1. Panorama histórico da Inovação
Durante muito tempo, os chamados economistas neoclássicos
acreditavam que os principais fatores que explicavam a dinâmica do capitalismo
seriam dentre outros o preço e se detinham a abordar a questão da competição
perfeita, oligopolista e monopolista. É curioso notar que a inovação parecia ter
papel secundário na dinâmica econômica, para os economistas neoclássicos.
No entanto, conforme Tigre (2006), o desenvolvimento do capitalismo, o
crescimento da economia e das empresas têm como força propulsora a inovação,
que possibilita a diferenciação de produtos. Em suma, a acumulação de capital se
deve ao papel da propaganda, à diferenciação dos produtos e da inovação
tecnológica. Sob esse contexto, grandes pesquisadores nos ajudam a entender o
papel da inovação na sociedade moderna.
Edith Penrose (1959)
Ao se referir à inovação em seu trabalho pioneiro, Penrose mostrou a
importância da tecnologia e do conhecimento no “crescimento da firma”
(empresa). Ao ressaltar a importância da capacitação tecnológica e gerencial,
essa autora nos mostra que as ideias são insumos da produção. Quando um
gerente ou um pesquisador têm uma ideia e tomam um decisão que não pode ser
simplesmente copiada, temos aí um exemplo de uso do conhecimento e de um
trabalho que não pode ser simplesmente medido em termos de “homem-hora”.
Essa autora também nos alerta sobre o conhecimento tácito , que é o
conhecimento que as pessoas na organização possuem dentro de si e que podem
ser fontes de vantagens competitivas e inovação. É preciso tornar esse
conhecimento explícito e registrá-lo para ajudar no acúmulo de conhecimento.
Vocês já ouviram falar de Bangalore na Índia? Por quê uma empresa de
tecnologia de informação ousaria se instalar nesta cidade com cerca de 4 milhões
de habitantes? O que há de novo lá?
A resposta é simples: conhecimento acumulado. Bangalore é um verdadeiro
cluster de programadores indianos altamente capacitados, prontos a inovar.
A destruição criadora de Schumpeter (1943)
Esse famoso economista, diferentemente dos neoclássicos, ressaltou que apenas
a inovação pode criar novas necessidades de consumo e novas margens de lucro
que permitem o crescimento da empresa. De acordo com Schumpeter, o
investimento capitalista não é motivado pelo lucro normal no mercado de
produtos indiferenciados (TIGRE, 2006). Assim, o capitalisma destróia e cria a
estrutura existente por meio da inovação. Novos produtos, novas tecnologias,
novas fontes de suprimentos e novos tipos de organizações permitem o aumento
da escala produtiva. Assim, a “firma” para Schumpeter é o local de produção e de
inovação, que demandará maiores investimentos em pesquisa e
desenvolvimento (P&D).