2. Indivíduo de comportamento alegre e
despreocupado, considerado normalmente
irresponsável, dado a vícios e noitadas
divertidas nas rodas de amigos, sempre regada
a alguma bebida etílica, por vezes
excessivamente descontraído em ambientes
festivos e prazerosos, personifica o conhecido
boêmio.
3. Durante muito tempo, essa
expressão foi utilizada para
rotular esse tipo, nunca
olhado com “bons olhos”
porque era havido como
desregrado, indisciplinado,
inconveniente, incapaz de
permanecer em qualquer
emprego ou de constituir e
sustentar família, relegando
as responsabilidades em
preferência dos encantos
da vida mundana.
4. Este era o conceito desse freqüentador
contumaz da “dolce vita”, um vocábulo
originário do antigo reino da Boêmia, região na
atualidade geograficamente incorporada a
República Tcheca, onde no passado remoto
imperavam as orgias e bacanais promovidos
pela própria realeza.
5. Ainda hoje, embora tenha
evoluído, a palavra permanece com
esse estigma pejorativo, quando não
empregada em tom de brincadeira
aos apreciadores desse “modus
vivendi”.
6. Talvez a célebre canção
“Volta do Boêmio”,
preferência musical da
primeira metade do século
passado terá
influído para sua reputação
maculada. Não obstante,
uma das cervejas de
melhor
qualidade da mesa do
brasileiro, leva o seu nome
no rótulo.
7. O boêmio não é necessariamente um
desastrado, um desacreditado, um zero à
esquerda.
A história registra que o interesse e
fascínio pelas facécias noturnas não
se limitam a indivíduos medíocres,
frustrados ou sem sucesso na vida.
8. Muitos intelectuais, políticos bem sucedidos,
escritores, poetas, expoentes e luminares da
ciência, da literatura e da música foram ou são
personagens desse cenário lúdico, em cujos
pagos construíram célebres obras e
composições, como o grande Vinícius de Morais
que inspirado pelo belo visual de uma jovem
carioca e sob os efeitos de generosas doses de
uísque, produziu em parceria com Tom Jobim,
companheiro de copo, numa mesa de bar:
“Garota de Ipanema”, uma das mais belas e
famosas canções populares brasileiras.
9. Na época desses artistas outros não
menos admirados como Noel Rosa, Ari
Barroso, Dorival Caymmi, Nelson
Gonçalves, Vicente Celestino, Chico
Alves, Braguinha e Toquinho, também
jamais negaram suas inscrições na velha
e aliciante boemia.
10. Nas primeiras décadas do
século XIX encontramos,
figuras posteriormente
notáveis, à mesa dos bares e
botequins, notívagos
incorrigíveis como Machado
de Assis, Olavo Bilac, Emilio
de Menezes, Lima Barreto,
entre outros astros
consagrados do nosso
firmamento literário estando o
autor de “Memórias Póstumas
de Brás Cubas”, nos dias
atuais, no primeiro time da
literatura mundial, ao lado de
Cervantes, Dante e
Shakespeare.
11. Já em tempos mais recuados, grandes
boêmios marcaram passagem por esse
hábito, à exemplo de Castro Alves, Tobias e
Lima Barreto, Alberto Guimarães, Silvio
Romero e Gonçalves Dias, autores dos mais
declamados poemas do século XX.
12. Isto deixa claro que a
boemia tão repudiada,
às
vezes por
dissimulados
moralistas, nunca
impediu, em tempo
algum, o sucesso de
quem tem valor e até
a glória de pessoas
indiscutivelmente
talentosas, em
qualquer campo de
atividade.
13. Se é verdade que a bebida alcoólica produz
efeitos deletérios no organismo
humano, não menos verdade é a força de sua
inspiração e criatividade nas pessoas
engessadas por timidez ou introspecção, nas
que não conseguem sequer fazer uma
declaração de amor sem ruborizar.
14. Durante a arrancada
para o desenvolvimento,
Juscelino Kubitschek
foi considerado, devido
a sua boemia, o
presidente bossa-nova
na construção de
Brasília e sempre esteve
cercado de outros
consagrados gênios a
exemplo, de Lúcio
Costa,
Oscar Niemeyer e
Vinícius de Moraes.
15. Na Paraíba, inúmeros aficcionados das
noitadas de maneira alegre e descontraída como
Júlio Rique, Samuel Souto, José Romero Rangel,
Abmael Morais, Lúcio Lins, Abelardo Jurema (o
pai), Raimundo Asfora, Osmar de Aquino,
Virginius da Gama e Melo, Ideltônio Palitot, Silvio
Porto, Bosco Barreto, Edvaldo Mota, Luiz Dias
Rodrigues (Luizito), Ronaldo Cunha Lima,
Evandro Nóbrega, Severino Cartaxo, Roberto
Ney, José Afonso Gayoso (o filho), Orlando
Gonçalves, Alfonso Bernal, Raulino Maracajá e
tantos outros.
17. O poeta Ronaldo Cunha Lima sempre
mereceu destaque em todas as
ocasiões, especialmente nas mesas de
bares.
Contam que numa consulta médica de
rotina o profissional indagou: Você bebe?
Ele simplesmente respondeu:
Doutor, o senhor quer saber se eu bebo ou
está me convidando?
18. “A cerveja e a cachaça
são os piores inimigos
do homem.
Mas o homem que
foge dos seus
inimigos é um
covarde”.
19. Homenagem especial: Texto: “VIDA DE BOÊMIO”
poeta, político e boêmio. Autor: RAFAEL HOLANDA LINS
(Psicólogo, Professor, com larga
experiência na área de saúde e bem-estar
do idoso)
Música: “CHÃO DE ESTRELAS” (Silvio
Caldas)
Imagens: cedidas pelo autor do texto e
outras da Internet
Formatação: Mercês Carvalho
Ronaldo da Cunha Lima e
Rafael Holanda Lins merces.cc@hotmail.com
(dez/1994) 16/01/2012 22/1/2012 06:22
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