1. Texto do Sermão de Santo António
Painel de azulejos de Santo António pregando aos peixes, fachada da capela de
Santo António no Grémio Cultural e Recreativo Português, em Belém do Pará,
Brasil.
2. Texto do Sermão de Santo António
O primeiro relato escrito que se conhece do Sermão de Santo António aos peixes consta na
Legenda Rigaldina1, do século XIV, exposto da seguinte forma:
Se, porém, os homens, dotados de entendimento, desprezavam a sua pregação, Deus
mostrava, com sinais e prodígios, por meio dos animais irracionais, que ela era digna de
veneração. Um dia, nos arredores de Pádua, alguns hereges desprezaram a sua palavra e
escarneceram dela. António aproximou-se do rio, que passava perto e de forma que todas as
pessoas presentes pudessem ouvir disse aos hereges: «Porque vos mostrais indignos da palavra
de Deus, vou voltar-me para os peixes, para confundir mais fulgurantemente a vossa
incredulidade».
Com fervor de espírito começou a pregar aos peixes, referindo os dons que Deus lhes
concedera: como os tinha criado, como lhes dera a pureza das águas, e como os alimentava sem
precisarem de trabalhar.
A estas palavras, os peixes começaram a ajuntar-se e a aproximar-se dele, levantando acima
da água parte do corpo, a olhar atentamente para ele e a abrir a boca. E, enquanto aprouve ao
Santo falar-lhes, escutaram-no atentamente, como se fossem dotados de razão, e não se
afastaram sem que primeiro recebessem a sua bênção. Aquele que tornou as aves atentas à
pregação de São Francisco foi o mesmo que reuniu os peixes e os tornou atentos à pregação de
seu filho António.
In Fontes Franciscanas III – Santo António de Lisboa, Braga, Editorial Franciscana, 1998, Vol. III, p. 40
1
A Legenda Rigaldina é um dos textos hagiográficos sobre a vida e a taumaturgia de Santo António.
3. Texto do Sermão de Santo António
Santo António Pregando aos Peixes,
óleo sobre tela, Paolo Veronese, 1580, Museu Galeria Borghese, Roma.