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1
Em reconhecimento a
“Seja um Supervisor de Células Eficaz”
“O livro Seja um Supervisor de Células Eficaz de Joel Comiskey é um
superlivro! É um livro oportuno baseado em verdades eternas. É pertinente, prático,
aplicável e poderoso. Este pode ser o melhor e mais importante livro que Comiskey já
escreveu. Mal posso esperar para colocá-lo nas mãos de todos os nossos supervisores.”
Dave Earley
Pastor Geral, New Life Church
Autor de 8 Hábitos do Líder Eficaz de Grupos Pequenos, publicado pelo
Ministério Igreja em Células
“Super! Neste livro, Comiskey compilou o melhor do melhor em ajuda prática e
histórias inspiradoras para ajudar todo supervisor a melhor ministrar aos seus líderes.
Dr. Cho uma vez descreveu o supervisor como ‘o membro mais importante da igreja’,
porque se os supervisores estiverem cuidando bem dos seus líderes, os líderes então
cuidarão melhor dos seus membros. O livro de Comiskey vale o seu peso em ouro para
todos os que exercem a função de supervisor ou que estão se preparando para isso.”
Karen Hurston
Hurston Ministries
“Este livro é um acréscimo bem-vindo à literatura sobre igreja em células. Da
formação de relacionamentos fortes e duradouros, aperfeiçoando ‘jogadas’ e acertando
problemas com tiros certeiros, Joel Comiskey abrange com precisão as habilidades
necessárias para a supervisão eficaz. Aprenda habilidades interpessoais e como
desenvolver líderes enquanto fortalece e motiva sua equipe. Leia este livro!”
Billy Hornsby
Diretor de Association of Related Churches
“Estou muito grato pelo novo livro de Joel Comiskey e estou adquirindo um para
cada um de meus supervisores de grupos pequenos. Ele comunica os princípios e as
práticas que vão ajudá-los a levar a supervisão deles a um novo nível.”
Jim Egli
Pastor de Grupos Pequenos, The Vineyard Church, Champaign, IL
“O erro mais cometido por pastores de células é pensar que as células vão seguir
seu curso sozinhas. Se os líderes de células devem realmente liderar, guiar e pastorear as
pessoas das suas células, eles precisam ter um supervisor que os estará liderando,
guiando e pastoreando.Da minha experiência sei que os supervisores de células são a
chave para uma estrutura de células eficaz. No entanto, muitas vezes os supervisores
não sabem o que fazer. É disso que trata o livro de Joel. É prático e objetivo. Todo
supervisor que ler este livro se sairá um supervisor melhor.”
Jay Firebaugh
Pastor Geral, Clearpoint Church
“Joel novamente tomou um componente fundamental do desenvolvimento de
liderança saudável e o traduziu em aplicação prática para a igreja baseada em células. A
supervisão é decisiva para o desenvolvimento de líderes em todos os níveis. Se os
supervisores de células lerem e aplicarem os princípios deste livro, eles não vão apenas
2
descobrir que são líderes mais eficazes, mas também que os seus líderes de células e as
células serão mais saudáveis.”
Bob Logan
Diretor Executivo, CoachNet, Inc.
“Quando trabalho com igrejas, o conselho que freqüentemente dou se refere à
necessidade urgente de melhorar o nível e a qualidade da supervisão dos seus líderes de
células. Este recurso explica de maneira prática todos os aspectos da supervisão e
merece totalmente o título. Se aplicar esses princípios, você realmente irá se tornar um
supervisor de células bastante eficaz.”
Randall Neighbour
Editor Geral, CellGroup Journal
“Supervisão ungida é O elemento chave na formação de células bem-sucedidas
em uma igreja em células. O novo livro de Joel nos treina para um estilo de vida de
supervisão que constantemente gera e desenvolve novos ministros e ministérios.”
Alan Corrick
Pastor de Células, Door of Hope
“Um recurso enorme em uma pequena embalagem. A necessidade primordial na
liderança de grupos é a supervisão eficaz. Aqui está a ferramenta mais prática, clara e
fácil de usar para ajudar supervisores a capacitarem seus líderes para a excelência.
Feedback eficaz, diagnóstico de problemas, advertências e hábitos de supervisão estão
todos contidos neste grande livro.”
Bruce Crammer
Pastor de Células, Shepherd of the Hills Church
Seja um Supervisor de Células Eficaz
Seja um Supervisor de Células Eficaz
Dicas práticas para apoiar e mentorear líderes de célula
Joel Comiskey
(logo MIC)
Ministério Igreja em Células
Publicado em português por:
Ministério Igreja em Células do Brasil
Rua Vereador Antônio Carnasciali, 1661
81670-420 Curitiba — PR
Tel./fax: (41) 3276-8655
3
Copyright © 2006 por Joel Comiskey
Título em inglês: How to Be a Great Cell Group Coach
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida,
armazenada em sistema de recuperação, ou transmitido, de qualquer forma ou por
qualquer meio, eletrônico, mecânico, de fotocópias, gravação, ou outro qualquer, sem a
permissão por escrito dos editores.
Coordenação geral: Robert Michael Lay
Tradução: Daniel Fernandes Lima
Revisão: Ingrid Neufeld de Lima e Valdemar Kroker
Diagramação:
Capa: Inventiva Comunicação
Os textos bíblicos são da Nova Versão Internacional, Editora Vida, salvo outra
indicação.
Página na Internet:
http://www.celulas.com.br
Agradecimentos
Devo um reconhecimento especial a Jeff Lodgson, Pastor Associado de Flipside
Church, uma congregação pós-moderna em Rancho Cucamonga. Deus colocou Jeff
Lodgson na minha vida em um momento crítico da minha jornada. Naquela ocasião, eu
deveria ser um supervisor, mas agia como um consultor, e não fazia a menor idéia de
que são duas coisas diferentes. Jeff me ofereceu materiais e conselhos, encontrando-se
comigo em diversas ocasiões para me ensinar conceitos e princípios de supervisão.
Devo ao Jeff muitas das idéias que estão neste livro.
Também sou muito grato pelo excelente trabalho de Jay Firebaugh na supervisão
de líderes de células e sua generosidade em compartilhar princípios de supervisão
comigo.1
Quero agradecer a Bob Logan por seu abrangente ensino sobre supervisão.
Logan, que sabe mais do que qualquer outra pessoa a respeito de supervisão, tem
ensinado conceitos de supervisão por anos e é hoje o promotor chefe da supervisão
cristã (ele também discipulou Jeff Lodgson).
Capacitando Líderes por meio da Supervisão [Empowering Leaders through
Coaching], uma série de fitas em áudio de Steven L. Ogne e Thomas P. Nebel, causou
um grande impacto em minha vida. Os principais capítulos deste livro (Ouvir, Encorajar
etc.) derivam dos conceitos das fitas de Ogne e Nebel.2
Conteúdo
4
Introdução..............
Parte Um: Hábitos de um bom supervisor de células
Capítulo 1
Receber............
Capítulo 2
Ouvir.............
Capítulo 3
Encorajar...............
Capítulo 4
Cuidar..............
Capítulo 5
Desenvolver/Treinar............
Capítulo 6
Desenvolver uma estratégia.............
Capítulo 7
Desafiar.............
Parte Dois: Melhorando sua supervisão
Capítulo 8
Aumentando a autoridade da supervisão.......
Capítulo 9
Diagnosticando problemas.......
Capítulo 10
Passando pelos estágios de supervisão....
Capítulo 11
Encontros de supervisão.........
Capítulo 12
Visitando as células............
Notas.............
Índice..............
Introdução
5
A palavra coach se origina de um termo húngaro antigo que significava “carro
de Kocs”, um vilarejo onde foi desenvolvido esse carro sobre rodas puxado por cavalos.
No extremo oeste norte-americano, o grande carro puxado por cavalos era chamado de
stagecoach — carruagem ou diligência. O uso do termo evoluiu no século XIX,
passando a fazer parte do jargão universitário para se referir a um instrutor ou treinador,
“no sentido de que o aluno é conduzido até o término dos exames pelo tutor como se
estivesse viajando em uma carruagem”.1
Atualmente, a maioria das pessoas usa o termo coach para se referir a uma
pessoa que leva atletas sob sua responsabilidade a realizar aquilo que não poderiam
fazer sozinhos. No mundo esportivo, o alvo de um coach ou treinador é levar a sua
equipe à vitória do campeonato. Mas os métodos usados pelos diferentes treinadores
variam. Len Woods escreve: “Há treinadores esportivos bem-sucedidos de todos os
tipos...Há aqueles durões da escola antiga,... os ‘vulcões humanos’,... ‘professores bem-
educados’,... ‘gurus motivacionais’,... e os ‘favoritos dos jogadores’...”.2
O parágrafo abaixo foi escrito pelo pr. daniel em substituição aos dois parágrafos acima.
temos de optar entre as duas versões.
(Em inglês as igrejas em células têm usado o termo coach para designar seus
supervisores. Esse termo é usado não só para técnicos de esportes, mas também por
orientadores e treinadores profissionais. Em ambos os casos o alvo é levar as pessoas
sob sua responsabilidade ao melhor desempenho possível garantindo ou tornando mais
viável a vitória.)
A mesma idéia se aplica a supervisionar em uma igreja. O alvo de supervisores
cristãos é mover as pessoas na direção de Jesus Cristo. Paulo expressou seu alvo como
um supervisor cristão: “Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com
toda sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu me
esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim”. O supervisor
cristão se esforça para levar as pessoas à conformidade com Jesus Cristo, sabendo que a
última coroa é aquela que durará para sempre (1 Co 9.25).
6
Supervisores de grupos pequenos ou células
As células ou grupos pequenos têm se tornado o foco de muitas igrejas ao redor
do mundo. Elas são estimulantes porque provêem um lugar onde as pessoas podem
dividir sua vida umas com as outras, pessoas podem alcançar não-cristãos sem usar
táticas evangelísticas que pressionem, e pessoas comuns podem se tornar novos líderes.
É natural que pastores e líderes de igrejas que aprendem sobre a visão de células fiquem
extremamente animados com as coisas que podem acontecer em suas igrejas.
Essas igrejas freqüentemente começam criando grupos e focalizando em recrutar
facilitadores. Uma vez que líderes tiverem sido treinados, eles são liberados para liderar
seus grupos. Mas a maioria das igrejas que fazem isso encontram um problema: elas
têm falta de supervisores qualificados. Sem uma supervisão sólida, a animação inicial
dos grupos pequenos desaparece. Líderes que estavam animados com as células ficam
esgotados, lamentando não ter se envolvido em um ministério menos exigente. Sem
supervisão, as células que eram saudáveis começam a morrer lenta e dolorosamente.
A importância da supervisão?3
1. A supervisão mantém a motivação do líder de célula fortalecida. Supervisão
consistente pode manter um líder de célula inspirado e afiado.
2. A supervisão pode melhorar a habilidade de liderança do líder de célula.
Pequenas diferenças na estratégia (junto com pequenos erros) fazem a diferença
entre ganhar e perder.
3. A supervisão pode prevenir desastres antes que aconteçam. O
desencorajamento pode ser tratado antes que se torne mortal.
4. A supervisão ajuda os líderes a trabalharem juntos como uma equipe.
Cooperação previne o isolamento doentio e promove unidade.
5. A supervisão pode promover a descoberta e o desenvolvimento de novos
líderes. Um sistema de células cresce quando novos líderes potenciais são
descobertos no contexto de grupos saudáveis.
David Cho, fundador e pastor da maior igreja na história do cristianismo, disse
certa vez: “A chave por trás do sistema de células é o supervisor”. A pesquisa de
7
Dwight Marable e Jim Egli confirma isso. Eles pesquisaram grupos pequenos ao redor
do mundo e descobriram que supervisão é o elemento-chave para conseguir sucesso
duradouro nas células. Egli diz, “Nós avaliamos seis elementos de igreja em nossa
pesquisa. Supervisão ultrapassou até mesmo treinamento e oração”.5
Assim como os melhores atletas do mundo precisam de técnicos para ajudá-los a
jogar melhor, assim também precisam os líderes de célula. Nenhum líder de célula, não
importa quão talentoso ou bem treinado ele ou ela seja, conseguirá liderar tão
eficientemente sozinho, como poderia com a ajuda de um supervisor de célula.
O que é um supervisor de célula?
O supervisor de células equipa os líderes de célula com ferramentas,
conhecimento e oportunidades que eles precisam para se desenvolverem e se tornarem
mais eficientes.6
O supervisor encoraja, supre e desafia os líderes de célula a crescerem e
multiplicarem as suas células.
Por que supervisionar?
“Os propósitos do coração do homem são águas profundas, mas quem tem
discernimento os traz à tona.”
Provérbios 20.5
A palavra “supervisor” descreve o papel que a pessoa desempenha ao apoiar os
líderes de célula sob seu cuidado. Não é um termo sagrado. Na verdade, as igrejas usam
muitos termos diferentes para identificar o papel desempenhado pelo supervisor de
células: supervisor, líder de seção, líder de G-12, fiscal de células, patrocinador de
célula, até mesmo “L” (o número romano para 50).
O propósito deste livro não é dar uma estrutura específica do número de células
ou grupos pequenos que um supervisor deve supervisionar. Esse número varia de igreja
8
para igreja, dependendo da visão da igreja e da capacidade do supervisor. O ponto é que
um supervisor supervisiona pelo menos uma outra célula. Para mais sobre estruturas de
supervisão veja meus livros Groups of Twelve [Grupos de Doze] e From 12 to 3 [De 12
a 3].7
Assim como um líder de célula não deve ficar sozinho, assim também um
supervisor. Ele ou ela também é cuidado por outro líder, normalmente um pastor
(embora em igrejas maiores talvez não seja esse o caso). Igrejas em células bem-
sucedidas desenvolveram pessoas para cuidar tanto de supervisores como de líderes de
célula, para que todas as pessoas sejam cuidadas e protegidas — do pastor geral aos
membros da célula.
É fácil para líderes de igreja ficarem tão apaixonados com a estrutura das células
que eles falham em entender os papéis dentro dessa estrutura. Isso levou muitas pessoas
a me confessarem: “Joel, eu não sei supervisionar! Conheço a estrutura e a logística,
mas não sei o que fazer quando estou realmente supervisionando. Por favor, me ajude!”.
Para tornar as coisas piores, há muito pouco material sobre o papel do supervisor. Há
ótimos recursos sobre como liderar células, como treinar líderes, e como começar um
sistema de células em uma igreja. Mas pouco foi dito sobre o que um supervisor
realmente faz para ajudar seus líderes de célula a se tornarem mais eficientes.
O que um supervisor não é
Muitas pessoas se tornaram supervisoras somente para ficarem frustradas. A
maioria dessas frustrações vem de mitos sobre o papel do supervisor.
A maioria das pessoas confunde supervisão com consultoria. Consultores são
pessoas experientes que dão conselhos e dicas sábias em uma base de curto prazo para
um cliente. Consultores têm um papel importante, mas quando supervisores adotam esse
modelo, há pelo menos dois perigos.
Cumprindo o sonho do líder
9
“Isso (supervisionar) é diferente de, por exemplo, prestar
consultoria, em que o consultor traz conhecimento especializado e muito
freqüentemente estabelece uma agenda para o relacionamento. O trabalho
do supervisor é ajudar... (pessoas) a esclarecer sua missão, propósito e
alvos, e ajudá-las a alcançar esse resultado.”8
Perigo n.º 1: Criar dependência. O líder é forçado a depender da pessoa
experiente e raramente quebra essa dependência. O supervisor é, ao contrário,
um ouvinte e encorajador com o alvo de capacitar os líderes a serem tudo o que
Deus quer que eles sejam.
Perigo n.º 2: Sobrecarga de informação que não funciona a longo prazo. A
informação é necessária para liderar e multiplicar uma célula com sucesso. O
maior obstáculo, no entanto, é aplicar na prática essa informação ao longo do
tempo.
Os consultores provêem informação para um propósito predeterminado,
enquanto o objetivo do supervisor é trabalhar com líderes de célula por um período
extenso de tempo em qualquer área que seja importante.
Outra concepção errada sobre supervisores é considerá-los uma espécie de
administrador intermediário (que faz o “meio de campo”). Muitos supervisores se
sentem como se fossem burocratas que apenas passam informação aos seus líderes e se
certificam de que estes entreguem seus relatórios a tempo. A imagem do supervisor
como administrador intermediário despersonaliza o ministério e rompe ou até mesmo
destrói o ministério de células. Quando supervisores se tornam um modelo de “passar
informação e checar fatos” aos líderes de célula, eles estabelecem um padrão ruim para
os líderes imitarem.
Outra concepção errada é que o supervisor é um conselheiro, uma pessoa a quem
os líderes de célula recorrem quando enfrentam problemas maiores. O supervisor não
espera que um líder venha com preocupações ou reclamações. O supervisor deve apoiar
proativamente seus líderes, buscando interceptar problemas antes de eles acontecerem.
10
Às vezes um supervisor vai dar conselhos, agir como administrador
intermediário, e servir como conselheiro em situações de crise, mas tais papéis não
devem ser o foco. O supervisor é alguém que ajuda outra pessoa a cumprir o chamado
de Deus para ela.
Os melhores supervisores estão na batalha
Alguns supervisores vêem seu papel como uma promoção ou graduação do
ministério “mãos-na-massa” na célula. Nada poderia estar mais longe da verdade. Para
encorajar os líderes, o supervisor precisa poder dizer, “Eu estive lá”. No mínimo, os
supervisores devem participar de uma célula para continuar experimentando a vida de
célula de modo que sejam exemplo. É ainda melhor se os supervisores puderem
continuar a liderar uma célula enquanto supervisionam. (Isso normalmente pode ser
feito quando supervisionarem três líderes ou menos.)
Os melhores supervisores são aqueles que lideraram e multiplicaram um grupo
com sucesso. Por quê? Porque eles sabem como é experimentar a dor de “dar à luz”, as
alegrias do ministério e as lutas do evangelismo. Eles podem oferecer uma palavra
renovadora e conselhos relevantes aos líderes que estão supervisionando.9
Os hábitos de bons supervisores de células
Os melhores supervisores de células incluem hábitos comuns no ministério e
apoio de seus líderes de célula. Hábitos são coisas que uma pessoa faz “sem pensar”.
Eles se tornam elementos tão integrados ao caráter da pessoa que nenhum esforço
consciente é necessário. Há sete hábitos de bons supervisores. Bons supervisores:
 Recebem de Deus (capítulo 1)
 Ouvem o líder de célula (capítulo 2)
 Encorajam o líder de célula (capítulo 3)
 Cuidam do líder de célula (capítulo 4)
 Desenvolvem/ treinam o líder de célula (capítulo 5)
11
 Desenvolvem estratégias com o líder de célula (capítulo 6)
 Desafiam o líder de célula (capítulo 7)
Para adotar esses hábitos, o supervisor terá de trabalhar conscientemente cada
um deles. Esses hábitos foram escritos em seqüência, como um plano de sete passos
para ajudar os supervisores a reordenarem seus hábitos e supervisionarem com
eficiência. Adaptei essa seqüência sobre supervisão de uma série de vídeos chamados
Empowering leaders through coaching [Capacitando líderes por meio de
mentoreamento] de Steven L. Ogne e Thomas P. Nebel.10
Acrescentei “Recebem de
Deus” e apliquei os conceitos que eles tão bem ensinam para o papel específico do
supervisor de células.11
“Os hábitos são fatores poderosos em nossa vida. Por serem padrões
consistentes, e às vezes inconscientes, eles com freqüência, diariamente,
expressam nosso caráter e nos fazem eficazes... ou ineficazes.”12
Na Parte Um (capítulos 1 a 7), desembrulho esses hábitos e mostro como usar
cada um deles em situações de supervisão — seja na supervisão um-a-um ou em um
encontro de grupo.
Na Parte Dois (capítulos 8 a 12), falo sobre aumentar sua autoridade como
supervisor (capítulo 8), diagnosticar problemas da célula (capítulo 9), os diferentes
estágios de supervisão (capítulo 10), o encontro do grupo de líderes de célula (capítulo
11), e visitando a célula (capítulo 12).
Dê o que você tem
Você pode estar se sentindo muito inadequado para supervisionar alguém. Mas
lembre-se de que Deus não está procurando supervisores perfeitos. Veja a si mesmo
como um catalisador (elemento químico fundamental para que uma reação entre outros
elementos aconteça — NT) para ajudar outros a se desenvolverem (supervisor e não
consultor). Não tenha medo de dar o que você tem. Quando você o fizer, Deus irá
derramar na sua vida novo discernimento e sabedoria para você continuar.
12
Destaques especiais deste livro
Neste livro, como em meu outro How to Lead a Great Cell Group Meeting
[Como liderar um encontro de célula bem-sucedido], você vai encontrar dicas e
conselhos práticos que vão ajudá-lo a compreender e aplicar os princípios de uma boa
supervisão, revelando como implementá-las com seus líderes. Você vai encontrar essas
dicas com os seguintes destaques:
Dicas
Essas são idéias rápidas e fáceis que vão despertar sua própria criatividade.
Idéia
São citações e testemunhos que vão ajudá-lo a melhorar seu ministério de
supervisor.
Estratégia
São estratégias testadas e aprovadas que apresentam maneiras práticas de
supervisionar melhor.
Dicionário
Essas definições ou descrições básicas vão esclarecer questões comuns sobre a
supervisão de células.
Parte Um:
Hábitos de um bom supervisor de células
Capítulo 1
13
Receber
Imagine só: você está no Palácio da Alvorada, esperando para se encontrar com
o presidente do Brasil. Em cinco minutos será sua vez de apertar a sua mão e conhecer
seu escritório. Essa é uma oportunidade única. Você está nervoso, muito preparado e
tentando parecer tranqüilo. Nesse momento a porta se abre e você ouve as palavras:
“Por favor, entre”.
Se o presidente pedisse para se encontrar com você no Palácio da Alvorada,
você estaria lá no horário certo e preparado para encontrá-lo?
Agora considere o seguinte: O Rei dos Reis, muito mais importante que qualquer
autoridade mundial, está pedindo a sua presença. Ele o está convidando para
comparecer diante dele, e ele não está interessado apenas em uma foto ou um breve
aperto de mão — ele quer se encontrar com você todos os dias.
Grandes supervisores precisam de sabedoria profunda e constante
encorajamento. A melhor maneira de conseguir isso é ir diretamente à fonte: Jesus
Cristo. Encontre-se com Deus antes de se encontrar com seus líderes de célula. Eles vão
agradecer-lhe por isso.
Renovação de Deus
Deus falou de uma maneira muito linda por meio do profeta Isaías: “Venham,
todos vocês que estão com sede, venham às águas; e vocês que não possuem dinheiro
algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e
sem custo” (Is 55.1).
14
Os supervisores não têm nada de valor para passar aos seus líderes além daquilo
que eles receberam de Deus. Para que sua supervisão seja eficaz e frutífera, eles
precisam permanecer em contato com a fonte de poder.
É importante gastar tempo com Deus cada dia, mas às vezes circunstâncias
inesperadas impedem que isso ocorra na vida dos supervisores. Nesses dias um
supervisor pode simplesmente dizer: “Deus, eu lhe agradeço por sua graça, e lhe
agradeço que não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”.
Jesus disse algo importante em Mateus 6.34: “Basta a cada dia o seu próprio
mal”. Cada dia tem as suas dificuldades e desafios. Alimentar-se diariamente da palavra
de Deus e receber sua força torna possível enfrentar esses desafios e viver uma vida
cristã vitoriosa.
Deus nos estimula a buscá-lo
“Buscamos a Deus porque, e somente porque, ele primeiro colocou em
nós um desejo que nos estimula a buscá-lo.”
A. W. Tozer1
É uma questão de relacionamento
Gastar tempo diariamente com Deus não significa seguir uma fórmula ou manter
uma lista legalista de atividades obrigatórias. Afinal, “variedade é o tempero da vida”;
em geral, é melhor ser flexível ao gastar tempo com Deus. Quando me sinto
sobrecarregado, gosto de derramar meu coração para Deus. Em outras ocasiões, leio
muito mais a palavra. Conhecer a Deus envolve o mesmo tipo de interação espontânea
necessária para desenvolver qualquer relacionamento.
Conhecer a Deus envolve um relacionamento
“Conhecer a Deus não vem por meio de um programa, um estudo ou um
método. Conhecer a Deus vem por meio de um relacionamento com uma
15
pessoa... Por meio desse relacionamento, Deus revela a si mesmo, seus
propósitos e seus caminhos; e ele o convida a se unir a ele naquilo que ele está
fazendo.”
Henry Blackaby2
Quando um marido e sua esposa se sentam juntos para conversar, eles não têm
uma lista de assuntos para discutir. Em vez disso, há um fluxo natural em sua conversa.
Por quê? Porque o alvo é conhecer um ao outro. Da mesma maneira, gastar tempo com
Deus tem o alvo de conhecer a Deus. O propósito é desenvolver um relacionamento
com Jesus Cristo.
O que um tempo devocional NÃO é
 Ritual religioso. Em vez disso, é um relacionamento com o Todo-poderoso.
 Apenas ler a Bíblia. A Bíblia oferece a sustentação espiritual do tempo
devocional, mas gastar tempo com Deus é mais do que ler a Bíblia.
 Apenas orar. A oração é apenas uma parte do tempo devocional. Deve
incluir também leitura da palavra de Deus, adoração, confissão e ouvir a
Deus.
 Ler um guia devocional. É muito bom ter um plano, mas é importante ir
além do plano e entrar na presença de Deus.
Mesmo Jesus, o homem-Deus, iniciava cada dia com o Pai. A Bíblia diz em
Marcos 1.35 que Jesus saía para estar em particular com seu Pai. Marcos diz: “De
madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um
lugar deserto, onde ficou orando”. Isso era uma parte natural da vida de Jesus. Jesus
sabia que sua força resultava do tempo gasto com o Pai celestial.
O encontro matinal de Cristo com seu Pai era o seu sustento e renovação, mas
ele não deixava o contato quando esse momento terminava. Pelo contrário, Jesus se
mantinha em constante relacionamento com o Pai durante todo o dia. Jesus entrava em
uma comunhão tão profunda com o Pai que ele podia dizer: “...pois sempre faço o que
lhe agrada” (João 8.29).
16
A imagem de Deus em nós
“Deus molda o coração do líder a fim de aumentar o seu próprio coração por
meio do líder.”3
O poder para supervisionar vem do amor transbordante de Deus. A única coisa que
supervisores têm para dar é aquilo que Deus já lhes deu. O tempo devocional é o tempo
de recarregar e ser renovado, a fim de renovar outros.
“A vida espiritual não é algo que acrescentamos à nossa vida já tão ocupada.
Estamos falando de impregnar, infiltrar e controlar o que já estamos fazendo
com uma atitude de serviço a Deus.”
Richard Foster4
O tempo devocional ajuda os supervisores a andar com Deus
Gastar tempo específico com Deus não significa ignorar a necessidade de uma
comunhão com o Pai no decorrer do dia. Na realidade, ambos são essenciais. Um
alimenta o outro. Tempo pessoal com Deus renova e dá aos supervisores poder para
andar no Espírito pelo restante do dia. Após gastarem tempo na presença de Deus, os
supervisores irão notar uma nova sensibilidade à sua presença em suas atividades
diárias.
Frank Laubach, autor de vários livros sobre oração, literatura e justiça, diz:
“Uma hora devocional não substitui o ‘permanecer contínuo’, mas é uma ajuda
indispensável; faz com que o dia comece certo. Mas o dia precisa continuar certo.
Devemos cultivar o hábito de nos voltar para Deus todas as vezes que terminamos
alguma tarefa e nos preparamos para fazer a que vem a seguir”.5
Tempo Devocional Permanecer contínuo
 Receber a plenitude de Deus
 Estudar a palavra de Deus
 Esperar em Deus
 Orar por motivos específicos
 Manter a plenitude de Deus
 Lembrar a palavra de Deus
 Andar com Deus
 Orar momento a momento
17
O Espírito de Deus é o maior supervisor de todos, é aquele que vai guiá-lo em
toda a verdade. A Bíblia diz: “... Quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda
a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que
está por vir” (João 16.13). À medida que você caminha com Deus, você irá perceber seu
amor, poder e graça fluindo por meio de você. Você será capaz de ajudar outros, pois
terá sido ajudado por ele. Você saberá discernir quando está “afinado” ou quando está
se arrastando. A diferença está no seu tempo com Deus.
O poder da oração diária pelos líderes de célula
Scott Kellar começou a liderar seu grupo em Escondido, Califórnia, no ano de
2000, e tem liderado uma célula desde então. Ele multiplicou sua célula quatro vezes, e
cuida pessoalmente dos líderes que tem desenvolvido. Scott acredita que a chave do seu
sucesso, e do sucesso dos líderes que ele supervisiona é orar por cada um deles, e
protegê-los por meio da oração.
Scott começou a orar por uma de suas líderes de célula, Melissa, quando ela era
ainda um membro de sua célula. Após orar por ela por dois meses, ele abordou Melissa
sobre a possibilidade de um dia liderar uma célula. Ela recusou laconicamente com as
palavras: “Não estou pronta”. Scott continuou a orar por ela, pedindo a Deus que abrisse
o seu coração. Ele esperou por seis meses e então a abordou com a mesma pergunta
sobre tornar-se uma líder de célula. “Claro”, ela respondeu. Agora Melissa lidera com
sucesso a sua própria célula, e Scott continua supervisionando a ela e a seu marido.
Daljit Gill, um supervisor de célula muito eficaz que iniciou a formação de
aproximadamente 200 células em Melbourne, Austrália, conta uma importante história
de supervisão. Um líder que ele supervisionava tinha um membro em sua célula com
uma atitude péssima em relação à célula, e que verbalizava os seus sentimentos para
todos no grupo. Daljit disse ao líder para orar e “assumir autoridade sobre qualquer
espírito negativo que tivesse controle sobre ele e sua mente”.
Deus deseja responder
18
“Oração não é vencer a relutância de Deus; é assegurar-se de sua
suprema disposição.”
Richard Trench, Arcebispo Anglicano de Dublin6
Tanto aquele líder de célula como sua esposa se dedicaram à oração, declarando
palavras positivas a esse membro, e enviando cartões de estima a ele e à sua família.
Semana após semana as paredes lentamente começaram a cair. Um dia o líder ligou para
o escritório desse homem, e lhe disseram que ele estava em casa, doente. Durante o
intervalo do almoço, o líder foi visitá-lo. Orou por seu membro de célula e lhe deu um
grande abraço na saída. O homem foi quebrantado e confessou seu espírito mesquinho e
seu egoísmo. Desde aquela época, esse membro tem dado a seu líder completa
permissão para desafiá-lo em sua vida. Hoje, eles são muito amigos, e aquele membro
da célula é agora um líder de célula, e está se saindo muito bem.7
Minha esposa e eu supervisionamos uma mulher solteira chamada Janet que
lutava com a memória de abuso físico e emocional na sua infância. Gastamos horas com
ela, tentando ajudá-la a vencer o medo e a autocondenação.
Uma noite, pelo telefone, Janet me disse que não podia mais agüentar, e que
estava deixando a igreja. Nós oramos e oramos, sem saber se jamais a veríamos de
novo. Mas Deus estava trabalhando na vida de Janet, e ela finalmente voltou para
continuar sua caminhada em santidade. Janet não foi apenas capaz de vencer seus
problemas, mas está também ajudando outros a vencerem seus problemas por meio de
uma liderança de célula eficaz.
Orar diariamente pelos líderes de célula é uma área na qual supervisores cristãos,
diferentemente de seus semelhantes seculares, podem ter grande sucesso. O Espírito de
Deus continua trabalhando entre os encontros de supervisão.
Proteção de oração
Na batalha de Saratoga, durante a guerra de independência norte-americana, os
soldados americanos receberam ordens de atirar unicamente nos oficiais britânicos que
19
recebiam salário para lutar. A estratégia funcionou. Muitos acreditam, na verdade, que
as forças americanas ganharam a guerra por focalizarem em matar os líderes, e não os
soldados voluntários.
Os líderes de célula são guerreiros na linha de frente, e por essa razão, o diabo
aponta para eles sua artilharia pesada. Os supervisores precisam proteger seus líderes,
cobrindo-os com um escudo de oração que pode resistir mesmo ao ataque mais feroz.
A oração é desesperadamente necessária para proteger os líderes do ataque
inimigo. Paulo compartilha uma verdade reveladora em 1 Co 5.3: “Apesar de eu não
estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez
isso, como se estivesse presente”. A única maneira de Paulo estar presente era por meio
da oração. O poder da oração permite a um supervisor mais experiente estar com seu
líder em todo tempo, mesmo quando ele ou ela esteja fisicamente ausente. À medida
que supervisores oram diariamente por seus líderes de célula, Deus lhes garante a vitória
com esses líderes, mesmo antes que possam vê-la.
Passos da oração intercessora
 Discernir adequadamente as necessidades da pessoa.
 Entrar na arena de oração em defesa da pessoa.
 Orar com persistência e fervor por suas necessidades.
 Alegrar-se quando Deus responder suas orações.
Cristo orou pela proteção dos seus discípulos em João 17.15: “Não rogo que os
tires do mundo, mas que os protejas do maligno”. O supervisor oferece proteção
sobrenatural por meio de oração intercessora. À medida que o supervisor eleva seus
líderes de célula a Deus em oração diária, esses líderes vão sentir isso e receber a
transformação de Cristo.
20
Invadindo o território inimigo por meio da oração
“Eu me tornei um líder de célula em setembro de 1997. O lugar onde eu morava e estava
envolvido era cheio de feitiçaria e pobreza. Eu estava desanimado e freqüentemente
pensava em deixar a célula. O Espírito Santo me tocou quanto a certas ações que
deveriam ser tomadas, todas ações espirituais e de oração. Iniciei uma ação de oração em
minha célula, que acabou crescendo para uma supervisão (5 células). Continuei a orar, e
minha supervisão se tornou uma área (25 células, e então duas áreas. O Senhor fez tudo.
As células cresceram de 3 para 30 células em dois anos... Quando os poderes do ar são
quebrados, a luz de Deus brilha de modo magnífico, trazendo cura e redenção a todos os
feridos e desamparados.”
Um supervisor de células em Uganda8
O Espírito de Deus é o melhor supervisor. Quando supervisores oram por seus
líderes, o Espírito Santo começa a trabalhar na vida deles. Ele vem sobre eles, dando-
lhes a habilidade de ouvir e realizar sua vontade diariamente. À medida que
supervisores oram por aqueles que eles lideram, Deus lhes dá uma nova percepção sobre
a necessidade dos líderes. Ele dirige os supervisores em suas amizades, suas palavras e
seu encorajamento. Conforme você ora diariamente por seus líderes de célula, você vai
experimentar suas feridas e suas vitórias; você vai ministrar os problemas em um nível
que você jamais sonhou.
Capítulo 2
Ouvir
Imagine-se indo ao consultório médico com um mal estar terrível. Em vez de
ajudá-lo em sua doença, o doutor começa a reclamar de seus próprios problemas,
21
contando uma história após outra de sua própria vida. Você balança afirmativamente a
cabeça, fazendo de conta que está ouvindo, enquanto pensa: “Você deveria estar focado
em mim. Estou pagando pela sua atenção!” O caso é absurdo, pois as pessoas esperam
que os médicos dêem atenção aos problemas pessoais delas.
Ditado Cherokee
(Tribo indígena norte-americana)
“Ouça os sussurros, assim você não precisará ouvir os gritos.”
A responsabilidade do supervisor de célula é semelhante. Se o supervisor
focalizar em sua história pessoal — talvez desejando atenção — o líder de célula não
vai receber o que precisa. O supervisor deve cuidar dos líderes e se dar completamente
para suprir as necessidades deles. Os líderes contam com o supervisor para lhes dar
100% de atenção durante os encontros de supervisão. Ouvir é a chave para dar atenção
exclusiva.
A arte de ouvir
Lembro-me de um líder maduro com quem eu queria estabelecer um
relacionamento próximo. Eu o convidei para tomarmos café juntos, na esperança de que
poderíamos conversar. Ele começou a conversa, continuou a conversa e terminou a
conversa — entre goles de café. Diversas vezes tentei interromper para falar alguma
coisa, mas tive a clara sensação de que ele estava mais interessado em suas próprias
palavras. Ele balançava a cabeça enquanto preparava sua próxima frase. Saí dali
desanimado e frustrado, certo de que um relacionamento verdadeiro com ele seria quase
impossível.
Como fazer amigos e influenciar pessoas
O livro de Andrew Carnegie com o título acima foi um bestseller
revolucionário devido ao seu tema clássico: Trate os outros como você quer que
tratem você. O autor destacou uma necessidade humana básica — a necessidade
22
de compartilhar nossas histórias. Mas os melhores amigos são aqueles que
ouvem atentamente e permitem que os outros contem suas histórias.
Meu conselho é este: Não focalize em como você está se saindo como
supervisor. Focalize em como está o líder. Grandes supervisores buscam entender em
vez de serem entendidos. Eles vêem a supervisão da perspectiva do líder. Para se
conquistar essa perspectiva, ouvir é fundamental.
Supervisão habilidosa exige um ouvir habilidoso, sintonizado e apto, com a
capacidade de maximizar a interação de ouvir. Ouvir não é simplesmente escutar
passivamente, mas envolver-se ativamente com a vida do líder. O supervisor precisa
ouvir os sinais de vida, as escolhas que o líder de célula está fazendo, a resistência e a
turbulência que ele ou ela está encontrando no processo.
Benefícios do ouvir
 Aumenta a credibilidade.
 Aumenta o crédito emocional do líder.
 Promove confiança e bem-estar, assim como amizade.
 Permite ao supervisor coletar informações corretas.
Existem muitos livros sobre como melhorar a habilidade de ouvir.1
Mas o teste
maior para o bom ouvinte é se a outra pessoa se sente ouvida ou não. Quando as pessoas
sentem que foram ouvidas e compreendidas, houve o ouvir eficaz.
Ouvir envolve concentração intensiva e séria sobre o que o líder está dizendo. A
mente humana processa idéias e pensamentos muito mais rápido do que uma pessoa
pode expressá-los (cinco vezes mais rápido), por isso é fácil divagar ou sonhar acordado
quando alguém está falando.
Obstáculos para o ouvir
 Preparo inadequado para o encontro de supervisão.
23
 Falta de oração sobre as questões que precisam ser abordadas.
 Linguagem corporal desfavorável (por exemplo: não olhar o líder nos
olhos).
 Questões pessoais não resolvidas (por exemplo: “o supervisor precisa ser
ouvido”).
Preparando-se para ouvir
Preparar-se para ouvir demanda lição de casa antes do encontro. Essa preparação
envolve pensar sobre as circunstâncias e necessidades de cada líder. Eu mantenho uma
pasta para cada um de meus líderes — anotações que fiz durante períodos de oração ou
em encontros e conversas com eles. Antes de um encontro, procuro revisar essas
anotações e orar pelas necessidades daquele líder. Isso me ajuda a ouvi-lo melhor. Faz
com que meu foco esteja nas necessidades do líder em vez de estar em minhas
necessidades.
Antes de realmente ouvir alguém você precisa preparar seu coração. Já que
enfrenta os mesmos problemas, dificuldades e medos que seus líderes de célula
enfrentam, você precisa de um toque especial de Deus para que possa focalizar nas
necessidades de seu líder e não em suas próprias necessidades. “Quando você se
encontra preso em auto análise — defendendo-se, julgando, sentindo-se irritado... sua
tarefa é libertar-se. Você precisa afastar toda essa confusão interna do caminho...”2
Por
definição, o supervisor é uma pessoa que ajuda outras a se moverem de um lugar para o
próximo, seja nos estudos, esportes ou liderança de célula. Portanto, é impossível ser
um bom supervisor a não ser que o foco permaneça nas pessoas que estão sendo
supervisionadas.
Desenvolva um arquivo para o ouvir
O ouvir na oração transborda para ouvir seus líderes. Prepare uma pasta
ou um arquivo para o líder que está supervisionando (por exemplo, um arquivo
de texto). Acrescente novas idéias que reunir durante os encontros de supervisão
— e também o que Deus lhe mostrar em oração.
24
Uma de minhas piores experiências como supervisor aconteceu quando fui
incapaz de me concentrar no líder. Minha família havia perdido seu plano de saúde e eu
estava lutando com sentimentos de ira com a pessoa que havia esquecido de renová-lo.
No dia seguinte, eu tinha um encontro com um dos meus líderes de célula. Eu queria
focalizar nele, mas continuava a voltar para mim mesmo e minhas necessidades, pois
não conseguia me desvencilhar de meus pensamentos e preocupações. O encontro foi
um desastre.
O único modo de se preparar, desligando-se inteiramente de você mesmo para
focalizar no líder, é por meio de oração e meditação. Somente quando você se
desembaraça por meio do Espírito de Deus, poderá ouvir plenamente as necessidades de
seus líderes.
Ouvindo a agenda do líder de célula
Um bom supervisor obtém sua agenda a partir do líder, em vez de
trabalhar com base em uma fórmula rígida. O supervisor pode ter algumas
idéias preconcebidas do que tratar, mas essas idéias podem mudar depois de
ouvir o líder.
Vários níveis do ouvir
Você já teve um amigo que você considerava um bom ouvinte? Esses amigos
fazem o compartilhar parecer fácil, especialmente quando comparados a pessoas que
não são bons ouvintes. As pessoas ouvem em três níveis diferentes. Ouvir no nível um é
o “ouvir mínimo”. O ouvinte pode estar lidando com seus próprios pensamentos
enquanto alguém mais está falando. Ouvir no nível 1 acontece enquanto ouvimos ao
rádio em meio a um congestionamento. Ouvir no nível 2, por sua vez, envolve ouvir
cada palavra. Um exemplo de ouvir no nível 2 ocorre quando um aluno é aprovado em
um exame baseado na palestra do professor. Ouvir no nível 3 vai além de ouvir as
palavras, prestando atenção também em gestos, emoções e aquilo que o Espírito de
Deus está dizendo por meio da situação.3
25
Ouvir no nível 1
Certa vez, minha filha mais velha Sarah, voltou da casa de uma vizinha dizendo:
“Toda vez que vou a casa dela a TV está ligada, mas ninguém está ouvindo”. Muitas
famílias se acostumaram ao ruído contínuo de TV ou rádio, mas eles ajustaram seus
ouvidos para ignorar o que está sendo dito.
Ouvir no nível 1 ocorre quando alguém ouve apenas parcialmente a outra
pessoa. A supervisão superficial acontece no nível 1. Isso acontece quando um
supervisor focaliza naquilo que o líder de célula vai dizer, em vez de focalizar naquilo
que o líder está realmente dizendo. Durante o ouvir no nível 1, o supervisor está
ouvindo apenas para responder — tentando obter informação suficiente para responder
de modo mais eficaz.
Ouvir no nível 1 na barbearia
Minha cabeleireira é uma mulher muito falante. Tento levar a conversa
para o assunto de Deus sempre que possível. Uma vez perguntei a ela o que
pensava sobre Jesus Cristo, pensando que ela me responderia enquanto
cortava o meu cabelo, e eu a ouviria atentamente. Ela falou empolgadamente
sobre todas as boas obras que havia feito para Deus. Infelizmente, não havia
muitas pessoas no salão, e ocasionalmente ela parava de cortar meu cabelo
para falar. Como eu tinha um compromisso logo após cortar o cabelo, toda
vez que ela baixava a tesoura para falar, eu me encolhia. Sempre que ela
parava de cortar meu cabelo, o meu ouvir caía para o nível 1. Eu não queria
encorajá-la a continuar falando.
Ao ouvir no nível 1, o supervisor tem uma idéia daquilo que quer dizer, e apenas
quer mais informação para dizer isso melhor. Ouvir no nível 1 é um ouvir de
consultoria, pois o foco está naquilo que o supervisor quer realizar. Na verdade, o
26
supervisor está dizendo ao líder que aquilo que ele tem a dizer como especialista é o que
realmente importa.
Devo confessar que muito do meu ouvir acontecia no nível 1 antes de eu
realmente entender supervisão. Eu ia para um encontro como consultor, ouvia as
palavras de meus líderes enquanto preparava as minhas respostas. De fato, só ouvia os
meus líderes o suficiente para melhorar o que eu ia dizer. Ouvia para falar. Minha
supervisão naquela época era orientada para Joel Comiskey em vez de ser orientada
para o líder. Ouvia para dar conselhos. Então, agendava encontros adicionais para
garantir que o meu conselho havia sido seguido.
Ouvir no nível 2
Ouvir no nível 2 vai além do nível 1 no sentido de que o supervisor tenta
focalizar inteiramente naquilo que o líder está dizendo. Ele ou ela não está pensando no
próximo item de sua lista. Em vez disso, o supervisor permite que a agenda se apresente
como fruto do ouvir. O nível 2 focaliza nas palavras que estão sendo ditas — na
obtenção dos fatos corretos. Um supervisor, ouvindo no nível 2, busca entender tudo o
que está sendo verbalizado.
Minha mãe recentemente acompanhou meu pai, de 79 anos, ao neurologista. Ela
queria ouvir no nível 2, absorver tudo o que o médico tinha a dizer sobre a condição de
meu pai e o tratamento. As palavras que o médico falou ajudaram minha mãe a cuidar
melhor de meu pai.
Quando o supervisor entra no nível 2, o foco está naquilo que o líder está
dizendo. Os comentários ou perguntas do líder vão dirigir o fluxo da conversa. Se, por
exemplo, o líder tem preocupações sobre como lidar com um membro que fala demais
durante a reunião, o supervisor vai ouvir como o líder se sente sobre essa pessoa e então
discutir idéias com o líder sobre como ajudá-lo. Em outras palavras, o supervisor não
estaria praticando o ouvir no nível 2 se imediatamente contasse uma história sobre um
dos falantes do seu grupo, ou se alistasse três maneiras de lidar com falantes em uma
27
célula. Ouvir no nível 2 permite ao líder completar sua história sem que o supervisor
ofereça fórmulas instantâneas para situações difíceis.
Ouvir no nível 3
Ao ouvir no nível 3, o supervisor sintoniza cada palavra e capta a informação,
mas então vai um passo além ao levar em consideração o ambiente, a linguagem
emocional, conversas passadas, e especialmente aquilo que Deus está revelando em
cada passo do processo.
Quando ocorre o ouvir no nível 3, o supervisor está ouvindo a partir de várias
perspectivas. Ele ouve cuidadosamente gestos, expressões faciais e aquilo que não está
sendo dito, para entender aquilo que o líder está realmente pensando. Um supervisor
que ouve no nível 3 sabe que 60% de toda a comunicação envolve linguagem corporal.
Ouvir com foco
 Evite atropelar o líder.
 Evite contar histórias de sua própria experiência.
 Evite responder suas próprias perguntas.
 Guarde seus conselhos para quando o líder tiver compartilhado todos
os seus pensamentos.
 Se o líder não entender, você pode mudar para o nível de ensino, mas
lembre-se de pedir permissão antes de compartilhar suas idéias.
A chave para ouvir no nível 3 é flexibilidade: absorver a informação, digeri-la e
seguir com o fluxo da situação. Você pode se sentir levado a mudar de marcha, a seguir
o rumo atual ou a voltar a um assunto anterior. Pode sentir que o Espírito de Deus lhe
mostre que deve tomar a informação e seguir em uma direção específica. Faça isso.
Jesus está guiando você, e vai continuar a guiá-lo.
Durante o ouvir no nível 3, você pode sentir que alguma coisa está errada: um
tom de voz, uma pequena perturbação, uma sensação de que a sua criatividade normal
28
foi bloqueada. Considere interromper a conversa e examinar mais essa área,
especialmente se você sente que Deus pode estar fazendo alguma coisa.
“Atenção exclusiva e concentrada é um dos maiores presentes que
podemos dar a outra pessoa. É a forma mais elevada de elogio.”4
Lembro-me da conversa com Davi, um de meus líderes, em um telefonema
rotineiro de supervisão. Ele falou sobre coisas comuns, compartilhando de progresso
aqui e frustração ali. Mas, à medida que conversávamos, senti que alguma coisa estava
errada. Davi podia ser introspectivo, mas naquele momento eu senti depressão. “Você
está bem, Davi?”, perguntei. Minha pergunta abriu caminho para Davi derramar o seu
coração. Ele estava lutando com relacionamentos em sua família e a vontade de Deus
para a sua vida. Gastamos o restante da ligação lidando com suas necessidades.
Os supervisores cristãos têm uma perspectiva empolgante que não-cristãos não
têm. Temos um consolador e sábio conselheiro presente em todos os momentos: o
Espírito Santo. Um supervisor não-cristão tem de depender da intuição humana, que é
muito inferior à percepção que o Espírito quer dar.
Preparando as perguntas
A fim de realmente ouvir você precisa fazer com que seus líderes falem. Isso
significa que você precisa preparar algumas perguntas bem pensadas que facilitem que
seus líderes compartilhem. Ter essas perguntas à mão ao começar seu encontro vai
ajudar a manter a conversa andando, e evitar que se perca em assuntos paralelos.
Você saberá quais perguntas formular ao conhecer seus líderes, suas
necessidades e seus alvos. Normalmente, as perguntas vão girar em torno da vida
espiritual e pessoal de cada líder, do ministério da célula e alvos futuros.
Algumas das questões estarão orientadas a informações. Mas seja cuidadoso
para fazer mais do que só adquirir informação. Ninguém gosta de um interrogatório.
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Boas perguntas de supervisão vão além da informação e alcançam o coração,
estimulando os líderes a refletir e refocalizar. Use perguntas como:
 Para onde você vai agora?
 Qual o resultado que você deseja?
 O que você quer?
Boas perguntas capacitam os líderes a revelar coisas que eles não haviam
percebido. Uma boa pergunta pode fazer um líder parar em sua rotina, portanto espere
um momento de silêncio e permita-lhe algum tempo para responder.
Anote algumas perguntas que você gostaria de discutir com cada líder antes do
encontro. Tenha em vista pontos de necessidade, pedidos de oração passados e alvos
futuros. Ao mesmo tempo, esteja preparado para mudar de rumo, se perceber uma
necessidade ou problema imediato. Não fique preso às suas perguntas, esquecendo-se
das necessidades imediatas do líder. As necessidades do líder, e não as suas, devem
dirigir seu momento de supervisão. A direção da conversa vai gerar novas perguntas,
que você deve explorar completamente.
Razões para fazer perguntas5
 Colher informação relevante
 Como está seu ministério?
 Como está você, pessoalmente?
 Com o que você está lutando?
 Quantos participaram do último encontro da célula?
 De que tipo de ajuda você precisa?
 Aumentar a consciência
 Como você está gerando novos líderes?
 Como você está alcançando pessoas?
30
 Promover ação
 O que você vai fazer a respeito?
 Qual o seu próximo passo?
 Quais são suas prioridades para a próxima semana?
Escreva o que você aprendeu
Após o encontro, certifique-se de escrever imediatamente o que você aprendeu.
Use a informação como “alimento de oração”, como também para o preparo do próximo
encontro.6
Para isso, você deve:
 Checar as anotações do último encontro
 Refletir e orar sobre as áreas que você quer aprofundar
 Preparar as perguntas
Coloque o líder no assento do motorista
Quando um líder de célula se aproxima de um supervisor com uma preocupação
ou problema, a maioria dos supervisores é tentada a dar seu conselho de especialista.
Dizer ao líder o que fazer parece o modo mais rápido de solucionar a situação. Mas
quando um supervisor compartilha demais, ele acaba enfraquecendo a história de seu
líder. A maioria dos líderes responde friamente com um silêncio quando seus
supervisores gastam tempo demais recontando suas histórias. Um bom supervisor deve
se segurar e ajudar o líder a descobrir a resposta por meio de perguntas cuidadosas.
Quando um líder encontra a resposta por si mesmo, certamente colocará em
prática sua nova percepção. Mas quando um supervisor dá a resposta certa, o líder vai
concordar e voltará mais tarde, perguntando: “Você pode me dizer novamente o que
devo fazer?”.
31
Falando rápido demais
“Quem responde antes de ouvir comete insensatez e passa vergonha.”
Provérbios 18.13
Aprender é como dirigir um carro a um novo local. Quando o motorista encontra
o novo endereço, é mais provável que se lembre do caminho no futuro. Mas os
passageiros no banco de trás quase sempre se esquecem do caminho. Eles sentem que
deveriam lembrar, mas como nunca tiveram de passar pelo processo de encontrá-lo, eles
o esquecem mais tarde.
Como supervisor, é sua função fazer com que os líderes se sentem no banco do
motorista. Faça-lhes perguntas-chave, e eles vão descobrir as respostas sozinhos.
Sempre se pergunte se o que você compartilha contribui para a vida dos seus líderes.
Existem momentos quando sua história seria ótima para orientar um líder, ou para trazer
cura em uma situação difícil, mas pergunte-se: “Contar a minha história será importante
para a aprendizagem do líder?”.
Mantenha o foco nos líderes, os jogadores. Supervisão tem tudo a ver com eles
— não com você. Você pode introduzir uma história aqui e outra ali, mas na maioria das
vezes, saia do caminho. Permita que os seus líderes de célula brilhem.
Confiabilidade
Já que o líder está se abrindo em parte para o supervisor, este deve guardar e
proteger essa confiança. Como o supervisor normalmente tem mais de um líder de
célula sob seu cuidado, ele precisa proteger a privacidade de cada um. O medo de que
um supervisor revele áreas confidenciais para o resto do mundo impede que muitos
líderes se abram completamente. No livro Leader as Coach [O líder como supervisor]
lemos:
32
A tentação de fazer pessoas confiarem em você compartilhando
informações ou críticas sobre outros pode ser muito forte. Em curto
prazo você estabelece um vínculo de confiança com seu ouvinte. Mas
ao fazê-lo, na verdade você vai gerar em seu ouvinte um receio de
compartilhar suas vulnerabilidades, fraquezas e preocupações com
você.7
O ambiente de supervisão é o contexto no qual o líder pode compartilhar a
verdade. Isso significa que o ambiente deve ser seguro. O supervisor deve ser uma
pessoa de integridade e confiança.
Pouco antes do encontro, pergunte-se:8
 Orei por esse líder?
 Revisei minhas anotações de nosso último encontro?
 Preparei boas perguntas de supervisão?
 Estou preparado para ouvir?
 Quais as necessidades pessoais que percebo?
 Quais os assuntos ministeriais que percebo?
 Quais necessidades ou assuntos estou evitando?
 Quais habilidades ministeriais precisam ser desenvolvidas?
 Quais recursos seriam úteis?
 Como vou encorajar esse líder?
 Como vou passar a visão para o ministério?
 Como vou fortalecer o nosso relacionamento?
Capítulo 3
Encorajar
33
Minha esposa e eu supervisionamos um casal que estava realmente enfrentando
dificuldades. A célula que estavam liderando havia começado com vigor, com dez pessoas
participando regularmente. Mas, pouco a pouco, a freqüência vinha caindo, até que uma noite
eles eram os únicos presentes no encontro. Esse casal havia feito todas as coisas certas que
colaboram na formação de uma célula de sucesso — eles oraram, convidaram pessoas, fizeram
contato freqüente com as pessoas que participavam da célula, mas não podiam reverter o que
estava acontecendo.
Após três semanas sem que ninguém aparecesse, Patty me ligou dizendo: “Joel, meu
marido e eu estamos prontos a desistir de tudo. Isso simplesmente não está funcionando. Acho
que não somos os líderes certos”. Eu contestei: “Vocês são líderes excelentes! Deus está
envolvido nisso. Ele chamou vocês. Eu realmente acredito em vocês e no seu ministério. O
inimigo quer desanimar vocês, mas Jesus quer que vocês perseverem e continuem orando, até
que a mudança aconteça”.
Várias semanas depois, a freqüência voltou a aumentar, a comunhão começou a
acontecer, e as pessoas adoravam fazer parte da célula. Ao longo dos anos, muitas pessoas
foram salvas por meio daquela célula, novos líderes foram treinados, e o grupo se multiplicou
várias vezes.
Patty tem declarado repetidamente que aquela conversa que tivemos ao telefone naquela
noite foi decisiva para o seu ministério de célula. O diabo queria que Patty e seu marido
desistissem logo no começo, tornando-os inúteis e ineficazes no reino de Deus, e impedindo que
tivessem o sucesso que eles têm experimentado no seu ministério.
A liderança de célula pode ser uma jornada cansativa. Ela não é para os de coração fraco.
O fato é que os membros muitas vezes não comparecem, o evangelismo falha, bebês ficam
doentes, eventos enchem o calendário e os empregos exigem horas extras. A liderança de célula
envolve telefonemas, desenvolver novos líderes, evangelismo e administração. Diante de tantas
tarefas, como é que você mantém o líder de célula vivo, bem disposto, e pronto para seguir a
Deus?
A resposta é encorajamento. O supervisor que encoraja pode fazer a diferença entre o
sucesso e o fracasso, fazer com que o líder continue — e conseqüentemente multiplique a célula
— ou desista. Esse ministério de encorajamento tem uma importância adicional, porque tem o
34
potencial de difundir o impacto em muitas pessoas a longo prazo, e não apenas em um líder de
célula individualmente.
“Encontre aquilo que você acredita ser a maior virtude do líder potencial, e então dê
100% de encorajamento naquela área.”
John Maxwell1
Elogios são como oxigênio para a alma
O técnico de basquete da Universidade da Califórnia, John Wooden, disse a seus
jogadores que fizessem pontos para sorrir, piscar ou agradecer ao jogador que lhes passou a
bola. “E se ele não estiver olhando?”, perguntou um membro da equipe. Wooden respondeu:
“Garanto que ele vai olhar”. Todo mundo valoriza o encorajamento, e busca por isso.
Embora todo técnico queira ganhar o jogo, um bom técnico sabe que jogadores
renovados e animados fazem um trabalho muito melhor.
O autor de Hebreus diz: “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo costume de
alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se
aproxima o Dia” (Hb 10.25). O desânimo vem naturalmente para todo mundo. A introspecção
assombra as pessoas; elas se comparam com outras e sentem que não atingem o mesmo nível.
Uma palavra de encorajamento pode, com freqüência, fazer uma grande diferença.
Como encorajar os líderes de célula2
 Destaque realizações:
 Elogie diante do grupo.
 Ao encontrar uma pessoa fazendo algo certo, diga isso a ela.
 Expresse confiança:
 Verbalmente: “Você consegue fazer isso!”.
 Na prática: pelo modo como você permite que eles liderem.
 Mostre que você se preocupa pessoalmente com seus líderes:
 Saiba o que acontece na vida deles.
 Esteja lá quando eles enfrentarem dificuldades.
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A esposa de um dos líderes que estou supervisionando me contou em particular que seu
marido facilmente se torna introspectivo e desanimado quando não é elogiado. “O
encorajamento é a sua linguagem de amor”, ela me disse. “E agora ele está recebendo muito
pouco disso.” “Mas ele está se saindo tão bem com sua célula”, pensei comigo. Percebi de novo
que mesmo o mais bem-sucedido dos líderes precisa de bastante encorajamento.
A maioria dos gerentes no mundo de negócios pensa que a falta de encorajamento vai
motivar as pessoas a trabalhar com mais empenho. Um executivo de marketing de uma grande
companhia de alimentos observou o excelente trabalho de uma de suas diretoras regionais.
Quando perguntado se ele havia dito a ela que estava feliz com seu progresso, o executivo
respondeu: “Não, ela está apenas a um terço do caminho, e não gostaria que ela pensasse que já
chegou lá”. Essa diretora estava ansiosa por apoio ou mesmo uma dica de que seus esforços
estavam fazendo diferença. Mas o executivo acreditava que um tapinha nas costas poderia fazê-
la relaxar. Na verdade, uma boa sessão de encorajamento teria mostrado a ela que estava na
direção certa, encorajando-a a continuar seu bom trabalho3
.
O supervisor deve ser o líder de torcida de seus líderes de célula. Os líderes que são
apoiados e encorajados servirão acima e além de seu dever. Aqueles que não têm certeza se
estão fazendo o certo, ou se são sequer notados, eventualmente vão terminar sem gás. Sempre
há alguma coisa para encorajar. Celebre qualquer progresso, mesmo se parecer pequeno. À
medida que os líderes progridem, reconheça seu progresso. O sucesso deve ser recompensado.
Supervisão inspirativa
O levantador estava horrível no jogo. Ele piorou as coisas por levantar mais uma bola
direto no bloqueio. Quando o técnico pediu tempo e veio falar com ele, pensou: “Pronto,
ele vai me tirar da equipe”. Em vez disso, o técnico disse: “Não se preocupe, filho, você
ainda vai ser o herói desse jogo”. Com energia renovada, o levantador jogou
brilhantemente os sets seguintes, fazendo inclusive o ponto da vitória. Durante a
entrevista após o jogo, o levantador compartilhou essa história, dando todo o crédito ao
encorajamento que recebeu de seu técnico.4
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Comece os encontros com encorajamento
Recomendo que os supervisores comecem os encontros individuais ou de grupo com
encorajamento. Os líderes terão muito mais facilidade de compartilhar honestamente se
souberem que estão no trilho certo. Comece com algo positivo que você ouviu sobre um líder.
Compartilhe sobre como você vê as pessoas mudando.
Os líderes têm uma tendência de se depreciar, de sentir que eles não atingem o padrão.
Muitos líderes aumentam desproporcionalmente uma ou duas fraquezas, até se sentirem
condenados e deprimidos. Martinho Lutero, um dos maiores líderes de todos os tempos, sofria
períodos de obscuridade e desespero nos quais ele se trancava por dias, o que levou sua família
a remover todos os objetos perigosos da casa.5
Charles H. Spurgeon, um dos maiores pregadores
do mundo, disse à sua igreja de 5000 membros, em 1866: “Sou sujeito a uma depressão de
espírito tão assustadora, que espero nenhum de vocês jamais chegue a tais extremos de miséria
que tenho de enfrentar”.6
Se grandes heróis da fé se sentiram assim, quanto mais irão se sentir
nossos líderes de célula?
A Bíblia ordena o encorajamento
Em 1 Ts 5.12 lemos: “...Tenham consideração para com os que se
esforçam no trabalho entre vocês...”. A palavra grega significa “perceber” ou
“conhecer” aqueles que se esforçam no trabalho. Isso significa reconhecer o
trabalho diligente de seus líderes, dando crédito quando for justo. O propósito do
reconhecimento é honrar e afirmar o ministério dos líderes de célula. É como um
“pagamento” por um serviço bem prestado.
O inimigo da alma busca acusar líderes e esvaziar sua energia por meio de mentiras que
desanimam. Ele sussurra coisas como: “Ninguém respeita sua liderança” ou “Você não pode
liderar o encontro amanhã, você não conhece a Bíblia o suficiente”. Satanás sabe que se ele
desanimar o líder, ele desanima toda a célula.
37
“O encorajamento é a parte mais importante da supervisão, porque ser líder de
célula é um trabalho ingrato, especialmente se existem pessoas carentes na
célula. Creio que a principal razão para a desistência dos líderes vem da falta de
encorajamento. A maioria dos novos líderes começa com um alto nível de
motivação. À medida que o tempo passa, esse nível vai caindo, e se isso não for
mudado, o líder logo desanima, depois se desilude, em seguida a depressão se
instala, e finalmente ele diz que está desistindo.”
Um supervisor da Austrália7
O desânimo também vem do mundo no qual os líderes vivem todos os dias. Os norte-
americanos, em sua maioria, vivem debaixo de uma constante culpa por sentir que não fizeram
o suficiente. Edward Stewart, um especialista em antropologia, referindo-se ao norte-americano
comum, disse: “inquieto e incerto, ele tem uma repetida necessidade de provar a si mesmo, e
assim atingir identidade e sucesso por meio de suas realizações”.8
O escritor e pesquisador
francês Alexis de Tocqueville disse algo semelhante:
Na América, tenho visto os homens mais livres e mais educados
nas circunstâncias mais felizes que se pode encontrar no mundo; ainda
assim, me pareceu que uma nuvem está costumeiramente sobre eles, e eles
parecem sérios e quase tristes, mesmo em seus prazeres, pois nunca param
de pensar nas boas coisas que não têm... Assim os esforços e lazeres dos
americanos são mais animados do que em sociedades tradicionais, mas o
desapontamento de suas esperanças e desejos são mais agudos, e suas
mentes são mais ansiosas e estressadas.9
Encorajamento por meio do ouvir
Ouvir abre a porta para o encorajamento. Sintonize seus ouvidos para qualquer detalhe
que dê razão para elogiar. Se houver mesmo uma dica de excelência, identifique-a e reconheça-
a.
Escreva uma carta de encorajamento
38
Uma coisa que você pode fazer para encorajar seu líder de célula
é escrever-lhe uma carta de encorajamento. Kent Hughes diz: “Há alguns
anos, li que Phillips Brooks mantinha um arquivo de bilhetes e cartas de
encorajamento para dias deprimentes, e nesses dias ele tirava esses
bilhetes e cartas e os lia novamente. Então comecei o meu próprio
arquivo. Guardo cada carta encorajadora que recebo, e há ocasiões em
que as leio novamente. Mas, o mais importante, comecei a escrever
muito mais bilhetes de encorajamento aos outros, especialmente aos
meus colegas de ministério”.10
Quando um dos seus líderes começar a falar sobre falta de fruto, desânimo e
dificuldades, você precisa ouvi-lo em primeiro lugar. Tenha compaixão dele. Lembre-o daquilo
que Deus já fez. Talvez você possa lembrá-lo do crescimento pessoal que ele já experimentou
por meio da liderança na célula.
Encontre as menores coisas e destaque-as. Você pode indicar a honestidade,
transparência ou o esforço de um líder. Destaque qualquer coisa que você veja que é positiva e
honra a Deus. Transforme as pequenas coisas em grandes vitórias.
Encoraje seus líderes de célula a persistir
Ao ensinar em congressos sobre células ao redor do mundo, uma palestra em particular
tem se tornado a favorita — a palestra sobre diligência. Eu destaco as várias ocasiões em que a
palavra grega spoude (diligência) é usada na Bíblia (por ex.: 2 Tm 2.15; 2 Pe 3.12-14; Hb 4.10,
11). Faço com que todos durante a palestra repitam a palavra spoude várias vezes. Após uma
palestra em Hong Kong, os participantes chegaram a imprimir camisetas com a palavra spoude
na parte da frente para lembrar uns aos outros de continuar persistindo.
Por que essa palestra sobre spoude é tão bem recebida? Porque ela encoraja os líderes a
não focalizar em áreas que estão além de seu controle (como talento, dons, cultura ou
personalidade), mas a focalizar em esforço, o que qualquer um pode fazer. Provérbios 14.23 diz:
“Todo trabalho árduo traz proveito, mas o só falar leva à pobreza”. Os participantes dessa
39
palestra são lembrados que persistência e diligência conseqüentemente trarão resultados.
Spoude!
As estratégias falham e os times perdem. Ponto. Nem todo jogo é um tremendo sucesso.
Os melhores líderes continuam convidando, continuam fazendo contatos, continuam
semeando e, em conseqüência disso, vão colher. Quando supervisores encorajam seus líderes a
praticar spoude, e a continuar a praticá-lo, as portas vão se abrir.
Descobrindo pepitas de ouro
“Algumas vezes, o único modo de ver nossos talentos de modo objetivo é por
meio dos olhos de outros.”11
Um líder de célula forte sabe como se levantar e continuar em frente — apesar dos
obstáculos. Um bom supervisor lembra seus líderes que a nossa corrida é uma maratona. Por
exemplo:
 Abraham Lincoln faliu duas vezes como homem de negócios e foi derrotado em
seis eleições estaduais e federais antes de ser eleito presidente dos EUA.
 O herói do beisebol Babe Ruth errou ao rebater 1.330 vezes. Apesar disso,
mandou 714 bolas para fora do estádio.
 O primeiro livro infantil de Theodor S. Geisel (Dr. Seuss) foi rejeitado por 23
editoras. Na 24.ª editora, vendeu mais de 6 milhões de cópias.12
 George Mueller orou por toda a sua vida para que cinco amigos conhecessem a
Jesus. O primeiro converteu-se a Cristo após cinco anos. Num período de dez
anos, dois outros receberam a Cristo. Mueller orou constantemente por mais de
25 anos para que o quarto amigo finalmente fosse salvo. Pelo seu quinto amigo,
ele orou até o dia de sua morte, e esse amigo também veio a Cristo alguns meses
após a morte de Mueller. Por este último amigo, Mueller orou por quase 52 anos.
O que os líderes precisam
“Todas as pessoas, sejam líderes ou discípulos, têm algumas coisas em comum:
 Elas gostam de se sentir especiais, então elogie-as com sinceridade.
40
 Elas querem um amanhã melhor, portanto mostre-lhes esperança.
 Elas desejam direção, portanto mostre-lhes o caminho.
 Elas são egoístas, portanto fale das necessidades delas primeiro.
 Elas ficam desanimadas, portanto encoraje-as.
 Elas desejam o sucesso, portanto ajude-as a vencer.”
John Maxwell13
Os melhores líderes não desistem — mesmo quando as chances são pequenas e o
sucesso parece distante. Eles encontram um caminho, mesmo quando têm de construir suas
próprias estradas. O seu encorajamento, supervisor, pode mantê-los na batalha.
“Em todas as muitas amizades que fiz durante a vida, conhecendo muitas
e importantes pessoas de várias partes do mundo”, declara Schwab, “ainda não
encontrei uma pessoa, não importa quão grande ou exaltada fosse sua posição,
que não fizesse um trabalho melhor ou que não se esforçasse mais sob um
espírito de aprovação do que jamais faria sob um espírito de crítica.”14
O supervisor Barnabé
Existia uma razão para que os apóstolos dessem o nome Barnabé (que significa “filho do
encorajamento”) a José, um levita de Chipre (Atos 4.36). Barnabé preencheu as expectativas dos
apóstolos ao apresentar Saulo aos discípulos em Jerusalém quando estes estavam morrendo de
medo dele (Atos 9.26, 27). Então os apóstolos enviaram Barnabé para uma nova e dinâmica
igreja em Antioquia. A Bíblia diz: “Este, ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e
os animou a permanecerem fiéis ao Senhor, de todo coração” (Atos 11.23). Seu zelo pelo
encorajamento o levou a pedir ao apóstolo Paulo para unir-se a ele na tarefa de encorajamento
da igreja de Antioquia.
Siga o modelo do supervisor Barnabé e torne-se um “filho do encorajamento”. Não tema
encorajar demais os seus líderes pensando que assim você vai torná-los orgulhosos. Encoraje,
encoraje, encoraje, e os líderes sob o seu cuidado vão se desenvolver.
41
Capítulo 4
Cuidar
Susan Beauregard supervisiona atualmente quatro líderes de célula em Los
Angeles. Uma de suas líderes, Vicky, tem lutado com um antigo vício por remédios,
embora esteja livre disso há bastante tempo. Susan diz: “Nós fomos a um retiro de
mulheres, e vi que Vicky estava assustada. Eu tinha certeza que ela havia tomado
remédios. Logo após perceber isso, no segundo dia do retiro, disse-lhe que, pela minha
experiência, as pessoas tendem a voltar a seus antigos mecanismos de defesa quando
estão assustadas, e que não importa o tipo de mecanismo de defesa que ela buscasse, ela
não poderia afastar meu amor por ela”. Vicky começou a chorar, e disse: “Não importa
quantas vezes eu tenha falhado, você nunca me rejeitou. Susan, eu experimento o amor
de Deus por meio de você”. Susan respondeu: “Mesmo que eu ame e valorize você,
quero que você saiba que o amor e o carinho de Deus por você é muito maior”. Mais
tarde naquele final de semana, Vicky testemunhou diante das 300 mulheres presentes no
retiro que se não fosse por Susan ela provavelmente teria se matado um ano antes.
“Existem duas razões principais porque as pessoas na minha organização
se sentem bastante encorajadas. Primeiro, gastei tempo para conhecer e
desenvolver um relacionamento com elas... Eu realmente as conheço. Segundo,
eu as amo, e expresso esse amor para elas regularmente. Não estou falando
simplesmente de elogiá-las pelo trabalho que fazem, deixo que saibam que me
importo com elas e que as amo como pessoas em primeiro lugar.”
John Maxwell1
Seres humanos — não “fazeres” humanos
Scott Kellar desenvolve fortes relacionamentos com seus líderes de célula; é por
isso que ele multiplicou sua célula tantas vezes. Aqueles que estão sob a autoridade de
42
Scott o amam e respeitam. Quando lhe perguntei sobre o segredo do seu sucesso, ele me
disse: “O ingrediente mais importante é amar as pessoas, e eu amo pessoas!”.
A maioria das pessoas gosta de realizar tarefas. Elas são boas nisso. Muitos
supervisores, na verdade, entendem supervisão como um modo de realizar mais. O
supervisor precisa lembrar, no entanto, que os líderes são seres humanos, e não
“fazeres” humanos.
“Os supervisores lembram que todo líder é uma pessoa; eles oferecem
cuidado para os líderes ao mostrar amor por quem eles são, e não simplesmente
por aquilo que fazem.”
Bill Donahue2
Um especialista em supervisão do mundo empresarial expressa isso da
seguinte maneira:
Como a supervisão é eficaz na obtenção de resultados, tanto
o líder como o supervisor podem ser atraídos para a armadilha dos
‘resultados’ — focalizando inteiramente no destino e perdendo de
vista o processo da jornada. Na verdade, o progresso é comumente
comparado a um rio. Conforme a vida vai fluindo, haverá períodos
rápidos de corredeiras e avanço veloz. Mas também haverá períodos
em que não se vai a lugar nenhum, enroscando-se em trabalhos
rotineiros, enfrentando turbulências nos relacionamentos, e
retrocedendo em direção a poças traiçoeiras.3
Focalizar apenas nos resultados vai transformar seus líderes de célula em
engrenagens de uma máquina. Eles vão começar a sentir que estão sendo usados pela
igreja para “produzir convertidos” ou “fazer a igreja crescer”. O ministério não é uma
linha de montagem. O ministério acontece por meio de pessoas que “vivem vidas”. A
vida do líder é uma jornada, um processo. O supervisor é a pessoa que caminha com os
líderes por meio desse processo por um período de tempo — e não apenas alguns dias.
43
Certa vez, tive de sugerir fortemente a um dos meus líderes de célula que tirasse
um dia de folga para estar com sua família. Sua família estava em terceiro lugar, atrás
de trabalho e esportes, pois o líder supostamente “não tinha tempo” para gastar com sua
família. O seu lado “fazer humano” estava superando o lado “ser humano” dele. Ele
podia realizar mais a curto prazo sem gastar tempo com sua família, mas a longo prazo
sua família iria sofrer em decorrência disso, e logo seu ministério também.
Seu trabalho é ajudar os líderes em sua jornada de vida. Você pode descobrir,
por exemplo, que seu líder está fora de controle em seus gastos financeiros, na bebida
ou pornografia. Ou talvez existam questões de orgulho, rebelião, dedicação excessiva ao
trabalho, ignorar filhos ou esposa, faltar à celebração ou não contribuir. Importe-se o
suficiente para confrontá-lo. Encontre a ajuda que o seu líder precisa. É um curso de
treinamento? Um retiro de libertação espiritual? Aconselhamento profissional? Os
líderes que você está supervisionando precisam de vida íntegra, e isso deve ser
prioridade máxima.
No Capítulo 2 discutimos o papel das perguntas na supervisão. Lembre-se de
incluir perguntas que lidem com família, vida espiritual e emoções. Seus líderes vão
sentir que você se importa e cuida deles quando você aborda assuntos que fazem parte
de seu cotidiano.
Mostre que você se importa
 Perguntas sobre família:
 Como o seu ministério de liderança tem afetado sua família?
 Quando foi a última vez que vocês passaram um dia juntos?
 Perguntas sobre a vida espiritual:
 Como está seu relacionamento com Deus?
 Em que áreas da sua vida cristã você tem enfrentado lutas?
 Perguntas sobre emoções:
 Quais são os seus sentimentos relativos ao seu ministério de líder de
célula?
 Que emoções tem experimentado?
44
As pessoas desejam atenção e cuidado. Mas normalmente os líderes de célula
têm dificuldade em dizer: “Eu preciso de atenção. Por favor, ajude-me.”. Na verdade, na
maior parte do tempo eles não pedem ajuda, pois não querem desapontar seu supervisor.
É responsabilidade do supervisor “ler nas entrelinhas”.
Supervisor, sua tarefa é edificar os seus líderes, acalmar seus medos e ajudá-los
a descobrir a direção certa a seguir. Sua experiência é importante — e será muito útil
em momentos chave — mas a chave da supervisão é o cuidado. É fazer as pequenas
coisas. É estar presente nos momentos de crise.
“Fala sério!”
Você vai falhar como supervisor. Às vezes você vai se sentir miserável,
desanimado e incapaz de ajudar qualquer um — apesar das suas melhores intenções de
estar sempre alerta e disponível.
E haverá momentos em que você vai se desconectar do seu líder. Admita! Diga-
lhe que você sente muito por não ouvir, por ter deixado sua mente vagar. Ao fazer isso,
você estará sendo um modelo da vida que você quer que o seu líder viva e demonstre à
célula que ele lidera.
Um supervisor me disse que transparência é o ingrediente chave no cuidado de
líderes. Ele pede aos seus líderes que se abram com ele, mas ele também compartilha
livremente com eles. Eles prestam contas uns aos outros, e têm desenvolvido um
relacionamento de confiança.
Para criar confiança, você tem de ser real. As pessoas percebem quando alguém
é superficialmente positivo em todos os assuntos. É melhor dizer: “Eu não sei”, do que
fazer de conta que sabe. No livro Leader as Coach [O líder como supervisor] lemos:
“As pessoas podem perdoar os seus erros, mas elas vão acusá-lo por fazer de conta que
nada está errado... eliminem as tensões e aprendam juntos com os erros. Seja honesto o
45
suficiente para admitir para você mesmo que estava errado e seja corajoso para dizer:
‘Sinto muito’.”4.
Às vezes você vai sentir a necessidade de se abrir de um modo mais pessoal,
revelando problemas na sua vida e família. Isso irá produzir confiança entre você e seus
líderes.
Conte a sua história primeiro
“Conte a sua história primeiro. Com freqüência cometemos o erro de fazer uma
pergunta à outra pessoa, colocando-a em uma situação constrangedora. Ao abrir
algo pessoal sobre si mesmo, você dá o passo inicial para o desenvolvimento de
confiança.”
Shirley Peddy5
Torne-se amigo de seus líderes de célula
“Meu supervisor não se importa comigo”, confessou um líder magoado. “Ele me
administra e me diz o que fazer, mas o que eu realmente preciso é de um amigo”.
Amizade. Muitas pessoas ignoram esse princípio simples, mas poderoso. Mas creio que
essa é a chave para supervisionar líderes com sucesso.
Jesus, o supervisor por excelência, revelou esse princípio simples em João 15.15,
quando disse aos seus discípulos: “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o
que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que
ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido”.
Jesus desenvolveu amizade com doze seres humanos pecadores, os quais ele
mentoreou por três anos. Ele comeu com eles, dormiu com eles e respondeu todas as
suas perguntas. O evangelista Marcos descreve o chamado dos doze desta maneira:
“Escolheu doze, designando-os apóstolos, para que estivessem com ele...” (Marcos
3.14). Jesus priorizou estar com eles em vez de um conjunto de regras ou técnicas.
46
Eu aprendi essa lição da maneira mais difícil. Supervisionei sete líderes durante
um período de três anos. Eles vinham com freqüência à minha casa para treinamento,
avaliação de alvos e cuidado pastoral. Quando nos reuníamos, eu conectava meu
computador à minha TV, usava apresentações de slides bem preparadas e tentava
impressioná-los com meu ensino.
Use o telefone
O supervisor pode realizar muito por meio de uma chamada telefônica.
Mas, antes de ligar para os seus líderes, tente preparar algumas perguntas ou
assuntos que você quer discutir. Esteja pronto para ouvir, o que vai exigir que
você clareie sua mente por meio de oração diligente. Comece a conversa fazendo
algumas perguntas-chave, e então ouça. Seus líderes começarão a crescer à
medida que você gasta tempo com eles.
Ao questioná-los mais tarde, descobri que a maioria deles não estava
impressionada com minhas exuberantes apresentações ou com minha tecnologia. Eles
saíam das reuniões insatisfeitos, querendo algo mais.
Deus começou a me mostrar um método melhor por meio de outros supervisores
mais eficazes. A sabedoria do ditado: “As pessoas não se importam muito com o quanto
você sabe até que saibam o quanto você se importa” começou a fazer sentido para mim.
Conhecimento, treinamento, solução de problemas, dinâmica de grupo e outras técnicas
podem ser uma parte importante no sucesso de um supervisor. Mas o que um novo líder
realmente precisa é de alguém que ouça os seus problemas, compartilhe sua jornada e
sirva como conselheiro.
Resultados de pesquisa
Estudiosos fizeram uma pesquisa entre empregadores, perguntando quais
as três características mais desejadas em seus empregados. A principal
habilidade era relacionar-se com outras pessoas: 84% responderam que
buscavam boas habilidades interpessoais. Somente 40% incluíram formação ou
experiência entre as três características mais desejadas.7
47
Isso significa que o encontro de supervisão não é importante? Isso significa que
não precisamos visitar os grupos ou promover treinamento? Não. O que significa é que
você precisa primeiro ganhar seus líderes, por meio de uma amizade que se importa.
Tudo o mais fluirá naturalmente.
O melhor ensino, na verdade, é o tipo que ocorre espontaneamente. Jesus não
ensinou simplesmente seus discípulos a respeito da oração. Em vez disso, pediu que eles
o acompanhassem a reuniões de oração. Ele permitiu que seus discípulos o observassem
orando. Quando os discípulos finalmente perguntaram o que ele estava fazendo, ele
aproveitou a oportunidade para ensiná-los sobre oração (Lucas 11.1-4). O mesmo é
verdade com o evangelismo. Jesus evangelizou pessoas na presença de seus discípulos e
os instruiu posteriormente. Ele tirou vantagem de situações da vida real para explicar
cuidadosamente temas doutrinários complexos (por exemplo, o jovem rico, em Mateus
19.16-24).
Qualquer um pode ser um amigo, mas somente poucos supervisores serão
excelentes administradores. Qualquer um pode ser um amigo, embora poucos
supervisores possuam dons de falar, formação superior ou um chamado para ministério
de tempo integral.
Você provavelmente não é tão lerdo como eu era, e com certeza já sabia que
amizade é a chave. Senão, quero encorajá-lo a começar agora a desenvolver
relacionamentos sinceros de cuidado com os líderes que você está supervisionando.
Assim como eu, você vai descobrir como uma simples verdade pode ter um impacto tão
grande na vida das pessoas.
Sugestões práticas para desenvolver amizade
 Convide os líderes à sua casa para uma refeição. Deixe-os verem sua
família, seu cachorro, sua vida.
 Envie para seus líderes cartões de aniversário, bilhetes de melhoras ou e-
mails engraçados.
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 Conheça as histórias de seus líderes.
 Pergunte-lhes sobre sua infância.
 Conheça o nome de seus filhos.
 Lembre o aniversário de seus filhos.
 Saia para tomar café com eles.
 Convide-os para praticar esportes com você, ou alguma outra atividade
normal da vida.
 Ore diariamente pelos seus líderes (o que vai fortalecer a sua amizade
espiritual).
O supervisor servo
Supervisores não precisam ser perfeitos. Eles existem para fazer os líderes
brilharem. Isso significa desistir da necessidade de aparecer ou de estar certo todo o
tempo. Supervisores com egos muito grandes, que exigem o centro do palco, não serão
bons supervisores.
O consultor focaliza em conselhos que farão diferença. O administrador se
preocupa em verificar se o conselho está sendo seguido. O supervisor se preocupa em
desenvolver a pessoa inteira por meio de cuidado e serviço. Lavar os pés dos seus
líderes é fundamental para o sucesso deles. Se você quer ser grande no Reino de Deus,
aprenda a ser servo de todos.
Serviço é grandeza
“‘Se alguém quiser ser o primeiro, será o último e servo de todos’. E, tomando
uma criança, colocou-a no meio deles. Pegando-a nos braços, disse-lhes: ‘Quem
receber uma destas crianças em meu nome, está me recebendo; e quem me
recebe, não está apenas me recebendo, mas também àquele que me enviou’.”
Marcos 9.35-37
49
Capítulo 5
Desenvolver/ Treinar
Tiger Woods e sucesso no golfe são muitas vezes considerados sinônimos. Mas
muitas pessoas não sabem como Woods trabalhou duro para ser tão bom como é.
Woods é um estudioso obsessivo do jogo, revê vídeos de campeonatos antigos para
observar dicas de como acertar cada buraco, buscando todas as possibilidades para
aperfeiçoar as suas tacadas. Ele possui um ímpeto incansável para o contínuo
aperfeiçoamento. Woods aceitou o conselho de seu amigo Michael Jordan, que uma vez
disse a ele: “Não importa quão bom eles digam que você é, continue sempre
melhorando o seu jogo”.1
Depois do Torneio de Campeões de 1997, por exemplo, Woods chamou o seu
técnico e disse-lhe que gostaria de reestruturar a sua tacada. O técnico Harmon advertiu
Woods de que o resultado disso não viria da noite para o dia — que Woods teria de
praticar levantamento de peso para fortalecer os músculos, especialmente dos
antebraços; que levaria meses para ele se adaptar aos movimentos da nova tacada; que o
seu desempenho no torneio pioraria antes de melhorar. Woods aceitou o desafio e é hoje
um jogador de golfe melhor como resultado de sua nova tacada.
Assim como foi com Tiger Woods, a “busca por desenvolvimento” precisa vir do
fundo da alma do líder de célula. O supervisor pode ter um papel fundamental guiando
o desenvolvimento do líder, mas a busca precisa vir do próprio líder. É trabalho do
supervisor acender o fogo visionário que vai se desenvolver no coração do líder. Como
disse William Butler Yeats, “educação não é encher um balde, mas acender uma
fogueira”.2
Prepare o ambiente para o crescimento
50
Descubra a visão que seu facilitador já tem e molde-a. Embora você queira
expandir a visão, você precisa primeiro descobrir com o que o seu facilitador já está
sonhando. Então agite essa visão, encoraje-a e faça-a crescer.
Confissões de um supervisor
“Pensei que meus líderes de célula teriam a mesma paixão por grupos
pequenos que eu tinha... Aprendi que é minha responsabilidade como
supervisor deles despertar fome e sede nos líderes de grupos pequenos.”
Eric Wishman3
Um dos meus líderes tem uma paixão por dons espirituais. Para ajudá-lo,
providenciei recursos e informações para capacitá-lo a descobrir e fortalecer os dons
espirituais de cada membro da célula dentro dos grupos que ele supervisiona. Outro
líder ama o evangelismo. Para ele, arranjei materiais extras e treinamento em como
alcançar os não cristãos por meio das células. Os supervisores devem ajudar os líderes a
melhorar em todas as áreas (por exemplo: como liderar uma célula, como multiplicar
uma célula etc.), com também devem providenciar informação extra e treinamento para
desenvolver as paixões únicas que cada líder tem. David Owen diz, “Um bom
supervisor reconhece as diferenças entre os líderes, e ele ou ela ajusta o estilo de cada
um de acordo com isso. Nós estamos lidando com pessoas!”.4
O guia da jornada para líderes de células
Essa ferramenta de 16 páginas foi preparada para ajudar o supervisor a descobrir
os sonhos, dons, áreas de necessidade, os pontos fortes e fracos de líderes de
célula. Os líderes completam o material Journey Guide [Guia da Jornada]
sozinhos e depois se encontram um a um com seu supervisor para conversar
sobre as suas respostas. Você pode fazer o download de um plano detalhado para
liderança de líderes de célula por meio de encontros um a um na página
<www.touchusa.org/interviewguide.asp> (em inglês).
51
Fertilize a grama
As pessoas não podem fazer a grama crescer. Podem, no entanto, fertilizá-la e regá-la
para que ela cresça sozinha.
“O melhor líder quer treinar as pessoas e desenvolvê-las até o
ponto em que elas venham a superá-lo em conhecimento ou
habilidade.”
Fred A. Manske, Jr.5
De uma forma parecida, o supervisor prepara o ambiente para que os líderes
cresçam. O supervisor precisa incentivar os líderes, ajudando-os a alcançar os sonhos
que já estão em seu coração. O livro Leader as a Coach [O líder como supervisor]
diz:
Você não pode motivar as pessoas. No entanto, você pode estimular
suas motivações naturais. ... Aborde seu trabalho de supervisor como um
jardineiro que não tenta motivar suas plantas a crescer, mas que busca a
combinação certa de luz, nutrientes e água para liberar o crescimento natural
da planta. Um jardineiro providencia um ambiente que conduz ao
crescimento, assim como um supervisor cria as condições nas quais a
motivação pessoal para se desenvolver vai florescer.6
Os supervisores precisam ser cuidadosos para evitar que os líderes dependam
demais deles. Eu aprendi essa lição da maneira mais difícil. Por muito tempo, dei aos
meus líderes conselhos de especialista. Ao dar a eles as repostas, encorajei-os a pensar:
“O que Joel Comiskey faria aqui?”, em vez de “O que eu devo fazer nessa situação?”.
Na verdade, eu estava criando uma dependência de Joel Comiskey ao dar-lhes as
respostas, em vez de estimular a criatividade deles e possibilitá-los de tomar suas
próprias decisões.
Desenvolvimento natural
52
“As melhores pá e enxada do mundo não podem garantir uma boa
colheita. Elas só fazem com que seja mais provável que o crescimento
não será impedido. O mistério do amadurecimento está no coração da
semente e o resultado da plantação depende grandemente das mudanças
do clima. Ainda assim, as ferramentas são importantes para ajudar a
garantir que as sementes plantadas darão fruto.”
Marjorie J. Thompson7
O objetivo da supervisão, ao contrário do treinamento, é ajudar líderes a se
tornarem eternos aprendizes.
Algumas vezes o supervisor vai precisar responder as perguntas e ser o
especialista, mas primeiro ele deve tentar fazer com que o líder de célula tire algo de
suas próprias experiências. O líder deve lutar com a questão e esgotar seu próprio
entendimento primeiro. Um bom supervisor vai então aproveitar o discernimento que
veio da boca do próprio líder e constantemente lembrá-lo de que foi dele esse
discernimento.
Permaneça na supervisão por um longo período
Ver crescer um carvalho requer uma vida; muitas plantas, por outro lado, crescem
e murcham rapidamente. Sou a favor de supervisão de longo prazo porque mudanças de
valor levam tempo e precisam de encorajamento.
Supervisionei um líder por quase um ano antes de Deus começar a me dar
discernimento específico para sua situação particular. Enquanto comíamos em um
restaurante, ele compartilhou uma experiência de ter testemunhado a dois motoqueiros.
As luzes se acenderam na minha cabeça enquanto eu pensava em várias outras histórias
parecidas que ele havia me contado. Percebi que ele precisava focalizar em seus dons
evangelísticos; seu talento para evangelismo era a chave para quebrar a barreira da
estagnação das células que ele supervisionava.
53
Características de um pai
“O supervisor desempenha alguns dos mesmos papéis de um pai: ele
precisa deixá-los [os líderes] crescer, tomar suas próprias decisões, tentar coisas
novas, e até mesmo ‘falhar’ em algumas áreas. [O supervisor] não deve ‘fazer’
tudo pelos líderes, mas deve ser um recurso, guiando-os e confortando-os.”
Carl Douthit, Foothills Christian Church8
Por ter um compromisso de longa data com esse líder, fui capaz de discernir
apropriadamente suas necessidades. O melhor desenvolvimento demora. Permaneça na
batalha, seja um supervisor de longo prazo.
Repita as mesmas jogadas
Pensando nos meus dias de basquete na escola, ainda posso lembrar dos exercícios
pelos quais o técnico Seymour nos fazia passar: apoios, passes, bloqueios, rebote,
apoios, passes... Nós fazíamos as mesmas coisas de novo e de novo, mas a prática fazia
a diferença. É preciso praticar as mesmas jogadas de novo e de novo até que as pessoas
realmente as aprendam.
Bons supervisores sabem que a prática leva à perfeição. Eles não hesitam em
repetir as mesmas jogadas de novo, de novo e de novo. Bons supervisores, na verdade,
são implacáveis em prática, prática e mais prática.
Repetindo as mesmas jogadas
Werner Kniesel, pastor de uma igreja de 3000 membros em
Zurique, Suíça, levou 15 anos para desenvolver células eficazes. Durante
esse tempo, ele repetiu as mesmas “jogadas” em uma variedade de
contextos e com uma variedade de pessoas até que eles começassem a
aprender. Ele continuou treinando seus líderes-chave repetidamente sobre
os valores do ministério de células até que estes se tornassem hábitos
para os seus líderes.9
54
Jeromy Smith, um líder de célula de fala mansa, disse-me que seu supervisor
Timothy tinha de lembrá-lo constantemente de falar mais alto no grupo. Jeromy disse:
“Isso vinha de novo e de novo enquanto eu lutava — e ainda luto — para assumir o
controle e falar mais alto em um grupo. Isso era particularmente problemático no verão
quando o ar condicionado estava ligado... As pessoas tinham dificuldade em ouvir o que
eu estava dizendo. É difícil mudar, sendo que eu dificilmente noto que estou falando
muito baixo”. Seu supervisor persistiu em falar dessa fraqueza, e Jeromy melhorou
consideravelmente nessa área.
Oito hábitos que líderes de célula devem ter10
Em seu livro Oito Hábitos do Líder Eficaz de Grupos
Pequenos, Dave Earley identifica ações-chave que líderes
precisam praticar repetidamente para serem eficazes. O supervisor
pode ajudar o líder a identificar seus hábitos fortes e fracos e
então trabalhar com ele nos hábitos mais fracos lendo aquele
capítulo juntos.
 Sonhar liderar uma célula saudável que cresce e se
multiplica.
 Orar pelos membros da célula diariamente.
 Convidar semanalmente pessoas novas para visitar a
célula.
 Contatar regularmente os membros da célula.
 Preparar-se para o encontro da célula.
 Mentorear um auxiliar de líder de célula.
 Ter comunhão com os membros da célula por meio de
atividades planejadas.
 Crescer como líder por meio de desenvolvimento
pessoal.
Informação é coisa barata quando não é misturada com experiência. Ler um livro,
participar em um seminário etc. não faz as coisas acontecerem. As pessoas precisam de
mais do que isso para serem verdadeiramente eficazes. Elas precisam de prática
constante.
“O grande propósito da vida não é conhecimento, mas
ação.”
Thomas Henry Huxley11
55
Por meio de experiência própria, descobri que depender das informações sobre
célula — em vez de praticar os princípios que aprendi — geralmente leva ao fracasso.
As informações somente terão impacto por meio de repetição constante. Jesus usou esse
método com seus discípulos. Ele os ensinava, dava exemplos práticos de seus
ensinamentos, permitia que eles falhassem e os ensinava de novo. Jesus os preparou
para que tivessem sucesso no futuro ministério.
O modelo de treinamento de Jesus
 Eu faço — você observa
 Eu faço — você ajuda
 Você faz — eu ajudo
 Você faz — eu observo
Sugestões de desenvolvimento
Divida a experiência de aprendizagem em espaços de tempo. — Não tente
fazer tudo de uma vez. Dê às pessoas a chance de caminhar em seu próprio ritmo.
Novos comportamentos e novas formas de pensar são mais bem assimiladas quando são
espaçadas. Talvez seu líder tenha feito um curso sobre multiplicação de células ou lido
um livro que você recomendou sobre o assunto. Agora você precisa guiá-lo passo a
passo no processo de longo prazo de multiplicar a célula dele. Ensaiem os passos de
novo e de novo.
Promova experiências ativas. — As pessoas precisam praticar o que
aprenderam, sair do teórico para o prático. Dê ao líder oportunidades específicas para
trabalhar com a informação. O líder que está aprendendo sobre multiplicação da célula
deve praticar um passo de cada vez na célula dele. Encoraje-o a tentar cada tática depois
que vocês a revisaram. À medida que ele pratica e vê isso em ação, ele vai
internalizando os passos.
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  • 1. 1 Em reconhecimento a “Seja um Supervisor de Células Eficaz” “O livro Seja um Supervisor de Células Eficaz de Joel Comiskey é um superlivro! É um livro oportuno baseado em verdades eternas. É pertinente, prático, aplicável e poderoso. Este pode ser o melhor e mais importante livro que Comiskey já escreveu. Mal posso esperar para colocá-lo nas mãos de todos os nossos supervisores.” Dave Earley Pastor Geral, New Life Church Autor de 8 Hábitos do Líder Eficaz de Grupos Pequenos, publicado pelo Ministério Igreja em Células “Super! Neste livro, Comiskey compilou o melhor do melhor em ajuda prática e histórias inspiradoras para ajudar todo supervisor a melhor ministrar aos seus líderes. Dr. Cho uma vez descreveu o supervisor como ‘o membro mais importante da igreja’, porque se os supervisores estiverem cuidando bem dos seus líderes, os líderes então cuidarão melhor dos seus membros. O livro de Comiskey vale o seu peso em ouro para todos os que exercem a função de supervisor ou que estão se preparando para isso.” Karen Hurston Hurston Ministries “Este livro é um acréscimo bem-vindo à literatura sobre igreja em células. Da formação de relacionamentos fortes e duradouros, aperfeiçoando ‘jogadas’ e acertando problemas com tiros certeiros, Joel Comiskey abrange com precisão as habilidades necessárias para a supervisão eficaz. Aprenda habilidades interpessoais e como desenvolver líderes enquanto fortalece e motiva sua equipe. Leia este livro!” Billy Hornsby Diretor de Association of Related Churches “Estou muito grato pelo novo livro de Joel Comiskey e estou adquirindo um para cada um de meus supervisores de grupos pequenos. Ele comunica os princípios e as práticas que vão ajudá-los a levar a supervisão deles a um novo nível.” Jim Egli Pastor de Grupos Pequenos, The Vineyard Church, Champaign, IL “O erro mais cometido por pastores de células é pensar que as células vão seguir seu curso sozinhas. Se os líderes de células devem realmente liderar, guiar e pastorear as pessoas das suas células, eles precisam ter um supervisor que os estará liderando, guiando e pastoreando.Da minha experiência sei que os supervisores de células são a chave para uma estrutura de células eficaz. No entanto, muitas vezes os supervisores não sabem o que fazer. É disso que trata o livro de Joel. É prático e objetivo. Todo supervisor que ler este livro se sairá um supervisor melhor.” Jay Firebaugh Pastor Geral, Clearpoint Church “Joel novamente tomou um componente fundamental do desenvolvimento de liderança saudável e o traduziu em aplicação prática para a igreja baseada em células. A supervisão é decisiva para o desenvolvimento de líderes em todos os níveis. Se os supervisores de células lerem e aplicarem os princípios deste livro, eles não vão apenas
  • 2. 2 descobrir que são líderes mais eficazes, mas também que os seus líderes de células e as células serão mais saudáveis.” Bob Logan Diretor Executivo, CoachNet, Inc. “Quando trabalho com igrejas, o conselho que freqüentemente dou se refere à necessidade urgente de melhorar o nível e a qualidade da supervisão dos seus líderes de células. Este recurso explica de maneira prática todos os aspectos da supervisão e merece totalmente o título. Se aplicar esses princípios, você realmente irá se tornar um supervisor de células bastante eficaz.” Randall Neighbour Editor Geral, CellGroup Journal “Supervisão ungida é O elemento chave na formação de células bem-sucedidas em uma igreja em células. O novo livro de Joel nos treina para um estilo de vida de supervisão que constantemente gera e desenvolve novos ministros e ministérios.” Alan Corrick Pastor de Células, Door of Hope “Um recurso enorme em uma pequena embalagem. A necessidade primordial na liderança de grupos é a supervisão eficaz. Aqui está a ferramenta mais prática, clara e fácil de usar para ajudar supervisores a capacitarem seus líderes para a excelência. Feedback eficaz, diagnóstico de problemas, advertências e hábitos de supervisão estão todos contidos neste grande livro.” Bruce Crammer Pastor de Células, Shepherd of the Hills Church Seja um Supervisor de Células Eficaz Seja um Supervisor de Células Eficaz Dicas práticas para apoiar e mentorear líderes de célula Joel Comiskey (logo MIC) Ministério Igreja em Células Publicado em português por: Ministério Igreja em Células do Brasil Rua Vereador Antônio Carnasciali, 1661 81670-420 Curitiba — PR Tel./fax: (41) 3276-8655
  • 3. 3 Copyright © 2006 por Joel Comiskey Título em inglês: How to Be a Great Cell Group Coach Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em sistema de recuperação, ou transmitido, de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, de fotocópias, gravação, ou outro qualquer, sem a permissão por escrito dos editores. Coordenação geral: Robert Michael Lay Tradução: Daniel Fernandes Lima Revisão: Ingrid Neufeld de Lima e Valdemar Kroker Diagramação: Capa: Inventiva Comunicação Os textos bíblicos são da Nova Versão Internacional, Editora Vida, salvo outra indicação. Página na Internet: http://www.celulas.com.br Agradecimentos Devo um reconhecimento especial a Jeff Lodgson, Pastor Associado de Flipside Church, uma congregação pós-moderna em Rancho Cucamonga. Deus colocou Jeff Lodgson na minha vida em um momento crítico da minha jornada. Naquela ocasião, eu deveria ser um supervisor, mas agia como um consultor, e não fazia a menor idéia de que são duas coisas diferentes. Jeff me ofereceu materiais e conselhos, encontrando-se comigo em diversas ocasiões para me ensinar conceitos e princípios de supervisão. Devo ao Jeff muitas das idéias que estão neste livro. Também sou muito grato pelo excelente trabalho de Jay Firebaugh na supervisão de líderes de células e sua generosidade em compartilhar princípios de supervisão comigo.1 Quero agradecer a Bob Logan por seu abrangente ensino sobre supervisão. Logan, que sabe mais do que qualquer outra pessoa a respeito de supervisão, tem ensinado conceitos de supervisão por anos e é hoje o promotor chefe da supervisão cristã (ele também discipulou Jeff Lodgson). Capacitando Líderes por meio da Supervisão [Empowering Leaders through Coaching], uma série de fitas em áudio de Steven L. Ogne e Thomas P. Nebel, causou um grande impacto em minha vida. Os principais capítulos deste livro (Ouvir, Encorajar etc.) derivam dos conceitos das fitas de Ogne e Nebel.2 Conteúdo
  • 4. 4 Introdução.............. Parte Um: Hábitos de um bom supervisor de células Capítulo 1 Receber............ Capítulo 2 Ouvir............. Capítulo 3 Encorajar............... Capítulo 4 Cuidar.............. Capítulo 5 Desenvolver/Treinar............ Capítulo 6 Desenvolver uma estratégia............. Capítulo 7 Desafiar............. Parte Dois: Melhorando sua supervisão Capítulo 8 Aumentando a autoridade da supervisão....... Capítulo 9 Diagnosticando problemas....... Capítulo 10 Passando pelos estágios de supervisão.... Capítulo 11 Encontros de supervisão......... Capítulo 12 Visitando as células............ Notas............. Índice.............. Introdução
  • 5. 5 A palavra coach se origina de um termo húngaro antigo que significava “carro de Kocs”, um vilarejo onde foi desenvolvido esse carro sobre rodas puxado por cavalos. No extremo oeste norte-americano, o grande carro puxado por cavalos era chamado de stagecoach — carruagem ou diligência. O uso do termo evoluiu no século XIX, passando a fazer parte do jargão universitário para se referir a um instrutor ou treinador, “no sentido de que o aluno é conduzido até o término dos exames pelo tutor como se estivesse viajando em uma carruagem”.1 Atualmente, a maioria das pessoas usa o termo coach para se referir a uma pessoa que leva atletas sob sua responsabilidade a realizar aquilo que não poderiam fazer sozinhos. No mundo esportivo, o alvo de um coach ou treinador é levar a sua equipe à vitória do campeonato. Mas os métodos usados pelos diferentes treinadores variam. Len Woods escreve: “Há treinadores esportivos bem-sucedidos de todos os tipos...Há aqueles durões da escola antiga,... os ‘vulcões humanos’,... ‘professores bem- educados’,... ‘gurus motivacionais’,... e os ‘favoritos dos jogadores’...”.2 O parágrafo abaixo foi escrito pelo pr. daniel em substituição aos dois parágrafos acima. temos de optar entre as duas versões. (Em inglês as igrejas em células têm usado o termo coach para designar seus supervisores. Esse termo é usado não só para técnicos de esportes, mas também por orientadores e treinadores profissionais. Em ambos os casos o alvo é levar as pessoas sob sua responsabilidade ao melhor desempenho possível garantindo ou tornando mais viável a vitória.) A mesma idéia se aplica a supervisionar em uma igreja. O alvo de supervisores cristãos é mover as pessoas na direção de Jesus Cristo. Paulo expressou seu alvo como um supervisor cristão: “Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim”. O supervisor cristão se esforça para levar as pessoas à conformidade com Jesus Cristo, sabendo que a última coroa é aquela que durará para sempre (1 Co 9.25).
  • 6. 6 Supervisores de grupos pequenos ou células As células ou grupos pequenos têm se tornado o foco de muitas igrejas ao redor do mundo. Elas são estimulantes porque provêem um lugar onde as pessoas podem dividir sua vida umas com as outras, pessoas podem alcançar não-cristãos sem usar táticas evangelísticas que pressionem, e pessoas comuns podem se tornar novos líderes. É natural que pastores e líderes de igrejas que aprendem sobre a visão de células fiquem extremamente animados com as coisas que podem acontecer em suas igrejas. Essas igrejas freqüentemente começam criando grupos e focalizando em recrutar facilitadores. Uma vez que líderes tiverem sido treinados, eles são liberados para liderar seus grupos. Mas a maioria das igrejas que fazem isso encontram um problema: elas têm falta de supervisores qualificados. Sem uma supervisão sólida, a animação inicial dos grupos pequenos desaparece. Líderes que estavam animados com as células ficam esgotados, lamentando não ter se envolvido em um ministério menos exigente. Sem supervisão, as células que eram saudáveis começam a morrer lenta e dolorosamente. A importância da supervisão?3 1. A supervisão mantém a motivação do líder de célula fortalecida. Supervisão consistente pode manter um líder de célula inspirado e afiado. 2. A supervisão pode melhorar a habilidade de liderança do líder de célula. Pequenas diferenças na estratégia (junto com pequenos erros) fazem a diferença entre ganhar e perder. 3. A supervisão pode prevenir desastres antes que aconteçam. O desencorajamento pode ser tratado antes que se torne mortal. 4. A supervisão ajuda os líderes a trabalharem juntos como uma equipe. Cooperação previne o isolamento doentio e promove unidade. 5. A supervisão pode promover a descoberta e o desenvolvimento de novos líderes. Um sistema de células cresce quando novos líderes potenciais são descobertos no contexto de grupos saudáveis. David Cho, fundador e pastor da maior igreja na história do cristianismo, disse certa vez: “A chave por trás do sistema de células é o supervisor”. A pesquisa de
  • 7. 7 Dwight Marable e Jim Egli confirma isso. Eles pesquisaram grupos pequenos ao redor do mundo e descobriram que supervisão é o elemento-chave para conseguir sucesso duradouro nas células. Egli diz, “Nós avaliamos seis elementos de igreja em nossa pesquisa. Supervisão ultrapassou até mesmo treinamento e oração”.5 Assim como os melhores atletas do mundo precisam de técnicos para ajudá-los a jogar melhor, assim também precisam os líderes de célula. Nenhum líder de célula, não importa quão talentoso ou bem treinado ele ou ela seja, conseguirá liderar tão eficientemente sozinho, como poderia com a ajuda de um supervisor de célula. O que é um supervisor de célula? O supervisor de células equipa os líderes de célula com ferramentas, conhecimento e oportunidades que eles precisam para se desenvolverem e se tornarem mais eficientes.6 O supervisor encoraja, supre e desafia os líderes de célula a crescerem e multiplicarem as suas células. Por que supervisionar? “Os propósitos do coração do homem são águas profundas, mas quem tem discernimento os traz à tona.” Provérbios 20.5 A palavra “supervisor” descreve o papel que a pessoa desempenha ao apoiar os líderes de célula sob seu cuidado. Não é um termo sagrado. Na verdade, as igrejas usam muitos termos diferentes para identificar o papel desempenhado pelo supervisor de células: supervisor, líder de seção, líder de G-12, fiscal de células, patrocinador de célula, até mesmo “L” (o número romano para 50). O propósito deste livro não é dar uma estrutura específica do número de células ou grupos pequenos que um supervisor deve supervisionar. Esse número varia de igreja
  • 8. 8 para igreja, dependendo da visão da igreja e da capacidade do supervisor. O ponto é que um supervisor supervisiona pelo menos uma outra célula. Para mais sobre estruturas de supervisão veja meus livros Groups of Twelve [Grupos de Doze] e From 12 to 3 [De 12 a 3].7 Assim como um líder de célula não deve ficar sozinho, assim também um supervisor. Ele ou ela também é cuidado por outro líder, normalmente um pastor (embora em igrejas maiores talvez não seja esse o caso). Igrejas em células bem- sucedidas desenvolveram pessoas para cuidar tanto de supervisores como de líderes de célula, para que todas as pessoas sejam cuidadas e protegidas — do pastor geral aos membros da célula. É fácil para líderes de igreja ficarem tão apaixonados com a estrutura das células que eles falham em entender os papéis dentro dessa estrutura. Isso levou muitas pessoas a me confessarem: “Joel, eu não sei supervisionar! Conheço a estrutura e a logística, mas não sei o que fazer quando estou realmente supervisionando. Por favor, me ajude!”. Para tornar as coisas piores, há muito pouco material sobre o papel do supervisor. Há ótimos recursos sobre como liderar células, como treinar líderes, e como começar um sistema de células em uma igreja. Mas pouco foi dito sobre o que um supervisor realmente faz para ajudar seus líderes de célula a se tornarem mais eficientes. O que um supervisor não é Muitas pessoas se tornaram supervisoras somente para ficarem frustradas. A maioria dessas frustrações vem de mitos sobre o papel do supervisor. A maioria das pessoas confunde supervisão com consultoria. Consultores são pessoas experientes que dão conselhos e dicas sábias em uma base de curto prazo para um cliente. Consultores têm um papel importante, mas quando supervisores adotam esse modelo, há pelo menos dois perigos. Cumprindo o sonho do líder
  • 9. 9 “Isso (supervisionar) é diferente de, por exemplo, prestar consultoria, em que o consultor traz conhecimento especializado e muito freqüentemente estabelece uma agenda para o relacionamento. O trabalho do supervisor é ajudar... (pessoas) a esclarecer sua missão, propósito e alvos, e ajudá-las a alcançar esse resultado.”8 Perigo n.º 1: Criar dependência. O líder é forçado a depender da pessoa experiente e raramente quebra essa dependência. O supervisor é, ao contrário, um ouvinte e encorajador com o alvo de capacitar os líderes a serem tudo o que Deus quer que eles sejam. Perigo n.º 2: Sobrecarga de informação que não funciona a longo prazo. A informação é necessária para liderar e multiplicar uma célula com sucesso. O maior obstáculo, no entanto, é aplicar na prática essa informação ao longo do tempo. Os consultores provêem informação para um propósito predeterminado, enquanto o objetivo do supervisor é trabalhar com líderes de célula por um período extenso de tempo em qualquer área que seja importante. Outra concepção errada sobre supervisores é considerá-los uma espécie de administrador intermediário (que faz o “meio de campo”). Muitos supervisores se sentem como se fossem burocratas que apenas passam informação aos seus líderes e se certificam de que estes entreguem seus relatórios a tempo. A imagem do supervisor como administrador intermediário despersonaliza o ministério e rompe ou até mesmo destrói o ministério de células. Quando supervisores se tornam um modelo de “passar informação e checar fatos” aos líderes de célula, eles estabelecem um padrão ruim para os líderes imitarem. Outra concepção errada é que o supervisor é um conselheiro, uma pessoa a quem os líderes de célula recorrem quando enfrentam problemas maiores. O supervisor não espera que um líder venha com preocupações ou reclamações. O supervisor deve apoiar proativamente seus líderes, buscando interceptar problemas antes de eles acontecerem.
  • 10. 10 Às vezes um supervisor vai dar conselhos, agir como administrador intermediário, e servir como conselheiro em situações de crise, mas tais papéis não devem ser o foco. O supervisor é alguém que ajuda outra pessoa a cumprir o chamado de Deus para ela. Os melhores supervisores estão na batalha Alguns supervisores vêem seu papel como uma promoção ou graduação do ministério “mãos-na-massa” na célula. Nada poderia estar mais longe da verdade. Para encorajar os líderes, o supervisor precisa poder dizer, “Eu estive lá”. No mínimo, os supervisores devem participar de uma célula para continuar experimentando a vida de célula de modo que sejam exemplo. É ainda melhor se os supervisores puderem continuar a liderar uma célula enquanto supervisionam. (Isso normalmente pode ser feito quando supervisionarem três líderes ou menos.) Os melhores supervisores são aqueles que lideraram e multiplicaram um grupo com sucesso. Por quê? Porque eles sabem como é experimentar a dor de “dar à luz”, as alegrias do ministério e as lutas do evangelismo. Eles podem oferecer uma palavra renovadora e conselhos relevantes aos líderes que estão supervisionando.9 Os hábitos de bons supervisores de células Os melhores supervisores de células incluem hábitos comuns no ministério e apoio de seus líderes de célula. Hábitos são coisas que uma pessoa faz “sem pensar”. Eles se tornam elementos tão integrados ao caráter da pessoa que nenhum esforço consciente é necessário. Há sete hábitos de bons supervisores. Bons supervisores:  Recebem de Deus (capítulo 1)  Ouvem o líder de célula (capítulo 2)  Encorajam o líder de célula (capítulo 3)  Cuidam do líder de célula (capítulo 4)  Desenvolvem/ treinam o líder de célula (capítulo 5)
  • 11. 11  Desenvolvem estratégias com o líder de célula (capítulo 6)  Desafiam o líder de célula (capítulo 7) Para adotar esses hábitos, o supervisor terá de trabalhar conscientemente cada um deles. Esses hábitos foram escritos em seqüência, como um plano de sete passos para ajudar os supervisores a reordenarem seus hábitos e supervisionarem com eficiência. Adaptei essa seqüência sobre supervisão de uma série de vídeos chamados Empowering leaders through coaching [Capacitando líderes por meio de mentoreamento] de Steven L. Ogne e Thomas P. Nebel.10 Acrescentei “Recebem de Deus” e apliquei os conceitos que eles tão bem ensinam para o papel específico do supervisor de células.11 “Os hábitos são fatores poderosos em nossa vida. Por serem padrões consistentes, e às vezes inconscientes, eles com freqüência, diariamente, expressam nosso caráter e nos fazem eficazes... ou ineficazes.”12 Na Parte Um (capítulos 1 a 7), desembrulho esses hábitos e mostro como usar cada um deles em situações de supervisão — seja na supervisão um-a-um ou em um encontro de grupo. Na Parte Dois (capítulos 8 a 12), falo sobre aumentar sua autoridade como supervisor (capítulo 8), diagnosticar problemas da célula (capítulo 9), os diferentes estágios de supervisão (capítulo 10), o encontro do grupo de líderes de célula (capítulo 11), e visitando a célula (capítulo 12). Dê o que você tem Você pode estar se sentindo muito inadequado para supervisionar alguém. Mas lembre-se de que Deus não está procurando supervisores perfeitos. Veja a si mesmo como um catalisador (elemento químico fundamental para que uma reação entre outros elementos aconteça — NT) para ajudar outros a se desenvolverem (supervisor e não consultor). Não tenha medo de dar o que você tem. Quando você o fizer, Deus irá derramar na sua vida novo discernimento e sabedoria para você continuar.
  • 12. 12 Destaques especiais deste livro Neste livro, como em meu outro How to Lead a Great Cell Group Meeting [Como liderar um encontro de célula bem-sucedido], você vai encontrar dicas e conselhos práticos que vão ajudá-lo a compreender e aplicar os princípios de uma boa supervisão, revelando como implementá-las com seus líderes. Você vai encontrar essas dicas com os seguintes destaques: Dicas Essas são idéias rápidas e fáceis que vão despertar sua própria criatividade. Idéia São citações e testemunhos que vão ajudá-lo a melhorar seu ministério de supervisor. Estratégia São estratégias testadas e aprovadas que apresentam maneiras práticas de supervisionar melhor. Dicionário Essas definições ou descrições básicas vão esclarecer questões comuns sobre a supervisão de células. Parte Um: Hábitos de um bom supervisor de células Capítulo 1
  • 13. 13 Receber Imagine só: você está no Palácio da Alvorada, esperando para se encontrar com o presidente do Brasil. Em cinco minutos será sua vez de apertar a sua mão e conhecer seu escritório. Essa é uma oportunidade única. Você está nervoso, muito preparado e tentando parecer tranqüilo. Nesse momento a porta se abre e você ouve as palavras: “Por favor, entre”. Se o presidente pedisse para se encontrar com você no Palácio da Alvorada, você estaria lá no horário certo e preparado para encontrá-lo? Agora considere o seguinte: O Rei dos Reis, muito mais importante que qualquer autoridade mundial, está pedindo a sua presença. Ele o está convidando para comparecer diante dele, e ele não está interessado apenas em uma foto ou um breve aperto de mão — ele quer se encontrar com você todos os dias. Grandes supervisores precisam de sabedoria profunda e constante encorajamento. A melhor maneira de conseguir isso é ir diretamente à fonte: Jesus Cristo. Encontre-se com Deus antes de se encontrar com seus líderes de célula. Eles vão agradecer-lhe por isso. Renovação de Deus Deus falou de uma maneira muito linda por meio do profeta Isaías: “Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e vocês que não possuem dinheiro algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e sem custo” (Is 55.1).
  • 14. 14 Os supervisores não têm nada de valor para passar aos seus líderes além daquilo que eles receberam de Deus. Para que sua supervisão seja eficaz e frutífera, eles precisam permanecer em contato com a fonte de poder. É importante gastar tempo com Deus cada dia, mas às vezes circunstâncias inesperadas impedem que isso ocorra na vida dos supervisores. Nesses dias um supervisor pode simplesmente dizer: “Deus, eu lhe agradeço por sua graça, e lhe agradeço que não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”. Jesus disse algo importante em Mateus 6.34: “Basta a cada dia o seu próprio mal”. Cada dia tem as suas dificuldades e desafios. Alimentar-se diariamente da palavra de Deus e receber sua força torna possível enfrentar esses desafios e viver uma vida cristã vitoriosa. Deus nos estimula a buscá-lo “Buscamos a Deus porque, e somente porque, ele primeiro colocou em nós um desejo que nos estimula a buscá-lo.” A. W. Tozer1 É uma questão de relacionamento Gastar tempo diariamente com Deus não significa seguir uma fórmula ou manter uma lista legalista de atividades obrigatórias. Afinal, “variedade é o tempero da vida”; em geral, é melhor ser flexível ao gastar tempo com Deus. Quando me sinto sobrecarregado, gosto de derramar meu coração para Deus. Em outras ocasiões, leio muito mais a palavra. Conhecer a Deus envolve o mesmo tipo de interação espontânea necessária para desenvolver qualquer relacionamento. Conhecer a Deus envolve um relacionamento “Conhecer a Deus não vem por meio de um programa, um estudo ou um método. Conhecer a Deus vem por meio de um relacionamento com uma
  • 15. 15 pessoa... Por meio desse relacionamento, Deus revela a si mesmo, seus propósitos e seus caminhos; e ele o convida a se unir a ele naquilo que ele está fazendo.” Henry Blackaby2 Quando um marido e sua esposa se sentam juntos para conversar, eles não têm uma lista de assuntos para discutir. Em vez disso, há um fluxo natural em sua conversa. Por quê? Porque o alvo é conhecer um ao outro. Da mesma maneira, gastar tempo com Deus tem o alvo de conhecer a Deus. O propósito é desenvolver um relacionamento com Jesus Cristo. O que um tempo devocional NÃO é  Ritual religioso. Em vez disso, é um relacionamento com o Todo-poderoso.  Apenas ler a Bíblia. A Bíblia oferece a sustentação espiritual do tempo devocional, mas gastar tempo com Deus é mais do que ler a Bíblia.  Apenas orar. A oração é apenas uma parte do tempo devocional. Deve incluir também leitura da palavra de Deus, adoração, confissão e ouvir a Deus.  Ler um guia devocional. É muito bom ter um plano, mas é importante ir além do plano e entrar na presença de Deus. Mesmo Jesus, o homem-Deus, iniciava cada dia com o Pai. A Bíblia diz em Marcos 1.35 que Jesus saía para estar em particular com seu Pai. Marcos diz: “De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando”. Isso era uma parte natural da vida de Jesus. Jesus sabia que sua força resultava do tempo gasto com o Pai celestial. O encontro matinal de Cristo com seu Pai era o seu sustento e renovação, mas ele não deixava o contato quando esse momento terminava. Pelo contrário, Jesus se mantinha em constante relacionamento com o Pai durante todo o dia. Jesus entrava em uma comunhão tão profunda com o Pai que ele podia dizer: “...pois sempre faço o que lhe agrada” (João 8.29).
  • 16. 16 A imagem de Deus em nós “Deus molda o coração do líder a fim de aumentar o seu próprio coração por meio do líder.”3 O poder para supervisionar vem do amor transbordante de Deus. A única coisa que supervisores têm para dar é aquilo que Deus já lhes deu. O tempo devocional é o tempo de recarregar e ser renovado, a fim de renovar outros. “A vida espiritual não é algo que acrescentamos à nossa vida já tão ocupada. Estamos falando de impregnar, infiltrar e controlar o que já estamos fazendo com uma atitude de serviço a Deus.” Richard Foster4 O tempo devocional ajuda os supervisores a andar com Deus Gastar tempo específico com Deus não significa ignorar a necessidade de uma comunhão com o Pai no decorrer do dia. Na realidade, ambos são essenciais. Um alimenta o outro. Tempo pessoal com Deus renova e dá aos supervisores poder para andar no Espírito pelo restante do dia. Após gastarem tempo na presença de Deus, os supervisores irão notar uma nova sensibilidade à sua presença em suas atividades diárias. Frank Laubach, autor de vários livros sobre oração, literatura e justiça, diz: “Uma hora devocional não substitui o ‘permanecer contínuo’, mas é uma ajuda indispensável; faz com que o dia comece certo. Mas o dia precisa continuar certo. Devemos cultivar o hábito de nos voltar para Deus todas as vezes que terminamos alguma tarefa e nos preparamos para fazer a que vem a seguir”.5 Tempo Devocional Permanecer contínuo  Receber a plenitude de Deus  Estudar a palavra de Deus  Esperar em Deus  Orar por motivos específicos  Manter a plenitude de Deus  Lembrar a palavra de Deus  Andar com Deus  Orar momento a momento
  • 17. 17 O Espírito de Deus é o maior supervisor de todos, é aquele que vai guiá-lo em toda a verdade. A Bíblia diz: “... Quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir” (João 16.13). À medida que você caminha com Deus, você irá perceber seu amor, poder e graça fluindo por meio de você. Você será capaz de ajudar outros, pois terá sido ajudado por ele. Você saberá discernir quando está “afinado” ou quando está se arrastando. A diferença está no seu tempo com Deus. O poder da oração diária pelos líderes de célula Scott Kellar começou a liderar seu grupo em Escondido, Califórnia, no ano de 2000, e tem liderado uma célula desde então. Ele multiplicou sua célula quatro vezes, e cuida pessoalmente dos líderes que tem desenvolvido. Scott acredita que a chave do seu sucesso, e do sucesso dos líderes que ele supervisiona é orar por cada um deles, e protegê-los por meio da oração. Scott começou a orar por uma de suas líderes de célula, Melissa, quando ela era ainda um membro de sua célula. Após orar por ela por dois meses, ele abordou Melissa sobre a possibilidade de um dia liderar uma célula. Ela recusou laconicamente com as palavras: “Não estou pronta”. Scott continuou a orar por ela, pedindo a Deus que abrisse o seu coração. Ele esperou por seis meses e então a abordou com a mesma pergunta sobre tornar-se uma líder de célula. “Claro”, ela respondeu. Agora Melissa lidera com sucesso a sua própria célula, e Scott continua supervisionando a ela e a seu marido. Daljit Gill, um supervisor de célula muito eficaz que iniciou a formação de aproximadamente 200 células em Melbourne, Austrália, conta uma importante história de supervisão. Um líder que ele supervisionava tinha um membro em sua célula com uma atitude péssima em relação à célula, e que verbalizava os seus sentimentos para todos no grupo. Daljit disse ao líder para orar e “assumir autoridade sobre qualquer espírito negativo que tivesse controle sobre ele e sua mente”. Deus deseja responder
  • 18. 18 “Oração não é vencer a relutância de Deus; é assegurar-se de sua suprema disposição.” Richard Trench, Arcebispo Anglicano de Dublin6 Tanto aquele líder de célula como sua esposa se dedicaram à oração, declarando palavras positivas a esse membro, e enviando cartões de estima a ele e à sua família. Semana após semana as paredes lentamente começaram a cair. Um dia o líder ligou para o escritório desse homem, e lhe disseram que ele estava em casa, doente. Durante o intervalo do almoço, o líder foi visitá-lo. Orou por seu membro de célula e lhe deu um grande abraço na saída. O homem foi quebrantado e confessou seu espírito mesquinho e seu egoísmo. Desde aquela época, esse membro tem dado a seu líder completa permissão para desafiá-lo em sua vida. Hoje, eles são muito amigos, e aquele membro da célula é agora um líder de célula, e está se saindo muito bem.7 Minha esposa e eu supervisionamos uma mulher solteira chamada Janet que lutava com a memória de abuso físico e emocional na sua infância. Gastamos horas com ela, tentando ajudá-la a vencer o medo e a autocondenação. Uma noite, pelo telefone, Janet me disse que não podia mais agüentar, e que estava deixando a igreja. Nós oramos e oramos, sem saber se jamais a veríamos de novo. Mas Deus estava trabalhando na vida de Janet, e ela finalmente voltou para continuar sua caminhada em santidade. Janet não foi apenas capaz de vencer seus problemas, mas está também ajudando outros a vencerem seus problemas por meio de uma liderança de célula eficaz. Orar diariamente pelos líderes de célula é uma área na qual supervisores cristãos, diferentemente de seus semelhantes seculares, podem ter grande sucesso. O Espírito de Deus continua trabalhando entre os encontros de supervisão. Proteção de oração Na batalha de Saratoga, durante a guerra de independência norte-americana, os soldados americanos receberam ordens de atirar unicamente nos oficiais britânicos que
  • 19. 19 recebiam salário para lutar. A estratégia funcionou. Muitos acreditam, na verdade, que as forças americanas ganharam a guerra por focalizarem em matar os líderes, e não os soldados voluntários. Os líderes de célula são guerreiros na linha de frente, e por essa razão, o diabo aponta para eles sua artilharia pesada. Os supervisores precisam proteger seus líderes, cobrindo-os com um escudo de oração que pode resistir mesmo ao ataque mais feroz. A oração é desesperadamente necessária para proteger os líderes do ataque inimigo. Paulo compartilha uma verdade reveladora em 1 Co 5.3: “Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente”. A única maneira de Paulo estar presente era por meio da oração. O poder da oração permite a um supervisor mais experiente estar com seu líder em todo tempo, mesmo quando ele ou ela esteja fisicamente ausente. À medida que supervisores oram diariamente por seus líderes de célula, Deus lhes garante a vitória com esses líderes, mesmo antes que possam vê-la. Passos da oração intercessora  Discernir adequadamente as necessidades da pessoa.  Entrar na arena de oração em defesa da pessoa.  Orar com persistência e fervor por suas necessidades.  Alegrar-se quando Deus responder suas orações. Cristo orou pela proteção dos seus discípulos em João 17.15: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do maligno”. O supervisor oferece proteção sobrenatural por meio de oração intercessora. À medida que o supervisor eleva seus líderes de célula a Deus em oração diária, esses líderes vão sentir isso e receber a transformação de Cristo.
  • 20. 20 Invadindo o território inimigo por meio da oração “Eu me tornei um líder de célula em setembro de 1997. O lugar onde eu morava e estava envolvido era cheio de feitiçaria e pobreza. Eu estava desanimado e freqüentemente pensava em deixar a célula. O Espírito Santo me tocou quanto a certas ações que deveriam ser tomadas, todas ações espirituais e de oração. Iniciei uma ação de oração em minha célula, que acabou crescendo para uma supervisão (5 células). Continuei a orar, e minha supervisão se tornou uma área (25 células, e então duas áreas. O Senhor fez tudo. As células cresceram de 3 para 30 células em dois anos... Quando os poderes do ar são quebrados, a luz de Deus brilha de modo magnífico, trazendo cura e redenção a todos os feridos e desamparados.” Um supervisor de células em Uganda8 O Espírito de Deus é o melhor supervisor. Quando supervisores oram por seus líderes, o Espírito Santo começa a trabalhar na vida deles. Ele vem sobre eles, dando- lhes a habilidade de ouvir e realizar sua vontade diariamente. À medida que supervisores oram por aqueles que eles lideram, Deus lhes dá uma nova percepção sobre a necessidade dos líderes. Ele dirige os supervisores em suas amizades, suas palavras e seu encorajamento. Conforme você ora diariamente por seus líderes de célula, você vai experimentar suas feridas e suas vitórias; você vai ministrar os problemas em um nível que você jamais sonhou. Capítulo 2 Ouvir Imagine-se indo ao consultório médico com um mal estar terrível. Em vez de ajudá-lo em sua doença, o doutor começa a reclamar de seus próprios problemas,
  • 21. 21 contando uma história após outra de sua própria vida. Você balança afirmativamente a cabeça, fazendo de conta que está ouvindo, enquanto pensa: “Você deveria estar focado em mim. Estou pagando pela sua atenção!” O caso é absurdo, pois as pessoas esperam que os médicos dêem atenção aos problemas pessoais delas. Ditado Cherokee (Tribo indígena norte-americana) “Ouça os sussurros, assim você não precisará ouvir os gritos.” A responsabilidade do supervisor de célula é semelhante. Se o supervisor focalizar em sua história pessoal — talvez desejando atenção — o líder de célula não vai receber o que precisa. O supervisor deve cuidar dos líderes e se dar completamente para suprir as necessidades deles. Os líderes contam com o supervisor para lhes dar 100% de atenção durante os encontros de supervisão. Ouvir é a chave para dar atenção exclusiva. A arte de ouvir Lembro-me de um líder maduro com quem eu queria estabelecer um relacionamento próximo. Eu o convidei para tomarmos café juntos, na esperança de que poderíamos conversar. Ele começou a conversa, continuou a conversa e terminou a conversa — entre goles de café. Diversas vezes tentei interromper para falar alguma coisa, mas tive a clara sensação de que ele estava mais interessado em suas próprias palavras. Ele balançava a cabeça enquanto preparava sua próxima frase. Saí dali desanimado e frustrado, certo de que um relacionamento verdadeiro com ele seria quase impossível. Como fazer amigos e influenciar pessoas O livro de Andrew Carnegie com o título acima foi um bestseller revolucionário devido ao seu tema clássico: Trate os outros como você quer que tratem você. O autor destacou uma necessidade humana básica — a necessidade
  • 22. 22 de compartilhar nossas histórias. Mas os melhores amigos são aqueles que ouvem atentamente e permitem que os outros contem suas histórias. Meu conselho é este: Não focalize em como você está se saindo como supervisor. Focalize em como está o líder. Grandes supervisores buscam entender em vez de serem entendidos. Eles vêem a supervisão da perspectiva do líder. Para se conquistar essa perspectiva, ouvir é fundamental. Supervisão habilidosa exige um ouvir habilidoso, sintonizado e apto, com a capacidade de maximizar a interação de ouvir. Ouvir não é simplesmente escutar passivamente, mas envolver-se ativamente com a vida do líder. O supervisor precisa ouvir os sinais de vida, as escolhas que o líder de célula está fazendo, a resistência e a turbulência que ele ou ela está encontrando no processo. Benefícios do ouvir  Aumenta a credibilidade.  Aumenta o crédito emocional do líder.  Promove confiança e bem-estar, assim como amizade.  Permite ao supervisor coletar informações corretas. Existem muitos livros sobre como melhorar a habilidade de ouvir.1 Mas o teste maior para o bom ouvinte é se a outra pessoa se sente ouvida ou não. Quando as pessoas sentem que foram ouvidas e compreendidas, houve o ouvir eficaz. Ouvir envolve concentração intensiva e séria sobre o que o líder está dizendo. A mente humana processa idéias e pensamentos muito mais rápido do que uma pessoa pode expressá-los (cinco vezes mais rápido), por isso é fácil divagar ou sonhar acordado quando alguém está falando. Obstáculos para o ouvir  Preparo inadequado para o encontro de supervisão.
  • 23. 23  Falta de oração sobre as questões que precisam ser abordadas.  Linguagem corporal desfavorável (por exemplo: não olhar o líder nos olhos).  Questões pessoais não resolvidas (por exemplo: “o supervisor precisa ser ouvido”). Preparando-se para ouvir Preparar-se para ouvir demanda lição de casa antes do encontro. Essa preparação envolve pensar sobre as circunstâncias e necessidades de cada líder. Eu mantenho uma pasta para cada um de meus líderes — anotações que fiz durante períodos de oração ou em encontros e conversas com eles. Antes de um encontro, procuro revisar essas anotações e orar pelas necessidades daquele líder. Isso me ajuda a ouvi-lo melhor. Faz com que meu foco esteja nas necessidades do líder em vez de estar em minhas necessidades. Antes de realmente ouvir alguém você precisa preparar seu coração. Já que enfrenta os mesmos problemas, dificuldades e medos que seus líderes de célula enfrentam, você precisa de um toque especial de Deus para que possa focalizar nas necessidades de seu líder e não em suas próprias necessidades. “Quando você se encontra preso em auto análise — defendendo-se, julgando, sentindo-se irritado... sua tarefa é libertar-se. Você precisa afastar toda essa confusão interna do caminho...”2 Por definição, o supervisor é uma pessoa que ajuda outras a se moverem de um lugar para o próximo, seja nos estudos, esportes ou liderança de célula. Portanto, é impossível ser um bom supervisor a não ser que o foco permaneça nas pessoas que estão sendo supervisionadas. Desenvolva um arquivo para o ouvir O ouvir na oração transborda para ouvir seus líderes. Prepare uma pasta ou um arquivo para o líder que está supervisionando (por exemplo, um arquivo de texto). Acrescente novas idéias que reunir durante os encontros de supervisão — e também o que Deus lhe mostrar em oração.
  • 24. 24 Uma de minhas piores experiências como supervisor aconteceu quando fui incapaz de me concentrar no líder. Minha família havia perdido seu plano de saúde e eu estava lutando com sentimentos de ira com a pessoa que havia esquecido de renová-lo. No dia seguinte, eu tinha um encontro com um dos meus líderes de célula. Eu queria focalizar nele, mas continuava a voltar para mim mesmo e minhas necessidades, pois não conseguia me desvencilhar de meus pensamentos e preocupações. O encontro foi um desastre. O único modo de se preparar, desligando-se inteiramente de você mesmo para focalizar no líder, é por meio de oração e meditação. Somente quando você se desembaraça por meio do Espírito de Deus, poderá ouvir plenamente as necessidades de seus líderes. Ouvindo a agenda do líder de célula Um bom supervisor obtém sua agenda a partir do líder, em vez de trabalhar com base em uma fórmula rígida. O supervisor pode ter algumas idéias preconcebidas do que tratar, mas essas idéias podem mudar depois de ouvir o líder. Vários níveis do ouvir Você já teve um amigo que você considerava um bom ouvinte? Esses amigos fazem o compartilhar parecer fácil, especialmente quando comparados a pessoas que não são bons ouvintes. As pessoas ouvem em três níveis diferentes. Ouvir no nível um é o “ouvir mínimo”. O ouvinte pode estar lidando com seus próprios pensamentos enquanto alguém mais está falando. Ouvir no nível 1 acontece enquanto ouvimos ao rádio em meio a um congestionamento. Ouvir no nível 2, por sua vez, envolve ouvir cada palavra. Um exemplo de ouvir no nível 2 ocorre quando um aluno é aprovado em um exame baseado na palestra do professor. Ouvir no nível 3 vai além de ouvir as palavras, prestando atenção também em gestos, emoções e aquilo que o Espírito de Deus está dizendo por meio da situação.3
  • 25. 25 Ouvir no nível 1 Certa vez, minha filha mais velha Sarah, voltou da casa de uma vizinha dizendo: “Toda vez que vou a casa dela a TV está ligada, mas ninguém está ouvindo”. Muitas famílias se acostumaram ao ruído contínuo de TV ou rádio, mas eles ajustaram seus ouvidos para ignorar o que está sendo dito. Ouvir no nível 1 ocorre quando alguém ouve apenas parcialmente a outra pessoa. A supervisão superficial acontece no nível 1. Isso acontece quando um supervisor focaliza naquilo que o líder de célula vai dizer, em vez de focalizar naquilo que o líder está realmente dizendo. Durante o ouvir no nível 1, o supervisor está ouvindo apenas para responder — tentando obter informação suficiente para responder de modo mais eficaz. Ouvir no nível 1 na barbearia Minha cabeleireira é uma mulher muito falante. Tento levar a conversa para o assunto de Deus sempre que possível. Uma vez perguntei a ela o que pensava sobre Jesus Cristo, pensando que ela me responderia enquanto cortava o meu cabelo, e eu a ouviria atentamente. Ela falou empolgadamente sobre todas as boas obras que havia feito para Deus. Infelizmente, não havia muitas pessoas no salão, e ocasionalmente ela parava de cortar meu cabelo para falar. Como eu tinha um compromisso logo após cortar o cabelo, toda vez que ela baixava a tesoura para falar, eu me encolhia. Sempre que ela parava de cortar meu cabelo, o meu ouvir caía para o nível 1. Eu não queria encorajá-la a continuar falando. Ao ouvir no nível 1, o supervisor tem uma idéia daquilo que quer dizer, e apenas quer mais informação para dizer isso melhor. Ouvir no nível 1 é um ouvir de consultoria, pois o foco está naquilo que o supervisor quer realizar. Na verdade, o
  • 26. 26 supervisor está dizendo ao líder que aquilo que ele tem a dizer como especialista é o que realmente importa. Devo confessar que muito do meu ouvir acontecia no nível 1 antes de eu realmente entender supervisão. Eu ia para um encontro como consultor, ouvia as palavras de meus líderes enquanto preparava as minhas respostas. De fato, só ouvia os meus líderes o suficiente para melhorar o que eu ia dizer. Ouvia para falar. Minha supervisão naquela época era orientada para Joel Comiskey em vez de ser orientada para o líder. Ouvia para dar conselhos. Então, agendava encontros adicionais para garantir que o meu conselho havia sido seguido. Ouvir no nível 2 Ouvir no nível 2 vai além do nível 1 no sentido de que o supervisor tenta focalizar inteiramente naquilo que o líder está dizendo. Ele ou ela não está pensando no próximo item de sua lista. Em vez disso, o supervisor permite que a agenda se apresente como fruto do ouvir. O nível 2 focaliza nas palavras que estão sendo ditas — na obtenção dos fatos corretos. Um supervisor, ouvindo no nível 2, busca entender tudo o que está sendo verbalizado. Minha mãe recentemente acompanhou meu pai, de 79 anos, ao neurologista. Ela queria ouvir no nível 2, absorver tudo o que o médico tinha a dizer sobre a condição de meu pai e o tratamento. As palavras que o médico falou ajudaram minha mãe a cuidar melhor de meu pai. Quando o supervisor entra no nível 2, o foco está naquilo que o líder está dizendo. Os comentários ou perguntas do líder vão dirigir o fluxo da conversa. Se, por exemplo, o líder tem preocupações sobre como lidar com um membro que fala demais durante a reunião, o supervisor vai ouvir como o líder se sente sobre essa pessoa e então discutir idéias com o líder sobre como ajudá-lo. Em outras palavras, o supervisor não estaria praticando o ouvir no nível 2 se imediatamente contasse uma história sobre um dos falantes do seu grupo, ou se alistasse três maneiras de lidar com falantes em uma
  • 27. 27 célula. Ouvir no nível 2 permite ao líder completar sua história sem que o supervisor ofereça fórmulas instantâneas para situações difíceis. Ouvir no nível 3 Ao ouvir no nível 3, o supervisor sintoniza cada palavra e capta a informação, mas então vai um passo além ao levar em consideração o ambiente, a linguagem emocional, conversas passadas, e especialmente aquilo que Deus está revelando em cada passo do processo. Quando ocorre o ouvir no nível 3, o supervisor está ouvindo a partir de várias perspectivas. Ele ouve cuidadosamente gestos, expressões faciais e aquilo que não está sendo dito, para entender aquilo que o líder está realmente pensando. Um supervisor que ouve no nível 3 sabe que 60% de toda a comunicação envolve linguagem corporal. Ouvir com foco  Evite atropelar o líder.  Evite contar histórias de sua própria experiência.  Evite responder suas próprias perguntas.  Guarde seus conselhos para quando o líder tiver compartilhado todos os seus pensamentos.  Se o líder não entender, você pode mudar para o nível de ensino, mas lembre-se de pedir permissão antes de compartilhar suas idéias. A chave para ouvir no nível 3 é flexibilidade: absorver a informação, digeri-la e seguir com o fluxo da situação. Você pode se sentir levado a mudar de marcha, a seguir o rumo atual ou a voltar a um assunto anterior. Pode sentir que o Espírito de Deus lhe mostre que deve tomar a informação e seguir em uma direção específica. Faça isso. Jesus está guiando você, e vai continuar a guiá-lo. Durante o ouvir no nível 3, você pode sentir que alguma coisa está errada: um tom de voz, uma pequena perturbação, uma sensação de que a sua criatividade normal
  • 28. 28 foi bloqueada. Considere interromper a conversa e examinar mais essa área, especialmente se você sente que Deus pode estar fazendo alguma coisa. “Atenção exclusiva e concentrada é um dos maiores presentes que podemos dar a outra pessoa. É a forma mais elevada de elogio.”4 Lembro-me da conversa com Davi, um de meus líderes, em um telefonema rotineiro de supervisão. Ele falou sobre coisas comuns, compartilhando de progresso aqui e frustração ali. Mas, à medida que conversávamos, senti que alguma coisa estava errada. Davi podia ser introspectivo, mas naquele momento eu senti depressão. “Você está bem, Davi?”, perguntei. Minha pergunta abriu caminho para Davi derramar o seu coração. Ele estava lutando com relacionamentos em sua família e a vontade de Deus para a sua vida. Gastamos o restante da ligação lidando com suas necessidades. Os supervisores cristãos têm uma perspectiva empolgante que não-cristãos não têm. Temos um consolador e sábio conselheiro presente em todos os momentos: o Espírito Santo. Um supervisor não-cristão tem de depender da intuição humana, que é muito inferior à percepção que o Espírito quer dar. Preparando as perguntas A fim de realmente ouvir você precisa fazer com que seus líderes falem. Isso significa que você precisa preparar algumas perguntas bem pensadas que facilitem que seus líderes compartilhem. Ter essas perguntas à mão ao começar seu encontro vai ajudar a manter a conversa andando, e evitar que se perca em assuntos paralelos. Você saberá quais perguntas formular ao conhecer seus líderes, suas necessidades e seus alvos. Normalmente, as perguntas vão girar em torno da vida espiritual e pessoal de cada líder, do ministério da célula e alvos futuros. Algumas das questões estarão orientadas a informações. Mas seja cuidadoso para fazer mais do que só adquirir informação. Ninguém gosta de um interrogatório.
  • 29. 29 Boas perguntas de supervisão vão além da informação e alcançam o coração, estimulando os líderes a refletir e refocalizar. Use perguntas como:  Para onde você vai agora?  Qual o resultado que você deseja?  O que você quer? Boas perguntas capacitam os líderes a revelar coisas que eles não haviam percebido. Uma boa pergunta pode fazer um líder parar em sua rotina, portanto espere um momento de silêncio e permita-lhe algum tempo para responder. Anote algumas perguntas que você gostaria de discutir com cada líder antes do encontro. Tenha em vista pontos de necessidade, pedidos de oração passados e alvos futuros. Ao mesmo tempo, esteja preparado para mudar de rumo, se perceber uma necessidade ou problema imediato. Não fique preso às suas perguntas, esquecendo-se das necessidades imediatas do líder. As necessidades do líder, e não as suas, devem dirigir seu momento de supervisão. A direção da conversa vai gerar novas perguntas, que você deve explorar completamente. Razões para fazer perguntas5  Colher informação relevante  Como está seu ministério?  Como está você, pessoalmente?  Com o que você está lutando?  Quantos participaram do último encontro da célula?  De que tipo de ajuda você precisa?  Aumentar a consciência  Como você está gerando novos líderes?  Como você está alcançando pessoas?
  • 30. 30  Promover ação  O que você vai fazer a respeito?  Qual o seu próximo passo?  Quais são suas prioridades para a próxima semana? Escreva o que você aprendeu Após o encontro, certifique-se de escrever imediatamente o que você aprendeu. Use a informação como “alimento de oração”, como também para o preparo do próximo encontro.6 Para isso, você deve:  Checar as anotações do último encontro  Refletir e orar sobre as áreas que você quer aprofundar  Preparar as perguntas Coloque o líder no assento do motorista Quando um líder de célula se aproxima de um supervisor com uma preocupação ou problema, a maioria dos supervisores é tentada a dar seu conselho de especialista. Dizer ao líder o que fazer parece o modo mais rápido de solucionar a situação. Mas quando um supervisor compartilha demais, ele acaba enfraquecendo a história de seu líder. A maioria dos líderes responde friamente com um silêncio quando seus supervisores gastam tempo demais recontando suas histórias. Um bom supervisor deve se segurar e ajudar o líder a descobrir a resposta por meio de perguntas cuidadosas. Quando um líder encontra a resposta por si mesmo, certamente colocará em prática sua nova percepção. Mas quando um supervisor dá a resposta certa, o líder vai concordar e voltará mais tarde, perguntando: “Você pode me dizer novamente o que devo fazer?”.
  • 31. 31 Falando rápido demais “Quem responde antes de ouvir comete insensatez e passa vergonha.” Provérbios 18.13 Aprender é como dirigir um carro a um novo local. Quando o motorista encontra o novo endereço, é mais provável que se lembre do caminho no futuro. Mas os passageiros no banco de trás quase sempre se esquecem do caminho. Eles sentem que deveriam lembrar, mas como nunca tiveram de passar pelo processo de encontrá-lo, eles o esquecem mais tarde. Como supervisor, é sua função fazer com que os líderes se sentem no banco do motorista. Faça-lhes perguntas-chave, e eles vão descobrir as respostas sozinhos. Sempre se pergunte se o que você compartilha contribui para a vida dos seus líderes. Existem momentos quando sua história seria ótima para orientar um líder, ou para trazer cura em uma situação difícil, mas pergunte-se: “Contar a minha história será importante para a aprendizagem do líder?”. Mantenha o foco nos líderes, os jogadores. Supervisão tem tudo a ver com eles — não com você. Você pode introduzir uma história aqui e outra ali, mas na maioria das vezes, saia do caminho. Permita que os seus líderes de célula brilhem. Confiabilidade Já que o líder está se abrindo em parte para o supervisor, este deve guardar e proteger essa confiança. Como o supervisor normalmente tem mais de um líder de célula sob seu cuidado, ele precisa proteger a privacidade de cada um. O medo de que um supervisor revele áreas confidenciais para o resto do mundo impede que muitos líderes se abram completamente. No livro Leader as Coach [O líder como supervisor] lemos:
  • 32. 32 A tentação de fazer pessoas confiarem em você compartilhando informações ou críticas sobre outros pode ser muito forte. Em curto prazo você estabelece um vínculo de confiança com seu ouvinte. Mas ao fazê-lo, na verdade você vai gerar em seu ouvinte um receio de compartilhar suas vulnerabilidades, fraquezas e preocupações com você.7 O ambiente de supervisão é o contexto no qual o líder pode compartilhar a verdade. Isso significa que o ambiente deve ser seguro. O supervisor deve ser uma pessoa de integridade e confiança. Pouco antes do encontro, pergunte-se:8  Orei por esse líder?  Revisei minhas anotações de nosso último encontro?  Preparei boas perguntas de supervisão?  Estou preparado para ouvir?  Quais as necessidades pessoais que percebo?  Quais os assuntos ministeriais que percebo?  Quais necessidades ou assuntos estou evitando?  Quais habilidades ministeriais precisam ser desenvolvidas?  Quais recursos seriam úteis?  Como vou encorajar esse líder?  Como vou passar a visão para o ministério?  Como vou fortalecer o nosso relacionamento? Capítulo 3 Encorajar
  • 33. 33 Minha esposa e eu supervisionamos um casal que estava realmente enfrentando dificuldades. A célula que estavam liderando havia começado com vigor, com dez pessoas participando regularmente. Mas, pouco a pouco, a freqüência vinha caindo, até que uma noite eles eram os únicos presentes no encontro. Esse casal havia feito todas as coisas certas que colaboram na formação de uma célula de sucesso — eles oraram, convidaram pessoas, fizeram contato freqüente com as pessoas que participavam da célula, mas não podiam reverter o que estava acontecendo. Após três semanas sem que ninguém aparecesse, Patty me ligou dizendo: “Joel, meu marido e eu estamos prontos a desistir de tudo. Isso simplesmente não está funcionando. Acho que não somos os líderes certos”. Eu contestei: “Vocês são líderes excelentes! Deus está envolvido nisso. Ele chamou vocês. Eu realmente acredito em vocês e no seu ministério. O inimigo quer desanimar vocês, mas Jesus quer que vocês perseverem e continuem orando, até que a mudança aconteça”. Várias semanas depois, a freqüência voltou a aumentar, a comunhão começou a acontecer, e as pessoas adoravam fazer parte da célula. Ao longo dos anos, muitas pessoas foram salvas por meio daquela célula, novos líderes foram treinados, e o grupo se multiplicou várias vezes. Patty tem declarado repetidamente que aquela conversa que tivemos ao telefone naquela noite foi decisiva para o seu ministério de célula. O diabo queria que Patty e seu marido desistissem logo no começo, tornando-os inúteis e ineficazes no reino de Deus, e impedindo que tivessem o sucesso que eles têm experimentado no seu ministério. A liderança de célula pode ser uma jornada cansativa. Ela não é para os de coração fraco. O fato é que os membros muitas vezes não comparecem, o evangelismo falha, bebês ficam doentes, eventos enchem o calendário e os empregos exigem horas extras. A liderança de célula envolve telefonemas, desenvolver novos líderes, evangelismo e administração. Diante de tantas tarefas, como é que você mantém o líder de célula vivo, bem disposto, e pronto para seguir a Deus? A resposta é encorajamento. O supervisor que encoraja pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso, fazer com que o líder continue — e conseqüentemente multiplique a célula — ou desista. Esse ministério de encorajamento tem uma importância adicional, porque tem o
  • 34. 34 potencial de difundir o impacto em muitas pessoas a longo prazo, e não apenas em um líder de célula individualmente. “Encontre aquilo que você acredita ser a maior virtude do líder potencial, e então dê 100% de encorajamento naquela área.” John Maxwell1 Elogios são como oxigênio para a alma O técnico de basquete da Universidade da Califórnia, John Wooden, disse a seus jogadores que fizessem pontos para sorrir, piscar ou agradecer ao jogador que lhes passou a bola. “E se ele não estiver olhando?”, perguntou um membro da equipe. Wooden respondeu: “Garanto que ele vai olhar”. Todo mundo valoriza o encorajamento, e busca por isso. Embora todo técnico queira ganhar o jogo, um bom técnico sabe que jogadores renovados e animados fazem um trabalho muito melhor. O autor de Hebreus diz: “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia” (Hb 10.25). O desânimo vem naturalmente para todo mundo. A introspecção assombra as pessoas; elas se comparam com outras e sentem que não atingem o mesmo nível. Uma palavra de encorajamento pode, com freqüência, fazer uma grande diferença. Como encorajar os líderes de célula2  Destaque realizações:  Elogie diante do grupo.  Ao encontrar uma pessoa fazendo algo certo, diga isso a ela.  Expresse confiança:  Verbalmente: “Você consegue fazer isso!”.  Na prática: pelo modo como você permite que eles liderem.  Mostre que você se preocupa pessoalmente com seus líderes:  Saiba o que acontece na vida deles.  Esteja lá quando eles enfrentarem dificuldades.
  • 35. 35 A esposa de um dos líderes que estou supervisionando me contou em particular que seu marido facilmente se torna introspectivo e desanimado quando não é elogiado. “O encorajamento é a sua linguagem de amor”, ela me disse. “E agora ele está recebendo muito pouco disso.” “Mas ele está se saindo tão bem com sua célula”, pensei comigo. Percebi de novo que mesmo o mais bem-sucedido dos líderes precisa de bastante encorajamento. A maioria dos gerentes no mundo de negócios pensa que a falta de encorajamento vai motivar as pessoas a trabalhar com mais empenho. Um executivo de marketing de uma grande companhia de alimentos observou o excelente trabalho de uma de suas diretoras regionais. Quando perguntado se ele havia dito a ela que estava feliz com seu progresso, o executivo respondeu: “Não, ela está apenas a um terço do caminho, e não gostaria que ela pensasse que já chegou lá”. Essa diretora estava ansiosa por apoio ou mesmo uma dica de que seus esforços estavam fazendo diferença. Mas o executivo acreditava que um tapinha nas costas poderia fazê- la relaxar. Na verdade, uma boa sessão de encorajamento teria mostrado a ela que estava na direção certa, encorajando-a a continuar seu bom trabalho3 . O supervisor deve ser o líder de torcida de seus líderes de célula. Os líderes que são apoiados e encorajados servirão acima e além de seu dever. Aqueles que não têm certeza se estão fazendo o certo, ou se são sequer notados, eventualmente vão terminar sem gás. Sempre há alguma coisa para encorajar. Celebre qualquer progresso, mesmo se parecer pequeno. À medida que os líderes progridem, reconheça seu progresso. O sucesso deve ser recompensado. Supervisão inspirativa O levantador estava horrível no jogo. Ele piorou as coisas por levantar mais uma bola direto no bloqueio. Quando o técnico pediu tempo e veio falar com ele, pensou: “Pronto, ele vai me tirar da equipe”. Em vez disso, o técnico disse: “Não se preocupe, filho, você ainda vai ser o herói desse jogo”. Com energia renovada, o levantador jogou brilhantemente os sets seguintes, fazendo inclusive o ponto da vitória. Durante a entrevista após o jogo, o levantador compartilhou essa história, dando todo o crédito ao encorajamento que recebeu de seu técnico.4
  • 36. 36 Comece os encontros com encorajamento Recomendo que os supervisores comecem os encontros individuais ou de grupo com encorajamento. Os líderes terão muito mais facilidade de compartilhar honestamente se souberem que estão no trilho certo. Comece com algo positivo que você ouviu sobre um líder. Compartilhe sobre como você vê as pessoas mudando. Os líderes têm uma tendência de se depreciar, de sentir que eles não atingem o padrão. Muitos líderes aumentam desproporcionalmente uma ou duas fraquezas, até se sentirem condenados e deprimidos. Martinho Lutero, um dos maiores líderes de todos os tempos, sofria períodos de obscuridade e desespero nos quais ele se trancava por dias, o que levou sua família a remover todos os objetos perigosos da casa.5 Charles H. Spurgeon, um dos maiores pregadores do mundo, disse à sua igreja de 5000 membros, em 1866: “Sou sujeito a uma depressão de espírito tão assustadora, que espero nenhum de vocês jamais chegue a tais extremos de miséria que tenho de enfrentar”.6 Se grandes heróis da fé se sentiram assim, quanto mais irão se sentir nossos líderes de célula? A Bíblia ordena o encorajamento Em 1 Ts 5.12 lemos: “...Tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês...”. A palavra grega significa “perceber” ou “conhecer” aqueles que se esforçam no trabalho. Isso significa reconhecer o trabalho diligente de seus líderes, dando crédito quando for justo. O propósito do reconhecimento é honrar e afirmar o ministério dos líderes de célula. É como um “pagamento” por um serviço bem prestado. O inimigo da alma busca acusar líderes e esvaziar sua energia por meio de mentiras que desanimam. Ele sussurra coisas como: “Ninguém respeita sua liderança” ou “Você não pode liderar o encontro amanhã, você não conhece a Bíblia o suficiente”. Satanás sabe que se ele desanimar o líder, ele desanima toda a célula.
  • 37. 37 “O encorajamento é a parte mais importante da supervisão, porque ser líder de célula é um trabalho ingrato, especialmente se existem pessoas carentes na célula. Creio que a principal razão para a desistência dos líderes vem da falta de encorajamento. A maioria dos novos líderes começa com um alto nível de motivação. À medida que o tempo passa, esse nível vai caindo, e se isso não for mudado, o líder logo desanima, depois se desilude, em seguida a depressão se instala, e finalmente ele diz que está desistindo.” Um supervisor da Austrália7 O desânimo também vem do mundo no qual os líderes vivem todos os dias. Os norte- americanos, em sua maioria, vivem debaixo de uma constante culpa por sentir que não fizeram o suficiente. Edward Stewart, um especialista em antropologia, referindo-se ao norte-americano comum, disse: “inquieto e incerto, ele tem uma repetida necessidade de provar a si mesmo, e assim atingir identidade e sucesso por meio de suas realizações”.8 O escritor e pesquisador francês Alexis de Tocqueville disse algo semelhante: Na América, tenho visto os homens mais livres e mais educados nas circunstâncias mais felizes que se pode encontrar no mundo; ainda assim, me pareceu que uma nuvem está costumeiramente sobre eles, e eles parecem sérios e quase tristes, mesmo em seus prazeres, pois nunca param de pensar nas boas coisas que não têm... Assim os esforços e lazeres dos americanos são mais animados do que em sociedades tradicionais, mas o desapontamento de suas esperanças e desejos são mais agudos, e suas mentes são mais ansiosas e estressadas.9 Encorajamento por meio do ouvir Ouvir abre a porta para o encorajamento. Sintonize seus ouvidos para qualquer detalhe que dê razão para elogiar. Se houver mesmo uma dica de excelência, identifique-a e reconheça- a. Escreva uma carta de encorajamento
  • 38. 38 Uma coisa que você pode fazer para encorajar seu líder de célula é escrever-lhe uma carta de encorajamento. Kent Hughes diz: “Há alguns anos, li que Phillips Brooks mantinha um arquivo de bilhetes e cartas de encorajamento para dias deprimentes, e nesses dias ele tirava esses bilhetes e cartas e os lia novamente. Então comecei o meu próprio arquivo. Guardo cada carta encorajadora que recebo, e há ocasiões em que as leio novamente. Mas, o mais importante, comecei a escrever muito mais bilhetes de encorajamento aos outros, especialmente aos meus colegas de ministério”.10 Quando um dos seus líderes começar a falar sobre falta de fruto, desânimo e dificuldades, você precisa ouvi-lo em primeiro lugar. Tenha compaixão dele. Lembre-o daquilo que Deus já fez. Talvez você possa lembrá-lo do crescimento pessoal que ele já experimentou por meio da liderança na célula. Encontre as menores coisas e destaque-as. Você pode indicar a honestidade, transparência ou o esforço de um líder. Destaque qualquer coisa que você veja que é positiva e honra a Deus. Transforme as pequenas coisas em grandes vitórias. Encoraje seus líderes de célula a persistir Ao ensinar em congressos sobre células ao redor do mundo, uma palestra em particular tem se tornado a favorita — a palestra sobre diligência. Eu destaco as várias ocasiões em que a palavra grega spoude (diligência) é usada na Bíblia (por ex.: 2 Tm 2.15; 2 Pe 3.12-14; Hb 4.10, 11). Faço com que todos durante a palestra repitam a palavra spoude várias vezes. Após uma palestra em Hong Kong, os participantes chegaram a imprimir camisetas com a palavra spoude na parte da frente para lembrar uns aos outros de continuar persistindo. Por que essa palestra sobre spoude é tão bem recebida? Porque ela encoraja os líderes a não focalizar em áreas que estão além de seu controle (como talento, dons, cultura ou personalidade), mas a focalizar em esforço, o que qualquer um pode fazer. Provérbios 14.23 diz: “Todo trabalho árduo traz proveito, mas o só falar leva à pobreza”. Os participantes dessa
  • 39. 39 palestra são lembrados que persistência e diligência conseqüentemente trarão resultados. Spoude! As estratégias falham e os times perdem. Ponto. Nem todo jogo é um tremendo sucesso. Os melhores líderes continuam convidando, continuam fazendo contatos, continuam semeando e, em conseqüência disso, vão colher. Quando supervisores encorajam seus líderes a praticar spoude, e a continuar a praticá-lo, as portas vão se abrir. Descobrindo pepitas de ouro “Algumas vezes, o único modo de ver nossos talentos de modo objetivo é por meio dos olhos de outros.”11 Um líder de célula forte sabe como se levantar e continuar em frente — apesar dos obstáculos. Um bom supervisor lembra seus líderes que a nossa corrida é uma maratona. Por exemplo:  Abraham Lincoln faliu duas vezes como homem de negócios e foi derrotado em seis eleições estaduais e federais antes de ser eleito presidente dos EUA.  O herói do beisebol Babe Ruth errou ao rebater 1.330 vezes. Apesar disso, mandou 714 bolas para fora do estádio.  O primeiro livro infantil de Theodor S. Geisel (Dr. Seuss) foi rejeitado por 23 editoras. Na 24.ª editora, vendeu mais de 6 milhões de cópias.12  George Mueller orou por toda a sua vida para que cinco amigos conhecessem a Jesus. O primeiro converteu-se a Cristo após cinco anos. Num período de dez anos, dois outros receberam a Cristo. Mueller orou constantemente por mais de 25 anos para que o quarto amigo finalmente fosse salvo. Pelo seu quinto amigo, ele orou até o dia de sua morte, e esse amigo também veio a Cristo alguns meses após a morte de Mueller. Por este último amigo, Mueller orou por quase 52 anos. O que os líderes precisam “Todas as pessoas, sejam líderes ou discípulos, têm algumas coisas em comum:  Elas gostam de se sentir especiais, então elogie-as com sinceridade.
  • 40. 40  Elas querem um amanhã melhor, portanto mostre-lhes esperança.  Elas desejam direção, portanto mostre-lhes o caminho.  Elas são egoístas, portanto fale das necessidades delas primeiro.  Elas ficam desanimadas, portanto encoraje-as.  Elas desejam o sucesso, portanto ajude-as a vencer.” John Maxwell13 Os melhores líderes não desistem — mesmo quando as chances são pequenas e o sucesso parece distante. Eles encontram um caminho, mesmo quando têm de construir suas próprias estradas. O seu encorajamento, supervisor, pode mantê-los na batalha. “Em todas as muitas amizades que fiz durante a vida, conhecendo muitas e importantes pessoas de várias partes do mundo”, declara Schwab, “ainda não encontrei uma pessoa, não importa quão grande ou exaltada fosse sua posição, que não fizesse um trabalho melhor ou que não se esforçasse mais sob um espírito de aprovação do que jamais faria sob um espírito de crítica.”14 O supervisor Barnabé Existia uma razão para que os apóstolos dessem o nome Barnabé (que significa “filho do encorajamento”) a José, um levita de Chipre (Atos 4.36). Barnabé preencheu as expectativas dos apóstolos ao apresentar Saulo aos discípulos em Jerusalém quando estes estavam morrendo de medo dele (Atos 9.26, 27). Então os apóstolos enviaram Barnabé para uma nova e dinâmica igreja em Antioquia. A Bíblia diz: “Este, ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou a permanecerem fiéis ao Senhor, de todo coração” (Atos 11.23). Seu zelo pelo encorajamento o levou a pedir ao apóstolo Paulo para unir-se a ele na tarefa de encorajamento da igreja de Antioquia. Siga o modelo do supervisor Barnabé e torne-se um “filho do encorajamento”. Não tema encorajar demais os seus líderes pensando que assim você vai torná-los orgulhosos. Encoraje, encoraje, encoraje, e os líderes sob o seu cuidado vão se desenvolver.
  • 41. 41 Capítulo 4 Cuidar Susan Beauregard supervisiona atualmente quatro líderes de célula em Los Angeles. Uma de suas líderes, Vicky, tem lutado com um antigo vício por remédios, embora esteja livre disso há bastante tempo. Susan diz: “Nós fomos a um retiro de mulheres, e vi que Vicky estava assustada. Eu tinha certeza que ela havia tomado remédios. Logo após perceber isso, no segundo dia do retiro, disse-lhe que, pela minha experiência, as pessoas tendem a voltar a seus antigos mecanismos de defesa quando estão assustadas, e que não importa o tipo de mecanismo de defesa que ela buscasse, ela não poderia afastar meu amor por ela”. Vicky começou a chorar, e disse: “Não importa quantas vezes eu tenha falhado, você nunca me rejeitou. Susan, eu experimento o amor de Deus por meio de você”. Susan respondeu: “Mesmo que eu ame e valorize você, quero que você saiba que o amor e o carinho de Deus por você é muito maior”. Mais tarde naquele final de semana, Vicky testemunhou diante das 300 mulheres presentes no retiro que se não fosse por Susan ela provavelmente teria se matado um ano antes. “Existem duas razões principais porque as pessoas na minha organização se sentem bastante encorajadas. Primeiro, gastei tempo para conhecer e desenvolver um relacionamento com elas... Eu realmente as conheço. Segundo, eu as amo, e expresso esse amor para elas regularmente. Não estou falando simplesmente de elogiá-las pelo trabalho que fazem, deixo que saibam que me importo com elas e que as amo como pessoas em primeiro lugar.” John Maxwell1 Seres humanos — não “fazeres” humanos Scott Kellar desenvolve fortes relacionamentos com seus líderes de célula; é por isso que ele multiplicou sua célula tantas vezes. Aqueles que estão sob a autoridade de
  • 42. 42 Scott o amam e respeitam. Quando lhe perguntei sobre o segredo do seu sucesso, ele me disse: “O ingrediente mais importante é amar as pessoas, e eu amo pessoas!”. A maioria das pessoas gosta de realizar tarefas. Elas são boas nisso. Muitos supervisores, na verdade, entendem supervisão como um modo de realizar mais. O supervisor precisa lembrar, no entanto, que os líderes são seres humanos, e não “fazeres” humanos. “Os supervisores lembram que todo líder é uma pessoa; eles oferecem cuidado para os líderes ao mostrar amor por quem eles são, e não simplesmente por aquilo que fazem.” Bill Donahue2 Um especialista em supervisão do mundo empresarial expressa isso da seguinte maneira: Como a supervisão é eficaz na obtenção de resultados, tanto o líder como o supervisor podem ser atraídos para a armadilha dos ‘resultados’ — focalizando inteiramente no destino e perdendo de vista o processo da jornada. Na verdade, o progresso é comumente comparado a um rio. Conforme a vida vai fluindo, haverá períodos rápidos de corredeiras e avanço veloz. Mas também haverá períodos em que não se vai a lugar nenhum, enroscando-se em trabalhos rotineiros, enfrentando turbulências nos relacionamentos, e retrocedendo em direção a poças traiçoeiras.3 Focalizar apenas nos resultados vai transformar seus líderes de célula em engrenagens de uma máquina. Eles vão começar a sentir que estão sendo usados pela igreja para “produzir convertidos” ou “fazer a igreja crescer”. O ministério não é uma linha de montagem. O ministério acontece por meio de pessoas que “vivem vidas”. A vida do líder é uma jornada, um processo. O supervisor é a pessoa que caminha com os líderes por meio desse processo por um período de tempo — e não apenas alguns dias.
  • 43. 43 Certa vez, tive de sugerir fortemente a um dos meus líderes de célula que tirasse um dia de folga para estar com sua família. Sua família estava em terceiro lugar, atrás de trabalho e esportes, pois o líder supostamente “não tinha tempo” para gastar com sua família. O seu lado “fazer humano” estava superando o lado “ser humano” dele. Ele podia realizar mais a curto prazo sem gastar tempo com sua família, mas a longo prazo sua família iria sofrer em decorrência disso, e logo seu ministério também. Seu trabalho é ajudar os líderes em sua jornada de vida. Você pode descobrir, por exemplo, que seu líder está fora de controle em seus gastos financeiros, na bebida ou pornografia. Ou talvez existam questões de orgulho, rebelião, dedicação excessiva ao trabalho, ignorar filhos ou esposa, faltar à celebração ou não contribuir. Importe-se o suficiente para confrontá-lo. Encontre a ajuda que o seu líder precisa. É um curso de treinamento? Um retiro de libertação espiritual? Aconselhamento profissional? Os líderes que você está supervisionando precisam de vida íntegra, e isso deve ser prioridade máxima. No Capítulo 2 discutimos o papel das perguntas na supervisão. Lembre-se de incluir perguntas que lidem com família, vida espiritual e emoções. Seus líderes vão sentir que você se importa e cuida deles quando você aborda assuntos que fazem parte de seu cotidiano. Mostre que você se importa  Perguntas sobre família:  Como o seu ministério de liderança tem afetado sua família?  Quando foi a última vez que vocês passaram um dia juntos?  Perguntas sobre a vida espiritual:  Como está seu relacionamento com Deus?  Em que áreas da sua vida cristã você tem enfrentado lutas?  Perguntas sobre emoções:  Quais são os seus sentimentos relativos ao seu ministério de líder de célula?  Que emoções tem experimentado?
  • 44. 44 As pessoas desejam atenção e cuidado. Mas normalmente os líderes de célula têm dificuldade em dizer: “Eu preciso de atenção. Por favor, ajude-me.”. Na verdade, na maior parte do tempo eles não pedem ajuda, pois não querem desapontar seu supervisor. É responsabilidade do supervisor “ler nas entrelinhas”. Supervisor, sua tarefa é edificar os seus líderes, acalmar seus medos e ajudá-los a descobrir a direção certa a seguir. Sua experiência é importante — e será muito útil em momentos chave — mas a chave da supervisão é o cuidado. É fazer as pequenas coisas. É estar presente nos momentos de crise. “Fala sério!” Você vai falhar como supervisor. Às vezes você vai se sentir miserável, desanimado e incapaz de ajudar qualquer um — apesar das suas melhores intenções de estar sempre alerta e disponível. E haverá momentos em que você vai se desconectar do seu líder. Admita! Diga- lhe que você sente muito por não ouvir, por ter deixado sua mente vagar. Ao fazer isso, você estará sendo um modelo da vida que você quer que o seu líder viva e demonstre à célula que ele lidera. Um supervisor me disse que transparência é o ingrediente chave no cuidado de líderes. Ele pede aos seus líderes que se abram com ele, mas ele também compartilha livremente com eles. Eles prestam contas uns aos outros, e têm desenvolvido um relacionamento de confiança. Para criar confiança, você tem de ser real. As pessoas percebem quando alguém é superficialmente positivo em todos os assuntos. É melhor dizer: “Eu não sei”, do que fazer de conta que sabe. No livro Leader as Coach [O líder como supervisor] lemos: “As pessoas podem perdoar os seus erros, mas elas vão acusá-lo por fazer de conta que nada está errado... eliminem as tensões e aprendam juntos com os erros. Seja honesto o
  • 45. 45 suficiente para admitir para você mesmo que estava errado e seja corajoso para dizer: ‘Sinto muito’.”4. Às vezes você vai sentir a necessidade de se abrir de um modo mais pessoal, revelando problemas na sua vida e família. Isso irá produzir confiança entre você e seus líderes. Conte a sua história primeiro “Conte a sua história primeiro. Com freqüência cometemos o erro de fazer uma pergunta à outra pessoa, colocando-a em uma situação constrangedora. Ao abrir algo pessoal sobre si mesmo, você dá o passo inicial para o desenvolvimento de confiança.” Shirley Peddy5 Torne-se amigo de seus líderes de célula “Meu supervisor não se importa comigo”, confessou um líder magoado. “Ele me administra e me diz o que fazer, mas o que eu realmente preciso é de um amigo”. Amizade. Muitas pessoas ignoram esse princípio simples, mas poderoso. Mas creio que essa é a chave para supervisionar líderes com sucesso. Jesus, o supervisor por excelência, revelou esse princípio simples em João 15.15, quando disse aos seus discípulos: “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido”. Jesus desenvolveu amizade com doze seres humanos pecadores, os quais ele mentoreou por três anos. Ele comeu com eles, dormiu com eles e respondeu todas as suas perguntas. O evangelista Marcos descreve o chamado dos doze desta maneira: “Escolheu doze, designando-os apóstolos, para que estivessem com ele...” (Marcos 3.14). Jesus priorizou estar com eles em vez de um conjunto de regras ou técnicas.
  • 46. 46 Eu aprendi essa lição da maneira mais difícil. Supervisionei sete líderes durante um período de três anos. Eles vinham com freqüência à minha casa para treinamento, avaliação de alvos e cuidado pastoral. Quando nos reuníamos, eu conectava meu computador à minha TV, usava apresentações de slides bem preparadas e tentava impressioná-los com meu ensino. Use o telefone O supervisor pode realizar muito por meio de uma chamada telefônica. Mas, antes de ligar para os seus líderes, tente preparar algumas perguntas ou assuntos que você quer discutir. Esteja pronto para ouvir, o que vai exigir que você clareie sua mente por meio de oração diligente. Comece a conversa fazendo algumas perguntas-chave, e então ouça. Seus líderes começarão a crescer à medida que você gasta tempo com eles. Ao questioná-los mais tarde, descobri que a maioria deles não estava impressionada com minhas exuberantes apresentações ou com minha tecnologia. Eles saíam das reuniões insatisfeitos, querendo algo mais. Deus começou a me mostrar um método melhor por meio de outros supervisores mais eficazes. A sabedoria do ditado: “As pessoas não se importam muito com o quanto você sabe até que saibam o quanto você se importa” começou a fazer sentido para mim. Conhecimento, treinamento, solução de problemas, dinâmica de grupo e outras técnicas podem ser uma parte importante no sucesso de um supervisor. Mas o que um novo líder realmente precisa é de alguém que ouça os seus problemas, compartilhe sua jornada e sirva como conselheiro. Resultados de pesquisa Estudiosos fizeram uma pesquisa entre empregadores, perguntando quais as três características mais desejadas em seus empregados. A principal habilidade era relacionar-se com outras pessoas: 84% responderam que buscavam boas habilidades interpessoais. Somente 40% incluíram formação ou experiência entre as três características mais desejadas.7
  • 47. 47 Isso significa que o encontro de supervisão não é importante? Isso significa que não precisamos visitar os grupos ou promover treinamento? Não. O que significa é que você precisa primeiro ganhar seus líderes, por meio de uma amizade que se importa. Tudo o mais fluirá naturalmente. O melhor ensino, na verdade, é o tipo que ocorre espontaneamente. Jesus não ensinou simplesmente seus discípulos a respeito da oração. Em vez disso, pediu que eles o acompanhassem a reuniões de oração. Ele permitiu que seus discípulos o observassem orando. Quando os discípulos finalmente perguntaram o que ele estava fazendo, ele aproveitou a oportunidade para ensiná-los sobre oração (Lucas 11.1-4). O mesmo é verdade com o evangelismo. Jesus evangelizou pessoas na presença de seus discípulos e os instruiu posteriormente. Ele tirou vantagem de situações da vida real para explicar cuidadosamente temas doutrinários complexos (por exemplo, o jovem rico, em Mateus 19.16-24). Qualquer um pode ser um amigo, mas somente poucos supervisores serão excelentes administradores. Qualquer um pode ser um amigo, embora poucos supervisores possuam dons de falar, formação superior ou um chamado para ministério de tempo integral. Você provavelmente não é tão lerdo como eu era, e com certeza já sabia que amizade é a chave. Senão, quero encorajá-lo a começar agora a desenvolver relacionamentos sinceros de cuidado com os líderes que você está supervisionando. Assim como eu, você vai descobrir como uma simples verdade pode ter um impacto tão grande na vida das pessoas. Sugestões práticas para desenvolver amizade  Convide os líderes à sua casa para uma refeição. Deixe-os verem sua família, seu cachorro, sua vida.  Envie para seus líderes cartões de aniversário, bilhetes de melhoras ou e- mails engraçados.
  • 48. 48  Conheça as histórias de seus líderes.  Pergunte-lhes sobre sua infância.  Conheça o nome de seus filhos.  Lembre o aniversário de seus filhos.  Saia para tomar café com eles.  Convide-os para praticar esportes com você, ou alguma outra atividade normal da vida.  Ore diariamente pelos seus líderes (o que vai fortalecer a sua amizade espiritual). O supervisor servo Supervisores não precisam ser perfeitos. Eles existem para fazer os líderes brilharem. Isso significa desistir da necessidade de aparecer ou de estar certo todo o tempo. Supervisores com egos muito grandes, que exigem o centro do palco, não serão bons supervisores. O consultor focaliza em conselhos que farão diferença. O administrador se preocupa em verificar se o conselho está sendo seguido. O supervisor se preocupa em desenvolver a pessoa inteira por meio de cuidado e serviço. Lavar os pés dos seus líderes é fundamental para o sucesso deles. Se você quer ser grande no Reino de Deus, aprenda a ser servo de todos. Serviço é grandeza “‘Se alguém quiser ser o primeiro, será o último e servo de todos’. E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles. Pegando-a nos braços, disse-lhes: ‘Quem receber uma destas crianças em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, não está apenas me recebendo, mas também àquele que me enviou’.” Marcos 9.35-37
  • 49. 49 Capítulo 5 Desenvolver/ Treinar Tiger Woods e sucesso no golfe são muitas vezes considerados sinônimos. Mas muitas pessoas não sabem como Woods trabalhou duro para ser tão bom como é. Woods é um estudioso obsessivo do jogo, revê vídeos de campeonatos antigos para observar dicas de como acertar cada buraco, buscando todas as possibilidades para aperfeiçoar as suas tacadas. Ele possui um ímpeto incansável para o contínuo aperfeiçoamento. Woods aceitou o conselho de seu amigo Michael Jordan, que uma vez disse a ele: “Não importa quão bom eles digam que você é, continue sempre melhorando o seu jogo”.1 Depois do Torneio de Campeões de 1997, por exemplo, Woods chamou o seu técnico e disse-lhe que gostaria de reestruturar a sua tacada. O técnico Harmon advertiu Woods de que o resultado disso não viria da noite para o dia — que Woods teria de praticar levantamento de peso para fortalecer os músculos, especialmente dos antebraços; que levaria meses para ele se adaptar aos movimentos da nova tacada; que o seu desempenho no torneio pioraria antes de melhorar. Woods aceitou o desafio e é hoje um jogador de golfe melhor como resultado de sua nova tacada. Assim como foi com Tiger Woods, a “busca por desenvolvimento” precisa vir do fundo da alma do líder de célula. O supervisor pode ter um papel fundamental guiando o desenvolvimento do líder, mas a busca precisa vir do próprio líder. É trabalho do supervisor acender o fogo visionário que vai se desenvolver no coração do líder. Como disse William Butler Yeats, “educação não é encher um balde, mas acender uma fogueira”.2 Prepare o ambiente para o crescimento
  • 50. 50 Descubra a visão que seu facilitador já tem e molde-a. Embora você queira expandir a visão, você precisa primeiro descobrir com o que o seu facilitador já está sonhando. Então agite essa visão, encoraje-a e faça-a crescer. Confissões de um supervisor “Pensei que meus líderes de célula teriam a mesma paixão por grupos pequenos que eu tinha... Aprendi que é minha responsabilidade como supervisor deles despertar fome e sede nos líderes de grupos pequenos.” Eric Wishman3 Um dos meus líderes tem uma paixão por dons espirituais. Para ajudá-lo, providenciei recursos e informações para capacitá-lo a descobrir e fortalecer os dons espirituais de cada membro da célula dentro dos grupos que ele supervisiona. Outro líder ama o evangelismo. Para ele, arranjei materiais extras e treinamento em como alcançar os não cristãos por meio das células. Os supervisores devem ajudar os líderes a melhorar em todas as áreas (por exemplo: como liderar uma célula, como multiplicar uma célula etc.), com também devem providenciar informação extra e treinamento para desenvolver as paixões únicas que cada líder tem. David Owen diz, “Um bom supervisor reconhece as diferenças entre os líderes, e ele ou ela ajusta o estilo de cada um de acordo com isso. Nós estamos lidando com pessoas!”.4 O guia da jornada para líderes de células Essa ferramenta de 16 páginas foi preparada para ajudar o supervisor a descobrir os sonhos, dons, áreas de necessidade, os pontos fortes e fracos de líderes de célula. Os líderes completam o material Journey Guide [Guia da Jornada] sozinhos e depois se encontram um a um com seu supervisor para conversar sobre as suas respostas. Você pode fazer o download de um plano detalhado para liderança de líderes de célula por meio de encontros um a um na página <www.touchusa.org/interviewguide.asp> (em inglês).
  • 51. 51 Fertilize a grama As pessoas não podem fazer a grama crescer. Podem, no entanto, fertilizá-la e regá-la para que ela cresça sozinha. “O melhor líder quer treinar as pessoas e desenvolvê-las até o ponto em que elas venham a superá-lo em conhecimento ou habilidade.” Fred A. Manske, Jr.5 De uma forma parecida, o supervisor prepara o ambiente para que os líderes cresçam. O supervisor precisa incentivar os líderes, ajudando-os a alcançar os sonhos que já estão em seu coração. O livro Leader as a Coach [O líder como supervisor] diz: Você não pode motivar as pessoas. No entanto, você pode estimular suas motivações naturais. ... Aborde seu trabalho de supervisor como um jardineiro que não tenta motivar suas plantas a crescer, mas que busca a combinação certa de luz, nutrientes e água para liberar o crescimento natural da planta. Um jardineiro providencia um ambiente que conduz ao crescimento, assim como um supervisor cria as condições nas quais a motivação pessoal para se desenvolver vai florescer.6 Os supervisores precisam ser cuidadosos para evitar que os líderes dependam demais deles. Eu aprendi essa lição da maneira mais difícil. Por muito tempo, dei aos meus líderes conselhos de especialista. Ao dar a eles as repostas, encorajei-os a pensar: “O que Joel Comiskey faria aqui?”, em vez de “O que eu devo fazer nessa situação?”. Na verdade, eu estava criando uma dependência de Joel Comiskey ao dar-lhes as respostas, em vez de estimular a criatividade deles e possibilitá-los de tomar suas próprias decisões. Desenvolvimento natural
  • 52. 52 “As melhores pá e enxada do mundo não podem garantir uma boa colheita. Elas só fazem com que seja mais provável que o crescimento não será impedido. O mistério do amadurecimento está no coração da semente e o resultado da plantação depende grandemente das mudanças do clima. Ainda assim, as ferramentas são importantes para ajudar a garantir que as sementes plantadas darão fruto.” Marjorie J. Thompson7 O objetivo da supervisão, ao contrário do treinamento, é ajudar líderes a se tornarem eternos aprendizes. Algumas vezes o supervisor vai precisar responder as perguntas e ser o especialista, mas primeiro ele deve tentar fazer com que o líder de célula tire algo de suas próprias experiências. O líder deve lutar com a questão e esgotar seu próprio entendimento primeiro. Um bom supervisor vai então aproveitar o discernimento que veio da boca do próprio líder e constantemente lembrá-lo de que foi dele esse discernimento. Permaneça na supervisão por um longo período Ver crescer um carvalho requer uma vida; muitas plantas, por outro lado, crescem e murcham rapidamente. Sou a favor de supervisão de longo prazo porque mudanças de valor levam tempo e precisam de encorajamento. Supervisionei um líder por quase um ano antes de Deus começar a me dar discernimento específico para sua situação particular. Enquanto comíamos em um restaurante, ele compartilhou uma experiência de ter testemunhado a dois motoqueiros. As luzes se acenderam na minha cabeça enquanto eu pensava em várias outras histórias parecidas que ele havia me contado. Percebi que ele precisava focalizar em seus dons evangelísticos; seu talento para evangelismo era a chave para quebrar a barreira da estagnação das células que ele supervisionava.
  • 53. 53 Características de um pai “O supervisor desempenha alguns dos mesmos papéis de um pai: ele precisa deixá-los [os líderes] crescer, tomar suas próprias decisões, tentar coisas novas, e até mesmo ‘falhar’ em algumas áreas. [O supervisor] não deve ‘fazer’ tudo pelos líderes, mas deve ser um recurso, guiando-os e confortando-os.” Carl Douthit, Foothills Christian Church8 Por ter um compromisso de longa data com esse líder, fui capaz de discernir apropriadamente suas necessidades. O melhor desenvolvimento demora. Permaneça na batalha, seja um supervisor de longo prazo. Repita as mesmas jogadas Pensando nos meus dias de basquete na escola, ainda posso lembrar dos exercícios pelos quais o técnico Seymour nos fazia passar: apoios, passes, bloqueios, rebote, apoios, passes... Nós fazíamos as mesmas coisas de novo e de novo, mas a prática fazia a diferença. É preciso praticar as mesmas jogadas de novo e de novo até que as pessoas realmente as aprendam. Bons supervisores sabem que a prática leva à perfeição. Eles não hesitam em repetir as mesmas jogadas de novo, de novo e de novo. Bons supervisores, na verdade, são implacáveis em prática, prática e mais prática. Repetindo as mesmas jogadas Werner Kniesel, pastor de uma igreja de 3000 membros em Zurique, Suíça, levou 15 anos para desenvolver células eficazes. Durante esse tempo, ele repetiu as mesmas “jogadas” em uma variedade de contextos e com uma variedade de pessoas até que eles começassem a aprender. Ele continuou treinando seus líderes-chave repetidamente sobre os valores do ministério de células até que estes se tornassem hábitos para os seus líderes.9
  • 54. 54 Jeromy Smith, um líder de célula de fala mansa, disse-me que seu supervisor Timothy tinha de lembrá-lo constantemente de falar mais alto no grupo. Jeromy disse: “Isso vinha de novo e de novo enquanto eu lutava — e ainda luto — para assumir o controle e falar mais alto em um grupo. Isso era particularmente problemático no verão quando o ar condicionado estava ligado... As pessoas tinham dificuldade em ouvir o que eu estava dizendo. É difícil mudar, sendo que eu dificilmente noto que estou falando muito baixo”. Seu supervisor persistiu em falar dessa fraqueza, e Jeromy melhorou consideravelmente nessa área. Oito hábitos que líderes de célula devem ter10 Em seu livro Oito Hábitos do Líder Eficaz de Grupos Pequenos, Dave Earley identifica ações-chave que líderes precisam praticar repetidamente para serem eficazes. O supervisor pode ajudar o líder a identificar seus hábitos fortes e fracos e então trabalhar com ele nos hábitos mais fracos lendo aquele capítulo juntos.  Sonhar liderar uma célula saudável que cresce e se multiplica.  Orar pelos membros da célula diariamente.  Convidar semanalmente pessoas novas para visitar a célula.  Contatar regularmente os membros da célula.  Preparar-se para o encontro da célula.  Mentorear um auxiliar de líder de célula.  Ter comunhão com os membros da célula por meio de atividades planejadas.  Crescer como líder por meio de desenvolvimento pessoal. Informação é coisa barata quando não é misturada com experiência. Ler um livro, participar em um seminário etc. não faz as coisas acontecerem. As pessoas precisam de mais do que isso para serem verdadeiramente eficazes. Elas precisam de prática constante. “O grande propósito da vida não é conhecimento, mas ação.” Thomas Henry Huxley11
  • 55. 55 Por meio de experiência própria, descobri que depender das informações sobre célula — em vez de praticar os princípios que aprendi — geralmente leva ao fracasso. As informações somente terão impacto por meio de repetição constante. Jesus usou esse método com seus discípulos. Ele os ensinava, dava exemplos práticos de seus ensinamentos, permitia que eles falhassem e os ensinava de novo. Jesus os preparou para que tivessem sucesso no futuro ministério. O modelo de treinamento de Jesus  Eu faço — você observa  Eu faço — você ajuda  Você faz — eu ajudo  Você faz — eu observo Sugestões de desenvolvimento Divida a experiência de aprendizagem em espaços de tempo. — Não tente fazer tudo de uma vez. Dê às pessoas a chance de caminhar em seu próprio ritmo. Novos comportamentos e novas formas de pensar são mais bem assimiladas quando são espaçadas. Talvez seu líder tenha feito um curso sobre multiplicação de células ou lido um livro que você recomendou sobre o assunto. Agora você precisa guiá-lo passo a passo no processo de longo prazo de multiplicar a célula dele. Ensaiem os passos de novo e de novo. Promova experiências ativas. — As pessoas precisam praticar o que aprenderam, sair do teórico para o prático. Dê ao líder oportunidades específicas para trabalhar com a informação. O líder que está aprendendo sobre multiplicação da célula deve praticar um passo de cada vez na célula dele. Encoraje-o a tentar cada tática depois que vocês a revisaram. À medida que ele pratica e vê isso em ação, ele vai internalizando os passos.