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1MÓDULO 9 governança e cultura
Governança
e Cultura
9
Mariana Baldi
EXPEDIENTE
Governo Federal
Presidente da República Federativa do Brasil  |  DilmaVana Rousseff
Vice-Presidente da República Federativa do Brasil  |  MichelTemer
Ministra da Cultura  |  Marta Suplicy
Secretária Executiva  |  Ana Cristina da CunhaWanzeler
Secretário de Articulação Institucional (substituto)  |  Bernardo da Mata
Machado
Universidade do Rio Grande do Sul
Reitor  |  Carlos Alexandre Netto
Vice-Reitor  |  RuiVicente Oppermann
Pró-Reitora de Extensão  |  Sandra de Deus
Diretor da Escola de Administração  |  Hugo Fridolino Müller Neto
Chefe do Departamento de Ciências da Administração  |  Takeyoshi Imasato
CONTEÚDO E EXECUÇÃO
EquipeTécnica
Coordenação  |  Rosimeri Carvalho da Silva
Vice-Coordenação  |  Sueli Goulart
AnalistaTécnica  |  Eloise Helena Livramento
Dellagnelo
Corpo Docente  |  Cristina Amélia Pereira de
Carvalho, Diogo Demarco, Eloise Helena Livramento
Dellagnelo, Fernando Lopes, José Marcio Barros, Maria
Ceci Misoczky, Mariana Baldi, Rogério Fae, Sueli Goulart.
Equipe de apoio  | Felipe Amaral Borges, Fernanda
Acosta, Guillermo Cruz, Maria do Carmo Dambroz, Patrícia
Tometich,Willian Ansolin.
Diagramação  |  Márcia Mylius
C331 CARVALHO, Cristina Amélia Pereira de.
	 Políticas públicas da cultura e administração participativa / Cristina Amélia Pereira de. - Porto Alegre: Ministério da Cultura/UFRGS/
EA, 2014. 54 p. - (Módulo 2. Apostila do Curso de Extensão em Administração Pública da Cultura).
1.Políticas públicas. 2. Políticas culturais. 3. Gestão cultural. 4. Administração pública. I.Título
								CDU 351
Catalogação na publicação:Tânia Fraga – CRB 10/765
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Escola de Administração
RuaWashington Luiz, 855
90010-470 Porto Alegre RS
Fone: (51) 33083991
www.ufrgs.br/escoladeadministracao
3MÓDULO 9 governança e cultura
Sumário
O CONCEITO DE GOVERNANÇA E GOVERNABILIDADE....................................................................................5
A GENEALOGIA DO CONCEITO DE GOVERNANÇA.............................................................................................7
GOVERNANÇA E CULTURA............................................................................................................................................19
A GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA DA CULTURA:
PROBLEMAS E FORMAS DE SUPERAÇÃO................................................................................................................27
Algumas estratégias para lidar com os
problemas dos Conselhos...................................................................................................................................33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................................36
Módulo 9
governança e cultura
parte I
parte II
parte III
parte IV
parte v
Apostila 09 governança e cultura v5
5MÓDULO 9 governança e cultura
MÓDULO
9
PARTE
I
Nesta disciplina, o foco é na Governança e Cultura. As
primeiras questões que surgem são o que é governança?
O entendimento acerca do que é governança foi sempre o
mesmo? Qual a sua importância? Como se atrela a Cultura?
Primeiramente, devemos entender a origem do
conceito de governança, a diferença entre governança e
governabilidade e a relação entre governança e a reforma
do Estado.
A definição de governança e governabilidade não possui
uma conceituação única; em vista disso, a leitura de diferentes
artigos e livros leva à constatação de que, apesar de fazerem
referência a esses conceitos, podem variar no que concerne
à orientação ideológica e à ênfase dada a determinados
elementos.
Embora distintos, governança e governabilidade são
conceitos que se inter-relacionam. Araújo (2002) sistematiza
esses diferentes conceitos e destaca tanto características
comuns encontradas nas diversas concepções como a
existência de um vínculo quase indissolúvel entre governança e
governabilidade. PORTANTO, sua separação visa a fins didáticos
e analíticos.
Para o autor, é atribuída a Samuel Huntington na década
de 60, a primeira citação destes conceitos, e é na década de 70,
durante a chamada Crise do Estado, que ganharam importância
na discussão acerca da Reforma do Estado e de seu aparelho.
Bresser Pereira (1995) distingue o Estado do Aparelho do
Estado, salientando que o primeiro é mais do que seu Aparelho,
pois inclui todo o sistema constitucional-legal que extravasa
o Aparelho e incide sobre toda a sociedade. Já o aparelho do
Estado é constituído pela“elite governamental, a burocracia e a
força militar e policial”(BRESSER PEREIRA, 1995, p.8)
O CONCEITO DE
GOVERNANÇA E
GOVERNABILIDADE
6 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
Para Araújo (2002), a governabilidade relaciona-se à
capacidade de agregar os múltiplos interesses existentes na
sociedade,articulandoaliançaseviabilizandoaimplementação
dos projetos do Estado. Assim, GOVERNABILIDADE relaciona-
se de forma mais direta com a Reforma do Estado, ou das
relações estabelecidas entre Estado e Sociedade, Estado e
Mercado, entre os poderes do Estado, dentre outros aspectos.
Deste modo,
a governabilidade refere-se às próprias condições
substantivas/materiais de exercício do poder e de
legitimidade do Estado e do seu governo derivadas da sua
postura diante da sociedade civil e do mercado (ARAÚJO,
2002, p. 6).
Já a GOVERNANÇA estaria mais relacionada com a
reforma do Aparelho do Estado (ARAÚJO, 2002). Como
estabelecido no Plano Diretor da Reforma do Estado, o aparelho
do Estado “ou administração pública lato sensu, compreende
(a) um núcleo estratégico ou governo, constituído pela cúpula
dos três poderes, (b) um corpo de funcionários e (c) uma força
militar e policial”(BRASIL, 1995 p. 41).
Neste sentido, é preciso diferenciar crise de governança
e governabilidade. No caso deste último, o questionamento
estaria ligado à sustentabilidade política ou a capacidade
de exercício do poder pelas autoridades políticas. Já no
caso da governança, destacamos a definição de Diniz (2003,
p.22) que salienta a necessidade de aperfeiçoamento dos
“mecanismos que garantam a responsabilização pública
dos governantes”. Assim, governança refere-se à criação de
mecanismos institucionais ou de arranjos institucionais que
viabilizam a consecução das políticas, que pode ser realizada,
entre outras alternativas, via mercado, via o próprio Estado ou
através da formação de redes. A discussão sobre novas formas
de governança, portanto, trata de pensar novas formas de
regulação social que não se assentam, necessariamente, no
papel soberano do Estado.
Atenção:
Governabilidade está
relacionada com a reforma
do Estado, já Governança
está relacionada à reforma
do Aparelho do Estado.
7MÓDULO 9 governança e cultura
MÓDULO
9
PARTE
II
A imprecisão do termo Governança foi assinalada por
Rhodes (1996), que identificou seis diferentes usos:
A governança enquanto Estado mínimo: relaciona-se à intervenção
pública e à realização dos serviços públicos. Defendendo a minimização
dos custos e do déficit público, discute-se a realização dos serviços pelo
mercado e por quase-hierarquias ou quase-mercado;
A governança corporativa: atrela-se à forma como as organizações são
controladas e dirigidas;
A governança enquanto Nova Administração Pública (NAP): possui dois
sentidos: um deles concerne à introdução de métodos gerenciais do
setor privado na administração pública, e o outro está relacionado ao
Novo Institucionalismo Econômico. Este último destaca a introdução
de estruturas incitativas, tais como a competição de mercado dentro da
provisão de serviço público;
A “boa governança”: termo utilizado pelo Banco Mundial para balizar sua
política de empréstimos ao terceiro mundo;
A governança enquanto sistema sociocibernético: chama atenção que a
governança não pode ser atribuída a um único ator, e sim deve ser vista
como resultado de um esforço comum de todos os atores envolvidos. Isto
é, não é monopólio de um governo central, mas resulta da negociação
dos diversos atores públicos e privados;
A governança enquanto conjunto de redes organizadas: a governança
refere-se a redes que se auto-organizam. Considerando que o Estado é
um dos atores no sistema mundial (e não mais o único e exclusivo ator).
A GENEALOGIA
DO CONCEITO DE
GOVERNANÇA
1
2
3
4
5
6
8 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
Para compreender a genealogia do conceito e os
diferentes entendimentos acerca do seu significado, é
necessário voltarmos à década de 70. No final de década de
60, tinham eclodido movimentos sociais que questionavam
os Estados sociais-democráticos no que se refere tanto a sua
capacidade de incluir diferentes grupos sociais quanto à
dificuldade de incluir determinados grupos, dependendo da
atitude de outros. Como os Estados não conseguiam construir
uma sociedade livre e igualitária, a democracia estava em
crise, crise essa que foi interpretada de acordo com diferentes
concepções ideológicas.
Assim, em 1973, a Comissão Trilateral foi fundada pelo
milionárioamericanoDavidRockefeller.ATrilateralreunialíderes
do setor privado para discutir questões globais entre Europa,
América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e Japão. Em 1975,
a Comissão publicou um relatório sobre a governabilidade
das democracias, intitulado Crise da Democracia, cuja autoria
ficou a cargo de Crozier, Huntington e Watanuki.
A conclusão dos autores é de que a incorporação de
grande parcela da população na classe média e o aumento da
expectativa destes sobre o governo levaram a uma democracia
anômica, na qual a insatisfação e a falta de confiança nas
instituições tornaram-se amplas e ocorre mais a afirmação dos
conflitos do que a construção de um propósito comum nos
países da Trilateral. Estas pressões levaram ao crescimento das
despesas do Governo e a ampliação do papel desempenhado
por este na economia e na sociedade (CROZIER, HUNTINGTON,
WATANUKI, 1975).
O período é marcado, portanto, pela crise do Estado de
Bem-Estar Social. A reforma estrutural das relações Estado-
cidadão centrava-se na incapacidade do Estado — em termos
de recursos, de pessoal ou de gestão — em atender aos anseios
da população, sendo esta a base de pensamento dos que
defenderam a necessidade de retração da máquina estatal,
principalmente, da cena econômica. Defenderam que o
Estado não seria mais capaz de possuir o monopólio nem da
promoção do bem público, nem de sua definição.
9MÓDULO 9 governança e cultura
parte
II
9
MÓDULO
Consoante com esta discussão, Oliver Williamson
publica, em 1975, um trabalho que se debruça sobre a escolha
do mecanismo de governança (mercado ou hierarquia)
(WILLIAMSON, 1975). De maneira simples, podemos explicar
como a escolha entre fazer e comprar. No que se refere ao
Estado e à Cultura, seria a decisão entre o Estado estar à frente
das decisões políticas e de financiamento, ou deixar que o
mercado, as empresas privadas o fizessem. No Brasil, muito do
que deveria ser feito no campo da cultura passa a depender
muito do mercado, isto é, do que as organizações econômicas
veem como importante para elas patrocinarem.
É também nas décadas de 70/80 que a questão da
governança vai aparecer nos documentos do Banco Mundial, e
vai ser criado o conceito de boa governança. Se, anteriormente,
se havia questionado o papel do Estado na definição do que
é público e na sua promoção, levando à busca de alternativas
na relação Estado-mercado-sociedade, os problemas oriundos
do fracasso dos Programas de Ajuste Estrutural (PAS) são
percebidos pelo Banco Mundial, de acordo com Milani e Solinis
(2002), como oriundos da má governança que impera nos
países em desenvolvimento.
Emrelatóriode1994,jánoprefáciosãoapontadasmedidas
que poderiam ser adotadas pelos países em desenvolvimento
para melhorar a qualidade e a quantidade dos serviços de
infraestrutura. A causa do mau desempenho nesta área seria
fruto dos
incentivos institucionais inadequados à melhoria da
provisão de infraestrutura. Para promover uma prestação
de serviços mais eficiente e adequada, é preciso que os
incentivos se modifiquem via administração de cunho
comercial, concorrência a participação dos usuários
(BANCO MUNDIAL, 1994, p.iii)
No Relatório, afirma-se que “as forças de mercado
podem melhorar os serviços de infraestrutura”, e é apontada a
existência de um novo consenso de que é necessário“eliminar
restrições ultrapassadas quanto ao direito de prestar serviços
e garantindo aos novos participantes o justo acesso às redes
de provisão”(BANCO MUNDIAL, 1994, p.56). Neste sentido, são
10 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
propostos, no documento, métodos de desmembramento de
prestação de serviços tanto verticais (por exemplo, separar
geração de distribuição/transmissão, no setor elétrico) quanto
horizontais (por exemplo, por critérios geográficos ou de
serviços).
Assim, defendem que o desmembramento gera melhoria
na prestação dos serviços, ao propiciar maior concorrência
e envolvimento do setor privado. A figura a seguir ilustra a
proposta.
FIGURA 1  -  DESDOBRAMENTO DE ATIVIDADES QUE CRIARIA MAIS OPÇÕES DE CONCORRÊNCIA E ENVOLVIMENTO DO SETOR PRIVADO
FONTE: BANCO MUNDIAL (1994, p.61)
Monopólio
integrado
Concorrência
pelo mercado
via concessão
ou leasing
Serviço
monopolístico
Concorrência
de similares
Concorrência no
mercado com o
ingresso de
novas firmas
Práticas
comerciais,
meio ambiente,
segurança e
antitruste
Direito de acesso a
serviço monopolístico
e preço de acesso
ConcorrênciaMonopólio
Status inicial Estrutura industrial Opções de concorrência Objeto de regulamentação
Obrigações
quanto a preços,
qualidade e
serviço via
contrato
Obrigações
quanto a preços,
qualidade e
serviço via
legislação
Com desmembramento             Sem desmembramento
Monopólio
estatal
integrado
Monopólio
integrado
Atividades
monopolísticas
Atividades
competitivas
11MÓDULO 9 governança e cultura
parte
II
9
MÓDULO
Julgando que os princípios de mercado promovem
uma melhoria na prestação de serviços, defendem também a
transferência para o setor privado dos ativos do setor público,
ou a privatização do setor público. No entanto, ressaltam
também que o mercado não tem solução para uma diversidade
de problemas. Como exemplo, salientam que “Estes podem
ofertar aos pobres menos serviços de infraestrutura do que o
desejado pela sociedade” (1994, p. 79). Propõem uma série de
opções de mecanismos institucionais para o provimento de
infraestrutura, conforme o quadro a seguir.
QUADRO 1  -  PRINCIPAIS OPÇÕES INSTITUCIONAIS PARA A PROVISÃO DE INFRAESTRUTURA
Função
OpçãoA OpçãoB OpçãoC OpçãoD
Departamen-
togoverna-
mental
Empresaspúblicas
Contratode
leasing
Contratode
concessão
Propriedade
eoperação
privadas
(inclusive
cooperativa)
Provisãopelos
usuáriosou
pelacomuni-
dade
(“auto-aju-
da”)Tradicional
Corporatizadae
comercial
Sobcontratode
serviço
Sobcontratode
administração
Propriedade
dosativos Pública Pública
(majoritária)
Pública
(majoritária)
Privada
(majoritária)
Privadaou
comum
Planejamento,
coordenação,
processodecisório
eregulamentação
dosinvestimentos
setoriais
Funçãodo
governo
Peloministério
competente
Peloministériocompetenteoupor
outroórgãopúblico
Negociadospelopoder
públicocomos
operadoresprivados
Nenhum
oupoder
público
Nenhum
oupoder
público
Financiamento
docapital(ativos
fixos)
Orçamento
governamen-
tal
Subsídiose
empréstimos
públicos
Financiamentoprincipalmente
demercado Público Operador
privado
Setor
privado
Setor
privado
Financiamento
corrente(capital
degiro)
Orçamento
governamen-
tal
Principalmente
subsídios Principalmentereceitasinternas Operadorprivado
Setorprivado
(ogoverno
podepagar
asobrigações
doserviço
público)
Setor
privado
Operaçãoe
manutenção Governo Empresapública
Operador
privadopara
serviços
específicos
Operador
privado Operadorprivado Setor
privado
Setor
privado
Arrecadaçãodere-
ceitastarifárias Governo
Governoou
empresa
pública
Empresapública Operadorprivado Setor
privado
Setor
privado
Outrascaracterís-
ticas:Autoridade
administrativa
Governo Empresapública Operador
privado Operadorprivado Setor
privado
Setor
privado
Aceitaçãodo
riscocomercial Governo Empresapública Principalmente
osetorpúblico Operadorprivado Setor
privado
Setor
privado
Basederemune-
raçãodainiciativa
privada
Nãoseaplica
Taxafixacom
basenoserviço
prestado
Combasenos
serviçose
resultados
Combasenosresultados
menosoqueooperadorpaga
parausarosativos
Determinada
pelosetor
privado
Determinada
pelosetor
privado
Duração Ilimitada Menosde5
anos
Cercade3-5
anos
5-10
anos
10-30
anos Ilimitada Ilimitada
FONTE: BANCO MUNDIAL (1994, p. 120)
12 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
Além disso, delineiam opções para o bom desempenho
destes novos mecanismos institucionais, conforme segue
QUADRO 2  -  INGREDIENTES DO BOM DESEMPENHO SOB FORMAS INSTITUCIONAIS ALTERNATIVAS
FONTE: BANCO MUNDIAL (1994, p. 122)
Opção A:
Propriedade pública e operação pública
»» O governo cumpre papéis bem distintos como proprietário,
regulador e operador.
»» Nenhumainterferênciagovernamentalnodetalhamentoda
administração.
»» Empresaspúblicassujeitasàleigeraldecomércioeapadrões
gerais de prestação de contas e auditoria (ou seja, operam“em
pé de igualdade”com as empresas privadas).
»» Tarifas fixadas para obter recuperação de custos e empresa
sujeita a orçamento rigoroso.
»» Obrigações do serviço público, quando houver, serão
determinadas e explicitamente compensadas por transferências
governamentais.
»» Administradores selecionados por suas qualificações
profissionais e adequadamente remunerados.
»» Uso de mecanismos adequados para que haja feedback dos
usuários.
»» Atividadesefunçõesdistintasquepodemserdesmembradas
e abertas à iniciativa privada (mediante
»» contratos de serviço, por exemplo).
»» Contratação de know-how administrativo no setor privado
quando necessário (mediante contratos de administração, por
exemplo).
»» Partilha da propriedade e do controle com o setor privado
(mediante participação acionária minoritária, por exemplo).
Opção B:
Propriedade pública e operação privada
»» Vigência de uma legislação básica contratual, inclusive
mecanismos fidedignos que a façam cumprir.
»» Contratos que especificam claramente metas de
desempenho monitoráveis, responsabilidades do proprietário
e do operador, processos de revisão periódica (principalmente
para prestar contas de mudanças imprevistas nos custos dos
insumos), mecanismos para dirimir litígios e sanções por
desempenho insatisfatório.
Opção C:
Propriedade privada e operação privada
»» Reestruturação do subsetor em moldes competitivos.
»» Remoçãodasbarreiraspráticaseregulamentaresàiniciativa
privada (como restrições ao acesso a crédito e divisas).
»» Regulamentação para proteger o interesse público quando
a disciplina imposta pela concorrência é insuficiente para
assegurar o acesso da iniciativa privada à rede de serviços
públicos, quando necessário.
Opção D:
Provisão pela comunidade e pelos usuários
»» Participação de usuários e membros da comunidade
na preparação do programa, desde os estágios iniciais, para
assegurar a disposição de pagar e a propriedade do sistema.
»» Participação dos beneficiários garantida por meios
organizacionaisadequados,ecomcontribuiçõespessoaisouem
dinheiro.
»» Apoio aos usuários mediante acesso ao treinamento e à
assistência técnica das agências setoriais ou organizações não-
governamentais.
»» Observância das exigências técnicas para interconexão com
as redes primária ou secundária de infraestrutura, se necessário.
»» Operadores do serviço bem treinados, bem remunerados e
responsáveis.
13MÓDULO 9 governança e cultura
parte
II
9
MÓDULO
Foi assim que toda uma série de programas nacionais de
reforma do Estado (programas nacionais de“boa governança”)
surgiramnaÁfrica,naÁsiaenaAméricaLatina.Essesprogramas
foram (e são) freqüentemente acompanhados de políticas de
descentralização e de formação nas técnicas da Administração
Pública Gerencial (New Public Management).
O Banco Mundial introduziu o conceito de boa
governança e, oficialmente, não o utiliza como parte de seu
critério de empréstimo para países em desenvolvimento. Para
a entidade, governança refere-se às instituições através das
quaisaautoridadeéexercida,tantonoqueserefereaoprocesso
pelo qual os governantes são escolhidos e monitorados, como
também no que se refere à capacidade governamental de
implementar as políticas. Assim, delineiam para o primeiro
aspecto as dimensões de voz e responsabilidade; estabilidade
política; e ausência de violência/terrorismo. Como indicadores
da capacidade de implementação das políticas, adotam-se a
eficácia do governo e a qualidade regulatória ou normativa.
E, para analisar o respeito dos cidadãos e do estado pelas
instituições, tem-se o controle da corrupção e o estado de
direito como indicadores.
No Brasil, é a partir dos anos 1990 que as concepções de
governança e governabilidade ganharam destaque. Conforme
exposto em Brasil (1995), o governo brasileiro da época não
carecia de “governabilidade”, ou seja, de capacidade conferida
pela sociedade civil para governar. Não se questionava a sua
legitimidade democrática advinda de um processo eleitoral
legítimo. Contudo, enfrentava, de acordo com o apresentado
no Plano Diretor, um grave problema de governança, em
função da sua capacidade limitada de formular/implementar
as políticas públicas. Esta limitação advinham da rigidez e da
ineficiência do aparelho burocrático do Estado.
Para Bresser Pereira (1995), a crise econômica do Brasil
tinha uma causa fundamental: a CRISE DO ESTADO: “Crise que
Para outras informações
acesse:
http://info.worldbank.org/
governance/wgi/index.asp
14 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
se define, fundamentalmente, pela crise fiscal do Estado, pela
crise do modo de intervenção da economia e do social, e pela
crise do aparelho do Estado”(BRESSER PEREIRA, 1995, P.2).
A crise fiscal atrelava-se à perda do crédito público e à
poupança pública negativa. Já a crise do modo de intervenção
era definida pelo esgotamento do modelo protecionista de
substituição de importações, que havia sido bem-sucedido
até os anos 1950. Constatava-se ainda o fracasso em criar um
Estado do Bem-Estar no Brasil, nos moldes social-democratas
europeus. Tudo isto leva à crise do aparelho estatal, o qual,
além de se caracterizar pelo clientelismo crônico e pela
profissionalizaçãoincompleta,passa,apartirdaConstituiçãode
1988, a se caracterizar também pelo enrijecimento burocrático
extremo (BRESSER PEREIRA, 1995).
O país incorpora ajustes econômicos e estruturais, e
são propostas reformas das políticas sociais compensatórias,
iniciando a chamada Reforma do Aparelho do Estado. Na
proposta da reforma, parte-se do pressuposto que o Estado
assumiu funções que não caberiam a ele no setor produtivo,
o que teria gerado a deterioração dos serviços públicos, bem
como o agravamento da crise fiscal e da inflação.
Portanto, como salientava o então Presidente da
República, Fernando Henrique Cardoso, na apresentação do
Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado,
É preciso, agora, dar um salto adiante, no sentido de uma
administração pública que chamaria de “gerencial”,
baseada em conceitos atuais de administração e eficiência,
voltada para o controle dos resultados e descentralizada
para poder chegar ao cidadão, que, numa sociedade
democrática, é quem dá legitimidade às instituições e
que, portanto, se torna“cliente privilegiado”dos serviços
prestados pelo Estado. (BRASIL, 1995, p. 7) [grifo nosso]
Para propor a reforma, foi necessário criar um diagnóstico
da Administração Pública brasileira norteado pelas questões
apresentadas no quadro a seguir:
15MÓDULO 9 governança e cultura
parte
II
9
MÓDULO
Quadro 3  -  QUESTÕES NORTEADORAS DO DIAGNÓSTICO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA BRASILEIRA NA DÉCADA DE 90
(1)OEstadodevepermanecerrealizandoasmesmasatividades?Algumasdelaspodemsereli-
minadas?OudevemsertransferidasdaUniãoparaosestadosouparaosmunicípios?Ouainda,
devemsertransferidasparaosetorpúbliconão-estatal?Ouentãoparaosetorprivado?
(2)Poroutrolado,dadasasnovasfunções,antesreguladorasqueexecutoras,deveoEstado
criarnovasinstituições?
(3)ParaexercerassuasfunçõesoEstadonecessitadocontingentedefuncionáriosexistente?A
qualidadeeamotivaçãodosservidoressãosatisfatórias?Dispõe-sedeumapolíticaderecursos
humanosadequada?
(4)Asorganizaçõespúblicasoperamcomqualidadeeeficiência?Seusserviçosestãovoltados
prioritariamenteparaoatendimentodocidadão,entendidocomoumcliente,ouestãomais
orientadasparaosimplescontroledopróprioEstado?
FONTE: BRASIL (1995, p. 24 e 25)
A Reforma teve, portanto, como objetivos gerais:
•	 o aumento da governança do Estado;
•	 à limitação da ação do Estado àquelas funções
consideradas básicas ou essenciais ao Estado, realizada
pela separação dos serviços que são públicos não-
estatais e os serviços que são para o mercado, isto é, a
serem oferecidos pela iniciativa privada;
•	 a transferência pela União para estados e municípios
das ações consideradas de cunho local; e, por fim,
•	 a transferência parcial das ações de caráter regional
para os Estados, visando a ampliação da parceria entre a
União e os estados.
Apropostavisavaàredefiniçãodasformasdepropriedade
e das formas de administração. Na tipologia proposta
por Bresser Pereira e Grau (1999), a forma de propriedade
dominante deveria ser a pública não-estatal. O público não
se confunde com o estatal. O reconhecimento de um espaço
público não-estatal tornou-se particularmente importante em
16 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
um momento em que a crise do Estado aprofundou a dicotomia
Estado versus Setor Privado, levando muitos a imaginar que a
única alternativa à propriedade estatal seria a privada. O fato de
ser pública não-estatal, por sua vez, implicava na necessidade
da atividade ser controlada de forma mista pelo mercado e
pelo Estado.
A tipologia de Luiz Carlos Bresser Pereira, autor do Plano
Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), ex-Ministro
da Fazenda (1987-88) e da Administração e Reforma do Estado
(1995-98), distingue as formas de propriedade e as formas de
administração, conforme a figura a seguir
Figura 2  -  Formas de Propriedade e formas de administração proposto no PDRAE
Forma de Propriedade Forma de administração
Estatal
Pública
NãoEstatal
Privada Burocrática Gerencial
NÚCLEOESTRATÉGICO
Legislativo,Judiciário,
Presidência,Cúpulados
Ministérios,Ministério
Público
ATIVIDADESEXCLUSIVAS
Regulamentação
Fiscalização,Fomento,
SegurançaPública,
SeguridadeSocialBásica
SERVIÇOSNÃO-EXCLUSIVOS
Universidades,Hospitais,
CentrosdePesquisa,Museus
PRODUÇÃOPARA
OMERCADO
EmpresasEstatais
FONTE: BRASIL(1995, p.48)
Publicização
Privatização
17MÓDULO 9 governança e cultura
parte
II
9
MÓDULO
O que esse processo de reforma significou para a cultura?
De acordo com Rubim (2010), durante o governo de
FernandoHenriqueCardoso,aatuaçãodoMinistériodaCultura,
que tinha à frente Francisco Weffort, esteve prioritariamente
focada na ampliação das leis de incentivo. Para o autor, esta
priorização transferiu para as empresas a decisão sobre a
cultura no país, em consonância com o ideal de fortalecimento
do papel do mercado e a rediscussão do papel do Estado, como
salientado até aqui.
Apostila 09 governança e cultura v5
19MÓDULO 9 governança e cultura
MÓDULO
9
PARTE
III
A governança da cultura é formalizada como uma
preocupação pela Unesco na Convenção sobre a Diversidade
Cultural de 2005, a qual reafirma os direitos soberanos dos
Estados de adotarem e implementarem políticas em defesa
da diversidade e, simultaneamente, também salienta que sua
posição NÃO é:
de defender um monopólio estatal, mas, ao contrário,
colocar em prática a governança cultural, isto é, a
interação entre participantes individuais e institucionais
no compartilhamento de responsabilidades e em nome
da diversidade das expressões culturais (UNESCO, 2007,
P. 24) [grifo nosso]
Conforme exposto na Convenção, seus esforços
direcionam-se para:
criarcondiçõesparaqueasculturaspossamflorescereinteragirlivremente,demodomutuamentebenéfico;
reconheceranaturezaespecíficadasatividades,benseserviçosculturaiscomoveículosdeidentidade,valo-
resesignificados;
identificarnovosarranjosparaacooperaçãointernacional—cernedaConvenção;
reafirmarosdireitossoberanosdosEstadosmanterem,adotaremeimplementaremaspolíticasemedidas
quejulguemadequadasparaaproteçãoeapromoçãodadiversidadedasexpressõesculturaisnosseusterri-
tórios,enquantoasseguramolivrefluxodepensamentoseobras.
FONTE: (UNESCO, 2007, P. 23)
GOVERNANÇA
E CULTURA
20 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
NaConvenção,portanto,éestabelecidoqueadiversidade
é essencial à humanidade assim como é propulsora de um
desenvolvimento sustentável e
como elemento estratégico das políticas de
desenvolvimento nacionais e internacionais, bem como
da cooperação internacional para o desenvolvimento, e
tendo igualmente em conta a Declaração do Milênio das
Nações Unidas (2000), com sua ênfase na erradicação da
pobreza. (UNESCO, 2007, P.2)
É salientado também que devem ser encorajadas ações
que fomentem a criatividade e a interação entre culturas,
promovendo a cooperação internacional e facilitando a
mobilidade dos artistas, bem como o fluxo de bens e serviços
culturais.
Outro aspecto importante a ser destacado da Convenção
é que:
as atividades, bens e serviços culturais possuem dupla
natureza, tanto econômica quanto cultural, uma vez que
são portadores de identidades, valores e significados, não
devendo, portanto, ser tratados como se tivessem valor
meramente comercial”. (UNESCO, 2007, p. 2) [grifo nosso]
Dentre os princípios da Convenção, a cooperação que
deve ser estabelecida é pautada no desenvolvimento e no
fortalecimento dos meios necessários à expressão cultural,
principalmente, dos países em desenvolvimento. As expressões
culturais incluem também as indústrias culturais locais,
nacionais ou internacionais. Dentre os aspectos voltados à
promoção da cooperação internacional, a Convenção salienta
a formação de parcerias entre setor privado, sociedade civil
e organizações não-governamentais. Reconhece, portanto, o
papel fundamental da sociedade civil, criando mecanismos
efetivos para a sua participação. A participação da sociedade
civil é objeto central do artigo 11 da Convenção, que denota a
criação de esforços efetivos para que isto aconteça.
21MÓDULO 9 governança e cultura
parte
III
9
MÓDULO
A criação de mecanismos efetivos de participação da
sociedade civil e de criação de parcerias com outros atores
— independentemente de serem eles do setor privado ou do
público — remete à criação de mecanismos de governança
que propiciem a efetividade destas participações.
O trabalho de Powell caracterizando cada uma das
formas de governança é importante na medida em que
encontramos na literatura sentidos diferentes do que
caracteriza, por exemplo, uma rede.Tomando as características
de complementariedade de forças, benefício mútuo e
Ao contrário do que alguns autores afirmam, governança não é
sinônimo de relações democráticas, tornando fundamental a reflexão
sobre quais mecanismos de governança se deve escolher. O quadro a seguir
apresenta alguns mecanismos de governança e o que caracteriza cada um.
QUADRO 4  -  Formas de Governança
características
chave mercado hierarquia redes
Basesnormativas Direitosdepropriedade Relaçãodeemprego
Complementação
deforças
Meiosdecomunicação Preço Rotinas Relacional
Métodosderesolução
deconflitos
Recorrerascortes
Autoridade
administrativa-
supervisão
Normasde
reciprocidade-
reputação
Graudeflexibilidade Alto Baixo Médio
Montantede
comunicaçãoentreas
partes
Baixo Médioparaalto Médioparaalto
Tomouclima Suspeita Formal-burocrático
Aberto-benefício
mútuo
Performancedosatores
ouescolhas
Independente Dependente Interdependente
FONTE: POWELL(1990, P. 300)
22 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
reciprocidade como características-centrais numa rede,
evitamosoabusodoconceitoquepode,naprática,serutilizada
de forma manipulativa, integrando atores que, no entanto, são
usados para manipular e legitimar um processo. Como Lopes e
Baldi (2009, p. 1029) salientam:
As redes, assim como outras formas estruturais, resultam
de pressões ambientais e da ação humana, elas podem
ser formas de transformação da realidade organizacional
e social — deslocando o poder do centro para a periferia
e recolocando a dimensão política como dimensão central
— e também formas de reproduzir a ordem estabelecida,
dando ares de modernidade, de flexibilidade, de eficiência,
de justificação técnica para interesses de grupos nas
disputas de poder.
O conceito de governança interativa de Kooiman
(2002 apud Frey, p. 123) pressupõe que “os gestores públicos
deveriamnãoapenassepreocuparcomasoluçãodeproblemas
específicos,mastambémcomodesafiodegovernarinterações”.
O fomento da participação torna-se uma tarefa fundamental
do governo. Neste sentido, a escolha do mecanismo ou forma
de governança implica na criação de condições que favoreçam
as interações entre os diversos atores sociais, considerando que
isto é imprescindível para a diversidade.
Conforme Frey (2004), a criação de condições favoráveis
à participação, para Kooiman, implica na preocupação do
governo não só com a estrutura de participação (Nível
estrutural) como também com os princípios normativos
norteadores das dimensões no nível intencional. No nível
intencional, temos três condições: a condição de imagem da
governança; a condição de ação e a condição instrumental.
Os padrões normativos para alcançar o apoio da população
local ou as condições de imagem da governança estão
relacionadas às “imagens mentais, concretizadas nos objetivos
gerais da gestão, [as quais] proporcionam o norte geral para
a governança” (FREY, 2004, p. 123). São os padrões normativos
que sustentam a governança através da aceitação construída
para o apoio da população local.
A condição da ação é proporcionada pelo envolvimento
de todos os que tenham interesse concreto visando ao alcance
do apoio para as medidas, e, por fim, a condição instrumental
relaciona-se com aos arranjos institucionais criados e os canais
23MÓDULO 9 governança e cultura
parte
III
9
MÓDULO
de participação utilizados, reconhecendo a importância de
novas estruturas interativas para “transformar os atores da
sociedade em aliados na busca de melhores resultados, tanto
referentes ao desempenho administrativo quanto em relação
ao aumento da legitimidade democrática”(FREY, 2004, p. 123).
Por outro lado, Frey (2004) chama a atenção que os
arranjos de governança não estão baseados na universalidade
participativa. Assim, para participar do arranjo, o ator deve
possuir qualidades ou recursos que justifiquem sua atuação,
mas não é somente isto que lhe permite participar, pois podem
existir mais interessados qualificados do que se pode incluir
nos arranjos. Deste modo, alguns grupos serão privilegiados
em consonância com o problema a ser resolvido.
Em referência à concepção de Frey sobre o que é um
processo interativo, Ronconi (2010, p. 29) destaca que:
Atores da sociedade civil quando vistos apenas como
aliados para a busca de eficiência de desempenho
administrativo e para o aumento da legitimidade
democrática, podem ter seu papel de influência, na lógica
da decisão estatal, diluído.
Deste modo, chama a atenção que se, por um lado,
interação significa diálogo, comunicação, troca, reciprocidade,
por outro lado, pode sugerir que esses aspectos ocorrem num
processo esvaziado de conflitos e disputas.
Em contraposição, Ronconi (2010) considera que o
processo de governança pública é um campo de disputas
constituído por diferentes atores, interesses e organizações
nas diversas instâncias de deliberação do estado. Fazendo
uma reflexão no campo da cultura, poderíamos pensar na
própria concepção do que é cultura. É, portanto, um processo
de disputa no qual alguns atores disputam que cultura é arte,
enquanto outros querem defini-la num sentido antropológico,
pois isto acarreta uma outra forma de ação do Estado, e novos
grupos passam a ter acesso a recursos e à participação nas
esferas de deliberação.
Partindodestepressuposto,MoreiraeFaria(2005)afirmam
que, em muitos governos locais que prezam a governança no
campo cultural, observamos o pressuposto de que “a cultura é
igual à arte”. Assim, questões inerentes à concepção da cultura
24 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
no sentido antropológico são excluídas, ficando fora das
políticas e da governança do território.
Paraosautores,aescolhadosmecanismosdegovernança
deve ser permeada pela concepção de cultura no sentido
antropológico, caso contrário não haverá transversalidade.
A importância da mudança de concepção do que é cultura é
ressaltada pelo então Presidente Lula no Programa Cultural
para o Desenvolvimento do Brasil:
É outra — e é nova — a visão que o Estado brasileiro tem,
hoje, da cultura. Para nós, a cultura está investida de um
papel estratégico, no sentido da construção de um país
socialmente mais justo e de nossa afirmação soberana
no mundo. Porque não a vemos como algo meramente
decorativo, ornamental. Mas como base da construção e
da preservação de nossa identidade, como espaço para a
conquista plena da cidadania, e como instrumento para a
superação da exclusão social — tanto pelo fortalecimento
da autoestima de nosso povo, quanto pela sua capacidade
de gerar empregos e de atrair divisas para o país. Ou seja,
encaramos a cultura em todas as suas dimensões, da
simbólica à econômica (BRASIL, 2006, P.3)
No documento é ressaltada a necessidade de se dar vida
nova ao Ministério da Cultura, recuperando a importância do
Estado como ator central na estruturação de um projeto de
país fundamentado na cultura. Imprescindível para viabilizar
esta política cultural é a criação de novos arranjos institucionais
e novos aparatos regulatórios. A construção da política cultural
deve emergir de processos participativos, com a qualificação
dos agentes culturais para viabilizar a autorregulação do
sistema (BRASIL, 2006)
A função do Estado na gestão pública da cultura é
alterada a partir do governo Lula, em cujo segundo mandato
é ratificada conforme expresso no documento do Sistema
Nacional de Cultura (BRASIL, 2010). É estabelecido que ao
Estado, com a participação da sociedade, conjuntamente,
cabe o planejamento, o fomento, a preservação e a valorização
do patrimônio material e imaterial da nação considerando, o
interesse público e a diversidade Cultural.
25MÓDULO 9 governança e cultura
parte
III
9
MÓDULO
Portanto,oSistemaNacionaldeCulturabuscacontemplar
as diversas instâncias setoriais no Conselho Nacional de Política
Cultural, construindo uma rede de representação. Conforme
discurso do Ministro da Cultura, Gilberto Gil durante o processo
de implantação do CNPC em 2007:
A instalação do Conselho expressa, a partir de hoje, a
concretização de um entendimento, assumido pelo
Ministério da Cultura, de que é impossível formular,
executar, acompanhar e avaliar políticas públicas sem que
os diferentes agentes, setores e regiões estejam reunidos
para apresentar e representar seus pontos de vista (BRASIL,
2007)
A figura a seguir apresenta a rede de representação onde
as diferentes instâncias setoriais tem assento.
Fonte: BRASIL (2010, P. 45)
Figura 3  -  Rede de representação, na qualtodas as instâncias setoriaistenham assento nos CPC
Sistema Nacional de Cultura
Sistema Estadual de Cultura Sistema Municipal de Cultura
CNC
CNPC
Instância Colegiada do
Sistema Setorial Nacional
Instância Colegiada do
Sistema Setorial Estadual
Instância Colegiada do
Sistema Setorial Municipal
26 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
Sistema Nacional de cultura
Para que se tenha efetivamente uma transversalidade
da cultura, é necessário haver diferentes instâncias, ou seja,
instâncias de articulação, instâncias de pactuação e instâncias
de deliberação. No caso do SNC, estas são representadas na
figura a seguir.
No entanto, há existência das diferentes instâncias
não proporciona por si só, a transversalidade da cultura e a
governança democrática. Para tanto um princípio fundamental
foi a mudança na composição e formação dos conselhos. O
primeiro foi alcançado pela mudança na concepção de que os
mesmos devem ser compostos por notáveis, mas é necessário
também a co-participação ou a co-gestão.
FONTE: BRASIL (2010, P.47)
FIGURA 4 - SNC E AS DIVERSAS INSTâNCIAS DE ARTICULAÇÃO, PACTUAÇÃO E DELIBERAÇÃO
CNC
Diretrizes do PNC
CNPC
CIT
Pactuação de Critérios:
Partilha e Transparência
Colegiados Setoriais do
CNPC
PROFIC
CFNC / CNIC
Sistemas Municipais de Cultura
CMPC
Colegiados / Fóruns Setoriais
Sistemas Estaduais de Cultura
CEPC
Colegiados / Fóruns Setoriais
Instâncias Colegiadas
dos Sistemas Setoriais CIB
Elaboração do PNC
Minc
27MÓDULO 9 governança e cultura
MÓDULO
9
PARTE
IV
Para que ocorra a governança democrática da cultura,
é vital que esses espaços de participação existam como
possibilidade efetiva de tradução das vontades da sociedade
civil, contrapondo ao autoritarismo a descentralização e o
controle social (HOLANDA; BARBALHO, 2010).
Moreira e Faria (2005) destacam vários aspectos da
governança democrática da cultura; dentre eles salientamos:
Não existe inclusão social se não houver inclusão cultural;
O reconhecimento da diversidade e dos direitos culturais no território deve
embasar a governança local;
Os processos participativos são fundamentais para constituir uma nova
cultura política democrática de governança;
A cidadania cultural e o desenvolvimento humano são os novos paradigmas
que norteiam a governança democrática;
A governança democrática e a centralidade da cultura são vitais para inibir as
forças de mercado e a transformação da cultura em mera mercadoria;
A governança democrática da cultura é central para o governo municipal e
para todas as instâncias da gestão do território.
A GOVERNANÇA
DEMOCRÁTICA DA CULTURA:
PROBLEMAS E FORMAS DE
SUPERAÇÃO
1
2
3
4
5
6
28 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
A importância da composição e da formação desses
espaços reside no fato de que existe o risco dos conselhos “se
tornarem espaços cooptados pelo poder público, espaços
que simplesmente reproduzem a vontade do Executivo
e cumprem o papel de apaziguadores das pressões
provenientes da sociedade civil”(HOLANDA; BARBALHO, 2010,
p.2). Ou seja, mesmo que os conselhos tenham superado um
obstáculo de serem meros conselhos consultivos para esferas
de deliberação, os riscos com este mecanismo de governança
se perpetuam.
Para superar estes desafios, Moreira e Faria (2005)
apontam alguns aspectos:
AMPLIAÇÃO DE SUAS REPRESENTAÇÕES
CRIAÇÃO DE MECANISMOS
ESTÍMULO À AUTO-ORGANIZAÇÃO CULTURAL DA SOCIEDADE
A capilaridade dos conselhos relaciona-se com a
ampliação das representações no que concerne a diferentes
aspectos, tanto no que se refere aos diferentes movimentos
sociais, quanto no que se refere às diferentes linguagens.
Outro ponto fundamental é a descentralização das
conferências de cultura nas diversas regiões do município,
definindo os diferentes eixos da política pública. Todos estes
aspectos estimulam a auto-organização cultural da sociedade,
alterando o próprio papel do conselheiro.
Com relação ao PAPEL DO CONSELHEIRO, Moreira e
Faria (2005) salientam quatro aspectos fundamentais. Segundo
eles, o conselheiro deve:
•	 reforçar a autonomia dos movimentos sociais;
•	 resguardar a transparência e moralidade no uso e na
gestão do dinheiro público, através do acompanhamento
e da implantação dos projetos definidos;
•	 participar da definição de propostas e ações culturais
no município; e,
29MÓDULO 9 governança e cultura
parte
IV
9
MÓDULO
•	 ser um agente multiplicador da governança
democrática, o que requer também a capacidade técnica
para entender os mecanismos burocráticos da gestão
pública.
Já no que concerne aos PROBLEMAS DOS CONSELHOS,
os autores destacam que:
•	 Osconselhos,daformacomoaindaestãoestruturados,
possuem características corporativistas. Ou seja,
os conselheiros estão mais voltados para realização
de eventos e atividades de seu interesse, buscando a
construção de apoios e relações políticas. Estão, portanto,
“relacionadosaáreassemrepresentá-las,semvínculos
com as dinâmicas da sociedade civil, restritos aos
grupos que representam”(MOREIRA; FARIA, 2005, p.15)
•	 O tempo burocrático, característico do Estado,
contrasta com o tempo cultural, que é criativo, ágil e
dinâmico. A morosidade das ações e decisões da gestão
pública (até como uma forma de garantir transparência
e publicização) entra em conflito com as necessidades
e dinâmicas dos atores, que possuem uma vivência de
experiências inovadoras e não tradicionais;
•	 A máquina pública despreparada tanto para
ser provedora como para possibilitar uma ação
compartilhada com outros atores, pode levar com que os
conselhos sejam extensão do imobilismo da máquina
pública, melhor preparada para o clientelismo do que
para políticas públicas democráticas; e,
•	 A capilarização da política pública e sua ação
integrada dependem da descentralização da sua ação
no território.
Ainda no que concerne aos PROBLEMAS DOS
CONSELHOS e como os conselheiros podem vivenciá-los,
Teixeira (2005) destaca cinco pontos:
1.	 BAIXA EFICÁCIA, o que pode ser vivido pelos
conselheiros como uma experiência muito frustrante;
2.	 BAIXA EFETIVIDADE, que está ligada aos problemas
inerentes ao equilíbrio na composição do conselho, à
30 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
representatividade de seus componentes e ao seu poder
deliberativo;
3.	 ALTA PROLIFERAÇÃO DOS CONSELHOS em
contraposição ao baixo nível de articulação entre eles;
4.	 BAIXO NÍVEL DE ARTICULAÇÃO entre os níveis
federais, estaduais e municipais
5.	 BAIXO NÍVEL DE ARTICULAÇÃO entre regiões do
município, principalmente, em grandes cidades
Fruto desses problemas, Barbalho (2012) afirma que em
função do que é estabelecido no Sistema Nacional de Cultura,
os conselhos existem, mas permanecem como estruturas
corporativistas e mesmo tendo funções deliberativas, agem
mais atendendo aos seus interesses pessoais e de suas
relações próximas. Este fato advém da falta de ligação dos
conselheiros com as categorias representadas. A partilha
efetiva do poder, é prejudicada pela presença, às vezes em
maioria, dos representantes do poder público executivo,
inviabilizando a governança democrática.
Tatagiba (2002 apud Holanda e Barbalho, 2010) compilou
e analisou pesquisas que trataram de experiências dos
conselhos gestores. A pesquisadora expõe sua análise em
três eixos. Os conselhos como: (1) espaços de representação
paritária e plural; (2) espaços públicos dialógicos e (3) espaços
deliberativos.
(1) ESPAÇOS DE REPRESENTAÇÃO PARITÁRIA E PLURAL
A paridade numérica não tem garantido simetria
no processo decisório. Muitos representantes têm
dificuldade de respeitar e reconhecer a alteridade dentro
do próprio conselho, questionando a representação
dos demais. Ainda relacionado a esse aspecto, a autora
aponta:
•	 Existem conselheiros que não se identificam com
o tema ou que utilizam o espaço para manter/ganhar
benefícios;
31MÓDULO 9 governança e cultura
parte
IV
9
MÓDULO
•	 Muitosconselheirosmantêmumarelaçãobastante
incipiente com suas entidades; assim, defendem seus
posicionamentos pessoais, e não os da entidade. Este
fato ocorre tanto com os representantes governamentais
como com os não-governamentais;
•	 Problemas quanto à qualificação dos conselheiros
ocorrem em termos tanto de desqualificação quanto de
superespecialização. No caso desta última, isto acaba por
se refletir numa dificuldade de comunicação e, no caso do
outro extremo, temos conselheiros desinformados, sem
recursos e, portanto, não-qualificados para participar.
(2) ESPAÇOS PÚBLICOS DIALÓGICOS
“dificuldade de explicitação dos interesses, do
reconhecimento da existência e legitimidade do conflito
e da troca de ideias como procedimentos para a tomada
de decisão.” (TATAGIBA, 2002, p. 73-74 apud Holanda e
Barbalho, 2010).
•	 Quais assuntos são prioritários? Quais devem ser
preteridos? Há inexistência de consenso no que se refere
à pauta de discussão.
•	 Por outro lado, observa-se, geralmente, a construção
dapautapelopoderdoexecutivo,oqualdirigeoprocesso.
•	 Assim, temos, por parte dos representantes
governamentais, uma dificuldade de partilhar o poder
de decisão. Conseqüentemente, ocorrem tentativas de
manobrar o conselho.
(3) ESPAÇOS DELIBERATIVOS.
•	 O que significa um espaço deliberativo?
•	 Como a deliberação é posta em prática? Como
efetivamente gerir os fundos municipais?
Teixeira (2005) chama atenção também para o
problema da condição desigual dos conselheiros. A falta de
remuneração e de uma infraestrutura logística adequada dos
representantes civis contrasta com a situação privilegiada dos
representantes do Estado, que possuem ambas a seu favor.
Apostila 09 governança e cultura v5
33MÓDULO 9 governança e cultura
MÓDULO
9
PARTE
V
Tatagiba (2002, apud Holanda e Barbalho, 2010)
sistematiza algumas estratégias para lidar com os problemas
dos conselhos; dentre elas, destacamos:
›› manutenção correta do livro de atas e a distribuição de
cópias das atas entre os conselheiros;
›› formação de comissões que visem tornar a agenda e a
pauta mais democráticas;
›› elaboração de novos canais de comunicação com
a sociedade e a articulação do conselho com outros
espaços de participação;
›› criação de mecanismos para articular as entidades,
por exemplo, capacitando não só os conselheiros, mas
também os outros membros das entidades.
Com o mesmo intuito, Barbalho (2012) também
sistematiza alguns aspectos importantes para superação dos
problemas dos Conselhos, dentre eles:
•	 Ampliação da representação acompanhada da
garantia do mandato dos conselheiros. Indicando que
este deva ser organizado de modo que eles atuem em
duas gestões seguintes, permite uma certa continuidade
nas políticas e reforça a independência do Conselho
frente ao novo gestor;
•	 Desafioaosconselhosdeculturaparaqueconquistem
sua efetividade, ou seja, que sejam um espaço não
apenas de consulta, mas também de deliberação no que
diz respeito à elaboração das políticas e de suas ações e
de seu orçamento;
Algumas estratégias
para lidar com os
problemas dos
Conselhos
34 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
•	 Garantia por lei de sua independência financeira,
fundamental para que não fique à mercê da boa vontade
do gestor em exercício, mesmo sendo financiado pelo
poder executivo.
Refletindosobreaquestão“Vocêquerumbomconselho?”,
Teixeira (2005) aponta os seguintes elementos:
•	 Criação e valorização de arenas, espaços apenas
da sociedade civil, como fóruns, que sejam espaços de
preparação para o embate do conselho;
•	 Articulação entre os conselhos, através da criação
de infraestruturas coletivas dos conselhos, para que
todos possam usufruir o mesmo espaço, criar redes de
articulação e programas de capacitação compartilhados;
•	 Produção de dados e subsídios para as decisões
dos conselhos;
•	 Construir estratégias de articulação entre os
governos municipal, estadual e federal;
•	 Articulação entre os espaços participativos;
•	 Recursos públicos para os conselhos.
Já foi salientado anteriormente que novos desafios
são gerados pela criação de mecanismos de governança que
propiciem a participação da sociedade civil, mas, como salienta
Tatagiba (2010), a capilaridade social é vital para superar o
isolamento do Conselho, buscando formas de se conectar com
a sociedade.
No entanto, este processo também tem sido alvo de
críticas e, conforme Cortês (2010, p. 52 ):
Uma crítica muito frequente a esse processo é a de
que ele não apenas teria limitado o potencial de
democratização da gestão pública que fóruns mais
autônomos frente aos governos poderiam propiciar, como
provocaria o disciplinamento das formas de organização
e de manifestação espontâneas de atores sociais —
provenientes da sociedade civil — que passariam a se
organizar em torno dos conselhos e a canalizar suas
35MÓDULO 9 governança e cultura
parte
V
9
MÓDULO
demandas e propostas principalmente para eles. Essa é a
visão não apenas de analistas de processos participativos,
mas também de lideranças de entidades sociais que por
vezes hesitam em integrar os fóruns temendo legitimar,
com sua presença, espaços políticos que consideram não-
democráticos. (grifo nosso)
A autora, contudo, defende que esse processo dicotômico
“institucionalização versus democratização” não é verdadeiro
e que, embora a participação tenha sido parcialmente
disciplinada, tais espaços contribuem para a democratização
da gestão pública brasileira.
Por sua vez, no que concerne a esta disciplina, podemos
considerar que a democratização da gestão pública perpassa a
escolha dos mecanismos de governança, embora obviamente
não se resuma a ela.
36 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA
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Apostila 09 governança e cultura v5

  • 1. 1MÓDULO 9 governança e cultura Governança e Cultura 9 Mariana Baldi
  • 2. EXPEDIENTE Governo Federal Presidente da República Federativa do Brasil  |  DilmaVana Rousseff Vice-Presidente da República Federativa do Brasil  |  MichelTemer Ministra da Cultura  |  Marta Suplicy Secretária Executiva  |  Ana Cristina da CunhaWanzeler Secretário de Articulação Institucional (substituto)  |  Bernardo da Mata Machado Universidade do Rio Grande do Sul Reitor  |  Carlos Alexandre Netto Vice-Reitor  |  RuiVicente Oppermann Pró-Reitora de Extensão  |  Sandra de Deus Diretor da Escola de Administração  |  Hugo Fridolino Müller Neto Chefe do Departamento de Ciências da Administração  |  Takeyoshi Imasato CONTEÚDO E EXECUÇÃO EquipeTécnica Coordenação  |  Rosimeri Carvalho da Silva Vice-Coordenação  |  Sueli Goulart AnalistaTécnica  |  Eloise Helena Livramento Dellagnelo Corpo Docente  |  Cristina Amélia Pereira de Carvalho, Diogo Demarco, Eloise Helena Livramento Dellagnelo, Fernando Lopes, José Marcio Barros, Maria Ceci Misoczky, Mariana Baldi, Rogério Fae, Sueli Goulart. Equipe de apoio  | Felipe Amaral Borges, Fernanda Acosta, Guillermo Cruz, Maria do Carmo Dambroz, Patrícia Tometich,Willian Ansolin. Diagramação  |  Márcia Mylius C331 CARVALHO, Cristina Amélia Pereira de. Políticas públicas da cultura e administração participativa / Cristina Amélia Pereira de. - Porto Alegre: Ministério da Cultura/UFRGS/ EA, 2014. 54 p. - (Módulo 2. Apostila do Curso de Extensão em Administração Pública da Cultura). 1.Políticas públicas. 2. Políticas culturais. 3. Gestão cultural. 4. Administração pública. I.Título CDU 351 Catalogação na publicação:Tânia Fraga – CRB 10/765 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Escola de Administração RuaWashington Luiz, 855 90010-470 Porto Alegre RS Fone: (51) 33083991 www.ufrgs.br/escoladeadministracao
  • 3. 3MÓDULO 9 governança e cultura Sumário O CONCEITO DE GOVERNANÇA E GOVERNABILIDADE....................................................................................5 A GENEALOGIA DO CONCEITO DE GOVERNANÇA.............................................................................................7 GOVERNANÇA E CULTURA............................................................................................................................................19 A GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA DA CULTURA: PROBLEMAS E FORMAS DE SUPERAÇÃO................................................................................................................27 Algumas estratégias para lidar com os problemas dos Conselhos...................................................................................................................................33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................................36 Módulo 9 governança e cultura parte I parte II parte III parte IV parte v
  • 5. 5MÓDULO 9 governança e cultura MÓDULO 9 PARTE I Nesta disciplina, o foco é na Governança e Cultura. As primeiras questões que surgem são o que é governança? O entendimento acerca do que é governança foi sempre o mesmo? Qual a sua importância? Como se atrela a Cultura? Primeiramente, devemos entender a origem do conceito de governança, a diferença entre governança e governabilidade e a relação entre governança e a reforma do Estado. A definição de governança e governabilidade não possui uma conceituação única; em vista disso, a leitura de diferentes artigos e livros leva à constatação de que, apesar de fazerem referência a esses conceitos, podem variar no que concerne à orientação ideológica e à ênfase dada a determinados elementos. Embora distintos, governança e governabilidade são conceitos que se inter-relacionam. Araújo (2002) sistematiza esses diferentes conceitos e destaca tanto características comuns encontradas nas diversas concepções como a existência de um vínculo quase indissolúvel entre governança e governabilidade. PORTANTO, sua separação visa a fins didáticos e analíticos. Para o autor, é atribuída a Samuel Huntington na década de 60, a primeira citação destes conceitos, e é na década de 70, durante a chamada Crise do Estado, que ganharam importância na discussão acerca da Reforma do Estado e de seu aparelho. Bresser Pereira (1995) distingue o Estado do Aparelho do Estado, salientando que o primeiro é mais do que seu Aparelho, pois inclui todo o sistema constitucional-legal que extravasa o Aparelho e incide sobre toda a sociedade. Já o aparelho do Estado é constituído pela“elite governamental, a burocracia e a força militar e policial”(BRESSER PEREIRA, 1995, p.8) O CONCEITO DE GOVERNANÇA E GOVERNABILIDADE
  • 6. 6 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA Para Araújo (2002), a governabilidade relaciona-se à capacidade de agregar os múltiplos interesses existentes na sociedade,articulandoaliançaseviabilizandoaimplementação dos projetos do Estado. Assim, GOVERNABILIDADE relaciona- se de forma mais direta com a Reforma do Estado, ou das relações estabelecidas entre Estado e Sociedade, Estado e Mercado, entre os poderes do Estado, dentre outros aspectos. Deste modo, a governabilidade refere-se às próprias condições substantivas/materiais de exercício do poder e de legitimidade do Estado e do seu governo derivadas da sua postura diante da sociedade civil e do mercado (ARAÚJO, 2002, p. 6). Já a GOVERNANÇA estaria mais relacionada com a reforma do Aparelho do Estado (ARAÚJO, 2002). Como estabelecido no Plano Diretor da Reforma do Estado, o aparelho do Estado “ou administração pública lato sensu, compreende (a) um núcleo estratégico ou governo, constituído pela cúpula dos três poderes, (b) um corpo de funcionários e (c) uma força militar e policial”(BRASIL, 1995 p. 41). Neste sentido, é preciso diferenciar crise de governança e governabilidade. No caso deste último, o questionamento estaria ligado à sustentabilidade política ou a capacidade de exercício do poder pelas autoridades políticas. Já no caso da governança, destacamos a definição de Diniz (2003, p.22) que salienta a necessidade de aperfeiçoamento dos “mecanismos que garantam a responsabilização pública dos governantes”. Assim, governança refere-se à criação de mecanismos institucionais ou de arranjos institucionais que viabilizam a consecução das políticas, que pode ser realizada, entre outras alternativas, via mercado, via o próprio Estado ou através da formação de redes. A discussão sobre novas formas de governança, portanto, trata de pensar novas formas de regulação social que não se assentam, necessariamente, no papel soberano do Estado. Atenção: Governabilidade está relacionada com a reforma do Estado, já Governança está relacionada à reforma do Aparelho do Estado.
  • 7. 7MÓDULO 9 governança e cultura MÓDULO 9 PARTE II A imprecisão do termo Governança foi assinalada por Rhodes (1996), que identificou seis diferentes usos: A governança enquanto Estado mínimo: relaciona-se à intervenção pública e à realização dos serviços públicos. Defendendo a minimização dos custos e do déficit público, discute-se a realização dos serviços pelo mercado e por quase-hierarquias ou quase-mercado; A governança corporativa: atrela-se à forma como as organizações são controladas e dirigidas; A governança enquanto Nova Administração Pública (NAP): possui dois sentidos: um deles concerne à introdução de métodos gerenciais do setor privado na administração pública, e o outro está relacionado ao Novo Institucionalismo Econômico. Este último destaca a introdução de estruturas incitativas, tais como a competição de mercado dentro da provisão de serviço público; A “boa governança”: termo utilizado pelo Banco Mundial para balizar sua política de empréstimos ao terceiro mundo; A governança enquanto sistema sociocibernético: chama atenção que a governança não pode ser atribuída a um único ator, e sim deve ser vista como resultado de um esforço comum de todos os atores envolvidos. Isto é, não é monopólio de um governo central, mas resulta da negociação dos diversos atores públicos e privados; A governança enquanto conjunto de redes organizadas: a governança refere-se a redes que se auto-organizam. Considerando que o Estado é um dos atores no sistema mundial (e não mais o único e exclusivo ator). A GENEALOGIA DO CONCEITO DE GOVERNANÇA 1 2 3 4 5 6
  • 8. 8 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA Para compreender a genealogia do conceito e os diferentes entendimentos acerca do seu significado, é necessário voltarmos à década de 70. No final de década de 60, tinham eclodido movimentos sociais que questionavam os Estados sociais-democráticos no que se refere tanto a sua capacidade de incluir diferentes grupos sociais quanto à dificuldade de incluir determinados grupos, dependendo da atitude de outros. Como os Estados não conseguiam construir uma sociedade livre e igualitária, a democracia estava em crise, crise essa que foi interpretada de acordo com diferentes concepções ideológicas. Assim, em 1973, a Comissão Trilateral foi fundada pelo milionárioamericanoDavidRockefeller.ATrilateralreunialíderes do setor privado para discutir questões globais entre Europa, América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e Japão. Em 1975, a Comissão publicou um relatório sobre a governabilidade das democracias, intitulado Crise da Democracia, cuja autoria ficou a cargo de Crozier, Huntington e Watanuki. A conclusão dos autores é de que a incorporação de grande parcela da população na classe média e o aumento da expectativa destes sobre o governo levaram a uma democracia anômica, na qual a insatisfação e a falta de confiança nas instituições tornaram-se amplas e ocorre mais a afirmação dos conflitos do que a construção de um propósito comum nos países da Trilateral. Estas pressões levaram ao crescimento das despesas do Governo e a ampliação do papel desempenhado por este na economia e na sociedade (CROZIER, HUNTINGTON, WATANUKI, 1975). O período é marcado, portanto, pela crise do Estado de Bem-Estar Social. A reforma estrutural das relações Estado- cidadão centrava-se na incapacidade do Estado — em termos de recursos, de pessoal ou de gestão — em atender aos anseios da população, sendo esta a base de pensamento dos que defenderam a necessidade de retração da máquina estatal, principalmente, da cena econômica. Defenderam que o Estado não seria mais capaz de possuir o monopólio nem da promoção do bem público, nem de sua definição.
  • 9. 9MÓDULO 9 governança e cultura parte II 9 MÓDULO Consoante com esta discussão, Oliver Williamson publica, em 1975, um trabalho que se debruça sobre a escolha do mecanismo de governança (mercado ou hierarquia) (WILLIAMSON, 1975). De maneira simples, podemos explicar como a escolha entre fazer e comprar. No que se refere ao Estado e à Cultura, seria a decisão entre o Estado estar à frente das decisões políticas e de financiamento, ou deixar que o mercado, as empresas privadas o fizessem. No Brasil, muito do que deveria ser feito no campo da cultura passa a depender muito do mercado, isto é, do que as organizações econômicas veem como importante para elas patrocinarem. É também nas décadas de 70/80 que a questão da governança vai aparecer nos documentos do Banco Mundial, e vai ser criado o conceito de boa governança. Se, anteriormente, se havia questionado o papel do Estado na definição do que é público e na sua promoção, levando à busca de alternativas na relação Estado-mercado-sociedade, os problemas oriundos do fracasso dos Programas de Ajuste Estrutural (PAS) são percebidos pelo Banco Mundial, de acordo com Milani e Solinis (2002), como oriundos da má governança que impera nos países em desenvolvimento. Emrelatóriode1994,jánoprefáciosãoapontadasmedidas que poderiam ser adotadas pelos países em desenvolvimento para melhorar a qualidade e a quantidade dos serviços de infraestrutura. A causa do mau desempenho nesta área seria fruto dos incentivos institucionais inadequados à melhoria da provisão de infraestrutura. Para promover uma prestação de serviços mais eficiente e adequada, é preciso que os incentivos se modifiquem via administração de cunho comercial, concorrência a participação dos usuários (BANCO MUNDIAL, 1994, p.iii) No Relatório, afirma-se que “as forças de mercado podem melhorar os serviços de infraestrutura”, e é apontada a existência de um novo consenso de que é necessário“eliminar restrições ultrapassadas quanto ao direito de prestar serviços e garantindo aos novos participantes o justo acesso às redes de provisão”(BANCO MUNDIAL, 1994, p.56). Neste sentido, são
  • 10. 10 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA propostos, no documento, métodos de desmembramento de prestação de serviços tanto verticais (por exemplo, separar geração de distribuição/transmissão, no setor elétrico) quanto horizontais (por exemplo, por critérios geográficos ou de serviços). Assim, defendem que o desmembramento gera melhoria na prestação dos serviços, ao propiciar maior concorrência e envolvimento do setor privado. A figura a seguir ilustra a proposta. FIGURA 1  -  DESDOBRAMENTO DE ATIVIDADES QUE CRIARIA MAIS OPÇÕES DE CONCORRÊNCIA E ENVOLVIMENTO DO SETOR PRIVADO FONTE: BANCO MUNDIAL (1994, p.61) Monopólio integrado Concorrência pelo mercado via concessão ou leasing Serviço monopolístico Concorrência de similares Concorrência no mercado com o ingresso de novas firmas Práticas comerciais, meio ambiente, segurança e antitruste Direito de acesso a serviço monopolístico e preço de acesso ConcorrênciaMonopólio Status inicial Estrutura industrial Opções de concorrência Objeto de regulamentação Obrigações quanto a preços, qualidade e serviço via contrato Obrigações quanto a preços, qualidade e serviço via legislação Com desmembramento             Sem desmembramento Monopólio estatal integrado Monopólio integrado Atividades monopolísticas Atividades competitivas
  • 11. 11MÓDULO 9 governança e cultura parte II 9 MÓDULO Julgando que os princípios de mercado promovem uma melhoria na prestação de serviços, defendem também a transferência para o setor privado dos ativos do setor público, ou a privatização do setor público. No entanto, ressaltam também que o mercado não tem solução para uma diversidade de problemas. Como exemplo, salientam que “Estes podem ofertar aos pobres menos serviços de infraestrutura do que o desejado pela sociedade” (1994, p. 79). Propõem uma série de opções de mecanismos institucionais para o provimento de infraestrutura, conforme o quadro a seguir. QUADRO 1  -  PRINCIPAIS OPÇÕES INSTITUCIONAIS PARA A PROVISÃO DE INFRAESTRUTURA Função OpçãoA OpçãoB OpçãoC OpçãoD Departamen- togoverna- mental Empresaspúblicas Contratode leasing Contratode concessão Propriedade eoperação privadas (inclusive cooperativa) Provisãopelos usuáriosou pelacomuni- dade (“auto-aju- da”)Tradicional Corporatizadae comercial Sobcontratode serviço Sobcontratode administração Propriedade dosativos Pública Pública (majoritária) Pública (majoritária) Privada (majoritária) Privadaou comum Planejamento, coordenação, processodecisório eregulamentação dosinvestimentos setoriais Funçãodo governo Peloministério competente Peloministériocompetenteoupor outroórgãopúblico Negociadospelopoder públicocomos operadoresprivados Nenhum oupoder público Nenhum oupoder público Financiamento docapital(ativos fixos) Orçamento governamen- tal Subsídiose empréstimos públicos Financiamentoprincipalmente demercado Público Operador privado Setor privado Setor privado Financiamento corrente(capital degiro) Orçamento governamen- tal Principalmente subsídios Principalmentereceitasinternas Operadorprivado Setorprivado (ogoverno podepagar asobrigações doserviço público) Setor privado Operaçãoe manutenção Governo Empresapública Operador privadopara serviços específicos Operador privado Operadorprivado Setor privado Setor privado Arrecadaçãodere- ceitastarifárias Governo Governoou empresa pública Empresapública Operadorprivado Setor privado Setor privado Outrascaracterís- ticas:Autoridade administrativa Governo Empresapública Operador privado Operadorprivado Setor privado Setor privado Aceitaçãodo riscocomercial Governo Empresapública Principalmente osetorpúblico Operadorprivado Setor privado Setor privado Basederemune- raçãodainiciativa privada Nãoseaplica Taxafixacom basenoserviço prestado Combasenos serviçose resultados Combasenosresultados menosoqueooperadorpaga parausarosativos Determinada pelosetor privado Determinada pelosetor privado Duração Ilimitada Menosde5 anos Cercade3-5 anos 5-10 anos 10-30 anos Ilimitada Ilimitada FONTE: BANCO MUNDIAL (1994, p. 120)
  • 12. 12 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA Além disso, delineiam opções para o bom desempenho destes novos mecanismos institucionais, conforme segue QUADRO 2  -  INGREDIENTES DO BOM DESEMPENHO SOB FORMAS INSTITUCIONAIS ALTERNATIVAS FONTE: BANCO MUNDIAL (1994, p. 122) Opção A: Propriedade pública e operação pública »» O governo cumpre papéis bem distintos como proprietário, regulador e operador. »» Nenhumainterferênciagovernamentalnodetalhamentoda administração. »» Empresaspúblicassujeitasàleigeraldecomércioeapadrões gerais de prestação de contas e auditoria (ou seja, operam“em pé de igualdade”com as empresas privadas). »» Tarifas fixadas para obter recuperação de custos e empresa sujeita a orçamento rigoroso. »» Obrigações do serviço público, quando houver, serão determinadas e explicitamente compensadas por transferências governamentais. »» Administradores selecionados por suas qualificações profissionais e adequadamente remunerados. »» Uso de mecanismos adequados para que haja feedback dos usuários. »» Atividadesefunçõesdistintasquepodemserdesmembradas e abertas à iniciativa privada (mediante »» contratos de serviço, por exemplo). »» Contratação de know-how administrativo no setor privado quando necessário (mediante contratos de administração, por exemplo). »» Partilha da propriedade e do controle com o setor privado (mediante participação acionária minoritária, por exemplo). Opção B: Propriedade pública e operação privada »» Vigência de uma legislação básica contratual, inclusive mecanismos fidedignos que a façam cumprir. »» Contratos que especificam claramente metas de desempenho monitoráveis, responsabilidades do proprietário e do operador, processos de revisão periódica (principalmente para prestar contas de mudanças imprevistas nos custos dos insumos), mecanismos para dirimir litígios e sanções por desempenho insatisfatório. Opção C: Propriedade privada e operação privada »» Reestruturação do subsetor em moldes competitivos. »» Remoçãodasbarreiraspráticaseregulamentaresàiniciativa privada (como restrições ao acesso a crédito e divisas). »» Regulamentação para proteger o interesse público quando a disciplina imposta pela concorrência é insuficiente para assegurar o acesso da iniciativa privada à rede de serviços públicos, quando necessário. Opção D: Provisão pela comunidade e pelos usuários »» Participação de usuários e membros da comunidade na preparação do programa, desde os estágios iniciais, para assegurar a disposição de pagar e a propriedade do sistema. »» Participação dos beneficiários garantida por meios organizacionaisadequados,ecomcontribuiçõespessoaisouem dinheiro. »» Apoio aos usuários mediante acesso ao treinamento e à assistência técnica das agências setoriais ou organizações não- governamentais. »» Observância das exigências técnicas para interconexão com as redes primária ou secundária de infraestrutura, se necessário. »» Operadores do serviço bem treinados, bem remunerados e responsáveis.
  • 13. 13MÓDULO 9 governança e cultura parte II 9 MÓDULO Foi assim que toda uma série de programas nacionais de reforma do Estado (programas nacionais de“boa governança”) surgiramnaÁfrica,naÁsiaenaAméricaLatina.Essesprogramas foram (e são) freqüentemente acompanhados de políticas de descentralização e de formação nas técnicas da Administração Pública Gerencial (New Public Management). O Banco Mundial introduziu o conceito de boa governança e, oficialmente, não o utiliza como parte de seu critério de empréstimo para países em desenvolvimento. Para a entidade, governança refere-se às instituições através das quaisaautoridadeéexercida,tantonoqueserefereaoprocesso pelo qual os governantes são escolhidos e monitorados, como também no que se refere à capacidade governamental de implementar as políticas. Assim, delineiam para o primeiro aspecto as dimensões de voz e responsabilidade; estabilidade política; e ausência de violência/terrorismo. Como indicadores da capacidade de implementação das políticas, adotam-se a eficácia do governo e a qualidade regulatória ou normativa. E, para analisar o respeito dos cidadãos e do estado pelas instituições, tem-se o controle da corrupção e o estado de direito como indicadores. No Brasil, é a partir dos anos 1990 que as concepções de governança e governabilidade ganharam destaque. Conforme exposto em Brasil (1995), o governo brasileiro da época não carecia de “governabilidade”, ou seja, de capacidade conferida pela sociedade civil para governar. Não se questionava a sua legitimidade democrática advinda de um processo eleitoral legítimo. Contudo, enfrentava, de acordo com o apresentado no Plano Diretor, um grave problema de governança, em função da sua capacidade limitada de formular/implementar as políticas públicas. Esta limitação advinham da rigidez e da ineficiência do aparelho burocrático do Estado. Para Bresser Pereira (1995), a crise econômica do Brasil tinha uma causa fundamental: a CRISE DO ESTADO: “Crise que Para outras informações acesse: http://info.worldbank.org/ governance/wgi/index.asp
  • 14. 14 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA se define, fundamentalmente, pela crise fiscal do Estado, pela crise do modo de intervenção da economia e do social, e pela crise do aparelho do Estado”(BRESSER PEREIRA, 1995, P.2). A crise fiscal atrelava-se à perda do crédito público e à poupança pública negativa. Já a crise do modo de intervenção era definida pelo esgotamento do modelo protecionista de substituição de importações, que havia sido bem-sucedido até os anos 1950. Constatava-se ainda o fracasso em criar um Estado do Bem-Estar no Brasil, nos moldes social-democratas europeus. Tudo isto leva à crise do aparelho estatal, o qual, além de se caracterizar pelo clientelismo crônico e pela profissionalizaçãoincompleta,passa,apartirdaConstituiçãode 1988, a se caracterizar também pelo enrijecimento burocrático extremo (BRESSER PEREIRA, 1995). O país incorpora ajustes econômicos e estruturais, e são propostas reformas das políticas sociais compensatórias, iniciando a chamada Reforma do Aparelho do Estado. Na proposta da reforma, parte-se do pressuposto que o Estado assumiu funções que não caberiam a ele no setor produtivo, o que teria gerado a deterioração dos serviços públicos, bem como o agravamento da crise fiscal e da inflação. Portanto, como salientava o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, na apresentação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, É preciso, agora, dar um salto adiante, no sentido de uma administração pública que chamaria de “gerencial”, baseada em conceitos atuais de administração e eficiência, voltada para o controle dos resultados e descentralizada para poder chegar ao cidadão, que, numa sociedade democrática, é quem dá legitimidade às instituições e que, portanto, se torna“cliente privilegiado”dos serviços prestados pelo Estado. (BRASIL, 1995, p. 7) [grifo nosso] Para propor a reforma, foi necessário criar um diagnóstico da Administração Pública brasileira norteado pelas questões apresentadas no quadro a seguir:
  • 15. 15MÓDULO 9 governança e cultura parte II 9 MÓDULO Quadro 3  -  QUESTÕES NORTEADORAS DO DIAGNÓSTICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA NA DÉCADA DE 90 (1)OEstadodevepermanecerrealizandoasmesmasatividades?Algumasdelaspodemsereli- minadas?OudevemsertransferidasdaUniãoparaosestadosouparaosmunicípios?Ouainda, devemsertransferidasparaosetorpúbliconão-estatal?Ouentãoparaosetorprivado? (2)Poroutrolado,dadasasnovasfunções,antesreguladorasqueexecutoras,deveoEstado criarnovasinstituições? (3)ParaexercerassuasfunçõesoEstadonecessitadocontingentedefuncionáriosexistente?A qualidadeeamotivaçãodosservidoressãosatisfatórias?Dispõe-sedeumapolíticaderecursos humanosadequada? (4)Asorganizaçõespúblicasoperamcomqualidadeeeficiência?Seusserviçosestãovoltados prioritariamenteparaoatendimentodocidadão,entendidocomoumcliente,ouestãomais orientadasparaosimplescontroledopróprioEstado? FONTE: BRASIL (1995, p. 24 e 25) A Reforma teve, portanto, como objetivos gerais: • o aumento da governança do Estado; • à limitação da ação do Estado àquelas funções consideradas básicas ou essenciais ao Estado, realizada pela separação dos serviços que são públicos não- estatais e os serviços que são para o mercado, isto é, a serem oferecidos pela iniciativa privada; • a transferência pela União para estados e municípios das ações consideradas de cunho local; e, por fim, • a transferência parcial das ações de caráter regional para os Estados, visando a ampliação da parceria entre a União e os estados. Apropostavisavaàredefiniçãodasformasdepropriedade e das formas de administração. Na tipologia proposta por Bresser Pereira e Grau (1999), a forma de propriedade dominante deveria ser a pública não-estatal. O público não se confunde com o estatal. O reconhecimento de um espaço público não-estatal tornou-se particularmente importante em
  • 16. 16 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA um momento em que a crise do Estado aprofundou a dicotomia Estado versus Setor Privado, levando muitos a imaginar que a única alternativa à propriedade estatal seria a privada. O fato de ser pública não-estatal, por sua vez, implicava na necessidade da atividade ser controlada de forma mista pelo mercado e pelo Estado. A tipologia de Luiz Carlos Bresser Pereira, autor do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), ex-Ministro da Fazenda (1987-88) e da Administração e Reforma do Estado (1995-98), distingue as formas de propriedade e as formas de administração, conforme a figura a seguir Figura 2  -  Formas de Propriedade e formas de administração proposto no PDRAE Forma de Propriedade Forma de administração Estatal Pública NãoEstatal Privada Burocrática Gerencial NÚCLEOESTRATÉGICO Legislativo,Judiciário, Presidência,Cúpulados Ministérios,Ministério Público ATIVIDADESEXCLUSIVAS Regulamentação Fiscalização,Fomento, SegurançaPública, SeguridadeSocialBásica SERVIÇOSNÃO-EXCLUSIVOS Universidades,Hospitais, CentrosdePesquisa,Museus PRODUÇÃOPARA OMERCADO EmpresasEstatais FONTE: BRASIL(1995, p.48) Publicização Privatização
  • 17. 17MÓDULO 9 governança e cultura parte II 9 MÓDULO O que esse processo de reforma significou para a cultura? De acordo com Rubim (2010), durante o governo de FernandoHenriqueCardoso,aatuaçãodoMinistériodaCultura, que tinha à frente Francisco Weffort, esteve prioritariamente focada na ampliação das leis de incentivo. Para o autor, esta priorização transferiu para as empresas a decisão sobre a cultura no país, em consonância com o ideal de fortalecimento do papel do mercado e a rediscussão do papel do Estado, como salientado até aqui.
  • 19. 19MÓDULO 9 governança e cultura MÓDULO 9 PARTE III A governança da cultura é formalizada como uma preocupação pela Unesco na Convenção sobre a Diversidade Cultural de 2005, a qual reafirma os direitos soberanos dos Estados de adotarem e implementarem políticas em defesa da diversidade e, simultaneamente, também salienta que sua posição NÃO é: de defender um monopólio estatal, mas, ao contrário, colocar em prática a governança cultural, isto é, a interação entre participantes individuais e institucionais no compartilhamento de responsabilidades e em nome da diversidade das expressões culturais (UNESCO, 2007, P. 24) [grifo nosso] Conforme exposto na Convenção, seus esforços direcionam-se para: criarcondiçõesparaqueasculturaspossamflorescereinteragirlivremente,demodomutuamentebenéfico; reconheceranaturezaespecíficadasatividades,benseserviçosculturaiscomoveículosdeidentidade,valo- resesignificados; identificarnovosarranjosparaacooperaçãointernacional—cernedaConvenção; reafirmarosdireitossoberanosdosEstadosmanterem,adotaremeimplementaremaspolíticasemedidas quejulguemadequadasparaaproteçãoeapromoçãodadiversidadedasexpressõesculturaisnosseusterri- tórios,enquantoasseguramolivrefluxodepensamentoseobras. FONTE: (UNESCO, 2007, P. 23) GOVERNANÇA E CULTURA
  • 20. 20 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA NaConvenção,portanto,éestabelecidoqueadiversidade é essencial à humanidade assim como é propulsora de um desenvolvimento sustentável e como elemento estratégico das políticas de desenvolvimento nacionais e internacionais, bem como da cooperação internacional para o desenvolvimento, e tendo igualmente em conta a Declaração do Milênio das Nações Unidas (2000), com sua ênfase na erradicação da pobreza. (UNESCO, 2007, P.2) É salientado também que devem ser encorajadas ações que fomentem a criatividade e a interação entre culturas, promovendo a cooperação internacional e facilitando a mobilidade dos artistas, bem como o fluxo de bens e serviços culturais. Outro aspecto importante a ser destacado da Convenção é que: as atividades, bens e serviços culturais possuem dupla natureza, tanto econômica quanto cultural, uma vez que são portadores de identidades, valores e significados, não devendo, portanto, ser tratados como se tivessem valor meramente comercial”. (UNESCO, 2007, p. 2) [grifo nosso] Dentre os princípios da Convenção, a cooperação que deve ser estabelecida é pautada no desenvolvimento e no fortalecimento dos meios necessários à expressão cultural, principalmente, dos países em desenvolvimento. As expressões culturais incluem também as indústrias culturais locais, nacionais ou internacionais. Dentre os aspectos voltados à promoção da cooperação internacional, a Convenção salienta a formação de parcerias entre setor privado, sociedade civil e organizações não-governamentais. Reconhece, portanto, o papel fundamental da sociedade civil, criando mecanismos efetivos para a sua participação. A participação da sociedade civil é objeto central do artigo 11 da Convenção, que denota a criação de esforços efetivos para que isto aconteça.
  • 21. 21MÓDULO 9 governança e cultura parte III 9 MÓDULO A criação de mecanismos efetivos de participação da sociedade civil e de criação de parcerias com outros atores — independentemente de serem eles do setor privado ou do público — remete à criação de mecanismos de governança que propiciem a efetividade destas participações. O trabalho de Powell caracterizando cada uma das formas de governança é importante na medida em que encontramos na literatura sentidos diferentes do que caracteriza, por exemplo, uma rede.Tomando as características de complementariedade de forças, benefício mútuo e Ao contrário do que alguns autores afirmam, governança não é sinônimo de relações democráticas, tornando fundamental a reflexão sobre quais mecanismos de governança se deve escolher. O quadro a seguir apresenta alguns mecanismos de governança e o que caracteriza cada um. QUADRO 4  -  Formas de Governança características chave mercado hierarquia redes Basesnormativas Direitosdepropriedade Relaçãodeemprego Complementação deforças Meiosdecomunicação Preço Rotinas Relacional Métodosderesolução deconflitos Recorrerascortes Autoridade administrativa- supervisão Normasde reciprocidade- reputação Graudeflexibilidade Alto Baixo Médio Montantede comunicaçãoentreas partes Baixo Médioparaalto Médioparaalto Tomouclima Suspeita Formal-burocrático Aberto-benefício mútuo Performancedosatores ouescolhas Independente Dependente Interdependente FONTE: POWELL(1990, P. 300)
  • 22. 22 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA reciprocidade como características-centrais numa rede, evitamosoabusodoconceitoquepode,naprática,serutilizada de forma manipulativa, integrando atores que, no entanto, são usados para manipular e legitimar um processo. Como Lopes e Baldi (2009, p. 1029) salientam: As redes, assim como outras formas estruturais, resultam de pressões ambientais e da ação humana, elas podem ser formas de transformação da realidade organizacional e social — deslocando o poder do centro para a periferia e recolocando a dimensão política como dimensão central — e também formas de reproduzir a ordem estabelecida, dando ares de modernidade, de flexibilidade, de eficiência, de justificação técnica para interesses de grupos nas disputas de poder. O conceito de governança interativa de Kooiman (2002 apud Frey, p. 123) pressupõe que “os gestores públicos deveriamnãoapenassepreocuparcomasoluçãodeproblemas específicos,mastambémcomodesafiodegovernarinterações”. O fomento da participação torna-se uma tarefa fundamental do governo. Neste sentido, a escolha do mecanismo ou forma de governança implica na criação de condições que favoreçam as interações entre os diversos atores sociais, considerando que isto é imprescindível para a diversidade. Conforme Frey (2004), a criação de condições favoráveis à participação, para Kooiman, implica na preocupação do governo não só com a estrutura de participação (Nível estrutural) como também com os princípios normativos norteadores das dimensões no nível intencional. No nível intencional, temos três condições: a condição de imagem da governança; a condição de ação e a condição instrumental. Os padrões normativos para alcançar o apoio da população local ou as condições de imagem da governança estão relacionadas às “imagens mentais, concretizadas nos objetivos gerais da gestão, [as quais] proporcionam o norte geral para a governança” (FREY, 2004, p. 123). São os padrões normativos que sustentam a governança através da aceitação construída para o apoio da população local. A condição da ação é proporcionada pelo envolvimento de todos os que tenham interesse concreto visando ao alcance do apoio para as medidas, e, por fim, a condição instrumental relaciona-se com aos arranjos institucionais criados e os canais
  • 23. 23MÓDULO 9 governança e cultura parte III 9 MÓDULO de participação utilizados, reconhecendo a importância de novas estruturas interativas para “transformar os atores da sociedade em aliados na busca de melhores resultados, tanto referentes ao desempenho administrativo quanto em relação ao aumento da legitimidade democrática”(FREY, 2004, p. 123). Por outro lado, Frey (2004) chama a atenção que os arranjos de governança não estão baseados na universalidade participativa. Assim, para participar do arranjo, o ator deve possuir qualidades ou recursos que justifiquem sua atuação, mas não é somente isto que lhe permite participar, pois podem existir mais interessados qualificados do que se pode incluir nos arranjos. Deste modo, alguns grupos serão privilegiados em consonância com o problema a ser resolvido. Em referência à concepção de Frey sobre o que é um processo interativo, Ronconi (2010, p. 29) destaca que: Atores da sociedade civil quando vistos apenas como aliados para a busca de eficiência de desempenho administrativo e para o aumento da legitimidade democrática, podem ter seu papel de influência, na lógica da decisão estatal, diluído. Deste modo, chama a atenção que se, por um lado, interação significa diálogo, comunicação, troca, reciprocidade, por outro lado, pode sugerir que esses aspectos ocorrem num processo esvaziado de conflitos e disputas. Em contraposição, Ronconi (2010) considera que o processo de governança pública é um campo de disputas constituído por diferentes atores, interesses e organizações nas diversas instâncias de deliberação do estado. Fazendo uma reflexão no campo da cultura, poderíamos pensar na própria concepção do que é cultura. É, portanto, um processo de disputa no qual alguns atores disputam que cultura é arte, enquanto outros querem defini-la num sentido antropológico, pois isto acarreta uma outra forma de ação do Estado, e novos grupos passam a ter acesso a recursos e à participação nas esferas de deliberação. Partindodestepressuposto,MoreiraeFaria(2005)afirmam que, em muitos governos locais que prezam a governança no campo cultural, observamos o pressuposto de que “a cultura é igual à arte”. Assim, questões inerentes à concepção da cultura
  • 24. 24 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA no sentido antropológico são excluídas, ficando fora das políticas e da governança do território. Paraosautores,aescolhadosmecanismosdegovernança deve ser permeada pela concepção de cultura no sentido antropológico, caso contrário não haverá transversalidade. A importância da mudança de concepção do que é cultura é ressaltada pelo então Presidente Lula no Programa Cultural para o Desenvolvimento do Brasil: É outra — e é nova — a visão que o Estado brasileiro tem, hoje, da cultura. Para nós, a cultura está investida de um papel estratégico, no sentido da construção de um país socialmente mais justo e de nossa afirmação soberana no mundo. Porque não a vemos como algo meramente decorativo, ornamental. Mas como base da construção e da preservação de nossa identidade, como espaço para a conquista plena da cidadania, e como instrumento para a superação da exclusão social — tanto pelo fortalecimento da autoestima de nosso povo, quanto pela sua capacidade de gerar empregos e de atrair divisas para o país. Ou seja, encaramos a cultura em todas as suas dimensões, da simbólica à econômica (BRASIL, 2006, P.3) No documento é ressaltada a necessidade de se dar vida nova ao Ministério da Cultura, recuperando a importância do Estado como ator central na estruturação de um projeto de país fundamentado na cultura. Imprescindível para viabilizar esta política cultural é a criação de novos arranjos institucionais e novos aparatos regulatórios. A construção da política cultural deve emergir de processos participativos, com a qualificação dos agentes culturais para viabilizar a autorregulação do sistema (BRASIL, 2006) A função do Estado na gestão pública da cultura é alterada a partir do governo Lula, em cujo segundo mandato é ratificada conforme expresso no documento do Sistema Nacional de Cultura (BRASIL, 2010). É estabelecido que ao Estado, com a participação da sociedade, conjuntamente, cabe o planejamento, o fomento, a preservação e a valorização do patrimônio material e imaterial da nação considerando, o interesse público e a diversidade Cultural.
  • 25. 25MÓDULO 9 governança e cultura parte III 9 MÓDULO Portanto,oSistemaNacionaldeCulturabuscacontemplar as diversas instâncias setoriais no Conselho Nacional de Política Cultural, construindo uma rede de representação. Conforme discurso do Ministro da Cultura, Gilberto Gil durante o processo de implantação do CNPC em 2007: A instalação do Conselho expressa, a partir de hoje, a concretização de um entendimento, assumido pelo Ministério da Cultura, de que é impossível formular, executar, acompanhar e avaliar políticas públicas sem que os diferentes agentes, setores e regiões estejam reunidos para apresentar e representar seus pontos de vista (BRASIL, 2007) A figura a seguir apresenta a rede de representação onde as diferentes instâncias setoriais tem assento. Fonte: BRASIL (2010, P. 45) Figura 3  -  Rede de representação, na qualtodas as instâncias setoriaistenham assento nos CPC Sistema Nacional de Cultura Sistema Estadual de Cultura Sistema Municipal de Cultura CNC CNPC Instância Colegiada do Sistema Setorial Nacional Instância Colegiada do Sistema Setorial Estadual Instância Colegiada do Sistema Setorial Municipal
  • 26. 26 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA Sistema Nacional de cultura Para que se tenha efetivamente uma transversalidade da cultura, é necessário haver diferentes instâncias, ou seja, instâncias de articulação, instâncias de pactuação e instâncias de deliberação. No caso do SNC, estas são representadas na figura a seguir. No entanto, há existência das diferentes instâncias não proporciona por si só, a transversalidade da cultura e a governança democrática. Para tanto um princípio fundamental foi a mudança na composição e formação dos conselhos. O primeiro foi alcançado pela mudança na concepção de que os mesmos devem ser compostos por notáveis, mas é necessário também a co-participação ou a co-gestão. FONTE: BRASIL (2010, P.47) FIGURA 4 - SNC E AS DIVERSAS INSTâNCIAS DE ARTICULAÇÃO, PACTUAÇÃO E DELIBERAÇÃO CNC Diretrizes do PNC CNPC CIT Pactuação de Critérios: Partilha e Transparência Colegiados Setoriais do CNPC PROFIC CFNC / CNIC Sistemas Municipais de Cultura CMPC Colegiados / Fóruns Setoriais Sistemas Estaduais de Cultura CEPC Colegiados / Fóruns Setoriais Instâncias Colegiadas dos Sistemas Setoriais CIB Elaboração do PNC Minc
  • 27. 27MÓDULO 9 governança e cultura MÓDULO 9 PARTE IV Para que ocorra a governança democrática da cultura, é vital que esses espaços de participação existam como possibilidade efetiva de tradução das vontades da sociedade civil, contrapondo ao autoritarismo a descentralização e o controle social (HOLANDA; BARBALHO, 2010). Moreira e Faria (2005) destacam vários aspectos da governança democrática da cultura; dentre eles salientamos: Não existe inclusão social se não houver inclusão cultural; O reconhecimento da diversidade e dos direitos culturais no território deve embasar a governança local; Os processos participativos são fundamentais para constituir uma nova cultura política democrática de governança; A cidadania cultural e o desenvolvimento humano são os novos paradigmas que norteiam a governança democrática; A governança democrática e a centralidade da cultura são vitais para inibir as forças de mercado e a transformação da cultura em mera mercadoria; A governança democrática da cultura é central para o governo municipal e para todas as instâncias da gestão do território. A GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA DA CULTURA: PROBLEMAS E FORMAS DE SUPERAÇÃO 1 2 3 4 5 6
  • 28. 28 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA A importância da composição e da formação desses espaços reside no fato de que existe o risco dos conselhos “se tornarem espaços cooptados pelo poder público, espaços que simplesmente reproduzem a vontade do Executivo e cumprem o papel de apaziguadores das pressões provenientes da sociedade civil”(HOLANDA; BARBALHO, 2010, p.2). Ou seja, mesmo que os conselhos tenham superado um obstáculo de serem meros conselhos consultivos para esferas de deliberação, os riscos com este mecanismo de governança se perpetuam. Para superar estes desafios, Moreira e Faria (2005) apontam alguns aspectos: AMPLIAÇÃO DE SUAS REPRESENTAÇÕES CRIAÇÃO DE MECANISMOS ESTÍMULO À AUTO-ORGANIZAÇÃO CULTURAL DA SOCIEDADE A capilaridade dos conselhos relaciona-se com a ampliação das representações no que concerne a diferentes aspectos, tanto no que se refere aos diferentes movimentos sociais, quanto no que se refere às diferentes linguagens. Outro ponto fundamental é a descentralização das conferências de cultura nas diversas regiões do município, definindo os diferentes eixos da política pública. Todos estes aspectos estimulam a auto-organização cultural da sociedade, alterando o próprio papel do conselheiro. Com relação ao PAPEL DO CONSELHEIRO, Moreira e Faria (2005) salientam quatro aspectos fundamentais. Segundo eles, o conselheiro deve: • reforçar a autonomia dos movimentos sociais; • resguardar a transparência e moralidade no uso e na gestão do dinheiro público, através do acompanhamento e da implantação dos projetos definidos; • participar da definição de propostas e ações culturais no município; e,
  • 29. 29MÓDULO 9 governança e cultura parte IV 9 MÓDULO • ser um agente multiplicador da governança democrática, o que requer também a capacidade técnica para entender os mecanismos burocráticos da gestão pública. Já no que concerne aos PROBLEMAS DOS CONSELHOS, os autores destacam que: • Osconselhos,daformacomoaindaestãoestruturados, possuem características corporativistas. Ou seja, os conselheiros estão mais voltados para realização de eventos e atividades de seu interesse, buscando a construção de apoios e relações políticas. Estão, portanto, “relacionadosaáreassemrepresentá-las,semvínculos com as dinâmicas da sociedade civil, restritos aos grupos que representam”(MOREIRA; FARIA, 2005, p.15) • O tempo burocrático, característico do Estado, contrasta com o tempo cultural, que é criativo, ágil e dinâmico. A morosidade das ações e decisões da gestão pública (até como uma forma de garantir transparência e publicização) entra em conflito com as necessidades e dinâmicas dos atores, que possuem uma vivência de experiências inovadoras e não tradicionais; • A máquina pública despreparada tanto para ser provedora como para possibilitar uma ação compartilhada com outros atores, pode levar com que os conselhos sejam extensão do imobilismo da máquina pública, melhor preparada para o clientelismo do que para políticas públicas democráticas; e, • A capilarização da política pública e sua ação integrada dependem da descentralização da sua ação no território. Ainda no que concerne aos PROBLEMAS DOS CONSELHOS e como os conselheiros podem vivenciá-los, Teixeira (2005) destaca cinco pontos: 1. BAIXA EFICÁCIA, o que pode ser vivido pelos conselheiros como uma experiência muito frustrante; 2. BAIXA EFETIVIDADE, que está ligada aos problemas inerentes ao equilíbrio na composição do conselho, à
  • 30. 30 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA representatividade de seus componentes e ao seu poder deliberativo; 3. ALTA PROLIFERAÇÃO DOS CONSELHOS em contraposição ao baixo nível de articulação entre eles; 4. BAIXO NÍVEL DE ARTICULAÇÃO entre os níveis federais, estaduais e municipais 5. BAIXO NÍVEL DE ARTICULAÇÃO entre regiões do município, principalmente, em grandes cidades Fruto desses problemas, Barbalho (2012) afirma que em função do que é estabelecido no Sistema Nacional de Cultura, os conselhos existem, mas permanecem como estruturas corporativistas e mesmo tendo funções deliberativas, agem mais atendendo aos seus interesses pessoais e de suas relações próximas. Este fato advém da falta de ligação dos conselheiros com as categorias representadas. A partilha efetiva do poder, é prejudicada pela presença, às vezes em maioria, dos representantes do poder público executivo, inviabilizando a governança democrática. Tatagiba (2002 apud Holanda e Barbalho, 2010) compilou e analisou pesquisas que trataram de experiências dos conselhos gestores. A pesquisadora expõe sua análise em três eixos. Os conselhos como: (1) espaços de representação paritária e plural; (2) espaços públicos dialógicos e (3) espaços deliberativos. (1) ESPAÇOS DE REPRESENTAÇÃO PARITÁRIA E PLURAL A paridade numérica não tem garantido simetria no processo decisório. Muitos representantes têm dificuldade de respeitar e reconhecer a alteridade dentro do próprio conselho, questionando a representação dos demais. Ainda relacionado a esse aspecto, a autora aponta: • Existem conselheiros que não se identificam com o tema ou que utilizam o espaço para manter/ganhar benefícios;
  • 31. 31MÓDULO 9 governança e cultura parte IV 9 MÓDULO • Muitosconselheirosmantêmumarelaçãobastante incipiente com suas entidades; assim, defendem seus posicionamentos pessoais, e não os da entidade. Este fato ocorre tanto com os representantes governamentais como com os não-governamentais; • Problemas quanto à qualificação dos conselheiros ocorrem em termos tanto de desqualificação quanto de superespecialização. No caso desta última, isto acaba por se refletir numa dificuldade de comunicação e, no caso do outro extremo, temos conselheiros desinformados, sem recursos e, portanto, não-qualificados para participar. (2) ESPAÇOS PÚBLICOS DIALÓGICOS “dificuldade de explicitação dos interesses, do reconhecimento da existência e legitimidade do conflito e da troca de ideias como procedimentos para a tomada de decisão.” (TATAGIBA, 2002, p. 73-74 apud Holanda e Barbalho, 2010). • Quais assuntos são prioritários? Quais devem ser preteridos? Há inexistência de consenso no que se refere à pauta de discussão. • Por outro lado, observa-se, geralmente, a construção dapautapelopoderdoexecutivo,oqualdirigeoprocesso. • Assim, temos, por parte dos representantes governamentais, uma dificuldade de partilhar o poder de decisão. Conseqüentemente, ocorrem tentativas de manobrar o conselho. (3) ESPAÇOS DELIBERATIVOS. • O que significa um espaço deliberativo? • Como a deliberação é posta em prática? Como efetivamente gerir os fundos municipais? Teixeira (2005) chama atenção também para o problema da condição desigual dos conselheiros. A falta de remuneração e de uma infraestrutura logística adequada dos representantes civis contrasta com a situação privilegiada dos representantes do Estado, que possuem ambas a seu favor.
  • 33. 33MÓDULO 9 governança e cultura MÓDULO 9 PARTE V Tatagiba (2002, apud Holanda e Barbalho, 2010) sistematiza algumas estratégias para lidar com os problemas dos conselhos; dentre elas, destacamos: ›› manutenção correta do livro de atas e a distribuição de cópias das atas entre os conselheiros; ›› formação de comissões que visem tornar a agenda e a pauta mais democráticas; ›› elaboração de novos canais de comunicação com a sociedade e a articulação do conselho com outros espaços de participação; ›› criação de mecanismos para articular as entidades, por exemplo, capacitando não só os conselheiros, mas também os outros membros das entidades. Com o mesmo intuito, Barbalho (2012) também sistematiza alguns aspectos importantes para superação dos problemas dos Conselhos, dentre eles: • Ampliação da representação acompanhada da garantia do mandato dos conselheiros. Indicando que este deva ser organizado de modo que eles atuem em duas gestões seguintes, permite uma certa continuidade nas políticas e reforça a independência do Conselho frente ao novo gestor; • Desafioaosconselhosdeculturaparaqueconquistem sua efetividade, ou seja, que sejam um espaço não apenas de consulta, mas também de deliberação no que diz respeito à elaboração das políticas e de suas ações e de seu orçamento; Algumas estratégias para lidar com os problemas dos Conselhos
  • 34. 34 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA • Garantia por lei de sua independência financeira, fundamental para que não fique à mercê da boa vontade do gestor em exercício, mesmo sendo financiado pelo poder executivo. Refletindosobreaquestão“Vocêquerumbomconselho?”, Teixeira (2005) aponta os seguintes elementos: • Criação e valorização de arenas, espaços apenas da sociedade civil, como fóruns, que sejam espaços de preparação para o embate do conselho; • Articulação entre os conselhos, através da criação de infraestruturas coletivas dos conselhos, para que todos possam usufruir o mesmo espaço, criar redes de articulação e programas de capacitação compartilhados; • Produção de dados e subsídios para as decisões dos conselhos; • Construir estratégias de articulação entre os governos municipal, estadual e federal; • Articulação entre os espaços participativos; • Recursos públicos para os conselhos. Já foi salientado anteriormente que novos desafios são gerados pela criação de mecanismos de governança que propiciem a participação da sociedade civil, mas, como salienta Tatagiba (2010), a capilaridade social é vital para superar o isolamento do Conselho, buscando formas de se conectar com a sociedade. No entanto, este processo também tem sido alvo de críticas e, conforme Cortês (2010, p. 52 ): Uma crítica muito frequente a esse processo é a de que ele não apenas teria limitado o potencial de democratização da gestão pública que fóruns mais autônomos frente aos governos poderiam propiciar, como provocaria o disciplinamento das formas de organização e de manifestação espontâneas de atores sociais — provenientes da sociedade civil — que passariam a se organizar em torno dos conselhos e a canalizar suas
  • 35. 35MÓDULO 9 governança e cultura parte V 9 MÓDULO demandas e propostas principalmente para eles. Essa é a visão não apenas de analistas de processos participativos, mas também de lideranças de entidades sociais que por vezes hesitam em integrar os fóruns temendo legitimar, com sua presença, espaços políticos que consideram não- democráticos. (grifo nosso) A autora, contudo, defende que esse processo dicotômico “institucionalização versus democratização” não é verdadeiro e que, embora a participação tenha sido parcialmente disciplinada, tais espaços contribuem para a democratização da gestão pública brasileira. Por sua vez, no que concerne a esta disciplina, podemos considerar que a democratização da gestão pública perpassa a escolha dos mecanismos de governança, embora obviamente não se resuma a ela.
  • 36. 36 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, V. de C. A conceituação de governabilidade e governança, da sua relação entre si e com o conjunto da reforma do Estado e do seu aparelho. Brasília: ENAP, 2002. 27 p. (Texto para discussão, 45). BANCO MUNDIAL. Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento. Relatório sobre o desenvolvimento mundial 1994 — infraestrutura para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV Editora, ____. BARBALHO, A. Política cultural e orçamento participativo: ou as possibilidades da democracia cultural na cidade contemporânea. Políticas Culturais em Revista, 1 (5), p. 156- 169, 2012 . Disponível em: http://www.portalseer.ufba.br/ index.php/pculturais/article/view/6496/4543 Acesso em 05 Mar 2013. ________. Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado. Plano diretor da reforma do aparelho do Estado. Brasília, 1995. Disponível em: http://www.bresserpereira.org. br/documents/mare/planodiretor/planodiretor.pdf Acesso em: 19 Jun. 2013. ________. Ministério da Cultura. Programa para o desenvolvimento cultural do Brasil. Brasília, 2006. Disponível em: http://www2.cultura.gov.br/upload/programa%20 cultural%20para%20desenvolvimento%20do%20 brasil_1174326644.pdf Acesso em: 19 Jun. 2013. ________. Ministério da Cultura. Discurso de Gilberto Gil na implantação do CNPC. Brasília, 2007. Disponível em: http:// www2.cultura.gov.br/site/2007/12/19/cultura-e-democracia/ Acesso em: 19 Jun. 2013.
  • 37. 37MÓDULO 9 governança e cultura ________. Ministério da Cultura. Estruturação. Institucionalização e Implementação do Sistema Nacional de Cultura. Brasília, 2010. Disponível em: http://blogs.cultura. gov.br/snc/files/2009/07/DOCUMENTO_B%C3%81SICO_ SNC_16DEZ2010.pdf . Acesso em: 19 Jun. 2013. BRESSERPEREIRA,L.C.Estado,aparelhodoEstadoesociedade civil. Brasília: ENAP, 1995. 28 p. (Texto para discussão, 4). BRESSER PEREIRA, L. C; GRAU, N.C. Entre o Estado e o Mercado: O Público Não-Estatal. In: Bresser-Pereira, L.C. ; GRAU, N.C. (orgs.). O Público Não-Estatal na Reforma do Estado. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999. p. 15-48 CROZIER, M.; HUNTINGTON, S.P.; WATANUKI, J. The crisis of democracy — report on the governability of democracies to the trilateral commission. New York: New York University Press, 1975. 221 p. CORTÊS, S. Conselhos de Políticas Públicas: o falso dilema entre institucionalização e democratização da gestão pública. In: RUBIM, A.; FERNANDES, T.; RUBIM, I. Políticas culturais, democracia e conselhos de cultura. Salvador: Edufba, 2010. DINIZ, Eli. Reforma do Estado e governança democrática: em direção à democracia sustentada? Paper apresentado no Seminário Democracia, gobernanza y bienestar en las sociedades globales. Barcelona: 2003. Disponível em: http://www.ie.ufrj. br/aparte/pdfs/elidiniz_reforma_do_estado.pdf Acesso em: 13 jan. 2014. FARIA, H.; MOREIRA, A. J. Cultura e governança: um olhar transversal de futuro para o município. In: FARIA, H.; MOREIRA, A.; VERSOLATO, P. (Orgs.). Você quer um bom conselho? Conselhos municipais de cultura e cidadania cultural. São Paulo: Instituto Pólis, 2005. 128p. (Publicações Pólis, 48) FREY, K. Governança interativa: uma concepção para compreender a gestão pública participativa? Política & Sociedade. Florianópolis, v. 5, p. 119-138, 2004.
  • 38. 38 UFRGS | ESCOLADEADMINISTRAÇÃO | CURSO DE EXTENSÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CULTURA HOLANDA,A.;BARBALHO,A.AGovernançada/naCultura:Um Retrato dos Conselhos de Cultura no Ceará Contemporâneo. VI ENECULT. Facom - UFBa. 2010. LOPES, P.D.; BALDI, M. Redes como perspectiva de análise e como estrutura de governança: uma análise das diferentes contribuições. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 43, n. 5, p. 1007-1035, set./out. 2009. MILANI, C.; SOLINIS, G. Pensar a democracia na governança mundial: algumas pistas para o futuro. In: MILANI, C.; ARTURI, C.; SOLINIS, G. Democracia e Governança Mundial: que regulações para o século XXI? Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2002. Disponível em: http://www.unesco.org/most/demgov_ port.htm#conclusion Acesso em: 05 Mai 2013. POWELL, Walter W. Neither market nor hierarchy: network forms of organization. In: STAW, B. M.; CUMMINGS, L. L. (Eds.). Research in organizational behavior: Greenwich, CT: JAI Press, 1990. p. 295-336. TATAGIBA, L. Os Conselhos e a construção da Democracia no Brasil: um rápido balanço de duas décadas de participação conselhista. In: Rubim, A.; Fernandes, T.; RUBIM, I. Políticas culturais, democracia e conselhos de cultura. Salvador : Edufba, 2010. TEIXEIRA, A. C. Formação dos conselhos no Brasil. In: FARIA, H., (Org.); MOREIRA, A.; (Org.); VERSOLATO, P., (Org.). Você quer um bom conselho? Conselhos municipais de cultura e cidadania cultural. São Paulo: Instituto Pólis, 2005. 128 p. (Publicações Pólis, 48) RHODES, R. A. W. The New Governance: Governing without Government. Political Studies, XLIV, p. 652-667, 1996. Disponível em http://graduateinstitute.ch/files/live/sites/iheid/ files/sites/developpement/shared/developpement/mdev/ soutienauxcours0809/E721_gouvernance/2.2.Rhodes_1996. pdf Acesso em: 10 Abr 2013.
  • 39. 39MÓDULO 9 governança e cultura RONCONI , L. P. de A. Governança pública: um desafio à democracia. Anais do III Seminário Nacional e I Seminário Internacional Movimentos Sociais Participação e Democracia. 11 a 13 de agosto de 2010, UFSC, Florianópolis, Brasil. RUBIM, A.A.C. Políticas culturais nos Governos FHC e Lula. Publicado em 18/10/2010. Disponível em: http://www.contee. org.br/noticias/artigos/art555.asp Acesso em: 10 Abr 2013. UNESCO. Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura. Convenção sobre a proteção e promoção da diversidade das expressões culturais BR/2007/PI/H/1. Brasília, 2007. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/ images/0015/001502/150224POR.pdf. Acesso em: 10Dez. 2013. WILLIAMSON, O. Markets and hierarchies. New York: Free Press, 1975.