O documento discute o "Abismo Fiscal" nos Estados Unidos em 2013, quando cortes de gastos e aumentos de impostos quase levaram a economia americana à recessão. Detalha três cenários possíveis - nenhum acordo, acordo provisório ou grande acordo - e seus impactos na economia e nos indivíduos.
2. Ariane Renata da Silva Reis
Bruno Cesar Vale
Bruno Diego Gonçalves dos Reis
Fabiana Aparecida da Silva
Ivan Cristian Santana
Jeferson Fernando Marcelo Silva
José Guilherme Amorim Cruz
Kamila Fernanda Miranda
Karina Aparecida Carvalho de Figueiredo
Luiz Augusto Marques Santos
Mariane Alves Ferreira
Nilo Teixeira Floriano
Pedro Henrique Fernandino Souza
3. Como tudo começou?
Tudo começou em meados de 2001 e 2002 quando o
mercado imobiliário dos Estados Unidos entrou em
expansão. Comprar casas passou a ser objetivo de
quem queria comprar e fazer algum investimento
(comprava-se barato, revendia-se mais caro, tudo
com dinheiro de empréstimos). Tudo isso depois
que o Federal Reserve System (Sistema de Reserva
Federal, conhecido informalmente, como The Fed
é o sistema de bancos centrais dos Estados Unidos
da América) passou a diminuir os juros e incentivar
empréstimos e financiamentos, para fazer
consumidores e empresas gastarem mais. Mais
dinheiro circulando, mais liquidez no
mercado, maior é a especulação financeira
4. O mercado estava tão empolgado com a
economia aquecida que bancos e
instituições financeiras começaram a
adquirir e incentivar créditos até mesmo
de quem não possuía renda gerando assim
uma crise porque as pessoas
simplesmente não tinham como pagar
seus empréstimos, muitos ficaram sem
casas e também sem crédito. Assim o
bancos não recebiam ninguém pagava e o
dinheiro não girava. Bancos e instituições
financeiras foram vendidos ou quebraram.
5. O que é/foi o Abismo Fiscal?
A expressão Fiscal Cliff (como é chamado em inglês e
foi cunhada por Ben Bernanke, o presidente do Banco
Central americano) ou Abismo Fiscal, falado no Brasil e
Precipício Fiscal, falado em Portugal é um aumento
considerável dos impostos, combinado ao corte
significativo de gastos públicos. Esta foi uma decisão
dos políticos, tanto republicanos como democratas.
George Bush havia diminuído os impostos após o estouro
da bolha e novamente após o ataque ao World Trade
Center. Com o abismo fiscal, essas reduções deveriam
acabar. Começou assim a sair do armário e ir ao
encontro do debate público o maior desafio de curto
prazo para a permanência da hegemonia da economia
americana.
6. Recessão em Economia
―Recessão econômica‖ é o nome dado ao período
em que a economia de determinado país sofre um
declínio significativo na sua taxa de crescimento
econômico. Ou seja, quando há decréscimo na
atividade comercial (e consequentemente na
industrial). Ocorre quando diminui o volume total
de despesas na economia de uma nação. As
despesas podem diminuir porque os consumidores
compram menos automóveis, casas e outros bens;
porque as empresas produzem menos bens, ou
compram menos máquinas e equipamentos;
ou, ainda, porque o governo reduz ou elimina
alguns de seus programas.
7. O que provoca uma recessão?
Geralmente, as recessões começam por três razões:
1. Estouro de Bolha
A chamada Bolha de crédito é um fenômeno financeiro que
origina-se em mercados quando a única coisa que sustenta o
avanço do mercado é a entrada de novos participantes, num
esquema de pirâmide natural.
Como a Bolha ocorre:
O aumento das facilidades com prazos cada vez mais longos, de
até 50 anos e longos períodos de carência nos quais só se
pagam juros e valores simbólicos;
Condições de pagamento extremamente flexíveis, em que o
devedor escolhe o montante a pagar mensalmente;
Taxas de juros promocionais durante um certo período;
Financiamentos a 100%, sem comprovação da renda do devedor.
8. 2. Gastos
Quando as pessoas gastam menos dinheiro, há menos
demanda para os produtos. Uma vez que há menos
demanda, há queda de produção. Donos de fábricas
não querem fabricar se ninguém vai comprar.
Quando a produção cai, o mesmo acontece com o
emprego. Isso porque os empregadores não precisam
de trabalhadores nas fábricas. Este é um ciclo
vicioso que se repete, criando desemprego cada vez
maior, resultando em pessoas que tenham cada vez
menos dinheiro para gastar. Em última análise, isso
significa que as fábricas produzem cada vez
menos, o que significa que eles contratam cada vez
menos pessoas e assim por diante.
9. 3. Oferta
Se uma grande quantidade de oferta sai do
mercado devido a alguma catástrofe feita pelo
homem ou natural (como o terremoto no Japão
em 2011), isso interrompe o processo de
produção. As pessoas não podem gastar dinheiro
se nada está disponível para compra. Como
resultado, as empresas têm menores vendas e
lucros mais baixos. Se a cadeia de abastecimento
é interrompida por qualquer período de
tempo, os empregadores vão despedir os
trabalhadores e todo esse processo força uma
desaceleração de negócios e uma recessão.
10. Definições
Política Orçamentária ou Fiscal
Política Fiscal ou Política Orçamentária é o meio
pelo qual um governo ajusta seus níveis de gastos
a fim de monitorar e influenciar a economia de um
país.
Política fiscal expansionista: É a tomada de
medidas econômicas que objetiva gerar um
aumento da despesa pública ou redução de
impostos.
Política fiscal contracionista: É a tomada de
decisões que visa uma redução de gastos
governamentais público ou aumento os
impostos, ou ainda uma combinação de ambos.
(Abismo Fiscal)
11. Histórico
O debate entre Obama e os republicanos sobre
como chegar à redução de gastos e da dívida
pública não abordava de modo algum como
conseguir que a economia americana crescesse
mais rápido e o desemprego caísse. A triste
verdade é que se a economia dos Estados
Unidos pudesse aumentar, em termos
reais, uns 3 a 4% durante esta década, o
déficit e a dívida pública diminuiriam, em
relação ao PIB, o suficiente para evitar o
abismo fiscal, mas não houve propostas sobre
como isto poderia ser feito.
12. Cenário 1: Nenhum acordo foi firmado
No dia 1º de janeiro de 2013, uma série de reduções de
impostos estabelecidas na gestão de George W. Bush
expiraram. Com isso, o governo foi obrigado a cortar
gastos públicos em diversas áreas.
Ao todo, o governo teve de fazer cerca de US$ 607
bilhões em cortes de gastos e aumentos de impostos.
Entre as mudanças previstas estavam:
Reduções no orçamento de defesa; o fim de um
desconto de 2% na alíquota sobre salários; mudanças nos
benefícios pagos pelo Medicare (sistema de saúde);
reduções no crédito para famílias pobres; e o fim de
benefícios de desemprego de longo prazo - cerca de US$
300 pagos semanalmente a 2 milhões de pessoas.
13. O impacto destas mudanças foram dolorosos na
economia americana, que se recuperava
lentamente das últimas crises. Alguns analistas
acreditavam que elas poderiam reduzir entre 4% e
5% da produção americana de uma só vez.
O diretor do Fed (o banco central americano), Ben
Bernanke, disse que, caso os Estados Unidos
"caíssem no abismo fiscal", a economia voltaria à
recessão. A visão foi compartilhada por Obama.
A agência orçamentária do Congresso americano
previa que o desemprego pudesse ultrapassar 9%
com uma nova recessão provocada pelo abismo
fiscal, caso um acordo não fosse firmado antes da
chegada no Ano Novo de 2013.
14. O economista Michael Feroli, do JP
Morgan, estimava que mais de US$ 550
bilhões fossem retirados da economia
americana por conta dos cortes e aumento
de impostos. Segundo a entidade Tax Policy
Center, cada americano pagou US$ 3,5 mil
impostos a mais por ano.
O impacto foi diferente de acordo com o
nível de renda. Alguns dos cidadãos mais
ricos tiveram que pagar até US$ 120 mil a
mais por ano. Já as pessoas mais pobres
pagaram em média US$ 412 a mais.
15. A volta da recessão na maior economia do
planeta teria fortes repercussões no resto do
mundo.
Mas o abismo fiscal significou que o governo
ficaria sem dinheiro? Ainda não. O governo
americano atingiria o teto de endividamento -
de US$ 16 trilhões - no dia 31 de dezembro.
Na última vez que houve um impasse
semelhante, as agências de classificação de
risco rebaixaram os títulos da dívida americana
de AAA para AA+. Foi a primeira vez na história
que isso aconteceu, e agora isso voltaria a
ocorrer.
17. Cenário 2: Uma solução provisória foi firmada
Obama ofereceu diversas alternativas aos
republicanos - sob a condição de que os ricos
pagassem mais impostos.
Ele defendeu que os impostos precisavam
aumentar para aqueles que ganhavam mais de
US$ 250 mil por ano, mas ofereceu aumentar
esse limite para US$ 400 mil.
O presidente também aceitou mudar os cálculos
de custo de vida para pessoas que recebem
benefícios sociais, cortes ao programa de saúde
do governo e prorrogação de dois anos do teto da
dívida. Mas tudo foi rejeitado.
18. O líder republicano na Câmara dos Representantes
(deputados), John Boehner, também ofereceu o término
do desconto de impostos para pessoas com renda
superior a US$ 1 milhão como parte de um "plano B" para
resolver o impasse, mas foi desautorizado por seu
próprio partido.
Os republicanos acabaram aceitando a ideia de impostos
maiores, e Obama acabou sendo reeleito com uma
votação expressiva, então houve a possibilidade de se
chegar a um acordo de curto prazo.
Neste caso, foi importante definir por quanto tempo o
acordo valeria. Se durasse dois anos, a medida acalmaria
os mercados financeiros, adiando o impasse para depois
das eleições parlamentares americanas.
19. Cenário 3: Um grande acordo foi firmado
Um grande acordo para solução de longo prazo
da dívida americana - que trouxe união entre
Obama e o Congresso - foi algo tão inesperado
neste momento, que teve repercussões muito
positivas ao mercado financeiro. A negociação
envolveu um plano para cortar até US$ 5
trilhões de dívida americana em um prazo de
dez anos, evitando que esse tipo de batalha
fosse travada a cada dois anos.
Mas o que os políticos e a população estiveram
dispostos a aceitar?
20. De acordo com uma pesquisa da YouGov
encomendada pelo site Slate com mil
americanos, os cidadãos estavam dispostos a
aceitar mais impostos, cortes em gastos
governamentais e redução das Forças
Armadas, desde que fossem preservados o
Medicare e os benefícios sociais.
O FMI alertou que mesmo a incerteza provocada
pelo abismo fiscal teve impacto sobre o
investimento global e a criação de empregos. Se
os EUA realmente caíssem no abismo, isso
poderia reduzir em quatro pontos percentuais o
crescimento americano e colocar em risco a
frágil confiança no resto do mundo, disse.
21. Qual seria o impacto para os indivíduos?
O economista Michael Feroli, do JP
Morgan, estimou que mais de US$ 550 bilhões
poderiam ser sugados da economia. "No
total, os aumentos de impostos e cortes de
gastos respondem por cerca de 3,5% do
PIB, com os cortes de impostos da era Bush
respondendo por cerca de metade
disso", disse.
Para os contribuintes com ganhos médios –
cerca de 60% da população – o TPC estima
que o aumento anual médio de impostos seria
22. O que está acontecendo atualmente?
Apesar do baixo crescimento de 1,9% em
2013, o ano foi bom para a economia
americana. Houve queda do déficit
público da ordem de dois pontos
percentuais do PIB. Redução de déficit
desse tamanho com crescimento pouco
abaixo de 2% representa resultado muito
melhor do que as economias europeias
têm conseguido.
23. Lembremos que em 2013 a economia
americana já trabalhava sob a
armadilha da liquidez —aquela situação
na qual a demanda é tão fraca que o
juro de equilíbrio é negativo— e mesmo
assim ela conseguiu encaixar a forte
redução dos gastos públicos e elevação
da receita, episódio conhecido por
abismo fiscal, mantendo crescimento
pouco abaixo do potencial.
24. O abismo fiscal não se repetirá neste ano.
A política fiscal será certamente muito
menos contracionista do que foi em 2013.
O fim do vento de proa fiscal colocará a
economia rodando a 3% ao ano em 2014.
Desde a crise até o momento os analistas
acompanhavam com detalhe a evolução
do mercado de trabalho. É nesse mercado
que a crise adquire a dramaticidade antes
somente experimentada na Grande
Depressão dos anos 1930.
25. Tomando como referência as demais crises
americanas do pós-guerra, há dois fatos novos
relativos ao mercado de trabalho. Primeiro, a
forte elevação e persistência do desemprego de
longo prazo. Após cinco anos do início da fase
aguda da crise, o desemprego de 6,6% divide-se
em 3,8 pontos percentuais de curto prazo e 2,8
pontos de longo prazo. Para efeito de
comparação, em 1986, cinco anos em seguida ao
pico do desemprego produzido pela política
monetária muito apertada de Paul Volcker, o
desemprego de longo prazo era de somente 1,0%.
26. Adicionalmente, desde o início da
crise, milhões de trabalhadores retiraram-se
da força de trabalho. A taxa de atividade, que
é a razão entre a população economicamente
ativa (PEA) e a população em idade
ativa, reduziu-se em três pontos
percentuais, de 36% para 33%.
Inicialmente a fortíssima queda da PEA
representava desalento, isto é, os
desempregados, em razão das péssimas
perspectivas do mercado de
trabalho, simplesmente deixavam de procurar
27. Resumindo, o mercado de
trabalho americano
apresentaria elevados índices
de desalento e de desemprego
de longo prazo, que afetaria
hoje 11 milhões de
pessoas, além dos 6,6 milhões
de desempregados de curto
prazo.
28. No entanto, há sinais de que a lenta, mas
persistente, evolução da demografia tem nos
últimos cinco anos reduzido muito a parcela dos
trabalhadores que se retiraram da força de
trabalho devido ao desalento. Cada vez mais a
queda da taxa de atividade parece ser fruto de
aposentadorias por idade, por tempo de serviço ou
por invalidez.
Analogicamente, o desemprego de longo prazo
parece ter adquirido feições europeias de
desemprego estrutural. Ou seja, o desemprego de
longo prazo não interfere, ou interfere pouco, no
funcionamento do mercado de trabalho.
29. A interpretação de que a maior
parte do desemprego de longo prazo
é desemprego estrutural é coerente
com inflação positiva, como temos
observado nos EUA, e desemprego
elevado. Nas experiências
passadas, níveis tão elevados de
desemprego produziram
deflação, fato não observado na
experiência atual.
30. Seja ou não correta a interpretação de que há
menor folga no mercado de trabalho, em razão de
o desemprego de longo prazo ser em boa medida
estrutural e de o desalento ser muito menor do
que foi há dois ou três anos, parece que ela vai se
tornando consensual entre os analistas.
E, se o desemprego estrutural é elevado, se o
desalento é menos desalento do que se
imaginava, todos os olhos se voltam para a
inflação. Com mercado de trabalho mais
apertado, temos que saber para onde caminharão
os preços com a economia crescendo em ritmo
mais forte.