Este documento apresenta a primeira parte do hino bizantino Akathistos, que celebra Maria e sua participação na história da salvação. A primeira seção descreve a Anunciação, quando o anjo Gabriel saúda Maria como "cheia de graça". A segunda seção cita o Papa João Paulo II descrevendo como os mistérios gozosos do Rosário centram-se na alegria da Encarnação. A terceira seção oferece uma meditação sobre como Maria, ao receber a graça de Deus, é um modelo para nós em prolongar louvores
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Juventude Mariana Vicentina do Sobreiro - Sector Mariano
Caminhada Mariana
Maria, co-protagonista da história da Salvação
e co-portadora da Redenção
Nota Introdutória
Em Outubro de 2002 o Bem-Aventurado João Paulo II escrevia a Carta Apostólica Rosarium Virginis
Mariae. Nesse texto, que nos acompanhará nesta jornada, diz o Bem-Aventurado Pontífice, citando a
Exortação Apostólica Marialis cultus de Paulo VI: "a repetição litânica do “Avé Maria”– torna-se tam-
bém ele louvor incessante a Cristo, objectivo último do anúncio do Anjo e da saudação da mãe do
Baptista: “Bendito o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42). Diremos mais ainda: a repetição da Avé Maria
constitui a urdidura sobre a qual se desenrola a contemplação dos mistérios; aquele Jesus que cada
Avé Maria relembra é o mesmo que a sucessão dos mistérios propõe, uma e outra vez, como Filho de
Deus e da Virgem Santíssima." (RVM 18). Animados, então, neste encontro com Jesus por Maria é-no
proposta uma meditação, tomando como fonte base o antiquíssimo hino do Akathistos (Ἀκαθίστος),
muito caro aos nossos irmãos orientais e que nos narra, de forma tão bela e poética, uma visão
Mariológica da história da Salvação. Nele vemos Maria, arrebatada por todos os acontecimentos ful-
crais da história (desde a Anunciação até à Parúsia), louvada pela sua grandeza paradoxalmente sim-
ples e tida como medianeira da Graça e de todas as graças de Deus. Neste hino não há uma diviniza-
ção de Maria, sendo, isso sim, louvores mais do que devidos àquela que trouxe à realidade humana o
nosso Redentor.
1. Esquema da Caminhada
Findo, então, este preâmbulo, olhemos um pouco para o esquema que vai ser seguido: mensalmente
(desde Maio de 2013 a Maio de 2014, sempre no encontro mais próximo do dia 13 de cada mês) ire-
mos rezar uma das doze partes do hino bizântino e relacioná-lo com a acima referida carta do Pontí-
fice Máximo João Paulo II, de modo a, ao recolher da tradição bizântina este hino, o meditarmos
conforme o ensinamento da Igreja Romana.
Assim, a Caminhada obedecerá ao seguinte esquema:
1. Cântico Inicial: Mãe de Deus (previsto no próprio Hino);
2. Parte do hino (Constituída por Antífona, Litânia, Narração,Aleluia);
3. Excerto da Rosarium Virginis Mariae;
4. Meditação;
5. Oração Final.
6. 6
DA CARTA APOSTÓLICA ROSARIUM VIRGINIS MARIAE DO BEATO JOÃO PAULO II, PAPA
RVM 20
O primeiro ciclo, o dos “mistérios gozosos”, caracteriza-se de facto pela alegria que irradia do aconteci-
mento da Encarnação. Isto é evidente desde a Anunciação, quando a saudação de Gabriel à Virgem de
Nazaré se liga ao convite da alegria messiânica: « Alegra-te, Maria ». Para este anúncio se encaminha a
história da salvação, e até, de certo modo, a história do mundo. De facto, se o desígnio do Pai é recapi-
tular em Cristo todas as coisas (cf. Ef 1, 10), então todo o universo de algum modo é alcançado pelo
favor divino, com o qual o Pai Se inclina sobre Maria para torná-La Mãe do seu Filho. Por sua vez, toda
a humanidade está como que incluída no fiat com que Ela corresponde prontamente à vontade de
Deus.
Sob o signo da exultação, aparece depois a cena do encontro com Isabel, onde a mesma voz de Maria e
a presença de Cristo no seu ventre fazem « saltar de alegria » João (cf. Lc 1, 44). Inundada de alegria é a
cena de Belém, onde o nascimento do Deus-Menino, o Salvador do mundo, é cantado pelos anjos e
anunciado aos pastores precisamente como « uma grande alegria » (Lc 2, 10).
Os dois últimos mistérios, porém, mesmo conservando o sabor da alegria antecipam já os sinais do
drama. A apresentação no templo, de facto, enquanto exprime a alegria da consagração e extasia o
velho Simeão, regista também a profecia do « sinal de contradição » que o Menino será para Israel e
da espada que trespassará a alma da Mãe (cf. Lc 2, 34-35). Gozoso e ao mesmo tempo dramático é tam-
bém o episódio de Jesus, aos doze anos, no templo. Vemo-Lo aqui na sua divina sabedoria, enquanto
escuta e interroga, e substancialmente no papel d'Aquele que “ensina”. A revelação do seu mistério de
Filho totalmente dedicado às coisas do Pai é anúncio daquela radicalidade evangélica que põe inclusi-
ve em crise os laços mais caros do homem, diante das exigências absolutas do Reino. Até José e Maria,
aflitos e angustiados, « não entenderam » as suas palavras (Lc 2, 50).
MEDITAÇÃO
Eis o ponto de partida: a Anunciação. Este belíssimo momento em que a Virgem, que segunda uma
antiga tradição bordava o véu do Templo, já como uma antecipação da sua vocação de Trono da Graça
e Primeiro Sacrário, é surpreendida pelo Mensageiro Celeste, Gabriel.
Este saúda-a com uma expressão invulgar: "Avé, ó cheia de Graça. O Senhor está contigo." Este "Avé",
que, na cultura romana, era uma saudação ao imperador, denota claramente a proximidade da Virgem
com o Divino, a predilecção de Deus para com aquela Mulher que O leva a confiar-lhe o nascimento
do Seu Filho.
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O Anjo continua: "cheia de Graça". No texto original Grego podemos ler kekaritomenê (κεχαριτωµένη ),
isto é, cheia de Amor. Cheia do Amor de Deus, plena de bênçãos e de graças, qual Mulher predilecta
que Deus preservou de toda a mancha.
Para nós, humildes espectadores deste quadro, fica o desafio de prolongar, ao longo de toda a nossa
vida, os louvores cantados pelo Anjo à Virgem Maria, com o mesmo amor, o mesmo encanto, a mesma
devoção. Que dos nossos lábios brote, a cada "Avé Maria", um canto de louvor, que cada Terço seja
uma ladainha que nós, humildemente, entoamos à primeira de todas as mulheres.
Avé Maria...
ORAÇÃO
Infundi, Senhor, a vossa graça em nossas almas, para que nós, que pela anunciação do Anjo conhece-
mos a encarnação de Cristo vosso Filho, pela sua paixão e morte na cruz alcancemos a glória da res-
surreição. Por Nosso Senhor.
Sobreiro