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ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR




CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE
PELO DISTRIBUIDOR
RESUMO
Este artigo trata do fluxo de informação e material em uma cadeia de abastecimento de produtos de
consumo de quatro níveis. Propõe-se que, pelo menos sob determinadas condições de contorno, os sis-
temas de gestão nos quais o distribuidor coordena os fluxos de informação e de produtos acabados na
cadeia (aqui denominados Estoque Gerido pelo Distribuidor – EGD ou DMI) têm vantagem em compa-
ração com o conceito tradicional de Estoque Gerido pelo Fabricante (EGF ou VMI). Além da avaliação
da proposta nas dimensões estratégica e econômica, um modelo de simulação numérica é construído
para o estudo do comportamento dinâmico da cadeia. Demonstrou-se que o modelo DMI proporciona
posicionamento estratégico e econômico mais sólido ao distribuidor, nas condições analisadas. A análise
dinâmica revelou que o modelo é estável, e a simulação permitiu à cadeia específica estudada enfrentar
incrementos de 20% da demanda normal com estoques 55% menores no varejo e 33% menores no dis-
tribuidor que o modelo VMI de referência.


Joseph Youssif Saab Junior
EEM-IMT

Henrique Luiz Corrêa
Crummer




  ABSTRACT This paper deals with the flow of information and material throughout a four-level fast moving consumer goods (FMCG) supply-
  chain. We propose that, under certain circumstances, the coordination of information and material flows along the supply chain should be done
  by the distributor, in an arrangement called Distributor-Managed Inventory (DMI), a significant departure from the more traditional concept of
  Vendor-Managed Inventory (VMI) model, in which the aforementioned coordination is done by the manufacturer. We analyze the DMI from both
  the strategic and the economic perspectives and we also analyze its dynamic behavior by using a numerical simulation model which was built
  for this specific purpose. We demonstrate that the DMI model has advantages over VMI for the management of this four-level supply chain. Our
  dynamic analysis simulation, for instance, revealed that the DMI model is stable and allowed the studied chain to face increments of 20% of the
  normal demand level with 55% less inventory at the retail level and 33% less inventory at the distributor level than a reference VMI model.

  PALAVRAS-CHAVE Cadeia de abastecimento, varejo, estoque gerido pelo distribuidor, análise dinâmica de sistemas, redução de
  estoques.
  KEYWORDS Supply chain management, retail, distributor-managed inventory, systems dynamics, inventory reduction.




48 •   © RAE   • VOL. 48 • Nº1
JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA



INTRODUÇÃO                                                                  Por meio da compreensão e do gerenciamento de custos,
                                                                            e do controle do risco mediante negociações cuidadosas,
O objetivo básico da integração das cadeias de abasteci-                    pode-se fazer tanto o VMI como a consignação trabalha-
mento é o atendimento pleno à demanda, sem falta nem                        rem não apenas para o cliente, mas também para o forne-
sobra de produtos, o que normalmente inclui um bom                          cedor. (WILLIAMS, 2000, p. 63).
nível de previsibilidade e a minimização das flutuações
que caracterizam o seu comportamento dinâmico (LEE;                      Além da literatura, a observação do esforço frustrado de
PADMANABHAN; WHANG, 1997).                                               implantação de um sistema tipo VMI, no estado de São
   As políticas conhecidas por Troca Eletrônica de Dados                 Paulo, por iniciativa de um fabricante multinacional de
(EDI), Resposta Eficiente ao Consumidor (ECR) e Estoque                   produtos de consumo, suscitou nos autores o desejo de (i)
Gerido pelo Fabricante (VMI) são exemplos de inicia-                     pesquisar mais profundamente a natureza das interações
tivas específicas de integração que visam amenizar tais                   das cadeias de abastecimento em geral e da cadeia anali-
flutuações e fazem parte da tendência geral em direção                    sada em particular, e (ii) propor um modelo de integração
aos movimentos de lean-manufacturing e just-in-time                      que apresentasse maiores chances de êxito na consecução
(STERMAN, 2000).                                                         dos seus objetivos.
   No presente estudo fixou-se particular atenção sobre a                    Na etapa inicial de investigação (i), dedicada à com-
política do VMI, que atribui ao fabricante a tarefa de ge-               preensão da dinâmica das cadeias e teste de aplicabilidade
renciar o nó imediatamente a jusante da cadeia de abaste-                de modelos de integração disponíveis, concluiu-se que
cimento, determinando quando e quanto de cada produto                    nenhum sistema genérico deve ser aplicado a uma cadeia
deve ser enviado ao seu cliente imediato. O VMI, portanto,               específica sem adaptações para acomodar as particulari-
é um sistema no qual o cliente do fabricante abre mão do                 dades de seus fluxos de material e informação, sob forte
controle do seu próprio inventário, implicando que esse                  risco de insucesso na operação (SAAB; CORRÊA, 2005).
elo da cadeia precisa operar sob estreita colaboração e                  No caso da cadeia particular considerada, de acordo com
confiança (CORRÊA; CORRÊA, 2006).                                         nossas análises, um dos prováveis motivos identificados
   Apesar do apelo que essa forma de integração possui                   para o insucesso da iniciativa, acompanhada ao longo de
para o fabricante, constata-se, por meio da literatura da                três anos, foi a tentativa de adaptação de um sistema de
área, que o funcionamento do VMI tem sido, no mínimo,                    integração oriundo da cadeia de três níveis (fabricante-
controverso:                                                             varejista-consumidor) a uma cadeia de quatro níveis (fa-
                                                                         bricante-distribuidor-varejista-consumidor). Isso forçou
  Quase um ano após a sua implantação, uma das iniciati-                 o fabricante a abdicar das informações provenientes do
  vas de ECR mais promissoras e arrojadas foi finalizada: a               ponto-de-venda (varejo), concentrando-se apenas nas in-
  cadeia de lojas Spartan anunciou o desligamento do pro-                formações consolidadas e atrasadas de demanda disponí-
  jeto que seus executivos descreveram como VMI. (RYAN,                  veis em seu cliente imediato (distribuidor).
  1995, p. 64).                                                             A busca de alternativas mais promissoras, que cons-
  Oficialmente, a sigla VMI refere-se ao Estoque Gerido pelo              titui a fase (ii) da investigação, resultou na proposta
  Fabricante (Vendor Managed Inventory). No entanto, cer-                apresentada neste artigo, que trata da análise de viabi-
  ca de 15 anos após sua introdução, as iniciais poderiam                lidade, sob várias ópticas, da coordenação do fluxo de
  também significar “Impacto Muito Variado” (Very Mixed                   informação e materiais ser realizada pelo distribuidor
  Impact). Apesar de algumas empresas estarem implemen-                  em substituição ao fabricante, já que sua posição mais
  tando a prática do VMI, outras estão abandonando o con-                central na cadeia de abastecimento de quatro níveis per-
  ceito. (COOKE, 1998, p. 51).                                           mitiria maior facilidade na integração das informações
  Muitos relatos publicados têm descrito os benefícios do                provenientes do varejo.
  VMI, que vão desde lançamentos mais econômicos de
  produtos até menores trocas por vencimento de prazo,
  mas a literatura freqüentemente não explica por que esses              CONCEITOS TEÓRICOS E CARACTERÍSTICAS DO
  benefícios resultam do VMI. Da mesma forma que ocorre                  MERCADO CONSIDERADO
  com outras teorias gerenciais, é difícil distinguir resultados
  reais do exagero, assim como é difícil determinar como                 O termo “distribuidor” refere-se, neste artigo, à segunda
  esses resultados poderiam ser reproduzidos em outras si-               entidade do sistema de quatro níveis, localizada entre o
  tuações. (WALLER et al., 1999, p. 183).                                fabricante e os varejistas, dentro de uma cadeia de abas-



                                                                                                               JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 49
ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR


tecimento de produtos de consumo não durável, e que                           Os 90 anos de desenvolvimento de técnicas de gestão de
opera sob o sistema de distribuição exclusiva (LAMBIN,                        operações voltadas a melhorias de desempenho dentro
2000).                                                                        dos nós das redes de suprimentos fizeram com que os
   Os entes intermediários dos canais – agentes, distri-                      custos marginais das melhorias incrementais de desem-
buidores, atacadistas e varejistas – realizam inúmeras                        penho dentro dos nós atingissem patamares bastante ele-
atividades envolvidas nos processos de trocas livres e                        vados, devido ao efeito da “lei dos retornos decrescentes”.
competitivas, objetivando uma ligação eficaz entre os ex-                      (CORRÊA, 2003, p. 118).
tremos de produção e consumo (ROSENBLOOM, 2002).
Tipicamente, eles se associam a fabricantes de produtos                   Na cadeia, o fluxo principal de produtos, predominan-
diversos formando o complexo agrupamento de institui-                     temente unidirecional, demanda fluxos simultâneos de
ções por meio do qual um sistema de livre mercado rea-                    coordenação, tais como pedidos, pagamentos e princi-
liza a transferência de propriedade de produtos e serviços                palmente informações (LAMBIN, 2000).
(BOWERSOX; CLOSS, 2001).                                                     A administração da cadeia de suprimentos visa pri-
   As cadeias de abastecimento podem ser diretas (do fa-                  mariamente oferecer valor adequado ao consumidor e o
bricante ao consumidor) ou possuir vários níveis inter-                   máximo retorno sobre ativos para os seus participantes
mediários. Souza (2002) afirma haver duas vertentes para                   por meio da gestão efetiva do fluxo de materiais, infor-
justificar a decisão de integrar ou terceirizar um arranjo                 mações e recursos financeiros (REIS, 2003). O Retorno
de canal de marketing: a teoria do agente e a economia                    sobre Ativos (ROA), para qualquer nó da cadeia, resulta
dos custos de transação. A economia proporcionada pela                    do produto entre Margem Líquida e Giro dos Estoques
incorporação de intermediários especializados no canal                    (WALSH, 1996). No caso do distribuidor exclusivo da
é potencialmente grande e está ilustrada no exemplo nu-                   cadeia de quatro níveis que atua com produtos de con-
mérico da Tabela 1.                                                       sumo em um mercado competitivo, a sua Margem Bruta
                                                                          é estabelecida de forma exógena, na medida em que o
A administração da cadeia de abastecimento                                seu Custo da Mercadoria Vendida é, em grande parte,
Melhorar a eficiência de uma cadeia é melhorar a eficiên-                   imposto pelo grande poder de barganha do fabricante e
cia de seus nós (ambiente interno das empresas) e de                      o seu Preço de Venda é determinado pelas condições de
seus elos (interfaces entre duas empresas consecutivas                    concorrência do mercado. O distribuidor, portanto, ne-
na cadeia). Após os movimentos intensos de reorgani-                      cessita operar bem sobre seus Custos Fixos, e o seu Giro
zação interna que caracterizaram os anos 1980 e 1990,                     de Estoques, sobre os quais pode exercer maior nível de
os “retornos decrescentes” dos esforços de reorganiza-                    influência.
ção interna levaram as corporações a voltarem-se para                        Como o Giro de Estoques é avaliado pela razão entre
o ambiente externo:                                                       o fluxo de produtos (Custo da Mercadoria Vendida) e o


Tabela 1 – Exemplo de redução no número de transações – avaliação numérica ilustrativa, usando número de componentes representativo
em cada nível da cadeia de produtos de consumo analisada
  CADEIA DIRETA
       Número de fabricantes (n):                                                                                     3
       Número de pontos de varejo (p):                                                                           1.000
       Número de transações diretas (n x p):                                                                     3.000
 CADEIA INDIRETA
       Número de fabricantes (n):                                                                                     3
       Número de pontos de varejo (p):                                                                           1.000
       Número de distribuidores:                                                                                      1
       Número de transações indiretas (n + p):                                                                   1.003
 ECONOMIA TRANSACIONAL
       Redução no número de transações (n x p) - ( n + p):                                                       1.997



50 •   © RAE   • VOL. 48 • Nº1
JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA


Estoque Médio (também valorado a custo), existe sobre                     Uma cadeia de abastecimento deve ter um elemento que
o distribuidor uma grande pressão econômica para a re-                    una os membros, do contrário a rede terá pouca substân-
dução do seu Estoque Médio. No entanto, o diagrama de                     cia. Em uma situação típica esse elemento é a influência
causa e efeito representado na Figura 1, sugere que um                    da posição. [...] Os membros mais poderosos simplesmen-
eventual esforço direto para reduzir estoques pode, na                    te exercem sua força sobre os participantes mais fracos
verdade, piorar o problema ao longo do tempo; isso su-                    [...], e extraem concessões injustificadas para garantir a
gere que a redução de estoques pode ser mais eficaz se                     continuidade do fornecimento [...]. (POIRIER; REITER,
ocorrer como uma conseqüência da atuação sobre outros                     1997, p. 95).
aspectos de gestão que possam resultar em desempenho
melhor e mais duradouro (ou, em outras palavras, sobre                 Elementos de análise dinâmica
“pontos de maior alavancagem”). Para auxiliar na identi-               As propostas de coordenação e integração são tradicional-
ficação genérica de pontos de maior alavancagem, pode-se                mente justificadas pelas análises estratégicas e financeiras.
recorrer, por exemplo, à pesquisa de Kirkwood (1998),                  No entanto, ao se agruparem diversas empresas na forma
que mostra que modificar os elos de informação em um                    de uma cadeia de abastecimento, os atrasos nos fluxos de
processo de negócios (por exemplo, com maior nível de                  informação e materiais (produtos) dão origem a um fenô-
compartilhamento de informações entre os “nós”) pode                   meno dinâmico marcante, na forma de oscilações, que in-
ter impactos profundos no seu desempenho. Isso sugere                  flui diretamente na sua economia. Do estudo de Forrester
que a solução para maior eficiência do fluxo de material                (1973) surgiu uma melhor compreensão dessas oscilações
pode estar na forma como se realiza e coordena o fluxo                 nos fluxos de capital, pedidos, informações, materiais, pes-
de informação na cadeia de abastecimento.                              soas e bens, que se estabelecem ao longo dos elos de uma
   No entanto, o compartilhamento de informações entre                 cadeia de abastecimento. Em sua homenagem, denomina-
nós de uma cadeia pressupõe a existência de vínculos de                se “efeito Forrester” (LEE; PADMANABHAN; WHANG,
confiança entre os entes, algo que não ocorre em grande                 1997) ao comportamento caracterizado pelo aumento de
número de cadeias, inclusive na cadeia investigada pe-                 variância da demanda nos níveis da rede a montante do
los autores. A situação em que uma das partes domina o                 ponto de consumo quando uma perturbação qualquer é
relacionamento (POIRIER; REITER, 1997) pouco favo-                     introduzida na cadência normal de vendas do varejo.
rece o surgimento de confiança entre os seus elementos,                    Forrester (1973) utilizou, de forma original, uma estru-
pré-requisito para o estabelecimento do fluxo bidirecio-                tura de produção-distribuição de bens de consumo durá-
nal de informação que permite gerar valor por meio da                  veis (eletrodomésticos) para demonstrar numericamente
integração.                                                            como a forma e as políticas organizacionais podem origi-


Figura 1 – A pressão direta para a redução do excesso de estoque é auto-reforçadora

                                                    Pressão Financeira
                                                      para Reduzir o
                                                    Excesso de Estoque
                                                +
                                                                                       –
                              Excesso de                                                Compra de
                               Estoque                                                 Matéria Prima
                                  +
                                                                R                              –
                                                                                       Probabilidade de
                                                                                         faltas iniciais
                             Sobrereação da Cadeia
                               de Abastecimento                                   +
                                              +
                                                                Pedidos-Fantasma
Fonte: STERMAN, 2000.



                                                                                                              JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 51
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nar comportamentos característicos indesejáveis. Como                  as etapas de definição do problema e delimitação de suas
exemplos, pequenas mudanças nas vendas do varejo po-                   fronteiras (KIRKWOOD, 1998). Nesse tipo de diagrama,
dem ensejar grandes flutuações na produção da fábrica; a                estoques, fluxos e informações relevantes representam as
redução dos tempos envolvidos em atrasos administrativos               relações entre as partes de um sistema. Não são relevan-
pode ser insuficiente para melhorar as condições das de-                tes informações detalhadas, tais como os equipamentos
cisões gerenciais; uma fábrica pode ficar impossibilitada               empregados, mas sim as características compartilhadas
de atender pedidos mesmo quando é capaz de produzir                    pelos processos de negócio e seus componentes. Todos
mais bens do que estão sendo vendidos aos consumido-                   esses processos podem ser caracterizados em termos de
res; ou ainda, uma campanha publicitária pode amplifi-                  variáveis de apenas dois tipos: estoques (níveis e acúmu-
car a variância na demanda do nó de produção de forma                  los) e fluxos (taxas). De acordo com Kirkwood (1998),
totalmente imprevista.                                                 décadas de trabalhos práticos confirmam que essa abor-
   Existe, portanto, uma sistemática desenvolvida que                  dagem pode resultar em vantagem competitiva.
permite testar o resultado dinâmico de propostas de co-
ordenação, e isso deveria ser um critério discriminante na             A evolução da cadeia de abastecimento de produtos
avaliação de qualquer proposta de integração para uma                  de consumo no Brasil
cadeia de abastecimento.                                               Com a estabilização da inflação brasileira alcançada com
   Dentre suas diversas conclusões e propostas, Forrester              o conjunto de medidas adotadas por ocasião do Plano
(1973) demonstrou que as oscilações típicas da cadeia po-              Real, em 1994, iniciou-se gradativamente uma mudança
deriam ser reduzidas por meio da diminuição do núme-                   nos hábitos de consumo da população dos grandes cen-
ro de níveis intermediários (distribuidores e varejistas).             tros, e o pequeno varejo independente brasileiro, grada-
Não obstante, decorridos mais de 30 anos da publicação                 tivamente, tornou-se o canal mais importante na distri-
original de seu trabalho, outros autores (ROSENBLOOM,                  buição de bens de consumo no país, escoando mais da
2002) continuam a atribuir aos distribuidores uma fun-                 metade da produção nacional e alcançando crescimento
ção importante na cadeia de distribuição globalizada, em               real de 11% em 2002 e 5,8% em 2003, de acordo com a
parte devido à economia dos custos de transação ilustrada              Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores
anteriormente na Tabela 01.                                            (ABAD, 2003). Os fabricantes chegam de forma direta a
   Uma segunda e mais recente onda de propostas de                     somente 5% dos pontos-de-venda do território nacional.
“desintermediação” de cadeias surgiu com o avanço da                   Dependem, portanto, da cadeia composta para atingir
Internet, que possibilitou o aumento de interação direta               todo o restante, o que demonstra a importância dessa
entre os elementos extremos da cadeia de abastecimento                 atividade para a vascularização do consumo brasileiro
(fabricante e consumidor). No entanto, apesar das in-                  (BAUMGARTEN, 2006).
tensas mudanças, a crença de que a Web eliminaria os                      O pequeno varejista, tradicionalmente atendido de
intermediários dos vários processos de negócios acabou                 forma intermitente por meio de longas e descoordenadas
sendo considerada um dos mitos da Internet, segundo                    cadeias de abastecimento, passou a representar um novo
Albertin (2001). De acordo com o mesmo autor, “[....]                  alvo estratégico, que permitiria aos fabricantes reduzir
a desintermediação que já ocorreu e ainda ocorrerá está                a influência e o poder de barganha das grandes redes de
relacionada com os elos da cadeia que não agregam va-                  varejo, que passaram a consolidar-se a partir dos anos 90
lor e simplesmente unem as duas pontas” (ALBERTIN,                     (PARENTE, 2000). Visando aproveitar essa oportunidade,
2001, p. 93).                                                          alguns fabricantes de bens de consumo estabelecidos no
   O principal legado de Forrester (1973) é a metodologia              Brasil começaram a redesenhar seus sistemas de distri-
para aplicação da Análise Dinâmica de Sistemas ao mun-                 buição (SAAB, 2003), reelegendo o canal de distribuição
do dos negócios. Essa metodologia completa o chamado                   de quatro níveis como um dos destinos prioritários para
“pensamento sistêmico”, que “é um quadro de referência                 investimentos e ampliação de vendas.
conceitual, um conjunto de conhecimentos e ferramentas                    Com o crescimento da importância estratégica dos ca-
desenvolvido ao longo dos últimos cinqüenta anos para                  nais mais longos, os fabricantes tentaram adaptar a esse
esclarecer os padrões como um todo e ajudar-nos a ver                  novo segmento as ferramentas de coordenação existentes
como modificá-los eficazmente” (SENGE, 2002, p. 40).                     (como, por exemplo, o VMI), que haviam sido desenvolvi-
   Na prática do pensamento sistêmico é possível repre-                das, a um grande custo organizacional e financeiro, para o
sentar qualquer processo de negócio por meio de uma                    gerenciamento da interface com as grandes redes varejistas
notação chamada “diagrama de estoque e fluxo”, durante                  (protagonistas de canais mais curtos de distribuição).



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JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA


   O resultado dessa iniciativa de adaptação do VMI a                   distribuidor poderia ser um candidato mais apropriado
canais mais longos não atendeu as expectativas de redu-                 para realizar a coordenação de informações entre os de-
ção de oscilações de demanda nos vários níveis da cadeia                mais entes (ou nós da rede) envolvidos.
de suprimentos analisada, tendo se mantido largamente                       A primeira e mais forte evidência nesse sentido de-
inalterados os perfis de oscilação, mesmo após o inter-                  corre do fato de que tanto o fabricante típico de produ-
valo observado de três anos decorridos da implantação                   tos de consumo como os pontos de varejo fazem parte
da iniciativa.                                                          de dezenas ou até centenas de cadeias de abastecimento
                                                                        distintas, necessárias para entregar produtos de centenas
A proposta de um sistema alternativo ao VMI                             de fabricantes em toda a extensão territorial de grandes
Do ponto de vista da análise dinâmica de sistemas, segre-               países como o Brasil, num arranjo complexo, às vezes
gar o nível do varejo representa uma importante descon-                 denominado rede de suprimentos (ou supply network, na
sideração no desenho de qualquer sistema de informação                  literatura de língua inglesa). Em contraste, o distribuidor
que vise uma integração mais completa da cadeia de abas-                é o ente que participa do menor número de cadeias, e, se
tecimento, já que fica excluída a possibilidade de medir-                for um distribuidor exclusivo, como o caso aqui consi-
se a demanda no ponto onde as suas variações podem                      derado, participa de uma única cadeia de abastecimento
ser detectadas mais cedo. As flutuações de demanda não                   a montante da sua posição.
tratadas na fonte amplificam-se e tornam-se mais difíceis                    Considerando as necessidades de particularização do
de neutralizar a montante da cadeia de abastecimento em                 sistema de informação a cada cadeia específica (devidas,
decorrência do “efeito Forrester” (para detalhes, veja, por             às vezes, a particularidades dos diferentes modelos de ne-
exemplo, LEE; PADMANABHAN; WHANG, 1997).                                gócios envolvidos e, às vezes, a incompatibilidades entre
   Além dessa evidente limitação, Saab e Corrêa (2005)                  os sistemas de informação de diferentes entes envolvidos),
demonstram que a transposição de um sistema de coor-                    o fabricante e o varejista teriam, na prática, mais dificul-
denação de informação entre cadeias de abastecimento                    dade de estabelecer um modelo único de coordenação,
exige a identificação e o ajuste dos novos pontos de ala-                pois participam de numerosas cadeias, enquanto o dis-
vancagem para uma correta operação no novo ambiente.                    tribuidor exclusivo, atuando em apenas uma, estaria em
Isso ajuda a explicar e reforça a afirmação de SIMBARI                   posição privilegiada para fazê-lo.
(1996, p. 94), de que:                                                      Além dessa limitação de ordem prática, o fabricante
                                                                        tem responsabilidades e competências primariamente
  [....] essas iniciativas da indústria – ECR, VMI, CRP e QR –          relacionadas à pesquisa, ao desenvolvimento e à fabri-
  falharam em resolver totalmente as necessidades das com-              cação e, em alguns casos, às atividades de promoção dos
  panhias que produzem e distribuem produtos porque as                  seus produtos, enquanto ao varejo cabe realizar a cada
  iniciativas não foram desenvolvidas especificamente para               vez mais importante atividade de prestação de serviços ao
  indústrias particulares. Essas técnicas não coordenam o               consumidor, com o objetivo de conformar um “pacote de
  processo de oferta-demanda, que é o principal ponto onde              valor” diferenciador dos produtos oferecidos, crescente-
  os fabricantes e os distribuidores precisam coordenar ne-             mente comoditizados (CORRÊA et al., 2007). Por outro
  cessidades e reabastecimentos. Além disso, os processos               lado, como a atividade preponderante do distribuidor é
  não acomodam parceiros comerciais diferentes que usam                 prestar serviços de distribuição para a cadeia em que se
  outros sistemas ou práticas convencionais.                            encontra, esse nó da cadeia nos pareceu ter uma posição
                                                                        privilegiada para exercer a coordenação de fluxos, tanto
Torna-se evidente, portanto, que a integração bem-suce-                 materiais como de informação, já que essa coordenação
dida da cadeia de quatro níveis dependeria da adoção de                 é aparentemente bastante próxima de suas atividades
soluções mais amplas em alguns aspectos (integrando,                    mais centrais.
por exemplo, todos os nós envolvidos) e mais específi-                       Com base na argumentação construída a partir das aná-
cas em outros, para atender as particularidades da cadeia               lises preliminares do caso estudado, o objetivo da pesquisa
em questão.                                                             aqui relatada foi definido como a exploração e análise de
   O projeto de estender o gerenciamento do fluxo de in-                 um modelo alternativo de gestão de cadeias de abasteci-
formações para toda a cadeia de quatro níveis poderia, em               mento de quatro níveis, no qual o distribuidor (e não o
tese, ser coordenado por qualquer uma das entidades que                 fabricante, como ocorre nos mais tradicionais modelos
a constituem, exceto o consumidor. Não obstante, uma                    de VMI) exerce o papel de “coordenador” dos fluxos de
análise preliminar dos nós da cadeia nos sugeriu que o                  informação e de materiais ao longo da cadeia. De forma



                                                                                                             JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 53
ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR


sintética, dentro do novo modelo proposto, denominado                      Propôs-se um novo modelo para avaliação das deci-
de Estoque Gerido pelo Distribuidor (EGD ou Distributor-               sões na cadeia de abastecimento. Inicialmente, verifica-se
Managed Inventory, DMI), o distribuidor passa a (i) ter                se a transformação está alinhada à estratégia da empre-
acesso direto, com alta freqüência, aos dados de deman-                sa e do canal. Em seguida, a transformação é testada em
da dos produtos por ele fornecidos ao varejo; (ii) trans-              uma simulação dinâmica de comportamento da cadeia,
ferir dados de demanda do varejo ao fabricante, também                 e finalmente, a proposta é analisada sob o aspecto eco-
com alta freqüência, para melhor dimensionamento da                    nômico-financeiro, utilizando-se as métricas de Margem
produção; (iii) calcular as quantidades de reposição ne-               de Contribuição e Giro dos Estoques, escolhidas por in-
cessárias nos pontos-de-venda de forma a manter o nível                fluírem diretamente no resultado operacional de todos os
de serviço e giro elevado de estoques, além de garantir o              entes da cadeia e por permitirem mais fácil generalização
nível de estoque de segurança acordado com cada vare-                  do resultado, uma vez que independem da estrutura de
jista; e (iv) considerar tendências macro-regionais, como              custos fixos de qualquer empresa em particular. Esses
sazonalidade, e micro-regionais, identificadas pelos dados              parâmetros não foram estimados com base em projeções
de venda dos demais clientes da mesma micro-região, na                 lineares comuns, mas obtidos diretamente das simulações
determinação das quantidades e tipos de produtos mais                  dinâmicas realizadas.
apropriados para cada loja de varejo. Esse sistema de co-                  Para a avaliação estratégica, empregou-se a tradicional
ordenação pressupõe a existência de uma infra-estrutura                análise das pressões competitivas de Porter (1999) adap-
apropriada de tecnologia de informação, hoje crescen-                  tada para o estudo das pressões competitivas existentes
temente possível e viável, dadas as novas tecnologias de               na interface entre distribuidor e mercado. Além disso,
interconectividade entre empresas.                                     considerou-se também a visão baseada em recursos, com
                                                                       o uso do conceito de “competências centrais” (HAMEL;
                                                                       PRAHALAD, 1994).
METODOLOGIA                                                                Tanto para a análise estratégica como para a econômica,
                                                                       recorreu-se ao estudo de um caso particular como refe-
O procedimento metodológico adotado foi submeter à                     rência. A cadeia analisada é parte de uma rede de abas-
análise, sob diversos aspectos, o modelo de coordena-                  tecimento que envolve um fabricante multinacional de
ção de informações proposto para a cadeia de abasteci-                 produtos de consumo não durável estabelecido há muitas
mento de quatro níveis. O primeiro desafio enfrentado                   décadas no Brasil, um dos seus distribuidores exclusivos
foi quanto à determinação de um modelo para avaliar                    no estado de São Paulo e os varejistas servidos por esse
a proposta.                                                            distribuidor. Em uma reestruturação de seus canais de
   Modelos tradicionais de avaliação de investimentos e                distribuição, realizada pelo fabricante em 2001, os dis-
projetos envolvem estimativas do investimento, do fluxo                 tribuidores foram apontados como parceiros estratégicos
de caixa gerado ao longo da vida útil e da taxa de desconto            na consecução dos objetivos de longo prazo, e com isso
do capital a ser aplicada na estimativa do valor presente              fora iniciado um projeto de conectividade, visando a im-
líquido, considerando basicamente os valores tangíveis                 plantação do Estoque Gerido pelo Fabricante (VMI). Os
na análise. Outras propostas mais modernas (KAPLAN,                    autores tiveram a oportunidade de acompanhar de perto
1986; SAMUELS et al., 1990; BROMWICH; BHIMANI,                         tal transformação, além de terem tido acesso livre a grande
1991) procuram quantificar os valores intangíveis para                  quantidade de dados da cadeia.
incluí-los nas decisões ou ainda garantir que o projeto es-                Para a análise dinâmica, montou-se um modelo ma-
teja alinhado com a estratégia geral da empresa antes, até,            temático da cadeia de quatro níveis, que foi aferido e
da avaliação financeira. Não obstante, nenhum modelo                    submetido a simulações. A montagem do modelo seguiu
apropriado de avaliação para projetos na cadeia de abas-               a metodologia usual em análise dinâmica de sistemas,
tecimento foi encontrado na literatura pesquisada, uma                 com a preparação prévia de um diagrama de relação cau-
vez que nenhum deles se ocupa do impacto que as suas                   sal e de um diagrama de estoque e fluxo, reproduzido na
respostas dinâmicas trariam às dimensões econômicas e                  Figura 2.
financeiras. Além disso, a resposta dinâmica é importante                   Para a simulação numérica, todas as interações entre os
como uma dimensão autônoma, já que qualquer novo ar-                   entes da cadeia previstas no diagrama de estoque e fluxo
ranjo proposto deve conduzir à estabilidade, ou seja, deve             (Figura 2), fossem eles conservativos (estoques) ou não
levar à redução da amplitude e freqüência das oscilações               conservativos (informações), foram transformadas em
de sua demanda, em qualquer de seus nós.                               equações, depois numericamente integradas ao longo de



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JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA


um intervalo de tempo escolhido. Com base nos valores               minado acoplamento “frouxo” da cadeia. Para simular o
iniciais de cada variável, e nas iterações numéricas, foi           DMI, as informações de vendas do varejo chegavam não
possível conhecer os valores intermediários e finais de              apenas de forma direta ao distribuidor, como também com
todas as variáveis de interesse para avaliação do modelo.           elevada freqüência, o que foi denominado acoplamento
Para realizar a operação, recorreu-se ao software VenSim®,          “rígido” da cadeia.
que, além de auxiliar na organização dos diagramas ne-                 O intervalo de tempo selecionado para a simulação
cessários, utiliza o método de Euler (KOPCHENOVA;                   foi de 50 semanas, ao longo das quais se estudaram as
MARON, 1975) para integrar numericamente as equações                respostas dinâmicas da cadeia para as situações de aco-
resultantes do modelo. Tomaram-se os cuidados especí-               plamento frouxo e rígido. Como foram feitas diversas
ficos para garantir a estabilidade do método durante a               simulações preliminares, o critério escolhido para os
integração, como, por exemplo, a escolha apropriada do              estoques iniciais em todos os elos era o mínimo valor
passo temporal frente às constantes de tempo presentes              necessário para não haver faltas durante o período de
no modelo. O modelo final usado no teste foi o décimo                simulação. O estímulo que permitia avaliar a estabili-
sétimo na seqüência de estudos e apresentou pleno fe-               dade e adequação de cada modelo ocorria invariavel-
chamento matemático, isto é, igualdade entre número                 mente na décima semana de cada simulação, na forma
de incógnitas e equações, além de homogeneidade nas                 de um aumento instantâneo de 20% na demanda do
unidades dos estoques e fluxos.                                      consumidor (função degrau ou step function). Apesar
   Uma das principais características do modelo desenvol-           de não representar uma situação freqüente de mercado,
vido foi a sua flexibilidade, que permitiu testar e compa-           um choque instantâneo de consumo dispara todas as
rar as diferentes políticas de administração da cadeia de           freqüências de resposta possíveis em um modelo dinâ-
abastecimento representadas pelo tradicional VMI e pelo             mico (KIRKWOOD, 1998), testando profundamente o
DMI proposto neste trabalho. Para tanto, bastou que se              mesmo quanto à sua robustez. As dez semanas iniciais de
alterasse a freqüência com que as informações eram tro-             simulação tinham a importante tarefa de comprovar que
cadas entre os nós da cadeia. Por exemplo, no caso do               o sistema encontrava-se totalmente em equilíbrio antes
VMI, o fluxo de informações das vendas do varejo chegava             do choque, o que permitia atribuir a ele toda a resposta
ao fabricante apenas indiretamente (por meio das vendas             dinâmica que se seguiria àquele instante, ao longo da
do distribuidor), e com baixa freqüência, o que foi deno-           simulação numérica.



Figura 2 – Diagrama de estoque e fluxo do modelo EGD-DMI proposto para a cadeia de abastecimento particular analisada




                                                                                                       JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 55
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ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS                                            Considerações sobre os potenciais “novos entrantes” e
                                                                       sobre os “concorrentes” do mercado: O aspecto “iniciantes”
Análise estratégica                                                    é também relevante no contexto de mercado analisado.
Quatro das cinco “forças competitivas” de Porter (1999)                Como o fabricante da cadeia analisada estava com a maio-
são particularmente relevantes para a presente análise                 ria dos produtos na fase de “maturidade” do ciclo vida, o
estratégica: o “poder de barganha dos fornecedores”, a                 reinvestimento na linha era muito limitado. Fazer pouco
“ameaça de concorrentes”, a “ameaça de novos entrantes”                investimento significa diferenciar pouco, e, num merca-
no mercado e o “poder de barganha dos clientes”.                       do com baixas barreiras à entrada, isso implica a cessão
   Considerações sobre o poder de barganha dos fornecedo-              progressiva de espaço para iniciantes. O principal risco
res: Com relação ao fornecedor (fabricante), os aspectos               vinha dos concorrentes que se posicionavam na estratégia
estratégicos identificáveis que nele exercem pressão, com               de menor preço, pois a expansão no mercado brasileiro
reflexos diretos em sua interface com o distribuidor, são               de produtos de consumo ocorria principalmente na base
a pressão da corporação por maior rentabilidade na linha               da pirâmide, seja pelo aumento do poder de consumo das
de produtos de consumo da sua subsidiária, com o intuito               classes de menor renda, ou pelo fenômeno de supressão
de financiar outras divisões de produtos em fase de rápi-               da classe média, que realizava a substituição dos produ-
do crescimento; a dificuldade do fabricante em investir                 tos de maior custo. Sob esse aspecto, o DMI novamente
em aumento de produtividade, já que a corporação estava                pode gerar valor para o distribuidor e para o fabricante,
dando, à época do estudo, mais ênfase aos portfólios das               dificultando a entrada de novos concorrentes por meio
suas outras divisões; e a desvantagem cambial.                         da redução do custo total dos produtos.
   A pressão que o fabricante tipicamente enfrenta por                    Considerações sobre o poder de barganha dos clientes: Na
resultados de curto prazo, aliada à relativa inelasticidade            interface com os varejistas, considera-se que o DMI pode
preço–demanda na ponta do consumo, impede que os                       representar elemento integrador e não de tensão entre as
distribuidores da rede de suprimentos aumentem o seu                   partes. Infelizmente, nenhuma pesquisa sobre essa rela-
giro aos níveis necessários, causando assim crises cícli-              ção foi localizada para o mercado nacional. Não obstante,
cas no sistema quando seus membros não são capazes                     Ortenzi (2000) realizou pesquisa no Reino Unido com
de absorver os excedentes fabricados. Essas crises são                 a qual procurou identificar oportunidades de melhoria
tipicamente efeito da instabilidade do modelo de cadeia                na cadeia de abastecimento do segmento de produtos de
“empurrada”, que não alinha estrategicamente o interesse               saúde. Na apresentação dos dados da pesquisa, a autora
de todas as partes.                                                    reporta o ranqueamento dos serviços mais importantes
   Acredita-se poder haver alguma resistência do nó “fa-               prestados pelos distribuidores de acordo com a percepção
bricante” à implantação de um sistema do tipo DMI, que                 de farmácias, conforme se vê na Tabela 2.
lhe retira a capacidade de determinar as quantidades e                    Ortenzi (2000) também reportou as principais defi-
o tempo das operações logísticas, atividades de sua res-               ciências identificadas na operação dos distribuidores,
ponsabilidade no VMI tradicional. No entanto, a médio                  conforme destacado na Tabela 3, com dados da mesma
prazo, a migração da atividade de coordenação dos flu-                  pesquisa.
xos de informação e material para o distribuidor torna                    Devido a semelhanças entre os mercados farmacêuticos
a cadeia “puxada”, permitindo ao fabricante cuidar da                  do Reino Unido e do Brasil, evidenciadas pela pesquisa,
sua competência central (HAMEL; PRAHALAD, 1994),                       decidiu-se pelo uso qualitativo daqueles dados como in-
ou seja, permite focar a redução de custos dos produ-                  dicadores aproximados dos problemas e oportunidades
tos e processos, e a diferenciação contínua exigida dos                do mercado local. Das dimensões avaliadas na pesquisa
participantes do mercado de produtos de consumo não                    de Ortenzi (2000), quatro são diretamente afetadas, de
durável. A longo prazo, o repasse ao consumidor final                   forma positiva, pela proposta do DMI: informação sobre
de parte da redução de custo, obtida pela redução do                   disponibilidade de estoques; freqüência de entrega; trans-
impacto do efeito Forrester e do maior foco do fabri-                  parência nas condições comerciais; e apoio de sistema de
cante na produção pode resultar em aumento da base de                  TI nos negócios. Além disso, a maior deficiência indicada
consumidores e, portanto, em aumento total de vendas.                  pela pesquisa foi a falta de informação sobre produtos e
Portanto, o benefício do DMI para o fabricante, a médio                falta de produtos, cuja redução seria um dos principais
prazo, seria a redução de custo dos produtos e, a longo                objetivos do DMI.
prazo, o aumento das vendas por meio do alargamento                       Considerações sobre as “competências” envolvidas: Em
da base de consumidores.                                               termos de competências, dos três nós analisados da cadeia,



56 •   © RAE   • VOL. 48 • Nº1
JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA


o varejo tem o serviço ao consumidor e o fabricante tem                cadeia, que permite a geração de valor, remete ao concei-
o desenvolvimento de produtos e a produção como com-                   to de ajustamento (fit) de Porter (1999), segundo o qual
petências centrais naturais. A captação de dados, o envio              a estratégia de um negócio deve refletir primeiramente a
de informações ao fabricante, a previsão de demanda, o                 combinação de um conjunto de atividades que atribua
controle e a reposição dos estoques do pequeno varejo                  posição diferenciada à empresa e proporcione a ela uma
surgiriam, então, em conjunto, como competências cen-                  vantagem competitiva sustentável.
trais do distribuidor.                                                     Em síntese, o DMI apresenta indicações de que pode
   A disseminação do sistema DMI pelos pontos-de-                      ser uma proposta de valor estratégico em várias interfaces
venda poderia representar incremento na fidelidade ao                   do mercado com o distribuidor, e não apenas para este,
distribuidor exclusivo e, por conseqüência, ao próprio                 mas potencialmente também para o fabricante e os vare-
fabricante, em decorrência dos serviços que complemen-                 jistas da cadeia de abastecimento. Sua finalidade não seria
tariam o produto, em especial o gerenciamento do esto-                 apenas entregar os produtos necessários e suficientes no
que com garantia de aumento de giro e segurança contra                 momento oportuno, mas também atribuir ao distribuidor a
falta de produtos, o que elevaria a barreira de entrada a              responsabilidade sobre a gestão de estoques do varejo e de
produtos substitutos via outra cadeia de distribuição.                 informações de mercado ao fabricante, liberando recursos
Adicionalmente, a organização peculiar de atividades da                de ambos para cuidarem de suas competências centrais.



Tabela 2 – Ranking da importância dos serviços prestados pelo distribuidor, como percebida pelas farmácias do Reino Unido
                                       SERVIÇO                                                  IMPORTÂNCIA (DE 1 A 5)
  Informação sobre disponibilidade de estoques                                                             4,71
  Entrega pontual                                                                                          4,67
  Freqüência de entrega                                                                                    4,63
  Rapidez de resposta do SAC                                                                               4,57
  Descontos competitivos                                                                                   4,47
  Transparência nas condições comerciais                                                                   4,06
  Apoio de sistema de TI                                                                                   3,83
Fonte: ORTENZI, 2000.



Tabela 3 – Oportunidades para melhoria de serviços por parte dos distribuidores
                        DEFICIÊNCIA DO DISTRIBUIDOR                               PORCENTAGEM DAS FARMÁCIAS PESQUISADAS
                                                                                      ONDE O PROBLEMA FOI DETECTADO
  Falta de informação sobre estoque/ quebra de estoque                                              22,0%
  Baixos descontos para medicamentos genéricos.                                                     8,4%
  Desconhece os descontos                                                                           2,0%
  Serviço ruim ao cliente                                                                           2,0%
  Valor de pedidos mínimo                                                                           1,3%
  Freqüência de fornecimento                                                                        1,3%
  Dá mais atenção às cadeias de varejo de sua propriedade                                           1,3%
  Entregas atrasadas                                                                                1,3%
  Orientação para o lucro e não para o problema dos pacientes                                       1,3%
  Não estabelecida na WEB                                                                           1,3%
Fonte: ORTENZI, 2000.




                                                                                                            JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 57
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Análise dinâmica                                                                                  comportamentos para o estoque do varejo, estoque do
Os resultados da análise dinâmica – segundo passo do                                              distribuidor e produção da fábrica, consideradas três das
critério de avaliação adotado – foram obtidos pela in-                                            variáveis mais importantes para demonstração do valor
tegração temporal do sistema de equações e condições                                              dinâmico e econômico do modelo, foram reproduzidos
de contorno ao longo de 50 semanas de simulação. Os                                               nos gráficos das Figuras 3, 4 e 5.



Figura 3 – Comportamento do estoque do varejo para o VMI e DMI proposto

                                      200


                                      140



                                       80
                                            0         5       10        15        20    25        30        35        40        45        50
                                                                                  Tempo (Semanas)
                                      Estoque do varejo: EGD-DMI                                             peças/semana
                                            Estoque do varejo: VMI                                           peças/semana


Figura 4 – Comportamento do estoque do distribuidor para o VMI e DMI proposto

                                      200


                                      140



                                       80
                                            0         5       10        15        20    25        30    35            40    45        50
                                                                                  Tempo (Semanas)

                                 Estoque do distribuidor: EGD-DMI                                           peças/semana
                                      Estoque do distribuidor: VMI                                          peças/semana


Figura 5 – Comportamento da produção da fábrica para o VMI e DMI proposto

                                            200


                                            140


                                             80
                                                  0       5        10        15        20    25        30        35        40        45        50

                                                                                  Tempo (Semanas)

                                    Produção da fábrica: EGD-DMI                                            peças/semana
                                       EProdução da fábrica: VMI                                            peças/semana



58 •   © RAE   • VOL. 48 • Nº1
JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA


   No caso do VMI, conforme Figura 3, quando sujeito               do de São Paulo, e a escolha da Margem de Contribuição
a um acréscimo de demanda de 20% na semana 10, o                   não apresentaria limitações para generalização da con-
estoque inicial mínimo do varejo necessário para que               clusão a qualquer uma delas, foi necessário estimar as
não haja quebras é de 89 unidades. Como a operação                 diferentes necessidades de Giro de Estoques para os dis-
no modelo DMI é mais estável, bastam 56 unidades de                tribuidores envolvidos em todas essas cadeias, de forma
estoque antes do mesmo choque de demanda. Quando                   a manter-se o potencial de generalização das conclusões
o sistema se estabiliza, por volta da 50a semana, os es-           para, ao menos, todo o Estado.
toques são de 29 unidades no sistema VMI e de apenas                  A análise indireta de alguns dados macroscópicos sobre
13 no DMI.                                                         os demais distribuidores do Estado, disponibilizados pelo
   Para o distribuidor, a Figura 4 indica que o VMI exige          fabricante, permitiu estimar que seus Custos Fixos eram
um estoque inicial mínimo de 108 unidades para não ha-             da ordem de 7% a 11% de seus faturamentos. Ademais,
ver falta com o aumento repentino de 20% na demanda.               seus ativos totais foram estimados entre 50% e 200% do
Já com o modelo DMI, bastam 89 unidades. Quando o                  faturamento mensal de cada um deles, em 2003. Com
sistema se estabiliza, também por volta da 50a semana,             base nesses dados, foi realizado um estudo de sensibilida-
os estoques são de 54 unidades no sistema VMI e de ape-            de (SAAB, 2003), que demonstrou a necessidade do giro
nas 36 no DMI.                                                     situar-se no intervalo [2,14 e 3,80] ao mês. Nesse mesmo
   A Figura 5 demonstra que o fabricante também des-               período, a política de estocagem imposta pelo fabricante
fruta das melhorias do sistema DMI: a produção na                  aos distribuidores estava na faixa de 40 dias de venda, re-
fábrica responde mais cedo à flutuação de demanda                   sultando em giro de 0,75 ao mês, ou seja, de 3 a 5 vezes
e alcança menores picos. A curva de produção torna-                menor que o necessário.
se mais plana, o que representa menores custos de                     A constatação de que na situação inicial havia desen-
produção.                                                          contro entre a necessidade e a realidade do giro nos dis-
                                                                   tribuidores dessa rede de suprimentos específica auxiliou
Análise econômica                                                  a identificação e a compreensão de pelo menos um dos
Considerando-se a Margem Bruta típica de 20% neste tipo            motivos pelos quais não havia alinhamento geral de ob-
de cadeia (SAAB, 2003) e subtraindo-se dela as Despesas            jetivos na rede de suprimentos do fabricante; os distri-
Variáveis (impostos, frete e comissões sobre vendas), a            buidores eram forçados a participar de pelo menos uma
Margem de Contribuição resultante para o distribuidor,             cadeia de abastecimento adicional, com cujos produtos
na linha de produtos do fabricante em questão, era de              pudessem obter Margem de Contribuição compensatória
3,57% sobre o faturamento. Com esse resultado bruto,               ou complementar, e o fabricante buscava implantar um
um distribuidor típico precisa custear as despesas fixas            sistema de informações para coordenar ele próprio a rede
da sua organização, amortizar os investimentos realiza-            de suprimentos.
dos em infra-estrutura e gerar um retorno sobre o inves-              A análise econômica antes e após a implantação do
timento acima do seu custo de oportunidade. Portanto,              modelo, terceiro e último passo da avaliação proposta,
ao longo de um mês de operação, o produto Margem de                foi realizada por meio dos cálculos de estoque e giro para
Contribuição X Giro de Estoques tem que ser suficiente              o distribuidor e o varejo, tendo por base os dados pro-
para custear as suas Despesas Fixas mais o Retorno sobre           venientes da análise dinâmica. Os dados obtidos foram
Ativos esperado.                                                   sintetizados na Tabela 4.
   Considerando que o distribuidor é parte de uma ca-
deia específica de abastecimento, e sob as premissas de
que o relacionamento deveria ser equilibrado e de longo            CONCLUSÕES
prazo, assumiu-se que o Retorno sobre Ativos deveria
ser também semelhante para todos os nós da cadeia. Por             O acompanhamento de um caso real de insucesso na
isso, utilizou-se como valor para o ROA esperado pelo              tentativa de implantação do sistema VMI por três anos
distribuidor o mesmo ROA médio do fabricante, calcula-             em uma cadeia de abastecimento de quatro níveis no se-
do com base nos balanços públicos divulgados para sua              tor de bens de consumo não duráveis indicou a possível
linha de produtos de consumo no triênio 2000-2002, o               inadequação do modelo VMI à cadeia de abastecimento
que resultou em valor anual de 22,13%.                             analisada. Corroborando essa percepção, a pesquisa biblio-
   Como o fabricante apresentava, à época da análise, sete         gráfica indicou a existência de registro de diversos outros
cadeias de abastecimento de quatro níveis em todo o esta-          casos de insucesso. A análise de aplicabilidade do modelo



                                                                                                        JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 59
ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR


à cadeia demonstrou que o VMI subutiliza informações e                 para o fabricante, pois a maior rapidez na identifica-
não aborda suficientemente alguns aspectos conceituais                  ção de flutuações de demanda permitiu uma resposta
e dinâmicos importantes, quando adaptado à cadeia de                   mais rápida do planejamento de produção e de compra
quatro níveis.                                                         de insumos.
   O processo de gestão alternativo proposto, o DMI,                      O sistema DMI, simulado numericamente, integrou de
agregou a integração do ponto-de-venda (varejo) ao sis-                tal forma o distribuidor ao varejista que se assemelhou a
tema de gestão e sua análise estratégica demonstrou que                um encolhimento da cadeia, atendendo, para efeitos prá-
o distribuidor de uma cadeia específica poderia alcançar                ticos, a recomendação original de Forrester (1973) para
uma situação estratégica superior à de referência. Ao as-              redução das flutuações na cadeia sem nenhum prejuízo
sumir a responsabilidade sobre o fluxo de informações e                 à redução do custo de transação proporcionada pela pre-
produtos acabados na cadeia de suprimentos, o distribui-               sença do distribuidor na cadeia.
dor também permitiria aos seus parceiros focar em suas                    O resultado da análise pode ser estendido aos sete
competências centrais.                                                 distribuidores do fabricante usado como caso para es-
   A análise dinâmica da proposta demonstrou que o                     tudo, que atuam no Estado de São Paulo, com pouca –
sistema comportou-se de forma (i) estável (conver-                     ou nenhuma – adaptação, especialmente porque foram
gente); (ii) amorteceu mais rapidamente as flutuações                   consideradas as faixas de despesas fixas e ativos que
típicas da cadeia que apresentaram menor amplitude                     englobam todos eles nas estimativas de ROA e giros
devido à maior velocidade do trânsito de informações;                  necessários.
(iii) permitiu significativas reduções de estoque; e (iv)                  Limitações mais sérias à generalização das conclusões
foi robusto a ponto de permitir à cadeia avaliada en-                  são provenientes (i) dos modelos de relacionamento do
frentar um acréscimo de demanda instantâneo de 20%,                    fluxo de informação e de materiais usados para avaliar o
com estoques 55% menores no varejo e 33% menores                       desempenho do VMI e do DMI entre os entes da Cadeia de
no distribuidor, quando comparada à situação de re-                    Abastecimento e (ii) da falta de uma pesquisa local sobre
ferência (VMI).                                                        os problemas e oportunidades na interface distribuidor–
   A análise econômica, com base na simulação nu-                      varejo no mercado do Estado de São Paulo. Essas ques-
mérica e na necessidade específica da cadeia estudada,                  tões são apontadas como sugestões para prosseguimento
demonstrou que o sistema tem potencial para elevar o                   desse trabalho.
Giro Mensal do Distribuidor a até 13,3. Esse número                       Conforme demonstrado na bibliografia, cada cadeia é
é bastante superior ao intervalo mínimo necessário de                  uma combinação particular e dificilmente reprodutível
[2,14 e 3,80] para os distribuidores do Estado de São                  de muitas atividades, com distintos pontos de alavanca-
Paulo da rede analisada alcançarem o ROA mínimo                        gem dinâmica (SAAB; CORRÊA, 2005). Portanto, não se
necessário com os negócios do fabricante, estimado                     propõe a generalização automática dos resultados aqui
em 22,13% a.a..                                                        apresentados para qualquer outra cadeia de abastecimento
   Como demonstrado pelo resultado da análise dinâ-                    com particularidades de fluxo de informação e materiais
mica (Figuras 3 a 5), seguido da análise econômica, o                  diferentes do modelo proposto.
DMI apresentou vantagens para o varejo cujo giro al-                      Os resultados permitem afirmar, no entanto, que sem-
cançou o limite teórico de 36,9 giros ao mês, e também                 pre que uma cadeia de quatro níveis for candidata a ope-


Tabela 4 – Variação do estoque e giro num modelo de VMI que representa a cadeia específica estudada, e no modelo DMI proposto.
Todas as comparações são feitas na qüinquagésima semana da simulação, portanto, com o sistema estabilizado
                                 SISTEMA ATUAL                        EGF-VMI                                    EGD-DMI
                                  DISTRIBUIDOR              VAREJO            DISTRIBUIDOR            VAREJO          DISTRIBUIDOR
 Vendas (unid./sem.)                   120                    120                  120                    120              120
 Estoques (unidade)                    632                    29                    54                    13               36
 Giro (1/semana)                       0,19                   4,1                  2,2                    9,2              3,3
 Giro (1/mês)                          0,75                  16,6                  8,9                    36,9             13,3



60 •   © RAE   • VOL. 48 • Nº1
JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA


rar sob o VMI, poderá atuar sob o DMI com potenciais                        KAPLAN, R. S. Must CIM be justified by faith alone? Harvard Business
vantagens, pois as diferenças entre os modelos não estão                    Review, p. 87-95, Mar./Apr., 1986.

apenas no desempenho dinâmico e econômico, mas, prin-
                                                                            KIRKWOOD, C. W. System Dynamics Methods: A Quick Introduction.
cipalmente, no próprio conceito de integração da cadeia
                                                                            Version 1- 4/1/1998.
de abastecimento. No DMI, a dinâmica se passa como se
a cadeia de quatro níveis fosse reduzida a uma cadeia de                    LAMBIN, J. J. Market-Driven Management: Strategic & Operational
três níveis, preservando-se, no entanto, a maior geração                    Marketing. London: Macmillan Business, 2000.
de valor da cadeia de quatro níveis e a qualidade da infor-
mação obtida no ponto-de-venda do varejo, minimizando                       LEE, H. L.; PADMANABHAN, V.; WHANG, S. The bullwhip effect in supply
assim as flutuações do sistema.                                              chains. Sloan Management Review, p. 93-102, Spring 1997.


                                                                            MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J . Strategy Safary: A Guide
                                                                            Tour through the Wilds of Strategic Management. New York: The Free
                                                                            Press, 1998.


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HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. Competing for the Future. Boston: Harvard
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revista de administração de empresas, v. 42, n. 2, p. 42-53, 2002.        in the supply chain. Journal of Business Logistics, Oak Brooks, v. 20, n. 1,
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STERMAN, J. D. Business dynamics: systems thinking and modeling for a     WALSH, C. Key Management Ratios. London: FT Pitman Publishing,
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VENSIM. Ventana Systems, Inc. Disponível em <http://www.vensim.com/>.     work for you. Hospital Material Management Quarterly. v. 21, n. 4, p. 59-
Acesso em: 25 abr. 2003.                                                  63, May 2000.




Artigo recebido em 24.04.2006. Artigo aprovado em 10.10.2007.


Joseph Youssif Saab Junior
Professor da Escola de Engenharia Mauá, Instituto Mauá de Tecnologia.
Mestre em Administração de Empresas pela FGV-EAESP.
E-mail: saab@maua.br
Endereço: Instituto Mauá de Tecnologia, Praça Mauá 1, São Caetano do Sul – São Paulo, 09580-900.

Henrique Luiz Corrêa
Professor da Crummer Graduate School of Business, Rollins College.
Doutor em Gestão de Operações pela University of Warwick Business School.
Interesses de pesquisa nas áreas de gestão estratégica de operações e gestão de redes globais de
suprimento.
E-mail: hcorrea@rollins.edu
Endereço: Crummer Graduate School of Business, Rollins College, 1.000 Holt Avenue, Box 2722
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Gestão do estoque pelo distribuidor na cadeia de abastecimento

  • 1. ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR RESUMO Este artigo trata do fluxo de informação e material em uma cadeia de abastecimento de produtos de consumo de quatro níveis. Propõe-se que, pelo menos sob determinadas condições de contorno, os sis- temas de gestão nos quais o distribuidor coordena os fluxos de informação e de produtos acabados na cadeia (aqui denominados Estoque Gerido pelo Distribuidor – EGD ou DMI) têm vantagem em compa- ração com o conceito tradicional de Estoque Gerido pelo Fabricante (EGF ou VMI). Além da avaliação da proposta nas dimensões estratégica e econômica, um modelo de simulação numérica é construído para o estudo do comportamento dinâmico da cadeia. Demonstrou-se que o modelo DMI proporciona posicionamento estratégico e econômico mais sólido ao distribuidor, nas condições analisadas. A análise dinâmica revelou que o modelo é estável, e a simulação permitiu à cadeia específica estudada enfrentar incrementos de 20% da demanda normal com estoques 55% menores no varejo e 33% menores no dis- tribuidor que o modelo VMI de referência. Joseph Youssif Saab Junior EEM-IMT Henrique Luiz Corrêa Crummer ABSTRACT This paper deals with the flow of information and material throughout a four-level fast moving consumer goods (FMCG) supply- chain. We propose that, under certain circumstances, the coordination of information and material flows along the supply chain should be done by the distributor, in an arrangement called Distributor-Managed Inventory (DMI), a significant departure from the more traditional concept of Vendor-Managed Inventory (VMI) model, in which the aforementioned coordination is done by the manufacturer. We analyze the DMI from both the strategic and the economic perspectives and we also analyze its dynamic behavior by using a numerical simulation model which was built for this specific purpose. We demonstrate that the DMI model has advantages over VMI for the management of this four-level supply chain. Our dynamic analysis simulation, for instance, revealed that the DMI model is stable and allowed the studied chain to face increments of 20% of the normal demand level with 55% less inventory at the retail level and 33% less inventory at the distributor level than a reference VMI model. PALAVRAS-CHAVE Cadeia de abastecimento, varejo, estoque gerido pelo distribuidor, análise dinâmica de sistemas, redução de estoques. KEYWORDS Supply chain management, retail, distributor-managed inventory, systems dynamics, inventory reduction. 48 • © RAE • VOL. 48 • Nº1
  • 2. JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA INTRODUÇÃO Por meio da compreensão e do gerenciamento de custos, e do controle do risco mediante negociações cuidadosas, O objetivo básico da integração das cadeias de abasteci- pode-se fazer tanto o VMI como a consignação trabalha- mento é o atendimento pleno à demanda, sem falta nem rem não apenas para o cliente, mas também para o forne- sobra de produtos, o que normalmente inclui um bom cedor. (WILLIAMS, 2000, p. 63). nível de previsibilidade e a minimização das flutuações que caracterizam o seu comportamento dinâmico (LEE; Além da literatura, a observação do esforço frustrado de PADMANABHAN; WHANG, 1997). implantação de um sistema tipo VMI, no estado de São As políticas conhecidas por Troca Eletrônica de Dados Paulo, por iniciativa de um fabricante multinacional de (EDI), Resposta Eficiente ao Consumidor (ECR) e Estoque produtos de consumo, suscitou nos autores o desejo de (i) Gerido pelo Fabricante (VMI) são exemplos de inicia- pesquisar mais profundamente a natureza das interações tivas específicas de integração que visam amenizar tais das cadeias de abastecimento em geral e da cadeia anali- flutuações e fazem parte da tendência geral em direção sada em particular, e (ii) propor um modelo de integração aos movimentos de lean-manufacturing e just-in-time que apresentasse maiores chances de êxito na consecução (STERMAN, 2000). dos seus objetivos. No presente estudo fixou-se particular atenção sobre a Na etapa inicial de investigação (i), dedicada à com- política do VMI, que atribui ao fabricante a tarefa de ge- preensão da dinâmica das cadeias e teste de aplicabilidade renciar o nó imediatamente a jusante da cadeia de abaste- de modelos de integração disponíveis, concluiu-se que cimento, determinando quando e quanto de cada produto nenhum sistema genérico deve ser aplicado a uma cadeia deve ser enviado ao seu cliente imediato. O VMI, portanto, específica sem adaptações para acomodar as particulari- é um sistema no qual o cliente do fabricante abre mão do dades de seus fluxos de material e informação, sob forte controle do seu próprio inventário, implicando que esse risco de insucesso na operação (SAAB; CORRÊA, 2005). elo da cadeia precisa operar sob estreita colaboração e No caso da cadeia particular considerada, de acordo com confiança (CORRÊA; CORRÊA, 2006). nossas análises, um dos prováveis motivos identificados Apesar do apelo que essa forma de integração possui para o insucesso da iniciativa, acompanhada ao longo de para o fabricante, constata-se, por meio da literatura da três anos, foi a tentativa de adaptação de um sistema de área, que o funcionamento do VMI tem sido, no mínimo, integração oriundo da cadeia de três níveis (fabricante- controverso: varejista-consumidor) a uma cadeia de quatro níveis (fa- bricante-distribuidor-varejista-consumidor). Isso forçou Quase um ano após a sua implantação, uma das iniciati- o fabricante a abdicar das informações provenientes do vas de ECR mais promissoras e arrojadas foi finalizada: a ponto-de-venda (varejo), concentrando-se apenas nas in- cadeia de lojas Spartan anunciou o desligamento do pro- formações consolidadas e atrasadas de demanda disponí- jeto que seus executivos descreveram como VMI. (RYAN, veis em seu cliente imediato (distribuidor). 1995, p. 64). A busca de alternativas mais promissoras, que cons- Oficialmente, a sigla VMI refere-se ao Estoque Gerido pelo titui a fase (ii) da investigação, resultou na proposta Fabricante (Vendor Managed Inventory). No entanto, cer- apresentada neste artigo, que trata da análise de viabi- ca de 15 anos após sua introdução, as iniciais poderiam lidade, sob várias ópticas, da coordenação do fluxo de também significar “Impacto Muito Variado” (Very Mixed informação e materiais ser realizada pelo distribuidor Impact). Apesar de algumas empresas estarem implemen- em substituição ao fabricante, já que sua posição mais tando a prática do VMI, outras estão abandonando o con- central na cadeia de abastecimento de quatro níveis per- ceito. (COOKE, 1998, p. 51). mitiria maior facilidade na integração das informações Muitos relatos publicados têm descrito os benefícios do provenientes do varejo. VMI, que vão desde lançamentos mais econômicos de produtos até menores trocas por vencimento de prazo, mas a literatura freqüentemente não explica por que esses CONCEITOS TEÓRICOS E CARACTERÍSTICAS DO benefícios resultam do VMI. Da mesma forma que ocorre MERCADO CONSIDERADO com outras teorias gerenciais, é difícil distinguir resultados reais do exagero, assim como é difícil determinar como O termo “distribuidor” refere-se, neste artigo, à segunda esses resultados poderiam ser reproduzidos em outras si- entidade do sistema de quatro níveis, localizada entre o tuações. (WALLER et al., 1999, p. 183). fabricante e os varejistas, dentro de uma cadeia de abas- JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 49
  • 3. ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR tecimento de produtos de consumo não durável, e que Os 90 anos de desenvolvimento de técnicas de gestão de opera sob o sistema de distribuição exclusiva (LAMBIN, operações voltadas a melhorias de desempenho dentro 2000). dos nós das redes de suprimentos fizeram com que os Os entes intermediários dos canais – agentes, distri- custos marginais das melhorias incrementais de desem- buidores, atacadistas e varejistas – realizam inúmeras penho dentro dos nós atingissem patamares bastante ele- atividades envolvidas nos processos de trocas livres e vados, devido ao efeito da “lei dos retornos decrescentes”. competitivas, objetivando uma ligação eficaz entre os ex- (CORRÊA, 2003, p. 118). tremos de produção e consumo (ROSENBLOOM, 2002). Tipicamente, eles se associam a fabricantes de produtos Na cadeia, o fluxo principal de produtos, predominan- diversos formando o complexo agrupamento de institui- temente unidirecional, demanda fluxos simultâneos de ções por meio do qual um sistema de livre mercado rea- coordenação, tais como pedidos, pagamentos e princi- liza a transferência de propriedade de produtos e serviços palmente informações (LAMBIN, 2000). (BOWERSOX; CLOSS, 2001). A administração da cadeia de suprimentos visa pri- As cadeias de abastecimento podem ser diretas (do fa- mariamente oferecer valor adequado ao consumidor e o bricante ao consumidor) ou possuir vários níveis inter- máximo retorno sobre ativos para os seus participantes mediários. Souza (2002) afirma haver duas vertentes para por meio da gestão efetiva do fluxo de materiais, infor- justificar a decisão de integrar ou terceirizar um arranjo mações e recursos financeiros (REIS, 2003). O Retorno de canal de marketing: a teoria do agente e a economia sobre Ativos (ROA), para qualquer nó da cadeia, resulta dos custos de transação. A economia proporcionada pela do produto entre Margem Líquida e Giro dos Estoques incorporação de intermediários especializados no canal (WALSH, 1996). No caso do distribuidor exclusivo da é potencialmente grande e está ilustrada no exemplo nu- cadeia de quatro níveis que atua com produtos de con- mérico da Tabela 1. sumo em um mercado competitivo, a sua Margem Bruta é estabelecida de forma exógena, na medida em que o A administração da cadeia de abastecimento seu Custo da Mercadoria Vendida é, em grande parte, Melhorar a eficiência de uma cadeia é melhorar a eficiên- imposto pelo grande poder de barganha do fabricante e cia de seus nós (ambiente interno das empresas) e de o seu Preço de Venda é determinado pelas condições de seus elos (interfaces entre duas empresas consecutivas concorrência do mercado. O distribuidor, portanto, ne- na cadeia). Após os movimentos intensos de reorgani- cessita operar bem sobre seus Custos Fixos, e o seu Giro zação interna que caracterizaram os anos 1980 e 1990, de Estoques, sobre os quais pode exercer maior nível de os “retornos decrescentes” dos esforços de reorganiza- influência. ção interna levaram as corporações a voltarem-se para Como o Giro de Estoques é avaliado pela razão entre o ambiente externo: o fluxo de produtos (Custo da Mercadoria Vendida) e o Tabela 1 – Exemplo de redução no número de transações – avaliação numérica ilustrativa, usando número de componentes representativo em cada nível da cadeia de produtos de consumo analisada CADEIA DIRETA Número de fabricantes (n): 3 Número de pontos de varejo (p): 1.000 Número de transações diretas (n x p): 3.000 CADEIA INDIRETA Número de fabricantes (n): 3 Número de pontos de varejo (p): 1.000 Número de distribuidores: 1 Número de transações indiretas (n + p): 1.003 ECONOMIA TRANSACIONAL Redução no número de transações (n x p) - ( n + p): 1.997 50 • © RAE • VOL. 48 • Nº1
  • 4. JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA Estoque Médio (também valorado a custo), existe sobre Uma cadeia de abastecimento deve ter um elemento que o distribuidor uma grande pressão econômica para a re- una os membros, do contrário a rede terá pouca substân- dução do seu Estoque Médio. No entanto, o diagrama de cia. Em uma situação típica esse elemento é a influência causa e efeito representado na Figura 1, sugere que um da posição. [...] Os membros mais poderosos simplesmen- eventual esforço direto para reduzir estoques pode, na te exercem sua força sobre os participantes mais fracos verdade, piorar o problema ao longo do tempo; isso su- [...], e extraem concessões injustificadas para garantir a gere que a redução de estoques pode ser mais eficaz se continuidade do fornecimento [...]. (POIRIER; REITER, ocorrer como uma conseqüência da atuação sobre outros 1997, p. 95). aspectos de gestão que possam resultar em desempenho melhor e mais duradouro (ou, em outras palavras, sobre Elementos de análise dinâmica “pontos de maior alavancagem”). Para auxiliar na identi- As propostas de coordenação e integração são tradicional- ficação genérica de pontos de maior alavancagem, pode-se mente justificadas pelas análises estratégicas e financeiras. recorrer, por exemplo, à pesquisa de Kirkwood (1998), No entanto, ao se agruparem diversas empresas na forma que mostra que modificar os elos de informação em um de uma cadeia de abastecimento, os atrasos nos fluxos de processo de negócios (por exemplo, com maior nível de informação e materiais (produtos) dão origem a um fenô- compartilhamento de informações entre os “nós”) pode meno dinâmico marcante, na forma de oscilações, que in- ter impactos profundos no seu desempenho. Isso sugere flui diretamente na sua economia. Do estudo de Forrester que a solução para maior eficiência do fluxo de material (1973) surgiu uma melhor compreensão dessas oscilações pode estar na forma como se realiza e coordena o fluxo nos fluxos de capital, pedidos, informações, materiais, pes- de informação na cadeia de abastecimento. soas e bens, que se estabelecem ao longo dos elos de uma No entanto, o compartilhamento de informações entre cadeia de abastecimento. Em sua homenagem, denomina- nós de uma cadeia pressupõe a existência de vínculos de se “efeito Forrester” (LEE; PADMANABHAN; WHANG, confiança entre os entes, algo que não ocorre em grande 1997) ao comportamento caracterizado pelo aumento de número de cadeias, inclusive na cadeia investigada pe- variância da demanda nos níveis da rede a montante do los autores. A situação em que uma das partes domina o ponto de consumo quando uma perturbação qualquer é relacionamento (POIRIER; REITER, 1997) pouco favo- introduzida na cadência normal de vendas do varejo. rece o surgimento de confiança entre os seus elementos, Forrester (1973) utilizou, de forma original, uma estru- pré-requisito para o estabelecimento do fluxo bidirecio- tura de produção-distribuição de bens de consumo durá- nal de informação que permite gerar valor por meio da veis (eletrodomésticos) para demonstrar numericamente integração. como a forma e as políticas organizacionais podem origi- Figura 1 – A pressão direta para a redução do excesso de estoque é auto-reforçadora Pressão Financeira para Reduzir o Excesso de Estoque + – Excesso de Compra de Estoque Matéria Prima + R – Probabilidade de faltas iniciais Sobrereação da Cadeia de Abastecimento + + Pedidos-Fantasma Fonte: STERMAN, 2000. JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 51
  • 5. ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR nar comportamentos característicos indesejáveis. Como as etapas de definição do problema e delimitação de suas exemplos, pequenas mudanças nas vendas do varejo po- fronteiras (KIRKWOOD, 1998). Nesse tipo de diagrama, dem ensejar grandes flutuações na produção da fábrica; a estoques, fluxos e informações relevantes representam as redução dos tempos envolvidos em atrasos administrativos relações entre as partes de um sistema. Não são relevan- pode ser insuficiente para melhorar as condições das de- tes informações detalhadas, tais como os equipamentos cisões gerenciais; uma fábrica pode ficar impossibilitada empregados, mas sim as características compartilhadas de atender pedidos mesmo quando é capaz de produzir pelos processos de negócio e seus componentes. Todos mais bens do que estão sendo vendidos aos consumido- esses processos podem ser caracterizados em termos de res; ou ainda, uma campanha publicitária pode amplifi- variáveis de apenas dois tipos: estoques (níveis e acúmu- car a variância na demanda do nó de produção de forma los) e fluxos (taxas). De acordo com Kirkwood (1998), totalmente imprevista. décadas de trabalhos práticos confirmam que essa abor- Existe, portanto, uma sistemática desenvolvida que dagem pode resultar em vantagem competitiva. permite testar o resultado dinâmico de propostas de co- ordenação, e isso deveria ser um critério discriminante na A evolução da cadeia de abastecimento de produtos avaliação de qualquer proposta de integração para uma de consumo no Brasil cadeia de abastecimento. Com a estabilização da inflação brasileira alcançada com Dentre suas diversas conclusões e propostas, Forrester o conjunto de medidas adotadas por ocasião do Plano (1973) demonstrou que as oscilações típicas da cadeia po- Real, em 1994, iniciou-se gradativamente uma mudança deriam ser reduzidas por meio da diminuição do núme- nos hábitos de consumo da população dos grandes cen- ro de níveis intermediários (distribuidores e varejistas). tros, e o pequeno varejo independente brasileiro, grada- Não obstante, decorridos mais de 30 anos da publicação tivamente, tornou-se o canal mais importante na distri- original de seu trabalho, outros autores (ROSENBLOOM, buição de bens de consumo no país, escoando mais da 2002) continuam a atribuir aos distribuidores uma fun- metade da produção nacional e alcançando crescimento ção importante na cadeia de distribuição globalizada, em real de 11% em 2002 e 5,8% em 2003, de acordo com a parte devido à economia dos custos de transação ilustrada Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores anteriormente na Tabela 01. (ABAD, 2003). Os fabricantes chegam de forma direta a Uma segunda e mais recente onda de propostas de somente 5% dos pontos-de-venda do território nacional. “desintermediação” de cadeias surgiu com o avanço da Dependem, portanto, da cadeia composta para atingir Internet, que possibilitou o aumento de interação direta todo o restante, o que demonstra a importância dessa entre os elementos extremos da cadeia de abastecimento atividade para a vascularização do consumo brasileiro (fabricante e consumidor). No entanto, apesar das in- (BAUMGARTEN, 2006). tensas mudanças, a crença de que a Web eliminaria os O pequeno varejista, tradicionalmente atendido de intermediários dos vários processos de negócios acabou forma intermitente por meio de longas e descoordenadas sendo considerada um dos mitos da Internet, segundo cadeias de abastecimento, passou a representar um novo Albertin (2001). De acordo com o mesmo autor, “[....] alvo estratégico, que permitiria aos fabricantes reduzir a desintermediação que já ocorreu e ainda ocorrerá está a influência e o poder de barganha das grandes redes de relacionada com os elos da cadeia que não agregam va- varejo, que passaram a consolidar-se a partir dos anos 90 lor e simplesmente unem as duas pontas” (ALBERTIN, (PARENTE, 2000). Visando aproveitar essa oportunidade, 2001, p. 93). alguns fabricantes de bens de consumo estabelecidos no O principal legado de Forrester (1973) é a metodologia Brasil começaram a redesenhar seus sistemas de distri- para aplicação da Análise Dinâmica de Sistemas ao mun- buição (SAAB, 2003), reelegendo o canal de distribuição do dos negócios. Essa metodologia completa o chamado de quatro níveis como um dos destinos prioritários para “pensamento sistêmico”, que “é um quadro de referência investimentos e ampliação de vendas. conceitual, um conjunto de conhecimentos e ferramentas Com o crescimento da importância estratégica dos ca- desenvolvido ao longo dos últimos cinqüenta anos para nais mais longos, os fabricantes tentaram adaptar a esse esclarecer os padrões como um todo e ajudar-nos a ver novo segmento as ferramentas de coordenação existentes como modificá-los eficazmente” (SENGE, 2002, p. 40). (como, por exemplo, o VMI), que haviam sido desenvolvi- Na prática do pensamento sistêmico é possível repre- das, a um grande custo organizacional e financeiro, para o sentar qualquer processo de negócio por meio de uma gerenciamento da interface com as grandes redes varejistas notação chamada “diagrama de estoque e fluxo”, durante (protagonistas de canais mais curtos de distribuição). 52 • © RAE • VOL. 48 • Nº1
  • 6. JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA O resultado dessa iniciativa de adaptação do VMI a distribuidor poderia ser um candidato mais apropriado canais mais longos não atendeu as expectativas de redu- para realizar a coordenação de informações entre os de- ção de oscilações de demanda nos vários níveis da cadeia mais entes (ou nós da rede) envolvidos. de suprimentos analisada, tendo se mantido largamente A primeira e mais forte evidência nesse sentido de- inalterados os perfis de oscilação, mesmo após o inter- corre do fato de que tanto o fabricante típico de produ- valo observado de três anos decorridos da implantação tos de consumo como os pontos de varejo fazem parte da iniciativa. de dezenas ou até centenas de cadeias de abastecimento distintas, necessárias para entregar produtos de centenas A proposta de um sistema alternativo ao VMI de fabricantes em toda a extensão territorial de grandes Do ponto de vista da análise dinâmica de sistemas, segre- países como o Brasil, num arranjo complexo, às vezes gar o nível do varejo representa uma importante descon- denominado rede de suprimentos (ou supply network, na sideração no desenho de qualquer sistema de informação literatura de língua inglesa). Em contraste, o distribuidor que vise uma integração mais completa da cadeia de abas- é o ente que participa do menor número de cadeias, e, se tecimento, já que fica excluída a possibilidade de medir- for um distribuidor exclusivo, como o caso aqui consi- se a demanda no ponto onde as suas variações podem derado, participa de uma única cadeia de abastecimento ser detectadas mais cedo. As flutuações de demanda não a montante da sua posição. tratadas na fonte amplificam-se e tornam-se mais difíceis Considerando as necessidades de particularização do de neutralizar a montante da cadeia de abastecimento em sistema de informação a cada cadeia específica (devidas, decorrência do “efeito Forrester” (para detalhes, veja, por às vezes, a particularidades dos diferentes modelos de ne- exemplo, LEE; PADMANABHAN; WHANG, 1997). gócios envolvidos e, às vezes, a incompatibilidades entre Além dessa evidente limitação, Saab e Corrêa (2005) os sistemas de informação de diferentes entes envolvidos), demonstram que a transposição de um sistema de coor- o fabricante e o varejista teriam, na prática, mais dificul- denação de informação entre cadeias de abastecimento dade de estabelecer um modelo único de coordenação, exige a identificação e o ajuste dos novos pontos de ala- pois participam de numerosas cadeias, enquanto o dis- vancagem para uma correta operação no novo ambiente. tribuidor exclusivo, atuando em apenas uma, estaria em Isso ajuda a explicar e reforça a afirmação de SIMBARI posição privilegiada para fazê-lo. (1996, p. 94), de que: Além dessa limitação de ordem prática, o fabricante tem responsabilidades e competências primariamente [....] essas iniciativas da indústria – ECR, VMI, CRP e QR – relacionadas à pesquisa, ao desenvolvimento e à fabri- falharam em resolver totalmente as necessidades das com- cação e, em alguns casos, às atividades de promoção dos panhias que produzem e distribuem produtos porque as seus produtos, enquanto ao varejo cabe realizar a cada iniciativas não foram desenvolvidas especificamente para vez mais importante atividade de prestação de serviços ao indústrias particulares. Essas técnicas não coordenam o consumidor, com o objetivo de conformar um “pacote de processo de oferta-demanda, que é o principal ponto onde valor” diferenciador dos produtos oferecidos, crescente- os fabricantes e os distribuidores precisam coordenar ne- mente comoditizados (CORRÊA et al., 2007). Por outro cessidades e reabastecimentos. Além disso, os processos lado, como a atividade preponderante do distribuidor é não acomodam parceiros comerciais diferentes que usam prestar serviços de distribuição para a cadeia em que se outros sistemas ou práticas convencionais. encontra, esse nó da cadeia nos pareceu ter uma posição privilegiada para exercer a coordenação de fluxos, tanto Torna-se evidente, portanto, que a integração bem-suce- materiais como de informação, já que essa coordenação dida da cadeia de quatro níveis dependeria da adoção de é aparentemente bastante próxima de suas atividades soluções mais amplas em alguns aspectos (integrando, mais centrais. por exemplo, todos os nós envolvidos) e mais específi- Com base na argumentação construída a partir das aná- cas em outros, para atender as particularidades da cadeia lises preliminares do caso estudado, o objetivo da pesquisa em questão. aqui relatada foi definido como a exploração e análise de O projeto de estender o gerenciamento do fluxo de in- um modelo alternativo de gestão de cadeias de abasteci- formações para toda a cadeia de quatro níveis poderia, em mento de quatro níveis, no qual o distribuidor (e não o tese, ser coordenado por qualquer uma das entidades que fabricante, como ocorre nos mais tradicionais modelos a constituem, exceto o consumidor. Não obstante, uma de VMI) exerce o papel de “coordenador” dos fluxos de análise preliminar dos nós da cadeia nos sugeriu que o informação e de materiais ao longo da cadeia. De forma JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 53
  • 7. ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR sintética, dentro do novo modelo proposto, denominado Propôs-se um novo modelo para avaliação das deci- de Estoque Gerido pelo Distribuidor (EGD ou Distributor- sões na cadeia de abastecimento. Inicialmente, verifica-se Managed Inventory, DMI), o distribuidor passa a (i) ter se a transformação está alinhada à estratégia da empre- acesso direto, com alta freqüência, aos dados de deman- sa e do canal. Em seguida, a transformação é testada em da dos produtos por ele fornecidos ao varejo; (ii) trans- uma simulação dinâmica de comportamento da cadeia, ferir dados de demanda do varejo ao fabricante, também e finalmente, a proposta é analisada sob o aspecto eco- com alta freqüência, para melhor dimensionamento da nômico-financeiro, utilizando-se as métricas de Margem produção; (iii) calcular as quantidades de reposição ne- de Contribuição e Giro dos Estoques, escolhidas por in- cessárias nos pontos-de-venda de forma a manter o nível fluírem diretamente no resultado operacional de todos os de serviço e giro elevado de estoques, além de garantir o entes da cadeia e por permitirem mais fácil generalização nível de estoque de segurança acordado com cada vare- do resultado, uma vez que independem da estrutura de jista; e (iv) considerar tendências macro-regionais, como custos fixos de qualquer empresa em particular. Esses sazonalidade, e micro-regionais, identificadas pelos dados parâmetros não foram estimados com base em projeções de venda dos demais clientes da mesma micro-região, na lineares comuns, mas obtidos diretamente das simulações determinação das quantidades e tipos de produtos mais dinâmicas realizadas. apropriados para cada loja de varejo. Esse sistema de co- Para a avaliação estratégica, empregou-se a tradicional ordenação pressupõe a existência de uma infra-estrutura análise das pressões competitivas de Porter (1999) adap- apropriada de tecnologia de informação, hoje crescen- tada para o estudo das pressões competitivas existentes temente possível e viável, dadas as novas tecnologias de na interface entre distribuidor e mercado. Além disso, interconectividade entre empresas. considerou-se também a visão baseada em recursos, com o uso do conceito de “competências centrais” (HAMEL; PRAHALAD, 1994). METODOLOGIA Tanto para a análise estratégica como para a econômica, recorreu-se ao estudo de um caso particular como refe- O procedimento metodológico adotado foi submeter à rência. A cadeia analisada é parte de uma rede de abas- análise, sob diversos aspectos, o modelo de coordena- tecimento que envolve um fabricante multinacional de ção de informações proposto para a cadeia de abasteci- produtos de consumo não durável estabelecido há muitas mento de quatro níveis. O primeiro desafio enfrentado décadas no Brasil, um dos seus distribuidores exclusivos foi quanto à determinação de um modelo para avaliar no estado de São Paulo e os varejistas servidos por esse a proposta. distribuidor. Em uma reestruturação de seus canais de Modelos tradicionais de avaliação de investimentos e distribuição, realizada pelo fabricante em 2001, os dis- projetos envolvem estimativas do investimento, do fluxo tribuidores foram apontados como parceiros estratégicos de caixa gerado ao longo da vida útil e da taxa de desconto na consecução dos objetivos de longo prazo, e com isso do capital a ser aplicada na estimativa do valor presente fora iniciado um projeto de conectividade, visando a im- líquido, considerando basicamente os valores tangíveis plantação do Estoque Gerido pelo Fabricante (VMI). Os na análise. Outras propostas mais modernas (KAPLAN, autores tiveram a oportunidade de acompanhar de perto 1986; SAMUELS et al., 1990; BROMWICH; BHIMANI, tal transformação, além de terem tido acesso livre a grande 1991) procuram quantificar os valores intangíveis para quantidade de dados da cadeia. incluí-los nas decisões ou ainda garantir que o projeto es- Para a análise dinâmica, montou-se um modelo ma- teja alinhado com a estratégia geral da empresa antes, até, temático da cadeia de quatro níveis, que foi aferido e da avaliação financeira. Não obstante, nenhum modelo submetido a simulações. A montagem do modelo seguiu apropriado de avaliação para projetos na cadeia de abas- a metodologia usual em análise dinâmica de sistemas, tecimento foi encontrado na literatura pesquisada, uma com a preparação prévia de um diagrama de relação cau- vez que nenhum deles se ocupa do impacto que as suas sal e de um diagrama de estoque e fluxo, reproduzido na respostas dinâmicas trariam às dimensões econômicas e Figura 2. financeiras. Além disso, a resposta dinâmica é importante Para a simulação numérica, todas as interações entre os como uma dimensão autônoma, já que qualquer novo ar- entes da cadeia previstas no diagrama de estoque e fluxo ranjo proposto deve conduzir à estabilidade, ou seja, deve (Figura 2), fossem eles conservativos (estoques) ou não levar à redução da amplitude e freqüência das oscilações conservativos (informações), foram transformadas em de sua demanda, em qualquer de seus nós. equações, depois numericamente integradas ao longo de 54 • © RAE • VOL. 48 • Nº1
  • 8. JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA um intervalo de tempo escolhido. Com base nos valores minado acoplamento “frouxo” da cadeia. Para simular o iniciais de cada variável, e nas iterações numéricas, foi DMI, as informações de vendas do varejo chegavam não possível conhecer os valores intermediários e finais de apenas de forma direta ao distribuidor, como também com todas as variáveis de interesse para avaliação do modelo. elevada freqüência, o que foi denominado acoplamento Para realizar a operação, recorreu-se ao software VenSim®, “rígido” da cadeia. que, além de auxiliar na organização dos diagramas ne- O intervalo de tempo selecionado para a simulação cessários, utiliza o método de Euler (KOPCHENOVA; foi de 50 semanas, ao longo das quais se estudaram as MARON, 1975) para integrar numericamente as equações respostas dinâmicas da cadeia para as situações de aco- resultantes do modelo. Tomaram-se os cuidados especí- plamento frouxo e rígido. Como foram feitas diversas ficos para garantir a estabilidade do método durante a simulações preliminares, o critério escolhido para os integração, como, por exemplo, a escolha apropriada do estoques iniciais em todos os elos era o mínimo valor passo temporal frente às constantes de tempo presentes necessário para não haver faltas durante o período de no modelo. O modelo final usado no teste foi o décimo simulação. O estímulo que permitia avaliar a estabili- sétimo na seqüência de estudos e apresentou pleno fe- dade e adequação de cada modelo ocorria invariavel- chamento matemático, isto é, igualdade entre número mente na décima semana de cada simulação, na forma de incógnitas e equações, além de homogeneidade nas de um aumento instantâneo de 20% na demanda do unidades dos estoques e fluxos. consumidor (função degrau ou step function). Apesar Uma das principais características do modelo desenvol- de não representar uma situação freqüente de mercado, vido foi a sua flexibilidade, que permitiu testar e compa- um choque instantâneo de consumo dispara todas as rar as diferentes políticas de administração da cadeia de freqüências de resposta possíveis em um modelo dinâ- abastecimento representadas pelo tradicional VMI e pelo mico (KIRKWOOD, 1998), testando profundamente o DMI proposto neste trabalho. Para tanto, bastou que se mesmo quanto à sua robustez. As dez semanas iniciais de alterasse a freqüência com que as informações eram tro- simulação tinham a importante tarefa de comprovar que cadas entre os nós da cadeia. Por exemplo, no caso do o sistema encontrava-se totalmente em equilíbrio antes VMI, o fluxo de informações das vendas do varejo chegava do choque, o que permitia atribuir a ele toda a resposta ao fabricante apenas indiretamente (por meio das vendas dinâmica que se seguiria àquele instante, ao longo da do distribuidor), e com baixa freqüência, o que foi deno- simulação numérica. Figura 2 – Diagrama de estoque e fluxo do modelo EGD-DMI proposto para a cadeia de abastecimento particular analisada JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 55
  • 9. ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS Considerações sobre os potenciais “novos entrantes” e sobre os “concorrentes” do mercado: O aspecto “iniciantes” Análise estratégica é também relevante no contexto de mercado analisado. Quatro das cinco “forças competitivas” de Porter (1999) Como o fabricante da cadeia analisada estava com a maio- são particularmente relevantes para a presente análise ria dos produtos na fase de “maturidade” do ciclo vida, o estratégica: o “poder de barganha dos fornecedores”, a reinvestimento na linha era muito limitado. Fazer pouco “ameaça de concorrentes”, a “ameaça de novos entrantes” investimento significa diferenciar pouco, e, num merca- no mercado e o “poder de barganha dos clientes”. do com baixas barreiras à entrada, isso implica a cessão Considerações sobre o poder de barganha dos fornecedo- progressiva de espaço para iniciantes. O principal risco res: Com relação ao fornecedor (fabricante), os aspectos vinha dos concorrentes que se posicionavam na estratégia estratégicos identificáveis que nele exercem pressão, com de menor preço, pois a expansão no mercado brasileiro reflexos diretos em sua interface com o distribuidor, são de produtos de consumo ocorria principalmente na base a pressão da corporação por maior rentabilidade na linha da pirâmide, seja pelo aumento do poder de consumo das de produtos de consumo da sua subsidiária, com o intuito classes de menor renda, ou pelo fenômeno de supressão de financiar outras divisões de produtos em fase de rápi- da classe média, que realizava a substituição dos produ- do crescimento; a dificuldade do fabricante em investir tos de maior custo. Sob esse aspecto, o DMI novamente em aumento de produtividade, já que a corporação estava pode gerar valor para o distribuidor e para o fabricante, dando, à época do estudo, mais ênfase aos portfólios das dificultando a entrada de novos concorrentes por meio suas outras divisões; e a desvantagem cambial. da redução do custo total dos produtos. A pressão que o fabricante tipicamente enfrenta por Considerações sobre o poder de barganha dos clientes: Na resultados de curto prazo, aliada à relativa inelasticidade interface com os varejistas, considera-se que o DMI pode preço–demanda na ponta do consumo, impede que os representar elemento integrador e não de tensão entre as distribuidores da rede de suprimentos aumentem o seu partes. Infelizmente, nenhuma pesquisa sobre essa rela- giro aos níveis necessários, causando assim crises cícli- ção foi localizada para o mercado nacional. Não obstante, cas no sistema quando seus membros não são capazes Ortenzi (2000) realizou pesquisa no Reino Unido com de absorver os excedentes fabricados. Essas crises são a qual procurou identificar oportunidades de melhoria tipicamente efeito da instabilidade do modelo de cadeia na cadeia de abastecimento do segmento de produtos de “empurrada”, que não alinha estrategicamente o interesse saúde. Na apresentação dos dados da pesquisa, a autora de todas as partes. reporta o ranqueamento dos serviços mais importantes Acredita-se poder haver alguma resistência do nó “fa- prestados pelos distribuidores de acordo com a percepção bricante” à implantação de um sistema do tipo DMI, que de farmácias, conforme se vê na Tabela 2. lhe retira a capacidade de determinar as quantidades e Ortenzi (2000) também reportou as principais defi- o tempo das operações logísticas, atividades de sua res- ciências identificadas na operação dos distribuidores, ponsabilidade no VMI tradicional. No entanto, a médio conforme destacado na Tabela 3, com dados da mesma prazo, a migração da atividade de coordenação dos flu- pesquisa. xos de informação e material para o distribuidor torna Devido a semelhanças entre os mercados farmacêuticos a cadeia “puxada”, permitindo ao fabricante cuidar da do Reino Unido e do Brasil, evidenciadas pela pesquisa, sua competência central (HAMEL; PRAHALAD, 1994), decidiu-se pelo uso qualitativo daqueles dados como in- ou seja, permite focar a redução de custos dos produ- dicadores aproximados dos problemas e oportunidades tos e processos, e a diferenciação contínua exigida dos do mercado local. Das dimensões avaliadas na pesquisa participantes do mercado de produtos de consumo não de Ortenzi (2000), quatro são diretamente afetadas, de durável. A longo prazo, o repasse ao consumidor final forma positiva, pela proposta do DMI: informação sobre de parte da redução de custo, obtida pela redução do disponibilidade de estoques; freqüência de entrega; trans- impacto do efeito Forrester e do maior foco do fabri- parência nas condições comerciais; e apoio de sistema de cante na produção pode resultar em aumento da base de TI nos negócios. Além disso, a maior deficiência indicada consumidores e, portanto, em aumento total de vendas. pela pesquisa foi a falta de informação sobre produtos e Portanto, o benefício do DMI para o fabricante, a médio falta de produtos, cuja redução seria um dos principais prazo, seria a redução de custo dos produtos e, a longo objetivos do DMI. prazo, o aumento das vendas por meio do alargamento Considerações sobre as “competências” envolvidas: Em da base de consumidores. termos de competências, dos três nós analisados da cadeia, 56 • © RAE • VOL. 48 • Nº1
  • 10. JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA o varejo tem o serviço ao consumidor e o fabricante tem cadeia, que permite a geração de valor, remete ao concei- o desenvolvimento de produtos e a produção como com- to de ajustamento (fit) de Porter (1999), segundo o qual petências centrais naturais. A captação de dados, o envio a estratégia de um negócio deve refletir primeiramente a de informações ao fabricante, a previsão de demanda, o combinação de um conjunto de atividades que atribua controle e a reposição dos estoques do pequeno varejo posição diferenciada à empresa e proporcione a ela uma surgiriam, então, em conjunto, como competências cen- vantagem competitiva sustentável. trais do distribuidor. Em síntese, o DMI apresenta indicações de que pode A disseminação do sistema DMI pelos pontos-de- ser uma proposta de valor estratégico em várias interfaces venda poderia representar incremento na fidelidade ao do mercado com o distribuidor, e não apenas para este, distribuidor exclusivo e, por conseqüência, ao próprio mas potencialmente também para o fabricante e os vare- fabricante, em decorrência dos serviços que complemen- jistas da cadeia de abastecimento. Sua finalidade não seria tariam o produto, em especial o gerenciamento do esto- apenas entregar os produtos necessários e suficientes no que com garantia de aumento de giro e segurança contra momento oportuno, mas também atribuir ao distribuidor a falta de produtos, o que elevaria a barreira de entrada a responsabilidade sobre a gestão de estoques do varejo e de produtos substitutos via outra cadeia de distribuição. informações de mercado ao fabricante, liberando recursos Adicionalmente, a organização peculiar de atividades da de ambos para cuidarem de suas competências centrais. Tabela 2 – Ranking da importância dos serviços prestados pelo distribuidor, como percebida pelas farmácias do Reino Unido SERVIÇO IMPORTÂNCIA (DE 1 A 5) Informação sobre disponibilidade de estoques 4,71 Entrega pontual 4,67 Freqüência de entrega 4,63 Rapidez de resposta do SAC 4,57 Descontos competitivos 4,47 Transparência nas condições comerciais 4,06 Apoio de sistema de TI 3,83 Fonte: ORTENZI, 2000. Tabela 3 – Oportunidades para melhoria de serviços por parte dos distribuidores DEFICIÊNCIA DO DISTRIBUIDOR PORCENTAGEM DAS FARMÁCIAS PESQUISADAS ONDE O PROBLEMA FOI DETECTADO Falta de informação sobre estoque/ quebra de estoque 22,0% Baixos descontos para medicamentos genéricos. 8,4% Desconhece os descontos 2,0% Serviço ruim ao cliente 2,0% Valor de pedidos mínimo 1,3% Freqüência de fornecimento 1,3% Dá mais atenção às cadeias de varejo de sua propriedade 1,3% Entregas atrasadas 1,3% Orientação para o lucro e não para o problema dos pacientes 1,3% Não estabelecida na WEB 1,3% Fonte: ORTENZI, 2000. JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 57
  • 11. ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR Análise dinâmica comportamentos para o estoque do varejo, estoque do Os resultados da análise dinâmica – segundo passo do distribuidor e produção da fábrica, consideradas três das critério de avaliação adotado – foram obtidos pela in- variáveis mais importantes para demonstração do valor tegração temporal do sistema de equações e condições dinâmico e econômico do modelo, foram reproduzidos de contorno ao longo de 50 semanas de simulação. Os nos gráficos das Figuras 3, 4 e 5. Figura 3 – Comportamento do estoque do varejo para o VMI e DMI proposto 200 140 80 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tempo (Semanas) Estoque do varejo: EGD-DMI peças/semana Estoque do varejo: VMI peças/semana Figura 4 – Comportamento do estoque do distribuidor para o VMI e DMI proposto 200 140 80 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tempo (Semanas) Estoque do distribuidor: EGD-DMI peças/semana Estoque do distribuidor: VMI peças/semana Figura 5 – Comportamento da produção da fábrica para o VMI e DMI proposto 200 140 80 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tempo (Semanas) Produção da fábrica: EGD-DMI peças/semana EProdução da fábrica: VMI peças/semana 58 • © RAE • VOL. 48 • Nº1
  • 12. JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA No caso do VMI, conforme Figura 3, quando sujeito do de São Paulo, e a escolha da Margem de Contribuição a um acréscimo de demanda de 20% na semana 10, o não apresentaria limitações para generalização da con- estoque inicial mínimo do varejo necessário para que clusão a qualquer uma delas, foi necessário estimar as não haja quebras é de 89 unidades. Como a operação diferentes necessidades de Giro de Estoques para os dis- no modelo DMI é mais estável, bastam 56 unidades de tribuidores envolvidos em todas essas cadeias, de forma estoque antes do mesmo choque de demanda. Quando a manter-se o potencial de generalização das conclusões o sistema se estabiliza, por volta da 50a semana, os es- para, ao menos, todo o Estado. toques são de 29 unidades no sistema VMI e de apenas A análise indireta de alguns dados macroscópicos sobre 13 no DMI. os demais distribuidores do Estado, disponibilizados pelo Para o distribuidor, a Figura 4 indica que o VMI exige fabricante, permitiu estimar que seus Custos Fixos eram um estoque inicial mínimo de 108 unidades para não ha- da ordem de 7% a 11% de seus faturamentos. Ademais, ver falta com o aumento repentino de 20% na demanda. seus ativos totais foram estimados entre 50% e 200% do Já com o modelo DMI, bastam 89 unidades. Quando o faturamento mensal de cada um deles, em 2003. Com sistema se estabiliza, também por volta da 50a semana, base nesses dados, foi realizado um estudo de sensibilida- os estoques são de 54 unidades no sistema VMI e de ape- de (SAAB, 2003), que demonstrou a necessidade do giro nas 36 no DMI. situar-se no intervalo [2,14 e 3,80] ao mês. Nesse mesmo A Figura 5 demonstra que o fabricante também des- período, a política de estocagem imposta pelo fabricante fruta das melhorias do sistema DMI: a produção na aos distribuidores estava na faixa de 40 dias de venda, re- fábrica responde mais cedo à flutuação de demanda sultando em giro de 0,75 ao mês, ou seja, de 3 a 5 vezes e alcança menores picos. A curva de produção torna- menor que o necessário. se mais plana, o que representa menores custos de A constatação de que na situação inicial havia desen- produção. contro entre a necessidade e a realidade do giro nos dis- tribuidores dessa rede de suprimentos específica auxiliou Análise econômica a identificação e a compreensão de pelo menos um dos Considerando-se a Margem Bruta típica de 20% neste tipo motivos pelos quais não havia alinhamento geral de ob- de cadeia (SAAB, 2003) e subtraindo-se dela as Despesas jetivos na rede de suprimentos do fabricante; os distri- Variáveis (impostos, frete e comissões sobre vendas), a buidores eram forçados a participar de pelo menos uma Margem de Contribuição resultante para o distribuidor, cadeia de abastecimento adicional, com cujos produtos na linha de produtos do fabricante em questão, era de pudessem obter Margem de Contribuição compensatória 3,57% sobre o faturamento. Com esse resultado bruto, ou complementar, e o fabricante buscava implantar um um distribuidor típico precisa custear as despesas fixas sistema de informações para coordenar ele próprio a rede da sua organização, amortizar os investimentos realiza- de suprimentos. dos em infra-estrutura e gerar um retorno sobre o inves- A análise econômica antes e após a implantação do timento acima do seu custo de oportunidade. Portanto, modelo, terceiro e último passo da avaliação proposta, ao longo de um mês de operação, o produto Margem de foi realizada por meio dos cálculos de estoque e giro para Contribuição X Giro de Estoques tem que ser suficiente o distribuidor e o varejo, tendo por base os dados pro- para custear as suas Despesas Fixas mais o Retorno sobre venientes da análise dinâmica. Os dados obtidos foram Ativos esperado. sintetizados na Tabela 4. Considerando que o distribuidor é parte de uma ca- deia específica de abastecimento, e sob as premissas de que o relacionamento deveria ser equilibrado e de longo CONCLUSÕES prazo, assumiu-se que o Retorno sobre Ativos deveria ser também semelhante para todos os nós da cadeia. Por O acompanhamento de um caso real de insucesso na isso, utilizou-se como valor para o ROA esperado pelo tentativa de implantação do sistema VMI por três anos distribuidor o mesmo ROA médio do fabricante, calcula- em uma cadeia de abastecimento de quatro níveis no se- do com base nos balanços públicos divulgados para sua tor de bens de consumo não duráveis indicou a possível linha de produtos de consumo no triênio 2000-2002, o inadequação do modelo VMI à cadeia de abastecimento que resultou em valor anual de 22,13%. analisada. Corroborando essa percepção, a pesquisa biblio- Como o fabricante apresentava, à época da análise, sete gráfica indicou a existência de registro de diversos outros cadeias de abastecimento de quatro níveis em todo o esta- casos de insucesso. A análise de aplicabilidade do modelo JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 59
  • 13. ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR à cadeia demonstrou que o VMI subutiliza informações e para o fabricante, pois a maior rapidez na identifica- não aborda suficientemente alguns aspectos conceituais ção de flutuações de demanda permitiu uma resposta e dinâmicos importantes, quando adaptado à cadeia de mais rápida do planejamento de produção e de compra quatro níveis. de insumos. O processo de gestão alternativo proposto, o DMI, O sistema DMI, simulado numericamente, integrou de agregou a integração do ponto-de-venda (varejo) ao sis- tal forma o distribuidor ao varejista que se assemelhou a tema de gestão e sua análise estratégica demonstrou que um encolhimento da cadeia, atendendo, para efeitos prá- o distribuidor de uma cadeia específica poderia alcançar ticos, a recomendação original de Forrester (1973) para uma situação estratégica superior à de referência. Ao as- redução das flutuações na cadeia sem nenhum prejuízo sumir a responsabilidade sobre o fluxo de informações e à redução do custo de transação proporcionada pela pre- produtos acabados na cadeia de suprimentos, o distribui- sença do distribuidor na cadeia. dor também permitiria aos seus parceiros focar em suas O resultado da análise pode ser estendido aos sete competências centrais. distribuidores do fabricante usado como caso para es- A análise dinâmica da proposta demonstrou que o tudo, que atuam no Estado de São Paulo, com pouca – sistema comportou-se de forma (i) estável (conver- ou nenhuma – adaptação, especialmente porque foram gente); (ii) amorteceu mais rapidamente as flutuações consideradas as faixas de despesas fixas e ativos que típicas da cadeia que apresentaram menor amplitude englobam todos eles nas estimativas de ROA e giros devido à maior velocidade do trânsito de informações; necessários. (iii) permitiu significativas reduções de estoque; e (iv) Limitações mais sérias à generalização das conclusões foi robusto a ponto de permitir à cadeia avaliada en- são provenientes (i) dos modelos de relacionamento do frentar um acréscimo de demanda instantâneo de 20%, fluxo de informação e de materiais usados para avaliar o com estoques 55% menores no varejo e 33% menores desempenho do VMI e do DMI entre os entes da Cadeia de no distribuidor, quando comparada à situação de re- Abastecimento e (ii) da falta de uma pesquisa local sobre ferência (VMI). os problemas e oportunidades na interface distribuidor– A análise econômica, com base na simulação nu- varejo no mercado do Estado de São Paulo. Essas ques- mérica e na necessidade específica da cadeia estudada, tões são apontadas como sugestões para prosseguimento demonstrou que o sistema tem potencial para elevar o desse trabalho. Giro Mensal do Distribuidor a até 13,3. Esse número Conforme demonstrado na bibliografia, cada cadeia é é bastante superior ao intervalo mínimo necessário de uma combinação particular e dificilmente reprodutível [2,14 e 3,80] para os distribuidores do Estado de São de muitas atividades, com distintos pontos de alavanca- Paulo da rede analisada alcançarem o ROA mínimo gem dinâmica (SAAB; CORRÊA, 2005). Portanto, não se necessário com os negócios do fabricante, estimado propõe a generalização automática dos resultados aqui em 22,13% a.a.. apresentados para qualquer outra cadeia de abastecimento Como demonstrado pelo resultado da análise dinâ- com particularidades de fluxo de informação e materiais mica (Figuras 3 a 5), seguido da análise econômica, o diferentes do modelo proposto. DMI apresentou vantagens para o varejo cujo giro al- Os resultados permitem afirmar, no entanto, que sem- cançou o limite teórico de 36,9 giros ao mês, e também pre que uma cadeia de quatro níveis for candidata a ope- Tabela 4 – Variação do estoque e giro num modelo de VMI que representa a cadeia específica estudada, e no modelo DMI proposto. Todas as comparações são feitas na qüinquagésima semana da simulação, portanto, com o sistema estabilizado SISTEMA ATUAL EGF-VMI EGD-DMI DISTRIBUIDOR VAREJO DISTRIBUIDOR VAREJO DISTRIBUIDOR Vendas (unid./sem.) 120 120 120 120 120 Estoques (unidade) 632 29 54 13 36 Giro (1/semana) 0,19 4,1 2,2 9,2 3,3 Giro (1/mês) 0,75 16,6 8,9 36,9 13,3 60 • © RAE • VOL. 48 • Nº1
  • 14. JOSEPH YOUSSIF SAAB JUNIOR • HENRIQUE LUIZ CORRÊA rar sob o VMI, poderá atuar sob o DMI com potenciais KAPLAN, R. S. Must CIM be justified by faith alone? Harvard Business vantagens, pois as diferenças entre os modelos não estão Review, p. 87-95, Mar./Apr., 1986. apenas no desempenho dinâmico e econômico, mas, prin- KIRKWOOD, C. W. System Dynamics Methods: A Quick Introduction. cipalmente, no próprio conceito de integração da cadeia Version 1- 4/1/1998. de abastecimento. No DMI, a dinâmica se passa como se a cadeia de quatro níveis fosse reduzida a uma cadeia de LAMBIN, J. J. Market-Driven Management: Strategic & Operational três níveis, preservando-se, no entanto, a maior geração Marketing. London: Macmillan Business, 2000. de valor da cadeia de quatro níveis e a qualidade da infor- mação obtida no ponto-de-venda do varejo, minimizando LEE, H. L.; PADMANABHAN, V.; WHANG, S. The bullwhip effect in supply assim as flutuações do sistema. chains. Sloan Management Review, p. 93-102, Spring 1997. MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J . Strategy Safary: A Guide Tour through the Wilds of Strategic Management. New York: The Free Press, 1998. REFERÊNCIAS ORTENZI, K. E. Reengineering the UK Pharmaceutical Supply Chain. 2000. 118 p. Dissertação (Mestrado). Imperial College of Science, Technology and Medicine, London, 2000. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ATACADISTAS E DISTRIBUIDORES: Distribuição, 2003. PARENTE, J. Varejo no Brasil. São Paulo: Atlas, 2000. ALBERTIN, A. L. Comércio eletrônico. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001. POIRIER, C. C.; REITER, S. E.: Otimizando sua rede de negócios. São Paulo: Futura, 1997. BAUMGARTEN, C. E. Os bandeirantes da era moderna. São Paulo: HB Editora, 2006. PORTER, M. Competição: On Competition. Estratégias Competitivas Essenciais. 8. ed. São Paulo: Campus, 1999. BOWERSOX, D.; CLOSS, D. Logística empresarial: O processo de integra- ção da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001. REIS, M. A. S. Logística. Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getulio Vargas, 2003 (Apostila). BROMWICH, M.; BHIMANI, A. Strategic investment appraisal. Management Accounting, v. 72, n. 9, p. 45-48, 1991. ROSENBLOOM, B. Canais de marketing: Uma visão gerencial. Trad. da 6. ed. São Paulo: Atlas, 2002. COOKE, J. A. VMI: very mixed impact? Logistics Management and Distribution Report, v. 37, n. 12, p. 51-53, 1998. RYAN, M. Spartan pulls the plug on VMI. Progressive Grocer, v. 74, n. 11, p. 64, Nov., 1995. CORRÊA, H. L. Teoria geral da administração: Abordagem histórica da gestão de produção e operações. São Paulo: Atlas, 2003. SAAB, J. Y. Administração da cadeia de abastecimento: Considerações so- bre a situação estratégica dos distribuidores paulistas de um fabricante CORRÊA, H. L.; Corrêa, C. A. Administração de produção e operações. 2. multinacional de produtos de consumo da área de saúde e higiene pes- ed. São Paulo: Atlas, 2006. soal e proposta do sistema de Estoque Gerido pelo Distribuidor (EGD/ DMI). Dissertação (Mestrado) – Escola de Administração de Empresas da CORRÊA, H. L.; Ellram, L.; Scavarda, A.; Cooper, M. An operations Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2003. management view of the services and goods offering mix. International Journal of Operations and Production Management, v. 27, n. 5, p. 444- SAAB, J. Y.; CORRÊA, H. L. Bullwhip effect reduction in supply chain ma- 463, 2007. nagement: one size fits all? International Journal of Logistics Systems and Management, v. 1, n. 2/3, 2005. FORRESTER, J. W. Industrial Dynamics. Cambridge, MA: MIT Press, 1973. SAMUELS, J. M.; WIKES, F M.; BRAYSHAW, R. E. Management of Company . Finance. 5. ed. London: Chapman and Hall, 1997. HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. Competing for the Future. Boston: Harvard Business School Press, 1994. SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática na organização que apren- de. 11. ed. São Paulo: Best Seller, 2002. KOPCHENOVA, N. V.; MARON, I. A. Computational Mathematics: Worked Examples and Problems with Elements of Theory. Moscow: SIMBARI, D. J. Competitive advantages. Manufacturing Systems, v. 14, Mir, 1975. n. 9, p. 92-96, Sept., 1996. JAN./MAR. 2008 • ©RAE • 61
  • 15. ARTIGOS • CADEIA DE ABASTECIMENTO: GESTÃO DO ESTOQUE PELO DISTRIBUIDOR SOUZA, R. F Canais de marketing, valor e estrutura de governança. RAE- .; WALLER, M.; JOHNSON, M. E.; Davis, T. Vendor-managed inventory revista de administração de empresas, v. 42, n. 2, p. 42-53, 2002. in the supply chain. Journal of Business Logistics, Oak Brooks, v. 20, n. 1, p. 183-203, 1999. STERMAN, J. D. Business dynamics: systems thinking and modeling for a WALSH, C. Key Management Ratios. London: FT Pitman Publishing, complex world. New York: Irwin-McGraw-Hill, 2000. 1996. WILLIAMS, M. K. Making consignment- and vendor-managed inventory VENSIM. Ventana Systems, Inc. Disponível em <http://www.vensim.com/>. work for you. Hospital Material Management Quarterly. v. 21, n. 4, p. 59- Acesso em: 25 abr. 2003. 63, May 2000. Artigo recebido em 24.04.2006. Artigo aprovado em 10.10.2007. Joseph Youssif Saab Junior Professor da Escola de Engenharia Mauá, Instituto Mauá de Tecnologia. Mestre em Administração de Empresas pela FGV-EAESP. E-mail: saab@maua.br Endereço: Instituto Mauá de Tecnologia, Praça Mauá 1, São Caetano do Sul – São Paulo, 09580-900. Henrique Luiz Corrêa Professor da Crummer Graduate School of Business, Rollins College. Doutor em Gestão de Operações pela University of Warwick Business School. Interesses de pesquisa nas áreas de gestão estratégica de operações e gestão de redes globais de suprimento. E-mail: hcorrea@rollins.edu Endereço: Crummer Graduate School of Business, Rollins College, 1.000 Holt Avenue, Box 2722 Winter Park, Florida 32789-4499, USA 62 • © RAE • VOL. 48 • Nº1