaques para Shine On e Spellbound, que tem passagens bem que esse povo brasileiro sofrido enfrenta. O legal do som hardcore ao estilo do Whitesnake. A.S. www.myspace.com/albasavage é que você pode até se enganar, mas você não vai enganar quem realmente gosta do estilo. Formada por Fernanda (vocal), André NÃO CONFORMISMO – BASTA! CD (RJ) Falar do Não (vocal), Netto (guitarra), Flávio baixo e Allan bateria, os vocais são Conformismo é falar de hardcore old school e ouvir coros unís- bem comuns, incluindo até a bela desafinada de Fernanda em algu- sonos, dedos apontados para o alto, como se a indignação fosse mas passagens. Os destaques ficam por conta de “Prisão Domicili- sair pelas mãos! Sim, caro leitor, essa banda consegue fazer o ar” e “Guerra Urbana. B.L. www.myspace.com/guerraurbana12 ouvinte não ficar parado, mesmo que seja com um leve balan- çado de cabeça. Esse quinteto de Macaé-RJ começou nos anos MADALENA MOOG PHILIPEIA EP CD (PB) Uma singe- 90, lançaram a demo tape Famintos por Liberdade e depois de la homenagem pop a Jampa. Um belo retrato musical do cantor, um tempo, que durou aproximadamente uns dezoito anos, a banda compositor e multi-instrumentista Antônio Patativa. Percorreu voltou e gravou o CD Basta! Formada por Alex (guitarra), Fe- o caminho batido desde suas descobertas college rock até a foz lipe (baixo), Fred (vocal), Marlon (guitarra), Sidarta (bateria), do mar imenso da música popular brasuca. Um evidente amadu- nos presenteia com um petardo com letras e som que a muito recimento partilhado com Valter Pedroza (guitarras), Jansen se faz falta, produzido pelo ex-Dead Fish, Hóspede, que segun- Carvalho(baixo) e Emerson Pimenta (bateria) que dão definição do Alex em entrevista para o FMZ (www.feiramodernazine. à banda como agulha e linha fiando no colorido tecido. Esse EP, com) disse que ele “é o cara!” Se você gosta de Sociedade Ar- composto por sete faixas, é uma extensão do trabalho anterior. Foi mada, Ação Direta, Lobotomia, essa é uma banda que vai en- produzido e gravado no estúdio Peixe-Boi com destaques para as trar na sua lista. A.S. www.facebook.com/NaoConformismo músicas “Ela só pensa em namorar”, com a levada mais samba- rock de todas; fez de “Bifurcação” uma versão clean e curta, KOPOS SUJUS - OS TÍMIDOS MENINOS DO UNDER- emprestada da banda rock Musa Junkie. O fato conclusivo: seu GROUND EP CD (RJ) Impossível não associar Kopos Sujus namoro com o samba rock virou casamento. Ou será com o rock com birita, o nome de cara entrega, e pra a coisa ficar mais api- samba?! Enfim, a Madalena Moog despiu-se da inocência e botou mentada, a diluição é feita com punk rock. São quatro músicas, na o seu melhor vestido de passeio. Despojada, faceira e melindrosa, qual a ultima, I kill spies é um cover do Agent Orange do disco com caras e com bocas. J.O. www.myspace.com/madalenamoog8 This is the voice de 1986. A primeira, Sujeito Homem, tem uma influencia oitentista, que lembra uma banda paulista chamada ALBA SAVAGE S/T EP VIRTUAL (PB) Com uma capa Crime, Os Tímidos Meninos Do Underground, a terceira do ál- mais carnavalesca do que glam, a nova empreitada dos irmãos bum é rockabilly no tutano. Alexandre bolinho (voz e guitarra), Wilhelm Hansen e Williard Scorpion tem a alcunha de Alba Davi Duarte (bateria) e Marcelo Ramones (Baixo e backing vo- Savage. Oriundos de bandas como Medicine Death, Bona Dea cal), sacam a manha de fazer punk rock pra beber e dançar, segun- e Dissidium (apenas Williard era membro), eles se juntaram a do alguns informantes, quando forem lançar o próximo CD, eles Diego Nobrega (guitarra/backing vocals) e Jr. Punk (bateria). irão pagar bebidas para todos. Faz jus ao nome da banda, então Dessa feita, o quarteto difere de suas antecessoras, pois o flerte que venha o próximo. Amém! A.S. http://kopossujus.com.br Quase Famosos E.R.R.O. - Um erro que culmina no rock & roll. É assim Extreme Rock & Roll Over – um dos significados para a junção das letras E.R.R.O. – o mais novo projeto que surge dentro do cenário musical de João Pessoa, criado e idealizado por Adriano Stevenson (guitarra), conhecido por seu trabalho junto à Rotten Flies, como também, nas bandas de sua cidade de origem (Natal), como a Devastação e Discarga Violenta, nos anos 80/90. Além de Adriano, a banda conta com André Livramento (vocal), que, em passado recente, representou a Paraíba em alguns festivais fora do Estado, com a sua banda Psicocedim e contribui na percussão do Nação Maracatu Pé de Elefante desde 2007; Degner (baixo), de currículo extenso, tocou em diversas bandas, como Dead Nomads, Caronas do Opala e La Gambiaja, além de ter diversos projetos musicais com os quais se apre- senta na noite, tocando clássicos do rock; Elmon (bateria), o fundador da banda Elmon, que, du- rante cinco anos, tocou em diversos locais e em cidades vizinhas, registrou composições próprias num CD lançado em 2010 e atualmente toca na Retroline. Todas essas influências e experiên- cias dos integrantes conspiram para que o som da E.R.R.O. tenha personalidade já no primeiro momento de sua existência, criando uma sonoridade que oscila entre o punk rock e o hardcore. (83) 3042 3212
  • 4. 4 MICROFONIA Atrás da Porta Verde Amor à Queima Roupa E o Vento Levou CONFISSÕES AO TAXIS- TA (DRIVE) 2006 VIVID VIDEO.Se tem uma produ- tora que lança filmes bons, é Sanitário # 01 – essa! Estrelado por Savanna Independente Samson (que fez a refilma- gem de O Diabo na Carne de 16,5x25,0 cm, Miss Jones, tendo arrebatado o 40 págs. Preto & AVN de 2006 de melhor atriz), esse filme se destaca por ser Branco, R$ 10,00 leve, cuja história poderia acontecer em qualquer lugar. O filme trata da vida de uma Disseram que o mundo iria acabar em 2012, certo?! mulher dedicada à família que, Não. Errado! “O mundo ainda não acabou.” É com esta ao chegar em casa, encontra premissa que o Coletivo WC (http://coletivowc.com.br) seu marido com uma garota lançou, no último dia 21 de julho, a “Sanitário # 01”. Co- - Baixa essa porcaria, menino, senão, chamo seu de programa, mas, com muita letânea de HQs inéditas dos quadrinistas que participam pai. Esse era o mantra que escutava minha mãe dizer insistência, o marido con- vence a esposa a participar da do blog. A edição de estreia conta com nove destes e tem quando colocava, no som 3 em 1 da sala, o disco da brincadeira. Depois disso, ela como convidado especial o cartunista mineiro Ryot, cujos famigerada banda punk oi, Garotos Podres, formada pega um táxi e, no de correr trabalhos podem ser conferidos em http://ryotiras.com. no final de 1982 na cidade de Mauá, cidade que faz da viagem, começa a relatar Formado por paraibanos nascidos ou radicados no parte do grande ABC paulista. Mais Podres do que ao taxista o que aconteceu. Estado, o Coletivo WC iniciou as atividades em 24 Nunca, lançado em 1985 pelo selo Rocker, foi o disco Depois de todo o ocorrido, ela de julho de 2010, com HQs e tiras na grande rede. O que entortou minha vida. Quando escutei, foi como se torna uma taxista, que, ao nome faz alusão à sigla norte-americana para banhei- eletricidade! Vi ali uma oportunidade de fazer algo... pegar uma corrida com duas ro (water closet) e, ao mesmo tempo, define-se como pensava: se eles conseguem, eu também consigo. A garotas, presencia uma cena de guitarra som de campainha era o chama, e as letras, web comics, suporte no qual se iniciou a jornada, sexo entre as duas. O filme tem uma ingênua e sincera ode ao inconformismo, ao con- surgindo, dois anos depois, a nova cria, agora impressa. uma surpresa no final, mas só trário das produções pasteurizadas do ano. Foram ini- Embora seus autores tenham seus blogs particulares, assistindo pra descobrir. B.L. cialmente prensadas 4000 cópias, e, em 1985, o disco iniciativas como esta com grupos de quadrinistas já é começou a ser distribuído pelo selo Lupsom, atingindo bem comum na internet e tem dado certo mundo afora, a marca de 50.000 cópias vendidas (um recorde para onde o conjunto tem mais poder de interação e divulga- um LP independente). Acredito que hoje, com o CD, ção. A proliferação dos “blogspots” e “wordpress” vem já vendemos 250.000 cópias, disse o baixista da banda como ferramentas facilitadoras de acesso e manuseio, Michel Stamatopoulos, também conhecido como Suka- servindo como um cartão de visitas para os novos artis- ta. O disco também impulsionou o movimento punk oi: tas, que, de certa forma, começam amadoramente e, ao mesmo que os garotos dissessem que não faziam oi mu- longo do tempo, consolidam-se na criação e amadureci- sic, e sim rock de subúrbio, O LP, na verdade, era uma mento de suas ideias. Fazendo uma comparação, o blog demo tape de 14 músicas, tendo sido 11 aproveitadas, de forma virtual funciona hoje como os fanzines xeroca- e as três restantes não entraram por falta de qualidade. dos de antigamente e ainda existentes, mas que anterior- Outro causo que existe No Mais Podres Do Que Nunca: mente tinham maior poder antes do advento da internet. para burlar a censura, a banda modificava o título das A Sanitário está programada pra ser anual, mas o músicas. Papai Noel Filho Da Puta virou Papai Noel Velho Batuta, e Maldita Polícia virou Maldita Preguiça. coletivo pretende outras ações no sentido de [ Tro- Mais uma música ainda entrou na lista da censura, quei “para” por “no sentido de” apenas para evitar a Johnny, que, aliás, virou título de um livro lançado pelo repetição excessiva que havia da palavra “para” neste baixista da banda. Hoje, raramente, um disco me emo- parágrafo.] difundir os quadrinhos paraibanos. Ponto ciona tanto! Um clássico do punk rock brasileiro.A.S. mais do que [ Troquei “pra lá de” por “mais do que” apenas para evitar a repetição excessiva que havia da palavra “para” neste parágrafo.] positivo para que des- pertem novos talentos e novas propostas, ampliando o leque de novos autores. Para adquirir a revista, o contato pode ser através do blog, Facebook ou pelo e- mail thaisliberto@gmail.com. E que venha a próxima Sanitário! Alguém arriscaria o próximo tema? Zumbis, mensalão, planeta Marte? Façam suas apostas.J.F. Selo jornal microfonia Apresenta: Enquanto isso, na redação... Rotten Flies Comedores de Lixo Estamos apenas começando...