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O sistema de Bretton
Woods e o controle de
capitais
Do Plano Keynes e White à Era de Ouro do
Capitalismo
Fayelle Vivancos, Julia Amim, Natália Biágio




                                    Maio/2010
O sistema de Bretton Woods e o
controle de capitais: do Plano Keynes
e White à Era de Ouro do Capitalismo
       No final da Segunda Guerra Mundial os Aliados já pressupunham uma vitória
sobre as potências do Eixo. Por isso, Roosevelt e Churchill discutiram, com o desejo
de obter um desenvolvimento econômico equilibrado, como seria uma nova ordem
internacional. Levando em conta esse desejo, em 1942, realiza-se a Conferência de
Ajuda Mútua. Surge nesse debate dois Planos: Plano White (discurso norte
americano) e Plano Keynes (discurso inglês), os quais foram marcados tanto por
convergências como por divergências.

       As principais convergências se relacionavam à questão de eliminar todas as
restrições impostas no comércio internacional e suas formas de pagamentos. Ambos
queriam fugir do esquema de ter que fazer recessão para retomar a economia, assim
almejavam o controle de capitais, para evitar uma grande fuga de capital do país,
impedindo, assim, o ajuste deflacionário.

       Já as principais divergências se deram às diferentes posições econômicas que
os Estados Unidos da América e a Inglaterra haviam saído da Segunda Guerra
Mundial, já que o primeiro pensava sob a óptica de um país credor e a segundo de um
país devedor. As principais eram: o Plano White pregava o restabelecimento do ouro
como instrumento de reserva internacional. Nesse contexto toda moeda internacional
poderia adquirir status de meio de pagamento internacional, desde que fosse
conversível em ouro, ou seja, pressupunha o lastro dólar-ouro. Esse princípio encobria
um privilégio para os Estados Unidos, já que esses detinham a maior parte de ouro
existente e também tinham relações de comércio fortemente superavitárias, era
portanto, o único país que conseguia manter a conversibilidade da sua moeda em
ouro, o que tornava o dólar uma divisa chave para o sistema financeiro mundial.
Também pregava a criação de um Banco Mundial subordinado ao Tesouro norte
americano, que teria poder de intervenção nas políticas internas dos países, a criação
de um Fundo de Estabilização, para realizar empréstimos para países que tinham
déficits em seus Balanços de Pagamentos, já que isso gerava problemas na economia
mundial e uma taxa de câmbio fixa, atrelada a um controle de capitais. Já o Plano


                                                                                     2
Keynes propunha a criação de uma União Internacional de Compensações que teria
como função básica assegurar as regras internacionais no âmbito financeiro e
conceder créditos aos países com liquidez insuficiente, portanto nesse sistema quem
seria penalizado era o superavitário; e não o deficitário. Para isso introduziria uma
nova moeda (Bancor), que substituiria o ouro e seria conversível em uma relação fixa
podendo ser corrigida (câmbio fixo, porém ajustável). Keynes tentava minimizar o
máximo as propostas multilaterais de White.

        O resultado prático foi a mistura dos dois Planos, que culminaram na criação
Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, instituições criadas no acordo
de Bretton Woods, o qual tinha como principal objetivo proporcionar um ambiente
monetário favorável a fim de facilitar a retomada do comércio internacional após a
Segunda Guerra Mundial, impondo o controle de capitais e, assim, pressupondo uma
regulamentação das finanças internacionais. Apesar de o acordo ter sido firmado em
1944, foi somente em 1948, com a firmação do Plano Marshall (concessão de
empréstimos para a reconstrução européia, que era, na verdade, um aprofundamento
da Doutrina Truman, a qual os EUA assumiram o compromisso de defender o mundo
dos comunistas) que Bretton Woods começou a engrenar.

       A fim de solucionar a desordem monetária Bretton Woods adotava um padrão
que previa taxa de câmbio fixa, porém ajustável, que só era possível graças aos
controles de capital que protegiam os países, também estabelecia uma paridade fixa
dólar ouro. Pode-se considerar esse como superior ao Padrão Ouro, já que, ao
contrário do ouro, os dólares podiam ser emitidos com a finalidade de expandir o
comércio mundial. Esse sistema tinha como característica principal o controle dos
fluxos de capital, o qual protegia os países, já que o capital volátil não conseguia
desvalorizar ou valorizar suas moedas. Os controles de capitais foram aplicados para
evitar essa volatilidade, a qual foi responsável pelo desequilíbrio da economia
internacional no entre guerras.

       O FMI tinha o objetivo de monitorar e gerar possibilidades para equilibrar as
Balanças de Pagamentos dos países, punindo aqueles que desestabilizassem o
sistema, e compensado os países que sofriam com os efeitos negativos dessa
perturbação do sistema. Ademais buscava incorporar flexibilidade suficiente para
permitir que os países obtivessem o equilíbrio externo de modo a não sacrificar os
objetivos internos ou as taxas de câmbio fixas. Isso era feito através das facilidades de
crédito e das paridades ajustáveis.


                                                                                       3
No que tange as questões sociais, o fim da Segunda Guerra Mundial fortaleceu
a posição da classe trabalhadora na Europa e com isso, os partidos de esquerda
passaram a ocupar posições políticas de destaque. Deste modo, havia uma demanda
na Europa por melhores salários, expansão dos programas sociais, além do controle
sobre as taxas de juros, fluxos de capital, preços e uma pressão para o aumento das
atividades governamentais, ou seja, o Welfare State. Assim, nos Anos Dourados os
governos interviam muito nas economias, isto é, regulavam o mercado financeiro para
atrair recursos para setores estratégicos. A autonomia nas políticas econômicas dos
governos era reforçada pelos controles de capitais, o qual afrouxava o vinculo entre as
políticas econômicas domésticas e externas, fazendo com que houvesse um espaço
para os governos buscarem outros objetivos, como a manutenção do pleno emprego.
A manutenção do controle de capitais foi fundamental porque não existia um
mecanismo de ajuste (como havia no Padrão Ouro: o ajuste deflacionário), uma vez
que não podiam reduzir os gastos do governo, já que isto causaria o desemprego.


       Cabe mencionar o Trilema de Krugman, o qual explica a lógica do sistema de
Bretton Woods, através de três variáveis: (1) taxa de câmbio fixa, (2)política monetária
orientada para metas internas e (3)liberdade de movimentos de capital internacional.
Deste modo, pode haver três combinações: 1+2 ou 1+3 ou 2+3. No sistema de Bretton
Woods o câmbio era fixo, havia controle de capitais e política monetária orientada para
metas interna (Wellfare State).


                 “Quando renunciaram as taxas de câmbio fixas no fim do período de
                 Bretton Woods, os países industrializados escolheram um sistema
                 que lhes permitiam combinar a mobilidade de capital internacional
                 com uma política monetária orientada internamente. Como
                 resultado, tiveram dificuldades para permitir maior liberdade de
                 comércio internacional de ativos” (Krugman, 2001).

       Depois da Segunda Guerra Mundial as trocas comerciais passaram a ser feitas
em dólares na maioria dos países, inclusive na Rússia e na China. Contudo, esses
países já estavam em guerra não declarada com os Estados Unidos, sendo assim,
temiam manter suas reservas em Nova Iorque como todos os outros países. Esse
medo decorria do fato de que os Estados Unidos detinham o poder de congelar suas
reservas se assim o quisessem. Logo, esses dois países passaram a investir seus
dólares em bancos de Londres, os quais haviam passado por uma liberalização em
1945. Foi nessa época, em meados de 50, que o Euromercado, paralelamente a
Bretton Woods, surgiu como um modo de expandir a mobilidade de capitais.


                                                                                      4
Em 1960, já era perceptível uma instabilidade no sistema de Bretton Woods.
Por haver não só uma considerável circulação de dólares fora dos Estados Unidos,
mas também um decréscimo na taxa de juros e um déficit no Balanço de Pagamentos
norte-americano. O motivo da mudança no preço da moeda era atrair investimentos
sólidos, para incentivar o crescimento econômico industrial do país, e afastar as
especulações bancárias. Ao contrário do previsto, o fluxo monetário migra dos EUA
para a Europa na forma de investimento de capital.

       O déficit no Balanço de Pagamentos atingia diretamente o status norte-
americano de credores mundiais. É possível destacar três principais causadores desse
déficit: o surgimento da concorrência do Japão e da Alemanha, o aumento dos gastos
do governo e a guerra do Vietnã.

       Assim sendo, os Estados Unidos estavam promovendo uma circulação de
dólares que não condizia mais com a paridade do início do Sistema de Bretton Woods.
E pelo fato dos principais países que exportavam para os Estados Unidos começarem
a exigir o pagamento em ouro, e não em dólar, estava se tornando cada vez mais
visível que não era mais possível manter o lastro de dólar em ouro. Temendo a
crescente pressão mundial para trocar dólar por ouro, os Estados Unidos começam a
promover políticas que dificultam essa troca. De tal modo que em 1962 anunciam que
só fariam trocas para os Estados, acabando com a possibilidade de pessoas físicas ou
empresas trocarem dólar por ouro.

       Essas políticas demonstram como os Estados Unidos estavam se afastando da
responsabilidade que adquiriram ao assinar Bretton Woods, de manter uma paridade
fixa e de serem os principais credores mundiais. O que deixa claro a inconstância do
sistema na época. E para piorar a situação das finanças internacionais, em 1963, é
anunciado o imposto de equalização das taxas de juros. Este imposto foi implantado
com o objetivo de reduzir a saída de dólares dos Estados Unidos, para tanto, ele
deveria equiparar a taxa de juros interna à taxa de juros internacional. Dessa forma,
houve uma diminuição na tomada de empréstimos dos Estados Unidos pelos
estrangeiros, o que mantinha mais dólar disponível internamente para bancar os
excessivos gastos do país.

       Apesar de essa nova equalização das taxas de juros terem sido extremamente
favoráveis para o contínuo desenvolvimento das indústrias internas, para os bancos
norte-americanos elas significaram maior intervenção estatal. Como a taxa de juros
dos Estados Unidos eram extremamente baixas se comparada às taxas mundiais,


                                                                                   5
esses bancos estavam acostumados a uma grande circulação de capital com o
estrangeiro. Contudo, com a equalização das taxas de juros e conseqüente queda na
circulação de capital com o estrangeiro, esses bancos tiveram uma queda na sua
arrecadação.

        Além disso, com a maior intervenção estatal favorecendo as indústrias internas,
as empresas transnacionais acabaram preferindo se deslocar para a Europa, onde
estava em vigor o livre mercado. Assim, o deslocamento dessas empresas, que eram
os principais clientes internos dos bancos, junto à queda na arrecadação gerou grande
insatisfação bancária ocasionando, assim, a maciça migração desses para a
Inglaterra.

        Essa migração faz com que o Euromercado, que já vinha crescendo desde a
década de 50, se consolide nessa época. Essa consolidação é baseada
principalmente na instalação dos gigantes bancos norte-americanos em Londres.
Dessa forma houve uma transição do complexo financeiro vigente em Nova Iorque
para Londres. E pelo fato da cidade inglesa apresentar uma estrutura econômica
liberal, esses bancos conseguiram a autonomia que não tinham nos Estados Unidos, e
puderam expandir suas finanças, aproveitando da livre mobilidade de capitais, através,
principalmente, da especulação.

        O sistema de cambio fixo acabou se mostrando um pouco complicado quanto a
manter a simultaneidade dos equilíbrios internos e externos, sem ajustes da taxa de
câmbio para os países. Porém, na medida em que se tornava mais fácil transferir
fundos entre as fronteiras, a grande possibilidade de o câmbio ser modificado levava a
movimentos de especulação do capital, o que tornava mais difícil a função da política
econômica. O fim do sistema de Bretton Woods é a história das tentativas sem
sucesso dos países de harmonizar os equilíbrios internos e externos sobre suas
diretrizes.

        Contudo devido à ausência de cooperação por parte do Japão e da Alemanha,
e à intenção norte-americana em manter uma taxa de câmbio flutuante, há uma
ruptura deste acordo em 1973, finalizando o sistema de controle de capitais. Essa
ruptura fez com que as taxas de câmbio se tornassem flutuantes, o que fez com que o
preço do dólar caísse, e acabasse definitivamente com o Acordo de Bretton Woods.




                                                                                     6
Bibliografia
Eichengreen, B. A Globalização do Capital. São Paulo: Editora 34.

Helleiner, E. States and Reemergence of Global Finance.

Krugman, P. R. (2001). Economia internacional teoria e prática. São Paulo: Makron Books.

Moffitt, M. O Dinheiro do Mundo. São Paulo: Editora paz e terra.




                                                                                           7

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O sistema de Bretton Woods e o controle de capitais: do Plano Keynes e White à Era de Ouro do Capitalismo

  • 1. Facamp O sistema de Bretton Woods e o controle de capitais Do Plano Keynes e White à Era de Ouro do Capitalismo Fayelle Vivancos, Julia Amim, Natália Biágio Maio/2010
  • 2. O sistema de Bretton Woods e o controle de capitais: do Plano Keynes e White à Era de Ouro do Capitalismo No final da Segunda Guerra Mundial os Aliados já pressupunham uma vitória sobre as potências do Eixo. Por isso, Roosevelt e Churchill discutiram, com o desejo de obter um desenvolvimento econômico equilibrado, como seria uma nova ordem internacional. Levando em conta esse desejo, em 1942, realiza-se a Conferência de Ajuda Mútua. Surge nesse debate dois Planos: Plano White (discurso norte americano) e Plano Keynes (discurso inglês), os quais foram marcados tanto por convergências como por divergências. As principais convergências se relacionavam à questão de eliminar todas as restrições impostas no comércio internacional e suas formas de pagamentos. Ambos queriam fugir do esquema de ter que fazer recessão para retomar a economia, assim almejavam o controle de capitais, para evitar uma grande fuga de capital do país, impedindo, assim, o ajuste deflacionário. Já as principais divergências se deram às diferentes posições econômicas que os Estados Unidos da América e a Inglaterra haviam saído da Segunda Guerra Mundial, já que o primeiro pensava sob a óptica de um país credor e a segundo de um país devedor. As principais eram: o Plano White pregava o restabelecimento do ouro como instrumento de reserva internacional. Nesse contexto toda moeda internacional poderia adquirir status de meio de pagamento internacional, desde que fosse conversível em ouro, ou seja, pressupunha o lastro dólar-ouro. Esse princípio encobria um privilégio para os Estados Unidos, já que esses detinham a maior parte de ouro existente e também tinham relações de comércio fortemente superavitárias, era portanto, o único país que conseguia manter a conversibilidade da sua moeda em ouro, o que tornava o dólar uma divisa chave para o sistema financeiro mundial. Também pregava a criação de um Banco Mundial subordinado ao Tesouro norte americano, que teria poder de intervenção nas políticas internas dos países, a criação de um Fundo de Estabilização, para realizar empréstimos para países que tinham déficits em seus Balanços de Pagamentos, já que isso gerava problemas na economia mundial e uma taxa de câmbio fixa, atrelada a um controle de capitais. Já o Plano 2
  • 3. Keynes propunha a criação de uma União Internacional de Compensações que teria como função básica assegurar as regras internacionais no âmbito financeiro e conceder créditos aos países com liquidez insuficiente, portanto nesse sistema quem seria penalizado era o superavitário; e não o deficitário. Para isso introduziria uma nova moeda (Bancor), que substituiria o ouro e seria conversível em uma relação fixa podendo ser corrigida (câmbio fixo, porém ajustável). Keynes tentava minimizar o máximo as propostas multilaterais de White. O resultado prático foi a mistura dos dois Planos, que culminaram na criação Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, instituições criadas no acordo de Bretton Woods, o qual tinha como principal objetivo proporcionar um ambiente monetário favorável a fim de facilitar a retomada do comércio internacional após a Segunda Guerra Mundial, impondo o controle de capitais e, assim, pressupondo uma regulamentação das finanças internacionais. Apesar de o acordo ter sido firmado em 1944, foi somente em 1948, com a firmação do Plano Marshall (concessão de empréstimos para a reconstrução européia, que era, na verdade, um aprofundamento da Doutrina Truman, a qual os EUA assumiram o compromisso de defender o mundo dos comunistas) que Bretton Woods começou a engrenar. A fim de solucionar a desordem monetária Bretton Woods adotava um padrão que previa taxa de câmbio fixa, porém ajustável, que só era possível graças aos controles de capital que protegiam os países, também estabelecia uma paridade fixa dólar ouro. Pode-se considerar esse como superior ao Padrão Ouro, já que, ao contrário do ouro, os dólares podiam ser emitidos com a finalidade de expandir o comércio mundial. Esse sistema tinha como característica principal o controle dos fluxos de capital, o qual protegia os países, já que o capital volátil não conseguia desvalorizar ou valorizar suas moedas. Os controles de capitais foram aplicados para evitar essa volatilidade, a qual foi responsável pelo desequilíbrio da economia internacional no entre guerras. O FMI tinha o objetivo de monitorar e gerar possibilidades para equilibrar as Balanças de Pagamentos dos países, punindo aqueles que desestabilizassem o sistema, e compensado os países que sofriam com os efeitos negativos dessa perturbação do sistema. Ademais buscava incorporar flexibilidade suficiente para permitir que os países obtivessem o equilíbrio externo de modo a não sacrificar os objetivos internos ou as taxas de câmbio fixas. Isso era feito através das facilidades de crédito e das paridades ajustáveis. 3
  • 4. No que tange as questões sociais, o fim da Segunda Guerra Mundial fortaleceu a posição da classe trabalhadora na Europa e com isso, os partidos de esquerda passaram a ocupar posições políticas de destaque. Deste modo, havia uma demanda na Europa por melhores salários, expansão dos programas sociais, além do controle sobre as taxas de juros, fluxos de capital, preços e uma pressão para o aumento das atividades governamentais, ou seja, o Welfare State. Assim, nos Anos Dourados os governos interviam muito nas economias, isto é, regulavam o mercado financeiro para atrair recursos para setores estratégicos. A autonomia nas políticas econômicas dos governos era reforçada pelos controles de capitais, o qual afrouxava o vinculo entre as políticas econômicas domésticas e externas, fazendo com que houvesse um espaço para os governos buscarem outros objetivos, como a manutenção do pleno emprego. A manutenção do controle de capitais foi fundamental porque não existia um mecanismo de ajuste (como havia no Padrão Ouro: o ajuste deflacionário), uma vez que não podiam reduzir os gastos do governo, já que isto causaria o desemprego. Cabe mencionar o Trilema de Krugman, o qual explica a lógica do sistema de Bretton Woods, através de três variáveis: (1) taxa de câmbio fixa, (2)política monetária orientada para metas internas e (3)liberdade de movimentos de capital internacional. Deste modo, pode haver três combinações: 1+2 ou 1+3 ou 2+3. No sistema de Bretton Woods o câmbio era fixo, havia controle de capitais e política monetária orientada para metas interna (Wellfare State). “Quando renunciaram as taxas de câmbio fixas no fim do período de Bretton Woods, os países industrializados escolheram um sistema que lhes permitiam combinar a mobilidade de capital internacional com uma política monetária orientada internamente. Como resultado, tiveram dificuldades para permitir maior liberdade de comércio internacional de ativos” (Krugman, 2001). Depois da Segunda Guerra Mundial as trocas comerciais passaram a ser feitas em dólares na maioria dos países, inclusive na Rússia e na China. Contudo, esses países já estavam em guerra não declarada com os Estados Unidos, sendo assim, temiam manter suas reservas em Nova Iorque como todos os outros países. Esse medo decorria do fato de que os Estados Unidos detinham o poder de congelar suas reservas se assim o quisessem. Logo, esses dois países passaram a investir seus dólares em bancos de Londres, os quais haviam passado por uma liberalização em 1945. Foi nessa época, em meados de 50, que o Euromercado, paralelamente a Bretton Woods, surgiu como um modo de expandir a mobilidade de capitais. 4
  • 5. Em 1960, já era perceptível uma instabilidade no sistema de Bretton Woods. Por haver não só uma considerável circulação de dólares fora dos Estados Unidos, mas também um decréscimo na taxa de juros e um déficit no Balanço de Pagamentos norte-americano. O motivo da mudança no preço da moeda era atrair investimentos sólidos, para incentivar o crescimento econômico industrial do país, e afastar as especulações bancárias. Ao contrário do previsto, o fluxo monetário migra dos EUA para a Europa na forma de investimento de capital. O déficit no Balanço de Pagamentos atingia diretamente o status norte- americano de credores mundiais. É possível destacar três principais causadores desse déficit: o surgimento da concorrência do Japão e da Alemanha, o aumento dos gastos do governo e a guerra do Vietnã. Assim sendo, os Estados Unidos estavam promovendo uma circulação de dólares que não condizia mais com a paridade do início do Sistema de Bretton Woods. E pelo fato dos principais países que exportavam para os Estados Unidos começarem a exigir o pagamento em ouro, e não em dólar, estava se tornando cada vez mais visível que não era mais possível manter o lastro de dólar em ouro. Temendo a crescente pressão mundial para trocar dólar por ouro, os Estados Unidos começam a promover políticas que dificultam essa troca. De tal modo que em 1962 anunciam que só fariam trocas para os Estados, acabando com a possibilidade de pessoas físicas ou empresas trocarem dólar por ouro. Essas políticas demonstram como os Estados Unidos estavam se afastando da responsabilidade que adquiriram ao assinar Bretton Woods, de manter uma paridade fixa e de serem os principais credores mundiais. O que deixa claro a inconstância do sistema na época. E para piorar a situação das finanças internacionais, em 1963, é anunciado o imposto de equalização das taxas de juros. Este imposto foi implantado com o objetivo de reduzir a saída de dólares dos Estados Unidos, para tanto, ele deveria equiparar a taxa de juros interna à taxa de juros internacional. Dessa forma, houve uma diminuição na tomada de empréstimos dos Estados Unidos pelos estrangeiros, o que mantinha mais dólar disponível internamente para bancar os excessivos gastos do país. Apesar de essa nova equalização das taxas de juros terem sido extremamente favoráveis para o contínuo desenvolvimento das indústrias internas, para os bancos norte-americanos elas significaram maior intervenção estatal. Como a taxa de juros dos Estados Unidos eram extremamente baixas se comparada às taxas mundiais, 5
  • 6. esses bancos estavam acostumados a uma grande circulação de capital com o estrangeiro. Contudo, com a equalização das taxas de juros e conseqüente queda na circulação de capital com o estrangeiro, esses bancos tiveram uma queda na sua arrecadação. Além disso, com a maior intervenção estatal favorecendo as indústrias internas, as empresas transnacionais acabaram preferindo se deslocar para a Europa, onde estava em vigor o livre mercado. Assim, o deslocamento dessas empresas, que eram os principais clientes internos dos bancos, junto à queda na arrecadação gerou grande insatisfação bancária ocasionando, assim, a maciça migração desses para a Inglaterra. Essa migração faz com que o Euromercado, que já vinha crescendo desde a década de 50, se consolide nessa época. Essa consolidação é baseada principalmente na instalação dos gigantes bancos norte-americanos em Londres. Dessa forma houve uma transição do complexo financeiro vigente em Nova Iorque para Londres. E pelo fato da cidade inglesa apresentar uma estrutura econômica liberal, esses bancos conseguiram a autonomia que não tinham nos Estados Unidos, e puderam expandir suas finanças, aproveitando da livre mobilidade de capitais, através, principalmente, da especulação. O sistema de cambio fixo acabou se mostrando um pouco complicado quanto a manter a simultaneidade dos equilíbrios internos e externos, sem ajustes da taxa de câmbio para os países. Porém, na medida em que se tornava mais fácil transferir fundos entre as fronteiras, a grande possibilidade de o câmbio ser modificado levava a movimentos de especulação do capital, o que tornava mais difícil a função da política econômica. O fim do sistema de Bretton Woods é a história das tentativas sem sucesso dos países de harmonizar os equilíbrios internos e externos sobre suas diretrizes. Contudo devido à ausência de cooperação por parte do Japão e da Alemanha, e à intenção norte-americana em manter uma taxa de câmbio flutuante, há uma ruptura deste acordo em 1973, finalizando o sistema de controle de capitais. Essa ruptura fez com que as taxas de câmbio se tornassem flutuantes, o que fez com que o preço do dólar caísse, e acabasse definitivamente com o Acordo de Bretton Woods. 6
  • 7. Bibliografia Eichengreen, B. A Globalização do Capital. São Paulo: Editora 34. Helleiner, E. States and Reemergence of Global Finance. Krugman, P. R. (2001). Economia internacional teoria e prática. São Paulo: Makron Books. Moffitt, M. O Dinheiro do Mundo. São Paulo: Editora paz e terra. 7