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NOVAS ABORDAGENS DA
            INTERVENÇÃO SOCIAL
      A APLICAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DE
    CONHECIMENTOS: UM DESAFIO E UMA
    DINÂMICA ACTUAL NO SERVIÇO SOCIAL




      HELENA NEVES ALMEIDA1



                                     Os referenciais teóricos da intervenção social são múltiplos, tão

                                     variados quanto os contextos, as finalidades e os sujeitos de

                                     acção. Nela se cruzam diferentes tipos de conhecimento: o

                                     conhecimento teórico que nos permite identificar factos e

                                     compreender os factores intervenientes bem como o sentido

                                     da sua influência nas situações de vida sinalizadas, e o

                                     conhecimento prático, que corresponde ao saber fazer, um

                                     conhecimento que faz apelo a técnicas, habilidades e atitudes,

                                     e que, embora esteja associado e reflicta um saber teórico,

                                     possui uma visibilidade notória no processo (por exemplo,

                                     elaborar      relatórios,    fazer    entrevistas,     proceder       a


1
 Professora auxiliar do Instituto Superior Bissaya-Barreto (Coimbra), Doutorada em Trabalho Social pela
Faculdade de Letras da Universidade de Fribourg (Suiça).
                                                                                                       3
Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida




encaminhamentos, comunicar de forma clara,           pouco      investimento   no      domínio   da

escutar,   dialogar)    e     o   conhecimento       investigação-acção tem remetido a área da

axiológico, uma vez que conhecimento teórico         intervenção para um isolamento e uma

e prático é permeado por valores. O                  dependência em relação à produção teórica

interventor    social   não   pode   pretender       das ciências sociais e humanas.

compartimentar a reflexão da acção, e                A pesquisa sobre o uso de teorias pelos

quando o faz está a iludir-se (De Bruyne,            práticos sugere que eles raramente usam uma

Herman et Schoutheete, 1991; Banks, 1995).           teoria particular identificável, mas sim uma

Os três campos são interdependentes e                “teoria prática” (Banks, 1995, 52), isto é,

cruzam-se no quotidiano das práticas de              conhecimento apreendido da prática e partes

intervenção.                                         de corpos teóricos e técnicos adquiridos no

A intervenção social tem sido palco de               trabalho (Curnock e Hardicker, 1979; Roberts,

diferentes incursões teóricas nem sempre             1990). As actividades e os papéis são tão

adequadas à realidade social. Este facto foi         variados e os contextos tão diversos, que é

largamente reconhecido a partir da segunda           difícil estabelecer um corpo teórico único para

metade dos anos 60. O apelo à indigenização          a intervenção social. Banks define o trabalho

do serviço social, isto é, ao esforço de             social     como    “um    conhecimento      de

construção de conhecimento e de aplicação            compreensão teórica ou prática de alguns

de modelos elaborados tendo por base a               ramos da ciência, arte, aprendizagem ou outra

realidade de cada formação social (Kahn,             área de estudo envolvente ” e nesse sentido, o

1970) coloca tal facto em evidência. Se é            interventor social dispõe de uma panóplia de

verdade que tal apelo tem a vantagem de              teorias que influenciam a sua prática reflexiva

evitar erros cometidos noutros países, o             (Schön, 1987) e empenhada (Ronnby, 1992). O


                                                                                                  4
Investigação e Debate (18)

trabalhador social restringe-se, nesta lógica, a   efectuado por Barbour em 1984 junto de 20

um mero utilizador de conhecimentos. Ele não       estudantes, para além de identificar duas

é visto como um produtor de novos saberes.         perspectivas    no    uso    da   teoria       (uma

Levanta-se, pois, a questão de saber qual a        perspectiva de ajuda e outra curativa),

relação entre teoria e prática no processo de      permitiu ainda identificar três grupos de

intervenção, quais os argumentos existentes        situações: a) os estudantes que tinham

neste contexto.                                    adquirido ideias gerais e métodos, mas que

                                                   eram incapazes de dizer qual a sua origem,

1 – A RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA NO            eram incapazes de os situar no plano da

PROCESSO DE INTERVENÇÃO SOCIAL                     teoria; b) os estudantes que usavam teorias

                                                   particulares que consideravam relevantes, e

São vários os estudos que evidenciam que os        cada estudante construía um “stock”, uma

interventores sociais elaboram e retêm             amálgama de instrumentos profissionais a ser

modelos durante a sua prática, apesar das          usados e c) os estudantes cujo uso de

dificuldades que têm em os identificar. O          conhecimentos     estava     associado     à    sua

estudo efectuado por Carew em 1979 a 20            personalidade. A utilização da teoria na

trabalhadores sociais no Norte de Inglaterra       prática levanta, pois, algumas questões.

revela que poucos usavam teoria de forma           Neste domínio sobressaem três argumentos

explícita no decurso do seu trabalho, mas          (Payne,1994):

muitos a usavam sem se aperceberem disso,          O argumento pragmático, o argumento

como uma rede mais do que como um guia             positivista e o ecletismo.

explícito para acção. A maior parte referia ter

adquirido uma série de destrezas, através da          O argumento pragmático considera que

prática,   que    lhe   permite    desenvolver         existe um conjunto confuso de teorias, a

procedimentos adequados aos problemas                  maior parte importadas de diferentes

apresentados pelos clientes. Um outro estudo           contextos sociais, económicos e políticos e


                                                                                                     5
Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida


   sem aplicação útil. As dificuldades de            sociais e      humanas,           designadamente       da

   aplicação à prática derivam de razões             sociologia e da psicologia, tais como: teorias

   diversas, entre as quais se salienta : o          da comunicação, teorias da mudança, teorias

   caracter generalista de algumas teorias, o        do     conflito,    teorias        psicodinâmicas      da

   que impede a sua utilização em acções             personalidade,          teorias      comportamentais,

   práticas específicas, e a existência de uma       teorias cognitivas, teoria dos sistemas, entre

   grande competição entre teorias, o que            outras, e tal facto dificulta a sua utilização

   dificulta a escolha de uma delas. Segundo         pelos profissionais do social.

   o argumento pragmático, existem três

   tradições separadas:                                   O argumento positivista2              defende que

                                                           muitas das teorias são insuficientemente

a) a tradição     pragmática associada ao

   trabalho social em serviços oficiais (Poor
                                                     2
                                                          Segundo De Bruyne (1984) o positivismo
   Law, Segurança Social ) cuja componente           reconhece que : 1 – o mundo social é inacessível ,
                                                     só o mundo dos factos é cientificamente
   de apoio económico é fundamental;
                                                     analisável; 2 – o mundo subjectivo (consciência,
b) a   tradição   socialista   que   concentra       intuição e valores) escapa à ciência; 3 – a
                                                     observação exterior é o único guia, sendo a
   reformas sociais, criticismo      social e
                                                     compreensão e a introspecção rejeitadas devido à
   intervenção     colectiva     (grupos    e        ausência de controle; 4 – a noção de lei geral

   comunidades);                                     encontra-se no centro do programa positivista, e
                                                     visa a descoberta e a verificação de leis gerais. O
c) a tradição terapêutica relacionada com
                                                     indivíduo, não tem interesse nem significado em si

   indivíduos e grupos que apresentam                mesmo; 5 – o conhecimento das estruturas
                                                     essenciais e das causas fundamentais e finais é
   problemas pessoais e dificuldades sociais.
                                                     ilusório. O conhecimento verdadeiro é fruto da
                                                     capacidade de predizer acontecimentos que
                                                     pertencem à esfera da pertinência das leis que
Tendo em consideração tais abordagens, as
                                                     estabeleceu. Erickson (1986) considera que o
diferentes práticas reflectem a influência de        paradigma positivista radica no postulado da
                                                     uniformidade       da    vida     social.   A   orientação
referenciais teóricos diversos das ciências
                                                     positivista valoriza uma “neutralidade axiológica” à

                                                                                                             6
Investigação e Debate (18)

    rigorosas e não constituem verdadeiras              2 - QUE REFLEXÃO NOS MERECEM TAIS

    teorias uma vez que descrevem e                     ARGUMENTOS?

    levantam hipóteses, mas não possuem um

    poder       explicativo        suportado     por    Quanto     ao    argumento      pragmático,    se

    referencias       empíricas.      Segundo    esta   considerarmos que a teoria é socialmente

    perspectiva, a compreensão da actividade            construída e que corresponde muitas vezes à

    humana deverá ser baseada em métodos                necessidade de dar resposta a questões e

    das ciências naturais, e por conseguinte            problemas sentidos em várias instituições

    predizer comportamentos, partindo de                (Grawitz, 1986, 331), então teoria e prática

    métodos experimentais e de testes                   não são universos separados. A teoria poderá

    estatísticos.                                       ser útil à renovação das práticas e a prática,

                                                        entendida como campo de interacção de

   O ecletismo          centra a atenção na            múltiplos factores como o contexto, a procura

    possibilidade de utilizar diversas teorias          e os actores, é essencial à construção de

    ao mesmo tempo, de forma combinada.                 novos conhecimentos. Se a questão se coloca

    Segundo este argumento, os clientes                 a nível da capacidade de prescrição, então

    devem poder beneficiar de todo o                    convém assinalar que tudo aquilo que

    conhecimento disponível, uma vez que as             fazemos é teorético (Howe, 1987).

    teorias     são     pertencem       a   diversos    Também o argumento positivista é falacioso.

    domínios        disciplinares      ou      podem    Nos anos sessenta surgiram novas orientações

    trabalhar a diferentes níveis. Este facto           epistemológicas    que,   por     influência   da

    fundamenta o argumento de que será                  tradição weberiana, valorizam o caracter

    possível fazer uso de diferentes teorias de         subjectivo e significativo das acções dos

    forma combinada.                                    actores.        Segundo      o          paradigma

                                                        interpretativo/compreensivo,       as    relações
acção e privilegia os valores da racionalidade, do
                                                        entre os comportamentos e os significados
rigor e da eficácia (Groulx, 1984).

                                                                                                        7
Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida


que os actores lhes atribuem, variam através           ser valorizado como fonte de conhecimento,

das suas interacções sociais, pelo que a               por influência da corrente fenomenológica de

comportamentos              idênticos        podem     Husserl. Esta nova abordagem permite tornar

corresponder significados diversos consoante           estranho aquilo que é familiar, e explicitar o

os contextos (Lessard-Herbert; Goyette et              que está implícito. A vida quotidiana escapa-

Boutin , 1994)3. O paradigma interpretativo            nos por ser muito familiar, por existirem laços

assegura     como     que     uma       continuidade   de proximidade que nos dificultam a sua

relativamente ao saber de senso comum. Os              análise.              O                paradigma

saberes do senso comum              que todos os       interpretativo/compreensivo permite-nos a

sujeitos têm sobre a sua realidade, história e         compreensão      de   situações      particulares,

meio constituem a base do conhecimento das             através de elementos concretos da prática;

realidades sociais. Tal pressuposto não implica        permite considerar os significados que os

uma      ruptura    com      o    senso      comum     sujeitos atribuem aos acontecimentos e às

protagonizada pelo positivismo, mas uma                condições contextuais de existência.

continuidade entre aquele e o saber científico.              Esta orientação epistemológica centra-

Neste contexto, o mundo quotidiano passa a             se sobre a compreensão e não sobre a

                                                       explicação    (determinista)    de     “realidades
3
    Os autores citados caracterizaram o paradigma
interpretativo como uma orientação baseada no          externas” como defende o positivismo de

postulado ontológico dualista ( a realidade é          Durkheim (1980). Aliás, o poder explicativo
simultaneamente materialista e espiritualista),
                                                       das ciências sociais é ilusório dada a
com uma dimensão social que valoriza o contexto
espacial e temporal (os significados variam em         dificuldade     em     isolar     os      factores
função dos grupos específicos de indivíduos, que
                                                       intervenientes nas situações sociais. Face ao
pelas suas interacções partilham determinadas
compreensões e tradições próprias deste meio,          exposto, poder-se-á questionar se estudar o
que difere de um grupo para outro). Do ponto de
                                                       social significará explicar ou compreender? Ao
vista ontológico, a uniformidade da vida social é
aparente, apesar de constituir uma categoria           considerarmos que o objecto social não é uma
epistemológica necessária à interpretação do
                                                       realidade exterior, mas sim uma construção
mundo

                                                                                                       8
Investigação e Debate (18)

subjectiva, então estudar o social implica        contexto, o campo da prática constitui-se

compreendê-lo. No entanto, compreender            como uma entidade dinâmica, propiciadora da

pode significar, como salienta Max Weber,         construção de novos conhecimentos. A acção

explicar a motivação e o sentido atribuído ou     é sempre provida de sentido e significado e o

associado à acção. Neste sentido, explicar é      interventor não se pode remeter a um papel

também apreender o contexto em que se             passivo no processo de recepção e aplicação

insere essa acção.                                dos conhecimentos. Os saberes renovam-se

A aceitação do argumento eclético, o facto de     no quotidiano e no contexto da relação entre

se reconhecer a possibilidade de combinar         actores sociais. Os interventores sociais têm

conhecimentos diversos no decurso da acção,       de ter consciência deste facto e não

não implica que o interventor social se liberte   negligenciar a enorme fonte de conhecimento

das suas responsabilidades no processo de         que constitui a prática. Teoria e prática estão

acumulação, integração e transformação de         indiscutivelmente associados.

saberes provenientes da prática, como se a

teoria restringisse a acção ou limitasse a        3 – O VALOR DA TEORIA

produção de conhecimento, ou ainda como se

a prática constituísse um reservatório da         Mas não desprezemos o valor da teoria. Ela

teoria. Pelo contrário, a teoria potencia a       constitui um guia essencial tanto no plano da

prática, fornece-lhe orientações preciosas        construção de novos conhecimentos como no

quanto à compreensão da realidade /               da acção, uma vez que fornece à prática

contexto em que trabalha e ao próprio             (Payne,1994, 50):

processo   de   intervenção, sem      cair no        modelos    –    que     permitem    destacar

practicismo.                                          determinados princípios e padrões de

Por isso, a teoria deve ser entendida como um         actividade que uniformizam as práticas, a

instrumento orientador da acção e a acção um          partir de descrições de procedimentos

espaço de renovação do conhecimento. Neste            práticos gerais;


                                                                                                 9
Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida


   abordagens ou perspectivas – no quadro                “casework”,     trabalho           de        grupo   ou

    de actividades humanas complexas que                  trabalho      residencial.              As       teorias

    permitem que os sujeitos participem de                compreensivas                fornecem                um

    forma consciente nos processos em que                 enquadramento                                    global,

    estão implicados;                                     independentemente do objecto central e

   explicações – sobre os motivos porque                 área de actuação. Reportamo-nos a

    uma dada acção resulta de uma dada                    conhecimentos                que              permitem

    maneira, e em que circunstâncias tal                  compreender a complexidade do processo

    acontece;                                             de    intervenção        e    que            constituem

   prescrições – de acções de forma a que                baluartes da fundamentação de práticas

    aqueles que intervêm saibam o que fazer               diferenciadas        e         simultaneamente

    em circunstâncias específicas;                        uniformizadas do ponto de vista da

   justificações – para o uso de modelos e de            intencionalidade da acção. Entre essas

    explicações da prática;                               teorias       situamos              as          teorias

   responsabilidades – na descrição de                   psicodinâmicas,                as                teorias

    práticas adequadas.                                   comportamentais, as teorias cognitivistas

                                                          e as teorias sistémicas.

O mesmo autor, cuja obra é igualmente                    Teorias    Perspectiva         que           constituem

referida por Sara Banks (1995), faz a distinção           maneiras de encarar a vida, organizam

entre    teorias         compreensivas,     teorias       posturas profissionais no que concerne à

aplicadas,     teorias    específicas   e   teorias       mudança pessoal e social, e enformam

perspectiva:                                              concepções      no   quadro             de      práticas

   Teorias compreensivas         - oferecem um           profissionais. Situamos neste grupo as

    sistema de pensamento que abrange                     abordagens humanista / existencialista e

    todas as práticas dos Assistentes Sociais             radical.

    que queiram desenvolver práticas de


                                                                                                               10
Investigação e Debate (18)

   Teorias     Específicas     que       delimitam    multiplicidade de referenciais teóricos coloca

    procedimentos específicos e atitudes               em evidência a complexidade do processo de

    referenciais qualquer que seja o contexto          intervenção e a necessidade de um trabalho

    e o quadro teórico de partida. As teorias          interdisciplinar ou transdisciplinar.

    da comunicação e da resolução de

    problemas encontram-se neste grupo de              CONSIDERAÇÕES FINAIS: A
                                                       RESPONSABILIDADE DAS INSTITUIÇÕES
    orientações.                                       UNIVERSITÁRIAS QUE MINISTRAM
                                                       FORMAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL.
   Teorias Aplicadas que produzem um

    conjunto de conhecimentos orientados               Face    ao     exposto,     a    aplicação      de

    para situações particulares concretas no           conhecimentos à realidade social implica um

    âmbito individual ou colectivo, como a             esforço fundado em três vertentes:

    gestão de conflitos, o trabalho de redes, a        1. o reconhecimento dos conteúdos teóricos

    pedagogia      da     consciencialização,     o        que fundamentam as práticas renovadas e

    empowerment, a advocacy . Também a                     o sentido que lhes é atribuído;

    mediação social se insere neste tipo de            2. a identificação da rede conceptual que

    teorias (Almeida, 2001).                               alicerça as posturas inovadoras no plano

                                                           processual;

Não existe propriamente uma teoria da                  3. a aceitação do papel activo do interventor

intervenção social, mas sim diversas teorias de            no plano da construção do conhecimento.

suporte   das      opções     metodológicas       e

processuais que trabalham a diferentes níveis:         Estes    elementos      favorecem       tanto   o

a nível da compreensão global, a nível da              desenvolvimento      de     acções      coerentes,

conceptualização     da     prática   e    a   nível   teoricamente fundamentadas, estratégicas,

processual. Independentemente dos modelos              isto é cognitivamente orientadas por relações

que adoptemos para análise da articulação              meios-fins, adaptadas à realidade social de

entre teoria e prática no domínio social, a            intervenção, como a produção de novos


                                                                                                       11
Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida


saberes. O campo da acção não é um depósito          Neste contexto, a responsabilidade das

de conhecimentos que se traduzam numa                instituições universitárias é acrescida. Torna-

rotina. A acção é o resultado de opções              se necessário desenvolver uma “cultura de

mesmo que não tenhamos consciência do                investigação” que aproxime os discursos da

facto. E, embora os seus fundamentos nem             teoria e da prática. E isso só se consegue

sempre sejam muito claros, essas opções              fazendo e ensinando a fazer investigação. A

conduzem à percepção de que as práticas são          relação com o campo da intervenção permite

diversas. Para isso muito tem contribuído a          renovar conhecimentos, aproximar estratégias

deficiente reflexão que é feita sobre o              e valorizar saberes.

quotidiano profissional.



REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

ALMEIDA H. (2001). Conceptions et pratiques          GROULX L. (1984). “Recherche et formation
   de la médiation sociale. Les modèles de               en service social au Quebec: tendances
   médiation dans le quotidien professionnel             et interprétation” in Service Social dans
   des assistants sociaux. Coimbra, Fundação             le Monde, 3.
   Bissaya-Barreto / Instituto Superior
                                                     HOWE D. (1987). An introduction to social
   Bissaya-Barreto.
                                                         work theory: making sense in practice,
BANKS S.( 1995). Ethics and values in social             Community Care,England, Wildwood
   work, London, Macmillan Press.                        House Limited.
CURNOCK K. & HARDICKER P.( 1979). Towards            KAHN A. (1971). Teoria e prática do
   Practice Theory. Skills and Methods in               planejamento social, S.Paulo, ESSPUC.
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                                                     LESSARD-HÉBERT G., & BOUTIN G. (1994).
   Kegan Paul.
                                                          Investigação qualitativa: fundamentos e
DE BRUYNE P. & al. (1974). Dynamique de la                práticas, Lisboa, Instituto Piaget.
   recherche en sciences sociales, Les pôles
                                                     PAYNE M. (1991).Modern Social Theory: a
   de la pratique méthodologique, Paris, PUF.
                                                          Critical Introduction, London, Macmillan
DURKHEIM E. (1980). As regras do método                   Press.
   sociológico, Lisboa, Editorial Presença.
                                                     ROBERTS R. (1990). Lessons from the Past:
ERICKSON F. (1986). “Qualitative methods in             Issues for Social Work Theory, London,
    research on teaching” in WITTROCK M.C.,             Routledge.
    Handbook of research on teaching, Nova
                                                     RONNBY A. (1992). “Praxiology in Social Work”
    Yorque, Macmillan, pp.119-161.
                                                        in International Social Work, vol,35,
GRAWITZ M. (1986). Méthodes des Sciences                pp.317-329.
   Sociales, Paris, Précis Dalloz, 7e edition.
                                                     SCHÖN D. (1987). The Refective Practitioner:
                                                        How Professionals Think in Action, New
                                                        York, Basic Books.

                                                                                                 12

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18a1 inv e debate

  • 1. NOVAS ABORDAGENS DA INTERVENÇÃO SOCIAL A APLICAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS: UM DESAFIO E UMA DINÂMICA ACTUAL NO SERVIÇO SOCIAL HELENA NEVES ALMEIDA1 Os referenciais teóricos da intervenção social são múltiplos, tão variados quanto os contextos, as finalidades e os sujeitos de acção. Nela se cruzam diferentes tipos de conhecimento: o conhecimento teórico que nos permite identificar factos e compreender os factores intervenientes bem como o sentido da sua influência nas situações de vida sinalizadas, e o conhecimento prático, que corresponde ao saber fazer, um conhecimento que faz apelo a técnicas, habilidades e atitudes, e que, embora esteja associado e reflicta um saber teórico, possui uma visibilidade notória no processo (por exemplo, elaborar relatórios, fazer entrevistas, proceder a 1 Professora auxiliar do Instituto Superior Bissaya-Barreto (Coimbra), Doutorada em Trabalho Social pela Faculdade de Letras da Universidade de Fribourg (Suiça). 3
  • 2. Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida encaminhamentos, comunicar de forma clara, pouco investimento no domínio da escutar, dialogar) e o conhecimento investigação-acção tem remetido a área da axiológico, uma vez que conhecimento teórico intervenção para um isolamento e uma e prático é permeado por valores. O dependência em relação à produção teórica interventor social não pode pretender das ciências sociais e humanas. compartimentar a reflexão da acção, e A pesquisa sobre o uso de teorias pelos quando o faz está a iludir-se (De Bruyne, práticos sugere que eles raramente usam uma Herman et Schoutheete, 1991; Banks, 1995). teoria particular identificável, mas sim uma Os três campos são interdependentes e “teoria prática” (Banks, 1995, 52), isto é, cruzam-se no quotidiano das práticas de conhecimento apreendido da prática e partes intervenção. de corpos teóricos e técnicos adquiridos no A intervenção social tem sido palco de trabalho (Curnock e Hardicker, 1979; Roberts, diferentes incursões teóricas nem sempre 1990). As actividades e os papéis são tão adequadas à realidade social. Este facto foi variados e os contextos tão diversos, que é largamente reconhecido a partir da segunda difícil estabelecer um corpo teórico único para metade dos anos 60. O apelo à indigenização a intervenção social. Banks define o trabalho do serviço social, isto é, ao esforço de social como “um conhecimento de construção de conhecimento e de aplicação compreensão teórica ou prática de alguns de modelos elaborados tendo por base a ramos da ciência, arte, aprendizagem ou outra realidade de cada formação social (Kahn, área de estudo envolvente ” e nesse sentido, o 1970) coloca tal facto em evidência. Se é interventor social dispõe de uma panóplia de verdade que tal apelo tem a vantagem de teorias que influenciam a sua prática reflexiva evitar erros cometidos noutros países, o (Schön, 1987) e empenhada (Ronnby, 1992). O 4
  • 3. Investigação e Debate (18) trabalhador social restringe-se, nesta lógica, a efectuado por Barbour em 1984 junto de 20 um mero utilizador de conhecimentos. Ele não estudantes, para além de identificar duas é visto como um produtor de novos saberes. perspectivas no uso da teoria (uma Levanta-se, pois, a questão de saber qual a perspectiva de ajuda e outra curativa), relação entre teoria e prática no processo de permitiu ainda identificar três grupos de intervenção, quais os argumentos existentes situações: a) os estudantes que tinham neste contexto. adquirido ideias gerais e métodos, mas que eram incapazes de dizer qual a sua origem, 1 – A RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA NO eram incapazes de os situar no plano da PROCESSO DE INTERVENÇÃO SOCIAL teoria; b) os estudantes que usavam teorias particulares que consideravam relevantes, e São vários os estudos que evidenciam que os cada estudante construía um “stock”, uma interventores sociais elaboram e retêm amálgama de instrumentos profissionais a ser modelos durante a sua prática, apesar das usados e c) os estudantes cujo uso de dificuldades que têm em os identificar. O conhecimentos estava associado à sua estudo efectuado por Carew em 1979 a 20 personalidade. A utilização da teoria na trabalhadores sociais no Norte de Inglaterra prática levanta, pois, algumas questões. revela que poucos usavam teoria de forma Neste domínio sobressaem três argumentos explícita no decurso do seu trabalho, mas (Payne,1994): muitos a usavam sem se aperceberem disso, O argumento pragmático, o argumento como uma rede mais do que como um guia positivista e o ecletismo. explícito para acção. A maior parte referia ter adquirido uma série de destrezas, através da  O argumento pragmático considera que prática, que lhe permite desenvolver existe um conjunto confuso de teorias, a procedimentos adequados aos problemas maior parte importadas de diferentes apresentados pelos clientes. Um outro estudo contextos sociais, económicos e políticos e 5
  • 4. Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida sem aplicação útil. As dificuldades de sociais e humanas, designadamente da aplicação à prática derivam de razões sociologia e da psicologia, tais como: teorias diversas, entre as quais se salienta : o da comunicação, teorias da mudança, teorias caracter generalista de algumas teorias, o do conflito, teorias psicodinâmicas da que impede a sua utilização em acções personalidade, teorias comportamentais, práticas específicas, e a existência de uma teorias cognitivas, teoria dos sistemas, entre grande competição entre teorias, o que outras, e tal facto dificulta a sua utilização dificulta a escolha de uma delas. Segundo pelos profissionais do social. o argumento pragmático, existem três tradições separadas:  O argumento positivista2 defende que muitas das teorias são insuficientemente a) a tradição pragmática associada ao trabalho social em serviços oficiais (Poor 2 Segundo De Bruyne (1984) o positivismo Law, Segurança Social ) cuja componente reconhece que : 1 – o mundo social é inacessível , só o mundo dos factos é cientificamente de apoio económico é fundamental; analisável; 2 – o mundo subjectivo (consciência, b) a tradição socialista que concentra intuição e valores) escapa à ciência; 3 – a observação exterior é o único guia, sendo a reformas sociais, criticismo social e compreensão e a introspecção rejeitadas devido à intervenção colectiva (grupos e ausência de controle; 4 – a noção de lei geral comunidades); encontra-se no centro do programa positivista, e visa a descoberta e a verificação de leis gerais. O c) a tradição terapêutica relacionada com indivíduo, não tem interesse nem significado em si indivíduos e grupos que apresentam mesmo; 5 – o conhecimento das estruturas essenciais e das causas fundamentais e finais é problemas pessoais e dificuldades sociais. ilusório. O conhecimento verdadeiro é fruto da capacidade de predizer acontecimentos que pertencem à esfera da pertinência das leis que Tendo em consideração tais abordagens, as estabeleceu. Erickson (1986) considera que o diferentes práticas reflectem a influência de paradigma positivista radica no postulado da uniformidade da vida social. A orientação referenciais teóricos diversos das ciências positivista valoriza uma “neutralidade axiológica” à 6
  • 5. Investigação e Debate (18) rigorosas e não constituem verdadeiras 2 - QUE REFLEXÃO NOS MERECEM TAIS teorias uma vez que descrevem e ARGUMENTOS? levantam hipóteses, mas não possuem um poder explicativo suportado por Quanto ao argumento pragmático, se referencias empíricas. Segundo esta considerarmos que a teoria é socialmente perspectiva, a compreensão da actividade construída e que corresponde muitas vezes à humana deverá ser baseada em métodos necessidade de dar resposta a questões e das ciências naturais, e por conseguinte problemas sentidos em várias instituições predizer comportamentos, partindo de (Grawitz, 1986, 331), então teoria e prática métodos experimentais e de testes não são universos separados. A teoria poderá estatísticos. ser útil à renovação das práticas e a prática, entendida como campo de interacção de  O ecletismo centra a atenção na múltiplos factores como o contexto, a procura possibilidade de utilizar diversas teorias e os actores, é essencial à construção de ao mesmo tempo, de forma combinada. novos conhecimentos. Se a questão se coloca Segundo este argumento, os clientes a nível da capacidade de prescrição, então devem poder beneficiar de todo o convém assinalar que tudo aquilo que conhecimento disponível, uma vez que as fazemos é teorético (Howe, 1987). teorias são pertencem a diversos Também o argumento positivista é falacioso. domínios disciplinares ou podem Nos anos sessenta surgiram novas orientações trabalhar a diferentes níveis. Este facto epistemológicas que, por influência da fundamenta o argumento de que será tradição weberiana, valorizam o caracter possível fazer uso de diferentes teorias de subjectivo e significativo das acções dos forma combinada. actores. Segundo o paradigma interpretativo/compreensivo, as relações acção e privilegia os valores da racionalidade, do entre os comportamentos e os significados rigor e da eficácia (Groulx, 1984). 7
  • 6. Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida que os actores lhes atribuem, variam através ser valorizado como fonte de conhecimento, das suas interacções sociais, pelo que a por influência da corrente fenomenológica de comportamentos idênticos podem Husserl. Esta nova abordagem permite tornar corresponder significados diversos consoante estranho aquilo que é familiar, e explicitar o os contextos (Lessard-Herbert; Goyette et que está implícito. A vida quotidiana escapa- Boutin , 1994)3. O paradigma interpretativo nos por ser muito familiar, por existirem laços assegura como que uma continuidade de proximidade que nos dificultam a sua relativamente ao saber de senso comum. Os análise. O paradigma saberes do senso comum que todos os interpretativo/compreensivo permite-nos a sujeitos têm sobre a sua realidade, história e compreensão de situações particulares, meio constituem a base do conhecimento das através de elementos concretos da prática; realidades sociais. Tal pressuposto não implica permite considerar os significados que os uma ruptura com o senso comum sujeitos atribuem aos acontecimentos e às protagonizada pelo positivismo, mas uma condições contextuais de existência. continuidade entre aquele e o saber científico. Esta orientação epistemológica centra- Neste contexto, o mundo quotidiano passa a se sobre a compreensão e não sobre a explicação (determinista) de “realidades 3 Os autores citados caracterizaram o paradigma interpretativo como uma orientação baseada no externas” como defende o positivismo de postulado ontológico dualista ( a realidade é Durkheim (1980). Aliás, o poder explicativo simultaneamente materialista e espiritualista), das ciências sociais é ilusório dada a com uma dimensão social que valoriza o contexto espacial e temporal (os significados variam em dificuldade em isolar os factores função dos grupos específicos de indivíduos, que intervenientes nas situações sociais. Face ao pelas suas interacções partilham determinadas compreensões e tradições próprias deste meio, exposto, poder-se-á questionar se estudar o que difere de um grupo para outro). Do ponto de social significará explicar ou compreender? Ao vista ontológico, a uniformidade da vida social é aparente, apesar de constituir uma categoria considerarmos que o objecto social não é uma epistemológica necessária à interpretação do realidade exterior, mas sim uma construção mundo 8
  • 7. Investigação e Debate (18) subjectiva, então estudar o social implica contexto, o campo da prática constitui-se compreendê-lo. No entanto, compreender como uma entidade dinâmica, propiciadora da pode significar, como salienta Max Weber, construção de novos conhecimentos. A acção explicar a motivação e o sentido atribuído ou é sempre provida de sentido e significado e o associado à acção. Neste sentido, explicar é interventor não se pode remeter a um papel também apreender o contexto em que se passivo no processo de recepção e aplicação insere essa acção. dos conhecimentos. Os saberes renovam-se A aceitação do argumento eclético, o facto de no quotidiano e no contexto da relação entre se reconhecer a possibilidade de combinar actores sociais. Os interventores sociais têm conhecimentos diversos no decurso da acção, de ter consciência deste facto e não não implica que o interventor social se liberte negligenciar a enorme fonte de conhecimento das suas responsabilidades no processo de que constitui a prática. Teoria e prática estão acumulação, integração e transformação de indiscutivelmente associados. saberes provenientes da prática, como se a teoria restringisse a acção ou limitasse a 3 – O VALOR DA TEORIA produção de conhecimento, ou ainda como se a prática constituísse um reservatório da Mas não desprezemos o valor da teoria. Ela teoria. Pelo contrário, a teoria potencia a constitui um guia essencial tanto no plano da prática, fornece-lhe orientações preciosas construção de novos conhecimentos como no quanto à compreensão da realidade / da acção, uma vez que fornece à prática contexto em que trabalha e ao próprio (Payne,1994, 50): processo de intervenção, sem cair no  modelos – que permitem destacar practicismo. determinados princípios e padrões de Por isso, a teoria deve ser entendida como um actividade que uniformizam as práticas, a instrumento orientador da acção e a acção um partir de descrições de procedimentos espaço de renovação do conhecimento. Neste práticos gerais; 9
  • 8. Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida  abordagens ou perspectivas – no quadro “casework”, trabalho de grupo ou de actividades humanas complexas que trabalho residencial. As teorias permitem que os sujeitos participem de compreensivas fornecem um forma consciente nos processos em que enquadramento global, estão implicados; independentemente do objecto central e  explicações – sobre os motivos porque área de actuação. Reportamo-nos a uma dada acção resulta de uma dada conhecimentos que permitem maneira, e em que circunstâncias tal compreender a complexidade do processo acontece; de intervenção e que constituem  prescrições – de acções de forma a que baluartes da fundamentação de práticas aqueles que intervêm saibam o que fazer diferenciadas e simultaneamente em circunstâncias específicas; uniformizadas do ponto de vista da  justificações – para o uso de modelos e de intencionalidade da acção. Entre essas explicações da prática; teorias situamos as teorias  responsabilidades – na descrição de psicodinâmicas, as teorias práticas adequadas. comportamentais, as teorias cognitivistas e as teorias sistémicas. O mesmo autor, cuja obra é igualmente  Teorias Perspectiva que constituem referida por Sara Banks (1995), faz a distinção maneiras de encarar a vida, organizam entre teorias compreensivas, teorias posturas profissionais no que concerne à aplicadas, teorias específicas e teorias mudança pessoal e social, e enformam perspectiva: concepções no quadro de práticas  Teorias compreensivas - oferecem um profissionais. Situamos neste grupo as sistema de pensamento que abrange abordagens humanista / existencialista e todas as práticas dos Assistentes Sociais radical. que queiram desenvolver práticas de 10
  • 9. Investigação e Debate (18)  Teorias Específicas que delimitam multiplicidade de referenciais teóricos coloca procedimentos específicos e atitudes em evidência a complexidade do processo de referenciais qualquer que seja o contexto intervenção e a necessidade de um trabalho e o quadro teórico de partida. As teorias interdisciplinar ou transdisciplinar. da comunicação e da resolução de problemas encontram-se neste grupo de CONSIDERAÇÕES FINAIS: A RESPONSABILIDADE DAS INSTITUIÇÕES orientações. UNIVERSITÁRIAS QUE MINISTRAM FORMAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL.  Teorias Aplicadas que produzem um conjunto de conhecimentos orientados Face ao exposto, a aplicação de para situações particulares concretas no conhecimentos à realidade social implica um âmbito individual ou colectivo, como a esforço fundado em três vertentes: gestão de conflitos, o trabalho de redes, a 1. o reconhecimento dos conteúdos teóricos pedagogia da consciencialização, o que fundamentam as práticas renovadas e empowerment, a advocacy . Também a o sentido que lhes é atribuído; mediação social se insere neste tipo de 2. a identificação da rede conceptual que teorias (Almeida, 2001). alicerça as posturas inovadoras no plano processual; Não existe propriamente uma teoria da 3. a aceitação do papel activo do interventor intervenção social, mas sim diversas teorias de no plano da construção do conhecimento. suporte das opções metodológicas e processuais que trabalham a diferentes níveis: Estes elementos favorecem tanto o a nível da compreensão global, a nível da desenvolvimento de acções coerentes, conceptualização da prática e a nível teoricamente fundamentadas, estratégicas, processual. Independentemente dos modelos isto é cognitivamente orientadas por relações que adoptemos para análise da articulação meios-fins, adaptadas à realidade social de entre teoria e prática no domínio social, a intervenção, como a produção de novos 11
  • 10. Novas Abordagens da Intervenção Social » Helena Neves Almeida saberes. O campo da acção não é um depósito Neste contexto, a responsabilidade das de conhecimentos que se traduzam numa instituições universitárias é acrescida. Torna- rotina. A acção é o resultado de opções se necessário desenvolver uma “cultura de mesmo que não tenhamos consciência do investigação” que aproxime os discursos da facto. E, embora os seus fundamentos nem teoria e da prática. E isso só se consegue sempre sejam muito claros, essas opções fazendo e ensinando a fazer investigação. A conduzem à percepção de que as práticas são relação com o campo da intervenção permite diversas. Para isso muito tem contribuído a renovar conhecimentos, aproximar estratégias deficiente reflexão que é feita sobre o e valorizar saberes. quotidiano profissional. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS: ALMEIDA H. (2001). Conceptions et pratiques GROULX L. (1984). “Recherche et formation de la médiation sociale. Les modèles de en service social au Quebec: tendances médiation dans le quotidien professionnel et interprétation” in Service Social dans des assistants sociaux. Coimbra, Fundação le Monde, 3. Bissaya-Barreto / Instituto Superior HOWE D. (1987). An introduction to social Bissaya-Barreto. work theory: making sense in practice, BANKS S.( 1995). Ethics and values in social Community Care,England, Wildwood work, London, Macmillan Press. House Limited. CURNOCK K. & HARDICKER P.( 1979). Towards KAHN A. (1971). Teoria e prática do Practice Theory. Skills and Methods in planejamento social, S.Paulo, ESSPUC. Social Assesments, London, Routledge & LESSARD-HÉBERT G., & BOUTIN G. (1994). Kegan Paul. Investigação qualitativa: fundamentos e DE BRUYNE P. & al. (1974). Dynamique de la práticas, Lisboa, Instituto Piaget. recherche en sciences sociales, Les pôles PAYNE M. (1991).Modern Social Theory: a de la pratique méthodologique, Paris, PUF. Critical Introduction, London, Macmillan DURKHEIM E. (1980). As regras do método Press. sociológico, Lisboa, Editorial Presença. ROBERTS R. (1990). Lessons from the Past: ERICKSON F. (1986). “Qualitative methods in Issues for Social Work Theory, London, research on teaching” in WITTROCK M.C., Routledge. Handbook of research on teaching, Nova RONNBY A. (1992). “Praxiology in Social Work” Yorque, Macmillan, pp.119-161. in International Social Work, vol,35, GRAWITZ M. (1986). Méthodes des Sciences pp.317-329. Sociales, Paris, Précis Dalloz, 7e edition. SCHÖN D. (1987). The Refective Practitioner: How Professionals Think in Action, New York, Basic Books. 12